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RECURSOS MINERAIS

O POTENCIAL DE PORTUGAL
RECURSOS MINERAIS
O POTENCIAL DE PORTUGAL
Documento elaborado para instruir o documento de
ESTRATÉGIA NACIONAL PARA OS RECURSOS GEOLÓGICOS
RECURSOS MINERIAIS
MEID

LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia


LGM – Laboratório de Geologia e Minas

O presente relatório foi elaborado pelos Técnicos e Investigadores


do LNEG em 5 de Novembro de 2010.

Augusto Filipe
Carlos M. C. Inverno
Daniel P. S. de Oliveira
Helena Santana
João X. de Matos
João Farinha Ramos,
Jorge Carvalho
Maria João Batista
Rui Sardinha
Rute Salgueiro
Vítor Lisboa
Machado Leite

Colaboração de:
Casal Moura
Luís M. P. Martins (Direcção Geral de Geologia e Energia)
Luís R. Costa (Direcção Geral de Geologia e Energia)
Prefácio
“Recursos Minerais – O Potencial de Portugal”

O lançamento em 2013 pelo Governo Português da “Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos – Recursos Minerais”, em li-
nha com a publicação pela CE em 2008 e 2010 dos documentos “Iniciativa Matérias-Primas da UE” e “Matérias-Primas Críticas
para a UE”, gerou fundadas expectativas para a Indústria Extrativa Nacional. Contudo, pese embora o investimento significativo
realizado em prospeção e pesquisa nos últimos 6 anos em Portugal pela iniciativa privada, persistem dificuldade na nossa eco-
nomia que não favoreceram o lançamento de novos projetos de exploração mineira, a que não é alheia a incerteza associada
às previsões macroeconómicas de médio e longo prazo no mercado dos minérios, atualmente fortemente influenciadas pela
natureza da crise instalada na Economia Global. Este cenário afeta igualmente outros países da EU que pretendem viabilizar a
exploração dos seus recursos minerais.

Sendo conhecido que o mercado da matérias-primas minerais é caracterizado por ciclos de flutuação das cotações, de perío-
dos e amplitudes diversas e sendo de prever que se esteja a viver atualmente uma mudança de ciclo, importa que as partes
interessadas no Sector Mineral em Portugal, reunidas na “Parceria Nacional para os Recursos Minerais”, mantenham e desen-
volvam os laços que unem os seus mútuos e variados interesses, procurando maximizar o aproveitamento de oportunidades
que potenciem o aproveitamento económico dos recursos minerais nacionais, tendo em vista a importância desse sector:
criação de riqueza primária; criação de emprego direto e indireto com grande impacto em regiões economicamente deprimidas;
contribuição líquida para o aumento da exportação; diminuição das importações.

A propósito da realização da primeira reunião do “Conselho Nacional de Stakeholders” que o LNEG aceitou coordenar no âmbito
do projeto ERA-MIN MINATURA, entendeu o seu CD que seria útil divulgar de uma forma generalizada o estudo realizado em
2011/2012 para servir de suporte à conceção da “Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos – Recursos Minerais”, no qual,
à luz do conhecimento e das perspetivas do mercado de então, se efetuou uma revisão do potencial do território nacional para
albergar recursos minerais, tendo por base o arquivo técnico histórico, a Base de dados SIORMINP e o conhecimento meta-
logenético associado à base geológica geradora de recursos minerais. Trata-se de uma avaliação que deve ser encarada para
aferir o valor relativo da contribuição da Indústria Extrativa para a riqueza nacional, podendo concluir-se que existem condições
para que essa contribuição seja incrementada, o que, a suceder, terá um efeito multiplicador que muito contribuirá para a re-
cuperação económica.

Revisitar o trabalho então realizado, colocando-o à disposição do Sector, poderá ser um incentivo para que surjam novos
promotores e novas iniciativas para aproveitamento económico dos recursos minerais nacionais, dando atenção crescente à
prospeção de jazigos não aflorantes em zonas geológicas em que predominam espessuras consideráveis de metassedimentos
e onde no passado foi revelada a existência de importantes reservas mineiras, de que se destacam as séries da Faixa Piritosa
Ibéria e dos Xistos das Beiras. O LNEG, consciente da importância de definir e prosseguir objetivos estratégicos neste domínio,
tem vindo a alertar os sucessivos Governos para a necessidade de inserir investimento público nas GOP para acolher projetos
de prospeção regional com esses objetivos.

Janeiro de 2016
A Presidente do CD do LNEG
Teresa Ponce de Leão
Resumo Executivo
De ponto de vista Geológico, as grandes zonas do território nacional albergam:

– Terrenos sedimentares recentes, como a bacia do Tejo e Sado, constituídos essencialmente por areias, arenitos, conglo-
merados e argilitos;

– As Orlas Ocidental e Meridional, também constituídas essencialmente por terrenos sedimentares, embora mais antigos,
em que ocorrem arenitos, gesso/salgema, argilitos, calcários, margas e rochas vulcânicas;

– O chamado Maciço Hespérico, que se considera dividido nas unidades Galiza-Trás-os-Montes, Centro Ibérica, Ossa Mo-
rena e Sul-Portuguesa, onde ocorrem fundamentalmente rochas metamórficas (metas­sedi­mentos, xistos, quartzitos e
mármores) e rochas ígneas antigas de idades variadas (granitos, dioritos, gabros, serpentinitos, vulcanitos, etc.);

– Os arquipélagos Atlânticos, Açores e Madeira, constituídos essencialmente por rochas vulcânicas, essencialmente basá-
lticas, com manifestação de vulcanismo recente, activo no caso dos Açores.

Um estudo mais profundo da evolução geológica do território nacional evidencia que as grandes unidades tectono-estrati-
gráficas, acima descritas de modo simplista, resultaram de processos complexos e recorrentes de vulcanismo, magmatismo,
metamorfismo, colisão e distensão continental, intercalados com períodos de erosão e sedimentação.
Este ambiente geológico justifica que no território continental ocorram, simultaneamente, grandes áreas em que afloram ma-
ciços graníticos e complexos vulcânicos que foram intensamente desnudados das rochas de cobertura e, também, zonas com
metassedimentos antigos de espessuras consideráveis, a par das 2 orlas litorais, detríticas e carbonatadas e das grandes ba-
cias hidrográficas, que recolheram os sedimentos desses processos erosivos, respectivamente mais antigos e recentes.

A Geologia é, pois, o responsável pela grande diversidade/variedade dos recursos minerais nacionais e, simultaneamente, da
dimensão dos seus jazigos/ocorrências.
Assim, as mineralizações associadas aos fenómenos de granitização – como os jazigos de Sn, W, Au, Ag – são em grande
número e dispersos por áreas extensas, mas jazigos de dimensões consideráveis não são conhecidos, apesar de as grandes
séries vulcano-sedimentares do Alentejo e os metassedimentos da Beira albergarem jazigos classificáveis com a notação de
“world class deposits”, haja em vista a sua dimensão e riqueza – casos da Panasqueira (W, Sn, Cu) e dos jazigos de sulfuretos
maciços da Faixa Piritosa, Neves Corvo e Aljustrel (Cu, Zn, Pb, Sn, Au, Ag) – bem como outras jazidas de dimensão conside-
rável – Moncorvo (Fe).

A grande maioria dos Recursos Não-Metálicos para a indústria Cerâmica, do Vidro e Cimenteira ocorre nas orlas sedimentares.
Os recursos em Rochas Industriais, Ornamentais e outras, ocorrem nas várias zonas do Maciço Hespérico onde afloram gra-
nitos e mármores e nas orlas onde ocorrem as maiores reservas de calcários (Maciço Calcário Estremenho)

Nos parágrafos seguintes apresenta-se o trabalho realizado pela equipa do LNEG, em que é feita uma descrição dos principais
Recursos Minerais, tanto quanto possível objectiva (dos pontos de vista da produção histórica, reservas potenciais e localiza-
ção geográfica), procurando fornecer informação útil para construção de um cenário sobre o POTENCIAL nacional neste tipo de
recursos endógenos. Todavia, chama-se à atenção de que os números apresentados devem ser considerados com prudência,
porque incertos, dado que resultam de arquivos históricos de proveniências muito diversas, construídos segundo critérios
díspares e de difícil controlo.

Para se efectuar uma avaliação desse POTENCIAL, é necessário ter presente que “minério” é um conceito essencialmente eco-
nómico, que radica no pressuposto de que um recurso geológico será “minério” apenas nas condições (muito favoráveis) em
que a quantidade de “metal” (elemento útil, com valor definido em cada momento pela cotações nos mercados) existente no
jazigo e tecnologicamente recuperável é suficiente para suportar todos os custos inerentes à prospecção e pesquisa que evi-
denciou o jazigo, à exploração que procederá à sua extracção, às operações de tratamento e transformação que o valorizarão
até se obter uma matéria-prima transaccionável e, ainda, ressarcir o capital investido.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 7


Em conclusão, o conceito de “minério” e indirectamente o seu POTENCIAL, não pode ser aferido sem a intervenção directa do
Promotor, cuja decisão de investimento será tomada exclusivamente sobre uma avaliação técnico-económica.

Nestes pressupostos, o POTENCIAL determinado é apresentado em seguida como sendo o da … Base nacional de Recursos
Minerais “in situ” e avaliado sobre o … conhecimento e valor de mercado à data actual (2010).

As descrições acima referidas estão organizadas em 5 capítulos, a saber:



– Recursos de Minerais Energéticos
– Recursos de Minerais Metálicos
– Recursos de Minerais Não-Metálicos
– Rochas Ornamentais e Rochas Industriais
– Recursos da Plataforma Continental e do Fundo Marinho

Para a maioria destes recursos foi procurado um valor do “volume” do recurso, obtido por agregação de valores provenien-
tes de jazigos/jazidas não exploradas ou consideradas ainda não esgotadas. Os valores agregados foram discutidos pelos
especialistas do LNEG de cada área e consolidados como aceitáveis face ao conhecimento existente, não só da natureza
geológica do recurso em si mesmo, mas também de outras condicionantes à exploração, como sejam dificuldades técnicas
específicas e o ordenamento do território, entre outras.
Para o sector das Rochas Industriais, sub-sectores dos Agregados e Inertes e dos calcários e margas para Cimento não se
contabilizou qualquer estimativa para o potencial de reservas geológicas, porque os números iriam introduzir distorções
no valor global. Todavia, as produções anuais para estes sub-sectores representam um contributo não despiciendo para a
economia nacional.

Assim, nos recursos energéticos, apenas o Urânio foi considerado para contribuir para o cálculo do Potencial. Dos elementos
para as novas tecnologias, apenas um valor conservativo das reservas de Li foi considerado no cálculo final. Os recursos
de Minerais Não-Metálicos foram considerados, mas não ultrapassam 10% do valor global do Potencial. Em contrapartida,
os Recursos em Rochas Ornamentais representam quase 50% desse Potencial, mesmo considerando índices de aprovei-
tamento das reservas “in situ” inferiores a 20%, excepto nos calcários (30%). Finalmente, refere-se que os recursos da Pla-
taforma Continental e do Fundo Marinho não foram considerados no cômputo do Potencial, embora sejam considerados
recursos muitíssimo importantes.

Feitas estas considerações, a tabela da página seguinte pode ser apresentada.

Nela figura como POTENCIAL dos Recursos Minerais “in situ”, com base no conhecimento científico e tecnológico e no mer-
cado, actuais, um valor económico da ordem de grandeza de 1 PIB Português.

