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O POTENCIAL DE PORTUGAL
RECURSOS MINERAIS
O POTENCIAL DE PORTUGAL
Documento elaborado para instruir o documento de
ESTRATÉGIA NACIONAL PARA OS RECURSOS GEOLÓGICOS
RECURSOS MINERIAIS
MEID
Augusto Filipe
Carlos M. C. Inverno
Daniel P. S. de Oliveira
Helena Santana
João X. de Matos
João Farinha Ramos,
Jorge Carvalho
Maria João Batista
Rui Sardinha
Rute Salgueiro
Vítor Lisboa
Machado Leite
Colaboração de:
Casal Moura
Luís M. P. Martins (Direcção Geral de Geologia e Energia)
Luís R. Costa (Direcção Geral de Geologia e Energia)
Prefácio
“Recursos Minerais – O Potencial de Portugal”
O lançamento em 2013 pelo Governo Português da “Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos – Recursos Minerais”, em li-
nha com a publicação pela CE em 2008 e 2010 dos documentos “Iniciativa Matérias-Primas da UE” e “Matérias-Primas Críticas
para a UE”, gerou fundadas expectativas para a Indústria Extrativa Nacional. Contudo, pese embora o investimento significativo
realizado em prospeção e pesquisa nos últimos 6 anos em Portugal pela iniciativa privada, persistem dificuldade na nossa eco-
nomia que não favoreceram o lançamento de novos projetos de exploração mineira, a que não é alheia a incerteza associada
às previsões macroeconómicas de médio e longo prazo no mercado dos minérios, atualmente fortemente influenciadas pela
natureza da crise instalada na Economia Global. Este cenário afeta igualmente outros países da EU que pretendem viabilizar a
exploração dos seus recursos minerais.
Sendo conhecido que o mercado da matérias-primas minerais é caracterizado por ciclos de flutuação das cotações, de perío-
dos e amplitudes diversas e sendo de prever que se esteja a viver atualmente uma mudança de ciclo, importa que as partes
interessadas no Sector Mineral em Portugal, reunidas na “Parceria Nacional para os Recursos Minerais”, mantenham e desen-
volvam os laços que unem os seus mútuos e variados interesses, procurando maximizar o aproveitamento de oportunidades
que potenciem o aproveitamento económico dos recursos minerais nacionais, tendo em vista a importância desse sector:
criação de riqueza primária; criação de emprego direto e indireto com grande impacto em regiões economicamente deprimidas;
contribuição líquida para o aumento da exportação; diminuição das importações.
A propósito da realização da primeira reunião do “Conselho Nacional de Stakeholders” que o LNEG aceitou coordenar no âmbito
do projeto ERA-MIN MINATURA, entendeu o seu CD que seria útil divulgar de uma forma generalizada o estudo realizado em
2011/2012 para servir de suporte à conceção da “Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos – Recursos Minerais”, no qual,
à luz do conhecimento e das perspetivas do mercado de então, se efetuou uma revisão do potencial do território nacional para
albergar recursos minerais, tendo por base o arquivo técnico histórico, a Base de dados SIORMINP e o conhecimento meta-
logenético associado à base geológica geradora de recursos minerais. Trata-se de uma avaliação que deve ser encarada para
aferir o valor relativo da contribuição da Indústria Extrativa para a riqueza nacional, podendo concluir-se que existem condições
para que essa contribuição seja incrementada, o que, a suceder, terá um efeito multiplicador que muito contribuirá para a re-
cuperação económica.
Revisitar o trabalho então realizado, colocando-o à disposição do Sector, poderá ser um incentivo para que surjam novos
promotores e novas iniciativas para aproveitamento económico dos recursos minerais nacionais, dando atenção crescente à
prospeção de jazigos não aflorantes em zonas geológicas em que predominam espessuras consideráveis de metassedimentos
e onde no passado foi revelada a existência de importantes reservas mineiras, de que se destacam as séries da Faixa Piritosa
Ibéria e dos Xistos das Beiras. O LNEG, consciente da importância de definir e prosseguir objetivos estratégicos neste domínio,
tem vindo a alertar os sucessivos Governos para a necessidade de inserir investimento público nas GOP para acolher projetos
de prospeção regional com esses objetivos.
Janeiro de 2016
A Presidente do CD do LNEG
Teresa Ponce de Leão
Resumo Executivo
De ponto de vista Geológico, as grandes zonas do território nacional albergam:
– Terrenos sedimentares recentes, como a bacia do Tejo e Sado, constituídos essencialmente por areias, arenitos, conglo-
merados e argilitos;
– As Orlas Ocidental e Meridional, também constituídas essencialmente por terrenos sedimentares, embora mais antigos,
em que ocorrem arenitos, gesso/salgema, argilitos, calcários, margas e rochas vulcânicas;
– O chamado Maciço Hespérico, que se considera dividido nas unidades Galiza-Trás-os-Montes, Centro Ibérica, Ossa Mo-
rena e Sul-Portuguesa, onde ocorrem fundamentalmente rochas metamórficas (metassedimentos, xistos, quartzitos e
mármores) e rochas ígneas antigas de idades variadas (granitos, dioritos, gabros, serpentinitos, vulcanitos, etc.);
– Os arquipélagos Atlânticos, Açores e Madeira, constituídos essencialmente por rochas vulcânicas, essencialmente basá-
lticas, com manifestação de vulcanismo recente, activo no caso dos Açores.
Um estudo mais profundo da evolução geológica do território nacional evidencia que as grandes unidades tectono-estrati-
gráficas, acima descritas de modo simplista, resultaram de processos complexos e recorrentes de vulcanismo, magmatismo,
metamorfismo, colisão e distensão continental, intercalados com períodos de erosão e sedimentação.
Este ambiente geológico justifica que no território continental ocorram, simultaneamente, grandes áreas em que afloram ma-
ciços graníticos e complexos vulcânicos que foram intensamente desnudados das rochas de cobertura e, também, zonas com
metassedimentos antigos de espessuras consideráveis, a par das 2 orlas litorais, detríticas e carbonatadas e das grandes ba-
cias hidrográficas, que recolheram os sedimentos desses processos erosivos, respectivamente mais antigos e recentes.
A Geologia é, pois, o responsável pela grande diversidade/variedade dos recursos minerais nacionais e, simultaneamente, da
dimensão dos seus jazigos/ocorrências.
Assim, as mineralizações associadas aos fenómenos de granitização – como os jazigos de Sn, W, Au, Ag – são em grande
número e dispersos por áreas extensas, mas jazigos de dimensões consideráveis não são conhecidos, apesar de as grandes
séries vulcano-sedimentares do Alentejo e os metassedimentos da Beira albergarem jazigos classificáveis com a notação de
“world class deposits”, haja em vista a sua dimensão e riqueza – casos da Panasqueira (W, Sn, Cu) e dos jazigos de sulfuretos
maciços da Faixa Piritosa, Neves Corvo e Aljustrel (Cu, Zn, Pb, Sn, Au, Ag) – bem como outras jazidas de dimensão conside-
rável – Moncorvo (Fe).
A grande maioria dos Recursos Não-Metálicos para a indústria Cerâmica, do Vidro e Cimenteira ocorre nas orlas sedimentares.
