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Vemos assim que, em nosso caso, fiberglass passa a ser sinônimo de Plástico
Reforçado com Fibras de Vidro. Aliás, a referência PRFV é de uso comum na indústria para
designar o fiberglass.
Do autor:
1.1 – INÍCIO
A história dos plásticos reforçados com fibras de vidro teve seu início em 1847 quando o
químico sueco Berzelius obteve em laboratório uma massa resinosa proveniente da reação de
um ácido (tartárico) com o glicerol.
O primeiro encontro das resinas poliester com as fibras de vidro deu-se por acidente. Um
balde de resina poliester caiu sobre uma pequena amostra de tecido de fibras de vidro. Passado
algum tempo (dias talvez) verificou-se que a resina havia impregnado as fibras de vidro e
dado origem a um material que exibia excepcionais propriedades mecânicas.
A resina poliester colabora com sua alta resistência à deterioração em ambientes agressivos.
A resina plástica mais empregada pela indústria é o poliester, devido suas características de
custo, processamento e desempenho.
São fornecidas em tambores na forma de líquido viscoso (algumas resinas já são fornecidas
pré-aceleradas com naftenato de cobalto).
As fibras de vidro são incorporadas à resina antes que se inicie o tempo de gel, isto é,
enquanto a resina permanece líquida.
1.3 – A QUÍMICA
Em química orgânica ocorre uma reação similar quando um álcool (base orgânica) reagindo
com um ácido (reação de esterificação) produz éster e água.
O O
OH
Reação de esterificação (reversível)
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 3 ARNALDO AGRIA HUSS
O
||
O grupo funcional C O é conhecido como éster.
O que nos interessa no presente curso são os poliesteres insaturados, que doravante
chamaremos apenas de poliester.
Os ácidos mais empregados como matéria prima para a fabricação dos poliesteres insaturados
são o ácido ortoftálico (na forma de anidrido) e seu isômero, o ácido isoftálico.
O ácido ortoftálico dá origem a poliesteres com cadeias moleculares mais rígidas, devido a
maior proximidade dos grupos éster. Os poliesteres ortoftálicos possuem menor resistência
química que os isoftálicos devido possuírem maior proporção de grupos terminais reativos
(ésteres), que são suscetíveis ao ataque químico.
Estes são os principais ácidos saturados empregados na fabricação dos poliesteres insaturados.
Ácidos insaturados: É muito empregado como bi-ácido insaturado o ácido maleico, na sua
forma anida (anidrido maleico) ou o seu isômero, o ácido fumárico.
Convém lembrar que: Isômero = molécula que contém as mesmas espécies e o mesmo
número de átomos que outra mas difere dessa outra na estrutura.
Glicol (bi-álcool): Os glicóis mais empregados atualmente são o bisfenol A, o propileno glicol
e o neo pentil glicol (NPG).
A grande maioria das resinas produzidas são fabricadas a partir do propileno glicol, não
somente devido a seu preço e disponibilidade, mas também pela sua grande compatibilidade
com o monômero de estireno.
Através da escolha e dosagem adequada dos diversos ingredientes que entram na formulação
dos poliesteres, o fabricante pode obter resinas com características especiais para as aplicações
a que o material se destina.
Assim, podem ser facilmente obtidos poliesteres que apresentam grande resistência química,
resistência às intempéries, resistência ao calor, retardamento de chamas, maior ou menor
flexibilidade, etc.
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 5 ARNALDO AGRIA HUSS
Resinas éster-vinílicas: Estas resinas são obtidas a partir do bisfenol A (tal como as resinas
bisfenólicas), distinguindo-se destas por possuírem apenas dois grupos éster nas extremidades
de sua cadeia molecular, onde se situam também os dois únicos pontos reativos (insaturações)
da molécula. São obtidas da reação de resinas epoxi com ácido metacrílico. As resinas epoxi
por sua vez são oriundas da reação da epicloridina com o bisfenol A.
1.6 – CATALISAÇÃO
Para que ocorra a reação de polimerização (cura) de uma resina poliester ou éster vinílica,
torna-se necessária a adição de catalisadores (ou iniciadores), promotores e aceleradores.
BPO / DMA
• Em produtos para serviço com hipocloritos;
• Muito utilizado em processos de pultrusão, além dos outros processos;
• Pode ser utilizado em ambiente com mais umidade (não molhado);
• Os laminados fabricados geralmente necessitam de tratamento de pós-cura.
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 6 ARNALDO AGRIA HUSS
As dosagens devem ser rigorosamente medidas, pois variações inadequadas podem
proporcionar uma polimerização muito rápida ou muito lenta, influindo diretamente na
qualidade final do laminado.
O peróxido de metil etil cetona (MEKP) é um líquido incolor diluído (50%) em di-metil
ftalato. O MEKP é facilmente miscível nas resinas poliester, sendo usado em conjunto com os
promotores à base de cobalto.
O peróxido de benzoíla (BPO) é fornecido em pó (98%) ou pasta (50%) e deve ser adicionado
à resina antes do DMA. Esse sistema de cura tem o inconveniente de transferir coloração
amarela ao laminado. Seu uso é recomendado para curar equipamentos que entrem em contato
com hipoclorito de sódio e outros ambientes onde o sistema MEKP/Co não possa ser usado.
A di-metil anilina (DMA) é fornecida como líquido 100% ativo, de fácil mistura às resinas.
Atua como acelerador do BPO.
Pot-life: É o tempo que a resina leva para polimerizar no recipiente, após mistura com
catalisadores, promotores e aceleradores. Este tempo pode ser ajustado, variando-se as
quantidades destes materiais. Os tempos também variam com mudanças da temperatura
ambiente e umidade.
1.7 – OS COADJUVANTES
Agentes tixotrópicos: Permitem que a resina seja aplicada contra superfícies verticais sem
apresentar escorrimentos. Só devem ser utilizados após concordância do comprador pois
podem prejudicar a resistência química do equipamento, principalmente se forem usados
indiscriminadamente. As substâncias mais usadas para esta finalidade são as sílicas sintéticas
(aerosil, cab-o-sil) e as argilas organofílicas, com tamanho de partículas extremamente
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 7 ARNALDO AGRIA HUSS
reduzido. Para maior eficiência, os agentes tixotrópicos devem ser misturados na resina com
dispersores de alto cisalhamento.
Massa de reparo: Serve para arredondar cantos vivos, preencher cavidades e acertar
irregularidades na execução de emendas ou reparos. Geralmente formulada com resina
poliester, agente tixotrópico, catalisador e acelerador, podendo conter também cargas minerais
inertes e fibras de vidro moídas. Deve ser formulada com a mesma resina usada na laminação
do equipamento.
Parafina: Serve para reduzir o ataque de solventes à resina que cura exposta ao ar. Tais casos
ocorrem na execução de reparos. Pode ser usada também na camada externa do equipamento
(que cura exposta ao ar) para melhorar sua resistência às intempéries, a respingos e a vapores
corrosivos. A parafina forma uma barreira superficial sobre o laminado, que dificulta a
evaporação do estireno e a penetração do oxigênio, reduzindo assim a inibição da cura da
resina exposta ao ar.
Observação: As fibras de vidro empregadas para reforço de plástico são obtidas a partir da
fusão de uma mistura de óxidos metálicos. A massa fluida (vidro fundido) escoa dos fornos de
fusão para fieiras de platina onde são formados os diversos filamentos de vidro (diâmetro de
aproximadamente 10 micrometros).
• Escamas de vidro: Placas ou discos ligeiramente curvos com diâmetro nominal de 1/64”,
1/32” e 1/8”, e espessura variando entre 3 a 4 micrometros. Usados na confecção de
revestimentos. Suas principais vantagens são a economia na aplicação e baixa
permeabilidade.
Escamas de vidro
Véu de poliester
Pode ser considerado como uma variação sofisticada do processo manual visto acima. Neste
processo, após a colocação manual do véu de superfície sobre o molde, e com a resina ainda
líquida é aplicada juntamente com as fibras de vidro e roletadas para garantir boa
compactação e eliminar as bolhas de ar. A aplicação simultânea da resina com as fibras é feita
através de uma pistola especial para tal finalidade. Várias passagens de pistola são necessárias
(sempre seguidas de compactação) até que a espessura desejada seja obtida. Este processo
permite a aplicação apenas de fibras de vidro picadas. Os tecidos, se desejados, devem ser
aplicados manualmente. As fibras de vidro alimentam o equipamento (pistola) na forma de
fios contínuos (roving), mas são cortadas e depositadas sobre o molde como fios picados. Este
processo é mais empregado na fabricação de peças excessivamente complexas (difícil
conformação).
Neste processo, as fibras de vidro contínuas (roving), constituindo um feixe de fios paralelos
são aplicadas por enrolamento sobre um molde cilíndrico rotatório (mandril), dispondo-se
sobre o mesmo como uma hélice de passo controlável.
As fibras de vidro contínuas são desenroladas, passam por uma cabeça alimentadora dotada de
um movimento longitudinal paralelo ao mandril e finalmente enroladas sobre o mandril
rotatório.
Geralmente a cabeça alimentadora dos fios de vidro contínuos é munida de uma banheira
contendo resina, sendo o reforço de vidro aplicado já pré-impregnado sobre o molde
cilíndrico.
Existem equipamentos nos quais as fibras são enroladas secas, a resina sendo aplicada
posteriormente à pistola ou em gravidade como em um chuveiro.
O ângulo de referência para o enrolamento do roving é muito importante, mas não será objeto
deste curso uma vez que pretendemos abranger somente os procedimentos básicos.
1.10 – AS RESINAS
Isoftálicas e Ortoftálicas
Como já dissemos anteriormente estas resinas não possuem resistência química satisfatória,
sendo produzidas a partir de ácidos saturados (anidrido ortoftálico e ácido isoftálico).
Características
• As resinas ortoftálicas são mais rígidas que as isoftálicas, devido a maior proximidade,
tanto dos grupos éster na posição orto, como também das insaturações do ácido
insaturado.
• As resinas ortoftálicas apresental gel-time mais longo que as isoftálicas devido ao excesso
de glicol usado em sua síntese.
Bisfenólicas
São resinas que exibem muito boa resistência química sendo amplamente utilizadas na
indústria.
O ácido empregado na fabricação das resinas bisfenólicas pode ser o ácido maleico (na sua
forma anidra, ou seja, o anidrido maleico) ou seu isômero, o ácido fumárico.
Éster-vinílicas
Como já dissemos anteriormente elas são obtidas a partir da reação da resina epoxi com ácido
metacrílico. As resinas epoxi originam-se da reação da epicloridina com o bisfenol ª
As resinas éster-vinílicas são assim chamadas pelo fato de possuírem os grupos éster C O
adjacentes aos grupos vinílicos (C = C).
As resinas HET
São resinas poliester formuladas a partir do ácido clorêndrico (HET) e são caracterizadas
como poliesteres halogenados retardantes de chama.
O ácido HET possui seis átomos de cloro na sua molécula contra quatro átomos de cloro na
molécula do anidrido tatracloroftálico, possuindo por esta razão, melhor poder retardante de
chama que este último.
Os poliesteres halogenados possuem boa resistência ao fogo, mas em geral, para se conseguir
ainda uma melhor resistência, são quase sempre empregados com trióxido de antimônio.
A alumina hidratada pode também ser empregada em conjunto com poliesteres halogenados,
porém sem apresentar sinergismo.
Boratos e fosfatos também podem ser empregados como agentes sinergísticos atuante em
conjunto com resinas halogenadas. São porém menos eficientes que o trióxido de antimônio e
devem ser usados na proporção de 10% a 15% por peso para produzirem o mesmo efeito que
os 5% do trióxido de antimônio.
