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Lasers Ciências Médicas

DOI 10.1007/s10103-015-1848-9

ARTIGO ORIGINAL

Efeito do jateamento, revestimento de sílica e tratamento a laser na resistência

de união à microtração de uma cerâmica de zircônia odontológica a cimentos
resinosos

Nasrin Mahmoodi1&Tabassom Hooshmand2&Solmaz Heidari2&Kimia Khoshro2

Recebido: 4 de abril de 2015 /Aceito: 2 de dezembro de 2015

# Springer-Verlag Londres 2015

AbstratoO objetivo deste estudo in vitro foi avaliar o efeito da
irradiação a laser, bem como outros métodos de tratamento de
superfície na resistência de união à microtração de uma
cerâmica de zircônia dental aos dois tipos de cimentos
resinosos. Blocos cerâmicos de zircônia (ICE Zirkon) foram
sinterizados de acordo com as instruções do fabricante e
duplicados em resina composta. Os espécimes cerâmicos
foram divididos em quatro grupos de acordo com os seguintes
tratamentos de superfície: sem tratamento de superfície
(controle), jateamento com alumina, revestimento de sílica mais
silanização e irradiação com laser Nd:YAG. Os espécimes foram
divididos igualmente e então colados com Panavia F2.0
(cimento resinoso autocondicionante) e Clearfil SA Luting
(cimento resinoso autoadesivo) aos blocos compostos. Os
blocos de cerâmica-compósito colados foram armazenados em
água destilada a 37 °C por 72 h,2, e termociclados por 3000
ciclos entre 5 e 55 °C, e as resistências de ligação à microtração
foram medidas usando uma máquina de teste universal. Os
dados foram analisados por ANOVA e teste post hoc de Tukey.
Os resultados mostraram que o cimento resinoso autoadesivo
usado neste estudo não melhorou a resistência de união à
microtração quando a superfície de zircônia foi jateada com
alumina. O uso do laser Nd:YAG não aumentou a resistência de
união entre a zircônia e os dois tipos de cimentos resinosos. Em
* Tabassom Hooshmand
hoshmand@sina.tums.ac.ir
Além disso, o revestimento de sílica das superfícies de zircônia mais a
aplicação de silano melhorou significativamente a resistência de união,
independentemente do tipo de cimento resinoso utilizado.
Palavras-chaveResistência de ligação à microtração. Revestimento de
sílica. Laser Nd:YAG. Cerâmica de zircônia. cimento resinoso
Introdução
A demanda por materiais de alta resistência e estética aumentou
recentemente na prática odontológica. Assim, as pesquisas estão
focadas na melhoria dos requisitos estéticos e propriedades
mecânicas de materiais cerâmicos puros [1,2]. A zircônia é um dos
materiais fortes com alto teor cristalino (óxido de zircônio) que tem
uma taxa de sucesso melhor do que os sistemas cerâmicos à base
de sílica nas áreas de estresse da boca [3,4]. Essa cerâmica possui
propriedades mecânicas perfeitas, como alta resistência à flexão
acima de 1000 MPa, estabilidade química, inércia e
biocompatibilidade desejável [5–8]. De acordo com as razões acima
mencionadas, a zircônia tornou-se um material previsível para
restaurações dentárias totalmente cerâmicas.9,10]. A progressão
da técnica de desenho assistido por computador e fabricante
assistido por computador (CAD-CAM) causou o desenho e a
produção de cerâmicas de zircônia disponíveis na odontologia.
O sucesso clínico das restaurações dentais de cerâmica pura
para alcançar alta retenção, aumento da resistência à fratura e à
fadiga depende de sua cimentação e procedimentos de adesão à
estrutura do dente.11,12]. Devido a algumas preocupações com a

