Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO

CARLOS -
CAMPUS SOROCABA
Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade -
CCTS
Curso de Química Licenciatura Noturno - CQLN - So

LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA 2


ENPE 4

EXPERIMENTO 1 - Polímeros

Davi Alex Nogueira - 769277


Wellington Camargo - 769478

SOROCABA - SP
2022

1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _____________________________________________________2
2. OBJETIVO _______________________________________________________5
3. MATERIAIS E MÉTODOS ____________________________________________5
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES _______________________________________6
5. CONCLUSÃO _____________________________________________________11
6. REFERÊNCIAS ____________________________________________________12

2
1. INTRODUÇÃO

A palavra polímero origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição).


Assim, um polímero é uma macromolécula composta por muitas unidades de repetição
denominadas meros, ligadas por ligação covalente. A matéria-prima para a produção de um
polímero é o monômero, isto é, uma molécula com uma (mono) unidade de repetição [1].
Dependendo do tipo do monômero (estrutura química), do número médio de meros
por cadeia e do tipo de ligação covalente, poderemos dividir os polímeros em três grandes
classes: Plásticos, Borrachas e Fibras [1].
Muitas propriedades físicas são dependentes do comprimento da molécula, isto é,
sua massa molar. Como polímeros normalmente envolvem uma larga faixa de valores de
massa molar, é de se esperar grande variação em suas propriedades. Alterações no
tamanho da molécula, quando é pequena, provocam grandes mudanças nas suas
propriedades físicas. Isso é vantajosamente usado, produzindo-se comercialmente vários
tipos de polímeros, para atender às necessidades particulares de uma dada aplicação ou
técnica de processamento [1].
Podemos notar na figura 1 de forma esquemática, a variação de uma propriedade
física geral (como as medidas termogravímetricas) com o aumento da massa molar.

Figura 1: Variação das propriedades de um polímero em relação a sua massa molar.

Fonte: [1].

Os polímeros, também chamados de plásticos de engenharia, podem se dividir em


termoplásticos e termorrígidos (ou termofixos) [2]. Há também os elastômeros, que mostram
um comportamento elástico a temperatura ambiente, são adesivos, partes flexíveis e
fechamentos herméticos [3].
Os termorrígidos ou termofixos são materiais com ligações cruzadas
intermoleculares, resultando em uma estrutura reticulada (também chamada de rede),
infusível e insolúvel, que sofrem alterações, do ponto de vista químico, sob aquecimento.

3
Essas alterações podem acontecer em uma ou várias etapas. As uniões entre as cadeias
são reação de reticulação, também denominadas curadas [4].
A preparação e as estruturas químicas destas resinas influenciam o mecanismo de
cura e afetam diretamente a qualidade do produto final. Nos polímeros com ligações
cruzadas, as cadeias lineares adjacentes estão unidas umas às outras em várias posições,
por meio de ligações covalentes (durante a síntese ou por uma reação química irreversível)
e a cura destes polímeros afeta suas propriedades reológicas, conferindo propriedades
mecânicas e térmicas distintas: parte deste grupo são os epóxis, as poliuretanas e os fenol-
formaldeído [4].
O primeiro polímero sintético que foi usado em escala comercial foi a resina fenol-
formaldeído (fenólica), desenvolvida em 1900 pelo químico belga Leo Baekeland, conhecida
comercialmente como baquelite [5].
As resinas fenólicas são produzidas através da reação de polimerização entre fenóis
e aldeídos ou vários de seus derivados. A formação de resinas poliméricas a base de fenol
e formaldeído compreende três etapas distintas [6]:
1. Adição do formaldeído ao fenol juntamente com o catalisador ácido ou
básico.
2. Crescimento da cadeia polimérica ou formação de um pré-polímero (em
temperaturas inferiores a 100°C).
3. Ocorrência da reação de cura ou reticulação.

Figura 2: Possíveis mecanismos de reação para a formação de resinas fenólicas (A) reação

com catálise básica; (B) reação com catálise ácida.

Fonte: [6].