Os recursos em Rochas Industriais, Ornamentais e outras, ocorrem nas várias zonas do Maciço Hespérico onde afloram gra-
nitos e mármores e nas orlas onde ocorrem as maiores reservas de calcários (Maciço Calcário Estremenho)
Nos parágrafos seguintes apresenta-se o trabalho realizado pela equipa do LNEG, em que é feita uma descrição dos principais
Recursos Minerais, tanto quanto possível objectiva (dos pontos de vista da produção histórica, reservas potenciais e localiza-
ção geográfica), procurando fornecer informação útil para construção de um cenário sobre o POTENCIAL nacional neste tipo de
recursos endógenos. Todavia, chama-se à atenção de que os números apresentados devem ser considerados com prudência,
porque incertos, dado que resultam de arquivos históricos de proveniências muito diversas, construídos segundo critérios
díspares e de difícil controlo.
Para se efectuar uma avaliação desse POTENCIAL, é necessário ter presente que “minério” é um conceito essencialmente eco-
nómico, que radica no pressuposto de que um recurso geológico será “minério” apenas nas condições (muito favoráveis) em
que a quantidade de “metal” (elemento útil, com valor definido em cada momento pela cotações nos mercados) existente no
jazigo e tecnologicamente recuperável é suficiente para suportar todos os custos inerentes à prospecção e pesquisa que evi-
denciou o jazigo, à exploração que procederá à sua extracção, às operações de tratamento e transformação que o valorizarão
até se obter uma matéria-prima transaccionável e, ainda, ressarcir o capital investido.
Nestes pressupostos, o POTENCIAL determinado é apresentado em seguida como sendo o da … Base nacional de Recursos
Minerais “in situ” e avaliado sobre o … conhecimento e valor de mercado à data actual (2010).
Para a maioria destes recursos foi procurado um valor do “volume” do recurso, obtido por agregação de valores provenien-
tes de jazigos/jazidas não exploradas ou consideradas ainda não esgotadas. Os valores agregados foram discutidos pelos
especialistas do LNEG de cada área e consolidados como aceitáveis face ao conhecimento existente, não só da natureza
geológica do recurso em si mesmo, mas também de outras condicionantes à exploração, como sejam dificuldades técnicas
específicas e o ordenamento do território, entre outras.
Para o sector das Rochas Industriais, sub-sectores dos Agregados e Inertes e dos calcários e margas para Cimento não se
contabilizou qualquer estimativa para o potencial de reservas geológicas, porque os números iriam introduzir distorções
no valor global. Todavia, as produções anuais para estes sub-sectores representam um contributo não despiciendo para a
economia nacional.
Assim, nos recursos energéticos, apenas o Urânio foi considerado para contribuir para o cálculo do Potencial. Dos elementos
para as novas tecnologias, apenas um valor conservativo das reservas de Li foi considerado no cálculo final. Os recursos
de Minerais Não-Metálicos foram considerados, mas não ultrapassam 10% do valor global do Potencial. Em contrapartida,
os Recursos em Rochas Ornamentais representam quase 50% desse Potencial, mesmo considerando índices de aprovei-
tamento das reservas “in situ” inferiores a 20%, excepto nos calcários (30%). Finalmente, refere-se que os recursos da Pla-
taforma Continental e do Fundo Marinho não foram considerados no cômputo do Potencial, embora sejam considerados
recursos muitíssimo importantes.
Nela figura como POTENCIAL dos Recursos Minerais “in situ”, com base no conhecimento científico e tecnológico e no mer-
cado, actuais, um valor económico da ordem de grandeza de 1 PIB Português.
Quartzo, Feldspato 20,0 Mm3 Inclui areias feldspáticas Actividade Moderado a Elevado
O valor acumulado das exportações nacionais de minérios metálicos e não metálicos em 5 anos (período de 2004 a 2008) de 2
968 200 000€ expressa bem a importância que os recursos minerais portugueses representam para a nossa economia.
Em termos geológicos, Portugal continental divide-se em três grandes unidades: as Orlas Meso-Cenozóicas Ocidental e Algar-
via (que ocupam os bordos oeste e sul do território), a bacia Cenozóica do Tejo e Sado e o Maciço Hespérico (onde se encontram
os terrenos geológicos mais antigos).
As Orlas Meso-Cenozóicas e a Bacia Cenozóica do Tejo e do Sado, terrenos geológicos essencialmente de natureza sedi-
mentar, detêm um potencial muito significativo em termos de recursos minerais não metálicos, como é o caso das argilas
comuns, fundamentais para a indústria da cerâmica de construção, das areias especiais para a indústria vidreira, dos calcários
ornamentais, do gesso utilizado na construção civil e na indústria do papel e, ainda, do salgema que é utilizado sobretudo na
indústria química.
O Maçio Hespérico estrutura-se em várias unidades geotectónicas: a Zona de Galiza-Trás-os-Montes, a Zona Centro Ibérica, a
Zona de Ossa Morena e a Zona Sul-Portuguesa.
A zona de Galiza Trás-os-Montes, no que se refere a recursos minerais metálicos, detém potencial mineiro para crómio,
platina, cobre, níquel, cobalto, tungsténio, estanho, metais preciosos (ouro e prata), lítio, urânio, ferro e sulfuretos polime-
tálicos. Em termos de recursos minerais não metálicos são ainda dignas de referência as ocorrências de talco nas regiões
de Morais e Bragança.
Na zona Centro-Ibérica ocorrem importantes jazigos minerais de volfrâmio e estanho (é nesta zona que se encontram as
importantes e históricas Minas da Panasqueira, concelho do Fundão, com mais de um século de laboração), ouro, prata e an-
timónio, nas regiões de Valongo/Gondomar e relevantes mineralizações de urânio, em termos de recursos minerais metálicos
e energéticos. No que se refere a recursos minerais não metálicos são importantes nesta zona as ocorrências de feldspato,
lítio e granitos ornamentais.
Na zona de Ossa Morena, o potencial referente aos recursos minerais metálicos inclui os metais básicos (cobre, chumbo e
zinco), metais preciosos, volfrâmio e estanho. É nesta zona que se encontram as importantes ocorrências de mármores das
regiões de Estremoz – Borba – Vila Viçosa, aos quais devem ainda ser acrescentados os granitos do distrito de Portalegre
(Alpalhão e Monforte).
Finalmente, a zona Sul Portuguesa, onde se localiza a mais importante mina portuguesa e uma das maiores da Europa, de co-
bre, com um potencial de extrema importância em termos de metais básicos, como o podem atestar as importantes minas que
laboraram ao longo da história nesta região, bem como o número de contratos para prospecção e pesquisa que se encontram
assinados. Considera-se ainda relevante referir o potencial desta região em termos de metais de alta tecnologia (como o caso
do índio e germânio), apesar de ainda nunca ter sido explorado na região.
A informação aqui disponibilizada apresenta-se na forma de mapa, com a distribuição geográfica das ocorrências minerais, na
forma de tabela, contendo alguns elementos de síntese de caracterização dos principais jazigos e sob a forma de texto, con-
tendo informação considerada relevante no que diz respeito ao recurso em apreço.
O principal critério de selecção das ocorrências minerais cujos dados se apresentam, para os grupos dos Recursos Minerais
Energéticos e dos Recursos Minerais Metálicos, foi a dimensão da ocorrência mineral, com base no estado actual do conheci-
mento. Assim, optou-se por incluir dados, maioritariamente, referentes aos depósitos de grande e média dimensão nas tabe-
las com informação de síntese. A dimensão do jazigo mineral em termos quantitativos é variável em função da substância, pelo
que no final se apresenta uma tabela com os intervalos correspondentes à classificação dos mesmos em termos qualitativos.
Esclarece-se que esta classificação de dimensão corresponde a classes internacionais e não à escala nacional.