Os ensaios de flamabilidade possuem apenas valor comparativo sendo usados quase que
exclusivamente para o estabelecimento de sistemas de classificação, não possuindo forte
correlação com os casos de aplicações práticas.
Em seguida faremos uma rápida exposição dos ensaios mais comumente empregados.
Classe A 0 - 25
Classe B 26 - 75
Classe C 76 - 200
Classe D 201 - 500
Classe E Acima de 500
Poliester comum, contendo 45% de alumina trihidratada pode ser considerado, no que
concerne a propagação de chamas, equivalente aos poliesteres halogenados (HET) sem
trióxido de antimônio.
Nas moléculas de poliester, os pontos mais suscetíveis ao ataque de ambientes químicos são
os
grupos terminais hidroxilas (OH) e carboxilas, as duplas ligações (insaturações) entre
átomos de carbono (C = C), e as ligações éster C O.
Os grupos terminais e as ligações éster são atacados principalmente pela água (lembre-se que
a reação de esterificação é reversível), enquanto que as duplas ligações podem ser rompidas
com relativa facilidade por vários ambientes agressivos.
Tiramos portanto duas conclusões quanto ao comportamento dos poliesteres em contato com
ambientes agressivos:
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 18 ARNALDO AGRIA HUSS
A primeira delas é referente ao fato de que quanto mais espaçados entre si estiverem os
grupos éster, ou melhor, quanto menor a ocorrência de ligações éster dentro da molécula do
poliester, melhor será sua resistência química. Isto explica porque as resinas bisfenólicas
exibem resistência química superior à apresentada pelas resinas ortoftálicas e isoftálicas.
A segunda conclusão é que, para um mesmo tipo de poliester, aquele que possuir o menor
número de insaturações não polimerizadas após a cura, exibirá superior resistência à corrosão.
A cura das resinas poliester se processa através das insaturações das suas moléculas, e um
poliester perfeitamente curado não deveria exibir nenhuma insaturação em sua massa.
Infelizmente, na prática isto nunca ocorre e sempre sobram algumas insaturações não
polimerizadas e portanto suscetíveis ao ataque químico. Portanto, quanto mais bem curado o
poliester melhor será a sua resistência química. O grau de cura é determinado através do
durômetro Barcol (no Capítulo 5 desta apostila consta o procedimento para a determinação de
dureza Barcol). A dureza portanto é um dos critérios fundamentais para a avaliação de um
laminado de fiberglass e deve ser sempre incluída como controle de qualidade pelos
fabricantes e pelos órgãos de inspeção.
Para algumas aplicações, onde se exige o máximo de resistência química das resinas, deve ser
especificado o tratamento de pós-cura a temperaturas elevadas (consideradas para o
poliester) e em conformidade com as recomendações do fabricante da resina. O Capítulo 6
desta apostila trata exclusivamente do tratamento de pós-cura.
É por este motivo também que não se recomenda o emprego das estruturas de fiberglass em
ambientes corrosivos imediatamente após a sua fabricação, sendo aconselhável esperar, em
média oito dias, até que a resina atinja um grau de cura mais elevado.
Um outro modo de ataque das resinas poliester se processa através da ação de solventes, em
que as moléculas de pequeno peso molecular são afetadas.
Para que ocorra pressão osmótica e bolhas em laminados, algumas condições devem
existir, tais como:
• Imersão prolongada: Se o tempo de imersão for muito curto, o solvente que atravessa o
laminado interno retorna através dele e não gera pressão osmótica.
• Existência de falhas de laminação: Se tais falhas não estiverem presentes não acontece o
fenômeno da osmose. Falhas de laminação (oclusão de ar) no laminado estrutural
geralmente não constituem foco de pressão osmótica, porque a taxa de passagem de
solvente pelas paredes que circundam essas falhas é a mesma em qualquer local, de modo
que o solvente entra nela e sai com igual facilidade.
Uma das grandes armas no combate às bolhas por osmose são as escamas de vidro misturadas
à resina do laminado interno.
No que diz respeito à pressão osmótica, duas coisas podem ser feitas:
• Eliminação das falhas de laminação na interface, como bolhas de ar, fibras de vidro mal
impregnadas, má dispersão dos aditivos na resina e outras. A laminação com véu de
superfície facilita a remoção do ar e diminui a incidência de falhas de laminação na
interface. A laminação deve ser feita com cuidado e esmero, para reduzir ao máximo a
incidência das falhas.
• Usar laminado interno mais espesso, com dois véus ao invés de apenas um. Isso deve ser
feito com cautela, porque, quanto maior a espessura do laminado interno, mais suscetível
ele é a trincas quando submetido a impacto.
• Evitar o uso de aditivos solúveis em água ou em outros solventes. Jamais usar glicol ou
acetona para ajustar a viscosidade da resina. As resinas ortoftálicas têm maior teor de
glicol residual que as isoftálicas e, por isso, têm pior desempenho. As resinas éster-
vinílicas não contêm glicol residual e são melhores que os poliesteres nesse particular.
• Usar somente cargas inertes e bem lavadas. As cargas podem conter impurezas solúveis
que aumentam significativamente a incidência de bolhas.
• Evitar excesso de MEKP ou cobalto que, além de dificultar a cura adequada da resina,
tornando o laminado mais permeável, aumenta a presença de substâncias solúveis.
• Evitar escassez de MEKP e cobalto, que prejudicam a cura da resina, aumentam sua
permeabilidade e deixam o laminado com estireno residual muito alto.
• Assegura que todo aditivo, líquido ou sólido, adicionado à resina, seja bem disperso nela
para evitar oclusões de ar ou bolsões de substâncias solúveis.
Outro tipo de deterioração que ocorre em qualquer estrutura construída com poliesteres
reforçados com fibras de vidro é o chamado ataque por interface no qual ocorre a ruptura da
união química entre as fibras de vidro e a resina. Este processo é bastante acentuado por serem
as fibras de vidro fabricadas com filamentos de pequeno diâmetro (cerca de 10 microns) que
facilitam, por ação capilar, a penetração do agente agressivo para dentro da estrutura.
É com o intuito de evitá-lo que as normas estabelecem para equipamentos que irão trabalhar
em ambientes agressivos a construção de uma camada externa, rica em resina e isenta de
fibras de vidro, formando assim uma barreira protetora entre o ambiente e a estrutura
reforçada, impedindo a ocorrência de deterioração acentuada de suas propriedades mecânicas.
Felizmente este mecanismo de difusão molecular atinge o seu ponto de equilíbrio a curto
prazo (em geral, após um ano de contato entre o meio ambiente e a estrutura) o que permite
aos fabricantes, após a execução de testes de imersão, recomendar ou não o emprego desta ou
daquela resina para este ou aquele ambiente.
É evidente que esta difusão aumenta com o aumento de concentração e temperatura do agente
agressivo, de modo que um ambiente é caracterizado não apenas pela natureza do agente
agressivo, mas também por sua concentração e temperatura.
Isto significa que um agente agressivo em baixas concentrações pode ser armazenado ou
processado em estruturas de fiberglass em temperaturas mais elevadas que o mesmo agente
químico em altas concentrações e vice-versa.
♦♦♦♦♦♦
2.1 - DEFINIÇÕES
Neste Capítulo veremos os termos mais usuais empregados na indústria do plástico reforçado
com fibras de vidro.
Absorvem a energia das radiações ultravioletas, dissipando-as de forma inócua para a resina.
Não apresentam alta eficiência a longo prazo, pois trata-se de material perecível, que perde
sua função protetoras após dois a três anos de uso. São adicionados à resina usada na
laminação das camadas externas expostas à ação dos raios solares. Normalmente são
utilizados produtos à base de hidroxibenzofenonas ou fenil-salicilatos.
Aceleradores
São materiais utilizados juntamente com os catalisadores + promotores para reduzir o tempo
de geleificação da resina, ou para mantê-lo numa mesma faixa em dias mais frios. O
acelerador amplamente utilizado é a di-metil anilina – DMA.
Ácidos carboxílicos
São compostos orgânicos que possuem um ou mais grupos carboxílicos na molécula. Chama-
se grupo carboxílico ao radical
Agentes tixotrópicos
Permite que a resina seja aplicada contra superfícies verticais, sem escorrimentos. Podem ser
usados moderadamente, porém seu excesso prejudica a resistência química da resina. Para
alguns ambientes agressivos, como por exemplo o hipoclorito de sódio, seu uso não é
permitido. São produtos normalmente à base de sílica sintética ou amianto (v. pg 12).
Camada base
Constituída de resina (catalisada e acelerada) e cargas minerais inertes (sílica, por exemplo). É
aplicada sobre o substrato (no caso de revestimentos) através de espátulas ou
desempenadeiras, tendo como função principal aproximar os coeficientes de dilatação térmica
do substrato e do revestimento. A espessura desta camada base deve ser de aproximadamente
1,5 mm e a resina deve, obrigatoriamente, ser a mesma daquela empregada no restante do
laminado.
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 24 ARNALDO AGRIA HUSS
Cargas minerais
Catalisadores
São materiais que promovem a cura das resinas. Os mais utilizados são o peróxido de metil
etil cetona (MEKP) e o peróxido de benzoíla (BPO), podendo também ser usado o peróxido
de hidrocumeno (CHP).
Conexões
Como para os materiais metálicos, as conexões em PRFV são compostas por flanges, curvas
45º e 90º, reduções concêntricas e excêntricas, tês, etc. As conexões são fabricadas através de
moldes de madeira ou aço inoxidável. Existe toda uma tecnologia para a fabricação dessas
conexões (processo de laminação manual – hand lay up), principalmente no caso de flanges
com pescoço (welding neck) de forma a que os mesmos sejam feitos de forma monolítica e
não através de emendas.
Cura
Ver polimerização.
Dureza Barcol
A dureza Barcol serve como indicação do grau de cura das resinas termofixas. Utiliza-se o
durômetro modelo GYZJ 934-1 com escala de 100 divisões, cada divisão correspondendo a
uma unidade Barcol. As normas que padronizam este ensaio são: ABNT NBR 9629 e
ASTM-D-2583. No Capítulo 5 veremos detalhadamente a execução deste ensaio.
Escamas de vidro
Também conhecidas como flocos de vidro (flakeglass), são produzidas a partir de vidro de
formulação especial (tipo C – Chemical Glass) que possui elevada inércia química. Utilizáveis
basicamente para revestimentos e também no laminado interno para aumentar sua
permeabilidade. Quando misturadas à resina apropriada e aplicadas ao substrato, estas
escamas de vidro se orientam paralelamente entre si, superpondo-se umas às outras, dando
origem a um caminho irregular e tortuoso que dificulta a passagem de íons e umidade do
ambiente agressivo até o substrato, permitindo a obtenção de um revestimento de baixa
permeabilidade. Os revestimentos contendo escamas de diâmetro 1/8” são aplicados somente
à espátula ou desempenadeira, não sendo aplicáveis por meio de spray ou pincel. Já as
escamas de 1/32” e 1/64” são aplicadas a pincel ou spray. O diâmetro mínimo das escamas de
vidro para revestimentos não deve ser inferior a 1/64” para que não ocorra decréscimo da
permeabilidade.
Estireno
Fibras de vidro
Gel coat
É toda camada de resina sem reforço de fibras de vidro que pode ser aditivada, pigmentada ou
não, e que é aplicada à superfície de uma estrutura de uma peça qualquer em plástico
reforçado com fibras de vidro. Possui uma espessura de 0,3 a 0,5 mm, em média, e toda
solicitação exigida à estrutura como um todo, será também requerida do gel coat (peso,
rigidez, brilho, dureza, etc.).