Resinas fenol e formaldeído são amplamente utilizadas para vernizes, compostos


moldáveis, laminados (particularmente painéis de parede e tampos de mesa) e adesivos

4
(compensados e particulados). Cerca de 75% da resina fenólica produzida é consumida na
indústria da madeira, isolamento térmico e de compostos de moldagem [7].
A resistência mecânica, os compósitos a base de resinas fenólicas se comportam
semelhantes ao alumínio e ao aço, entretanto os valores de resistência à deformação e à
elongação são superiores [7].
A facilidade de queima é, geralmente, uma desvantagem para os polímeros
orgânicos, entretanto, polímeros termorrígidos, como resinas fenólicas, apresentam maior
dificuldade de combustão e, por isso, são amplamente utilizadas na confecção de peças de
uso elétrico, especialmente para materiais de isolamentos térmicos, compostos de
moldagem, coberturas e materiais compósitos. Quando o polímero apresenta anéis
aromáticos e ausência de cadeias parafínicas, há um autoretardamento da sua
inflamabilidade, sem manutenção da chama; forma-se resíduo negro, grafítico, com
liberação de pouca fumaça. Assim, são materiais importantes nas aplicações de alta-
tecnologia, oferecendo alta confiabilidade, possuem excelentes propriedades ablasivas,
integridade estrutural, estabilidade térmica e resistência a solventes [2].
As resinas à base de fenol e formaldeído são designadas para atender a demanda
de mercado, onde a segurança contra o fogo é o principal objetivo a ser atingido. Estes
materiais são utilizados basicamente na construção de grades de piso para plataformas de
petróleo (offshore) em alto mar e refinarias de petróleo em terra; peças e partes internas e
externas de veículos de passeio, transporte e de trabalho; peças e partes internas e
externas de aeronaves; prédios públicos; túneis industriais e de processamento; barcos e
outras embarcações de pequeno, médio e grande porte; entre outros [6].

5
2. OBJETIVO

Sintetizar uma resina utilizando dos compostos fenol e formaldeído e a partir desta
resina, obter um polímero termorrígido. Estudar possíveis aplicações deste polímero, além
de determinar algumas de suas propriedades como análise mecânica, determinação da
solubilidade da resina obtida e o pH da amostra.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais e reagentes

● Solução de formaldeído 37% (m/m).


● Fenol.
● Solução de hidróxido de amônio 25% (m/m).
● Ácido acético glacial.
● Sistema de banho-maria.
● Tubo de ensaio.

3.2. Metodologia

Inicialmente em um tubo de ensaio foi adicionado 1,7 g de fenol junto a 4,3 mL de


solução de formaldeído (37% em massa) e 1,3 mL de solução de hidróxido de amônio
concentrada (25% em massa). Foi aquecido o tubo em um banho-maria a 90°C, sob
agitação constante até que se observou a formação de uma massa amarelada que se
acumulou no fundo do tubo. Essa massa amarela foi resultado da reação de condensação
do fenol com o formaldeído.
Deixou-se o tubo em repouso (fora do banho) até que se completou a deposição do
polímero. Decantou-se o líquido sobrenadante e removeu-se uma pequena amostra do
material. Ao material restante, foi adicionado 10 gotas de ácido acético glacial e aquecido
em um tubo de ensaio sob o sistema de banho-maria durante aproximadamente 45 minutos.
Foi retirado o tubo e o líquido remanescente foi decantado. Durante o tempo de
decantação, foram realizados alguns testes com a amostra do material obtido.
Foi verificada a solubilidade do material em álcool e água, e com a ajuda de um
papel indicador, foi determinado o pH do material. Com o auxílio de um bastão de vidro, a
amostra foi retirada do tubo de ensaio e determinada novamente a solubilidade.
Foi transferido o restante para uma chapa metálica e colocado em uma estufa a 80
ºC, onde deixamos em torno de 60 minutos. Após esses procedimentos, foram
determinadas as propriedades de solubilidade e dureza da amostra.

6
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente estudamos a influência das razões molares do fenol e do formaldeído


na resina final. Para reações com excesso de fenol ou formol e catalisador ácido, são
esperadas resinas do tipo termoplástica (É preparada com excesso de fenol em relação ao
formaldeído em meio ácido, e requer um agente de cura), já para as preparadas com
catálisador básico, no caso a que fizemos, é esperado uma resina do tipo termofixa
(preparada com excesso de formaldeído em relação ao fenol em condições alcalinas e não
necessitam de um agente de cura).
No primeiro estágio de da reação de formação de resinas fenólicas, o formaldeído
reage formando ligações cruzadas e compostos intermedários dando origem à pontes
metilênicas.
O mecanismo catalisado por ácido envolve a protanação do grupo carbonila do
formaldeído seguido pela substituição eletrofílica aromática do fenol nas posições orto e
para, conforme mostrado na figura 3.

Figura 3: Mecanismo proposto para a primeira etapa de reação catalisada por ácido.

