Você está na página 1de 9

Fundamentos dE

INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
E CONTROLE DE PROCESSOS

William C. Dunn
D923f Dunn, William C.
Fundamentos de instrumentação industrial e controle de
processos [recurso eletrônico] / William C. Dunn ; tradução:
Fernando Lessa Tofoli ; revisão técnica: Antonio Pertence
Júnior. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


ISBN 978-85-8260-092-4

1. Engenharia. 2. Instrumentação industrial. 3. Proces­sos.


I. Título.

CDU 62-5

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


CAPÍTULO

Componentes
elétricos básicos 2
Objetivos do capítulo
Este capítulo ajudará a relembrar e ampliar sua compreensão básica sobre
os componentes elétricos e os termos básicos usados em eletricidade, neces-
sários em instrumentação.
Este capítulo discute:
䊏 Componentes passivos básicos (resistores, capacitores e indutores)
utilizados em circuitos elétricos.
䊏 Aplicações da lei de ohm e leis de Kirchhoff.
䊏 Uso de resistores como divisores de tensão.
䊏 Circuitos equivalentes eficientes para dispositivos básicos conectados
em série e em paralelo.
䊏 A ponte de Wheatstone.
䊏 Carregamento de instrumentos em circuitos de medição.
䊏 Impedâncias de capacitores e indutores.
Supõe-se que o aluno tenha um conhecimento básico de eletricidade e
eletrônica e esteja familiarizado com as definições básicas. Para recapitular,
serão discutidos neste capítulo os três componentes passivos básicos – re-
sistores, capacitores e indutores – bem como algumas expressões básicas
aplicadas às correntes contínua e alternada.

2.1 Introdução
A energia elétrica pode existir na forma de corrente contínua (CC, com um
único sentido) ou de corrente alternada (CA, sendo que a corrente se in-
verte periodicamente, de acordo com a Fig. 2.1). Em circuitos CA, a força
eletromotriz provoca a circulação da corrente em um dado sentido, inver-
tendo-se em seguida e forçando a corrente no sentido oposto. A taxa de
mudança de sentido é expressa como uma frequência f e é medida em hertz
(Hz), isto é, ciclos por segundo.
18 Fundamentos de Instrumentação Industrial e Controle de Processos

RMS

Vp Vp
√2 Tensão de
pico a pico
90° 180° 270° 360°
π/2 π 3π/2 2π
1 Ciclo

FIGURA 2.1 Onda senoidal básica.

Os sinais elétricos deslocam-se na velocidade da luz. A distância percorrida


em um ciclo é chamada de comprimento de onda λ. A relação entre a fre-
quência e o comprimento de onda (λ) é dada pela seguinte equação:

(2.1)
8
Em que c é a velocidade da luz (3 × 10 m/s).
Em ambos os circuitos CC e CA, a corrente convencional foi original-
mente considerada fluindo a partir do terminal mais positivo para o termi-
nal menos positivo ou negativo. Posteriormente, descobriu-se que o fluxo
de corrente é um fluxo de elétrons (partículas negativas) que fluem de um
ponto negativo para outro positivo. Para evitar confusão, apenas o fluxo
de corrente convencional será considerado neste livro, ou seja, a corrente
flui do terminal positivo para o terminal negativo. Ao se medir tensões CA
e correntes com um instrumento adequado, o valor médio quadrático (root
mean square ou rms) é exibido. O valor rms de uma onda senoidal cor-
responde efetivamente à mesma energia contida no valor de CC. Ao exibir
ondas senoidais em um osciloscópio, frequentemente é mais conveniente
para medir valores de pico a pico (p-p), como mostra a Fig. 2.1. Então, a
amplitude de pico da onda senoidal (Vp ou Ip) (de zero até o valor de pico) é
(p-p)/2 e o valor eficaz é dado por:

(2.2)

A onda senoidal básica representada na Fig. 2.1 pode ser comparada a um


círculo trigonométrico de 360° ou 2π rad. O período (tempo do ciclo) de uma
onda senoidal é dividido em quatro fases, sendo cada uma de 90° ou π/2 rad.
Isso ocorre em virtude das funções trigonométricas e não será demonstrado
neste livro.

