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CERÂMICAS MONOLÍTICAS:

MITO, REALIDADE OU
APENAS MAIS UMA
OPÇÃO CLÍNICA?
José Vitor Quinelli Mazaro
Adriana Cristina Zavanelli
Rodrigo Sversut de Alexandre
José Olavo Mendes
Rosse Mary Falcón Antenucci
Ricardo Alexandre Zavanelli

INTRODUÇÃO
As cerâmicas odontológicas têm passado por várias modificações nos últimos anos, ten-
do em vista as necessidades clínicas e o desenvolvimento tecnológico. Desde a introdução
das primeiras coroas de cerâmica feldspática por Land,1 seguida pela adição de óxido de
alumínio (Al2O3), em 1965, por McLean,2 visando a melhorar as propriedades mecânico-físi-
cas das cerâmicas, a literatura tem demonstrado múltiplos materiais e sistemas all-ceramic.

Em razão da grande variedade de sistemas cerâmicos e da velocidade com que novos produ-
tos são lançados, a escolha do sistema cerâmico pelo clínico pode gerar dúvidas, pois não
existe um único material ou sistema cerâmico para todas as situações clínicas. A seleção do
sistema cerâmico e a indicação clínica deverão ser feitas com base em critérios como:3,4
§ resistência flexural;
§ grau de translucidez;
§ métodos de processamento;
§ composição;
§ sensibilidade ao ácido (condicionável) e tipo de cimentação;
§ microestrutura;
§ resistência à fratura;
§ desgaste do antagonista;

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§ extensão da prótese;
§ presença de retenção friccional;
§ tipo de prótese.

Conhecer a composição e a nomenclatura das cerâmicas odontológicas é o primeiro


passo para o entendimento das indicações e a obtenção de resultados de excelência
tanto para o clínico quanto para o técnico de laboratório.

OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
§ reconhecer as possibilidades de fabricação de coroas monolíticas por meio de dife-
rentes cerâmicas odontológicas;
§ identificar indicações, vantagens e desvantagens de cada sistema cerâmico.

ESQUEMA CONCEITUAL
Classificação das cerâmicas

Restaurações monolíticas – técnica de injeção

Restaurações monolíticas – técnica de fresagem


Técnica de confecção e classificação
das cerâmicas monolíticas Cerâmicas vítreas de alta resistência reforçadas por dissilicato de
lítio para computer aid design/computer aid manufacturing

Cerâmicas vítreas de alta resistência reforçadas por silicato de


lítio e dióxido de zircônio

Discussão

Conclusão

10 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


CLASSIFICAÇÃO DAS CERÂMICAS
Considerando as novas tecnologias e materiais cerâmicos disponíveis atualmente, as cerâmi-
cas podem ser classificadas, segundo Gracis e colaboradores,5 em três famílias (Figura 1):
§ cerâmicas vítreas – materiais cerâmicos inorgânicos não metálicos, que contêm fase
vítrea;
§ cerâmicas policristalinas – materiais cerâmicos inorgânicos não metálicos, que não
apresentam uma fase vítrea;
§ cerâmicas híbridas – matriz polimérica que contém, predominantemente, componen­
tes inorgânicos refratários, incluindo cerâmicas, vidros e vidros-cerâmicos.

Feldspáticas Alumina

Alumina e
magnésio

Cerâmicas Infiltradas
Alumina e zircônia
vítreas por vidro

À base de leucita

Dissilicato de lítio
Sintéticas
e derivados

À base de
Alumina fluorapatita
Cerâmicas
odontológicas e
cerâmicas híbridas
Zircônia
estabilizada
Cerâmicas
policristalinas
Zircônia reforçada
por alumina

Alumina reforçada
por zircônia

Resina
nanocerâmica

Cerâmicas Cerâmica vítrea infiltrada


híbridas por uma matriz resinosa

Cerâmica sílica-zircônia infiltrada


por uma matriz resinosa

Figura 1 – Classificação dos sistemas cerâmicos.


Fonte: Gracis e colaboradores (2015).5

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De modo geral, as cerâmicas policristalinas são frequentemente utilizadas como infraestru-
tura de peças protéticas, o que se deve à sua maior resistência mecânica e qualidade
estética inferior. Algumas cerâmicas vítreas, como dissilicato de lítio, também podem ser
utilizadas como infraestrutura e receber camadas de estratificação a partir de uma cerâmica
de nanofluorapatita (IPS e.max Ceram). Já as cerâmicas feldspáticas e de fluorapatita são
empregadas para os revestimentos estéticos de metal e das cerâmicas mencionadas.5

As cerâmicas de cobertura, apesar de apresentarem ótimas propriedades ópticas, são muito


friáveis, o que significa que tais materiais fraturam sem uma deformação significante. A
maioria das restaurações indiretas em cerâmica pura (metal-free) é composta por duas ca-
madas distintas, a cerâmica de infraestrutura e a cerâmica de cobertura, sendo a diferença
de coeficiente de expansão térmica entre tais camadas o principal motivo de lascamento,
também chamado de delaminação da cerâmica de cobertura, que, em inglês, corresponde
ao termo chipping (Figura 2).6,7

Figura 2 – Chipping de coroa zirco-cerâ-


mica estratificada (bi-layer). Seta: lasca-
mento distolingual da cerâmica feldspá-
tica de cobertura. * Copping de zircônia.
** Cerâmica feldspática de cobertura
(estratificação).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Fraturas na cerâmica de cobertura e na interface com a infraestrutura têm se mostrado os


problemas mais frequentes. A severidade é que determinará se o defeito pode ser polido,
reparado com resina composta ou substituído.6,7

A substituição da cerâmica será necessária nos casos em que a fratura se estende


para uma área funcional (ex.: área de contato oclusal) ou em que houve alteração
inaceitável do contorno anatômico ou estético.8

Independentemente da composição da infraestrutura, a prevalência do lascamento da


cerâmica (chipping) de cobertura ainda é a mais frequente.9-12 Dessa forma, o sucesso dos
vários sistemas ditos all-ceramic é dependente da força de união da cerâmica de cobertura
com a infraestrutura, uma vez que a cerâmica da infraestrutura é significativamente mais
forte do que a cerâmica de revestimento.13 Além disso, a proporção entre a espessura da
infraestrutura e a cerâmica de revestimento é um fator determinante para o controle do
início e da propagação de trincas e potencial fratura.14 Controlar a espessura das camadas

12 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


é importante para assegurar que a porcelana de revestimento esteja sobre compressão e a
infraestrutura esteja sobre tração.15

Embora possa ser desejável o aumento da espessura de cerâmica do copping, é im-


portante que essa decisão não interfira na estética por meio de um sobrecontorno
nem acarrete a necessidade de um desgaste excessivo do dente.16

