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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA
EXECUÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO
CERÂMICA
Hanna Hamoy Chocron
hannahamoychocron@hotmail.com

As empresas do setor da construção civil que visam aumentar a sua


participação e a competitividade no mercado de atuação buscam
implantar ferramentas para produzir mais, com qualidade e em menos
tempo. O objetivo desse artigo é elevar os índices de produtividade
através de planejamentos sólidos, logística efetiva e de constantes
repetições para aprimorar o desempenho da mão de obra nos serviços
de regularização do piso, assentamento de pavimentação cerâmica e
na aplicação de rejunte. A metodologia de pesquisa aplicada é
descritiva porque busca relatar as características e aplicações naturais
e variáveis empregadas na coleta de dados. Através disso, os índices de
produtividade da construtora foram reformulados com o intuito de
minimizar o período das obras e manter os padrões de qualidade.
Cada equipe ficou responsável pela execução de oito pavimentos tipo,
constantemente monitorados, e com metas pré-estabelecidas para
finalização em 9,5 dias para os pavimentos grandes (94,32 m²) e em 6
dias para os pequenos (58,78 m²). Pôde-se perceber com as repetições
que as equipes aumentaram seu desempenho, reduziram o período de
obras em 15 dias (880 horas) e economizaram cerca de 11,88% no
custo global das atividades.

Palavras-chave: Produtividade, Efeito Aprendizagem, Pavimentação


Cerâmica
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“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
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1. Introdução
Grandes marcos da construção civil foram erguidos ao longo da história, cada um em sua época
e, certamente, com exigências de precisão e velocidade no processo de tomada de decisão bem
distintos dos atuais. Há pouco mais de um século a maioria das atividades produtivas era
artesanal. O planejamento, a execução e o controle dos empreendimentos eram informais e
realizados através de encontros periódicos que, quando documentados, eram feitos em forma
de rascunhos (COLENCI JÚNIOR et al., 1998).
A partir dos anos 50, emergiu de forma mais consistente a preocupação com o gerenciamento
da qualidade, na qual se estabeleceu uma filosofia baseada no desenvolvimento e na aplicação
de conceitos, métodos e técnicas adequadas e adaptadas para uma nova realidade. A gestão da
qualidade simbolizou o deslocamento da análise exclusiva do produto e serviço, e passou a
defender a criação de um sistema de qualidade expressivo e funcional. A qualidade deixou de
ser vista como um problema somente a nível de produto com responsabilidade específica, para
ser considerada de âmbito empresarial, abrangendo a totalidade dos processos necessários para
a realização de um serviço.
No planejamento operacional é possível elaborar planos para a execução de todas as atividades
da obra. Para a realização desses planos, é necessária ainda uma melhor programação da
sequência das equipes dos diversos serviços, assim como uma avaliação da disponibilidade de
recursos como, materiais, mão de obra e equipamentos para a realização desses serviços. Dessa
forma, devem ser atribuídas tarefas sequenciadas para que a equipe de produção da obra esteja
bem orientada quanto às metas a serem atingidas (PIRES, 2014).
A construção civil possui elementos complexos em sua dinâmica operacional, pela variedade e
finalidades, utilizando índices próprios de qualidade e produtividade. De modo que o efeito
aprendizagem pode ser adotado como um sistema de gestão baseados em critérios que, ao serem
atendidos que maximizam o desempenho e aumentam a produtividade.
A utilização da curva de aprendizagem permite que haja um melhor dimensionamento de
recursos financeiros e uma maior precisão na determinação dos prazos de execução dos
empreendimentos (LEITE, 2004).