2.2 Resistência
Considera-se que o estudante está familiarizado com os termos condutor,
isolante, semicondutor, resistência elétrica, capacitância e indutância. As-
Capítulo 2 ♦ Componentes elétricos básicos 19

sim, as equações básicas normalmente utilizadas em eletricidade serão ado-


tadas como um ponto de partida.

2.2.1 Fórmulas de resistores


A resistividade ρ de um material é a resistência à corrente que circula en-
tre as faces opostas de um cubo unitário do material (ohms por unidade de
comprimento). A resistência R de um elemento é expressa como:

(2.3)

onde l é o comprimento do material (distância entre os contatos) e A é a


área da seção transversal do resistor. Deve-se ressaltar que os parâmetros l
e A devem possuir unidades compatíveis.
A Tabela 2.1 apresenta a resistividade de alguns materiais comuns.
A resistividade ρ é dependente da temperatura, geralmente possuindo um
coeficiente de temperatura positivo (de modo que a resistência aumenta
com o aumento da temperatura), com exceção de alguns óxidos metálicos e
semicondutores, que têm um coeficiente de temperatura negativo. Os óxi-
dos metálicos são utilizados em termistores. A variação da resistência com
a temperatura é dada por:
RT2 = RT1(1 + αT) (2.4)
onde RT2 = resistência na temperatura T2
RT1 = resistência na temperatura T1
α = coeficiente de temperatura da resistência
T = diferença de temperatura entre T1 e T2
A variação da resistência com a temperatura em alguns materiais
(como, por exemplo, a platina) é linear ao longo de uma ampla faixa de
temperatura. Assim, resistores de platina são usados frequentemente como
sensores de temperatura. Consulte o Exemplo 8.10, no Capítulo 8.
A lei de ohm se aplica tanto aos circuitos CC quanto CA, estabelecendo
que em um elétrico a força eletromotriz (fem) provocará a circulação de

TABELA 2.1 Resistividade de alguns materiais comuns


Resistividade (ohms por unidade Resistividade (ohms por unidade
Material de comprimento) Material de comprimento)
Alumínio 17 Bronze 42
Bronze 108 Cromel 420–660
Cobre 10,4 Prata alemã 200
Ouro 14,6 Grafite 4800
Ferro puro 59 Chumbo 132
Mercúrio 575 Níquel 42
Nicromo 550–660 Platina 60
Prata 9,6 Aços 72–500
Tungstênio 33
20 Fundamentos de Instrumentação Industrial e Controle de Processos

uma corrente I em uma resistência R, de modo que a força eletromotriz


corresponda ao produto entre a resistência e a corrente, isto é:
V = RI (2.5)
Essa relação também pode ser escrita como:
I = V/R ou R = V/I
onde V = força eletromotriz em volts (V)*
I = corrente em ampères (A)
R = resistência em ohms (Ω)

EXEMPLO 2.1 A fem através de um resistor 4,7 kW é de 9 V. Qual é o valor da


corrente que circula nesse elemento?
V

A dissipação de potência P ocorre em um circuito sempre que a corren-


te flui através de uma resistência. A potência produzida em um circuito de
corrente contínua ou alternada é dada por:
P = VI (2.6)
onde P é a potência em watts. (Em circuitos CA, V e I correspondem a va-
lores eficazes.)
Substituindo a Eq. (2.1) na Eq. (2.6), tem-se:

(2.7)

Em um circuito CA, a potência dissipada também pode ser dada por:


P = Vp Ip /2 (2.8)
onde Vp e Ip são os valores de pico da tensão e da corrente, respectivamente.

EXEMPLO 2.2 O que é a potência dissipada no resistor do Exemplo 2.1?