Apesar de a cerâmica de cobertura ser utilizada primeiramente por razões estéticas, ela
possui um papel importante no comportamento mecânico da restauração.17 A resistência
flexural e a tenacidade à fratura das restaurações bilaminadas depende da camada de reves-
timento, pois a trinca começa nas superfícies dessa camada.18

Embora as tensões compressivas residuais na camada de revestimento aumentem a


tensão flexural das restaurações bilaminadas, a tensão de tração é a principal causa
de lascamento.18

Com o avanço das técnicas de confecção das restaurações totalmente em cerâmica, foram
criadas as restaurações monolíticas, que são peças confeccionadas inteiramente com um
único tipo de cerâmica e no mesmo momento. Com essa técnica, a camada de revestimento
ou cobertura é eliminada, o que reduz o tempo de fabricação e aumenta consideravelmente
a resistência ao lascamento e à fratura. Assim, não há mais problemas relacionados com a
união entre as camadas, e a espessura do material que confere resistência fica maior, pro-
porcionando desgastes dentários com finalidade protética mais conservadores. No entanto,
a estética e a menor diversidade de cores para esse tipo de restauração estão entre os prin-
cipais fatores limitantes em relação ao seu uso.

Inicialmente, as restaurações monolíticas são peças monocromáticas que necessitam


de camadas superficiais de corantes cerâmicos para lhes conferir maior naturalidade
(técnica de maquiagem).19 Uma vez dominadas tais técnicas, é possível a obtenção de
resultados surpreendentes, principalmente para a região posterior.

As restaurações cerâmicas monolíticas têm apresentado melhor desempenho em relação às


restaurações cerâmicas bi-layer (cerâmica de infraestrutura e cerâmica de cobertura), supor-
tando cargas oclusais mais altas.20 As coroas cerâmicas monolíticas têm menor incidência de
fratura pelo fato de que, na sua composição, só está envolvido um material. Além disso, as
coroas monolíticas oferecem um tempo reduzido de confecção e melhor custo-benefício.20
A recente tendência da confecção de coroas monolíticas de dissilicato de lítio e zircônia
é parcialmente justificada pela compatibilidade entre as cerâmicas e o esmalte do antagonis­
ta, como verificado em alguns estudos.21-23

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De acordo com Gracis e colaboradores, as coroas cerâmicas monolíticas podem ser confec-
cionadas preferencialmente com o emprego de:
§ cerâmicas policristalinas – zircônia estabilizada, zircônia reforçada por alumina e alu-
mina reforçada por zircônia;
§ cerâmicas sintéticas – à base de leucita, de dissilicato de lítio;
§ cerâmicas híbridas.

A diferença estética entre as cerâmicas, a cor do remanescente ou abutment e o grau de


translucidez dos dentes naturais a serem restaurados precisam ser levados em consideração
para seleção do material restaurador.5 Além disso, a necessidade de unir adesivamente a
restauração cerâmica ao abutment ou remanescente indicará a necessidade de cerâmicas
adesivas acidossensíveis.24-26 A Figura 3 mostra a classificação e a indicação das cerâmicas
mediante a sensibilidade de superfície.

Cerâmicas acidorresistentes

890

Cerâmicas acidossensíveis
650

550

440
390

Óxido
180 Alumina
Alumina/zircônia densamente de
Alumina infiltrada zircônio
110 sinterizada
Dissilicato infiltrada por vidro estabilizado
Leucita de lítio por vidro por
Feldspática ítrio

• Fragmento cerâmico/lente de contato • Coroas unitárias anteriores e posteriores


• Laminados cerâmicos • Prótese adesiva com braço em caixa
• Inlay-onlay-overlay • PPF anterior
• Coroas unitárias anteriores e posteriores • PPF posterior
• PPF com 3 elementos anteriores • Abutment cerâmico e infraestrutura

Figura 3 – Classificação das cerâmicas mediante a sensibilidade de superfície frente ao condicionamento


ácido e indicações. PPF: prótese parcial fixa.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Nas modalidades de tratamento em que a adesividade é fator primordial para o sucesso


longitudinal, como em preparos para microlâminas, facetas, inlay, onlay e overlay, as indica-
ções recaem sobre as cerâmicas adesivas (acidossensíveis) ou cerâmicas vítreas (feldspáticas,
leucíticas, dissilicato de lítio). O condicionamento com ácido fluorídrico e a utilização do
agente silano proporciona adesividade micromecânica e química da cerâmica (acidossen-
sível) ao substrato dental por intermédio da cimentação adesiva.

14 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


As cerâmicas acidorresistentes, por apresentarem baixo índice de força adesiva compara-
do ao das cerâmicas vítreas, quando submetidas à cimentação adesiva, normalmente são
preconizadas para situações em que a adesão não é fator preponderante para o sucesso
do tratamento, como em casos envolvendo preparos tipo coroa total ou em situações que
exigem infraestrutura de alta resistência, como em PPFs com reposições posteriores e in-
fraestruturas ou abutments de prótese sobre implante.

Do ponto de vista óptico, as cerâmicas acidorresistentes, como dióxido de zircônio


ou zircônia estabilizada por ítrio, são indicadas para mascarar substratos escuros,
como preparos tipo coroa total com núcleos metálicos fundidos e/ou raízes man-
chadas por subprodutos de corrosão de ligas não nobres.

TÉCNICA DE CONFECÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS


CERÂMICAS MONOLÍTICAS
A confecção das restaurações monolíticas pode ser feita por meio da técnica de prensagem
ou injeção de pastilhas ou ingots e fresagem mediante sistemas computadorizados com a
utilização da tecnologia computer aided design/computer aided manufacturing (CAD/CAM).

RESTAURAÇÕES MONOLÍTICAS – TÉCNICA DE INJEÇÃO


A confecção de restaurações monolíticas (coroa total, faceta, inlay, onlay, overlay) pode ser
realizada por meio da técnica de injeção, em que a peça é encerada sobre o modelo mestre
e incluída em revestimento específico para o sistema cerâmico utilizado. Após a eliminação
da cera, procede-se à injeção ou prensagem dos ingots cerâmicos.

As cerâmicas mais utilizadas para confecção das restaurações monolíticas pela técnica de
injeção são as cerâmicas de dissilicato de lítio na forma de ingots (IPS e.max Press – Ivo-
clar) que apresentam cor (ex.: A1, A2, A3, B1) e translucidez (HT – high translucent; LT – light
translucent; MO – medium opacity; HO – high opacity) previamente selecionadas mediante
a cor do substrato dental. Normalmente, são utilizados os ingots HT e LT, pois facilitam a
definição de profundidade óptica por meio da técnica de maquiagem, na qual as restaura-
ções monolíticas são personalizadas.