Os mapas de ocorrências minerais incluem as ocorrências de grande, média e pequena dimensão. A decisão de incluir estas
últimas prende-se com os constrangimentos gráficos de apresentação de áreas potenciais para os vários recursos, a esta
escala. A inclusão das ocorrências de pequena dimensão no mapa, sem que, de um modo geral, seja incluída informação sobre
as mesmas nas tabelas, pretende evidenciar de forma mais aproximada as áreas com potencial mineiro. Com efeito, a me-
todologia agora adoptada e escala utilizada deixam de fora áreas com potencial mineiro considerável, às quais se encontram
associadas apenas ocorrências de pequena dimensão. Esta mesma metodologia deixou ainda por assinalar alguns recursos
minerais dos quais não existem ocorrências conhecidas de média e/ou grande dimensão em Portugal, como o caso do crómio.
Constitui excepção ao critério de selecção dos recursos minerais aqui abordados a sua inclusão no grupo de matérias-primas
críticas para a Europa, publicado em Junho de 2010. Assim, o antimónio, os Elementos das Terras Raras, o nióbio, o tântalo, o
berílio, o germânio e o índio foram incluídos, ainda que não existam depósitos de grande e média dimensão dos mesmos em
Portugal ou que as suas reservas não se encontrem avaliadas.
Considera-se ainda importante fazer uma referência especial ao lítio, devido à importância estratégica que tem vindo a adquirir
nos mercados. Tradicionalmente, em Portugal, os minerais de lítio têm sido encarados como um recurso não metálico, explo-
rados conjuntamente com o feldspato e quartzo e utilizados sobretudo na indústria cerâmica, motivo pelo qual aqui surgirá
caracterizado no grupo dos recursos minerais não metálicos. Contudo, é preciso ter presente que o actual potencial do país
poderá e deverá ser encarado na perspectiva de lítio metálico.
3 - Campo
Mineiro da Quin-
1947/1959 - 550.504 t Ton “in situ”= Baixo a
ta da Várzea e do Carvão Média Livre
de lignito 33 Mt Moderado
Espadanal (Rio
Maior)
Filoniano, em stockwork
Explorado entre 1913 e e um jazigo lagunar
1992, tendo produzido Aqui foi tratado o minério
Minas da
U cerca de 1000 t U3O8 Pequena de grande parte das
Urgeiriça-14
Esgotado e recuperado minas de urânio e encon-
ambientalmente tra-se em recuperação
ambiental
Encontra-se
Ton “in situ”=
Pinhal do 1981/85 - 8 t de minério concessio
U Média 700.000 t c/ Filoniano
Souto-3 de U3O8 nada
770 t U3O8
C-75
1979/85 com produção da Disseminação no xisto
Quinta do ordem de 600 t U3O8 do contacto com granito,
U Pequena
Bispo-5 Foi sujeito a recuperação filoniano e em brecha no
ambiental granito
Segundo Luís Costa (DGEG - 2005): Analisando estas três províncias minerais sob o ponto de vista da sua explorabilidade a do Alto
Alentejo apresenta-se como a mais favorável, pois tem o maior volume de recursos, o maior depósito de urânio nacional (Nisa) e a
maior proximidade geográfica dos depósitos que a integram. Pode ainda acrescentar-se que, pelo facto de todos os seus depósitos se
encontrarem intactos por ausência de qualquer actividade de exploração, será a província mineira onde o potencial para novas des-
cobertas e ampliação dos depósitos conhecidos é maior. A província das Beiras apresenta ainda um volume apreciável de recursos,
contudo o facto de os depósitos mais ricos já terem sido explorados, parte dos recursos remanescente (cerca de 40%) somente ser
recuperável por exploração subterrânea e a maior dispersão geográfica dos depósitos que a integram torna problemática a economia
da sua exploração, cujo infra-estrutura teria que ser implantada de raiz, pois a existente até 2001 foi completamente desmantelada.
Um cenário alternativo será o da exploração de alguns dos seus depósitos de mais baixo custo de produção e acabamento do ciclo
produtivo numa unidade já existente e que tivesse sido instalada no Alto Alentejo. Relativamente a Trás-os-Montes o volume de re-
cursos é muito limitado, encontrando-se a sua exploração condicionada à viabilidade económica da construção de uma unidade de
tratamento dos minérios.
De momento, e com base no conhecimento disponível, podemos concluir que a exploração dos depósitos do Alto Alentejo é a
que apresenta maior grau de atractividade económica, apresentando-se os recursos das Beiras com uma atractividade proble-
mática e de alto risco relativamente às cotações do urânio. Os recursos de Trás-os-Montes apresentam condições intermédias,
pois encontram-se concentrados num único depósito, mas o seu teor é baixo e o volume muito limitado, estando condicionado
à viabilidade do investimento necessário para tratar os seus minérios. Contudo, devemos notar que uma apreciação rigorosa das
alternativas terá que ser feito com base em estudo económico adequado e no qual deverão ser considerados cenários de sinergia
entre as diferentes regiões.
Ton.
Explorável = 390.500 Prospecção e
6 - Gralheira Ouro e Prata Nunca teve produção Média
t c/ 3,85 t Au e 13,86 pesquisa
t Ag
Intersecções de sond-
agens: 1.05 g/t Au em
13.65m, 3.19 g/t Au em
7 - Portalegre
Pequena – 3.30m, 1.47 g/t Au em
(S. Martin- Ouro Nunca teve produção Por avaliar Livre
média ? 1.0m.
ho-Mosteiros)
Trincheiras: 8.4 g/t Au
em 7.0m, 1.74 g/t Au
em 6.5m
Recurso: 276.625 t de
8 - Minas da 1952-1955 - 0.08 t Au, Pequena – Prospecção
Ouro e prata minério c/ 2.91 t Au e Por avaliar
Feixeda 2 t Ag, 70 t Pb média ? e pesquisa
56.02 t Ag
Das jazidas de ouro conhecidas de grande e média dimensão destacam-se 6 no norte do país (Três Minas, Faixa aurífera de
Penedono, Castromil, Campo Mineiro de Jales, Gralheira e Freixeda) enquanto que no sul do país se destacam as jazidas de
Montemor-o-Novo e a área de Portalegre (S. Martinho e Mosteiros) que carece ainda de uma avaliação mais detalhada mas
que os estudos preliminares apontam para um jazida com elevado potencial neste metal nobre.
Dados do séc.
XIX, apenas
análises pontuais
10 - Cortes Teve pequena exploração, sendo das escombrei- De natureza
Antimónio Pequena Livre
Pereira exportadas 164,5 t de antimonite. ras, com valores filoniana
baixos de Au.
Prospecção
muito deficiente
De natureza
Teores de 0.88%
stockwork/
11 - Alto do Sb equivalente a
Ouro, Antimónio Pouco explorada Pequena filoniano. Livre
Sobrido 8007 toneladas
Reavaliado em
de Sb metálico -
2010.
Dado a importância do antimónio como sendo uma das matérias-primas críticas para a Europa destacam-se aqui as ocorrên-
cias de Ribeiro da Serra, Lugar da Fontinha e Tapada, Cortes Pereiras, Alto do Sobrido e Montalto embora em Portugal existam
várias outras ocorrências de antimónio de dimensão mais pequena.
(*) Cálculos efectuado pela Sociedade Mineira Santa Fé, Lda. em 1960.
De entre as 53 ocorrências de que contêm titânio em Portugal, existem somente 3 em que este elemento é a principal subs-
tância útil e entre estas apenas se destaca a ocorrência de S. Torpes.