2. Produtividade
O aperfeiçoamento da produtividade e da mão de obra na construção civil vem sendo um grande
desafio neste setor, desta forma tem ganhado uma maior atenção dos pesquisadores na área da

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construção civil, assim sendo fundamental para este processo dentro de um canteiro de obras,
pois proporcionam diversas ações de melhoria e viabilidade (RIVAS et al., 2011).
A produtividade tem como principal função integrar um sistema de informações que permita
amparar decisões futuras. Essa informação é importante nas fases de projeto e planejamento do
empreendimento, mas é fundamental mesmo na fase de produção, permitindo um adequado
gerenciamento das equipes, atividades e cronograma de obra. O indicador de produtividade
permite ao empreendedor analisar tendências, desenvolver os métodos construtivos e prever o
consumo de mão de obra e a duração dos serviços (CCSC, 2011).
Segundo Bozzetto et al. (2012), as empresas da construção civil possuem preceitos imediatista
de retorno dos seus investimentos, oferecendo prêmios ao trabalhador, como forma de interferir
no “timing” de trabalho e, consequentemente, na produtividade nos canteiros de obra. Essa
visão de retorno imediato é incoerente, pois tem atrofiado a criatividade de muitas empresas a
desenvolverem ações gerenciais que tragam resultados efetivos para a organização no tocante
ao aumento da produção.
Para que se possa alcançar uma melhor performance da empresa faz-se necessário que a mesma
conheça e avalie o desempenho individual e setorial de seus funcionários, levando em
consideração a forma que estes realizam suas atividades, o tempo de realização e os fatores que
influenciam na aprendizagem (PEINADO; GRAEML, 2007).
O uso desses indicadores chaves pela construção civil são reflexo do crescimento do foco da
empresa na satisfação de seus clientes, defeitos, produtividade, saúde e segurança (BARBOSA,
2010).

3. Curva de aprendizagem
Johnson e Lundall (apud Pereira e Dathein, 2012) exemplificam o processo de aprendizagem
como o contexto que abrange os mecanismos de produção e transmissão do conhecimento na
economia, tratando o desenvolvimento de competências e capacitações, por parte dos
indivíduos e das organizações, como um processo fundamental na busca da solução de
problemas.
O efeito aprendizagem pode ser definido como a demonstração gráfica do desempenho de um
trabalhador quando submetido a tarefas manuais repetitivas, e tem como consequência o
aumento na sua produtividade, de modo que o custo aplicado na produção da empresa possa
diminuir no decorrer do tempo. À medida que os administradores e a mão-de-obra ganham

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maior prática com a produção, o custo incremental e o custo médio, obtidos pela empresa
diminuem a partir da capacitação das equipes em determinados níveis de produção.
Curvas de aprendizado são modelos de regressão não linear que associam o desempenho,
usualmente descrito em termos de unidades produzidas por intervalo de tempo, com as
características da tarefa (ANZANELLO; FOGLIATTO, 2007a). São frequentemente usadas
para classificar grupos de trabalhadores e são comumente designadas por “fast learner” o
trabalhador que possui uma alta taxa de aprendizado e por “slow learner” o que apresenta uma
taxa menor.
Através da aplicação desta metodologia, a empresa pode coletar, organizar e utilizar os dados
adquiridos, de modo a obter um histórico dos índices de produtividade e do comportamento
construtivo, podendo-se comparar com futuras produções, na busca de melhorias e aumento da
produtividade.

4. Metodologia
Em relação à metodologia aplicada, essa pesquisa se caracteriza quanto aos fins como
descritiva, uma vez que busca determinar as características de um grupo específico quanto à
produtividade na execução de serviços inerentes de caráter repetitivo na obra, através de estudos
de casos. Busca-se verificar se o comportamento, quanto ao aumento de produtividade, pode
ser modelado por curvas clássicas, apresentadas na literatura sobre este assunto na construção
civil.
A abordagem deste trabalho, sob o ponto de vista de sua natureza, é classificada como estudo
de campo, pois tem o objetivo de estudar a interação entre as variáveis do processo produtivo
da empresa em estudo. Foi desenvolvida por meio da observação direta das atividades, no
próprio local em que ocorreram os fenômenos, portanto, pode-se afirmar que foram obtidos
resultados fidedignos (GIL, 2006).
Em relação ao método aplicado para escolha das literaturas, procurou-se coletar livros e artigos
que continham registros relevantes sobre os fatores críticos de sucesso da implementação do
estudo. O objetivo foi levantar o referencial teórico e bibliográfico necessário para embasar o
conteúdo abordado, sem perder o foco da pesquisa.
O estudo foi implementado desde a chegada dos materiais até sua utilização na obra, assim, desde
o primeiro pavimento tipo assentado e rejuntado, até o último, foi executado o monitorado
diariamente. Desta forma, buscou-se avaliar as equipes quanto ao comportamento e ao aumento da
produtividade representados pelos gráficos.