Fonte: [4]

A semelhança entre uma resina termofixa e uma termoplástica é que ambas


possuem ligações metilênicas no polímero linear, e principal diferença é que as termofixas
possuem grupos metilóis (-CH2OH) nas extremidades como podemos notar na figura 4.a, e
as termoplásticas possuem apenas ligações metilênicas (-CH2-), tanto no polímero linear
quanto entre as cadeias, que permite uma reticulação, como podemos notar na figura 4.b.

7
Figura 4: Resinas do tipo a. termofixas e b. termoplástticas.

a) b)

Fonte: [4].

O que se nota é que - quando se tem excesso de fenol ou razões molares de


fenol/formaldeído próximas a 1, encontramos uma resina de aspecto líquido e pastoso, já
quando temos um excesso de formaldeído, temos uma resina com aspecto rígido e sólido.
Por isso, para obtermos nossa resina termofíxa de maneira que ficasse própria para
análises futuras, fizemos em excesso de de formaldeído.
Calculamos o rendimento (%) de nossa resina em relação à massa inicial de cada
reagente, que podemos visualizar no quadro 1 logo abaixo.
Lembrando que os reagentes formaldeído e hidróxido de amônio são compostos
liquidos, por isso foi necessário calcular a sua massa correspondente do volume utilizado.
Para isso utilizamos a densidade de cada composto, 1.09 g/cm 3 (20 °C) [8] e 0,905 g/cm3
(20 °C) [9].
Quadro 1: Massa (g) de cada reagente utilizado.

Reagente Massa (g)

Fenol 1,7 g

Formaldeído (37%) 4,678 g

Hidróxido de Amônio (25%) 1,176 g

TOTAL 7,554 g
Fonte: Próprio Autor.

Tivemos uma resina final de massa igual a 4,635 g, e com isso, é possível
calcularmos o rendimento total da reação:

Rendimento(%)=[Massa Final( g)/Massa Inicial(g)] x 100 %

Rendimento(%)=[4,635( g)/7,554( g)] x 100 %

Rendimento( %)=61,35 %

8
Em sua reação completa de polimerização, tivemos um rendimento de 61,35%, isso
nos dá indicios de que grande parte dessa massa perdida (38,64% da massa total) é do
formaldéido que estava em excesso, justamente para deixar em condições ideias para
termos a resina termofíxa, e esse excesso não sofreu polimerização, sendo descartada e
causando um rendimento menor.
Observando a tabela de solubilidade das resinas fenólicas na figura 5, podemos
tirarar algumas concluções da resina obtida em nosso experimento.

Figura 5: Solubilidade de resinas fenólicas em vários solventes distintos, onde “S” indica a solubilidade e “N” a
insolubilidade em cada solvente.

Fonte: [6].

De acordo com a tabela acima, a solubilidade ocorre somente em solventes polares,


o que podemos comprar na literatura, onde encontramos que a solubilidade de resinas
termofíxas e termoplásticas não ocorrem em solventes apolares [10].
Com isso chegamos ao que se era esperado, a solubilidade na água e no etanol,
duas substâncias polares, onde nossa resina termofixa se encontrou solúvel em ambos os
solventes.
Após o teste de solubilização da resina nos dois solventes, medimos o pH de cada
solução, no qual utilizando um papel indicador, apresentou valores entre 7,5 e 8,5, o que
nos mostra que possuem componentes básicos, o que diminui sigificamente o seu potêncial
corrosivo.
Assim que medido o pH, a resina foi levada para estufa e deixada a 80 ºC durante 1
hora até que foi retirada para realização de sua dureza.
Utilizando da análise mecânica de tensão e deformação, definimos a resistência da
resina. Os principais parâmetros que quantificam a resistência mecânica dos polímeros em
ensaios de tensão e deformação são o módulo de elasticidade (módulo de Young), tensão e
deformação no escoamento, tensão máxima, tensão e deformação da ruptura [12]. Para a
resina produzida, calculamos o módulo de young.

9
O processo de deformação na qual a tensão e a deformação são proporcionais é
chamado de deformação elástica; um gráfico de tensão em função da deformação resulta
em uma relação linear. A inclinação (coeficiente angular) deste segmento corresponde ao
módulo de elasticidade. Esse módulo pode ser considerado como sendo uma rigidez, ou
uma resistência ao material à deformação elástica [13].
Na figura 6 podemos observar um modelo de gráfico de carga (kN) pela deformação
do corpo de prova.

Figura 6: Exemplo de gráfico da carga por deformação obtida na análise de tensão-deformação.

Fonte: [11].