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POTENCIAL da Base Nacional de Recursos de Minerais “in situ”
Conhecimento e valor de mercado em 2010 – 136.486M€

RECURSOS DE MINERAIS ENERGÉTICOS PRODUÇÃO POTENCIAL


Carvão duro 6,6 Mt
Lenhite 33,0 Mt Baixo a Moderado
Urânio 7.558 t U3O8 Elevado

RECURSOS DE MINERAIS METÁLICOS PRODUÇÃO POTENCIAL


Ouro 64,5 t Au 5,7 t Au (FPI) ? Elevado - proj em curso
Prata 95,3 t Ag 5,3 t Ag (FPI) ? Elevado - proj em curso
Antimónio 23.139 t Sb Moderado
Titânio 145.700 t Ilmenite Moderado
Ferro 208,9 Mt Fe Elevado - proj em curso
Manganês 0,5 Mt Mn Baixo a Moderado
Bário 50 Mt Ba
Cobre 1,4 Mt Cu Actividade Elevado - proj em curso
Zinco 5,5 Mt Zn Actividade Elevado - proj em curso
Chumbo 1,3 Mt Pb Actividade Moderado
Índio ?? Expectável
Germânio ?? Expectável
Tunsténio 49.584 t WO3 Actividade Elevado - proj em curso
Estanho 51.096 t Sn Actividade Elevado - proj em curso
Nióbio 350 t Nb Baixo
Tântalo 340 t Ta Baixo
Berílio 1.100 t Be Moderado
Lítio 106.279 t Li Moderado
Elementos Terras Raras 11.160 t REE+Sc+Y Baixo a Moderado

RECURSOS DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS PRODUÇÃO POTENCIAL


Caulino 38,7 Mm3 Actividade Moderado
Argilas Especiais 2,9 Mm3 Actividade Baixo
Argilas Comuns 68,9 Mm3 Actividade Elevado
Diatomito 7,5 Mm3 Baixo
Areias Especiais 1025 Mm3 Actividade Elevado
Volastonite ???
Gesso Reservas elevadas de gesso cinzento Actividade Baixo
Salgema 1,8 Reservas elevadas >92% NaCl Actividade Elevado
Talco 0,4 Mm3 Baixo a Moderado

Quartzo, Feldspato 20,0 Mm3 Inclui areias feldspáticas Actividade Moderado a Elevado

Quartzo, Feldspato c/ Li 5,5 Mm3 Actividade Moderado a Elevado

ROCHAS ORNAMENTAIS E ROCHAS INDUSTRIAIS PRODUÇÃO POTENCIAL


Mármores 500 Mm3 Actividade Elevado
Cálcários Ornamentais 182 Mm3 Actividade Elevado
Granitos Ornamentais 1.258 Mm3 Actividade Moderado a Elevado
Xistos 43 Mm3 Actividade Moderado
Rochas p/ Agregados 22 Mm3/ano Dados Produção 2007 Actividade Elevado
Calcários p/ Cimento 4,6 Mm3/ano Dados Produção 2007 Actividade Elevado

RECURSOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL E DO FUNDO MARINHO VALOR ECONÓMICO POTENCIAL


Areais + Cascalhos 2.651 Mm3 901 Mm3 Elevado - proj em curso
Sulfuretos Maciços Polimetálicos – Cu, Zn e Fe Não avaliado Elevado
Crostas Fe-Mn Não avaliado Baixo
Minerais pesados Não avaliado Moderado

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Introdução
Portugal, apesar da sua reduzida dimensão territorial, detém uma diversidade geológica muito considerável, o que lhe confere
também uma significativa diversidade em termos de recursos minerais, sendo alguns dos quais muito importantes para a
economia de algumas regiões e mesmo nacional, constituindo o principal factor de vitalidade sócio-económica em algumas
zonas do País, já que a indústria extractiva nesses casos é o principal sector gerador de emprego directo e indirecto. Citam-se,
como exemplos, a região dos mármores (Borba – Estremoz - Vila Viçosa), a região do Maciço Calcário Estremenho (localizado
na região oeste) e a região de Aljustrel – Castro Verde – Almodôvar (onde se encontram as importantes minas de cobre de
Neves Corvo e de Aljustrel). Merecem ainda destaque as Minas da Panasqueira produtoras de volfrâmio e localizadas na região
do Fundão-Covilhã.

O valor acumulado das exportações nacionais de minérios metálicos e não metálicos em 5 anos (período de 2004 a 2008) de 2
968 200 000€ expressa bem a importância que os recursos minerais portugueses representam para a nossa economia.

Em termos geológicos, Portugal continental divide-se em três grandes unidades: as Orlas Meso-Cenozóicas Ocidental e Algar-
via (que ocupam os bordos oeste e sul do território), a bacia Cenozóica do Tejo e Sado e o Maciço Hespérico (onde se encontram
os terrenos geológicos mais antigos).

As Orlas Meso-Cenozóicas e a Bacia Cenozóica do Tejo e do Sado, terrenos geológicos essencialmente de natureza sedi-
mentar, detêm um potencial muito significativo em termos de recursos minerais não metálicos, como é o caso das argilas
comuns, fundamentais para a indústria da cerâmica de construção, das areias especiais para a indústria vidreira, dos calcários
ornamentais, do gesso utilizado na construção civil e na indústria do papel e, ainda, do salgema que é utilizado sobretudo na
indústria química.

O Maçio Hespérico estrutura-se em várias unidades geotectónicas: a Zona de Galiza-Trás-os-Montes, a Zona Centro Ibérica, a
Zona de Ossa Morena e a Zona Sul-Portuguesa.

A zona de Galiza Trás-os-Montes, no que se refere a recursos minerais metálicos, detém potencial mineiro para crómio,
platina, cobre, níquel, cobalto, tungsténio, estanho, metais preciosos (ouro e prata), lítio, urânio, ferro e sulfuretos polime-
tálicos. Em termos de recursos minerais não metálicos são ainda dignas de referência as ocorrências de talco nas regiões
de Morais e Bragança.

Na zona Centro-Ibérica ocorrem importantes jazigos minerais de volfrâmio e estanho (é nesta zona que se encontram as
importantes e históricas Minas da Panasqueira, concelho do Fundão, com mais de um século de laboração), ouro, prata e an-
timónio, nas regiões de Valongo/Gondomar e relevantes mineralizações de urânio, em termos de recursos minerais metálicos
e energéticos. No que se refere a recursos minerais não metálicos são importantes nesta zona as ocorrências de feldspato,
lítio e granitos ornamentais.

Na zona de Ossa Morena, o potencial referente aos recursos minerais metálicos inclui os metais básicos (cobre, chumbo e
zinco), metais preciosos, volfrâmio e estanho. É nesta zona que se encontram as importantes ocorrências de mármores das
regiões de Estremoz – Borba – Vila Viçosa, aos quais devem ainda ser acrescentados os granitos do distrito de Portalegre
(Alpalhão e Monforte).

Finalmente, a zona Sul Portuguesa, onde se localiza a mais importante mina portuguesa e uma das maiores da Europa, de co-
bre, com um potencial de extrema importância em termos de metais básicos, como o podem atestar as importantes minas que
laboraram ao longo da história nesta região, bem como o número de contratos para prospecção e pesquisa que se encontram
assinados. Considera-se ainda relevante referir o potencial desta região em termos de metais de alta tecnologia (como o caso
do índio e germânio), apesar de ainda nunca ter sido explorado na região.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 11


Descrição Metodológica
Nos dados que aqui se apresentam referentes aos recursos minerais conhecidos em Portugal optou-se por uma estrutura
baseada numa classificação simples, relacionada com as suas aplicações genéricas. Deste modo, os recursos irão ser apresen-
tados segundo os grupos: Recursos Minerais Energéticos, Recursos Minerais Metálicos e Recursos Minerais Não Metálicos.

A informação aqui disponibilizada apresenta-se na forma de mapa, com a distribuição geográfica das ocorrências minerais, na
forma de tabela, contendo alguns elementos de síntese de caracterização dos principais jazigos e sob a forma de texto, con-
tendo informação considerada relevante no que diz respeito ao recurso em apreço.

O principal critério de selecção das ocorrências minerais cujos dados se apresentam, para os grupos dos Recursos Minerais
Energéticos e dos Recursos Minerais Metálicos, foi a dimensão da ocorrência mineral, com base no estado actual do conheci-
mento. Assim, optou-se por incluir dados, maioritariamente, referentes aos depósitos de grande e média dimensão nas tabe-
las com informação de síntese. A dimensão do jazigo mineral em termos quantitativos é variável em função da substância, pelo
que no final se apresenta uma tabela com os intervalos correspondentes à classificação dos mesmos em termos qualitativos.
Esclarece-se que esta classificação de dimensão corresponde a classes internacionais e não à escala nacional.

Os mapas de ocorrências minerais incluem as ocorrências de grande, média e pequena dimensão. A decisão de incluir estas
últimas prende-se com os constrangimentos gráficos de apresentação de áreas potenciais para os vários recursos, a esta
escala. A inclusão das ocorrências de pequena dimensão no mapa, sem que, de um modo geral, seja incluída informação sobre
as mesmas nas tabelas, pretende evidenciar de forma mais aproximada as áreas com potencial mineiro. Com efeito, a me-
todologia agora adoptada e escala utilizada deixam de fora áreas com potencial mineiro considerável, às quais se encontram
associadas apenas ocorrências de pequena dimensão. Esta mesma metodologia deixou ainda por assinalar alguns recursos
minerais dos quais não existem ocorrências conhecidas de média e/ou grande dimensão em Portugal, como o caso do crómio.
Constitui excepção ao critério de selecção dos recursos minerais aqui abordados a sua inclusão no grupo de matérias-primas
críticas para a Europa, publicado em Junho de 2010. Assim, o antimónio, os Elementos das Terras Raras, o nióbio, o tântalo, o
berílio, o germânio e o índio foram incluídos, ainda que não existam depósitos de grande e média dimensão dos mesmos em
Portugal ou que as suas reservas não se encontrem avaliadas.

Considera-se ainda importante fazer uma referência especial ao lítio, devido à importância estratégica que tem vindo a adquirir
nos mercados. Tradicionalmente, em Portugal, os minerais de lítio têm sido encarados como um recurso não metálico, explo-
rados conjuntamente com o feldspato e quartzo e utilizados sobretudo na indústria cerâmica, motivo pelo qual aqui surgirá
caracterizado no grupo dos recursos minerais não metálicos. Contudo, é preciso ter presente que o actual potencial do país
poderá e deverá ser encarado na perspectiva de lítio metálico.

12 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS DE MINERAIS
ENERGÉTICOS
Carvão

14 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) RESERVA SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO POTENCIAL
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAL ACTUAL
MINERAL

Ton “in situ”=


1 - Campo 1825/1887 - 490.098 t carvão
350.000 t c/
Mineiro de S. Carvão 1894/1972 - 9.209.128 t Média Livre
257.000 t an-
Pedro da Cova de carvão
tracite

Ton “in situ”=


1940/1977 - 5.757.397 t 3.700.000 t c/
2 - Germunde Carvão Média Livre
de carvão 2.700.000 t
antracite

3 - Campo
Mineiro da Quin-
1947/1959 - 550.504 t Ton “in situ”= Baixo a
ta da Várzea e do Carvão Média Livre
de lignito 33 Mt Moderado
Espadanal (Rio
Maior)

Ton “in situ”=


4 - Pejão Carvão 5.270.000 Mt de carvão bruto Média 2,5 Mt c/ 1,08 t Livre
Antracite

Os principais depósitos de carvão encontram-se na Bacia Carbonífera do Douro a sudeste do Porto.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 15


Urânio (U)

16 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) RESERVAS SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAIS ACTUAL
MINERAL

Mineralização por dis-


Ton “in situ”=
Desmonte experimental a seminação
Nisa-1 U Média a Grande 2.440.000 t c/
céu aberto - 14.600 m3 nos metassedimentos do
2.440 t de U3O8
exocontacto do granito

Mineralização por dis-


Tonelagem
seminação em metas-
Horta da “in situ”=
U Não foi explorada Média sedimentos do exocon-
Vilariça-2 1.181.250 t c/
tacto com as rochas
945 t de U3O8
granitóides

Filoniano, em stockwork
Explorado entre 1913 e e um jazigo lagunar
1992, tendo produzido Aqui foi tratado o minério
Minas da
U cerca de 1000 t U3O8 Pequena de grande parte das
Urgeiriça-14
Esgotado e recuperado minas de urânio e encon-
ambientalmente tra-se em recuperação
ambiental
Encontra-se
Ton “in situ”=
Pinhal do 1981/85 - 8 t de minério concessio­
U Média 700.000 t c/ Filoniano
Souto-3 de U3O8 nada
770 t U3O8
C-75
1979/85 com produção da Disseminação no xisto
Quinta do ordem de 600 t U3O8 do contacto com granito,
U Pequena
Bispo-5 Foi sujeito a recupe­ração filoniano e em brecha no
ambiental granito

Disseminação num en-


Foi sujeito a
1979/85 com produção da clave xistento no granito,
Cunha Baixa-4 U Pequena recuperação
ordem de 600 t U3O8 filoniano e em brecha no
ambiental
granito

Produção de 556 t U3O8


Campo Mineiro Composto por várias
U Foram objecto de recuper- Pequena
de Ázere-10 explorações
ação ambiental

Produção de cerca de 370


t U3O8 Jazigo em zona de cizal-
Azinhaga-12 U Pequena
Recurso conhecido quase hamento em granito
esgotado
Ton. Explorável Jazigo em brechas ferrug-
Maia-6 U Recurso nunca explorado Pequena = 260.000 t c/ inosas em estruturas de
310 t de U3O8 cizalhamento
Ton. Explorável Foi feita uma exploração
Palheiros de Recurso nunca explorado
U Pequena = 150.000 t c/ subterrânea para efeitos
Tolosa- 8 IP2 sobre o jazigo
240 t de U3O8 de investigação
Ton “in situ”=
Tarabau-11 U Não houve exploração Pequena 120.000 t c/ Filoniano
220 t de U3O8
Recurso calculado em Ton “in situ”=
Jazigo em brecha em
Boavista-7 U 1977 Pequena 233.299 t c/
granito
210 t de U3O8

1978/84 – produção de Jazigo em brecha em


Freixiosa-9 U Pequena
145 t de minério de U3O8 granito
Encontra-se
Recurso quase esgotado
Pedreiros e Filoniano, em brecha e concessio­
U Produziu, de 1953 a 1962, Pequena
Bica-13 em stockwork nada
206 t de U3O8
C-76

Ouros Jazigos da Beira Alta e Alto Alentejo Pequenas ≈2.000 t U3O8

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 17


As mineralizações de urânio que foram objecto de exploração e que em muitos casos foram já objecto de requalificação am-
biental encontram-se na região Centro. Nas regiões de Trás-os-Montes e Alto Alentejo os jazigos conhecidos não foram ex-
plorados. As ocorrências apresentadas na tabela foram classificadas de médias sendo em alguns casos o seu potencial mais
conhecido do que noutros casos. As várias gerações de documentos não permitem fazer uma análise mais detalhada, deixando
ainda a possibilidade para alguma margem de erro.