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5. Resultados e análise dos dados


Os dados coletados para o estudo de caso foram de um edifício alto padrão, localizado na cidade
de Belém do Pará, no bairro Cremação. Caracterizado por ser um empreendimento
exclusivamente comercial. Possui 272 salas de 32m², 33m² ou 33,5m², assim como possui 28
espaços coorporativos de 147m² ou 151m², totalizando 29.322,16 m² de área construída em um
terreno de 3.904,16 m². A obra se iniciou em fevereiro de 2013 e foi concluída em setembro de
2018.
Para o levantamento e coleta de dados da pesquisa foram adotadas as áreas de circulação
principais de dois espaços, sendo eles compostos por um corredor de 94,32 m² para os
pavimentos comerciais, e as corredores de 58,78 m² para os espaços corporativos.
Os processos deverão ser simples e, esta simplificação deve ser buscada através de menor
quantidade de componentes dos produtos e pela redução de etapas dos fluxos de materiais e
informações (SARCINELLI, 2008).
Nessa pesquisa, foram utilizados constantemente as mesmas quantidades de mão de obra em todas
as equipes, compostas por dois pedreiros, responsáveis pela camada de regularização do piso,
assentamento de pavimentação cerâmica e instalação dos rodapés, e dois serventes, responsáveis
pelo transporte de material, apicoamento do piso (quando necessário), aplicação de rejunte flexível,
movimentação de entulho e limpeza completa do local trabalhado.
No empreendimento existiam três equipes, acompanhadas e supervisionadas constantemente pelos
responsáveis técnicos da construtora.
A Tabela 1 mostra o custo diário de mão de obra de cada equipe, de acordo com o número de
funcionários predeterminados no estudo, utilizando valores de encargos sociais e complementares,
como vale transporte e alimentação, determinados pela construtora.
Tabela 1 – Cálculo do valor diário por equipe
Horas Valor da hora Custo por dia Valor diário Valor diário gasto
Horas Número de Valor total
trabalhadas trabalha para de cada gasto em em transporte
Função trabalhadas funcionários gasto pela
por dia pela cada funcionário equipe e suas alimentação pela equipe ( 4
por dia na equipe equipe
equipe com encargos funções pela equipe passagens)
PEDREIRO 8,8 2 17,6 R$ 6,70 R$ 117,92 R$ 23,40 R$ 26,40 R$ 167,72
SERVENTE 8,8 2 17,6 R$ 4,85 R$ 85,36 R$ 23,40 R$ 26,40 R$ 135,16
TOTAL - 4 35,2 - - - - R$ 302,88

Fonte: A autora

Apesar do foco do artigo ser a produtividade, não seria coerente deixar de analisar as variações de
custo da mão de obra e de material, visto que é fundamental para a elaboração de um planejamento
enxuto em qualquer empreendimento. Na tabela 1, é possível observar, que uma equipe de 4

