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Metais,

complexos e cor
Uma das características dos metais é que os seus iões, de carga elétrica positiva,
podem associar-se a aniões ou a moléculas de outras substâncias, formando o que
se designa por um complexo.

No ião complexo hexaminoníquel (II), [Ni(NH₃)₆]2+, o ião níquel (II) está fortemente
associado a seis moléculas de amoníaco, NH₃.
As moléculas de amoníaco ligadas ao ião Ni2+ no complexo designam-se por ligandos.

Os ligandos têm como característica comum a presença de pelo menos um par de


eletrões não partilhado (não ligante), disponível para ser partilhado com o ião de
metal.
Designa-se o átomo do ligando que possui o par de eletrões não partilhado – o átomo de
nitrogénio em NH₃, no exemplo – por átomo dador.

Havendo seis átomos dadores para cada ião de metal central, diz-se que o número de
coordenação do níquel no complexo é 6.

Um complexo pode envolver mais do que uma espécie de ligando, como sucede por
exemplo em [Zn(OH)(H₂O)₃]+.
A ligação entre o átomo do metal e o átomo dador de um ligando é uma ligação
covalente dativa, ou ligação covalente coordenada.

Cada ião complexo tem a sua carga compensada por iões de carga oposta, formando os
chamados compostos de coordenação.
Quando a carga global do ião complexo é positiva, como em [Ni(NH₃)₆] 2+, a sua carga
é compensada por iões negativos, como o ião sulfato, SO₄² –. O composto de
coordenação assim formado é o sulfato de hexaminoníquel (II): [Ni(NH₃)₆]SO₄.

Quando a carga global do ião complexo é negativa, como em [Zn(OH)₄]2– ou em


[Fe(CN)₆]4–, a compensação é feita por iões positivos.

O amoníaco e o ião hidróxido são ligandos que têm,


como vimos, um único átomo dador. Designam-se
ligandos monodentados.

NH₃ – ligando
monodentado
Há, contudo, ligandos que podem ligar-se ao ião metálico através
de mais do que um dos seus átomos. Dizem-se ligandos
polidentados, ou quelantes.

EDTA – Ligando
polidentado

O ião oxalato, C₂O42–, é um ligando bidentado (um caso


particular de um ligando polidentado), já que se pode ligar a
iões metálicos através de um átomo de O de cada grupo –CO₂ -.

C₂O42– – Ligando bidentado


O EDTA é um ligando hexadentado.

Uma das suas aplicações reside na desintoxicação de um organismo que tenha ingerido
chumbo, pois este ligando forma um complexo muito estável com o ião Pb 2+.

Estrutura do complexo formado entre


o chumbo e o EDTA.
Na indústria alimentar o EDTA é usado como antioxidante, pois forma complexos
estáveis com os iões Fe2+ e Cu2+.

Outra aplicação do EDTA diz respeito à inativação de iões Ca2+ em águas duras, graças à
formação de complexos. Alguns detergentes incluem uma pequena percentagem de
EDTA para o efeito.
Um exemplo importante das aplicações de complexos em medicina é a utilização de
complexos com platina (II) e amoníaco, [Pt(NH₃)₂]Cℓ₂, no tratamento do cancro. Este
composto de coordenação, também conhecido por cis-platina, liga-se ao ADN das
células cancerosas, alterando a sua configuração e impedindo a multiplicação celular.
Na ressonância magnética melhora-se a nitidez das imagens injetando complexos de
metais como agentes de contraste. Os complexos do lantanóide gadolínio, 64Gd, são os
preferidos.
Há também um grande interesse nos complexos de európio (III), que têm a
particularidade de possuir fotoluminescência, isto é, têm a capacidade de absorver
radiação (visível ou ultravioleta) e de, ulteriormente, emitirem luz visível.
A cor é uma propriedade muito sensível à estrutura dos complexos, nomeadamente
no caso de metais de transição.

A cor dos complexos está relacionada com transições eletrónicas envolvendo


eletrões de orbitais d.

Perante luz branca – que, como é sabido, é composta por radiações de várias
frequências – a cor apresentada por uma substância resulta, em regra, da absorção
seletiva de fotões de luz visível. Estes fotões são absorvidos pelos eletrões, que,
deste modo, passam a níveis de energia mais altos.
No caso dos metais de transição, os eletrões d desempenham um papel central neste
processo, em particular as orbitais 3d, no caso dos metais da 1a série de transição.

Os níveis de energia eletrónica dependem, claro está, do


elemento metálico.

Os complexos podem apresentar


cores muito diversificadas
As cores de soluções aquosas que contenham iões da 1 a série de transição da Tabela
Periódica são diversas.
Ião Eletrões de valência Cor
Ti3+ 3d1 Púrpura
V3+ 3d2 Verde
Cr3+ 3d3 Violeta
Mn3+ 3d4 Violeta
Mn2+ 3d5 Rosa-pálido
Fe3+ 3d5 Amarelo
Fe2+ 3d6 Verde
Co2+ 3d7 Rosa
Ni2+ 3d8 Verde
Cu2+ 3d9 Azul
A natureza do ligando pode, igualmente, determinar diferenças.

O sulfato de cobre anidro, CuSO₄, é branco, mas o sulfato de cobre penta-hidratado,


CuSO₄·5H₂O, é azul, como consequência de o ião Cu2+ estar ligado a moléculas H₂O.

Uma solução aquosa de sulfato de cobre é azul-clara, mas na presença de


NH₃ em concentração suficiente torna-se azul-escura, devido à
substituição de algumas moléculas de água por moléculas de amoníaco
como ligando do complexo com Cu2+.
1. Indique duas aplicações do EDTA.

2. Indique o número de coordenação do ião complexo [Co(H 2O)6]3+ .

3. Quais as transições eletrónicas responsáveis pela cor dos complexos?


1. Indique duas aplicações do EDTA.
As aplicações do EDTA são:
– na terapia de envenenamento por metais pesados;
– na indústria alimentar atuando como antioxidante;
– em detergentes, no tratamento de águas duras.

2. Indique o número de coordenação do ião complexo [Co(H 2O)6]3+ .

O número de coordenação deste ião é 6.

3. Quais as transições eletrónicas responsáveis pela cor dos complexos?


As soluções aquosas de iões complexos são coradas devido a transições
eletrónicas que envolvem eletrões de orbitais d .

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