Segundo Luís Costa (DGEG - 2005): Analisando estas três províncias minerais sob o ponto de vista da sua explorabilidade a do Alto
Alentejo apresenta-se como a mais favorável, pois tem o maior volume de recursos, o maior depósito de urânio nacional (Nisa) e a
maior proximidade geográfica dos depósitos que a integram. Pode ainda acrescentar-se que, pelo facto de todos os seus depósitos se
encontrarem intactos por ausência de qualquer actividade de exploração, será a província mineira onde o potencial para novas des-
cobertas e ampliação dos depósitos conhecidos é maior. A província das Beiras apresenta ainda um volume apreciável de recursos,
contudo o facto de os depósitos mais ricos já terem sido explorados, parte dos recursos remanescente (cerca de 40%) somente ser
recuperável por exploração subterrânea e a maior dispersão geográfica dos depósitos que a integram torna problemática a economia
da sua exploração, cujo infra-estrutura teria que ser implantada de raiz, pois a existente até 2001 foi completamente desmantelada.
Um cenário alternativo será o da exploração de alguns dos seus depósitos de mais baixo custo de produção e acabamento do ciclo
produtivo numa unidade já existente e que tivesse sido instalada no Alto Alentejo. Relativamente a Trás-os-Montes o volume de re-
cursos é muito limitado, encontrando-se a sua exploração condicionada à viabilidade económica da construção de uma unidade de
tratamento dos minérios.

De momento, e com base no conhecimento disponível, podemos concluir que a exploração dos depósitos do Alto Alentejo é a
que apresenta maior grau de atractividade económica, apresentando-se os recursos das Beiras com uma atractividade proble-
mática e de alto risco relativamente às cotações do urânio. Os recursos de Trás-os-Montes apresentam condições intermédias,
pois encontram-se concentrados num único depósito, mas o seu teor é baixo e o volume muito limitado, estando condicionado
à viabilidade do investimento necessário para tratar os seus minérios. Contudo, devemos notar que uma apreciação rigorosa das
alternativas terá que ser feito com base em estudo económico adequado e no qual deverão ser considerados cenários de sinergia
entre as diferentes regiões.

18 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS DE MINERAIS
METÁLICOS
Ouro (Au) e Antimónio (Sb)

20 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) RESERVAS SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAIS ACTUAL
MINERAL
Recursos: hipótese curta -
1 - Três Minas 5.000.000 t de minério; hipótese
(Lagos da Ouro e Prata longa - 15.000.000 t de minério. Grande Teor médio 3g/ton Livre
Ribeirinha) Os desmontes romanos foram
estimados em 13.000.000 t
2 - Faixa Ton “in situ”=
1947-57 - 100.700 t de minério Prospecção
Aurífera de Ouro Média 2.235.700 t c/ 20,99 t
com teor médio de 7 g/t de Au. e pesquisa
Penedono de Au.
Ton “in situ”=
3 - Montem- Prospecção
Ouro Nunca teve produção Média 4.450.000 t c/ 12,5 t
or-o-Novo e pesquisa
de Au
Ton. Expl.= 2.418.000
Prod romana
4 - Castromil Ouro Média t c/ 4.6 t de Au e 24,2 Livre
1.000.000 t de min.
t de Ag
Ton “in situ”=
5 - Campo 4.500.000 t c/ 58 t de
Prospecção
Mineiro de Ouro e Prata 1933/92 - 25 t Au e 100 t Ag Média Au e 208,8 t de Ag. Ton.
e pesquisa
Jales Expl. = 59.900 t c/ 0,35
t Au e 1,25 t Ag

Ton.
Explorável = 390.500 Prospecção e
6 - Gralheira Ouro e Prata Nunca teve produção Média
t c/ 3,85 t Au e 13,86 pesquisa
t Ag

Intersecções de sond-
agens: 1.05 g/t Au em
13.65m, 3.19 g/t Au em
7 - Portalegre
Pequena – 3.30m, 1.47 g/t Au em
(S. Martin- Ouro Nunca teve produção Por avaliar Livre
média ? 1.0m.
ho-Mosteiros)
Trincheiras: 8.4 g/t Au
em 7.0m, 1.74 g/t Au
em 6.5m

Recurso: 276.625 t de
8 - Minas da 1952-1955 - 0.08 t Au, Pequena – Prospecção
Ouro e prata minério c/ 2.91 t Au e Por avaliar
Feixeda 2 t Ag, 70 t Pb média ? e pesquisa
56.02 t Ag

Das jazidas de ouro conhecidas de grande e média dimensão destacam-se 6 no norte do país (Três Minas, Faixa aurífera de
Penedono, Castromil, Campo Mineiro de Jales, Gralheira e Freixeda) enquanto que no sul do país se destacam as jazidas de
Montemor-o-Novo e a área de Portalegre (S. Martinho e Mosteiros) que carece ainda de uma avaliação mais detalhada mas
que os estudos preliminares apontam para um jazida com elevado potencial neste metal nobre.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 21


Antimónio (Sb)
REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) RESERVAS SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAIS ACTUAL
MINERAL

Tapada - 1880 e 1889 - produziu 5268


t de conc. Sb e 20,8 kg de Au
9 - Ribeiro da
Ribeiro da Serra e Fontinha - 1884 e Ton “in situ”= De natureza
Serra, Lugar
Ouro, Antimónio 1890 - 4.134 t conc. Sb Pequena 360.000 t c/ stockwork/ Livre
da Fontinha e
14.400 t Sb. - filoniana
Tapada
Fontinha produziu: em 1887, 2,948 kg
de ouro (7,015 g/t); no 1º sem. 1888,
6,132 kg de ouro (6,170 g/t).

Dados do séc.
XIX, apenas
análises pontuais
10 - Cortes Teve pequena exploração, sendo das escombrei- De natureza
Antimónio Pequena Livre
Pereira exportadas 164,5 t de antimonite. ras, com valores filoniana
baixos de Au.
Prospecção
muito deficiente

De natureza
Teores de 0.88%
stockwork/
11 - Alto do Sb equivalente a
Ouro, Antimónio Pouco explorada Pequena filoniano. Livre
Sobrido 8007 toneladas
Reavaliado em
de Sb metálico -
2010.

Produziram 12000 t de concentra­


dos com 60% de Sb até fins de 1888
(minério tal qual com o teor
Ton “in situ”=
em Sb de 9,5%). De natureza
27.500 t c/ 0,58
12 - Montalto Ouro, Antimónio Cuddel (1889) considera que o quartzo Pequena stockwork/ Livre
t de Au e 732 t
das entulheiras e do enchimento dos filoniana
de Sb
desmontes poderão fornecer 260 kg
de ouro (teor médio de 40 g/t Au).
A concessão caducou em 1996.

Dado a importância do antimónio como sendo uma das matérias-primas críticas para a Europa destacam-se aqui as ocorrên-
cias de Ribeiro da Serra, Lugar da Fontinha e Tapada, Cortes Pereiras, Alto do Sobrido e Montalto embora em Portugal existam
várias outras ocorrências de antimónio de dimensão mais pequena.

22 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 23
Titânio (Ti)

24 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO HISTÓ- SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) RICA ACTUAL
MINERAL

1949/1955 - 509,5 t Ton “in situ”= 690.000 m3 c/ Exploração


1- S. Torpes Titânio Média Livre
de ilmenite. W145.700t de ilmenite (*). aluvionar

(*) Cálculos efectuado pela Sociedade Mineira Santa Fé, Lda. em 1960.

De entre as 53 ocorrências de que contêm titânio em Portugal, existem somente 3 em que este elemento é a principal subs-
tância útil e entre estas apenas se destaca a ocorrência de S. Torpes.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 25


Ferro (Fe) e Manganês (Mn)

26 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S)
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS SITUAÇÃO ACTUAL
PRINCIPAL(AIS)
MINERAL

1 - Campo Definidas reservas provadas e


Contrato de
Mineiro de Mon- Ferro Média prováveis de 550 Mt de minério
prospecção e pesquisa
corvo de Fe

2 - Campo
Ton “in situ”= 36.000.000 t c/
Mineiro de Vila Ferro 1949/70 - 488.800 t de Fe. Média Livre
14.400.000 t de Fe
Cova do Marão

3 - Cerro do Lírio
Ton “in situ”= 184.000 t c/
e Cabeço das Manganês Produziu 737,1 t de minério. Média Livre
68.797 t de Mn
Urzes

Ton “in situ”= 4.650.000 t c/


4 - Serra do
Ferro e Manganês Média 2.012.000 t Fe, 384.500 t Mn e Concessão
Cercal
50.000 t Ba.

As ocorrências de ferro encontram-se distribuídas por todo o país sendo as mais significativas as de Vila Cova do Marão (Vila
Real), Moncorvo (Bragança) e, em associação com o manganês na Serra do Cercal (Setúbal). As ocorrências de manganês são
predominantes no sul do país salientando-se a do Cerro do Lírio e Cabeço das Urzes (Beja).

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 27


Cobre (Cu), Chumbo (Pb) e Zinco (Zn)

28 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


DEPÓSITO SUBSTÂNCIA(S) DIMEN- SITUAÇÃO
PRODUÇÃO HISTÓRICA RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
MINERAL PRINCIPAL(AIS) SÃO ACTUAL

Potencial para
Total minério de Cu: 23,25Mt -
In.
3,6%Cu, 1,0%Zn, 0,3% Pb, 43g/t Ag;
1 - Neves Cobre, chumbo e Mais de 27Mt Nova jazida Concessão,
Grande Total minério de Zn: 42,55 Mt -
Corvo zinco já exploradas de sulfuretos, SOMINCOR
0,4%Cu, 6,9%Zn, 1,7%Pb, 62g7tAg;
Semblana
Total sulfuretos: >300 Mt
(2010)

Feitais+Moinho: 12,33Mt - 0,2%


Cu, 5,6% Zn, 1,8% Pb, 62,9g/t Ag;
Potencial para
Cobre, chumbo e 1,58Mt - 2,2% Cu, 1,0% Zn, 0,3% Concessão,
2 - Aljustrel Exploradas 50Mt Grande Au, Ag (escom-
zinco Pb, 14,6g/t Ag. ALMINA
breiras)
Estação: 14,2Mt - 5,2% Zn;
Total sulfuretos: >150 Mt

Prospecção até
Massa SW: 12,6Mt - 1,94% Cu, Concessão,
3 - Gavião Cobre, chumbo e Nunca foi explorada Médio ~700m profun-
2,45% Zn, 0,8% Pb, 36g/t Ag EDM
zinco didade

Potencial para
Au, Se, Co Contrato de
Cobre, chumbo e Total: 50Mt - 0,7% Cu,
4 – Lousal Grande Não avaliado Prospecção até prospecção e
zinco 1,4%Zn, 0,8% Pb
~800m profun- pesquisa
didade

Potencial
para Au, Ag
Escombreiras: 1 Mt - 1,0 g/t Au, Contrato de
5 - São Do- Total: 25 Mt - 1,25% Cu, (escombreiras)
Cobre, chumbo e Médio 10 g/t Ag; prospecção e
mingos 2,5% Zn Prospecção até
zinco Sulfuretos: >5 Mt pesquisa
~600m profun-
didade
Potencial para
Au, Ag, Pb
Contrato de
Cobre, chumbo e (escombreiras)
6 - Caveira Exploração reduzida Médio Sulfuretos: >5 Mt prospecção e
zinco Prospecção até
pesquisa
~250m profun-
didade
Massa NW: 3,7Mt - 0,35% Cu,
Potencial para
4,43% Zn, 3,22% Pb, 0,40% Sn,
Au, Ag , In Contrato de
7 - Lagoa Cobre, chumbo e 72,52g/t Ag, 0,95g/t Au;
Nunca foi explorada Médio Prospecção até prospecção e
Salgada zinco Chapéu de ferro: 0,28 Mt - 0,3%
~800m profun- pesquisa
Cu, 0,3% Zn, 5,6% Pb, 60,6g/t Ag,
didade
1,0g/t Au
Potencial para
Au, Ag Contrato de
Cobre, chumbo e 1,278 Mt - 0,90% Cu, 0,70 g/t Au,
8 - Salgadinho Nunca foi explorada Médio Prospecção até prospecção e
zinco 12,1 g/t Ag
~700m profun- pesquisa
didade
Potencial para
Au, Ag
Sector NW: 0.6 Mt - 2.62% Zn, Contrato de
9 - Enferma- Cobre, chumbo e Nova jazida
Nunca foi explorada Médio 0,76% Pb, 0,05 % Cu; prospecção e
rias zinco de sulfuretos,
Total: 4,5Mt - 3,5% Zn, 0,8% Pb pesquisa
Machados
(2010)
Preguiça:
população de Contrato de
10 - Preguiça Cobre, chumbo e Exploração reduzida Vila
Médio Preguiça: 0.6-1Mt - 8%Zn, 2%Pb; quirópteros prospecção e
- Vila Ruiva zinco Ruiva: 12694t - 42%Zn
monitorizada pesquisa
pelo ICN.
Cobre, chumbo e Algares: 4,8-7Mt - 3-4% Zn, 0,45-
11 - Algares Nunca foi explorada Médio Livre
zinco 0,55% Pb
Cobre, chumbo e Balsa: 2,5-3 Mt - 2,5-3% Zn, 0,5-
12 - Balsa Nunca foi explorada Médio Livre
zinco 1% Pb, 30-50 g/t Ag
Peque-
13 - Aparis Cobre Explorada entre Aparis: 175925 t - 2,76% Cu Livre
na-média
Minérios primários: 1,73
14 - Miguel Mt - 1,15-1,49% Cu;
Cobre Médio Não Avaliado Livre
Vacas Minérios secundários:
1,17 Mt - 1,5% Cu