1
adesão adesiva de zircônia e outras cerâmicas de alta resistência a
Departamento de Biomateriais Dentários, Faculdade de Odontologia,
cimentos resinosos, os métodos convencionais de cimentação
Universidade de Ciências Médicas de Teerã, Ghods Street, Enghelab, Teerã
14174, Irã usando fosfato de zinco ou cimentos de policarboxilato têm sido
2 recomendados pelos fabricantes [13,14]. No entanto, a cimentação
Departamento de Biomateriais Dentários, Faculdade de Odontologia/Centro
de Pesquisa em Ciência e Tecnologia em Medicina, Universidade de Ciências de restaurações cerâmicas com materiais à base de resina pode
Médicas de Teerã, Teerã, Irã melhorar sua adaptação marginal e eficácia de união ao

dente [13]. A maioria dos cimentos à base de resina
usados para esse fim contém monômeros de fosfato,
como metacriloiloxietil dihidrogenofosfato (MDP).
Estudos anteriores mostraram que a durabilidade das
restaurações de cerâmica depende da integridade do cimento de
cimentação à cerâmica e, portanto, é necessário o uso adequado
dos métodos de condicionamento da superfície da cerâmica.15–17].
Uma forte ligação resina-cerâmica depende da ligação química
entre a cerâmica e o cimento resinoso e também da retenção
micromecânica produzida pela rugosidade da superfície [18]. Esses
métodos são retificação com instrumentos rotatórios de diamante,
abrasão a ar com alumina, ataque ácido por ácido fluorídrico e
aplicação de agentes de acoplamento silano. No entanto, a zircônia
tem alto teor cristalino sem fase de sílica que é resistente ao ataque
com ácido fluorídrico e tratamento com silano. Por esses motivos,
técnicas alternativas como irradiação a laser, revestimento de sílica,
jateamento e infiltração seletiva têm sido introduzidas para o
tratamento das superfícies de zircônia a serem coladas aos
cimentos à base de resina.
O uso de diferentes tipos de laser é uma técnica alternativa para
rugosidade da superfície cerâmica para produzir melhores resistências
de união aos cimentos resinosos.19,20]. O revestimento de sílica das
superfícies de zircônia fornece uma camada rica em sílica para que o
agente de acoplamento silano possa ser aplicado para ligação química
da cerâmica ao cimento resinoso. Os cimentos resinosos contendo MDP
possuem monômeros ácidos que hidrolisam rapidamente os agentes de
acoplamento de silano, produzindo as ligações de siloxano necessárias
para a ligação química. Ao aumentar a ligação do polissiloxano
produzida pela natureza ácida do MDP, pode-se obter uma melhor
retenção de cimentos resinosos à zircônia [21]. Um número limitado de
estudos avaliou o efeito do tratamento a laser e do revestimento de
sílica na resistência de união entre a cerâmica de zircônia e os cimentos
resinosos contendo MDP. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o
efeito da irradiação a laser, bem como outros métodos de tratamento de
superfície na resistência de união à microtração entre uma cerâmica de
zircônia odontológica e dois tipos de cimentos resinosos contendo MDP.
Materiais e métodos
Blocos cerâmicos de zircônia (ICE Zirkon Translucent, Zirconzahn,
Itália) com dimensões de 10×10×6 mm foram fabricados de acordo
com as instruções do fabricante. Eles foram limpos com ultra-som