Quanto maior for esse módulo, mais rígido será o material ou menor será a
deformação elástica que resultará da apliação de uma dada tensão. O módulo de Young
está diretamente relacionado com a rigidez do polímero, ou seja, quanto maior for o valor do
módulo maior será a rigidez do polímero [12]. O módulo elastico pode ser calculado pela
seguinte fórmula na figura 7:

Figura 7: Fórmula para o cálculo do módulo elastico (módulo de Young).

Fonte: Próprio Autor.

O valor do módulo de Young para amostra análisada foi de 2,77 GPa.


Após a finalização das devidas análises e suas características, organizamos as
propriedades da resina obtida no quadro 2, logo abaixo:

10
Quadro 2: Propriedades da resina de fenol-formaldeído obtido em nosso experimento.

Resina Fenol-Formaldeído

Rendimento de reação 61,35%

Solubilidade Soluvel em solventes polares.

pH 7,5 - 8,5

Módulo de Young 2,77 GPa


Fonte: Próprio Autor.

11
5. CONCLUSÃO

Com esse procedimento foi possível sintetizar uma resina utilizando-se dos
compostos fenol e formaldeído, e a partir desta resina, obter um polimero termorrigido. Com
isso, podemos observar as diferentes aplicações para este polímero, além de podermos
determinar algumas propriedades tais como: a análise mecânica da resina, definir a sua
solubidade, pH e etc. Ressaltamos que os objetivos iniciais foram alcançados, onde os
conceitos propostos foram esclarecidos ao decorrer do trabalho, de modo que foi permitido
determinar e caracterizar os compostos orgânicos por meio da síntese.
Destacamos também o alto potêncial de estudos da resina fenólica como
compósitos utilizando a aplicação de reforços sintéticos, como fibra de vidro por exemplo,
ou naturais, como fibras de celulose ou até mesmo os nanocristais de celulose, estudar a
influência dos reforços nas propriedades mecânicas, térmicas e da absorção de água desse
compósito muito utilizado na indústria madereira.

12
6. REFERÊNCIAS

[1] CANEVAROLO, S. V. J., Ciência dos Polímeros: Um texto básico para tecnólogos e
engenheiros. 2º edição. São Paulo, Artliber Editora Ltda., 2006.

[2] MANO, E. B. Polímeros como Materiais de Engenharia. São Paulo: Editora Edgar
Blücher, 1991.

[3] CAI, M. Efecto Interfases en Material Compuesto CNT-Epoxy: Propriedades


Mecánicas. 2011/2012. 94f. Trabalho de Conclusão de Curso - Departamento de Ciencia e
Ingeniería de Materiales e Ingeniería Química, Universidad Carlos III, Madrid, 2011/12.

[4] RENDA, C. G., Estudo da resina fenólica fenol/formaldeído e sua aplicação como
matriz na preparação de nanocompósitos polímericos contendo nanotubos de
carbono. Dissertação de Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais - Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL). Alfenas, 2015.

[5] BRYNING, M. B., Thermal conductivity and interfacial resistance in single-wall


carbon nanotube epoxy composites. Department of Physics and Astronomy, University of
Pennsylvania American, Institute of Physics,Philadelphia-Pennsylvania, 2005.

[6] BORGES, S. G. Síntese e caracterização de resinas fenólicas líquidas do tipo


novalaca aplicáveis no processo de pultrusão. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, 2004.

[7] WANDERLEY, B. L. Síntese e caracterização de nanocompósitos de fenol-


formaldeído reforçados com argila montmorilonita. Dissertação (Mestrado em Ciências)
- Escola de Engenharia, USP, Lorena, 2010.

[8]https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/Formaldehyde-solution-about-370-
0,MDA_CHEM-104002

[9]https://www.farmacia.ufmg.br/wp-content/uploads/2018/10/fispq-Am%C3%B4nia-24-25-
5.pdf

[10] PEARCE, E. M. et al. Some Structure-Property Relationships in Polymer


Flammability: Studies of Phenolic-Derived Polymers. J. Appl. Polym. Sci. v.27, p. 913-
930, 1982.

[11]https://www.researchgate.net/figure/Grafico-carga-vs-deformacao-em-cada-nivel-
instrumentado_fig4_330640822

[12] TRUSDELL, C. – The Rational Mechanics: Of flexible or elastic bodies. Vol. 10, 1638-
1788.

[13] CALLISTER JR, W.D. - Ciência e engenharia e materiais: uma introdução. 5 ed.; LTC,
Rio de Janeiro, 2000. 82p

13

Você também pode gostar