Glicol
Inibidores de cura
Neste processo as fibras de vidro são aplicadas manualmente sobre o molde e imediatamente
embebidas em resina acelerada e catalisada adequadamente. Normalmente a resina permanece
líquida por aproximadamente 15 – 20 minutos, tempo suficiente para que sejam eliminadas as
bolhas de ar e demais imperfeições através de roletes apropriados. Esta operação é
fundamental para a obtenção de um laminado de boa qualidade. Este é o processo de
fabricação clássico, muito empregado para a construção de estruturas cilíndricas como
tanques, dutos e tubos, bem como as conexões, peças especiais sob desenho e também tetos e
fundos de tanques.
É uma variação da laminação manual. Neste processo, após a colocação manual do véu de
superfície sobre o molde e com a resina ainda líquida é aplicada juntamente com as fibras de
vidro e roletadas para garantir boa compactação e eliminação das bolhas de ar. A aplicação
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 28 ARNALDO AGRIA HUSS
simultânea da resina com as fibras é feita através de uma pistola especial para tal finalidade.
Várias passagens de pistola são necessárias (sempre seguidas de compactação) até que a
espessura desejada seja obtida. Este processo permite apenas a aplicação de fibras de vidro
picadas. Os tecidos, se desejados, são aplicados manualmente. As fibras de vidro alimentam o
equipamento (pistola) na forma de fios contínuos (roving), porém são cortadas e depositadas
sobre o molde com fios picados. É um processo normalmente empregado na fabricação de
peças excessivamente complexas e de difícil construção (v. pg 19).
Laminado
Material composto de sucessivas camadas de resina termofixa e fibras de vidro (véus, mantas
e tecidos). A figura mostrada na página 14 ilustra um laminado típico, recomendado pela
SPI – Society of Plastic Industry.
Laminado bidirecional
Laminado estrutural
Conjunto de camadas construídas sobre o laminado intermediário com fibras de vidro picadas
(mantas ou roving), tecidos ou combinações de fibras picadas e tecidos, impregnadas com
resina termofixa.
Laminado externo
Conjunto de camadas construídas sobre o laminado estrutural com fibras de vidro picadas
(mantas ou roving) e resina termofixa, expostas ao ambiente externo.
Conjunto de camadas construídas sobre o laminado interno com fibras de vidro picadas
(mantas ou roving) e resina termofixa, adequada ao produto armazenado.
Conjunto de camadas em contato direto com o produto armazenado, construído com véu(s) de
superfície e resina termofixa adequada ao produto armazenado.
Laminado isotrópico
Laminado de plástico reforçado no qual as fibras são orientadas numa mesma direção.
Liner
Mantas
Massa de reparo
Molde
Naftenato de cobalto
Octoato de cobalto
Promotor de cura que pode ser utilizado em substituição ao naftenato, possuindo praticamente
as mesmas propriedades daquele.
Osmose
Parafina
Disponível como pó (alto grau de pureza – 98%) ou pasta (plastificado com 50% de
dibutilftalato). Seu uso é recomendado para a cura de equipamentos que entrem em contato
com o hipoclorito de sódio, ácido clorídrico e alguns outros ambientes corrosivos. O uso do
BPO acarreta coloração amarela relativamente forte ao laminado.
Líquido incolor, composto de peróxidos baseados em metil etil cetona, com 50% de
dimetilftalato. Usado como iniciador na cura de resinas termofixas insaturadas. Principal
aplicação: cura de partes moldadas à temperatura ambiente em combinação com aceleradores
de cobalto. É o peróxido mais utilizado dos iniciadores de cura de resinas termofixas à
temperatura ambiente.
Pigmentos (Corantes)
Usados como tingimento dos equipamentos em várias cores, conforme acordo entre fabricante
e comprador. Devem ser adicionados somente na camada externa e após a inspeção visual
final, pois conferem opacidade ao laminado dificultando em muito a inspeção visual ou até
tornando impossível sua realização. Os pigmentos não são matérias primas essenciais e
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 31 ARNALDO AGRIA HUSS
devem ser usados somente se o comprador assim especificar. Os pigmentos geralmente são
incorporados à resina pré-dispersos em pastas de poliester não reativas. Neste caso é
importante especificar para veículo do pigmento a mesma resina empregada na laminação da
estrutura.
Poliester saturado
Polimerização (Cura)
Reação química que ocorre após a adição dos promotores de cura, com a transformação da
resina de líquido viscoso a sólido insolúvel, rígido. A polimerização das resinas termofixas se
processa à temperatura ambiente, sem necessidade da aplicação de pressão e a reação é
exotérmica. A transformação de líquido para sólido começa a ocorrer somente após 10 a 15
minutos (ou um pouco mais) da adição dos promotores de cura.
Polímero
Pós-cura
Pot-life
Tempo que a resina leva para polimerizar no recipiente, após a mistura com o acelerador e o
catalisador. Os tempos de pot-life podem ser ajustados, variando-se as quantidades destes
materiais. Os tempos também variam com mudanças bruscas de temperatura ambiente e a
umidade relativa do ar.
Tem como função proteger a superfície metálica jateada contra a oxidação, no caso de
substratos de aço (pode ser uma camada de resina ou tinta à base de resina epoxi). Para
substratos de concreto o primer deve, obrigatoriamente, tratar-se de uma demão de resina
catalisada e acelerada, a mesma usada na laminação do revestimento.
Promotores de cura
Sais orgânicos de cobalto sendo o mais comum o naftenato de cobalto, podendo também ser
utilizado o octoato de cobalto. Usado juntamente com o catalisador para promover a cura das
resinas.
Reação de esterificação
Resinas bisfenólicas
Resinas epoxi
Resinas éster-vinílicas
Resinas termofixas obtidaó da reação de resina epoxi com o ácido metacrílico. As resinas
éster-vinílicas são assim chamadas por possuírem os grupos éster adjacentes aos grupos
vinílicos [C = C], exibindo excelente resistência ao ataque químico de ambientes alcalinos e
ácidos, sendo também dotadas de grande alongamento na ruptura. O mecanismo de cura
destas resinas é idêntico ao das resinas poliesteres.
Resinas HET
São resinas poliesteres formuladas a partir de ácido clorêndrico (HET) e são caracterizadas
como “poliesteres halogenados retardantes de chama”. Os poliesteres halogenados possuem
Resinas isoftálicas
São resinas poliesteres termofixas obtidas a partir do ácido isoftálico. Possui resistência
química insatisfatória para alguns ambientes agressivos. É prática comum essas resinas serem
utilizadas no laminado estrutural, ou seja, aquela que não entra em contato com o ambiente
agressivo.
Resinas ortoftálicas
São resinas poliesteres termofixas obtidas a partir do ácido ortoftálico. Possui resistência
química altamente insatisfatória para ambientes agressivos.
Resinas poliester
Resinas tereftálicas
São resinas poliesteres termofixas oriundas do ácido tereftálico. Sua resistência química
assemelha-se à das resinas isoftálicas.
Resina termofixa
Resina que uma vez transformada de líquido em sólido, não é mais possível transformá-la de
sólido em líquido. São as resinas poliesteres, éster-vinílicas e epoxis.
Retardantes de chama
Roving
Sensibilidade à acetona
O teste com acetona indica se a camada superficial do laminado está devidamente curada ou
se teve a cura inibida pelo ar. A ocorrência de pegajosidade significa que a camada superficial
do laminado não está curada.
Substrato
Sistema de cura
Tempo de cura
Tempo requerido para que a resina líquida atinja a cura completa após a adição do catalisador.
Véu de superfície
Garantem uniformidade de espessura do laminado interno, rico em resina, que possui contato
com o meio agressivo. Diminui a possibilidade do surgimento e propagação de trincas
superficiais. Existem basicamente dois tipos de véus: de poliester (sintético) e de vidro.
Véu sintético
Véu de vidro
Véu de superfície construído com fibras de vidro C. Não devem ser usados em determinados
ambientes como, ácido fosfórico, ácido fluorídrico, hipocloritos, bases fortes, etc.
Este vidro foi originalmente desenvolvido para uso em aplicações elétricas, embora hoje seja
considerado uma formulação “standard” de aplicação quase universal. Trata-se de um vidro
alumino-borosilicato de cálcio, contendo menos de 1% de óxido de sódio. É facilmente
dissolvido pelos ácidos minerais diluídos.
Este vidro é um alumino-silicato de cálcio. Usado como véu de superfície ou como flocos de
vidro em revestimentos.
É um vidro de alta performance para aplicações sofisticadas, tais como casa de motores de
foguetes. É um vidro de elevado custo e grande dificuldade de manufatura.
♦♦♦♦♦♦
3.1 – INTRODUÇÃO
Um equipamento em PRFV ou mesmo uma tubulação e suas conexões com uma especificação
incorreta irá acarretar, muitas vezes a curto prazo, perdas irreparáveis ao processo operacional,
uma relação custo x benefício baixíssima, sem contar também os possíveis lucros cessantes,
oriundas do erro inicial.
Infelizmente, ainda nos dias de hoje, muitos ainda não consideram o plástico reforçado com
fibras de vidro como sendo um material de engenharia, o que ele efetivamente é, haja visto as
diversas normas internacionais que regem sua fabricação.
O desconhecimento dos vários tipos de resina existentes, dos sistemas de cura apropriados a
cada aplicação, da necessidade ou não de um tratamento de pós-cura, além de um bom
acompanhamento de fabricação e rigorosa inspeção final, fazem com que este material
importantíssimo para a indústria, ainda sofra uma série de restrições.
Não é raro ver-se a utilização de resinas ortoftálicas (mais baratas entre todas) para ambientes
altamente agressivos como ácido sulfúrico, ácido clorídrico, entre vários outros.
O mínimo conhecimento para uma correta especificação é necessário sob todos os aspectos
para que o equipamento tenha uma performance a altura de sua importância dentro de um
processo operacional.
3.2 – ENVOLVIMENTO
Uma especificação, na maioria das vezes, acaba envolvendo pelo menos quatro entidades que,
com seus conhecimentos específicos, contribuem para a boa qualidade do produto final.
• Normas e/ou especificações: As normas existentes (NBS, ASME, ASTM, BS, ABNT)
apresentam, de maneira abrangente, os principais tópicos necessários para a especificação
dos equipamentos construídos em plástico reforçado com fibras de vidro. As normas têm
também o grande mérito de facilitar o diálogo entre usuários e fabricantes.
3.3 – A ESPECIFICAÇÃO
• Relação dos ensaios e tipo de inspeção a ser realizada durante a fabricação e quando do
recebimento do equipamento. Aqui, a norma ASME SD-2563 pode ser utilizada como
parâmetro para inspeção visual o mesmo ocorrendo com normas e procedimentos
específicos do comprador (usuário);
Os equipamentos de plástico reforçado com fibras de vidro são uma excelente opção em
termos de custo e desempenho para problemas de corrosão.
Existem vários fabricantes com habilidades e capacidades específicas, aptos para atender as
diferentes necessidades do mercado, porém não necessariamente todo o mercado consumidor.
Sendo assim, o entendimento entre compradores e fornecedores é de fundamental
importância.
É muito comum ainda hoje, após decorrido um bom tempo da publicação oficial da NR-13 no
Diário Oficial (26/04/95), ouvirmos dois tipos de perguntas sobre a relação dos equipamentos
construídos em plástico reforçado com a referida Norma Regulamentadora.