RESTAURAÇÕES MONOLÍTICAS – TÉCNICA DE FRESAGEM


A evolução da tecnologia CAD/CAM possibilitou a facilidade da confecção de restaurações
monolíticas (coroa total, faceta, inlay, onlay, overlay) pela técnica de fresagem, em que as
peças são projetadas pelos softwares dos sistemas CAD (computer aided design – desenhos
ou projetos assistidos em computador) e fresadas pelas máquinas de usinagem CAM (com-
puter aided manufacturing – máquina de fresagem). A aquisição inicial da informação do

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dente preparado para iniciar a fase CAD pode ser realizada por meio dos escâneres intraorais
(ex: Cerec BlueCam – Sirona, iTero – Invisalign Connectivity), com escaneamento dos moldes
obtidos com silicone de adição ou escaneamento do modelo funcional.

Atualmente, há maior diversidade de sistemas cerâmicos que podem ser fresados para ob-
tenção de restaurações monolíticas (Figura 4).

RESTAURAÇÕES ANATÔMICAS (MONOLÍTICAS) INFRAESTRUTURAS

Cerâmica Cerâmica Cerâmica Cerâmica Alumina Alumina Dióxido de


feldspática híbrida vítrea vítrea infiltrada densamente zircônio
por vidro sinterizada

Cristais Cristais de In-Ceram E.max zirCAD


Procera
de leucita dissilicato Spinell
alumina
de lítio LAVA
Enamic In-Ceram
In-Ceram AL
Lava Ultimate alumina
In-Ceram YZ
In-Ceram
Vita Mark Vita Empress CAD LT E.max CAD LT zircônia Procera
Triluxe Empress CAD HT E.max CAD MO zircônia
Empress CAD MULTI E.max CAD HT
Sirona Blocs Cercon
Paradigm C Zirkon Zahn

CAD CAM
Figura 4 – Classificação das cerâmicas fresadas pela tecnologia CAD/CAM.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Correlacionando as Figuras 3 e 4, é possível notar que a maior parte das cerâmicas fresadas
para obtenção de restaurações anatômicas (monolíticas) são cerâmicas vítreas e cerâmi-
cas híbridas (Figura 4 – área azul). As cerâmicas com alto conteúdo vítreo, como os blocos
de cerâmica feldspática (Vita Triluxe, Sirona Blocks), apresentam, como vantagem, as pro-
priedades ópticas de reflexão de luz similar à do dente natural, o que favorece os resultados
estéticos (Figuras 5A-J, 6A-G e 7A-F), apesar da sua baixa resistência flexural.

16 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


A B C

D E F

G H I

Figura 5 – A) Aspecto inicial – notar a linha de fratura no terço cervical do dente 11. B) Dente 11, com
tratamento endodôntico, preparado para coroa total após reconstrução com pino de fibra e reconstrução da
porção coronária com resina composta. C) Coroa total monolítica feldspática fresada – Bloco Vita Mark Vita
Triluxe – após escaneamento intraoral (Cerec Bluecam – Sirona). D) Primeira prova da peça na boca com pasta
try-in. E) Início dos ajustes por estética de mimetismo. Demarcação das arestas delimitadoras das áreas de
reflexão óptica. F) Delimitação das áreas de sombra proximais. G) Marcação dos zênites gengivais. H) Orien-
tação do longo eixo dental para escultura. I) Acréscimo das linhas horizontais de reflexão cervical e incisal.
J) Demarcação da área incisal de terceira inclinação.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

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A B C

D E F

Figura 6 – A) Vista lateral direita após ajustes da área de reflexão plana. B) Vista lateral esquerda mostrando
a simetria da terceira inclinação (terço incisal) entre os dentes 11 e 21. C) Áreas de reflexão plana vestibular e
proximal ajustadas. D) Demarcação das protuberâncias palatinas – dente 11. E) Comparação dos contornos e
proeminências palatinas entre os dentes 11 e 21 para ajustes de contorno. F) Vista frontal da coroa monolítica
no dente 11 em cerâmica feldspática (Vita Triluxe) após ajustes anatômicos por conceito de mimetismo. G)
Vista lateral da coroa monolítica no dente 11. Notar a demarcação de texturas verticais e horizontais.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

18 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


A B C

D E F

Figura 7 – A) Fotografia com escala de cor para orientação da maquiagem da coroa monolítica do dente
11. B) Após maquiagem, a coroa monolítica do dente 11 foi cimentada adesivamente com cimento resinoso
Variolink II (Ivoclar Vivadent). C) Aspecto final da coroa monolítica em cerâmica feldspática (Vita Triluxe) no
dente 11. D) Vista lateral direita da coroa finalizada no dente 11. E) Vista lateral esquerda. Notar a harmonia
de textura entre a coroa do dente 11 e o dente 21. F) Harmonia do sorriso e relação com os lábios.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

As cerâmicas acidorresistentes normalmente são fresadas como infraestruturas de coroa


total, PPF, prótese sobre implante e abutments personalizados (Figura 4 – área cinza). As
cerâmicas de dióxido de zircônia – ZirkonZahn – apresentam uma modalidade cerâmica de-
nominada Zircônio Prettau, utilizada exclusivamente para restaurações monolíticas que são
maquiadas para obtenção do resultado final. A zircônia Prettau é parcialmente estabilizada
com ítrio e enriquecida com alumina, o que resulta em propriedades intrínsecas, como uma
elevada força de flexão (1.570MPa) e resistência a temperaturas elevadas (até 2.600°C); en-
tretanto, com propriedades ópticas de menor reflexão de luz em comparação às cerâmicas
vítreas monolíticas.

Diante das vantagens ópticas das cerâmicas vítreas e da evolução aliada a novas tecnologias,
o desenvolvimento de cerâmicas vítreas de alta resistência (210 a 540MPa) para confecção
de restaurações monolíticas é uma alternativa aos sistemas cerâmicos feldspáticos ou refor-
çados por leucita, que apresentam baixa resistência flexural (130 a 160MPa).27,28 De acordo
com Sartori e colaboradores, as cerâmicas vítreas de alta resistência para CAD/CAM podem
ser classificadas em reforçadas por dissilicato de lítio ou de silicato de lítio reforçadas com
dióxido de zircônio.29

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ATIVIDADE

1. Observe as afirmativas sobre as cerâmicas odontológicas.


I – Uma vez que não existe um único material ou sistema cerâmico para todas as situa-
ções clínicas, o clínico pode ter dúvidas para fazer sua escolha.
II – Grau de translucidez, tipo de cimentação, resistência do antagonista e presença de
retenção friccional são critérios que devem nortear a seleção do sistema cerâmico.
III – O primeiro passo para que tanto o clínico quanto o técnico de laboratório enten-
dam as indicações e obtenham resultados de excelência é o conhecimento da com-
posição e da nomenclatura das cerâmicas odontológicas.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo

2. Com relação às cerâmicas híbridas, é correto afirmar que:


A) são sistemas cerâmicos que misturam dissilcato de lítio e dióxido de zircônio.
B) são restaurações cerâmicas que associam técnicas de injeção e fresagem para sua
confecção.
C) são cerâmicas compostas por matriz polimérica e componentes inorgânicos, cujo
nome comercial é Enamic (Vita), Lava Ultimate (3M), sendo confeccionadas pela
técnica da injeção.
D) consistem em matriz polimérica que contém, predominantemente, componentes
inorgânicos refratários, incluindo cerâmicas, vidros e vidros-cerâmicos.
Resposta no final do artigo

