Você está na página 1de 6

1.

INTRODUÇÃO

O níquel, moderadamente abundante, é utilizado numa ampla variedade


de ligas. Nos compostos simples, é predominantemente iônico e divalente,
existindo como Ni2+ na maioria de seus complexos, incluindo haletos, óxido,
sulfeto, seleneto, telureto e sais de ácido, formando estruturas octaédricas,
quadrados planares, tetraédricas, bipirâmides trigonais e pirâmides de base
quadrada. 1,2

Os complexos formados com amônia [Ni(NH3)6]2+, [Ni(H2O)4(NH3)2]2+ e o


complexo com etilenodiamina [Ni(en)3]2+ são octaédricos, possuem coloração
azul e são paramagnéticos, já que os íons d8 apresentam dois elétrons
desemparelhados. Em complexos com ligantes de campo forte, os elétrons são
forçados a emparelharem-se, formando-se complexos quadrados planares
diamagnéticos e são vermelhos, marrons ou amarelos.2

Complexos tetraédricos de Ni2+, geralmente com ligantes haletos, tem


coloração azul e podem ser distinguidos facilmente de complexos quadrados
planares pelo fato de serem paramagnéticos. 1,2

A coloração aparece em íons contendo camadas d ou f incompletas. Num


íon gasoso livre, os cinco orbitais d são degenerados, portanto, idênticos em
termos de energia. Em situações reais, o íon estará rodeado por moléculas de
solvente se estiver em solução; estará rodeado por outros ligantes se fizer parte
de um complexo; ou rodeado por outros íons se fizer parte de um retículo
cristalino. 2,3

Se o íon metálico central de um íon complexo tiver uma configuração d8,


seis elétrons ocuparão os orbitais t2g e dois elétrons ocuparão os orbitais eg,
sendo o mesmo arranjo de um complexo de campo fraco e os orbitais são
preenchidos simetricamente, formando um complexo octaédrico regular. O
elétron isolado do orbital dx2-y2 é repelido por quatro ligantes, enquanto que o
elétron do orbital dz2 é repelido por somente dois ligantes. Portanto, a energia
do orbital dx2-y2 aumenta com relação a do dz2. Se o campo ligante for
suficientemente forte, a diferença de energia entre esses dois orbitais se torna
maior que a energia necessária para emparelhar elétrons formando um arranjo
mais estável se os dois elétrons eg se emparelharem, passando a ocupar o orbital
menos energético dz2. Com isso, fica vazio o orbital dx2-y2 e quatro ligantes
podem agora aproximarem-se sem dificuldade, segundo os sentidos +x, -x, +y e
–y, pois o orbital dx2-y2 estará vazio. Contudo, os ligantes que se aproximam
segundo +z e –z encontrarão forças repulsivas muito fortes, provenientes do
orbital dz2, que estará preenchido. Somente quatro ligantes conseguem assim
ligar-se ao metal. Forma-se um complexo quadrado planar, não tendo êxito a
tentativa de tornar-se um complexo octaédrico.2

A quantidade de distorção tetragonal que ocorre depende do íon metálico


em questão e dos ligantes. Às vezes, a distorção tetragonal pode tornar-se tão
grande que o orbital dz2 passa a ter energia menor que o orbital dxy. Em
complexos quadrados planares de Ni2+, o orbital dz2 tem energia
aproximadamente igual a dos orbitais dxy e dyz.2

Formam-se complexos quadrados planares com íons de configuração d8


e com ligantes de campo forte. O desdobramento do campo cristalino Δo é maior
para elementos da segunda e terceira séries de transição e para espécies com
carga elevada.2,3,4

O objetivo deste experimento é o estudo do efeito do número de ligantes


sobre a cor dos complexos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais
 Béquer
 Tubo de Ensaio
 Proveta
 Pipeta