2 - Campo
Ton “in situ”= 36.000.000 t c/
Mineiro de Vila Ferro 1949/70 - 488.800 t de Fe. Média Livre
14.400.000 t de Fe
Cova do Marão
3 - Cerro do Lírio
Ton “in situ”= 184.000 t c/
e Cabeço das Manganês Produziu 737,1 t de minério. Média Livre
68.797 t de Mn
Urzes
As ocorrências de ferro encontram-se distribuídas por todo o país sendo as mais significativas as de Vila Cova do Marão (Vila
Real), Moncorvo (Bragança) e, em associação com o manganês na Serra do Cercal (Setúbal). As ocorrências de manganês são
predominantes no sul do país salientando-se a do Cerro do Lírio e Cabeço das Urzes (Beja).
Potencial para
Total minério de Cu: 23,25Mt -
In.
3,6%Cu, 1,0%Zn, 0,3% Pb, 43g/t Ag;
1 - Neves Cobre, chumbo e Mais de 27Mt Nova jazida Concessão,
Grande Total minério de Zn: 42,55 Mt -
Corvo zinco já exploradas de sulfuretos, SOMINCOR
0,4%Cu, 6,9%Zn, 1,7%Pb, 62g7tAg;
Semblana
Total sulfuretos: >300 Mt
(2010)
Prospecção até
Massa SW: 12,6Mt - 1,94% Cu, Concessão,
3 - Gavião Cobre, chumbo e Nunca foi explorada Médio ~700m profun-
2,45% Zn, 0,8% Pb, 36g/t Ag EDM
zinco didade
Potencial para
Au, Se, Co Contrato de
Cobre, chumbo e Total: 50Mt - 0,7% Cu,
4 – Lousal Grande Não avaliado Prospecção até prospecção e
zinco 1,4%Zn, 0,8% Pb
~800m profun- pesquisa
didade
Potencial
para Au, Ag
Escombreiras: 1 Mt - 1,0 g/t Au, Contrato de
5 - São Do- Total: 25 Mt - 1,25% Cu, (escombreiras)
Cobre, chumbo e Médio 10 g/t Ag; prospecção e
mingos 2,5% Zn Prospecção até
zinco Sulfuretos: >5 Mt pesquisa
~600m profun-
didade
Potencial para
Au, Ag, Pb
Contrato de
Cobre, chumbo e (escombreiras)
6 - Caveira Exploração reduzida Médio Sulfuretos: >5 Mt prospecção e
zinco Prospecção até
pesquisa
~250m profun-
didade
Massa NW: 3,7Mt - 0,35% Cu,
Potencial para
4,43% Zn, 3,22% Pb, 0,40% Sn,
Au, Ag , In Contrato de
7 - Lagoa Cobre, chumbo e 72,52g/t Ag, 0,95g/t Au;
Nunca foi explorada Médio Prospecção até prospecção e
Salgada zinco Chapéu de ferro: 0,28 Mt - 0,3%
~800m profun- pesquisa
Cu, 0,3% Zn, 5,6% Pb, 60,6g/t Ag,
didade
1,0g/t Au
Potencial para
Au, Ag Contrato de
Cobre, chumbo e 1,278 Mt - 0,90% Cu, 0,70 g/t Au,
8 - Salgadinho Nunca foi explorada Médio Prospecção até prospecção e
zinco 12,1 g/t Ag
~700m profun- pesquisa
didade
Potencial para
Au, Ag
Sector NW: 0.6 Mt - 2.62% Zn, Contrato de
9 - Enferma- Cobre, chumbo e Nova jazida
Nunca foi explorada Médio 0,76% Pb, 0,05 % Cu; prospecção e
rias zinco de sulfuretos,
Total: 4,5Mt - 3,5% Zn, 0,8% Pb pesquisa
Machados
(2010)
Preguiça:
população de Contrato de
10 - Preguiça Cobre, chumbo e Exploração reduzida Vila
Médio Preguiça: 0.6-1Mt - 8%Zn, 2%Pb; quirópteros prospecção e
- Vila Ruiva zinco Ruiva: 12694t - 42%Zn
monitorizada pesquisa
pelo ICN.
Cobre, chumbo e Algares: 4,8-7Mt - 3-4% Zn, 0,45-
11 - Algares Nunca foi explorada Médio Livre
zinco 0,55% Pb
Cobre, chumbo e Balsa: 2,5-3 Mt - 2,5-3% Zn, 0,5-
12 - Balsa Nunca foi explorada Médio Livre
zinco 1% Pb, 30-50 g/t Ag
Peque-
13 - Aparis Cobre Explorada entre Aparis: 175925 t - 2,76% Cu Livre
na-média
Minérios primários: 1,73
14 - Miguel Mt - 1,15-1,49% Cu;
Cobre Médio Não Avaliado Livre
Vacas Minérios secundários:
1,17 Mt - 1,5% Cu
Localização dos jazigos de sulfuretos: Faixa Piritosa Ibérica (1 a 8), Zona Ossa Morena (9 a 14). Tipologia: Aparis e Miguel Va-
cas – jazigos filonianos, restantes depósitos – massas estratiformes. Fontes: Neves corvo (LUNDIN 2010, Relvas et al. 2006);
Aljustrel (PA 2009, EUROZINC 2004); Gavião (EDM 2008); Lousal (TADEU 1989, Matzke 1971); São Domingos (CONASA 1991);
Caveira (Mateus et al. 2008); Lagoa salgada (REDCORP 2007); Salgadinho (SFM); Enfermarias (IGM 1993, NORTHERN LION
2010); Preguiça - Vila Ruiva, Algares, Balsa (Goinhas 1971); Aparis (SFM, Gaspar 1968); Miguel Vacas (EMIL 1975).
1
A jazida de Rio de Moinhos foi intersectada em 30 m pela empresa Redcorp em 2008, num sector previamente valorizado
pelo Instituto Geológico e Mineiro, através de campanhas geofísicas e sondagens realizadas em 1996.
Definidos recentemente
9.300.000 t de recursos
inferidos c/ 0.19%
Sn e 0.24% Li (17.800
Produção (1956- 1951) - Potencial para
2 - Argemela Estanho e Lítio Grande t Sn e 22.200 t Li) e Livre ?
cerca de 150 t conc. SnO2 Rubídio
10.800.000 de recursos
potenciais c/ 0.07% Sn
e 0.2% Li (7.300 t Sn e
21.200 t Li)
3 - Campo
1958/1966 produziu 3.000t Ton. Explorável =
mineiro de Estanho Média Livre ?
conc. c/ 70%Sn 341.000 t c/ 938 t Sn
Montesinho
Ton. “in situ” =294.655
Estanho e Produção: 1.816 t conc. c/ t c/ 720 t Sn. Ton.
4 - Argozelo Média Livre ?
Tungsténio 68%Sn e 70% WO3 Explorável = 67.000 t c/
142 t Sn e 731 t W
Pode ser
Explorada a céu
4 - Fonte Santa 1955/1983 produziu Total de 60.000.000 de t
Tungsténio aberto
Lagoaça (Mog- 629 t de concentrados Grande possíveis com teor de 0.024% a Livre
scheelite Reconhecido
adouro) de scheelite. 0.056% com 33 000t de WO3
com 18 sond-
agens
5 - Campo
mineiro da Serra
Campo Mineiro de Covas
d’Arga
(Serra d’Arga) - > Existência
(Covas, Tungsténio Produção histórica de Avaliação da
de 690.000 ton de recursos
Cerdeirinha, scheelite e 370.000 ton com 0,61 Grande Union Carbide Livre
indicados com 0,86 % de WO3 +
Valdarcas, volframite % WO3 de 1975
233.000 ton de recursos inferi-
Fervença,
dos com 0,56 % WO3
Lapa Grande,
Telheira)
8 - Bejan- Tungsténio e Produziu 184t de SnO2 5000000t com 2350t de WO3 e Avaliação de
Médio Livre
ca-Bodiosa estanho e 178t de WO3. 3070t de Sn. 1985
10 -Vale de Tungsténio
Porros ( Figue- Scheelite es- Reservas possíveis de 347.600t
Médio Livre
ira Castelo tanho com 1.840t de WO3
Rodrigo) fluor
O tungsténio é um metal de grande importância estratégica uma vez que se trata do metal mais duro que se conhece, o que
tem mais elevado ponto de fusão, o mais alto módulo de elasticidade e o mais baixo coeficiente de dilatação térmica. Os prin-
REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) HISTÓRICA ACTUAL
MINERAL
Na área de Vale de Cavalos (carta 1:25 000 nº 360) a SE de Portalegre, após cartografia geológica à escala 1:5 000 e geoquí-
mica de rocha, definiu-se um recurso de quartzitos radioactivos ordovícicos intra-xistentos (que contêm monazite nodular),
com espessura média de 1 m detectáveis com cintilómetro (valores de radiação natural em média de poucas centenas de c/s)
ocorrendo numa extensão de 5.5 km.
REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) HISTÓRICA ACTUAL
MINERAL
Exploração aluvi-
1- Mina de Ton “in situ”= 9.170.000 t c/ 13.185 t de
Sn, Ta e Nb . Grande onar e subter- Livre
Almendra Sn, 350 t de Nb e 290 t de Ta
rânea.
As ocorrências portuguesas de columbo‑tantalites repartem‑se por 4 áreas potenciais: Serra de Arga, Gonçalo‑Vela‑Benespe-
ra‑Belmonte-Sabugal, Chaves-Boticas-Montalegre e Sátão‑Mangualde‑ Viseu. E, embora os pegmatitos com columbo‑tan-
talites sejam frequentes nestas áreas, o seu teor é em geral muito baixo para que de per si justifique uma exploração mineira.
A produção portuguesa de columbo‑tantalites foi principalmente obtida como subproduto do tratamento de concentrados de
cassiterite como é o caso da Mina de Almendra salientada aqui.
Produziu, além de
1- Monte da Ton „in situ“= 40.000 t c/ 100 t Potencial para
Be, Ta, Nb berilo e tantalite, 961 Média Livre
Alvorada de berilo e 50 tde tântalo Ta, Nb
t de quartzo.
Quartzo, Feldspa- Ton “in situ“ = 1.000.000 com
Srª da Assunção Média
to e Be 1% Be
Portugal produz algum berilo obtido na exploração de jazigos pegmatíticos e aplopegmatíticos, em especial dos pegmatitos
cerâmicos produtores de quartzo, feldspato e mica. O berílio é subproduto da exploração destas substâncias, cuja separação
manual é em geral fácil.
O caulino é uma argila de cor branca ou quase branca que se mantém após secagem e cozedura. A sua composição integra
maioritariamente minerais do grupo da caulinite, ocorrendo acessoriamente, em geral, outros minerais argilosos e não argilo-
sos, como quartzo, feldspatos e micas.
As áreas potenciais em caulinos localizam-se sobretudo na Orla Meso-Cenozóica ocidental e no litoral entre Aveiro e Viana
do Castelo. Os primeiros constituem o grosso deste recurso, de natureza sedimentar (carácter fluvial-estuarino); os depósitos
residuais de caulino ocorrentes na faixa litoral norte associados a plataformas graníticas são de menor dimensão.
O caulino sedimentar está associado fundamentalmente a unidades geológicas detríticas do Cretácico inferior e Plio-Plisto-
cénico, efectuando-se a sua extracção por lavagem das areias. Entre os depósitos deste tipo conhecidos, são muitos os que
estão em exploração, referindo-se pela sua importância, os de Braçais, Mosteiros e bacia de Rio Maior
Considerando a importância deste recurso demarcou-se uma área potencial mais vasta indiciadora da sua ocorrência, con-
jugando os factores litostigrafia potencial, existência de concessões (activas/inactivas) e pontos de ocorrência com base em
trabalhos de campo.
As aplicações do caulino são muito diversificadas, mas presentemente, o caulino explorado em Portugal destina-se sobretudo
ao mercado interno na formulação de pastas para grés cerâmico, cerâmica branca e em muito menor percentagem, para a
indústria do papel.
As reservas actuais de caulino, das concessões em situação de exploração ou reserva cifram-se em cerca de 13,9 Mt.
As argilas comuns caracterizam-se por uma elevada complexidade e variabilidade em termos composicionais e correspondem
a sedimentos de carácter fluvio-estuarino.
Estas argilas ocorrem nas orlas meso-cenozóicas e no interior, em bacias geralmente com condicionamento tectónico, em
depósitos detríticos de idade Meso-Cenozóica, especialmente do Jurássico superior, Cretácico, Paleogénico, Miocénico e Plio-
-Plistocénico. A localização das ocorrências é assim, bastante diversificada, mas as principais localizam-se nos distritos de
Santarém, Leiria, Aveiro e Lisboa.
As argilas comuns são utilizadas na cerâmica vermelha: olaria e cerâmica de construção (tijolo, abobadilha, telha e acessórios).
Em particular as últimas constituem as argilas mais importantes em termos de volumes comercializados e em termos econó-
micos. A estimativa das reservas totais carece de estudos.
As argilas especiais, essencialmente cauliníticas, com ilite e matéria orgânica associada, são de granularidade muito fina, plás-
ticas e refractárias, do tipo “ball clay”; apresentam cor branca, cinzenta e negra. Os depósitos conhecidos destas argilas, de
idade Pliocénico e Plistocénico, ocorrem na região entre Pombal e Leiria, região de Águeda (Aguada de Cima) e de Anadia. Cons-
tituem matéria-prima importante para a cerâmica de pasta branca: faiança e grés sanitário.
Actualmente, as reservas destas argilas serão da ordem de 1Mt na região de Pombal e também de 1Mt na região de Leiria
(Barracão); na Aguada de Cima os depósitos estão quase esgotados.
As areias especiais abordadas referem-se a depósitos de areias siliciosas com elevado teor de quartzo, podendo ocorrer em
proporções reduzidas e variáveis, outros minerais, dos quais os mais frequentes são micas e feldspatos, além de argila (cauli-
no), que quando ocorre na matriz é extraída por lavagem das areias. Apresentam cor branca a amarelada.
Estas areias têm, geralmente, idade Pliocénico a Quaternário e são exploradas, por ordem de importância, em Rio Maior, Alha-
das (Figueira da Foz), Coina (Setúbal), Barosa (Leiria) e Roussa (Pombal).
Destinam-se à indústria do vidro, cerâmica e de fundição, mas também para filtros, serragem de mármores, construção civil, etc.
O diatomito é uma rocha sedimentar siliciosa, constituída por diatomáceas, a que se associa geralmente uma percentagem
variável de impurezas (argila, silte, areia, etc.).
Os jazigos em Portugal são cretácicos, pliocénicos e modernos, sendo os pliocénicos na bacia de Rio Maior e na Dagorda, a sul
de Óbidos, os que têm maior potencial pela elevada percentagem de diatomáceas e volume de recursos. Estas jazidas estão
associadas a lignitos.
As aplicações dos diatomitos são diversas destacando-se a filtração ou clarificação, cargas, isolamentos, absorventes, abrasi-
vos, cerâmica e construção civil.
A referência a esta área como potencial prende-se com a recente abertura (2002) de uma mina de volastonite (Aldeia de Obis-
po, Espanha) a cerca de 800m da fronteira portuguesa, no concelho de Almeida, inserida numa mancha geológica (xistos me-
tamórficos) com continuidade no território nacional. Estão descritos na bibliografia pequenos skarns localizados em especial
nos distritos da Guarda (Vila Nova de Foz Côa) e de Bragança (Miranda do Douro e Mogadouro).