Sendo assim, ao ser elaborado o projeto de um vaso em plástico reforçado com fibras de
vidro, deve ter-se o cuidado de calcular este produto “P.V” pois, com base neste resultado,
algumas exigências e cuidados especiais deverão ser incluídos na especificação, como por
exemplo, o caso da placa de identificação.
“Todo vaso de pressão deve ter afixado em seu corpo, em local de fácil acesso e bem visível,
placa de identificação indelével com, no mínimo, as seguintes informações:
a) Fabricante;
b) Número de identificação;
c) Ano de fabricação;
d) Pressão máxima de trabalho admissível;
e) Pressão de teste hidrostático;
f) Código de projeto e ano de edição.
No caso de equipamentos em PRFV, além dos dados acima, é conveniente que constem
também os seguintes dados:
♦♦♦♦♦♦
4.1 – INTRODUÇÃO
Embora possa não parecer, dada sua aparente simplicidade, a inspeção visual é um dos tópicos
de maior importância onde deve-se contar sempre com a experiência de um bom e bem
treinado inspetor de equipamentos.
A classificação e os níveis de aceite dos defeitos visuais serão vistos no Capítulo 5 desta
apostila, porém faz-se necessário mostrar antes ao inspetor, os tipos de defeitos mais correntes
em PRFV que podem ocorrer na fase de fabricação, suas causas prováveis e como proceder
para evitá-los. Este é o objetivo deste Capítulo.
Causas prováveis: Áreas muito ricas em resina. Adição de estireno extra à resina do gel-coat.
Escolha ou formulação incorreta da resina (uso de resina muito ativa no gel).
Como evitar: Deixar repousar a resina antes de usá-la e/ou diminuir a viscosidade. Secar
perfeitamente o reforço e deixar evaporar bem o solvente.
Como evitar: Corrigir a temperatura para mais ou para menos segundo convier. Adotar uma
temperatura diferente na faixa de 3 a 10ºC entre as faces da peça. Aumentar a concentração do
4.2.3 - DEFEITO: Áreas com muita resina e com pouco ou nenhum reforço.
Como evitar: As fibras de vidro devem estar na correta proporção em relação à espessura da
peça em todos os pontos do laminado. Devem ser evitados ângulos agudos, mudanças bruscas
de espessura, etc., ou seja, tudo quanto possa conduzir à separação entre o reforço e a resina.
Como evitar: A viscosidade da resina deve ser suficientemente baixa para que esta possa fluir
facilmente, sem arrastar consigo o reforço. Na formação com moldes acoplados, distribuir a
resina o melhor possível sobre o fundo ou em cima do molde, segundo a maneira de trabalho.
Causa provável 3: Ligante não apropriado do reforço permitindo o descolamento das fibras.
Causa provável 1: Norma de trabalho ineficiente. Excesso de reforço. Resina muito viscosa.
Como evitar: Fazer a impregnação (quando manual) de uma camada de cada vez. Melhorar a
distribuição do reforço, evitando-se a formação de pregas ou superposições. Reduzir a
viscosidade da resina.
Como evitar: Deixar evaporar totalmente o solvente ou usar outro agente desmoldante.
Como evitar: Trocar o tipo de resina e verificar a correta dosagem do sistema de cura.
Como evitar: Aguardar cura completa da resina antes da exposição. Adicionar absorvedor de
raios ultravioleta.
Como evitar: Prolongar o tempo e/ou aumentar a temperatura de cura. Não trabalhar com
umidade relativa alta.
Como evitar: Este defeito pode ser ocasionado por uma camada de gel muito fina ou por
colocar-se a primeira camada de reforço antes do gel ter atingido suficiente polimerização.
Pode ser também consequência de uma desmoldagem prematura.
Causa provável: São devidas a impactos, mas ocorrem geralmente pela espessura excessiva e
pouca aderência ao gel.
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 44 ARNALDO AGRIA HUSS
Como evitar: Limitar a espessura do gel. Usar véu de superfície.
Como evitar: Melhorar o sistema de mistura e prolongá-lo pelo tempo necessário até ser
obtida uma boa sispersão.
4.2.11 - DEFEITO: Porosidade ou lixiviação (este defeito se revela somente após um período
de imersão).
Causa provável: Pode ter como causa uma série de fatores: resina inadequada, excessiva
perda do monômero durante a laminação, temperatura ambiente demasiadamente baixa,
catalisador insuficiente.
Como evitar: Para aplicações em intempéries ou em água, escolher sempre uma resina
formulada para isto. Não trabalhar em ambientes muito úmidos nem em temperaturas
inferiores a 15ºC. Controlar cuidadosamente o sistema de polimerização (proporção e tipo de
catalisador), a fim de assegurar uma cura completa da resina.
Alguns dos defeitos citados neste Capítulo serão abrangidos mais detalhadamente no
Capítulo 5, quando veremos a Inspeção Visual propriamente dita, inclusive com os critérios
sugeridos para aceitação e rejeição, bem como o conhecimento da norma ASME SD-2563.
♦♦♦♦♦♦
5.1.1 – Introdução
A inspeção visual em laminados de PRFV vem a ser o tipo mais importante de inspeção,
pois praticamente todos os defeitos são perceptíveis à vista desarmada. É a inspeção
visual direta, onde não são utilizados instrumentos ópticos especiais.
5.1.2 – Objetivo
5.1.4 – Definições
Bolhas de ar
Calo (Blister)
Cratera no laminado
Delaminação
5.1.4.7 – Escorrimento de resina: Este defeito quase sempre é causado por má aplicação
e desleixo dos laminadores. Apesar de não ser um defeito grave, não deve ser tolerado
pois implica diretamente na qualidade do prestador de serviços. A adição de agentes
tixotrópicos minimiza o problema.
Escorrimento de resina
Fibra branca
5.1.4.10: Fibra exposta: Falta de resina, deixando expostas as fibras de vidro. Problema
também ocasionado geralmente por desleixo dos laminadores.
Fibra exposta
Inclusões estranhas
5.1.4.14 – Olho de peixe: Pequena massa globular que não misturou com o material
adjacente. Causada por fibras contaminadas com materiais estranhos.
Olho de peixe
Porosidade
5.1.4.16 – Ponto seco (mancha seca): Área onde o reforço não foi adequadamente
impregnado com resina. Caracteriza-se pela ocorrência de manchas brancas no laminado.
Acontece freqüentemente em operações com molde. Associa-se ao defeito citado em
5.1.4.8 – Falta de enchimento, este mais caracterizado nas bordas do laminado.
5.1.5.1 Na tabela a seguir estão listados os defeitos definidos em 5.1.4.1 a 5.1.4.20, com
os critérios de aceitação e rejeição. O laminado não deve estar pintado ou pigmentado
quando por ocasião da inspeção visual.
5.1.5.3 Para alguns defeitos os critérios são diferentes para o lado interno e externo do
laminado.
5.1.6.2 Uma observação importante sobre “frequência de inspeção” diz respeito aos
equipamentos que estejam enquadrados como vasos de pressão dentro dos requisitos da
NR-13. Muitas vezes a frequência determinada pela referida norma pode extrapolar o
tempo necessário entre inspeções internas. É boa prática nesses casos que a experiência
do inspetor e do histórico já existente, determinem a frequência mais adequada entre as
inspeções, desde que a mesma não seja superior àquela determinada pela NR-13.
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 52 ARNALDO AGRIA HUSS
5.1.6.3 Os pontos a seguir devem ser objeto de especial atenção durante os trabalhos de
inspeção.
5.1.6.3.4 – Exposição das fibras de vidro: Externamente, os raios solares atacam a resina
do laminado externo causando afloramento das fibras de vidro, que se apresentam
esbranquiçadas. As fibras expostas na superfície externa devem ser eliminadas através
de lixamento com posterior aplicação de reforços embebidos em resina. Internamente, a
exposição das fibras de vidro das mantas denota o consumo dos véus de superfície, o que
irá tornar o laminado mais suscetível à infiltração do produto agrassivo, que poderá
atingir o laminado estrutural, relativamente pobre em resina. Daí, para a ocorrência de
vazamentos, é uma questão de pouco tempo. Nestas situações, ou seja, quando as
mantas já estiverem expostas, deve-se tomar a decisão de efetuar-se uma relaminação
no equipamento para que não ocorram maiores danos.
5.1.6.3.7 – Desgaste dos internos: Os internos construídos em PRFV devem ser objeto de
especial atenção pois podem estar sujeitos a desgastes de severa intensidade, tanto por
erosão como por ataque químico, principalmente pelo prolongado tempo de operação do
equipamento. Erros de projeto costumam contribuir para o desgaste desses
componentes, e uma avaliação detalhada do inspetor poderá corrigir o problema através
da elaboração de uma Modificação de Projeto.
5.2.1 – Introdução
Tubos, conexões e equipamentos de PVC reforçados com fibras de vidro apresentam dois
tipos de juntas (rígida e elástica), que facilitam sua especificação de acordo com as
necessidades da obra. Os tubos e as conexões são ideais para utilização em saneamento
básico e transporte de resíduos corrosivos em indústrias de papel e celulose,
sucroalcooleiras, etc. Possuem a resistência química proporcionada pelo PVC, aliada às
propriedades mecânicas garantidas pelo reforço externo em PRFV. Podem ser utilizados
sob pressões de 2 a 20 kgf/cm2 e em temperaturas de até 80ºC.
5.2.2 – Objetivo
5.2.3 – Definições
5.2.3.1 – Trinca: Separação efetiva do liner de PVC, visível somente através de inspeção
interna.
5.2.3.2 – Trinca superficial: Trinca ou fissura existente no liner de PVC e visível somente
através de inspeção interna.
Trinca Nenhuma
Trinca superficial Nenhuma
Empolamento ou delaminação Pode ou não afetar o desempenho do
equipamento. Dependendo da localização e
da temperatura de operação teremos ou
não a necessidade de reparo imediato.
Descoloração Não afeta o desempenho do equipamento
♦♦♦♦♦♦
Art. 28 – SD-2563
SD-2563
1. ESCOPO
1.1 Esta prática recomendada abrange os critérios de aceitação para o exame visual de
peças feitas de laminados reforçados com fibras de vidro.
1.3 Esta prática recomendada também categoriza diferentes requisitos de exame para os
níveis de qualidade do produto.
2. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO
2.3 Insertos – Todos os insertos, porcas, pinos e alças, não devem ser danificados de
forma alguma, nem revestidos com materiais laminados, de maneira prejudicial à
função de cada elemento, e à fixação mecânica. As roscas dos insertos moldados
devem estar limpas, lisas, livres de mossas, rasgos ou outras avarias. Nos fios das
roscas não deve haver material laminado ou ressaltos. Se for necessário, os insertos
roscados podem ter a rosca repassada, para fins de limpeza ou de remoção de
ressaltos. As roscas que contém dispositivos de travamento, ou que tenham sido
revestidas para aumentar a resistência contra a corrosão, não devem ser repassadas.
Art. 28 – SD-2563
2.4 Roscas ou furos moldados – As roscas e furos moldados devem estar livres de
defeitos visíveis, tais como lascas, trincas, resíduos, etc. As roscas moldadas podem
ser reparadas ou repassadas, a menos que especificações em contrário tenham sido
incluídas nos desenhos do produto.
2.5 Fabricação – A fabricação deve estar de acordo com as boas práticas comerciais,
conforme relacionadas na Tabela 1, para os níveis aplicáveis de aceitação.