3. Uma cerâmica vítrea sintética pode ser confeccionada com:


A) alumina.
B) dissilicato de lítio.
C) zircônia estabilizada.
D) resina nanocerâmica.
Resposta no final do artigo

20 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


4. Com relação às características das cerâmicas odontológicas, assinale V (verdadeiro) ou
F (falso).
( ) Embora apresentem ótimas propriedades ópticas, as cerâmicas de cobertura são
muito friáveis, isto é, fraturam sem uma deformação significante.
( ) A cerâmica deverá ser substituída quando houver fratura que se estende para uma
área funcional ou alteração inaceitável do contorno anatômico ou estético.
( ) O controle da espessura das camadas de cerâmica é importante para assegurar que a
porcelana de revestimento esteja sob tração e a infraestrutura esteja sob compressão.
( ) A tensão de compressão é a principal causa de lascamento, apesar de as tensões
de tração residuais na camada de revestimento aumentarem a tensão flexural das
restaurações bilaminadas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V – V – F – F.
B) F – V – V – F.
C) V – F – F – V.
D) F – V – F – V.
Resposta no final do artigo

5. O termo “delaminação” ou chipping refere-se à


A) fratura do copping.
B) alteração de cor.
C) descolamento.
D) lascamento.
Resposta no final do artigo

6. Com relação às coroas monolíticas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).


( ) As coroas monolíticas são confeccionadas com cerâmicas de alta resistência, que, ge­
ral­mente, são empregadas para confecção da infraestrutura das coroas c­ onvencionais.
( ) As caracterizações e a cromatização das coroas monolíticas são realizadas em um
segundo momento, por meio de técnicas de maquiagem.
( ) A principal característica das coroas monolíticas é a alta opacidade.
( ) As coroas monolíticas podem ser confeccionadas mediante a técnica de prensagem
ou CAD/CAM.

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Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V – F – V – V.
B) F – V – V – F.
C) V – V – F – V.
D) F – V – F – V.
Resposta no final do artigo

7. Com relação à classificação das cerâmicas mediante a sensibilidade de superfície frente


ao condicionamento ácido, correlacione as colunas.
(1) Cerâmicas acidossensíveis ( ) Feldspática
(2) Cerâmicas acidorresistentes ( ) Alumina infiltrada por vidro
( ) Alumina densamente sinterizada
( ) Leucítica
( ) Dissilicato de lítio
( ) Alumina/zircônia infiltrada por vidro
( ) Óxido de zircônio estabilizado por ítrio

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


A) 1 – 1 – 2 – 2 – 1 – 2 – 1.
B) 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1.
C) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 2 – 2.
D) 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2.
Resposta no final do artigo

8. Com relação à técnica de confecção das restaurações monolíticas, complete as lacunas.


I – Na técnica de ____________, são empregados softwares dos sistemas CAD e máqui-
nas de usinagem CAM.
II – Na técnica de ____________, a peça é encerada sobre o modelo mestre e incluída
em revestimento específico para o sistema cerâmico utilizado.
III – A maior parte das cerâmicas fresadas para obtenção de restaurações anatômicas
(monolíticas) são __________________________.
IV – As cerâmicas mais utilizadas para confecção das restaurações monolíticas pela téc-
nica de injeção são as cerâmicas de ____________ na forma de ingots.

22 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) injeção – fresagem – cerâmicas vítreas e cerâmicas híbridas – leucita.
B) fresagem – injeção – cerâmicas vítreas e cerâmicas híbridas – dissilicato de lítio.
C) injeção – fresagem – cerâmicas acidorresistentes – dissilicato de lítio.
D) fresagem – injeção – cerâmicas acidorresistentes – leucita.
Resposta no final do artigo

CERÂMICAS VÍTREAS DE ALTA RESISTÊNCIA REFORÇADAS POR


DISSILICATO DE LÍTIO PARA COMPUTER AID DESIGN/COMPUTER AID
MANUFACTURING
Os blocos de cerâmica vítrea reforçada por dissilicato de lítio apresentam-se com possibili-
dade de seleção do grau de translucidez, com blocos multilayer cuja peça monolítica fresada
apresenta transição suave entre cervical, terço médio e incisal. Tais características facilitam o
processo de maquiagem e obtenção de estética. Os blocos de IPS e.max CAD são exemplos
de cerâmica vítrea reforçada por dissilicato de lítio, com resistência flexural de 360MPa e
tenacidade de 2MPam1/2.30

Mediante as características de resistência, translucidez e diversidade de cores, a cerâmica vítrea


à base de dissilicato de lítio pode ser usada para fabricação de restaurações monolíticas (Figu-
ras 8A-L, 9A-K, 10A-G e 11A-M) ou infraestrutura para subsequente recobrimento.27

Os resultados clínicos de restaurações monolíticas confeccionadas com cerâmicas vítre-


as reforçadas por dissilicato de lítio apontam uma taxa de longevidade de 97% após
sete anos.27

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A B C

D F

H I

J K

Figura 8 – A) Dente 16 preparado para coroa total com fio retrator em posição, embebido em solução
hemostática à base de cloreto de alumínio (ViscoStat Clear – Ultradent), devidamente preparado para molda-
gem funcional. B) Jateamento do preparo no modelo funcional com spray de contraste para leitura óptica por
meio do escâner. C) Escaneamento do dente preparado. D) Imagens adquiridas imediatamente após a leitura
óptica do modelo funcional, no software do sistema CEREC 3 (Sirona). E) Escaneamento do arco antagonista.
F) Imagens obtidas imediatamente após a leitura óptica do modelo antagonista. G) Escaneamento dos mode-
los em oclusão. H) Imagem obtida da relação de oclusão em máxima intercuspidação habitual (MIH). I) Notar
a imagem ao centro da relação de oclusão do paciente e os arcos superior e inferior separadamente. J) Por
movimento de “arrasto”, o registro oclusal é justaposto primeiramente ao arco superior até que o programa
identifique a correlação entre as imagens. K) Interposição do arco inferior à imagem do registro e correlação
das imagens pelo software. Tem-se, nesse instante, os modelos virtuais em relação de oclusão tridimensional.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

24 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


A B C

D E F

G H I

J K

Figura 9 – A) Seleção da área de troquel a ser trabalhada. B) Dente preparado e isolado no modelo. C) Vista
oclusal de delimitação do término cervical no troquel virtual. D) Vista lateral de delimitação do término cervi-
cal no troquel virtual. E) Determinação do eixo de inserção da coroa pelo software. F) Ajuste do espaçamento
entre a coroa e o terço médio-oclusal do preparo para linha de cimentação. G) Coroa do dente 16 projetada
pelo software CEREC 3 (Sirona). Notar as áreas azul e verde na oclusal mostrando a intensidade do contato
oclusal. H) Ajuste do contorno palatino da coroa. I) Observar o ajuste de contorno vestibular da coroa compa-
tível com os dentes adjacentes. J) Vista oclusal da coroa total monolítica do dente 16 projetada no software.
K) Ajuste da peça no bloco virtualmente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