2.2 Reagentes

 Cloreto de níquel 0,2 mol L-1


 Solução de etilenodiamina 0,2 mol -1

 Ácido clorídrico concentrado

2.3 Procedimento Experimental

Em três béqueres de 50 mL foram adicionados 10 mL, em cada, de uma


solução aquosa de cloreto de níquel 0,2 mol L-1 previamente preparada. Nestes
béqueres foram adicionadas diferentes porções de solução de etilenodiamina,
10 mL, 20 mL e 30 mL, assim as soluções foram mudando de cor (Figura 1).
Após a reação acontecer, retirou-se uma porção igual de cada uma delas e gota
a gota foi adicionado ácido clorídrico concentrado, até a cor original da solução
de cloreto de níquel ser restabelecida (Figura 2).
Figura 1: Soluções de cloreto de Figura 2: Soluções após adição de
níquel 0,2 mol L-1 com diferentes ácido clorídrico
quantidades de etilenodiamina

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O que se observa ao adicionar a solução de etilenodiamina no cloreto de


níquel foi organizado na Tabela 1.

Tabela 1: Mudanças observadas na adição de etilenodiamina em cloreto de níquel


Solução de Cor observada Cor observada na
10 mL – Cloreto de
Etilenodiamina na adição de adição de Ácido
Níquel 0,2 mol L-1
(mL) Etilenodiamina Clorídrico
Verde Claro 10 Azul Claro Verde Claro
Verde Claro 20 Azul Escuro Verde Claro
Verde Claro 30 Roxo Verde Claro
A solução de Cloreto de níquel em sua forma aquosa tem uma
configuração (Figura 3).

Figura 3: Estrutura do cloreto de níquel reagindo com água.

Ao se adicionar quantidades de etilenodiamina, o ligante amina vai


substituindo o ligante da água na estrutura do complexo, até um dado momento
que formará o complexo [Ni(NH2)6]Cl2 (Figura 4).

Figura 4: Estrutura da solução ao adicionar diferentes quantidades de etilenodiamina.

Essas mudanças podem ser explicadas pela natureza do ligante, que


apresenta mais de um átomo com disponibilidade eletrônica para efetuar
ligações coordenadas. Assim quanto mais volume se adicionar a solução de
cloreto de níquel, mais a coloração da solução se altera.
Com a adição de ácido clorídrico concentrado, a solução estará saturada
de íons H+ e descoordenará o metal, voltando a solução a sua forma diluída
(Figura 5).

Figura 5: Reação da adição de ácido clorídrico ao complexo.

4. CONCLUSÃO

Pode-se afirmar então que o número de ligantes coordenados ao metal


em um complexo, tem efeito sobre a cor deste complexo. Ao se adicionar
diferentes quantidades, atribuindo diferentes concentrações do ligante amina (-
NH2) disponível em solução, o complexo “captou” estes ligantes e adquiriu
coloração diferente da anterior.

Da mesma forma, podemos reestabelecer um novo equilíbrio para a


solução fazendo-o voltar ao aspecto (coloração) anterior, modificando o pH da
solução, disponibilizando íons H+ ao metal complexado.

5. REFERÊNCIAS
[1] ATIKINS. P; et al. Princípios de Química: questionando a vida
moderna e o meio ambiente. 3 ed., Bookman, Porto Alegre, 2006.

[2] Lee, J. D. Química Inorgânica não tão Concisa. 5ª ed. Edgard


Blücher. São Paulo, 1999.
[3] MAGALHÃES, A. A origem das cores de complexos de metais de
transição: estudo do efeito do número de coordenação e da natureza dos
ligantes.

Disponível em: <http://abragam.iqm.unicamp.br/wordpress/?page_id=427>.

[4] SEGATELLI, M. G. Apostila de Química Inorgânica Teórica, 2014.


Centro de Ciências Exatas - Departamento de Química -
2QUI061 - Química Inorgânica II - Turma 1012.

EFEITO DO NÚMERO DE LIGANTES SOBRE A COR


DOS COMPLEXOS.

ADRIELI VIEIRA

GABRIELA PINHEIRO

KEOMA L. CAVALCANTE

MARIANA DE CAMPOS PROF.ª Dr.ª CECÍLIA SACRAMENTO

26/07/2018 – LONDRINA.

Você também pode gostar