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funcionários, trabalha por dia 35,2 horas, e o custo dessa mão de obra por equipe equivale a R$
302,88 por dia trabalhado. Logo, quando não se desenvolvem métodos eficazes para aumentar a
produtividade, acaba-se gastando mais tempo para a execução de uma mesma atividade na qual
acrescentará custos ao quantitativo total do serviço e posteriormente na obra como um todo.
Buscando melhorar ainda mais o aproveitamento da mão de obra foram criadas outras paginações
para os corredores principais a fim que melhorassem o fator estético e reduzissem os gastos com as
perdas desnecessárias de materiais. Ao comparar as paginações, pode-se constatar uma diminuição
de 33 peças na pavimentação cerâmica dos pavimentos comerciais e 18 peças, por cada andar, nos
espaços coorporativos, contabilizando uma redução de 687 peças, ou aproximadamente 115 caixas,
representando uma significativa economia no valor final da obra.
Após um longo questionamento e análise com o grupo administrativo da construtora sobre os
índices de produtividade adotados no orçamento, constatou-se que os quantitativos haviam sido
incorporados de outras obras e que não se enquadram ao perfil do empreendimento estudado.
Os novos índices de produtividade dos serviços foram elaborados e monitorados constantemente
pelo corpo técnico da construtora no empreendimento. Dentre eles:
• Regularização do contrapiso: o índice adotado foi de 22 m² por dia para cada pedreiro, sendo
para os pavimentos maiores (94,32 m²) o prazo de execução seria de 2,5 dias e para os
pavimentos menores (58,78 m²) seria em 1,5 dia;
• Assentamento de pavimentação cerâmica: adotou-se o índice de 11 m² por dia para cada
pedreiro com ajuda de um servente que deveriam executar os corredores maiores (94,32 m²)
em 4,5 dias e os menores (58,78 m²) em apenas 3 dias;
• Rejuntamento do piso: estipulou-se o índice de 20 m² por dia para cada servente,
contabilizando que os pavimento grandes (94,32 m²) ficariam prontos em 2,5 dias e os
menores (58,78 m²) em 1,5 dias.
Com a aplicação do efeito aprendizagem, na Tabela 2 nota-se uma redução gradativa no
consumo de mão-de-obra dos serviços descritos acima, gerando uma evolução na execução dos
pavimentos tipo e, consequentemente garantindo uma economia considerável para o
empreendimento.

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Tabela 2 – Custo da mão de obra por equipe, em ordem, gasto na execução dos pavimentos
Metragem
Equipe que Total de Custo da Valor total gasto
quadrada Dias
Pavimento executará a horas mão de obra com mão de
por trabalhados
atividade trabalhadas por dia obra
pavimento
27º 58,78 1 6 211,2 R$ 302,88 R$ 1.817,28
26º 58,78 2 6 211,2 R$ 302,88 R$ 1.817,28
25º 58,78 3 6 211,2 R$ 302,88 R$ 1.817,28
24º 58,78 1 5,5 193,6 R$ 302,88 R$ 1.665,84
23º 58,78 2 5,5 193,6 R$ 302,88 R$ 1.665,84
22º 94,32 3 9,5 334,4 R$ 302,88 R$ 2.877,36
21º 94,32 1 9,5 334,4 R$ 302,88 R$ 2.877,36
20º 94,32 2 9,5 334,4 R$ 302,88 R$ 2.877,36
19º 94,32 3 9 316,8 R$ 302,88 R$ 2.725,92
18º 58,78 1 5 176 R$ 302,88 R$ 1.514,40
17º 58,78 2 5,5 193,6 R$ 302,88 R$ 1.665,84
16º 94,32 3 9 316,8 R$ 302,88 R$ 2.725,92
15º 94,32 1 9 316,8 R$ 302,88 R$ 2.725,92
14º 94,32 2 9 316,8 R$ 302,88 R$ 2.725,92
13º 94,32 3 8,5 299,2 R$ 302,88 R$ 2.574,48
12º 94,32 1 8,5 299,2 R$ 302,88 R$ 2.574,48
11º 94,32 2 8,5 299,2 R$ 302,88 R$ 2.574,48
10º 94,32 3 8,5 299,2 R$ 302,88 R$ 2.574,48
9º 94,32 1 8 281,6 R$ 302,88 R$ 2.423,04
8º 94,32 2 8 281,6 R$ 302,88 R$ 2.423,04
7º 94,32 3 8 281,6 R$ 302,88 R$ 2.423,04
6º 94,32 1 7,5 264 R$ 302,88 R$ 2.271,60
5º 94,32 2 8 281,6 R$ 302,88 R$ 2.423,04
4º 94,32 3 8 281,6 R$ 302,88 R$ 2.423,04
TOTAL R$ 56.184,24

Fonte: A autora

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Durante a execução dos serviços a Equipe 1 e a Equipe 3 sofreram alterações e substituições


em um de seus efetivos devido a férias e acidente de trabalho, respectivamente.