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A B C

D E F

Figura 10 – A) Instalação na máquina de fresagem (fase CAM) do Bloco IPS e.max CAD na cor e translucidez
previamente selecionadas. B) Fresagem da coroa total pela unidade fresadora – sistema CEREC (Sirona). C)
Vista oclusal da coroa total imediatamente após a fresagem. D) Vista interna da coroa total imediatamente
após a fresagem. E) Prova da peça no modelo ainda com o suporte de fresagem do bloco. F) Vista oclusal da
coroa ajustada no modelo funcional. G) Vista vestibular em oclusão da coroa ajustada em MIH.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

26 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


A B C

D E F

G H I

J K L

Figura 11 – A) Início da fase de maquiagem da peça com stains (kit e.max Ivoclar Vivadent). B) Notar que, até
esse momento, a restauração apresenta a cor azul, pois a peça se encontra na fase de metassilicato de lítio.
C) Ajuste do forno para ciclo de cristalização da coroa monolítica de IPS e.max, em que ocorrerá a mudança
de fase de metassilicato de lítio para dissilicato de lítio. D) Após a cristalização da peça, notar que ela adquire
o aspecto da cor previamente selecionada no bloco de fresagem CAD/CAM. E) Após o término da maquia-
gem, a peça encontra-se coberta com glaze. F) Ajuste do ciclo para queima do glaze. G) Peça imediatamente
após o glazeamento. H) Vista oclusal da coroa monolítica de dissilicato de lítio – IPS e.max (Ivoclar Vivadent).
I) Vista interna da coroa monolítica de dissilicato de lítio – IPS e.max (Ivoclar Vivadent). J) Vista oclusal no
modelo funcional da coroa monolítica de dissilicato de lítio – IPS e.max (Ivoclar Vivadent). L) Aspecto oclusal
após cimentação adesiva da coroa monolítica de dissilicato de lítio no dente 16. M) Relação de oclusão após
cimentação da coroa monolítica no dente 16.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 27


As coroas monolíticas são fresadas na anatomia final para, então, serem maquia-
das. Quando há necessidade de pequenos ajustes oclusais na fase clínica de ins-
talação, o polimento pode ser realizado por borrachas abrasivas adequadas para
o polimento de cerâmicas. Entretanto, se houver grandes ajustes decorrentes de
interferências oclusais, toda a maquiagem da peça é removida pela broca, sendo,
muitas vezes, necessário reesculpir e fazer novamente a maquiagem.

CERÂMICAS VÍTREAS DE ALTA RESISTÊNCIA REFORÇADAS


POR SILICATO DE LÍTIO E DIÓXIDO DE ZIRCÔNIO
As cerâmicas à base de silicato de lítio reforçado com dióxido de zircônio são VITA Suprinity
(VITA Zahnfabrik) e Celtra Duo (Dentsply). Ambas estão disponíveis em blocos para fresagem
via CAD/CAM. Tais cerâmicas possuem propriedades mecânicas comparáveis às de cerâmi-
cas à base de dissilicato de lítio, mas com resistência flexural levemente superior devido à
adição de 10% de óxido de zircônio, em peso.

As propriedades ópticas das cerâmicas vítreas de alta resistência à base de silicato


de lítio reforçado por dióxido de zircônio são baixa translucidez e fluorescência.

Entre todos os sistemas cerâmicos citados, nota-se que, mediante a evolução tecnológica,
há, atualmente disponíveis, vários sistemas cerâmicos que possibilitam a confecção de res-
taurações monolíticas. Cabe ao clínico identificar suas peculiaridades e indicá-los para as
diferentes situações clínicas.

DISCUSSÃO
A cerâmica com dissilicato de lítio possui boas propriedades clínicas, tais como resistên-
cia à flexão de, aproximadamente, 350 a 400MPa e resistência à fratura de 3,2MPam1/2.31
O dissilicato de lítio, processado pelo sistema CAD/CAM (IPS e.max CAD) ou pelo sistema
prensado (IPS e.max), pode ser utilizado tanto para confecção de coroas monolíticas quanto
como infraestrutura para estratificação.19,32 A alta resistência do material permite uma apli-
cação versátil, como na fabricação de coroas unitárias na região anterior e posterior, com
cimentação convencional ou adesiva.33

A zircônia tetragonal estabilizada com ítrio (Y-TZP) apresenta propriedades mecânicas


significativamente maiores do que as de todos os outros materiais cerâmicos. Assim como o
dissilicato, a Y-TZP pode ser utilizada para confecção de coroas monolíticas e também como
infraestrutura. A grande vantagem da Y-TZP é a elevada resistência à fratura, representada
pela alta resistência à flexão (900 a 1.000MPa) e à fratura (5,5 a 7,4MPam1/2), em compa-

28 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


ração com outros materiais cerâmicos, o que a credencia para a confecção de PPFs sobre
dente ou implante.34,35

A falta de adesividade da zircônia reduz o campo de indicação, ao contrário do dissilicato


de lítio.5 Os preparos parciais do tipo onlay, inlay, overlay, facetas, microlâminas e fragmen-
tos devem ser confeccionados com cerâmicas acidossensíveis, como o dissilicato de lítio.
Por outro lado, para as restaurações extensas ou em regiões posteriores, com presença de
pônticos, ou peças com conexões sobre implantes, a melhor indicação são as cerâmicas
policristalinas, mais especificamente, as zircônias.5

No que tange à indicação para confecção de uma peça monolítica ou estratificada, indepen-
dentemente da composição da cerâmica, devem ser considerados fatores como:4
§ estética;
§ característica do substrato para cimentação;
§ característica das forças que atuarão sobre a restauração;
§ natureza do elemento antagonista.

As restaurações estratificadas, principalmente com infraestrutura de dissilicato de


lítio e revestidas por cerâmicas à base de fluorapatita, apresentam estética superior
no quesito caracterização.7 No entanto, o clínico deve pesar a real necessidade
estética e funcional do caso clínico.

Para as reabilitações totais de paciente com perda de dimensão vertical de oclusão, em vir-
tude de hábitos parafuncionais, têm sido indicadas as coroas parciais monolíticas de dis-
silicato de lítio (table top), tanto no seguimento anterior como posterior. A sua capacida­de
de adesividade e alta translucidez, obedecendo ao princípio da preservação da estrutura
dentária com preparos minimamente invasivos associados às cerâmicas adesivas, favorece a
resistência mecânica e ao desgaste, bem como a longevidade da reabilitação.