O jazigo em Espanha é considerado o maior da Europa com reservas avaliadas em 100x106 t, o que equivale ao consumo
mundial actual, durante 40 anos.
O gesso e o sal-gema constituem rochas que ocorrem em Portugal nas orlas mesozóicas ocidental e algarvia, integrando for-
mações de idade hetangiana. Essas ocorrências tanto se verificam nas bordaduras como no interior dessas orlas, constituindo,
neste caso, estruturas diapíricas.
No mapa referente a estes recursos assinalam-se as ocorrências conhecidas com valores quantificados. Assinalam-se tam-
bém as estruturas diapíricas conhecidas no território nacional como áreas potenciais para a ocorrência de depósitos com valor
económico. Algumas delas não afloram (Monte Real, Pinhal Novo, São Mamede) e a maioria está reconhecida por sondagens,
as quais intersectaram vários níveis métricos de sal e gesso em profundidade, o que demonstra as suas potencialidades.
Actualmente o sal-gema é explorado na mina subterrânea de Campina de Cima (Loulé), em Matacães (Torres Vedras) e em
Carriço (Pombal). Nestes dois últimos locais a exploração é feita por dissolução do sal em profundidade, sendo que no Carriço
o objectivo principal da exploração é o de abertura de cavernas para o armazenamento de gás natural.
Ainda na região de Loulé, em Milhanes e, até há bem pouco tempo, em Soure e Óbidos, explora-se gesso cujo destino é a in-
dústria cimenteira, para o qual é uma matéria-prima essencial.
Potencial
2 - Prado
1977/1979 produziu cerca de Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-60
2500t de 5.000t. e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera
Potencial
3 - Salselas 2005/2009 em conjunto com
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica a concessão C-59, produziu Pequena Concessão C-58
de 40.000t e Magnetite
Cavaleiros) 12.000t de rocha esteatítica
cromífera
Potencial
4 - Talhas
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-61
de 12.000t e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera
Potencial
5 - Talhinhas
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-62
de 21.000t e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera
6 - Vale da Potencial
2005/2009 em conjunto com
Porca ReservasProváveis de para Cromite
Rocha esteatítica a concessão C-58 produziu Pequena Concessão C-59
(Macedo de 50.000t e Magnetite
12.000t de rocha esteatítica
Cavaleiros) cromífera
O talco é um silicato hidratado de magnésio que devido à sua baixa dureza, (é o primeiro termo da escala dureza de Mohs) tem
numerosas aplicações industriais como na indústria cerâmica, em isolantes, nas tintas, na borracha, no papel, nas rações para
animais, em lubrificantes, na indústria farmacêutica, etc. O talco mais valorizado deve ser o mais branco possível e isento de
impurezas (ferro, titânio, arsénio, crómio, etc.). Em Portugal ocorrem rochas esteatíticas originadas por alteração de rochas
ultrabásicas magnesianas determinada pela circulação de fluidos aquosos quentes silicatados. Essas rochas são em geral ricas
em óxidos de ferro e crómio (cromite e magnetite) além de aluminosilicatos e silicatos de ferro e magnésio (clorite, anfíbola,
piroxena, etc.), sulfuretos diversos (pirite, calcopirite, pirrotite, etc.) hidróxidos de ferro (limonite,etc.) cuja presença prejudica
a qualidade do talco nacional. Embora uma parte significativa destes minerais contaminantes sejam sensíveis aos campos
magnéticos, podendo ser extraídos por separação magnética o que melhoraria a cor final e a qualidade do talco produzido,
este tratamento deveria ser feito por via húmida o que implicaria a moagem e secagem do minério tornando esta beneficiação
bastante onerosa. Por isso a maior parte do talco produzido é apenas moído e utilizado tal e qual sendo por isso menos valo-
rizado. No que diz respeito às reservas a sua maior parte estão localizadas na região de Bragança-Vinhais em relação directa
com o afloramento de rochas ultrabásicas magnesianas, e estão cobertas pela concessão C-46 Sete Fontes onde se admitem
no total cerca de 1 milhão de toneladas de rocha esteatítica em reservas certas sondadas e reconhecidas em afloramento,
dispersas em várias ocorrências como Soeira nº1, Pena Maquieira, Sete Fontes, Castrelos, Corta Fogo, etc. Na antiga concessão
Soeira Nº 1 está instalada uma oficina de britagem da rocha esteatítica com capacidade para britar cerca de 340t/dia. Na região
de Macedo de Cavaleiros também em relação directa com o afloramento de rochas ultrabásicas magnesianas afloram várias
ocorrências de rocha esteatíca, genericamente de pequena dimensão cobertas pelas concessões, C-58, C-59,C-60, C-61 e C-62
que no total disporão de cerca de 128000t de reservas prováveis. Deste modo praticamente a totalidade dos afloramentos e
ocorrências conhecidas estão concessionados não sendo de prever a descoberta de outras jazidas com reservas importantes.
O quartzo e o feldspato são minerais muito comuns em Portugal. Contudo, as ocorrências com valor económico correspondem
sobretudo a estruturas filoneanas e dependem do grau de pureza desses minerais. As regiões Norte e Centro de Portugal são
aquelas em que este tipo de estruturas é mais abundante, estando associadas aos maciços graníticos que aí ocorrem e com as
rochas xistentas paleozóicas que constituem o seu encaixante.
Quanto ao lítio, é um elemento metálico constituinte de minerais como lepidolite, espodumena, petalite e ambligonite. Estes ocor-
rem de modo secundário nas estruturas filoneanas de quartzo e feldspato, particularmente nas de tipologia aplito-pegmatítica.
Distinguiram-se áreas potenciais para minerais de quartzo e feldspato e para quartzo, feldspato e lítio. A sua demarcação teve
como critério os locais de grande concentração de estruturas filoneanas e a existência de áreas concessionadas para a sua
exploração, tendo este último factor sido determinante para a distinção entre ambos os tipos de áreas. Pontualmente assina-
laram-se os locais em que há conhecimento acerca das reservas disponíveis, sendo que esses locais são de dimensão muito
restrita, quando comparados com a dimensão da área potencial respectiva.
A maioria das áreas concessionadas para a exploração de quartzo e feldspato localizam-se em vários concelhos dos distritos
da Guarda e Viseu e ainda no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo. As concessionadas para a exploração
de quartzo, feldspato e lítio localizam-se no concelho da Guarda e na região do Alto Barroso, distrito de Vila Real. A quase to-
talidade da produção destina-se à indústria da cerâmica branca nacional onde é essencial no fabrico de pavimentos cerâmicos.
A adição de minerais de lítio às pastas cerâmicas melhora as suas qualidades e diminui o seu ponto de fusão, o que se reveste
em significativos ganhos de eficiência energética. Actualmente fazem-se concentrados destes minerais a fim de melhor do-
sear a sua aplicação nas pastas cerâmicas.
G2 Granito Vila Pouca de Aguiar Pedras Salgadas; Cinza Telões 170x106 m3- Grande
500x106 m3
M1 Mármore Vila Viçosa; Borba Várias (Volume total Grande
indeferenciado)
Portugal produz e apresenta grandes potencialidades para a produção de rochas ornamentais, nomeadamente de granitos,
calcários e mármores. Produz ainda xistos e ardósias para os quais se desconhecem as potencialidades.
Granitos
O valor ornamental das rochas granitóides é condicionado pela sua tonalidade e textura sendo o seu estado de fracturação
factor preponderante para a definição dos locais onde ocorrem com valor económico.