P = VI = (9 × 1,9) mW = 17,1 mW 䊏

Resistores compostos de carbono encontram-se disponíveis em valores


de 1 Ω até muitos megaohms em intervalos de 1%, 2%, 5% e 10%, sendo
que os intervalos também correspondem às tolerâncias. Além disso, estes
elementos estão disponíveis em diferentes classes de potência que variam
de 1/8 a 2 W. A especificação de potência pode ser estendida até várias de-

* N. de T.: A força eletromotriz também pode ser representada pela letra E. Neste livro, será
adotada a variável V para essa finalidade, a qual representa a tensão elétrica ou diferença de
potencial elétrico.
Capítulo 2 ♦ Componentes elétricos básicos 21

zenas de watts usando resistores de filme de metal ou fio. Ao se escolher


resistores para uma aplicação, não só o valor do resistor deve ser especifi-
cado, mas também a tolerância e potência devem ser definidas. O valor das
resistências de carbono é indicado por faixas de cor e pode ser encontrado
em tabelas de identificação de código de cores.
A transmissão de energia torna-se mais eficiente em linhas de alta
tensão com baixa corrente do que em tensões mais baixas e correntes mais
elevadas.

EXEMPLO 2.3 Compare a perda na transmissão de 5000 W de potência elétrica


em linhas cuja resistência elétrica é de 10 Ω utilizando uma tensão de alimen-
tação de 5000 V e a perda resultante da transmissão desta mesma potência
com uma tensão de alimentação de 1000 V através das mesmas linhas.
A perda utilizando 5000 V pode ser calculada como:

Por outro lado, para uma tensão de alimentação de 1000 V, a perda seria:

Assim, reduzindo-se a tensão de 5000 V para 1000 V, as perdas aumen-


tam de 10 W para 250 W. 䊏

2.2.2 Associações de resistores


Resistores podem ser conectados em série, em paralelo ou por meio de uma
combinação de ambas as técnicas em um único circuito.
Resistores em série são conectados da forma mostrada na Fig. 2.2a,
sendo que a resistência total equivalente RT é igual a soma das resistências
individuais e é dada por:
RT = R1 + R2 + R3 +  + Rn (2.9)

EXEMPLO 2.4 Qual é a corrente que circula na associação de resistores mos-


trada na Fig. 2.2a?

Divisores de tensão são obtidos conectando-se resistências em série da


forma mostrada na Fig. 2.2a. Um divisor é utilizado para reduzir a tensão
de alimentação para um valor menor. A tensão de saída do divisor resistivo
22 Fundamentos de Instrumentação Industrial e Controle de Processos

12 kΩ

Is R1
Ip
R2 5 kΩ
+ R1 R2 R3
10 V − +
Vsaída 10 V − 12 kΩ 5 kΩ 24 kΩ

R3 24 kΩ

(a) (b)
FIGURA 2.2 Resistores conectados em (a) série e (b) paralelo.

pode ser calculada multiplicando-se o valor da corrente circulante pelo va-


lor do resistor onde se deseja medir a tensão ou utilizando a relação entre
as resistências.

EXEMPLO 2.5 Qual é o valor da tensão Vsaída em R3 em relação ao terminal


negativo da bateria na Fig. 2.2a?
Como a corrente que circula em todos os resistores é a mesma, tem-se:
Vsaída = 0,244 × 24 kW = 5,8 V
Assim, utilizando os valores das resistências dados no exemplo, a tensão de
5,86 V é obtida a partir de uma fonte de 10 V. De forma alternativa, a tensão
Vsaída pode ser calculada da seguinte forma:

Assim, obtém-se:

(2.10)

Isso mostra que o valor de Vsaída é igual à tensão de alimentação multiplicada


pela relação entre as resistências. Utilizando essa equação no Exemplo 2.5,
tem-se:

Potenciômetros são dispositivos de resistência variável que podem ser


usados para definir valores de tensões. Esses elementos podem possuir ca-
racterísticas lineares ou logarítmicas e ser construídos usando faixas de
filme de carbono ou fios, se a vida útil longa e a precisão são aspectos obri-
gatórios a serem contemplados (observe a Fig. 2.3b e c). Um alavanca ou
contato deslizante pode varrer a faixa para fornecer uma tensão variável.
Um potenciômetro é conectado entre a tensão de alimentação e o terminal
de terra como mostra a Fig. 2.3a. Com um potenciômetro linear, é possível

Você também pode gostar