2.6 Área crítica – Algumas partes de uma peça podem ser consideradas mais críticas do
que outras. Uma área crítica é aqui definida, como uma área na qual a presença de
imperfeições é considerada mais prejudicial. As áreas das partes que são estrutural,
aerodinâmica ou eletricamente críticas, devem ser uniformes e livres de defeitos,
conforme listados na Tabela 1, se assim estiver estipulado no desenho do produto. As
áreas críticas devem ser designadas no desenho do produto, por um dos seguintes
métodos:
2.7 Defeitos visuais permissíveis – Os defeitos em áreas não críticas e que, por sua
natureza, conteúdo ou frequência, não afetam a utilidade da peça, são considerados
como defeitos permissíveis. Os defeitos permissíveis devem ser detalhadamente
descritos, quanto ao tipo, tamanho, quantidade, extensão permitida e espaçamento.
Deve ser especificado o nível apropriado de aceitação (Tabela 1) para os defeitos
nessas áreas. Quando for utilizado o nível IV, os defeitos devem ser completamente
descritos no desenho do produto. Defeitos maiores do que esses defeitos relacionados
nas especificações e desenhos do produto ou contratos de fornecimento, devem ser
causa de rejeição.
Art. 28 – SD-2563
3. NÍVEIS DE ACEITAÇÃO
3.1 Exame visual – Cada peça deve ser verificada visualmente, sem o auxílio de
ampliação. Os defeitos devem ser classificados quanto ao tipo e ao nível, conforme
indicados na Tabela 1 (Nota 2). O nível de qualidade aceitável deve ser determinado
por referência ao desenho da peça, e ao nível de aceitação aplicável para os defeitos
permissíveis. Se nenhum dos três primeiros níveis (I, II e III) for considerado aplicável,
o nível deverá ser o nível IV, e os defeitos permissíveis devem ser especificados no
desenho do produto. Qualquer excesso de defeitos, em relação aos especificados,
deve ser causa de rejeição. A menos que seja especificado de outra forma, as
dimensões indicadas são dimensões de superfície.
Nota 1 – Os valores indicados em unidades norte-americanas usuais, devem ser considerados como padrões.
Nota 2 – Os defeitos típicos, conforme assinalados nas descrições da Tabela 1, estão ilustrados nas figuras 1 a 21
(Reproduções desses defeitos típicos, em escala 1:1, estão disponíveis no escritório central da ASTM, 1916 Race St.,
Philadelphia, Pa 19103, USA).
3.2 Nivel I de aceitação – A presença de quaisquer defeitos, além dos que estão listados
na Tabela 1, Nível I, deve ser causa de rejeição, exceto se estiver especificado de
outra forma na Tabela 1, Nível I.
3.3 Nível II de aceitação – A presença de mais do que um defeito, dos que estão
relacionados na Tabela 1, Nível II, para cada área estimada de 10 in2 da superfície
examinada, deve ser causa de rejeição, salvo se estiver especificado de outra forma
na Tabela 1, Nível II. A distância mínima entre duas áreas defeituosas deve ser 2 in.
3.4 Nível III de aceitação – A presença de mais do que dois defeitos, daqueles
relacionados na Tabela 1, Nível III, para cada área estimada de 5 in2 da superfície
examinada, deve ser causa de rejeição, a menos que esteja especificado de outra
forma na Tabela 1, Nível III. A distância mínima entre duas áreas defeituosas deve ser
1 in.
5.3.1 – INTRODUÇÃO
O ensaio de dureza Barcol é um dos ensaios mais importantes quando da inspeção final de um
laminado em PRFV, pois determina o grau de cura da resina, não somente na superfície do
laminado mas também no seu interior. Um laminado mal curado está seriamente propenso a
sofrer ataque químico prematuramente. Como todo ensaio, este também requer técnicas
adequadas e cuidados especiais quando de sua realização, evitando-se leituras incorretas.
5.3.2 – OBJETIVO
5.3.2.1 Este procedimento determina as condições para a execução do ensaio de dureza Barcol
em laminados de plástico reforçado com fibras de vidro.
ASTM-D-2583: Standard Test Method for Rigid Plastics by Means of a Barcol Impressor.
5.3.4 – APARELHAGEM
Para a execução deste ensaio deve ser utilizado o impressor Barcol, modelo GYZJ-934-1
(analógico), de fabricação da Barber-Colman Company (USA) – V. fotos na pág. 91.
5.3.5 – MANUSEIO
5.3.5.1 Deve-se exercer uma leve pressão sobre o durômetro contra a superfície a ser
testada.
5.3.5.2 Pode ser usado em qualquer posição, desde que esteja num plano perpendicular à
superfície do laminado.
5.3.6.1 Antes da execução das leituras deve-se aferir o durômetro através dos padrões de
alumínio que o acompanham.
5.3.6.2 A aferição deve ser feita em um dos dois padrões com valores os mais próximos
possíveis daqueles a serem medidos.
5.3.7.1 A área a ser medida deve estar limpa e firmemente apoiada. Para equipamentos já em
operação, devem ser removidos todos os resíduos presentes que possam interferir no resultado
das medições.
5.3.7.2 Verificar se nas regiões onde serão feitas as leituras não existem imperfeições que
possam vir a indicar resultados falsos.
5.3.7.3 Remover a resina parafinada com lixa fina nos pontos onde serão feitas as medições.
5.3.7.4 A espessura mínima para medição é de 1,5 mm e a distância mínima da face de união
é de 3,0 mm em qualquer direção.
5.3.7.5 Laminados com véus sintéticos podem apresentar leituras de 2 a 3 pontos inferiores ao
real.
5.3.7.6 Laminados com alto teor de vidro podem apresentar leituras normalmente altas quando
a ponta do durômetro encontrar uma fibra de vidro. Por este motivo este ensaio é
recomendado apenas para ser usado no laminado interno que é praticamente isento de fibras
de vidro, por possuir uma camada rica em resina.
Nota: A metodologia aqui apresentada é apenas sugestiva, porém resultado de muitos anos
de experiência dentro dessas atividades. Cada empresa pode e deve adequar tal metodologia
às suas reais necessidades.
a) As medições de dureza devem ser efetuadas sobre a superfície interna do laminado. Pode-
se também realizá-las sobre a superfície externa, mas os resultados obtidos podem não ser
confiáveis pelos motivos expostos em 5.3.7.6.
c) Para chapas devem ser realizadas 6 medições considerando-se como valor final de dureza
a média aritmética destas medições.
d) Para tanques e vasos de pressão devem ser feitas 10 leituras por área, ou seja, 10 pontos no
teto, 10 no costado e 10 no fundo, no caso de tanques. Para vasos de pressão, devem ser
feitas 10 leituras em cada tampo e 10 leituras no caso. Nestes casos o valor final de dureza
deve ser expresso por área medida, após eliminar-se os dois valores mais altos e os dois
valores mais baixos, extraindo-se a média aritmética dos 6 valores restantes de cada área
considerada.
a) Para revestimentos em tanques e vasos de pressão deve ser seguida a mesma metodologia
descrita na alínea “d” do sub-ítem 5.3.8.1.
Valores obtidos
É prática corrente que os valores mínimos de dureza Barcol sejam determinados da seguinte
maneira:
5.4.1 – OBJETIVO
Este ensaio tem por finalidade avaliar o grau de cura superficial de um laminado.
5.4.2.2 Embeber um chumaço de algodão em acetona e esfregar na superfície sob teste. Não
deve haver pegajosidade.
5.4.3 – NOTAS
5.4.3.1 Geralmente este ensaio é feito nas emendas das conexões e demais componentes que
curam expostos ao ar, o que não impede que outras áreas sejam inspecionadas por este
método.
5.4.3.2 O ensaio de sensibilidade à acetona deve ser complementado com o ensaio de dureza
Barcol.
5.4.3.3 Este pode parecer um ensaio sem muito significado pois o grau de cura do laminado é
determinado pelo durômetro Barcol. Sua importância porém reside justamente no fato de
verificar o grau de cura superficial do laminado, pois, como já vimos, um laminado mal
curado superficialmente é fator preponderante para a ocorrência de problemas a curto prazo.
5.5.1 – OBJETIVO
Instrumento Holiday Detector – Vista dos componentes (Sonda, aparelho, fio terra)
5.5.3 – DEFINIÇÕES
Tipo de detetor de descontinuidade que aplica uma pulsação de alta voltagem e curta duração.
5.5.4.2 Não realizar o ensaio sob chuva ou quando a umidade relativa do ar for superior a 85%.
5.5.4.4 Após ajustar a voltagem do aparelho, o eletrodo deve ser passado sobre a superfície
revestida, nunca parando o eletrodo sobre o revestimento.
5.5.5.1 É necessário e indispensável que o fio terra esteja ligado à estrutura cujo revestimento
está sendo submetido a teste, a fim de que o fechamento elétrico se faça presente em caso de
falha no revestimento.
5.5.5.2 Geralmente o detetor tem um terminal para seu aterramento. Se o aparelho tem que
deslocar-se ao longo do equipamento para a realização do ensaio, pode ser conectado no
terminal um cabo metálico flexível, de comprimento tal que permita um aterramento
constante do aparelho enquanto o mesmo se desloca.
A voltagem mínima do ensaio, para uma determinada espessura do revestimento, deve ser
determinada conforme descrito a seguir:
5.5.6.5 É prática comum, porém não regra geral, que os revestimentos de elastômeros sejam
aplicados com uma espessura final de 5 mm.
5.5.6.7 Para revestimentos em plástico reforçado com fibras de vidro, o ensaio deve ser feito
após a cura, porém antes do tratamento de pós-cura.
5.5.7.2 Recarregar as baterias, no mínimo, duas vezes por semana, mesmo que o aparelho não
tenha sido utilizado (salvo informação em contrário do fabricante).
5.5.7.3 O eletrodo (sonda) deve ser sempre conservado isento do material do revestimento e
em condições tais que evite a interferência de materiais estranhos entre o eletrodo e a
superfície em teste.
5.5.7.4 Todos os contatos elétricos devem ser conservados limpos e isentos de oxidação.
5.5.8 – SEGURANÇA
5.5.8.2 O ensaio de descontinuidade não deve ser executado em dias que haja risco de
descargas elétricas.
5.5.9.1 Todos os reparos decorrentes da inspeção realizada, devem ser submetidos novamente
a este ensaio, utilizando-se a mesma voltagem aplicada inicialmente.
5.5.9.2 Somente após a realização deste novo ensaio, e não sendo constatado mais nenhum
defeito, é que o revestimento deve ser considerado liberado.
• Data do ensaio;
• Voltagem utilizada;
5.6.1 – INTRODUÇÃO
5.6.1.1 O uso da emissão acústica para avaliação de vasos e tubulações fabricados em plástico
reforçado com fibras de vidro tem obtido considerável sucesso. O procedimento de ensaio já
está normalizado (ASTM E-1067), tornando a execução e interpretação dos resultados uma
prática sem problemas para os operadores.
5.6.1.2 A emissão acústica aplicada a materiais plásticos reforçados, veio preencher uma
lacuna que existia na inspeção destes compostos. Até o advento desta técnica, nenhum ensaio
não destrutivo era capaz de garantir integridade estrutural, principalmente em situações de
equipamentos sujeitos a esforços cíclicos.