em etanol por 20 minutos e depois secos ao ar. Para simular os
blocos de compósito para os blocos de cerâmica, um molde de
silicone (Coltene®, Whaledent, Altstätten, Suíça) foi preparado para
cada bloco de cerâmica. Em seguida, o material compósito
(Heliomolar, Ivoclar-Vivadent, Schaan, Liechtenstein) foi
condensado nos moldes de silicone de forma incremental, e cada
camada foi polimerizada por 40 s com uma unidade de fotoativação
halógena (Cotolux® 75, Coltene, Whaledent, EUA). . As superfícies
dos blocos compostos foram
Lasers Ciências Médicas
polidas com papéis de carboneto de silício granulação 400 e, em seguida,
foram limpas por ultrassom em água destilada por 20 min.
As superfícies dos blocos de cerâmica foram divididas aleatoriamente em
um dos seguintes métodos de tratamento:
Grupo 1 (C): sem tratamento (grupo controle).
Grupo 2 (SB): jateado (Bego, easy Blast, Germany) por óxido de
alumínio com granulometria de 50 μm. A pressão aplicada foi
de 2,5 psi a 10 mm de distância da superfície por 10 s. Em
seguida, foram limpos por ultrassom em solução de etanol por
20 minutos e secos ao ar.
Grupo 3 (SC): revestido com sílica com 30 μm de areia Cojet® (3 M-
ESPE, Alemanha) a uma pressão de 2,5 Psi por 10 s a uma distância
de 10 mm. Em seguida, uma solução de silano (Monobond-S,
Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) foi aplicada nas superfícies
cerâmicas por 60 segundos e secas ao ar. Em seguida, uma fina
camada de resina não preenchida (Heliobond, Ivoclar-Vivadent,
Schaan, Liechtenstein) foi aplicada e fotopolimerizada por 20
segundos.
Grupo 4 (LS): irradiação com laser Nd:YAG (Fotona, M001- 10 F,
Ljubljana, Eslovánia) onde a fibra óptica do laser (320 μm de
diâmetro) foi colocada em um gabarito e mantida a 1 mm da
superfície e toda a cerâmica A área foi escaneada manualmente
perpendicularmente por 2 min. Os parâmetros do laser aplicado e
a descrição dos materiais utilizados estão listados nas Tabelas1e2,
respectivamente. Os blocos cerâmicos tratados foram então limpos
por ultrassom em solução de etanol por 20 min. Diferentes
tratamentos de superfície de cerâmica (jateamento, revestimento
de sílica e irradiação a laser) foram examinados em um
microscópio eletrônico de varredura (SEM).
Cada grupo principal foi dividido em dois subgrupos de acordo
com os seguintes cimentos resinosos contendo MDP: subgrupo 1:
um cimento resinoso autocondicionante; Panavia F2.0 (P) (Kuraray,
Kurashiki, Japão) e subgrupo 2: um cimento resinoso autoadesivo;
Clearfil SA Luting (CL) (Kuraray, Kurashiki, Japão).
Um primer de zircônia (Monobond Plus, Ivoclar Vivadent, Schaan,
Liechtenstein) foi aplicado (deixado por 60 s e depois seco ao ar) apenas
nas superfícies cerâmicas dos grupos 2 e 4 quando aderidas ao cimento
resinoso Panavia F2.0. Para cada tipo de cimento resinoso foram
extrudadas quantidades iguais das duas pastas.
tabela 1Os parâmetros
Potência de saída 2W
do laser Nd:YAG
Frequência 20 Hz
Período de exposição 2 minutos
Duração do pulso 100 μs
energia de pulso 100 mj/pulso
Densidade de energia 124,40 j/cm2
Diâmetro da fibra óptica 320 μm
Ângulo de exposição Perpendicular
Distância da superfície 1 mm
Lasers Ciências Médicas