Um estudo retrospectivo de quatro anos19 avaliou a falha das restaurações de dissilicato de


lítio (monolítica e estratificada). Foram avaliadas 5.802 restaurações monolíticas e 5.538
restaurações estratificadas, em um período de 45 meses, de dois laboratórios comerciais. As
restaurações de dissilicato de lítio (IPS e.max) tiveram uma baixa taxa de fratura, ao passo
que as coroas unitárias estratificadas apresentaram uma taxa de fratura duas vezes maior
do que as monolíticas.

Em virtude da evolução das técnicas de pigmentação e dos diversos pigmentos, a compa-


ração estética entre coroas monolíticas maquiadas e estratificadas no seguimento anterior
tem demonstrado equivalência,7,36 principalmente nas reabilitações de arco completo, em
que é possível produzir estética com harmonia por meio da maquiagem. Além disso, há,
no mercado, os sistemas de blocos multicores que reproduzem as características de cor da
cervical mais cromatizada e incisal mais translúcida e com alto valor.37

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 29


De modo geral, as cerâmicas policristalinas apresentam baixa translucidez.38,39 Esse fato
as torna, relativamente, menos estéticas do que as restaurações. Porém, tal fato constitui
importante arma para mascarar núcleos metálicos fundidos e remanescentes dentais escure-
cidos, além de permitir o emprego sobre implantes.40 Mesmo assim, alguns fabricantes têm
adicionado componentes e modos de queimas às zircônias para torná-las mais translúcidas,
que é o caso da zircônia Prettau®-ZirkonZahn.

A grande vantagem das cerâmicas policristalinas, principalmente as zircônias, é a


alta resistência à fratura. Tal fato faz delas a primeira opção para confecção de PPFs
em seguimento anterior e posterior.5,6

Na comparação da resistência à fratura das coroas monolíticas de dissilicato de lítio (IPS


e.max) e zircônia com diferentes espessuras, os resultados mostraram que as coroas mono-
líticas de zircônia com 0,6mm de espessura podem fornecer resistência à fratura semelhante
à de uma coroa monolítica de dissilicato de lítio de 1,5mm.41

Nordhal e colaboradores42 avaliaram a resistência à fratura de coroas monolíticas com dife-


rentes espessuras – 0,3mm, 0,5mm, 0,7mm, 1,0mm e 1,5mm – com diferentes materiais:
zircônia altamente translúcida (HTZ, Lava plus); zircônia de baixa translucidez (LTZ, Lava
zircônia) e coroas de dissilicato de lítio (IPS e.max CAD). As coroas de zircônia apresentaram
resistência à fratura semelhante, independentemente das espessuras.

As coroas de zircônia apresentaram alta resistência à fratura quando comparadas


com as coroas de dissilicato de lítio.

Estudos clínicos têm mostrado um adequado comportamento clínico de restaurações mono-


líticas de zircônia em diferentes situações. Um exemplo é o estudo clínico de Moscovitch,43
que acompanhou, por 68 meses, restaurações monolíticas de zircônia em dentes e sobre
implantes. Para isso, foram avaliadas 1.022 restaurações nos seguintes parâmetros: fratura,
rachaduras ou lascamento da cerâmica. Os autores observaram que não houve complica-
ções nas restaurações em relação aos itens avaliados. A zircônia mostrou-se como um mate-
rial confiável para todas as aplicações clínicas avaliadas no estudo.

Nos casos de PPFs, o local mais suscetível à fratura são as regiões dos conectores. In-
dependentemente da utilização de cerâmica monolítica ou estratificada, deve haver,
na região de conectores, uma área de secção de 16mm2 para o dissilicato de lítio e
9mm2 para a zircônia.44 Dentro dessas primícias, é possível dizer que, inevitavelmente,
as PPFs estratificadas necessitarão de maior espaço para confecção de conectores com
espessura adequada, que, posteriormente, serão revestidos.

30 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


Independentemente do material de escolha, alguns estudos apontam resultados clínicos
iguais ou, em algumas vezes, superiores às restaurações monolíticas quando comparadas
às estratificadas.

Guess e colaboradores33 avaliaram o comportamento à fadiga e a confiabilidade das coro-


as monolíticas de dissilicato de lítio (IPS e.max) e zircônia estratificada manualmente (Zir-
CAD/Ceram). As coroas foram submetidas a testes de fadiga de contato deslizante por carga
cíclica. Os testes de fadiga mostraram que a aplicação de dissilicato de lítio pelo CAD/CAM
em configuração anatômica/monolítica resultou em coroas resistentes à fadiga, ao passo
que a aplicação manual das camadas estratificadas nas coroas de zircônia revelou uma ele­
vada suscetibilidade à carga cíclica, ocasionando falha prematura nas coroas estratificadas.

O estudo retrospectivo de Zarone e colaboradores, com tempo de análise de três a cinco


anos, avaliando 860 restaurações anteriores e posteriores de dissilicato de lítio, incluindo
coroas em dentes naturais e sobre implantes, facetas e onlays feitas em 312 pacientes,
demonstrou que houve sucesso clínico das restaurações, tanto monolíticas quanto estrati-
ficadas. Elas foram classificadas como satisfatórias de acordo com os critérios modificados
da Associação Dental de Califórnia, em relação à correspondência de cor, superfície de
porcelana e integridade marginal.

As taxas de sobrevivência cumulativa das restaurações de dissilicato de lítio variaram de


95,46 a 100%, enquanto as taxas de sucesso cumulativo variaram de 95,39 a 100%. Todas
as restaurações registraram altas taxas de sobrevivência e sucesso. O uso de restaurações
de dissilicato de lítio em prótese fixa provou ser eficaz e confiável, a curto e médio prazo. A
única ressalva recai sobre a baixa adesividade da zircônia, o que leva a indicá-la nos casos
de preparos totais ou implantossuportados e sempre associada a cimentos que apresentem
radicais fosfato.

Uma questão adicional a ser considerada seria a influência da dureza superficial das coroas
monolíticas sobre o desgaste da superfície dental e a dificuldade de ajuste oclusal. Amer e
colaboradores35 compararam três cerâmicas: Y-TZP, dissilicato de lítio e porcelana feldspática
convencional de baixa fusão. Foi avaliada a rugosidade da superfície oclusal contra o esmalte
dental após ciclos mastigatórios repetitivos.

Os autores verificaram que as superfícies da cerâmica monolítica de zircônia e de dissili-


cato de lítio não se tornaram tão rugosas quanto as da cerâmica feldspática convencional.
Em concordância com esse achado, diversos estudos demonstraram que coroas monolíticas
de dissilicato de lítio e zircônia desgastam menos o esmalte do dente antagonista do que
cerâmicas feldspáticas ou o próprio esmalte.22,23,45,46

Em um estudo in vitro, foi verificado que havia um desgaste do esmalte de:46


§ 0,33mm3 contra a zircônia;
§ 0,36mm3 contra o dissilicato de lítio;
§ 2,15mm3 contra a cerâmica feldspática;
§ 0,45mm3 contra o próprio esmalte.