As variedades acinzentadas e azuladas são as mais abundantes e ocorrem um pouco por todos os maciços graníticos do país.
Os tipos cromáticos com maior valia são os amarelos, rosados e avermelhados. Destacam-se como áreas de afloramentos
graníticos de elevado potencial, as dos granitos rosados de Monção e do maciço granítico de Monforte – Santa Eulália e as dos
granitos de tonalidade amarela da região de Vila Real.
A frequente vasta dimensão das áreas de ocorrência destas rochas, aliada à ausência de estudos de avaliação destes recursos,
impede a sua estimativa para a generalidade das áreas não estudadas.
Mármores
As ocorrências de mármore com reconhecido valor económico ocorrem no Anticlinal de Estremoz, nos concelhos de Estremoz,
Borba e Vila Viçosa, onde são explorados de forma quase ininterrupta desde os tempos de ocupação da Península Ibérica pelo
Império Romano. Integram a unidade geológica conhecida por Complexo Vulcano-Sedimentar Carbonatado de Estremoz. A
idade destas rochas é alvo de polémica mas, provavelmente, são ordovícicas.
As áreas demarcadas como potenciais para a ocorrência destes mármores englobam núcleos de intensa actividade extractiva
e, portanto, correspondem fundamentalmente a potencialidades para ocupação das áreas entre as pedreiras já existentes e
para exploração em profundidade.
As variedades cromáticas mais comuns são as de tons cremes, mais ou menos vergadas, ao passo que as de maior valor eco-
nómico são as de tons brancos ou rosas.
Nos concelhos de Viana do Alentejo e Alvito ocorrem variedades de mármore caracterizadas por forte vergada e tons branco
a esverdeados, sendo estes últimos os de maior valor económico. As maiores potencialidades correspondem a uma extensa
zona de afloramentos junto à povoação de Viana do Alentejo onde a actividade extractiva instalada sofreu um forte declínio na
última década.
Existem outras ocorrências de mármore no território nacional, algumas delas tendo sido alvo de pequenas explorações, no-
meadamente em Vimioso (Bragança), Ficalho e Serpa. Dada a reduzida extensão da área ocupada pelos respectivos afloramen-
tos e o seu enquadramento geológico-estrutural, as suas potencialidades são bastante limitadas, quando comparadas com as
anteriormente referidas.
Calcários
As potencialidades conhecidas em calcários para fins ornamentais verificam-se na região do Algarve, na região de Lisboa e no
Maciço Calcário Estremenho.
Na região do Algarve ocorrem duas variedades: a Brecha Algarvia (ou Brecha de Tavira) e o Escarpão. A Brecha Algarvia cor-
responde a um biostroma que faz parte da Formação Cerro da Cabeça, datada do Jurássico Superior e que se estende desde
São Bráz de Alportel até às proximidades de Tavira. Trata-se de uma variedade ornamental policromática, com tons predomi-
nantemente acinzentados e rosados. As áreas potenciais demarcadas para esta variedade foram seleccionadas em função de
estudos geológicos específicos para esse efeito. As principais pedreiras localizam-se no chamado núcleo da Mesquita (S. Bráz
de Alportel) mas actualmente estão inactivas ou em actividade muito reduzida.
O Escarpão é uma variedade de calcários micríticos de tons cinzento-azulados que ocorre na unidade geológica com o mesmo
nome. Uma das principais áreas de afloramento desta formação geológica é na região a Norte de Albufeira onde é alvo de ex-
ploração, tanto para fins industriais , como ornamentais.
Ainda na região Algarvia existem potencialidades assinaláveis para a exploração de calçada. As variedades aqui exploradas
apresentam tons creme a cinzentos.
A região a Norte de Lisboa, mais propriamente região de Pêro Pinheiro, é conhecida pelas suas potencialidades em calcários
ornamentais cujas principais variedades são o Lioz, o Encarnadão de Negrais e o Amarelo de Negrais. A actividade extractiva
está em declínio desde há vários anos motivada pelos fortes constrangimentos de ocupação territorial e pela diminuição dos
recursos existentes. Contudo esses recursos assumem especial relevo para a manutenção e recuperação dos edifícios e mo-
numentos de toda a região de Lisboa. A unidade produtiva corresponde à Formação da Bica, datada do Cretácico Superior e ca-
racterizada pela ocorrência de calcários com rudistas, os quais tipificam as principais variedades ornamentais aqui exploradas.
A região do Maciço Calcário Estremenho é aquela que apresenta maiores potencialidades para a produção de calcários orna-
mentais. As principais variedades aqui existentes fazem parte de várias unidades litoestratigráficas datadas do Jurássico Mé-
dio. Entre essas variedades contam-se o Moca Creme, o Relvinha, o Semi Rijo e o Moleanos. Têm sido exploradas com grande
intensidade desde os finais da década de 80 do século passado em vários núcleos de exploração, alguns deles com o respectivo
potencial avaliado. Os principais núcleos de exploração são o de Pé da Pedreira, Codaçal, Moleanos e Fátima. Contudo, são
ainda bastante extensas as áreas com potencial não devidamente avaliado.
Esta região do país mostra também elevadas potencialidades para a produção de lajes calcárias, as quais são utilizadas em
revestimentos rústicos de interiores e exteriores. Esse potencial está associado essencialmente às unidades litoestratigráficas
conhecidas por Camadas de Cabaços (Jurássico Superior) e Calcários de Vale da Serra (Jurássico Médio). Têm sido exploradas
essencialmente na Serra dos Candeeiros (Portela do Pereiro – Vale de Ventos) e no Planalto de Santo António, na região do
Codaçal, respectivamente.
Lousas de Valongo
As ardósias ou lousas são rochas de origem argilosa e silto-argilosa que foram sujeitas a baixo grau de metamorfismo, sendo
caracterizadas por cor cinzenta escura a negra e partição segundo planos de clivagem paralelos.
As ocorrências conhecidas deste recurso localizam-se na Formação Xistos de Valongo (Landeliano superior, Ordovícico), entre
os concelhos de Valongo e Penafiel, sendo explorados desde o séc. XIX, tanto a céu aberto como em subterrâneo.
As principais aplicações das lousas são para telhas de coberturas de edifícios, pavimentação de interiores/exteriores, revesti-
mento de paredes, bancas e pias de laboratório e mesas de bilhar.
Xistos de Barrancos
Os Xistos de Barrancos são uma variedade ornamental que se obtém a partir da Formação de Xistos com Phyllodocites de idade
Ordovícia na região de Barrancos. São xistos bastante micáceos, e cuja cor é bastante variada, entre tons de cinzento, verde e
lilás. Tipicamente apresentam abundantes icnofósseis correspondentes a pistas de vermes, o que em conjunto com a policro-
mia, lhes confere qualidade estética particular.
Actualmente a exploração desta variedade ornamental é esporádica, numa única pedreira junto à vila de Barrancos. A sua uti-
lização fundamental é a de revestimentos interiores e exteriores de carácter rústico.
Xistos do Poio
As rochas conhecidas por Xistos do Poio correspondem a pelitos e psamitos siliciosos que ocorrem na Formação da Desejosa
datada do Câmbrico e que são explorados para a obtenção de paralelepípedos estreitos e compridos, conhecidos por esteios.
As áreas potenciais para a produção destes esteios correspondem às zonas de charneira de dobras onde se verifica uma perpen-
dicularidade entre os planos de estratificação e os de clivagem, possibilitando a partição das rochas segundo esses dois planos.
A localização das principais unidades de extracção é junto à povoação Pedreiras do Poio, no concelho de Vila Nova de Foz Côa
(Distrito da Guarda).
