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1. Introdução
A necessidade global pelo controle do tempo e ganhos em eficiência tem motivado novos
desenvolvimentos na indústria (WU et al., 2016). De fato, as técnicas de estudo do trabalho e
do tempo estão aumentando a eficiência de utilização dos fatores de produção e têm sido
utilizadas em todos os setores de manufatura e serviços (DURAN; CENTIDERA; AKSU,
2015).
Através de um estudo de tempos, podem ser calculados tempos padrão, os quais, por sua vez,
são utilizados no cálculo dos custos associados aos produtos e na melhoria de processos a
partir de estudos de métodos de trabalho (MOREIRA, 2008).
De fato, se um operador sabe que está sendo observado, o mesmo pode executar o seu
trabalho em um ritmo diferente, consciente ou inconscientemente (BURES; PIVODOVA,
2015). Os autores ainda defendem que o operador pode, propositalmente, desacelerar o tempo
de operação, caso desconfie que o tempo possa ser utilizado para o cálculo de sua
remuneração, ou acelerar o tempo de operação, caso o operador esteja estressado ou sob
pressão. Portanto, os métodos de mensuração de tempos de processo através de
cronometragem e filmagem nem sempre registram o ritmo real de trabalho.
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A seção 2 contém uma breve revisão de literatura a respeito do estudo de tempos e dos fatores
humanos. O método é descrito na seção 3. Como foco principal, tem-se a análise estatística de
duas amostras, cada qual coletada por um dos métodos. Em seguida, apresenta-se uma
comparação estatística entre os métodos. A aplicação é apresentada na seção 4, com a
posterior discussão dos resultados na seção 5. Além dos resultados estatísticos, foram feitas
algumas observações durante a aplicação dos métodos. Por último, as conclusões são
apresentadas na seção 6.
2. Referencial teórico
No início do século XX, o estudo de tempos era comumente executado por um “homem
provido de um cronômetro de parada automática e folhas de registro” (TAYLOR, 2006). Com
o desenvolvimento tecnológico, foi possível aprimorar o processo de coleta de dados e análise
de sistemas. As folhas de registro foram substituídas por softwares e aplicativos de
cronometragem. Hoje, os tempos de ciclo são utilizados como dados de entrada para projetos
de simulação, para os quais existem sistemas de entrada com grau de automatização cada vez
mais elevado (SKOOGH; PERERA; JOHANSON, 2012).
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Vilela (2015) estudou o efeito da variação do ritmo de trabalho em uma linha de produção
com alto grau de trabalho manual. As variações do ritmo de trabalho dos operadores ao longo
do dia e ao longo da semana interferiram significativamente na validação do modelo
computacional do sistema estudado.
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O estudo do comportamento humano, de fato, não é simples de ser realizado. Nas práticas
industriais, a análise do comportamento humano é frequentemente dificultada devido a
aspectos legais (DIGIESI et al., 2009). Mesmo objetivando a melhoria da qualidade de
trabalho, projetos de ergonomia devem ser justificados em termos de custo-benefício
(HENDRICK, 2008).
As informações da linha relevantes para a pesquisa consistem nos horários do turno, paradas
programadas, processos, fluxos de material e informação, atividades realizadas pelos
operadores e de outras informações relevantes. Para esta pesquisa, o intuito foi selecionar o
processo gargalo para ser cronometrado e filmado, visto que o gargalo é o processo que limita
o ritmo de produção e, consequentemente, a capacidade produtiva (GOLDRATT, 2002).
Na fase de coleta de dados, são definidos os momentos de início e fim do ciclo do processo
selecionado. O ciclo deve ser definido de forma a conter todas as tarefas realizadas na
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Os tempos de ciclo são coletados para comporem uma amostra, a qual representa a população
os tempos do processo analisado. À medida que o tamanho de amostra aumenta, a distribuição
das médias amostrais se aproxima de uma distribuição normal (TRIOLA, 2005). Na maioria
dos casos, o Teorema Central do Limite se mantém para amostras de, no mínimo, 30 dados
(MONTGOMERY; RUNGER, 2012).
Após a coleta de dados, realiza-se uma análise estatística. Os intervalos de confiança de cada
amostra são plotados em um gráfico. O diagrama em caixa (também conhecido como boxplot)
classifica uma amostra em intervalos interquartis, revelando o centro, a dispersão, a
distribuição dos dados e indicando possíveis outliers (TRIOLA, 2005). O teste de Anderson-
Darling infere se as amostras podem ser aproximadas de uma distribuição normal
(MONTGOMERY; RUNGER, 2012).