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 29


A Faixa Piritosa Ibérica constitui a principal província metalogenética do sudoeste peninsular, sendo considerada uma das
maiores regiões mineiras europeias, com mais de 90 depósitos de sulfuretos maciços polimetálicos identificados. Em Portugal
destacam-se de NW para SE as massas de Lagoa Salgada; Rio de Moinhos1, Caveira (massas Salvador, António, Pero-Cuco
e Canal); Lousal (massas Sul, Oeste, Central, Miguel, José, Fernando, Norte e António); Salgadinho; Aljustrel (massas Feitais,
Estação, Moinho, S. João, Algares e Gavião); Montinho; Neves Corvo (massas Graça, Corvo, Neves, Zambujal, Lombador e Sem-
blana); São Domingos e Chança. A mina de Neves Corvo constitui o projecto mineiro mais sustentável da Península Ibérica. O
principal alvo de prospecção é o Complexo Vulcano-Sedimentar, formação geológica onde se enquadram as mineralizações de
sulfuretos maciços e stockworks associados. Várias jazidas encontram-se ainda em reconhecimento. O amplo banco de dados
de geofísica, geoquímica, geologia e sondagens é uma mais-valia para as empresas de prospecção. A presença de minério
britado e ustulado em escombreiras traduz-se em recursos geológicos com concentrações elevadas de ouro e prata em São
Domingos, Aljustrel e Caveira.

Localização dos jazigos de sulfuretos: Faixa Piritosa Ibérica (1 a 8), Zona Ossa Morena (9 a 14). Tipologia: Aparis e Miguel Va-
cas – jazigos filonianos, restantes depósitos – massas estratiformes. Fontes: Neves corvo (LUNDIN 2010, Relvas et al. 2006);
Aljustrel (PA 2009, EUROZINC 2004); Gavião (EDM 2008); Lousal (TADEU 1989, Matzke 1971); São Domingos (CONASA 1991);
Caveira (Mateus et al. 2008); Lagoa salgada (REDCORP 2007); Salgadinho (SFM); Enfermarias (IGM 1993, NORTHERN LION
2010); Preguiça - Vila Ruiva, Algares, Balsa (Goinhas 1971); Aparis (SFM, Gaspar 1968); Miguel Vacas (EMIL 1975).

1
A jazida de Rio de Moinhos foi intersectada em 30 m pela empresa Redcorp em 2008, num sector previamente valorizado
pelo Instituto Geológico e Mineiro, através de campanhas geofísicas e sondagens realizadas em 1996.

30 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 31
Estanho (Sn)

32 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) DIMEN- SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA RESERVAS POTENCIAIS OBSERVA­ÇÕES
PRINCIPAL(AIS) SÃO ACTUAL
MINERAL

Exploração fenícia não


confirmada. Mineração
Ton. Explorável =
recente pela Societé des
6.544.800 t c/ 26.179
Mines d’ Étain d’ Ervedosa,
t SnO2. “Open Pit W”
1 - Mina de pela Ervedosa Tin Mines Ltd. Potencial para Prospecção e
Estanho Grande com recursos medidos e
Ervedosa/ Tuela e pela Tuella Tin Mines Ltd. Vanádio Pesquisa
indicados de 464.057 t
Até fins de 1969 registou-se
c/ 974,86 t Sn (teor 2,10
uma produção de cerca de
kg/t Sn)
10.000 t de concentrados de
cassiterite

Definidos recentemen­te
9.300.000 t de recursos
inferidos c/ 0.19%
Sn e 0.24% Li (17.800
Produção (1956- 1951) - Potencial para
2 - Argemela Estanho e Lítio Grande t Sn e 22.200 t Li) e Livre ?
cerca de 150 t conc. SnO2 Rubídio
10.800.000 de recursos
potenciais c/ 0.07% Sn
e 0.2% Li (7.300 t Sn e
21.200 t Li)
3 - Campo
1958/1966 produziu 3.000t Ton. Explorável =
mineiro de Estanho Média Livre ?
conc. c/ 70%Sn 341.000 t c/ 938 t Sn
Montesinho
Ton. “in situ” =294.655
Estanho e Produção: 1.816 t conc. c/ t c/ 720 t Sn. Ton.
4 - Argozelo Média Livre ?
Tungsténio 68%Sn e 70% WO3 Explorável = 67.000 t c/
142 t Sn e 731 t W

Até 1969: 4.000 t conc.


Sendo ¾ de cassiterite e ¼
5 - Minas da Estanho e de volframite;
Média Não avaliado Livre ?
Ribeira Tungsténio 1970/1985: 865 t conc de
cassiterite e 240 t conc. de
volframite e scheelite

1951/1987) produziu 2029t


Estanho, Recurso de 5.883.721
6 - Campo conc cassiterite, 2784 t conc
Titânio, Nióbio e Média m3 de aluvião c/ 759 Livre ?
Mineiro de Gaia ilmenite e 116t conc colum-
Tântalo t Sn
bo-tantalites.

1956/1965 Rib. de Nave de


Haver: 42 t conc. cassiterite
7 - Campo c/ 65-70% SnO2 e 127 t
mineiro de Nave Estanho e conc. ilmenite c/ 50% TiO2 Peque- Ton. “in situ”= 270.600 t
Concessão C-48
de Haver e Mal- Titânio 1980/1985 Rib. da Aldeia na-Média ? c/ 460 t Sn.
hada Sorda 127 t conc. cassiterite c/
70% SnO2 e 161,4 t conc
ilmenite.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 33


Tungsténio (W)

34 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


DEPÓSITO SUBSTÂNCIA(S) SITUAÇÃO
PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
MINERAL PRINCIPAL(AIS) ACTUAL

Reservas provadas e prováveis,


Produziu mais de juntamente com os recursos
1 - Panasqueira Concessão
Tungsténio, 50.000t de W, ao longo Grande indicados totalizam 5.130.000 t
(Fundão) C-18
de 100 anos com o teor de 0,26 % WO3 (total
de 13.338 t WO3)

Tonelagem certa – 31000t con-


tendo 40t de WO3. Tonelagem
não imediatamente disponível
- 128.000tcom 160t de WO3
1904/1983 produziu
2 - Borralha Reservas prováveis – 440.000t
Tungsténio, 18. 505t de Volframite Grande Livre
(Montalegre com 575t de WO3.
e scheelite
Pode produzir Mo nas brechas
Venise e Sta Helena e em
alguns dos filões de quartzo e
algum Cu e Ag.

Reservas certas 210t de WO3,


reservas prováveis de 260t de
1960/1986 produziu
3 - Vale das Tungsténio e WO3 e reservas possíveis 340t
1100t de concentra­dos Média Livre
Gatas (Sabrosa) estanho de WO3.
com 781t de WO3.
Pode produzir também Sn e
alguma Ag

Pode ser
Explorada a céu
4 - Fonte Santa 1955/1983 produziu Total de 60.000.000 de t
Tungsténio aberto
Lagoaça (Mog- 629 t de concentrados Grande possíveis com teor de 0.024% a Livre
scheelite Reconhecido
adouro) de scheelite. 0.056% com 33 000t de WO3
com 18 sond-
agens
5 - Campo
mineiro da Serra
Campo Mineiro de Covas
d’Arga
(Serra d’Arga) - > Existência
(Covas, Tungsténio Produção histórica de Avaliação da
de 690.000 ton de recursos
Cerdeirinha, scheelite e 370.000 ton com 0,61 Grande Union Carbide Livre
indicados com 0,86 % de WO3 +
Valdarcas, volframite % WO3 de 1975
233.000 ton de recursos inferi-
Fervença,
dos com 0,56 % WO3
Lapa Grande,
Telheira)

6 - Minas de Tonelagem “in situ” 500000t


Tungsténio Não teve ainda
Sta Leocádia Médio contendo 1500t de WO3 com Livre
scheelite exploração
(Tabuaço) teor médio de 0.6%.

Tungsténio Tonelagem “in situ” 1000000t


7 - S. Pedro das Não teve ainda
scheelite e Médio contendo 9000t de WO3 e 800t Livre
Águias (Tabuaço) exploração
estanho de Sn

8 - Bejan- Tungsténio e Produziu 184t de SnO2 5000000t com 2350t de WO3 e Avaliação de
Médio Livre
ca-Bodiosa estanho e 178t de WO3. 3070t de Sn. 1985

Outras ocorrências com potencialidade


DEPÓSITO SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO SITUAÇÃO
DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
MINERAL PRINCIPAL(AIS) HISTÓRICA ACTUAL
Contrato
9 -Murçós Tungsténio e 1973/1975 produziu Reservas possíveis 648.500t,
Médio Céu aberto prospecção e
(Bragança) estanho 183t de WO3 com teores entre 0.06% e 0.1%.
pesquisa

10 -Vale de Tungsténio
Porros ( Figue- Scheelite es- Reservas possíveis de 347.600t
Médio Livre
ira Cas­te­lo tanho com 1.840t de WO3
Rodrigo) fluor

Reservas prováveis entre


Tungsténio
1977/1980 produziu 50.000 e 100.000t de rocha
11 - Tarouca Scheelite Médio Livre
50 t de WO3. escarnítica e calcossilicatada
Estanho
com 0.3% a 0.5 % de WO3.

O tungsténio é um metal de grande importância estratégica uma vez que se trata do metal mais duro que se conhece, o que
tem mais elevado ponto de fusão, o mais alto módulo de elasticidade e o mais baixo coeficiente de dilatação térmica. Os prin-

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 35


cipais minérios de tungsténio são a volframite (Fe,Mn(WO4)) e a scheelite (Ca, (WO4)). Por isso no passado era considerado um
metal fortemente ligado á indústria de guerra, mas nas últimas décadas têm-se desenvolvido numerosas aplicações para fins
pacíficos como superligas e aços especiais de alta resistência, ferramentas de corte, etc. Em 2007 Portugal foi o sexto pro-
dutor mundial e o segundo produtor europeu, com 800 t de metal contido, a seguir à Áustria com 1300t de metal contido. A
China é o maior produtor mundial com 77000t de metal contido (85% da produção mundial), seguido dos USA, Rússia, Canadá,
Áustria, Bolívia, Portugal, Coreia do Norte, Brasil, Portugal e outros. Portugal apresenta condições geológicas e estruturais
extremamente favoráveis para a ocorrência de mineralizações de tungsténio. Apesar de extensamente explorado, no passado,
em especial durante os períodos de conflito mundial, Portugal apresenta ainda enormes potencialidades para a abertura de
novos centros produtores para além da mina da Panasqueira (Fundão). Essas potencialidades estão na sua maior parte rela-
cionados com antigos campos mineiros apenas parcialmente explorados, como os antigos campos mineiros de Borralha, Vale
das Gatas, Fonte Santa (Lagoaça), Bejanca-Bodiosa, Cerdeirinha, Valdarcas, quer com ocorrências que apenas foram sujeitas
a prospecção e reconhecimento mineiro caso de Santa Leocádia, Quinta das Águias, Telheira, Vale de Porros, etc. Numerosas
outras ocorrências de tungsténio, algumas com exploração no passado poderiam ser indicadas.

36 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Elementos de Terras Raras

REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) HISTÓRICA ACTUAL
MINERAL

Recurso: 2.400.000 t c/ 0.435% ∑REE e


Vale de Cavalos Terras Raras Não explorado Média Livre
0. 465% ∑REE+Sc+Y

Na área de Vale de Cavalos (carta 1:25 000 nº 360) a SE de Portalegre, após cartografia geológica à escala 1:5 000 e geoquí-
mica de rocha, definiu-se um recurso de quartzitos radioactivos ordovícicos intra-xistentos (que contêm monazite nodular),
com espessura média de 1 m detectáveis com cintilómetro (valores de radiação natural em média de poucas centenas de c/s)
ocorrendo numa extensão de 5.5 km.