5.6.2.3 Métodos usuais de localização exata de fontes ativas, usando os tempos de calibração
entre sensores, são insatisfatórios quando aplicados em fibras de vidro. O primeiro problema
que dificulta a localização exata é a severa atenuação sofrida pela onda de tensão. Por este
motivo, grande parte dos sinais não consegue atingir diversos sensores para possibilitar a
triangulação e, analíticamente, calcular a posição da emissão. Um grande número de sensores
seria necessário, diminuindo a distância entre eles (em torno de 300 mm) o que tornaria o
custo do ensaio proibitivo. O segundo problema encontrado é que quando se executa uma
localização exata, é assumido que a velocidade de propagação da onda de tensão é constante,
ficando a variável tempo, proporcional à distância. Comparando-se os tempos de chegada dos
sinais a uma disposição entre sensores cujas distâncias em tempo estejam previamente
conhecidas, torna-se possível o cálculo da posição das atividades contidas no plano definido
pela posição dos sensores. Esta, porém, não é a situação encontrada em materiais como o
plástico reforçado com fibras de vidro. Estes materiais compostos possuem diferentes
velocidades em diferentes direções por se tratar de uma construção anisotrópica particular.
Ondas de tensão propagam-se muito mais rapidamente ao longo das fibras, do que na direção
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 75 ARNALDO AGRIA HUSS
perpendicular a elas. Teoricamente é possível medi-las nas diferentes orientações das fibras,
porém, construções práticas possuem duas ou três diferentes direções de fibras, o que torna o
problema extremamente complicado.
5.6.2.4 Localização zonal não é uma exata determinação do local onde ocorreu a emissão do
evento, porém é o método que tem provado maior eficiência na localização de áreas ativas.
O critério de maior importância está baseado no fenômeno Creep evidenciado pela presença
de emissão acústica durante os patamares de solicitação. Outros critérios estão baseados na
razão Felicity, número total de contagens, número de eventos com grandes amplitudes e a
energia associada aos eventos.
♦♦♦♦♦♦
6.1 – INTRODUÇÃO
O grau de interligação dos laminados processados à temperatura ambiente pode não ser
adequado para algumas aplicações que exigem alta resistência a solventes e também para
alguns casos particulares já comprovados na prática, como por exemplo o uso em hipoclorito
de sódio. Nesses casos, e também para os equipamentos destinados à indústria alimentícia, os
laminados devem ser submetidos ao tratamento térmico de pós-cura.
Este tratamento também reduz a quantidade de estireno residual, pois nem todas as moléculas
deste estireno reagem com as insaturações do poliester. Algumas ficam soltas, não vinculadas
à resina, após a cura. Essas moléculas de estireno livre (estireno residual) atuam como
plastificante do polímero, afetando sua dureza e propriedades mecânicas. Para evitar
contaminação do produto armazenado, o estireno residual dos laminados que trabalham em
contato com alimentos ou água potável não deve ultrapassar 0,1% do peso da resina.
Vemos assim que, à temperatura ambiente, a cura prossegue muito lentamente e o estireno
residual praticamente se estabiliza uma semana após a laminação. Por outro lado, em
temperaturas superiores ao ponto de transição vítrea da resina, a redução do teor de estireno
residual acontece rapidamente.
6.2 – PÓS-CURA
A pós-cura deve ser feita com ar quente seco, distribuído homogeneamente por todo o
equipamento, evitando-se que certas áreas deste não atinjam a temperatura desejada. É muito
aconselhável colocar-se termopares de contato em diversos pontos da parede do equipamento
para monitorar o aquecimento, registrando-se em registrador gráfico adequado a curva do
tratamento de pós-cura, o que será parte integrante do relatório de inspeção e do histórico do
equipamento. Certificar-se de que a parede do equipamento e não somente o ar fornecido
atinja a temperatura desejada. O aquecimento e o resfriamento devem ser graduais para
evitar-se choque térmico.
As recomendações a seguir são aplicáveis para pós-curar laminados de plástico reforçado com
fibras de vidro:
• A temperatura deve ser 10ºC superior ao ponto de transição vítrea correspondente à cura
completa da resina.
• O tempo da pós-cura pode variar em função da temperatura aplicada, que nunca deve ser
inferior a 70ºC.
• Existem aplicações (hipoclorito de sódio, por exemplo) que exigem o sistema de cura
BPO-DMA. Os laminados curados pelo sistema MEKP-Cobalto são atacados mais
fortemente por causa do efeito catalítico do cobalto na decomposição do hipoclorito.
Nesses casos devem ser observados os teores de BPO e DMA recomendados
(normalmente a relação BPO:DMA deve estar entre 10:1 e 15:1), bem como o máximo
tempo de espera entre o término da laminação e o início da pós-cura.
6.4 – REGISTROS
♦♦♦♦♦♦
7.1 – INTRODUÇÃO
Com isto é evitada a inibição de cura da superfície externa do laminado pelo oxigênio do ar.
Entende-se como superfície externa do laminado como sendo aquela que não fica em contato
com o molde, sendo exatamente o seu oposto.
A parafina também deve sempre ser aplicada no laminado interno quando o mesmo for
submetido a reparos localizados ou quando tratar-se da aplicação de revestimentos.
Evidentemente a parafina sendo um sólido, deve ser preparada em uma solução para sua
diluição e posteriormente incorporada à resina de laminação das camadas externas. Este é o
objetivo deste Capítulo, ou seja, transmitir o método de preparação adequado da resina
parafinada.
Aquecer esta solução a 60ºC, derretendo a parafina com o monômero de estireno, sempre na
proporção de 1/10 (em peso). O aquecimento deve ser em fogo brando (preferencialmente em
banho-maria), mantendo agitação permanente. Utilizar um recipiente suficientemente alto
para evitar que o fogo atinja o estireno que é altamente inflamável.
7.3 – CONSIDERAÇÕES
• A quantidade indicada para os promotores de cura não é rígida, podendo ser alterada,
principalmente em função da temperatura ambiente.
• A resina parafinada deve ser sempre aplicada sem reforços de fibras de vidro.
Para superfícies que irão trabalhar permanentemente em exposição aos raios solares, pode ser
adicionado à resina um composto à base de hidroxibenzofenona ou fenil-salicilato (em torno
de 0,3 gramas nas soluções 2 ou 3).
♦♦♦♦♦♦
8.1 – INTRODUÇÃO
Uma vez que os equipamentos e as tubulações em plástico reforçado com fibras de vidro
forem construídos em conformidade com as normas e especificações, e todas as suas etapas de
fabricação acompanhadas por inspeção, é chegado o momento do transporte, manuseio e
posterior montagem.
De nada terá adiantado o rigor determinado pela inspeção, se neste momento não forem
tomados os cuidados mínimos necessários. O desleixo poderá levar a danos irreparáveis nos
equipamentos e tubulações e, portanto, algumas providências devem ser tomadas e, se
possível, sempre acompanhadas pelo inspetor.
A leveza dos tubos de plástico reforçado com fibras de vidro proporciona grande facilidade de
manuseio, e esse é um dos motivos que facilita os abusos na manipulação dos mesmos.
8.2 – TRANSPORTE
Nota: Dutos são tubos de parede fina, normalmente usados para o transporte de gases, sendo
construídos com resina retardante de chama (ou resina aditivada com algum retardante).
• As extremidades dos tubos ou dutos devem ser envolvidas com material macio (papelão
ou tiras de borracha) para assegurar proteção contra impactos no transporte e manuseio,
com atenção especial dispensada aos flanges.
• Os tubos flangeados devem ser equilibrados de modo alternado para que cada flange fique
isolado dos demais.
• A embalagem das peças soltas (parafusos, porcas, arruelas, juntas) deve ser adequada para
estocagem no campo. A embalagem deve conter a listagem das peças soltas para facilitar a
sua identificação.
8.2.2 – Equipamentos
• Em equipamentos de médio e grande porte fazer uso de cruzetas e aranhas para evitar sua
ovalização.
• Os flanges devem ser protegidos com discos de madeira, fixados através de arame. Esta
proteção não deverá proporcionar estanqueidade do equipamento.
• Os equipamentos devem ser apoiados em berços e selas de madeira forrados com material
flexível e macio, evitando-se o apoio das conexões.
• O equipamento deve ser bem fixado à carroceria de transporte, evitando-se assim a sua
movimentação durante o percurso. De preferência esta fixação deve ser feita com cintas ou
cabos de aço. Os cabos de aço devem ser usados com interposição de material macio para
não machucar a superfície externa do equipamento.
• Quando dois ou mais equipamentos forem carregados no mesmo veículo, a distância entre
eles (incluindo as conexões) nunca deve ser inferior a 5 cm. Quando isso não for possível,
os equipamentos podem encostar uns nos outros, desde que entre eles seja colocada uma
proteção de material macio.
8.3 – MANUSEIO
• Ao içá-los, utilize cintas de couro, nylon ou cordas. Nunca utilize cabos ou correntes de
aço sem uma proteção adequada com um material macio ou sarrafos e nem coloque
ganchos nas suas extremidades.
• Os tubos de pequeno diâmetro não devem ser movimentados ou içados pelo centro, para
evitar trincas internas. De preferência, a operação de içamento e manuseio deve ser feita
apoiando os tubos ou feixes de tubos em dois pontos, distando 1/3 do seu comprimento de
cada extremidade.
• Os tubos, dutos e conexões devem ser estocados em local isento de tráfego para minimizar
a probabilidade de acidentes e impactos.
• Nunca estoque um tubo dentro de outro pois isso pode causar avarias ao laminado interno.
8.3.2 - Equipamentos
• Os equipamentos não devem ser rolados e nem arrastados, devendo-se também tomar
todos os cuidados para que os mesmos não sofram quedas ou impactos.
• O equipamento deve ser içado através de suas alças de sustentação não usando em
hipótese alguma as conexões como apoios.
• Os tanques grandes e pesados devem ser içados através de dispositivos soldados em sua
extremidade superior. Se esses dispositivos para içamento não foram previstos no
projeto (o que caracteriza uma falha imperdoável), o tanque deve ser movimentado
usando-se duas cintas de nylon com, no mínimo, 7 cm de largura. Essas cintas sustentam o
tanque, sendo amarradas às extremidades de uma barra de aço ou madeira ligada ao
guindaste. Cordas guias devem ser amarradas nas extremidades do equipamento para que
ele possa ser direcionado na posição desejada, sem risco de impactar estruturas próximas.
• Os tanques com as extremidades fechadas (tampa e fundo) devem ser equipados com
dispositivos de içamento (pelo menos dois), em sua parte superior. Os sem tampa não têm
esses dispositivos e devem ser movimentados com empilhadeiras ou cintas de nylon.
8.4 – MONTAGEM
Os tubos e dutos devem ser apoiados, guiados e ancorados de modo adequado para assegurar
desempenho satisfatório. As recomendações seguintes são aplicáveis ao projeto e localização
dos guias, apoios e âncoras.
• Os tubos não devem ser apoiados sobre arestas ou objetos pontudos que gerem
concentração de tensões. A largura mínima dos apoios está sugerida na tabela a seguir.
Largura mínima dos apoios para tubos de plástico reforçado com fibras de vidro
• Nos apoios e guias, a tubulação deve ser protegida contra abrasão e concentração de
tensões. Isso é feito através de inserção de selas entre o tubo e os suportes. Para tubos
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 89 ARNALDO AGRIA HUSS
rígidos de pequeno diâmetro (∅ < 12”), as selas devem cobrir um ângulo de pelo menos
120º. Tubos de grande diâmetro (∅ > 12”) ou muito flexíveis (no caso de dutos) exigem
apoio de 180º.
• As tubulações devem ser ancoradas nos pontos de transição, onde a linha muda de direção,
de material ou de diâmetro.
• As tubulações devem ser apoiadas em intervalos regulares para que a deflexão no centro
do vão não ultrapasse os limites pré-estabelecidos. O espaçamento máximo entre os
apoios é calculado analisando-se a tubulação como viga contínua ou descontínua,
uniformemente carregada pelo seu peso próprio acrescido do peso do fluido conduzido.