mesa 2Descrição dos materiais

usados Material Definição Fabricante Número de lote

ICE Zirkon Blocos cerâmicos de óxido de zircônio Zircônia, Itália ZRAB8021

para CAD-CAM
Heliomolar Compósito micropreenchido Ivoclar, Vivadent, Schaan, N48692
Liechtenstein
Panavia F2.0 cimento resinoso contendo MDP Kuraray, Kurashiki, Japão 051341
(autocondicionante dual-polimerizável)
Clearfil SA Luting cimento resinoso contendo MDP Kuraray, Kurashiki, Japão 0336AA
(autoadesivo de dupla polimerização)
Monobond Plus Primário de zircônia-alumina-metal Ivoclar, Vivadent, Schaan, N57095
Liechtenstein
Monobond-S Agente de acoplamento de silano Ivoclar, Vivadent, Schaan, N61447
Liechtenstein
Clearfil SE Bond Garrafa 2 (resina adesiva não preenchida) Agente de Kuraray, Kurashiki, Japão 1587AA
areia cojet revestimento por jateamento 3M ESPE, Alemanha 480903

nas almofadas de papel e misturados de acordo com as instruções do
fabricante. Em seguida, os cimentos misturados foram aplicados nas
superfícies cerâmicas a serem coladas aos blocos de resina composta.
Os blocos cerâmicos-compósitos colados foram colocados em uma pinça
sob certa pressão. Em seguida, cada lado do espécime colado foi
polimerizado por 10 s usando fotopolimerização halógena. O excesso de
cimento resinoso foi removido e a polimerização final foi realizada por
mais 30 s. Todos os espécimes foram armazenados em água destilada a
37 °C por 72 horas e então montados em moldes de acrílico (acrílico de
cura a frio, Acropars, Irã).
Para obter os espécimes em forma de barra com áreas de seção
transversal de 1 mm2, os espécimes foram seccionados com uma
máquina de corte de baixa velocidade (Isomet, Buehler, IL, EUA) em
duas direções perpendiculares na interface do compósito e da cerâmica
sob água corrente. Os espécimes de microbarra foram então
termociclados por 3000 ciclos em banhos de água entre 5 e 55 °C. O
tempo de permanência entre dois banhos foi de 60 s. Cada amostra de
microbarra foi então fixada a um grampo especial com cola de
cianoacrilato (Eurofix, Turquia) de forma que a interface ficasse
localizada exatamente no centro do grampo. O teste de resistência de
união foi realizado usando uma máquina de teste universal (Santam, Irã)
a uma velocidade de cruzeta de 0,5 mm/min. Os valores de resistência
de união (em MPa) foram medidos calculando-se as cargas aplicadas na
falha (em newton) divididas pelas áreas das seções transversais (em
milimetros quadrados).
Os dados brutos foram caracterizados por uma distribuição normal
usando o teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram analisados
usando ANOVA de uma via e teste post hoc de Tukey. O nível de
significância foi estabelecido emP<0,05 usando software estatístico
(SPSS 11 para Windows; SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). O local das falhas
também foi examinado sob um microscópio de zoom estéreo.
Rugosidade irregular foi observada na superfície dos espécimes
jateados, e numerosos defeitos de superfície também foram detectados
para os espécimes irradiados com laser. As superfícies das amostras
revestidas com sílica mostraram uma rugosidade ligeiramente mais
uniforme em comparação com as superfícies jateadas.
Todos os espécimes sem tratamento (C&P e C&CL) e irradiação a
laser (LS&P e LS&CL) cimentados com ambos os tipos de cimentos
resinosos e também os espécimes jateados cimentados com
cimentação Clearfil SA (SB&CL) foram descolados durante o corte
pela máquina de corte Isomet. Portanto, os dados para esses
grupos foram excluídos da análise estatística, e os dados de
resistência de união à microtração para os grupos restantes são
apresentados na Fig.4. Os resultados mostraram que para ambos
os tipos de cimentos resinosos, os maiores valores médios de
resistência à microtração foram obtidos para as superfícies
cerâmicas revestidas com sílica (SC&P e SC&CL). A menor resistência
de união média foi obtida para os espécimes jateados cimentados
com Panavia F2.0. No entanto, a análise estatística mostrou que não
houve diferenças significativas nos valores médios de resistência de
união à microtração entre os grupos (P=0,11).

Resultados

Imagens de microscópio eletrônico de varredura de diferentes métodos de Figura 1Micrografia eletrônica de varredura da superfície de cerâmica de
tratamento de superfície de cerâmica são mostradas nas Figs.1,2, e3. zircônia jateada com alumina (ampliação × 3000)