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 31


A cerâmica feldspática em contato com o esmalte torna-se mais rugosa em virtude
de microfraturas da superfície. Essa superfície rugosa é altamente abrasiva, desgas-
tando mais rapidamente o esmalte antagonista.

As cerâmicas altamente resistentes à fratura não produzem rugosidade de superfície, o que


permite menor grau de desgaste, praticamente fisiológico, do esmalte do dente antagonista
e da sua própria superfície.6 Entretanto, esse equilíbrio pode ser prejudicado caso a lisura
superficial seja alterada após o ajuste oclusal. Assim, é fundamental o polimento com bor-
rachas abrasivas após o ajuste em vez de reaplicação do glaze, que, por sua vez, é rapi-
damente desgastado, expondo novamente a camada rugosa, o que causaria um desgaste
acelerado do esmalte antagonista.47

É recomendado realizar o polimento das cerâmicas clinicamente com pedra de


alumina, seguida de borrachas abrasivas impregnadas com sílica, sílica carbide ou
diamantes de granulações decrescentes.48

Alguns problemas inerentes à técnica de confecção podem ocorrer também para as coroas
monolíticas. Os principais são a falta de ponto de contato proximal, a desadaptação mar-
ginal e o inadequado perfil anatômico. Tais problemas estão relacionados a distorções ad-
vindas da técnica de moldagem e confecção dos modelos de gesso ou da falta de habilidade
técnica do protético.

A técnica de moldagem com materiais de alta estabilidade (silicona de adição) é recomen-


dada, pois a maioria das técnicas de confecção de trabalhos monolíticos requer a utilização de
um modelo troquelizado e um modelo rígido para ajuste e verificação de contatos. Até mesmo
nos casos de sistema CAD/CAM, a fidelidade da moldagem é fundamental para o sucesso.

Uma dica importante com relação à técnica de moldagem é utilizar materiais com boa flu­i­
dez para reprodução adequada e precisa dos preparos. Contudo, alguns sistemas cerâmicos
para confecção de peças monolíticas permitem a correção de pequenos problemas com
o uso de cerâmicas de baixo ponto de fusão (ex. IPS e.max CAD Crystall/Add-On). Essa
técnica, no entanto, promoverá um reparo por estratificação, alternando a característica
inicial de monolítica. Assim, o clínico deverá julgar se a região a ser reparada comprometerá
substancialmente as propriedades mecânicas da restauração ou se será necessária uma nova
moldagem e a confecção de outra restauração.

Os sistemas de cerâmicas híbridas não são passíveis de reparos por acréscimo de mate-
rial, necessitando, inevitavelmente, ser substituídos nessas situações.

32 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


Vários estudos19,33,39,40,49 denotam resultados favoráveis ao uso de restaurações cerâmicas
mo­nolíticas para modalidades de tratamento envolvendo coroas totais, facetas, PPFs e
­abutments. O índice de delaminação é menor do que o das restaurações estratificadas. Ape-
sar de as restaurações monolíticas não apresentarem excelência em detalhes ópticos, como
fluorescência, translucidez e personalizações obtidas por meio da técnica de estratificação,
as técnicas de maquiagem têm evoluído juntamente com as propriedades ópticas dos blocos
fresados, tornando os resultados bastante aceitáveis.

ATIVIDADE

9. Com relação às cerâmicas vítreas de alta resistência reforçadas por dissilicato de lítio
para CAD/CAM, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Um exemplo de cerâmica vítrea reforçada por dissilicato de lítio com resistência
flexural de 360MPa e tenacidade de 2MPam1/2 são os blocos de IPS e.max CAD.
( ) Segundo resultados clínicos, a taxa de longevidade de restaurações monolíticas
confeccionadas com cerâmicas vítreas reforçadas por dissilicato de lítio é de 97%
após sete anos.
( ) Quando a peça se encontra na fase de dissilicato de lítio, a restauração apresenta a
cor azul.
( ) Na presença de grandes ajustes decorrentes de interferências oclusais, toda a ma-
quiagem da peça é removida pela broca, sendo, muitas vezes, necessário reesculpir
e fazer novamente a maquiagem.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V – F – V – V.
B) F – V – V – F.
C) V – F – F – V.
D) V – V – F – V.
Resposta no final do artigo

10. Qual técnica de cimentação deve ser escolhida para as coroas e peças protéticas parciais
confeccionadas com dissilicato de lítio?
A) Adesiva/cimento resinoso.
B) Provisória/cimento de hidróxido de cálcio.
C) Convencional/cimento de fosfato de zinco.
D) Provisória/ionômero de vidro.
Resposta no final do artigo

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 33


11. Observe as afirmativas sobre as cerâmicas vítreas de alta resistência reforçadas por sili-
cato de lítio e dióxido de zircônio.
I – As cerâmicas à base de silicato de lítio reforçado com dióxido de zircônio possuem
resistência flexural levemente superior à de cerâmicas à base de dissilicato de lítio
em razão da adição de 10% de óxido de zircônio, em peso.
II – As cerâmicas à base de silicato de lítio reforçado com dióxido de zircônio estão
disponíveis em blocos para fresagem via CAD/CAM.
III – Alta translucidez e fluorescência são as propriedades ópticas das cerâmicas vítreas
de alta resistência à base de silicato de lítio reforçado com dióxido de zircônio.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo

12. Quanto à cerâmica com dissilicato de lítio, é correto afirmar que:


A) possui boas propriedades clínicas, tais como resistência à flexão e resistência à fra-
tura, podendo ser empregada na fabricação de coroas unitárias na região anterior
e posterior, com cimentação convencional ou adesiva.
B) apresenta propriedades mecânicas significativamente maiores do que as de todos
os outros materiais cerâmicos.
C) é melhor indicada para as restaurações extensas ou em regiões posteriores, com
presença de pônticos, ou peças com conexões sobre implantes.
D) em contato com o esmalte, torna-se mais rugosa em virtude de microfraturas da
superfície.
Resposta no final do artigo

13. Para as reabilitações totais de paciente com perda de dimensão vertical de oclusão, em
virtude de hábitos parafuncionais, têm sido indicadas, tanto no seguimento anterior
como posterior, as coroas parciais monolíticas de:
A) alumina.
B) dissilicato de lítio.
C) zircônia.
D) fluorapatita.
Resposta no final do artigo