4. Aplicação do método
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O objeto de estudo selecionado é uma empresa do setor eletrônico localizada na região Sul de
Minas Gerais. A escolha se justifica pelo fato de os processos produtivos serem
predominantemente manuais, o que causa considerável variabilidade nos tempos de operação.
Somado a isso, a indústria de eletrônicos é caracterizada pelo curto ciclo de vida de seus
produtos, o que resulta em rápidas mudanças nos processos produtivos. Nesse cenário, o
estudo de tempos se faz ainda mais necessário para a garantia de competitividade ou até para
a sobrevivência no mercado.
Intervalo Ação
08:00 - 08:10 Preparação da linha
08:10 - 10:30 Operação
10:30 - 10:45 Intervalo para café
10:45 - 12:30 Operação
12:30 - 14:00 Horário de almoço
14:00 - 15:30 Operação
15:30 - 15:45 Intervalo para café
15:45 - 17:50 Operação
17:50 - 18:00 Organização do posto de trabalho
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A filmagem foi realizada apenas na semana 2. Novamente, o mesmo operador foi informado
sobre a filmagem. Apesar do desconforto causado pela filmagem, pediu-se para que o
operador tentasse manter seu ritmo normal de produção durante a gravação. Uma câmera Go
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Pro, modelo Hero 4, foi fixada na parede atrás das estações de trabalho da linha 1, conforme
representado na Figura 3.
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20 215 20 181
21 181 21 186
22 224 22 182
23 230 23 186
24 219 24 192
25 229 25 271
26 205 26 229
27 191 27 217
28 195 28 217
29 172 29 214
30 210 30 201
A Tabela 4 apresenta valores de média e desvio padrão, bem como os valores p dos testes de
normalidade de Anderson-Darling. Ambas as amostras são consideradas normalmente
distribuídas, pois nos dois casos, o teste de Anderson-Darling resultou em um valor p > 0,05.
Ainda com base na Tabela 4, observa-se que as amostras possuem médias próximas. Também
são próximos os desvios padrão.
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Ainda na Figura 5, o diagrama de dispersão da amostra 2 revela um ponto fora dos intervalos
interquartis. Apesar de ser considerado um outlier, tal ponto não pode ser desconsiderado,
visto que representa uma operação normal de montagem. Após a comprovação de que ambas
as amostras são normalmente distribuídas, aplicou-se um teste 2-sample t entre as mesmas. O
objetivo foi o de verificar se existe diferença entre as médias das amostras.
Figura 4 - Intervalos de confiança das amostras Figura 5 - Diagramas em caixas das amostras
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A Figura 7 apresenta o resultado do teste de variâncias para duas amostras, indicando que as
variâncias são estatisticamente iguais, pois no teste F tem-se que valor p = 0,817 > 0,05.
5. Resultados e discussão
No caso da linha de produção analisada, pode ser inferido que os métodos de medida do
trabalho não apresentam diferenças estatísticas significativas. Tal conclusão é embasada nos
resultados do testes 2-sample t e do teste de variâncias apresentado na seção 4.4. Porém, o
resultado obtido não pode ser generalizado para outras linhas e outras empresas. Seria
necessário uma investigação mais abrangente, a qual deve abordar outros tipos de processos e
setores da indústria para se inferir quanto à melhor forma de coleta de tempos.
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6. Conclusão
Foram comparados dois dos métodos mais utilizados na coleta de tempos. No caso da
aplicação do teste 2-sample t e do teste de variâncias, as respectivas médias e variâncias das
amostras de tempo de cada um dos métodos não mostraram diferenças estatísticas
significativas. O diagrama em caixas, em contrapartida, revelou uma variabilidade maior nos
tempos do cronometrista em relação aos tempos de filmagem. No entanto, o resultado não
pode ser generalizado, visto que a análise se restringe às circunstâncias particulares do objeto
de estudo na data da pesquisa. Portanto, não há como afirmar que a tomada de tempos por um
cronometrista é sempre igual à tomada de tempos por filmagem. O que se observa, no entanto,
é que ambos os métodos retiram o operador de seu ambiente natural de trabalho.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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