Estes cálculos de reservas requerem estudos complementares.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 37


Nióbio (Nb) e tântalo (Ta)

REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) HISTÓRICA ACTUAL
MINERAL

Exploração aluvi-
1- Mina de Ton “in situ”= 9.170.000 t c/ 13.185 t de
Sn, Ta e Nb . Grande onar e subter- Livre
Almendra Sn, 350 t de Nb e 290 t de Ta
rânea.

As ocorrências portuguesas de columbo‑tantalites repartem‑se por 4 áreas potenciais: Serra de Arga, Gonçalo‑Vela‑Benespe-
ra‑Belmonte-Sabugal, Chaves-Boticas-Montalegre e Sátão‑Mangualde‑ Viseu. E, embora os pegmatitos com columbo‑tan-
talites sejam frequentes nestas áreas, o seu teor é em geral muito baixo para que de per si justifique uma exploração mineira.

A produção portuguesa de columbo‑tantalites foi principalmente obtida como subproduto do tratamento de concentrados de
cassiterite como é o caso da Mina de Almendra salientada aqui.

38 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIA(S) PRODUÇÃO HISTÓ- SITUAÇÃO
DO DEPÓSITO DIMENSÃO RESERVAS POTENCIAIS OBSERVAÇÕES
PRINCIPAL(AIS) RICA ACTUAL
MINERAL

Produziu, além de
1- Monte da Ton „in situ“= 40.000 t c/ 100 t Potencial para
Be, Ta, Nb berilo e tantalite, 961 Média Livre
Alvorada de berilo e 50 tde tântalo Ta, Nb
t de quartzo.
Quartzo, Feldspa- Ton “in situ“ = 1.000.000 com
Srª da Assunção Média
to e Be 1% Be

Portugal produz algum berilo obtido na exploração de jazigos pegmatíticos e aplopegmatíticos, em especial dos pegmatitos
cerâmicos produtores de quartzo, feldspato e mica. O berílio é subproduto da exploração destas substâncias, cuja separação
manual é em geral fácil.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 39


RECURSOS DE MINERAIS
NÃO-METÁLICOS
Caulinos

42 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REFERÊNCIA NÚCLEO RECURSOS DIMENSÃO SUB-PRODUTO
1 Albergaria dos Doze 0,9x10 m caulino
6 3
Média Areia
2 Mosteiros 1x10 m caulino
6 3
Média Areia
3 Casal dos Braçais 0,5x10 m caulino
6 3
Média Areia

REFERÊNCIA ÁREA RECURSOS DIMENSÃO SUB-PRODUTO

“Ball clay” 0,5x106 m3; Argila


A Alvarães 1,2x106 m3 caulino Média comum 0,75x106 m3; Areia e
cascalho

B Gaia - Espinho - Argila comum e areia


C Vista Alegre 0,18x106 m3 caulino Pequena Areia
D Aveiro - Coimbra - Argila comum e areia
E Catraia 5,44x10 m caulino
6 3
Grande 7x106 m3 areia feldspática
F Miranda do Corvo - Lousã 0,04x106 m3 caulino Pequena Argila comum e areia
G Pombal - Leiria 0,9x10 m caulino
6 3
Média Argila comum e areia
H Rio Maior 27x106 m3 caulino Grande Argila comum e areia
I Óbidos 0,5x10 m caulino
6 3
Média Argila comum e areia
J Torres Vedras 1x10 m caulino
6 3
Média Argila comum e areia

O caulino é uma argila de cor branca ou quase branca que se mantém após secagem e cozedura. A sua composição integra
maioritariamente minerais do grupo da caulinite, ocorrendo acessoriamente, em geral, outros minerais argilosos e não argilo-
sos, como quartzo, feldspatos e micas.

As áreas potenciais em caulinos localizam-se sobretudo na Orla Meso-Cenozóica ocidental e no litoral entre Aveiro e Viana
do Castelo. Os primeiros constituem o grosso deste recurso, de natureza sedimentar (carácter fluvial-estuarino); os depósitos
residuais de caulino ocorrentes na faixa litoral norte associados a plataformas graníticas são de menor dimensão.
O caulino sedimentar está associado fundamentalmente a unidades geológicas detríticas do Cretácico inferior e Plio-Plisto-
cénico, efectuando-se a sua extracção por lavagem das areias. Entre os depósitos deste tipo conhecidos, são muitos os que
estão em exploração, referindo-se pela sua importância, os de Braçais, Mosteiros e bacia de Rio Maior
Considerando a importância deste recurso demarcou-se uma área potencial mais vasta indiciadora da sua ocorrência, con-
jugando os factores litostigrafia potencial, existência de concessões (activas/inactivas) e pontos de ocorrência com base em
trabalhos de campo.

As aplicações do caulino são muito diversificadas, mas presentemente, o caulino explorado em Portugal destina-se sobretudo
ao mercado interno na formulação de pastas para grés cerâmico, cerâmica branca e em muito menor percentagem, para a
indústria do papel.

As reservas actuais de caulino, das concessões em situação de exploração ou reserva cifram-se em cerca de 13,9 Mt.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 43


Argilas Comuns e Argilas Especiais

44 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REFERÊNCIA NÚCLEO RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
1 Cruz da Légua 0,85x10 m Argilas comuns
6 3
Pequena Dados LNEG

REFERÊNCIA ÁREA RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES


A Anadia 0,43x106 m3 Argilas especiais Média Dados LNEG
B Mortágua 9x106 m3 Argilas comuns Pequena
C Tábua 13x106 m3 Argilas comuns Grande Dados LNEG
D Coja 1x106 m3 Argilas comuns Média Dados LNEG
E Campelo 2x10 m Argilas comuns
6 3
Média Dados LNEG
F Miranda do Corvo 2x10 m Argilas comuns
6 3
Média Dados LNEG
G Pelariga – Redinha 1,5x10 m Argilas especiais
6 3
Grande
H Barracão – Pombal 1x10 m Argilas especiais
6 3
Média Dados LNEG
I Cruz da Légua 7x10 m Argilas comuns
6 3
Peqeuna
J Torres Vedras – Bombarral 50x10 m Argilas comuns
6 3
Grande Dados LNEG

As argilas comuns caracterizam-se por uma elevada complexidade e variabilidade em termos composicionais e correspondem
a sedimentos de carácter fluvio-estuarino.

Estas argilas ocorrem nas orlas meso-cenozóicas e no interior, em bacias geralmente com condicionamento tectónico, em
depósitos detríticos de idade Meso-Cenozóica, especialmente do Jurássico superior, Cretácico, Paleogénico, Miocénico e Plio-
-Plistocénico. A localização das ocorrências é assim, bastante diversificada, mas as principais localizam-se nos distritos de
Santarém, Leiria, Aveiro e Lisboa.

As argilas comuns são utilizadas na cerâmica vermelha: olaria e cerâmica de construção (tijolo, abobadilha, telha e acessórios).
Em particular as últimas constituem as argilas mais importantes em termos de volumes comercializados e em termos econó-
micos. A estimativa das reservas totais carece de estudos.

As argilas especiais, essencialmente cauliníticas, com ilite e matéria orgânica associada, são de granularidade muito fina, plás-
ticas e refractárias, do tipo “ball clay”; apresentam cor branca, cinzenta e negra. Os depósitos conhecidos destas argilas, de
idade Pliocénico e Plistocénico, ocorrem na região entre Pombal e Leiria, região de Águeda (Aguada de Cima) e de Anadia. Cons-
tituem matéria-prima importante para a cerâmica de pasta branca: faiança e grés sanitário.

Actualmente, as reservas destas argilas serão da ordem de 1Mt na região de Pombal e também de 1Mt na região de Leiria
(Barracão); na Aguada de Cima os depósitos estão quase esgotados.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 45


Areias Especiais e Diatomito

46 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REFERÊNCIA NÚCLEO RECURSOS DIMENSÃO SUB-PRODUTO
1 Óbidos 1,5x10 m diatomito
6 3
Pequena

REFERÊNCIA ÁREA RECURSOS PRINCIPAIS DIMENSÃO SUB-PRODUTO


A Alhadas 32x106 m3 areias especiais Grande caulino
B Barosa 270x106 m3 areias especiais Grande
C Óbidos Areias especiais Pequena
D Rio Maior 6x10 m diatomito; 723x10 m areia especiais
6 3 6 3
Grande 27x106 m3 caulino
E Península de Setúbal 1.000x106 m3 areias especiais Grande

As areias especiais abordadas referem-se a depósitos de areias siliciosas com elevado teor de quartzo, podendo ocorrer em
proporções reduzidas e variáveis, outros minerais, dos quais os mais frequentes são micas e feldspatos, além de argila (cauli-
no), que quando ocorre na matriz é extraída por lavagem das areias. Apresentam cor branca a amarelada.

Estas areias têm, geralmente, idade Pliocénico a Quaternário e são exploradas, por ordem de importância, em Rio Maior, Alha-
das (Figueira da Foz), Coina (Setúbal), Barosa (Leiria) e Roussa (Pombal).

Destinam-se à indústria do vidro, cerâmica e de fundição, mas também para filtros, serragem de mármores, construção civil, etc.

As reservas totais são desconhecidas.

O diatomito é uma rocha sedimentar siliciosa, constituída por diatomáceas, a que se associa geralmente uma percentagem
variável de impurezas (argila, silte, areia, etc.).

Os jazigos em Portugal são cretácicos, pliocénicos e modernos, sendo os pliocénicos na bacia de Rio Maior e na Dagorda, a sul
de Óbidos, os que têm maior potencial pela elevada percentagem de diatomáceas e volume de recursos. Estas jazidas estão
associadas a lignitos.

As aplicações dos diatomitos são diversas destacando-se a filtração ou clarificação, cargas, isolamentos, absorventes, abrasi-
vos, cerâmica e construção civil.

As reservas totais estão avaliadas em 2.3 Mt.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 47


Volastonite

48 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


A volastonite é um silicato de cálcio (CaSiO3) do grupo das piroxenas que ocorre preferencialmente em skarns de metamorfis-
mo de contacto (metassomatismo). É um mineral com hábito fibroso e fractura segundo partículas aciculares com resistência
elevada, o que a torna especialmente adequada para a substituição dos asbestos e como agente reforçante da estrutura em
diversos materiais. É utilizada nas indústrias da tinta, do plástico, cerâmica, metalúrgica e vidreira. A sua procura actual é muito
intensa pois permite a substituição do cálcio (a partir do carbonato de cálcio) em muitas destas indústrias, de modo a contribuir
para a diminuição da produção de gases com efeito de estufa.

A referência a esta área como potencial prende-se com a recente abertura (2002) de uma mina de volastonite (Aldeia de Obis-
po, Espanha) a cerca de 800m da fronteira portuguesa, no concelho de Almeida, inserida numa mancha geológica (xistos me-
tamórficos) com continuidade no território nacional. Estão descritos na bibliografia pequenos skarns localizados em especial
nos distritos da Guarda (Vila Nova de Foz Côa) e de Bragança (Miranda do Douro e Mogadouro).

O jazigo em Espanha é considerado o maior da Europa com reservas avaliadas em 100x106 t, o que equivale ao consumo
mundial actual, durante 40 anos.

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Gesso e Salgema

50 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REFERÊNCIA SUBSTÂNCIAS NÚCLEO RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
1 Salgema Várzea da Rainha 21x10 m 6 3
Pequena Dados LNEG

REFERÊNCIA SUBSTÂNCIAS ÁREA RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES


A Salgema (gesso) Ereira - Pequena
B Salgema (gesso) Ervideira - Pequena
Em exploração
C Salgema (gesso) Monte Real > 1000x10 m 6 3
Grande
(cavernas gás natural)
D Salgema (gesso) S. Pedro de Muel > 1000x106 m3 Grande
E Salgema (gesso) Leiria/Soure - Média
F Salgema (gesso) Caldas da Rainha > 1000x106 m3 Grande
G Salgema (gesso) S. Mamede > 1000x10 m 6 3
Grande
H Salgema (gesso) Rio Maior - Pequena
I Salgema (gesso) Torres Vedras(Matacães) Pequeno
-
J Salgema (gesso) Pinhal Novo - Grande
L Salgema Loulé - Média Em exploração
M Gesso Milhanes - Pequena Em exploração

O gesso e o sal-gema constituem rochas que ocorrem em Portugal nas orlas mesozóicas ocidental e algarvia, integrando for-
mações de idade hetangiana. Essas ocorrências tanto se verificam nas bordaduras como no interior dessas orlas, constituindo,
neste caso, estruturas diapíricas.