34 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


14. Com relação às restaurações estratificadas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) As restaurações estratificadas, principalmente com infraestrutura de dissilicato de
lítio e revestidas por cerâmicas à base de fluorapatita, apresentam estética superior
no quesito caracterização.
( ) As PPFs estratificadas necessitarão de menor espaço do que as monolíticas para
confecção de conectores com espessura adequada, que, posteriormente, serão re-
vestidos.
( ) O índice de delaminação das restaurações cerâmicas monolíticas é maior do que o
das restaurações estratificadas.
( ) A técnica de estratificação proporciona excelência em detalhes ópticos, como fluo-
rescência, translucidez e personalizações.
Assinale a alternative que apresenta a sequência correta.
A) V – F – V – F.
B) F – V – V – F.
C) V – F – F – V.
D) F – V – F – V.
Resposta no final do artigo

15. Observe as afirmativas sobre a resistência à fratura das restaurações cerâmicas.


I – As coroas de zircônia apresentaram alta resistência à fratura quando comparadas
com as coroas de dissilicato de lítio.
II – As coroas monolíticas de zircônia com 0,6mm de espessura podem fornecer re-
sistência à fratura semelhante à de uma coroa monolítica de dissilicato de lítio de
1,5mm.
III – Uma vez que, em PPFs, o local mais suscetível à fratura são as regiões dos conecto-
res, deve haver uma área de secção de 9mm2 para o dissilicato de lítio e 6mm2 para
a zircônia.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 35


16. Assinale a alternativa que completa adequadamente a lacuna: os sistemas de cerâmicas
____________ não são passíveis de reparos por acréscimo de material, motivo pelo qual
necessitam de substituição.
A) policristalinas.
B) sintéticas.
C) feldspáticas.
D) híbridas.
Resposta no final do artigo

CONCLUSÃO
As restaurações monolíticas apresentam-se como opção real para a resolução de casos en-
volvendo coroas totais all-ceramic, facetas, inlay, onlay, overlay, PPF sobre dente e sobre
implante. A cimentação adesiva das cerâmicas vítreas monolíticas é fundamental para o
sucesso longitudinal de restaurações conservadoras e minimamente invasivas.

RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: B
Comentário: Grau de translucidez, tipo de cimentação, resistência à fratura, desgaste do
antagonista e presença de retenção friccional são critérios que devem nortear a seleção do
sistema cerâmico.

Atividade 2
Resposta: D
Comentário: As cerâmicas híbridas apresentam partículas cerâmicas dispersas em uma
­matriz polimérica, tornando-as menos resistentes ao desgaste e com maior absorção das
cargas oclusais.

Atividade 3
Resposta: B
Comentário: A alumina pode ser empregada na confecção de cerâmicas vítreas e policristali-
nas. A zircônia estabilizada é empregada na confecção de cerâmicas policristalinas. A resina
nanocerâmica é empregada na confecção de cerâmicas híbridas.

36 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


Atividade 4
Resposta: A
Comentário: O controle da espessura das camadas de cerâmica é importante para assegurar
que a porcelana de revestimento esteja sobre compressão e a infraestrutura esteja sobre
tração. A tensão de tração é a principal causa de lascamento, apesar de as tensões compres-
sivas residuais na camada de revestimento aumentarem a tensão flexural das restaurações
bilaminadas.

Atividade 5
Resposta: D
Comentário: Um lascamento da cerâmica que reveste o copping pode ocorrer em qualquer
sistema cerâmico que emprega tal tecnologia.

Atividade 6
Resposta: C
Comentário: As coroas monolíticas podem ser confeccionadas com cerâmicas de alta trans-
lucidez e diferentes cores (ex.: sistema e.max).

Atividade 7
Resposta: C
Comentário: A escolha de cerâmicas adesivas acidossensíveis resulta da necessidade de unir
adesivamente a restauração cerâmica ao abutment ou remanescente.

Atividade 8
Resposta: B
Comentário: As cerâmicas acidorresistentes normalmente são fresadas como infraestruturas
de coroa total, PPF, prótese sobre implante e abutments personalizados.

Atividade 9
Resposta: D
Comentário: Quando a peça se encontra na fase de metassilicato de lítio, a restauração
apresenta a cor azul. Após a cristalização da peça, com a mudança de fase de metassilicato
de lítio para dissilicato de lítio, ela adquire o aspecto da cor previamente selecionada no
bloco de fresagem CAD/CAM.

| PRO-ODONTO PRÓTESE E DENTÍSTICA | CICLO 7 | VOLUME 4 | 37


Atividade 10
Resposta: A
Comentário: A cimentação adesiva é a preferível, pois a resistência mecânica do dissilicato é
melhorada após tal procedimento em virtude das características de adesividade desse material.

Atividade 11
Resposta: A
Comentário: Baixa translucidez e fluorescência são as propriedades ópticas das cerâmicas
vítreas de alta resistência à base de silicato de lítio reforçado com dióxido de zircônio.

Atividade 12
Resposta: A
Comentário: A Y-TZP apresenta propriedades mecânicas significativamente maiores do que
as de todos os outros materiais cerâmicos. A cerâmica policristalina é melhor indicada para
as restaurações extensas ou em regiões posteriores, com presença de pônticos, ou peças
com conexões sobre implantes. A cerâmica feldspática, em contato com o esmalte, torna-se
mais rugosa em virtude de microfraturas da superfície.

Atividade 13
Resposta: B
Comentário: A capacidade de adesividade e alta translucidez das coroas parciais monolíticas
de dissilicato de lítio, obedecendo ao princípio da preservação da estrutura dentária com
preparos minimamente invasivos associados às cerâmicas adesivas, favorece a resistência
mecânica e ao desgaste, bem como a longevidade da reabilitação.

Atividade 14
Resposta: C
Comentário: As PPFs estratificadas necessitarão de maior espaço do que as monolíticas para
confecção de conectores com espessura adequada, que, posteriormente, serão revestidos.
O índice de delaminação das restaurações cerâmicas monolíticas é menor do que o das
restaurações estratificadas.

Atividade 15
Resposta: A
Comentário: Uma vez que, em PPFs, o local mais suscetível à fratura são as regiões dos co-
nectores, deve haver uma área de secção de 16mm2 para o dissilicato de lítio e 9mm2 para
a zircônia.

38 CERÂMICAS MONOLÍTICAS: MITO, REALIDADE OU APENAS MAIS UMA OPÇÃO CLÍNICA?


Atividade 16
Resposta: D
Comentário: Alguns sistemas cerâmicos para confecção de peças monolíticas permitem a
correção de pequenos problemas com o uso de cerâmicas de baixo ponto de fusão (ex. IPS
e.max CAD Crystall/Add-On).

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Como citar este documento

Mazaro JVQ, Zavanelli AC, Alexandre RS, Mendes JO, Antenucci RMF, Zavanelli RA. Cerâ-
micas monolíticas: mito, realidade, ou apenas mais uma opção clínica? In: Associação Bra-
sileira de Odontologia; Pinto T, Verri FR, Carvalho Junior OB, organizadores. PRO-ODONTO
PROTÉSE E DENTÍSTICA Programa de Atualização em Prótese Odon-tológica e Dentística:
Ciclo 7. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2016. p. 9-47. (Sistema de Educação Conti-
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