Figura 2Micrografia eletrônica de varredura da superfície de cerâmica de zircônia
irradiada com laser Nd:YAG (ampliação × 600)
O modo de falha predominante para os grupos SB&P e
SC&CL foi adesivo na interface entre a cerâmica e o cimento
resinoso e para o grupo SC&P foi coesivo dentro do cimento
resinoso. A porcentagem de descolamentos pré-teste para
os grupos SB&P, SC&P e SC&CL foi de 78, 60 e 28%,
respectivamente.
Discussão
Neste estudo, os valores de resistência de união à microtração de
dois cimentos resinosos autocondicionantes e autoadesivos
comerciais à cerâmica de zircônia com três diferentes tratamentos
de superfície foram comparados. Foi demonstrada a capacidade do
10-metacriloiloxidecil di-hidrogenofosfato (10-MDP) para reação
química com óxidos metálicos. Hoje, muitos produtos como
cimentos resinosos, adesivos ou primers contêm esses monômeros
funcionais para melhorar a adesão a diferentes substratos
Fig. 3Micrografia eletrônica de varredura da superfície de cerâmica de zircônia
revestida com sílica (ampliação × 3000)
Lasers Ciências Médicas
incluindo materiais cerâmicos à base de zircônia [22,23]. Ambos os
cimentos resinosos adesivos (cimentação Panavia F 2.0 e Clearfil SA)
utilizados nesta investigação possuem 10-MDP em suas composições.
Neste estudo, os espécimes sem tratamento (controle) e irradiados com
laser cimentados com ambos os tipos de cimentos resinosos e também
os espécimes jateados cimentados com cimentação Clearfil SA
apresentaram descolamento precoce antes de qualquer teste. Vários
estudos mostraram que os valores de resistência de união entre a
zircônia e os cimentos resinosos diminuíram após o envelhecimento por
armazenamento em água ou termociclagem.24,25]. Como mencionado
anteriormente, todas as superfícies de zircônia irradiadas com laser
foram descoladas antes do teste, o que pode indicar que o uso do laser
Nd:YAG com parâmetros considerados não pode fornecer uma ligação
durável entre a cerâmica de zircônia e os dois tipos de cimentos
resinosos. Semelhante à nossa observação, foi relatado que o
tratamento de superfície com irradiação com laser Nd:YAG não
melhorou a resistência de união da cerâmica de zircônia aos cimentos
resinosos [5,26]. O laser Nd:YAG pode levar à degradação térmica da
camada superficial da cerâmica de zircônia, e a má conexão entre esta
camada e as camadas inferiores pode causar descolamento. Em
imagens SEM, defeitos de superfície e microfissuras são aparentes em
superfícies cerâmicas irradiadas com laser (Fig.2). Foi afirmado que as
camadas superficiais e também as subcamadas da cerâmica de zircônia
derretem quando ela é irradiada [27]. Também foi relatado que a
formação de trincas ocorre durante o processo de resfriamento. Isso
pode ser devido às mudanças de volume durante a solidificação da
cerâmica fundida, bem como à transformação de fase de cúbica para
tetragonal. Essas mudanças podem afetar adversamente as
propriedades mecânicas da zircônia [27]. Em contraste com nossos
resultados, a irradiação com laser Nd:YAG foi proposta por outros
estudos para aumentar a resistência de união da cerâmica de zircônia
odontológica a cimentos resinosos [28–30]. No entanto, deve-se notar
que diferentes resultados podem ser obtidos de acordo com o tipo de
cerâmica, cimento resinoso, parâmetros do laser, desenho do teste e
submissão à ciclagem térmica. Também é digno de nota que o uso de
pulsos de laser ultracurtos (femtossegundos) demonstrou aumentar a
rugosidade da superfície de muitos materiais, incluindo cerâmica de
zircônia, com danos térmicos mínimos e sem transformação de fase.31,
32]. Além disso, em um estudo feito por Akpinar et al. [33], o efeito do
laser de femtosegundo e seu ângulo de feixe na resistência ao
cisalhamento entre o cimento resinoso e a cerâmica de zircônia foram
investigados. Eles concluíram que a resistência de união aumentou à
medida que o ângulo entre a superfície da cerâmica e o feixe de laser de
femtosegundo diminuiu. A eficácia deste tipo de laser no aumento da
resistência de união do cimento de zircônia-resina deve ser avaliada em
estudos futuros.
Jateamento com diferentes tamanhos de partículas de Al2O3variando
de 30 a 250 μm fornece superfícies rugosas e melhora as propriedades
da superfície, como molhabilidade e energia superficial, aumentando a
área da superfície [15]. Neste estudo, todos os espécimes jateados
cimentados com autoadesivo Clearfil SA Luting falharam antes do teste.
No entanto, os resultados mostraram
Lasers Ciências Médicas
Fig. 4Dados médios de resistência de ligação
à microtração para grupos testados
25
Resistência de ligação à microtração (MPa)
20
15
10
0
C LS
Panavia F2.0
que o jateamento foi um método eficaz para os corpos de prova
cimentados com Panavia F2.0. Assim, o tipo de cimento resinoso
influencia na eficácia de união da cerâmica de zircônia. Pode ser
devido às diferenças de composição, iniciador, solvente, viscosidade
e molhabilidade entre esses cimentos. Foi demonstrado que o uso
de cimento resinoso contendo 10-MDP proporcionou a maior
resistência de união à microtração entre a cerâmica de zircônia