No mapa referente a estes recursos assinalam-se as ocorrências conhecidas com valores quantificados. Assinalam-se tam-
bém as estruturas diapíricas conhecidas no território nacional como áreas potenciais para a ocorrência de depósitos com valor
económico. Algumas delas não afloram (Monte Real, Pinhal Novo, São Mamede) e a maioria está reconhecida por sondagens,
as quais intersectaram vários níveis métricos de sal e gesso em profundidade, o que demonstra as suas potencialidades.
Actualmente o sal-gema é explorado na mina subterrânea de Campina de Cima (Loulé), em Matacães (Torres Vedras) e em
Carriço (Pombal). Nestes dois últimos locais a exploração é feita por dissolução do sal em profundidade, sendo que no Carriço
o objectivo principal da exploração é o de abertura de cavernas para o armazenamento de gás natural.

Ainda na região de Loulé, em Milhanes e, até há bem pouco tempo, em Soure e Óbidos, explora-se gesso cujo destino é a in-
dústria cimenteira, para o qual é uma matéria-prima essencial.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 51


Talco (principais recursos minerais em Portugal)

52 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REF._NOME
SUBSTÂNCIAS RESERVAS
DO DEPÓSITO PRODUÇÃO HISTÓRICA DIMENSÃO OBSERVA­ÇÕES SITUAÇÃO ACTUAL
PRINCIPAIS POTENCIAIS
MINERAL
Potencial
para Cromite
1 - Sete Fontes Reservas certas de
1982/2009 produziu mais de e Magnetite
(Bragança e Rocha esteatítica Médio cerca de 1.000.000 t Concessão C-46
300.000t de rocha esteatítica. cromífera
Vinhais) de rocha esteatítica.
Tem oficina de
britagem

Potencial
2 - Prado
1977/1979 produziu cerca de Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-60
2500t de 5.000t. e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera

Potencial
3 - Salselas 2005/2009 em conjunto com
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica a concessão C-59, produziu Pequena Concessão C-58
de 40.000t e Magnetite
Cavaleiros) 12.000t de rocha esteatítica
cromífera

Potencial
4 - Talhas
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-61
de 12.000t e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera

Potencial
5 - Talhinhas
Reservas Prováveis para Cromite
(Macedo de Rocha esteatítica Pequena Concessão C-62
de 21.000t e Magnetite
Cavaleiros)
cromífera

6 - Vale da Potencial
2005/2009 em conjunto com
Porca ReservasProváveis de para Cromite
Rocha esteatítica a concessão C-58 produziu Pequena Concessão C-59
(Macedo de 50.000t e Magnetite
12.000t de rocha esteatítica
Cavaleiros) cromífera

O talco é um silicato hidratado de magnésio que devido à sua baixa dureza, (é o primeiro termo da escala dureza de Mohs) tem
numerosas aplicações industriais como na indústria cerâmica, em isolantes, nas tintas, na borracha, no papel, nas rações para
animais, em lubrificantes, na indústria farmacêutica, etc. O talco mais valorizado deve ser o mais branco possível e isento de
impurezas (ferro, titânio, arsénio, crómio, etc.). Em Portugal ocorrem rochas esteatíticas originadas por alteração de rochas
ultrabásicas magnesianas determinada pela circulação de fluidos aquosos quentes silicatados. Essas rochas são em geral ricas
em óxidos de ferro e crómio (cromite e magnetite) além de aluminosilicatos e silicatos de ferro e magnésio (clorite, anfíbola,
piroxena, etc.), sulfuretos diversos (pirite, calcopirite, pirrotite, etc.) hidróxidos de ferro (limonite,etc.) cuja presença prejudica
a qualidade do talco nacional. Embora uma parte significativa destes minerais contaminantes sejam sensíveis aos campos
magnéticos, podendo ser extraídos por separação magnética o que melhoraria a cor final e a qualidade do talco produzido,
este tratamento deveria ser feito por via húmida o que implicaria a moagem e secagem do minério tornando esta beneficiação
bastante onerosa. Por isso a maior parte do talco produzido é apenas moído e utilizado tal e qual sendo por isso menos valo-
rizado. No que diz respeito às reservas a sua maior parte estão localizadas na região de Bragança-Vinhais em relação directa
com o afloramento de rochas ultrabásicas magnesianas, e estão cobertas pela concessão C-46 Sete Fontes onde se admitem
no total cerca de 1 milhão de toneladas de rocha esteatítica em reservas certas sondadas e reconhecidas em afloramento,
dispersas em várias ocorrências como Soeira nº1, Pena Maquieira, Sete Fontes, Castrelos, Corta Fogo, etc. Na antiga concessão
Soeira Nº 1 está instalada uma oficina de britagem da rocha esteatítica com capacidade para britar cerca de 340t/dia. Na região
de Macedo de Cavaleiros também em relação directa com o afloramento de rochas ultrabásicas magnesianas afloram várias
ocorrências de rocha esteatíca, genericamente de pequena dimensão cobertas pelas concessões, C-58, C-59,C-60, C-61 e C-62
que no total disporão de cerca de 128000t de reservas prováveis. Deste modo praticamente a totalidade dos afloramentos e
ocorrências conhecidas estão concessionados não sendo de prever a descoberta de outras jazidas com reservas importantes.

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Quartzo, Feldspato e Lítio

54 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


REFERÊNCIA SUBSTÂNCIAS NÚCLEO RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES
1 Quartzo e Feldspato Terras de Bouro 0,04x10 m 6 3
Média Dados LNEG
Dados concessões
2–3 Quartzo, Feldspato e Lítio Alto Barroso 1,7x10 m 6 3
Grande
mineiras
Dados concessões
4–5 Quartzo, Feldspato e Lítio Guarda 0,75x10 m 6 3
Média
mineiras
6 Quartzo e Feldspato Bajoca 10 x10 m 6 3
Grande

REFERÊNCIA SUBSTÂNCIAS ÁREA RECURSOS DIMENSÃO OBSERVAÇÕES


A Quartzo, Feldspato e Lítio Serra de Arga 3x10 m
6 3
Grande
B Quartzo e Feldspato Terras de Bouro 0,06x10 m 6 3
Média
C Quartzo, Feldspato e Lítio Alto Barroso - Grande Dados LNEG
Mangualde - Satão - Aguiar
D Quartzo e Feldspato 0,71x106 m3 Média
da Beira
E Quartzo, Feldspato e Lítio Guarda - Grande
F Quartzo e Feldspato Catraia 4,93x106 m3 Grande

O quartzo e o feldspato são minerais muito comuns em Portugal. Contudo, as ocorrências com valor económico correspondem
sobretudo a estruturas filoneanas e dependem do grau de pureza desses minerais. As regiões Norte e Centro de Portugal são
aquelas em que este tipo de estruturas é mais abundante, estando associadas aos maciços graníticos que aí ocorrem e com as
rochas xistentas paleozóicas que constituem o seu encaixante.

Quanto ao lítio, é um elemento metálico constituinte de minerais como lepidolite, espodumena, petalite e ambligonite. Estes ocor-
rem de modo secundário nas estruturas filoneanas de quartzo e feldspato, particularmente nas de tipologia aplito-pegmatítica.

Distinguiram-se áreas potenciais para minerais de quartzo e feldspato e para quartzo, feldspato e lítio. A sua demarcação teve
como critério os locais de grande concentração de estruturas filoneanas e a existência de áreas concessionadas para a sua
exploração, tendo este último factor sido determinante para a distinção entre ambos os tipos de áreas. Pontualmente assina-
laram-se os locais em que há conhecimento acerca das reservas disponíveis, sendo que esses locais são de dimensão muito
restrita, quando comparados com a dimensão da área potencial respectiva.

A maioria das áreas concessionadas para a exploração de quartzo e feldspato localizam-se em vários concelhos dos distritos
da Guarda e Viseu e ainda no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo. As concessionadas para a exploração
de quartzo, feldspato e lítio localizam-se no concelho da Guarda e na região do Alto Barroso, distrito de Vila Real. A quase to-
talidade da produção destina-se à indústria da cerâmica branca nacional onde é essencial no fabrico de pavimentos cerâmicos.
A adição de minerais de lítio às pastas cerâmicas melhora as suas qualidades e diminui o seu ponto de fusão, o que se reveste
em significativos ganhos de eficiência energética. Actualmente fazem-se concentrados destes minerais a fim de melhor do-
sear a sua aplicação nas pastas cerâmicas.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 55


Granitos, Calcários, Mármores e Xistos Ornamentais

56 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 57
REFERÊNCIA SUBSTÂNCIA NÚCLEO DESIGNAÇÃO RECURSOS DIMENSÃO
1 Calcário blocos Moleanos Moleanos 3x10 m
6 3
Grande
2 Calcário blocos Codaçal Semi Rijo 4x10 m
6 3
Grande
3 Calcário blocos Pé da Pedreira Moca Creme; Relvinha 34x10 m 6 3
Grande
4 Calcário blocos Cabeça Veada Semi Rijo 10x10 m 6 3
Grande

REFERÊNCIA SUBSTÂNCIA ÁREA DESIGNAÇÃO RECURSOS DIMENSÃO


G1 Granito Monção Rosa Monção 95x106 m3 Grande

G2 Granito Vila Pouca de Aguiar Pedras Salgadas; Cinza Telões 170x106 m3- Grande

Sabrosa; Vila Pouca de


G3 Granito Falperra; Amarelo Vila Real 140x106 m3 Grande
Aguiar
G4 Granito Penafiel Alpendurada 180x106 m3 Grande
Moimenta da Beira;
G5 Granito Branco Aguiar; Cinzento Ariz 85x106 m3 Grande
Sernancelhe
G6 Granito Penalva do Castelo Esmolfe; Cinzento Antas 60x106 m3 Média
G7 Granito Pinhel Cinzento de Pinhel 100x106 m3 Grande
G8 Granito Almeida Branco Almeida 4,5x10 m 6 3
Pequena
G9 Granito Nisa SPI 10x10 m 6 3
Pequena
80x106 m3 (Volume
Monforte; Arronches; Forte Rosa; Rosa Coral; Rosa Arronches;
G10 Granito total indeferen- Grande
Elvas Vermelho Barbacena
ciado)

G11 Granito Arronches; Elvas Favaco 15x106 m3 Pequena


G12 Granito Arraiolos Branco Vimieiro 14x10 m 6 3
Pequena
G13 Granito Évora Azulália 55 x10 m 6 3
Média
S1 Sienito Monchique Cinzento Monchique 60 x10 m 6 3
Média
X1 Xisto Valongo; Penafiel Lousa de Valongo 2,5 x106 m3 Média
X2 Xisto Vila Nova de Foz Côa Xisto negro de Foz Côa 6 x10 m 6 3
Média
X3 Xisto Barrancos Xisto de Barrancos 150x10 m 3 3
Grande

Moleanos; Semi Rijo; Ataíja; Moca Creme,


C1 Calcário blocos MCE - Grande
Relvinha

C2 Calcário calçada MCE Calçada - Grande


C3 Calcário laje MCE Lajes - Grande
C4 Calcário blocos Mesquita - Butoque Brecha Algarvia 48x106 m3 Grande
C5 Calcário blocos Escarpão Escarpão - Grande
C6 Calcário calçada Funchais Calçada - Grande
C7 Calcário calçada Jordana Calçada - Grande

C8 Calcário blocos Pêro Pinheiro Lioz, Amarelo e Encarnadão 5x106 m3 Pequena

500x106 m3
M1 Mármore Vila Viçosa; Borba Várias (Volume total Grande
indeferenciado)

M2 Mármore Viana do Alentejo Várias - Grande

Portugal produz e apresenta grandes potencialidades para a produção de rochas ornamentais, nomeadamente de granitos,
calcários e mármores. Produz ainda xistos e ardósias para os quais se desconhecem as potencialidades.

Granitos
O valor ornamental das rochas granitóides é condicionado pela sua tonalidade e textura sendo o seu estado de fracturação
factor preponderante para a definição dos locais onde ocorrem com valor económico.
As variedades acinzentadas e azuladas são as mais abundantes e ocorrem um pouco por todos os maciços graníticos do país.

58 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Contudo, pelas suas particularidades texturais e extensão ocupada pela fácies ornamental, destacam-se as potencialidades
das regiões de Pedras Salgadas, Vimieiro (Évora) e Nisa.

Os tipos cromáticos com maior valia são os amarelos, rosados e avermelhados. Destacam-se como áreas de afloramentos
graníticos de elevado potencial, as dos granitos rosados de Monção e do maciço granítico de Monforte – Santa Eulália e as dos
granitos de tonalidade amarela da região de Vila Real.

A frequente vasta dimensão das áreas de ocorrência destas rochas, aliada à ausência de estudos de avaliação destes recursos,
impede a sua estimativa para a generalidade das áreas não estudadas.

Mármores
As ocorrências de mármore com reconhecido valor económico ocorrem no Anticlinal de Estremoz, nos concelhos de Estremoz,
Borba e Vila Viçosa, onde são explorados de forma quase ininterrupta desde os tempos de ocupação da Península Ibérica pelo
Império Romano. Integram a unidade geológica conhecida por Complexo Vulcano-Sedimentar Carbonatado de Estremoz. A
idade destas rochas é alvo de polémica mas, provavelmente, são ordovícicas.
As áreas demarcadas como potenciais para a ocorrência destes mármores englobam núcleos de intensa actividade extractiva
e, portanto, correspondem fundamentalmente a potencialidades para ocupação das áreas entre as pedreiras já existentes e
para exploração em profundidade.