Não é objetivo deste curso fazer o detalhamento destes cálculos que podem ser feitos pelo
fabricante ou pelos Departamentos de Engenharia das empresas compradoras.
8.4.2 – Equipamentos
• Os tanques verticais de fundo plano devem ser instalados sobre bases suficientemente
rígidas para evitar deflexões excessivas. O assentamento deverá ser feito sobre uma base
de concreto, nivelada, previamente calculada e construída de modo a suportar sem
deformação o peso do conjunto tanque + produto armazenado.
• Os chamados fundos planos dos tanques verticais não são rigorosamente planos, sendo
ligeiramente abaulados para dentro (côncavos) e para que tenham um apoio uniforme
requerem que seja colocada entre o fundo e a base de concreto uma camada de
aproximadamente 5 cm de areia fina e seca ou argamassa de areia/cimento (em geral na
proporção de 3 x 1), misturadas com água suficiente para dar uma masse bem fluida. A
argamassa é colocada mais alta no centro da base de concreto, onde a concavidade é mais
acentuada. Este procedimento permitirá a acomodação total do fundo do tanque sobre a
base.
• Deve ser construído ao redor do fundo do tanque, um anel de concreto que impeça o
escoamento da areia utilizada no assentamento.
• Lençóis ou mantas de espuma flexível (poliuretano) ou feltros também podem ser usados
para esta finalidade, porém são de custo mais elevado e por isso mesmo, pouco utilizados.
• Se o tanque possuir dreno no fundo, a base de concreto deve ter um rebaixo localizado
para acomodá-lo. Esse rebaixo deve ser o menor possível, o suficiente para acomodar o
dreno sem prejudicar a condição de apoio integral para o fundo do tanque.
• Caso o tanque fique sujeito a ação de ventos, deve ser previsto um sistema de ancoragem
através de chumbadores conforme visto na figura a seguir.
• Para a concretagem dos chumbadores, o tanque deverá ser mantido com lastro de água de,
no mínimo, 50 cm de altura, para compensar qualquer carga de vento durante a cura.
• No caso de berço de areia, colocar entre o tanque e o anel de concreto uma camada de
piche ou qualquer outro material elástico impermeável para evitar escoamento da areia.
• Para tanques horizontais, os apoios ou berços (mínimo de dois, para evitar problemas
oriundos de desalinhamento ou recalque diferencial) podem ser construídos em aço ou
concreto, sendo instalados bem nivelados sobre base de concreto.
• Entre o casco do tanque horizontal e os berços deve ser intercalado um lençol de material
flexível (neoprene, borracha natural, PVC flexível) com espessura aproximada de 10 mm.
♦♦♦♦♦♦
9.1 – INTRODUÇÃO
9.1.1 Peças construídas em plástico reforçado com fibras de vidro são altamente resistentes a
abusos mecânicos, mas, como acontece com qualquer estrutura fabricada em outro material,
também podem ser danificadas. Felizmente os reparos necessários são facilmente executados,
quando os procedimentos corretos são adotados.
9.1.2 Na maioria dos casos, a área reparada terá desempenho equivalente ao da construção
original. As regiões submetidas a maiores concentrações de esforços podem ser reparadas com
espessura maior que a original e, por conseguinte, apresentar desempenho estrutural superior
ao apresentado antes da avaria.
9.1.3 A qualidade da peça reparada reflete o resultado do esmero com que é feita a preparação
da superfície, limpeza e laminação do reparo.
• A área de colagem do laminado original deve ser lixada e estar bem limpa e seca.
• Transições bruscas devem ser evitadas. O laminado original deve ser chanfrado e
eventuais cantos vivos ou crateras devidamente preenchidos e nivelados com massa de
poliester antes de receber o reparo.
• Os reparos são feitos por laminação manual, sendo o número de camadas de mantas e de
tecidos determinado para assegurar ao equipamento a mesma resistência química e
mecânica originais.
• Os reparos devem ser feitos com o mesmo tipo de resina do laminado original.
• A resina da última camada dos reparos feitos na parte interna dos equipamentos, que fica
em contato com o ambiente, deve ser parafinada e ativada para cura rápida para que se
obtenha a melhor interligação possível.
• A aplicação da resina e assentamento das fibras de vidro sobre a superfície a ser reparada é
feita com pincéis. Pincéis com cerdas de nylon são os mais recomendados devido sua
maior facilidade de limpeza do que os pincéis com cerdas comuns.
Fissuras: As fissuras, via de regra, são originadas quando o laminado interno é submetido a
deformação excessiva, impacto, choque térmico repetitivo ou contato intermitente com
solventes. Se for possível o acesso pelo lado interno do equipamento, o reparo é feito
simplesmente alargando a fissura com broca, e fazendo nela um corte em “V”, para facilitar
seu enchimento com resina. Esse corte deve ser preenchido com o mesmo tipo de resina do
laminado original, devidamente parafinada e contendo agente tixotrópico. Deve-se utilizar os
máximos teores de catalisador e acelerador permitidos para reduzir a evaporação de estireno e
a penetração de oxigênio.
O laminado intermediário deve ser reparado sempre que forem notados sinais de penetração
excessiva de contaminantes, como empolamento ou ataque observável à resina ou às fibras
de
vidro. O reparo é feito eliminando-se toda a área danificada, até ser atingida a primeira
camada do laminado estrutural, livre de empolamento, de contaminação ou de qualquer
evidência de deterioração.
A remoção do material afetado é feita com lixadeira rotativa e faz-se a restauração laminando-
se o reparo sobre o substrato lixado que deve estar completamente limpo e seco. Desta forma,
restaura-se a construção original do equipamento, utilizando-se o mesmo tipo de resina e a
mesma sequência de camadas.
Esse tipo de reparo somente pode ser feito pelo lado interno do equipamento.
A necessidade de reparos no laminado estrutural não é fato muito comum, pois geralmente o
equipamento é disponibilizado para manutenção antes que isso aconteça. Porém, por
negligência ou outro fator adverso, havendo a necessidade desse tipo de reparo, o mesmo deve
ser feito conforme descrito anteriormente, substituindo-se as camadas danificadas por outras
que venham a ter o mesmo desempenho. Esse tipo de reparo implica na colocação de mantas e
tecidos após lixamento adequado da região avariada. Normalmente é um reparo oneroso e seu
custo x benefício deve ser muito bem avaliado antes de decidir-se por sua execução.
• Marcar, na área danificada, o contorno da linha de corte, que vai limitar a região a ser
removida.
• O corte deve ser feito com disco abrasivo, chanfrando-se a aresta do perímetro cortado.
• Em seguida, a superfície externa do equipamento deve ser lixada ao redor da linha de corte
para aumentar a aderência do reparo.
• O “buraco” deixado no equipamento pela remoção da parte danificada deve ser coberto
por um molde auxiliar que tem como função reproduzir o contorno original sobre o qual
será laminado o reparo. Esse molde auxiliar pode ser construído com chapa metálica,
papelão duro ou o próprio PRFV, uma vez que tem como única função servir de forma
para a laminação do reparo, sendo descartado posteriormente. O molde auxiliar deve ser
coberto com um desmoldante (cera de carnaúba, por exemplo) para que o reparo não fique
aderido a ele.
• A execução do reparo é realizada pelo lado de fora do equipamento, mas o lado interno
também deve estar acessível para que o molde auxiliar possa ser corretamente posicionado
Arranhões e cortes superficiais podem ser reparados por lixamento e posterior aplicação de
resina.
O afloramento das fibras de vidro, provocado pelos raios solares, pode ser corrigido lixando-
se a superfície e aplicando resina poliester ou até mesmo pintura convencional. Se o
afloramento das fibras for de grande intensidade recomenda-se a aplicação de pelo menos uma
manta embebida em resina poliester.
Os bocais estão sujeitos a esbarrões e impactos que podem causar sérias avarias.
Desalinhamentos e movimentações de linhas, somados a defeitos de ancoragem, podem
submeter os bocais a movimentos para os quais eles não foram dimensionados, resultando em
trincas e vazamentos.
Esses vazamentos podem ser sanados substituindo-se o bocal ou inserindo nele um outro com
menor diâmetro. No caso de substituição, os detalhes de laminação do novo bocal e sua
montagem no equipamento estão apresentados na norma ASTM D-3299, que especifica a
espessura e a largura da emenda e dos revestimentos interno e externo.
Se o bocal danificado mantém seu alinhamento e capacidade estrutural, o reparo pode ser feito
inserindo-se um bocal de menor diâmetro dentro dele. Nesse caso, deve ser usado um bocal
com diâmetro externo ligeiramente inferior ao diâmetro interno do bocal original. A figura
abaixo ilustra esse procedimento.
O bocal danificado deve estar limpo, seco e com as superfícies de colagem bem lixadas. As
faces externa do flange original e interna do flange a ser inserido, também devem ser lixadas
para receber a massa de resina que colará uma à outra. Essa massa é formulada adicionando
5% de agente tixotrópico à resina devendo ser ativada para cura normal à temperatura
ambiente. Aplica-se a massa com espátula sobre as faces externa do flange original e interna
do novo flange. Em seguida, o bocal substituto é inserido no original, apertando os flanges
para expremer o excesso de massa. Os dois flanges devem permanecer apertados um contra o
outro durante a cura da massa de colagem, podendo esta operação ser feita com grampos
adequados. A laminação pelo lado interno é feita por dentro do equipamento, como mostrado
na figura da página anterior. Devem ser usadas pelo menos duas mantas de 450 g/m2 e um véu
de superfície para reproduzir os laminados intermediário e interno do equipamento. A resina
usada no véu de superfície deve ser parafinada pois cura exposta ao ar.
Os grampos são removidos logo que a resina completar seu ciclo de cura. O excesso de massa
é eliminado e o novo flange pode ser furado conforme o original.
Para tubos de pequeno diâmetro a restauração não pode ser feita pelas técnicas apresentadas,
pois a superfície interna não é acessível. Portanto, as degradações ocorridas no laminado
interno e intermediário de tubos não são reparadas. Os reparos são feitos apenas para danos
estruturais, através do corte e substituição da região danificada.
♦♦♦♦♦♦
10.1 – INTRODUÇÃO
A corrosão é um problema presente na grande maioria das empresas brasileiras, muitas vezes
colocando em risco a segurança de seus funcionários e do meio ambiente.
Se o ambiente é agressivo, não adianta apenas pintar uma estrutura de aço carbono, pois esta
operação terá que ser repetida em média a cada seis meses. Nesses casos, torna-se necessária a
aplicação de um revestimento mais resistente.
O desenvolvimento dos revestimentos reforçados tem sido muito expressivo nos últimos 20
anos, substituindo gradativamente outros revestimentos com grandes vantagens, como os
elastômeros em geral e as ligas metálicas.
• Pinturas com flocos de vidro: muito recomendadas para indústrias alimentícias, estações
de tratamento de água, estruturas offshore e equipamentos sujeitos a abrasão;
• Revestimentos reforçados com flocos de vidro: são ideais para ambientes com
derramamento, respingos e vapores de substâncias agressivas, ambientes que requerem
resistência à abrasão e erosão, ou para acabamento de revestimentos de uso pesado;
• Revestimentos reforçados com fibras de vidro indicados para ambientes em que os flocos
de vidro não possam estar no acabamento, sendo feito com véu sintético. Ideal para
ambientes com hipoclorito de sódio, soda cáustica, dióxido de cloro, ácido fluorídrico,
fluoretos em geral, etc;
• Revestimentos cerâmicos reforçados com fibras de vidro: adequados para ambientes que
demandam barreira química e total impermeabilidade do conjunto anticorrosivo;
Muito utilizado na área de tratamento de água e efluentes, os revestimentos são aplicados nos
poços de inspeção, estações elevatórias e transportadores, tanques de processamento, aeração,
estocagem e cloração, reservatórios de sedimentos, clarificadores, digestores e floculadores.