Os Recursos Geológicos (RG) não energéticos em conexão com o meio marinho, que estão actualmente a ser objecto de pro-
cura pelo mercado, podem ser agrupados em dois grupos principais:
– Recurso mineral “per si” (ex: Pb, Co, Mn, Cu, etc.) ou
– Recurso mineral agregado (ex: sulfuretos maciços, areias, cascalho, etc.)
Mais do que em outros domínios do território, a desenvolvimento sustentável do espaço marítimo exige, de modo fundamen-
tal, o aprofundamento do conhecimento da geodiversidade marinha cujo desenvolvimento se situa a dois níveis:
Ao nível dos estudos científicos
Ao nível aplicativo em que se desenvolvem acções de Prospecção e Pesquisa (por meio de uma concessão) visando a eventual
exploração de um determinado recurso.
Os Recursos Minerais (RM) contam-se entre os recursos que podem existir nos fundos marinhos por exemplo ouro, estanho,
ilmenite, metais pesados, areias, cascalho, nódulos e crostas polimetálicas, sulfuretos polimetálicos, sulfuretos e fosforites.
Do ponto de vista estratégico, e caso se conclua que alguns que alguns destes recursos existem em quantidades minimamente
rentabilizáveis, podem existir razões indirectas que justifiquem a aposta na sua exploração. Ainda que, por exemplo, possa não
ser possível atingir o ponto de break even na exploração de um determinado recurso, pode justificar-se o apoio à exploração
(em termos fiscais e de investimento) caso isso se justifique por outros motivos, nomeadamente contribuir decisivamente para
o desenvolvimento de pólos tecnológicos com impacto noutras áreas económicas, científicas ou tecnológicas, ou rentabilizar
infra-estruturas existentes.
A finalizar esta introdução importa ainda salientar, que face à nossa inserção na União Europeia, os recursos geológicos sitos
em meio marinho são matéria em que as atribuições e competências cabem ao Estado e não são, como por exemplo em ma-
téria das pescas e do ambiente, matéria da “competência” exclusiva ou partilhada da União Europeia.
A caracterização dos Recursos Minerais não energéticos apresentada nos parágrafos seguintes não é exaustiva, existirão
outras áreas no espaço marítimo com potencial para a prospecção e pesquisa de RG não energéticos.
Da totalidade dos depósitos de agregados identificados nestes três sectores, Magalhães (2003) seleccionou aqueles que ele
considerou como possuidores de características texturais mais adequadas para a exploração, tendo como base os seguintes
critérios:
Os sectores seleccionados segundo estes critérios encontram-se representados na Figura 1, verificando-se que as áreas ob-
tidas apresentam dimensões muito heterogéneas:
Sector A – 1500km2;
Sector B - 75km2;
Sector C - 40km2.
Foi ainda considerado um cenário adicional para os cálculos, também baseado no trabalho de Magalhães (2003) assumindo
a exploração entre as batimétricas –30 e –75m. A justificação para a criação destes segundo cenário, prende-se com o facto
da legislação nacional em vigor impedir a exploração de recursos geológicos na faixa marítima de protecção costeira, que se
estende desde a linha de costa até à batimétrica dos –30m (de acordo com a Declaração de Rectificação nº63-B/2008 e o
Decreto- Lei nº 166/2008 de 22 de Agosto).
Os volumes estimados (em m3), para ambos os cenários, foram determinados considerando uma espessura média de 3 me-
tros. Os volumes em Cascalho e em Areia foram estimados tendo por base a média destes depósitos segundo Magalhães
(2003) (representados na Tabela 1).
A estimação dos volumes de agregados com potencial económico para serem explorados nas plataformas das Ilhas Açorianas
do Faial, Pico e S. Miguel (não existem dados para as plataformas das restantes ilhas) foi baseada nos trabalhos de Quartau et
al. (2002, 2003, 2005 & 2006). Com base nas áreas ocupadas por sedimentos da dimensão das areias e cascalhos nas plata-
formas destas ilhas (Figs. 2, 3 e 4), e assumindo uma exploração de agregados até 3 metros de profundidade abaixo do fundo,
obtém-se respectivamente para cada ilha um valor de 150, 360 e 560 milhões de metros cúbicos disponíveis para extracção.
Foi ainda considerado um cenário adicional, utilizando apenas as áreas de agregados que se encontrassem a mais de 250 m da
linha de costa. A justificação para a criação deste segundo cenário, prende-se com o facto da legislação regional em vigor im-
pedir a exploração de agregados a menos de 250 m da linha de costa (de acordo com Decreto Legislativo Regional n.º 9/2010/A
de 8 de Março de 2010). Assim, obtiveram-se, respectivamente para as ilhas do Faial, Pico e S. Miguel, de acordo com este
cenário valores de 146, 277 e 543 milhões de metros cúbicos disponíveis para extracção.
É importante realçar que tanto para a plataforma continental, como para as plataformas insulares, não existem estudos
que avaliem os impactos da extracção nos ecossistemas marinhos. Sendo assim estes valores poderão estar sobrestima-
dos. Por outro lado, as restrições definidas por Magalhães (2003) para calcular os volumes de recursos em agregados na
plataforma continental poderão pecar por excesso de zelo e assim os valores excessivamente baixos deste recurso poderão
estar subestimados.
Tabela 1 | Dados obtidos para a estimação dos volumes em agregados com potencial de serem explorados economicamente ao longo
dos três sectores definidos para a Plataforma Continental Portuguesa
Figura 3 | Mapa de distribuição dos fundos rochosos e fundos sedimentares com espessuras superiores a 5 metros
na plataforma da ilha do Pico.
Na região dos Açores foram descobertos até ao momento quatro campos hidrotermais: Menez Gwen, Lucky Strike, Saldanha
e Rainbow. A presente Zona Económica Exclusiva (ZEE) da região dos Açores abrange somente os dois primeiros campos hi-
drotermais. Os restantes dois ficarão, igualmente, abrangidos se o alargamento proposto para a ZEE Portuguesa for aceite.
Pelos estudos até hoje efectuados, pode afirmar-se que de todos estes campos existentes na Região dos Açores, somente o
Lucky Strike apresenta características geológicas que lhe conferem uma importância significativa como recurso mineral em
sulfuretos maciços de origem submarina.
Estima-se que 25% das necessidades globais anuais de cobalto poderão ser potencialmente produzidas a partir de uma única
montanha submarina (Mangini et al., 1987; Hein et al., 2000; Rona, 2008), no entanto, a exploração das crostas de Fe-Mn no
oceano não é para já economicamente viável (Hein et al., 2000).
Em Portugal ainda não foram levados a cabo estudos que tivessem permitido fazer uma avaliação do potencial da nossa
plataforma em termos de minerais pesados, não obstante os trabalhos já realizados de avaliação do potencial da mesma
para inertes.
Refira-se que, neste contexto, o potencial em minerais pesados pode ser encarado como possível recurso do tipo placer, cons-
tituindo interesse económico per si, ou como subproduto de explorações de inertes.
Tendo em consideração que os grãos de minerais pesados se encontram associados a sedimentos de granularidade igual ou
superior àquela que frequentemente apresentam, a área onde ocorrem depósitos de areias e cascalhos representa hipote-
ticamente a área potencial para placers. No mapa da Fig.1 encontra-se a distribuição de depósitos de areias e cascalhos na
plataforma portuguesa, de acordo com Dias et al., (1980).
OBSERVAÇÕES
SUBSTÂNCIA(S) SUB-PRODUTO(S)
NOME DA OCORRÊNCIA POTENCIAL [com base em cascalho (2000)
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAL(AIS)
e cascalho et al., 2006)]