As variedades cromáticas mais comuns são as de tons cremes, mais ou menos vergadas, ao passo que as de maior valor eco-
nómico são as de tons brancos ou rosas.
Nos concelhos de Viana do Alentejo e Alvito ocorrem variedades de mármore caracterizadas por forte vergada e tons branco
a esverdeados, sendo estes últimos os de maior valor económico. As maiores potencialidades correspondem a uma extensa
zona de afloramentos junto à povoação de Viana do Alentejo onde a actividade extractiva instalada sofreu um forte declínio na
última década.

Existem outras ocorrências de mármore no território nacional, algumas delas tendo sido alvo de pequenas explorações, no-
meadamente em Vimioso (Bragança), Ficalho e Serpa. Dada a reduzida extensão da área ocupada pelos respectivos afloramen-
tos e o seu enquadramento geológico-estrutural, as suas potencialidades são bastante limitadas, quando comparadas com as
anteriormente referidas.

Calcários
As potencialidades conhecidas em calcários para fins ornamentais verificam-se na região do Algarve, na região de Lisboa e no
Maciço Calcário Estremenho.

Na região do Algarve ocorrem duas variedades: a Brecha Algarvia (ou Brecha de Tavira) e o Escarpão. A Brecha Algarvia cor-
responde a um biostroma que faz parte da Formação Cerro da Cabeça, datada do Jurássico Superior e que se estende desde
São Bráz de Alportel até às proximidades de Tavira. Trata-se de uma variedade ornamental policromática, com tons predomi-
nantemente acinzentados e rosados. As áreas potenciais demarcadas para esta variedade foram seleccionadas em função de
estudos geológicos específicos para esse efeito. As principais pedreiras localizam-se no chamado núcleo da Mesquita (S. Bráz
de Alportel) mas actualmente estão inactivas ou em actividade muito reduzida.

O Escarpão é uma variedade de calcários micríticos de tons cinzento-azulados que ocorre na unidade geológica com o mesmo
nome. Uma das principais áreas de afloramento desta formação geológica é na região a Norte de Albufeira onde é alvo de ex-
ploração, tanto para fins industriais , como ornamentais.

Ainda na região Algarvia existem potencialidades assinaláveis para a exploração de calçada. As variedades aqui exploradas
apresentam tons creme a cinzentos.

A região a Norte de Lisboa, mais propriamente região de Pêro Pinheiro, é conhecida pelas suas potencialidades em calcários
ornamentais cujas principais variedades são o Lioz, o Encarnadão de Negrais e o Amarelo de Negrais. A actividade extractiva
está em declínio desde há vários anos motivada pelos fortes constrangimentos de ocupação territorial e pela diminuição dos
recursos existentes. Contudo esses recursos assumem especial relevo para a manutenção e recuperação dos edifícios e mo-
numentos de toda a região de Lisboa. A unidade produtiva corresponde à Formação da Bica, datada do Cretácico Superior e ca-
racterizada pela ocorrência de calcários com rudistas, os quais tipificam as principais variedades ornamentais aqui exploradas.
A região do Maciço Calcário Estremenho é aquela que apresenta maiores potencialidades para a produção de calcários orna-
mentais. As principais variedades aqui existentes fazem parte de várias unidades litoestratigráficas datadas do Jurássico Mé-
dio. Entre essas variedades contam-se o Moca Creme, o Relvinha, o Semi Rijo e o Moleanos. Têm sido exploradas com grande
intensidade desde os finais da década de 80 do século passado em vários núcleos de exploração, alguns deles com o respectivo
potencial avaliado. Os principais núcleos de exploração são o de Pé da Pedreira, Codaçal, Moleanos e Fátima. Contudo, são
ainda bastante extensas as áreas com potencial não devidamente avaliado.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 59


Na região do MCE situam-se também os principais núcleos de exploração de calçada. As variedades exploradas apresentam
tons creme claro, cinzentos e negros. A unidade produtiva correspondente às variedades de tom creme claro é conhecida por
Calcários Micríticos da Serra de Aire, datada do Jurássico Médio e que ocupa grande extensão de afloramentos no Maciço. As
variedades de tons cinzentos ocorrem junto ao topo da unidade Calcários de Montejunto (Jurássico Superior). Desta unidade
também é proveniente a variedade de cor negra, mas cuja ocorrência está bastante localizada por condicionamento por uma
estrutura vulcânica .

Esta região do país mostra também elevadas potencialidades para a produção de lajes calcárias, as quais são utilizadas em
revestimentos rústicos de interiores e exteriores. Esse potencial está associado essencialmente às unidades litoestratigráficas
conhecidas por Camadas de Cabaços (Jurássico Superior) e Calcários de Vale da Serra (Jurássico Médio). Têm sido exploradas
essencialmente na Serra dos Candeeiros (Portela do Pereiro – Vale de Ventos) e no Planalto de Santo António, na região do
Codaçal, respectivamente.

Lousas de Valongo
As ardósias ou lousas são rochas de origem argilosa e silto-argilosa que foram sujeitas a baixo grau de metamorfismo, sendo
caracterizadas por cor cinzenta escura a negra e partição segundo planos de clivagem paralelos.

As ocorrências conhecidas deste recurso localizam-se na Formação Xistos de Valongo (Landeliano superior, Ordovícico), entre
os concelhos de Valongo e Penafiel, sendo explorados desde o séc. XIX, tanto a céu aberto como em subterrâneo.
As principais aplicações das lousas são para telhas de coberturas de edifícios, pavimentação de interiores/exteriores, revesti-
mento de paredes, bancas e pias de laboratório e mesas de bilhar.

Xistos de Barrancos
Os Xistos de Barrancos são uma variedade ornamental que se obtém a partir da Formação de Xistos com Phyllodocites de idade
Ordovícia na região de Barrancos. São xistos bastante micáceos, e cuja cor é bastante variada, entre tons de cinzento, verde e
lilás. Tipicamente apresentam abundantes icnofósseis correspondentes a pistas de vermes, o que em conjunto com a policro-
mia, lhes confere qualidade estética particular.

Actualmente a exploração desta variedade ornamental é esporádica, numa única pedreira junto à vila de Barrancos. A sua uti-
lização fundamental é a de revestimentos interiores e exteriores de carácter rústico.

Xistos do Poio
As rochas conhecidas por Xistos do Poio correspondem a pelitos e psamitos siliciosos que ocorrem na Formação da Desejosa
datada do Câmbrico e que são explorados para a obtenção de paralelepípedos estreitos e compridos, conhecidos por esteios.

As áreas potenciais para a produção destes esteios correspondem às zonas de charneira de dobras onde se verifica uma perpen-
dicularidade entre os planos de estratificação e os de clivagem, possibilitando a partição das rochas segundo esses dois planos.

A localização das principais unidades de extracção é junto à povoação Pedreiras do Poio, no concelho de Vila Nova de Foz Côa
(Distrito da Guarda).

60 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


RECURSOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL
E DOS FUNDOS MARINHOS
O presente capítulo foi extraído do documento elaborado conjuntamente pela DGEG e pelo LNEG no âmbito da preparação do
POEM – Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo.

Os Recursos Geológicos (RG) não energéticos em conexão com o meio marinho, que estão actualmente a ser objecto de pro-
cura pelo mercado, podem ser agrupados em dois grupos principais:

– Recurso mineral “per si” (ex: Pb, Co, Mn, Cu, etc.) ou
– Recurso mineral agregado (ex: sulfuretos maciços, areias, cascalho, etc.)

Mais do que em outros domínios do território, a desenvolvimento sustentável do espaço marítimo exige, de modo fundamen-
tal, o aprofundamento do conhecimento da geodiversidade marinha cujo desenvolvimento se situa a dois níveis:
Ao nível dos estudos científicos
Ao nível aplicativo em que se desenvolvem acções de Prospecção e Pesquisa (por meio de uma concessão) visando a eventual
exploração de um determinado recurso.

Os Recursos Minerais (RM) contam-se entre os recursos que podem existir nos fundos marinhos por exemplo ouro, estanho,
ilmenite, metais pesados, areias, cascalho, nódulos e crostas polimetálicas, sulfuretos polimetálicos, sulfuretos e fosforites.

Do ponto de vista estratégico, e caso se conclua que alguns que alguns destes recursos existem em quantidades minimamente
rentabilizáveis, podem existir razões indirectas que justifiquem a aposta na sua exploração. Ainda que, por exemplo, possa não
ser possível atingir o ponto de break even na exploração de um determinado recurso, pode justificar-se o apoio à exploração
(em termos fiscais e de investimento) caso isso se justifique por outros motivos, nomeadamente contribuir decisivamente para
o desenvolvimento de pólos tecnológicos com impacto noutras áreas económicas, científicas ou tecnológicas, ou rentabilizar
infra-estruturas existentes.

A finalizar esta introdução importa ainda salientar, que face à nossa inserção na União Europeia, os recursos geológicos sitos
em meio marinho são matéria em que as atribuições e competências cabem ao Estado e não são, como por exemplo em ma-
téria das pescas e do ambiente, matéria da “competência” exclusiva ou partilhada da União Europeia.

A caracterização dos Recursos Minerais não energéticos apresentada nos parágrafos seguintes não é exaustiva, existirão
outras áreas no espaço marítimo com potencial para a prospecção e pesquisa de RG não energéticos.

62 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Agregados na Plataforma Continental Portuguesa e
das ilhas do Faial, Pico e S. Miguel
Os cálculos efectuados para a estimação de recursos em agregados na Plataforma Continental, tiveram por base a avaliação
mais recente e completa sobre este recurso feita por Magalhães (2003), que definiu três sectores:

A - entre o Rio Minho e o Cabo Mondego


B - entre a região de Setúbal e o cabo de S. Vicente;
C - Plataforma Algarvia.

Da totalidade dos depósitos de agregados identificados nestes três sectores, Magalhães (2003) seleccionou aqueles que ele
considerou como possuidores de características texturais mais adequadas para a exploração, tendo como base os seguintes
critérios:

Percentagem de bioclastos inferior a 10% (sectores A e B) e 20% (Sector C);


Percentagem de argila inferior a 10%;
Profundidades entre 15 e 75 metros;
Dimensão média do grão superior a 250 μm;
Calibração inferior a 1 segundo a classificação Folk & Ward (1957);
Conteúdo em quartzo superior a 75%.

Os sectores seleccionados segundo estes critérios encontram-se representados na Figura 1, verificando-se que as áreas ob-
tidas apresentam dimensões muito heterogéneas:

Sector A – 1500km2;
Sector B - 75km2;
Sector C - 40km2.

Foi ainda considerado um cenário adicional para os cálculos, também baseado no trabalho de Magalhães (2003) assumindo
a exploração entre as batimétricas –30 e –75m. A justificação para a criação destes segundo cenário, prende-se com o facto
da legislação nacional em vigor impedir a exploração de recursos geológicos na faixa marítima de protecção costeira, que se
estende desde a linha de costa até à batimétrica dos –30m (de acordo com a Declaração de Rectificação nº63-B/2008 e o
Decreto- Lei nº 166/2008 de 22 de Agosto).

Os volumes estimados (em m3), para ambos os cenários, foram determinados considerando uma espessura média de 3 me-
tros. Os volumes em Cascalho e em Areia foram estimados tendo por base a média destes depósitos segundo Magalhães
(2003) (representados na Tabela 1).

A estimação dos volumes de agregados com potencial económico para serem explorados nas plataformas das Ilhas Açorianas
do Faial, Pico e S. Miguel (não existem dados para as plataformas das restantes ilhas) foi baseada nos trabalhos de Quartau et
al. (2002, 2003, 2005 & 2006). Com base nas áreas ocupadas por sedimentos da dimensão das areias e cascalhos nas plata-
formas destas ilhas (Figs. 2, 3 e 4), e assumindo uma exploração de agregados até 3 metros de profundidade abaixo do fundo,
obtém-se respectivamente para cada ilha um valor de 150, 360 e 560 milhões de metros cúbicos disponíveis para extracção.
Foi ainda considerado um cenário adicional, utilizando apenas as áreas de agregados que se encontrassem a mais de 250 m da
linha de costa. A justificação para a criação deste segundo cenário, prende-se com o facto da legislação regional em vigor im-
pedir a exploração de agregados a menos de 250 m da linha de costa (de acordo com Decreto Legislativo Regional n.º 9/2010/A
de 8 de Março de 2010). Assim, obtiveram-se, respectivamente para as ilhas do Faial, Pico e S. Miguel, de acordo com este
cenário valores de 146, 277 e 543 milhões de metros cúbicos disponíveis para extracção.