A indústria automobilística tem usado revestimento nos tanques de pintura, área de preparação
de tinta, pisos, canaletas, bases das bombas, diques de contenção, gases, etc.
Pelo que pode ser visto nesta introdução, os revestimentos reforçados estão hoje presentes em
praticamente todos os segmentos industriais. A finalidade deste Capítulo é mostrar a correta
técnica de aplicação dos mesmos, desde a preparação da superfície (substrato) até as etapas de
inspeção propriamente ditas. Daremos ênfase maior aos revestimentos reforçados com fibras
de vidro e flocos de vidro, utilizando-se resinas poliester ou éster-vinílicas, aplicados sobre
substratos de aço e concreto, que são os mais usuais na indústria.
10.2 – O PRINCÍPIO
Nos revestimentos, o plástico reforçado com fibras de vidro não tem nenhuma função
estrutural, servindo apenas como barreira protetora ao aço ou ao concreto.
Revestimentos espessos são melhores que os finos pois oferecem maior proteção pelo efeito
barreira. Porém, os revestimentos de maior espessura são mais suscetíveis a delaminações
causadas por diferenças de dilatação térmica entre eles e os substratos. Esse problema é
resolvido laminando-se uma camada de formulação especial chamada “camada base”, sobre o
substrato. Esta camada base tem o coeficiente de dilatação térmica igual ao substrato
possibilitando assim o uso de revestimentos espessos em altas temperaturas sem o risco de
delaminações ou descolamentos.
Antes porém, algumas considerações devem ser feitas sobre as condições ideais do substrato
metálico para receber o revestimento:
• Salpicos de solda, tanto sobre a solda como sobre áreas adjacentes devem ser removidos
por esmerilhamento ou talhadeira seguido de esmerilhamento;
• Soldas grosseiras devem ser esmerilhadas até ficarem lisas, sendo permissível um ressalto
de até 1,5 mm;
Procedimento:
Nota: Este procedimento considera o uso de mantas de fibras de vidro ou escamas de vidro
como aplicação alternativa.
A.1 – Jateamento abrasivo ao metal branco, grau Sa3, de forma a obter-se um acabamento que
corresponda a uma das gravuras Sa3 da norma SIS 05 5900 – 1988 (Pictorial Surface
Preparation Standards for Painting Steel Surfaces). O jateamento deve ser feito com areia
limpa e seca, isenta de cloretos, de granulometria média, para obter-se um perfil de rugosidade
aproximado de 40 microns. Após o jateamento, a superfície deve ser limpa de modo a
assegurar a total remoção da areia.
A.2 – Uma demão de primer epoxi poliamida bi-componente, contendo pigmento inibidor de
corrosão (p. ex., cromato ou fosfato de zinco). Não utilizar primer à base de resina epoxi
poliamina, que pode provocar problemas de má aderência. Recomenda-se uma espessura de
INSPEÇÃO EM EQUIPAMENTOS DE PRFV 104 ARNALDO AGRIA HUSS
filme seco em torno de 100 microns. Nas soldas e cantos vivos a aplicação deve,
obrigatoriamente, ser feita com trincha para um perfeito recobrimento das descontinuidades.
Este primer deve ser aplicado na mesma jornada de trabalho do jateamento abrasivo. Se a área
a ser revestida for muito extensa, dividi-la em módulos de maneira que jateamento e aplicação
do primer se realizem no mesmo dia.
1
2
3
4
5
6
A.3 – Aplicação da camada base, constituída por resina e cargas minerais inertes (sílica ou
escamas de vidro, p. ex.), com uma espessura média final de aproximadamente 1,5 mm. Na
escolha da carga mineral mais adequada deve-se levar em consideração a sua granulometria,
tipo, forma e graduação. A mistura mais usual consiste de 3 a 4 partes (por peso) de cargas
minerais em uma parte (por peso) de resina, para um tempo de gel entre 45 e 60 minutos,
considerando-se uma temperatura em torno de 25ºC. Devido a alta viscosidade da camada
base, sua aplicação deve ser feita através de espátulas e/ou desempenadeiras.
A.4 – Aplicação da primeira manta de 450 g/m2 ou escamas de vidro. Essa aplicação deve ser
feita logo que a camada base atingir o ponto de toque, isto é, quando ao ser tocada, ela se
apresentar suficientemente curada para não aderir à ponta dos dedos, porém ainda não
totalmente curada para permitir que o tecido tenha uma melhor aderência. Recomenda-se que
antes da aplicação desta manta, a camada base seja banhada com resina devidamente
catalisada e acelerada. A manta deve ser roletada e compactada até ficar completamente
impregnada pela resina. As emendas das mantas devem se sobrepor pelo menos 5 cm para
assegurar a continuidade dessa camada.
Consiste boa prática, mas não como sendo uma variável essencial, após a aplicação da
manta citada em A.4, aguardar a secagem do laminado, realizando posteriormente um
lixamento superficial (manual ou com lixadeira) para eliminação de possíveis rebarbas
existentes.
A.5 – Aplicação da segunda manta de 450 g/m2, seguindo-se o mesmo procedimento para a
primeira manta. Cada manta de 450 g/m2 acrescenta 1,0 mm à espessura do revestimento.
As escamas de vidro podem ser usadas como alternativa às mantas, conforme descrito a
seguir:
A.6 – Atualmente é prática comum que os revestimentos sejam acabados com 4 demãos de
resina contendo escamas de 1/64” (0,4 mm), aplicadas com rolo ou pistola. As escamas devem
ser aplicadas em camadas de pequena espessura para assegurar seu alinhamento paralelo à
superfície do substrato. Esta é a razão da recomendação para que sejam aplicadas 4 demãos e,
teoricamente, o ideal seria que cada uma dessas camadas tivesse 0,125 mm de espessura.
Recomenda-se o uso de cores contrastantes para melhor garantir o recobrimento.
A.7 – A última demão deve ser com resina parafinada para que não haja a inibição de cura
proporcionada pela evaporação do estireno e pela presença do oxigênio do ar.
Inspeção:
Concluída a aplicação do revestimento, o mesmo deve ser submetido a inspeção que consiste
das seguintes etapas:
Os substratos de concreto são mais difíceis de serem revestidos que os de aço, devido,
principalmente, às variações em sua qualidade. É indispensável que o concreto destinado a
receber o revestimento esteja totalmente seco e curado, sendo também de vital importância a
remoção de quaisquer vestígios de natureza oleosa. O concreto deve ter cura normal de 28
dias, sem o uso de agentes aceleradores. A seguir são descritas algumas recomendações e
cuidados adicionais que devem ser observados em projeto e execução de estruturas e
equipamentos de concreto que irão receber revestimento anticorrosivo.
• O concreto deve ter cura normal de 28 dias, sem o uso de agentes aceleradores.
• Cantos vivos e quinas acentuadas devem ser evitadas, prevendo-se o seu arredondamento
nas formas, sempre que isto for possível.
• Nunca aplicar massas de acabamento por motivos meramente estéticos. Uma camada fina
de acabamento poderá ser arrancada pela simples contração de cura do revestimento ou
por diferencial de dilatação térmica.
• Quando tratar-se de concreto já em uso e que será revestido, o mais indicado é que
inicialmente se faça um hidrojateamento a alta pressão para remoção das partes que estão
desagregando. Para a regularização posterior não aplicar de forma alguma a cal e o
cimento. Neste caso, utilizar argamassas adequadas já à venda no mercado especializado.
B.2 – Jateamento abrasivo com areia que tem como finalidade promover uma superfície
áspera (perfil de ancoragem) e livre de materiais soltos e frágeis, como por exemplo as natas
de cimento provenientes da vibração durante a concretagem.
B.3 – Se o jateamento com areia não puder ser executado, a superfície a ser revestida deve ser
lavada com ácido clorídrico (muriático) na proporção de uma parte de ácido para duas de
água. O ácido reage com o concreto promovendo borbulhamento, e enquanto este perdurar, a
superfície deve ser escovada vigorosamente. Após esta limpeza, a superfície deve ser
lavada
B.5 – Aplicação da camada base, constituída por resina e cargas minerais inertes, com uma
espessura média final de aproximadamente 1,5 mm. Na escolha da carga mineral mais
adequada deve-se levar em consideração a sua granulometria, tipo, forma e graduação. A
mistura mais usual consiste de 3 a 4 partes (por peso) de cargas minerais em uma parte (por
peso) de resina, para um tempo de gel entre 45 e 60 minutos, considerando-se uma
temperatura em torno de 25ºC. Como para os substratos de aço, a aplicação da camada base
deve ser feita com espátula e/ou desempenadeira.
B.6 – Aplicação de um tecido de 600 g/m2 sobre a camada base. Neste ponto existem
divergências entre os aplicadores, pois enquanto uns preferem aplicar o tecido sobre a camada
base já endurecida, outros defendem a aplicação do tecido antes da cura completa da camada
base. O argumento dos primeiros é que torna-se necessário que o tecido se “solte” da camada
base e alivie as tensões estruturais, devendo ter portanto pouca aderência à mesma. Já os
outros aplicadores creditam a necessidade de que haja uma boa aderência entre ambos.
Particularmente, acreditamos que a primeira opção (aplicação do tecido antes da camada base
endurecer totalmente) seja a mais correta.
B.7 – Para a aplicação das camadas de mantas ou escamas de vidro valem as mesmas
observações feitas para substratos de aço.
B.8 – Para o acabamento também são válidas as observações feitas quando se trata de
substratos de aço.
Inspeção:
Concluída a aplicação do revestimento, o mesmo deve ser submetido a inspeção que consiste
das seguintes etapas:
Para ter-se uma idéia geral da espessura do revestimento, são mostradas na tabela abaixo as
espessuras aproximadas de cada camada aplicada:
10.5 – LIMITAÇÕES
Em primeiro lugar é preciso certificar-se que a resina empregada seja recomendada para
trabalhar em contato com o ambiente agressivo. Para isso, os fabricantes de resinas publicam
manuais técnicos de ambientes em que seus produtos podem ser empregados.
Não deve ser esquecido que os revestimentos com escamas devem ser aplicados de maneira
que elas se alinhem paralelas ao substrato. Com esse objetivo, alguns aplicadores utilizam
rolos de lã embebidos em estireno para alisar a superfície e deitar as escamas na posição
desejada. Devem ser usados rolos de cerdas curtas para não levantar as escamas.
• Norma ASTM D 2583 – 87: Standard Test Method for Indentation Hardness of Rigid
Means of a Barcol Impressor
• Norma ASTM E 1067 – 85: Standard Practice for Acoustic Emission Examination of
Fiberglass Reinforced Plastic Resin (FRP) Tanks / Vessels
• Norma ASME SD-2563 – 77: Specification for Classifying Visual Defects in Glass-
Reinforced Laminates and Parts Made Therefrom
• Norma BS 4994 – 87: British Standard Specification for Design and Construction of
Vessels and Tanks in Reinforced Plastics
• Norma ABNT NBR 9629 – 86: Plásticos Rígidos – Determinação da Dureza Barcol –
Método de Ensaio
♦♦♦♦♦♦