reforçada com fibra de vidro e o cimento resinoso [34]. Por outro
lado, deve-se notar que um primer de zircônia foi aplicado apenas
nas superfícies cerâmicas cimentadas com Panavia F2.0, o que
poderia ter melhorado a resistência de união, embora não tenha
sido eficaz nas superfícies irradiadas com laser. De acordo com as
instruções do fabricante, não aplicamos o primer de zircônia nas
superfícies cerâmicas quando usamos o cimento resinoso
autoadesivo Clearfil SA Luting. No entanto, a aplicação de primers
na superfície da zircônia é recomendada devido à sua afinidade
química com óxidos metálicos. Esses monômeros ácidos, como 10-
MDP, 4-metacriloiloxietil anidrido trimelitato (4-META) ou 2-
metacriloiloxietil fosfato (MEP) são capazes de reagir com os grupos
de óxido de cerâmica de zircônia [35].
No presente estudo foi utilizado o primer Monobond Plus. Este
primer contém monômeros ácidos organofosforados. Esses monômeros
possuem uma parte funcional orgânica que é um grupo metacrilato.
Este grupo de metacrilato pode ser copolimerizado com os monômeros
de materiais à base de resina. Os monômeros fosfóricos também
contêm um grupo ácido fosfórico que pode ser ligado aos óxidos
metálicos do substrato. Também foi demonstrado que a aplicação de
um cimento à base de resina e agentes de primer contendo monômero
MDP proporcionou uma melhor resistência de união à zircônia do que os
outros sistemas [36].
Além disso, o uso de revestimento de sílica com tamanho de partícula de
30 μm de SiO2mais silanização melhorou a resistência de união entre a
cerâmica de zircônia e ambos os tipos de cimentos resinosos no presente
estudo. Não houve diferença estatisticamente significativa na média de
resistência de união entre as camadas revestidas com sílica.
C: Controle
LS: Laser
SB: jateado
SC: revestido de sílica
SB SC C LS SB SC
Clearfil SA Luting
espécimes colados com cimento Panavia F2.0 e Clearfil SA. O silano
funciona como um agente de acoplamento para fornecer ligação
química entre a cerâmica à base de sílica e materiais à base de
resina. Como as cerâmicas de alta resistência não possuem fase
vítrea, uma camada de sílica é aplicada nas superfícies cerâmicas
usando sistemas de revestimento de sílica. Este método fornece
retenção química através da camada de sílica embutida na
superfície da zircônia e a retenção micromecânica através do
processo de abrasão a ar [37].
Semelhante aos nossos achados, Amaral et al. relataram que os
revestimentos de sílica de laboratório e de consultório mais a silanização
mostraram uma resistência de ligação à microtração durável entre a
zircônia In-Ceram e o cimento resinoso Panavia F [38]. Além disso, Kiyan
et al. relatou que o revestimento de sílica foi o método de tratamento de
superfície mais eficaz para a cerâmica de alumina em comparação com a
cerâmica Empress 2 [39]. Em contraste, tem sido relatado que as
técnicas de revestimento triboquímico não resultam em uma camada de
sílica durável e uniforme nas superfícies de zircônia.22]. Xie et al.
afirmaram alguns problemas, como transformação de fase induzida por
tensão e formação de microtrincas, que podem ocorrer durante esse
tipo de tratamento de superfície [37].
Nossos resultados mostraram uma porcentagem
consideravelmente alta de descolagem pré-teste (78%) e falha
adesiva predominante para as amostras jateadas (SB&P), embora
não tenha havido diferença estatisticamente significativa nos
valores médios de resistência de união entre as amostras jateadas e
revestidas com sílica cimentado com Panavia F2.0. Assim, pode-se
esperar uma resistência de união mais fraca para os espécimes
jateados cimentados com Panavia F2.0 em comparação com os
espécimes revestidos com sílica (SC&P). Além disso, o grande SD
observado neste estudo pode ser devido ao pequeno tamanho da
amostra, falha causada por defeito e limitações na produção de um
corte preciso sem tensão nas amostras. Mais estudos in vitro, bem
como ensaios clínicos são necessários para confirmar os resultados
obtidos no presente estudo.

Conclusões
1) O cimento resinoso autoadesivo usado neste estudo não
melhorou a resistência de união à microtração quando a
superfície da cerâmica de zircônia foi jateada.
2)Para as superfícies de zircônia cimentadas com Panavia F2.0, o
jateamento não foi tão eficaz quanto o revestimento de sílica, mas
melhorou a resistência de união em comparação com a irradiação a
laser ou controle (sem tratamento de superfície).
3)O uso do laser Nd:YAG não aumentou a resistência de
união entre a zircônia e os dois tipos de cimentos
resinosos.
4)O revestimento de sílica das superfícies de zircônia mais a aplicação de
silano melhorou significativamente a resistência de união,
independentemente do tipo de cimento resinoso utilizado.
AgradecimentosEste estudo foi apoiado financeiramente pelo Centro de
Pesquisa em Ciência e Tecnologia em Medicina (Universidade de Ciências
Médicas de Teerã). Agradecemos também ao Dr. AR Shamshiri por sua
inestimável assistência na análise estatística.
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