É importante realçar que tanto para a plataforma continental, como para as plataformas insulares, não existem estudos
que avaliem os impactos da extracção nos ecossistemas marinhos. Sendo assim estes valores poderão estar sobrestima-
dos. Por outro lado, as restrições definidas por Magalhães (2003) para calcular os volumes de recursos em agregados na
plataforma continental poderão pecar por excesso de zelo e assim os valores excessivamente baixos deste recurso poderão
estar subestimados.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 63


SECTOR A SECTOR B SECTOR C
% Cascalho 26 14 10
% Areia 74 86 88

Área ocupada (Km2) 1.500 75 40


profundidade

Espessura média estimada (m) 3 3 3


15-75m

Volume de depósitos (Mm3) 4.500 225 120


Volume de depósitos de Cascalho (Mm3) 1.170 32 12
Volume de depósitos de Areia (Mm3) 3.330 194 106

Área ocupada (Km2) 1.122 62 0,009


profundidade

Espessura média estimada (m) 3 3 3


30-75m

Volume de depósitos (Mm ) 3


3.366 186 0,027
Volume de depósitos de Cascalho (Mm3) 875 26 0,003
Volume de depósitos de Areia (Mm ) 3
2.491 160 0,024

Tabela 1 | Dados obtidos para a estimação dos volumes em agregados com potencial de serem explorados economicamente ao longo
dos três sectores definidos para a Plataforma Continental Portuguesa

64 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Figura 1 | Mapa de distribuição dos grupos de Nickless (1973). Os principais depósitos depósitos cascalhentos estão assina-
lados por C1 a C10. Os bordos exteriores dos depósitos estão limitados pela batimétrica dos –200 metros.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 65


Figura 2 | Mapa de distribuição dos fundos rochosos e fundos sedimentares com espessuras superiores a 5 metros na
plataforma da ilha do Faial.

Figura 3 | Mapa de distribuição dos fundos rochosos e fundos sedimentares com espessuras superiores a 5 metros
na plataforma da ilha do Pico.

66 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Figura 4 | Mapa de distribuição dos fundos rochosos e fundos sedimentares com espessuras superiores a 5 metros na plataforma da ilha de S. Miguel.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 67


Sulfuretos Maciços Polimetálicos
Os sulfuretos polimetálicos dos fundos oceânicos encontram-se associados aos campos hidrotermais submarinos e consti-
tuem rochas maciças formadas quase inteiramente por minerais metálicos da categoria dos sulfuretos. Os minerais que exis-
tem em maior abundância são: a Pirite (minério de Ferro), a Calcopirite (minério de Cobre) e a Esfalerite (Minério de Zinco). Estes
sulfuretos são formados ao longo das Cristas Médias Oceânicas e em bacias associadas a zonas de subducção, e resultam da
precipitação de fluidos ricos em diversos metais que foram gerados pela lixiviação das rochas vulcânicas no interior da crusta
oceânica. Esta precipitação pode ocorrer quer à superfície da crusta, formando chaminés hidrotermais e depósitos superficiais,
quer no seu interior, sob a forma de “stockworks” ou como sulfuretos de substituição do substrato silicatado.

Ocorrências na ZEE Portuguesa


Mais de cento e cinquenta campos hidrotermais estão hoje identificados nos fundos oceânicos do nosso planeta, e cerca de
vinte destes contêm depósitos em sulfuretos maciços suficientemente extensos para ser considerados como depósitos mi-
nerais se estivessem em terra.

Na região dos Açores foram descobertos até ao momento quatro campos hidrotermais: Menez Gwen, Lucky Strike, Saldanha
e Rainbow. A presente Zona Económica Exclusiva (ZEE) da região dos Açores abrange somente os dois primeiros campos hi-
drotermais. Os restantes dois ficarão, igualmente, abrangidos se o alargamento proposto para a ZEE Portuguesa for aceite.
Pelos estudos até hoje efectuados, pode afirmar-se que de todos estes campos existentes na Região dos Açores, somente o
Lucky Strike apresenta características geológicas que lhe conferem uma importância significativa como recurso mineral em
sulfuretos maciços de origem submarina.

Caracterização sumária do Campo Hidrotermal do Lucky Strike, teores em metais e potencial


O campo hidrotermal do Lucky Strike está localizado no centro de um segmento da Crista Média Atlântica que apresenta uma
extensão de 65 km (entre os 37º 06’ N e os 37º 36’N). Os sulfuretos maciços amostrados por vezes mantêm a sua forma
original permitindo identificá-los como fragmentos de antigas chaminés hidrotermais. No entanto, na maior parte dos casos,
a forma original não é preservada, constituindo fragmentos de sulfuretos maciços sem estruturação interna (designados na
literatura anglo‐saxónica por “Sulphide Rubble”). Os teores nos principais metais de transição (Cu, Zn e Fe) são muito variáveis
e dependentes da posição espacial dentro do campo hidrotermal e do tipo de estruturas que formam. Através das análises quí-
micas obtidas (as efectuadas e as compiladas na bibliografia) a variação dos teores nestes três metais é superior a uma ordem
de grandeza. Por outro lado, e de um modo ainda mais condicionante para a quantificação do potencial deste recurso mineral,
não há qualquer informação acerca da profundidade do depósito de sulfuretos maciços. Estudos efectuados noutros campos
hidrotermais, através de perfurações realizadas no âmbito da ODP, concluíram que os jazigos se podem estender entre dois
ou mais metros até mais de 130 metros de profundidade na crusta oceânica. A conjugação das incertezas associadas a estas
duas variáveis (teores médios e profundidade do jazigo) limita grandemente a quantificação do potencial do recurso. Na tabela
abaixo, apresenta-se um conjunto possível de cenários para o cálculo de reservas nos elementos Cu, Zn e Fe. No entanto, a
informação a reter é que o Campo do Lucky Strike é um dos maiores campos hidrotermais submarinos, em área, conhecidos
até à actualidade, pelo que deverá apresentar um elevado potencial para ser explorado como recurso em metais de transição.

68 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Mapa geológico da região do Campo Hidrotermal submarino do Lucky Strike

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 69


Crostas de Ferromanganês
As amostras de crostas e nódulos de Fe-Mn, estudadas na UGM-LNEG, foram colhidas em várias montanhas submarinas do
Oceano Atlântico Nordeste e ocorrem entre os ~700 e os 4600 m de profundidade (Fig. 1).
A precipitação hidrogenética caracteriza-se por taxas de crescimento muito lentas, 1-10 mm/Ma, o que potencia a concentra-
ção de elementos metálicos com interesse económico, como o Co, Ni, Cu, Zn e Elementos do Grupo da Platina. Os depósitos
hidrogenéticos são assim considerados recursos potenciais, para o Fe e Mn, mas sobretudo para estes elementos metálicos.
Amostras já estudadas no Oceano Atlântico e no domínio da nossa ZEE, apresentam valores de Co+Ni+Cu+Zn comparáveis aos
valores de depósitos de Fe-Mn no Oceano Pacífico (Gaspar, 2001) e que são considerados potencialmente exploráveis.

Estima-se que 25% das necessidades globais anuais de cobalto poderão ser potencialmente produzidas a partir de uma única
montanha submarina (Mangini et al., 1987; Hein et al., 2000; Rona, 2008), no entanto, a exploração das crostas de Fe-Mn no
oceano não é para já economicamente viável (Hein et al., 2000).

Figura 1 | Localização das amostras de crostas de Fe-Mn do DGM-LNEG.

70 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Minerais Pesados
Os minerais pesados são minerais detríticos, com densidade superior a 2,85 g/cm3 originados a partir da desagregação de
todo o tipo de rochas. O estudo destes minerais tem sido aplicado a várias áreas da geologia, das quais se destaca a geologia
económica, uma vez que a sua concentração pode tornar-se economicamente viável para a exploração, quando constituem os
depósitos vulgarmente conhecidos por placers. Os placers incluem diversos minerais de interesse económico, destacando-se o
diamante, ouro, prata, platina, cassiterite, ilmentite, rútilo, zircão, monazite e magnetite. Estes minerais constituem fontes de
titânio, tório, zinco, estanho entre outros metais estratégicos de interesse económico.
Quando existe potencial mineiro nos terrenos geológicos atravessados pelos rios, tal como acontece em Portugal Continental,
o potencial económico das plataformas em termos deste tipo de jazigos pode tornar-se significativo. Nesta perspectiva desta-
ca-se o acarreio sedimentológico dos rios Douro, Mondego,Tejo, Sado e Guadiana para a plataforma continental, que durante
milhões de anos procederam ao desmantelando não só de um leque variado de rochas como também de jazigos minerais aí
existentes, conferindo aos sectores da foz dos referidos rios e faixas litorais a sul das mesmas (no caso do litoral oeste), um
maior potencial para jazigos do tipo placer.

Em Portugal ainda não foram levados a cabo estudos que tivessem permitido fazer uma avaliação do potencial da nossa
plataforma em termos de minerais pesados, não obstante os trabalhos já realizados de avaliação do potencial da mesma
para inertes.

Refira-se que, neste contexto, o potencial em minerais pesados pode ser encarado como possível recurso do tipo placer, cons-
tituindo interesse económico per si, ou como subproduto de explorações de inertes.
Tendo em consideração que os grãos de minerais pesados se encontram associados a sedimentos de granularidade igual ou
superior àquela que frequentemente apresentam, a área onde ocorrem depósitos de areias e cascalhos representa hipote-
ticamente a área potencial para placers. No mapa da Fig.1 encontra-se a distribuição de depósitos de areias e cascalhos na
plataforma portuguesa, de acordo com Dias et al., (1980).

OBSERVAÇÕES
SUBSTÂNCIA(S) SUB-PRODUTO(S)
NOME DA OCORRÊNCIA POTENCIAL [com base em cascalho (2000)
PRINCIPAL(AIS) POTENCIAL(AIS)
e cascalho et al., 2006)]

Plataforma Continental Setentrional


Foz do Rio Minho e o Cabo Mondego - identificada
a ocorrência de concentrações de granada, zircão,
Minerais pesados na apatite, silimanite e rútilo entre outros;
Plataforma
Continental Plataforma Continental ao largo de Sines
(e.g. Au, Fe, Ti, Recurso hi- (e.g. Au, Fe, Ti, Zr, Zn, Sn,
(e.g. ouro, prata, platina, Identificada a ocorrência de concentrações
Zr, Zn, Sn, Th) potético Th)
cassiterite, ilmentite, de apatite e zircão, entre outros;
rútilo, zircão, granada,
monazite e magnetite) Plataforma ao largo do Guadiana –
Identificada a ocorrência de concentrações
de zircão e granada, entre outros.

RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL | 71


Figura 1 | Mapa de distribuição dos depósitos de areias e cascalhos na plataforma portuguesa (adaptado de Dias et al., 1980).
Profundidade máxima de localização dos depósitos à batimétrica de -200 m.

72 | RECURSOS MINERAIS O POTENCIAL DE PORTUGAL


Anexo – Critérios de selecção da ordem de grandeza dos depósitos minerais

SUBSTÂNCIA PEQUENO MÉDIO GRANDE

Ag (toneladas de Ag) <100 100 – 1.000 >1.000

Au (toneladas de Au) <5 5 – 100 >100

Barita (toneladas de mineral) <100.000 100.000 – 2,5*106 >2,5*106

Berilo (toneladas de mineral) <100 100 – 1.000 >1.000

Carvão (toneladas) <10*106 10*106 – 1.000*106 >1.000*106

Caulino (toneladas de mineral) <500.000 500.000 – 5*106 >5*106

Cr (toneladas de FeCr2O3) <5.000 5.000 – 25.000 >25.000

Cu (toneladas de Cu) <10.000 10.000 – 250.000 >250.000

Diatomito (toneladas) <106 106 – 200*106 >200*106

Fe (toneladas de mineral) < 20*106 20*106 – 1.000*106 >1.000*106

Feldspato (toneladas de mineral) <200.000 200.000 – 5*106 >5*106

Fluorite (toneladas de mineral) <100.000 100.000 – 2,5*106 >2,5*106

Li (toneladas de Li2O) <150 150 – 1.500 >1.500

Mn (toneladas de mineral) <50.000 50.000 – 5*106 >5*106

Pb-Az-(Ag) (toneladas de Pb+Zn) <50.000 50.000 – 500.000 >500.000

Pirite-Sulfuretos complexos (t. mineral) <106 106 – 30*106 >30*106

Quartzo (toneladas de mineral) <106 106 – 200*106 >200*106

Salgema (toneladas de mineral) <106 106 – 200*106 >200*106

Sb (toneladas de Sb) <2.000 2.000 – 25.000 >25.000

Sn (toneladas de Sn) <2.000 2.000 – 25.000 >25.000

Ta+Nb (toneladas de Ta2O5+Nb2O3) <10 10 – 100 >100

Talco (toneladas de mineral) <100.000 100.000 – 1*106 >1*106

Ti (toneladas de TiO2) <1.000 1.000 – 500.000 >500.000

Terras Raras (t óxidos de Terras Raras) <1.500 1.500 – 15.000 >15.000

U (toneladas de U3O8) <250 250 – 10.000 >10.000

W (toneladas de WO3) <1.000 1000 – 10.000 >10.000

Zn+Pb (toneladas de Zn+Pb) <25.000 25.000 – 250.000 >250.000


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