5.1. Análise de desempenho da Equipe 1


Durante a execução das atividades, a Equipe 1 ficou responsável por oito pavimentos tipos,
divididos em cinco pavimentos grandes de 94,32 m² e três pavimentos pequenos de 58,78 m².
De acordo com a Tabela 2 pode-se analisar que, para os pavimentos pequenos a Equipe 1
executou o primeiro em 6 dias, conforme pré-determinado pela construtora, e nos demais
pavimentos pequenos houve uma redução de 0,5 dias no tempo de execução, ocasionando uma
diminuição de 35,2 horas do total previsto.
Para os pavimentos de 94,32 m² a Equipe 1 executou o primeiro em 9,5 dias, de acordo com o
previsto pela construtora, a partir do segundo, cada pavimento executado reduziu em 0,5 dias.
Com isso, o último pavimento apresentou um desempenho ainda melhor por ser finalizado em
apenas 7,5 dias, demostrando a relevância da aplicação do efeito aprendizagem nos serviços
como pode ser visto no Gráfico 1 abaixo.
Gráfico 01 - Consumo de mão de obra pela Equipe 1

58,78 m² 94,32 m²

Fonte: A autora

A equipe analisada conseguiu desenvolver um aprendizado organizacional visto que todos os


trabalhadores desempenharam um ritmo semelhante de produtividade, mesmo após uma
substituição, o que demanda níveis homogêneos de conhecimento e destreza na execução das
tarefas. Observou-se a redução de 14,49% (352 horas) do total de horas trabalhadas, antecipação

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dos serviços em dez dias e uma economia de R$ 3.028,80, superior a execução de um novo
pavimento pequeno.

5.2. Análise de desempenho da Equipe 2


O Gráfico 2 mostra o desenvolvimento da Equipe 2 na execução dos serviços que foram
divididos em oito pavimentos tipos compostos de 5 pavimentos grandes de 94,32 m² e três
pavimentos pequenos de 58,78 m². O primeiro pavimento foi executado em 6 dias, dentro dos
padrões solicitados pela construtora, o outros dois pavimentos pequenos foram executados em
5,5 dias, demostrando um aumento de produtividade da Equipe 2.
O primeiro pavimento grande de 94,32 m² se manteve dentro do planejado para a execução em
9,5 dias, nas etapas seguintes observou-se um crescimento da produtividade e uma redução no
tempo em 0,5 dias. Entretanto, o último pavimento se manteve constante se comparado ao
antecessor.
Gráfico 02 - Consumo de mão de obra pela Equipe 2

58,78 m² 94,32 m²

Fonte: A autora

No gerenciamento da Equipe 2, destacou-se que ao manter os colaboradores executando o


mesmo serviço por mais tempo se obtinha uma melhora gradativa na produtividade até se
estabilizassem, desencadeando uma maior eficiência no trabalho e nos resultados do produto.
Houve uma redução de 13,04% (316,8 horas) das horas trabalhadas nos serviços que foram
finalizados com nove dias de antecedência do prazo dado pela construtora e uma economia de
R$ 2.725,92 para a obra.

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5.3. Análise de desempenho da Equipe 3


A Equipe 3 executou o mesmo quantitativo de pavimentos que as anteriores, sendo sete
pavimentos grandes de 94,32 m² e apenas um pequeno de 58,78 m². O único pavimento pequeno
foi executado em 6 dias e o primeiro pavimento grande executado em 9,5 dias, cumprindo com
os prazos estabelecidos pela construtora.
O segundo e terceiro pavimentos de 94,32 m² foram executados em 9 dias com redução 0,5 dias
se comparado ao primeiro, o quarto e quinto levaram apenas 8,5 dias para sua execução e os
últimos dois pavimentos foram executados em 8 dias. Como pode se ver no Gráfico 3 abaixo.
Gráfico 03 - Consumo de mão de obra pela Equipe 3

58,78 m² 94,32 m²

Fonte: A autora

Na Equipe 3 houve a substituição de um funcionário logo nos primeiros pavimentos o que


acarretou uma descontinuidade na execução do quarto pavimento devido ele não conseguir
acompanhar a produtividade dos demais. Mesmo com todas as oscilações de desempenho a
equipe contribuiu com dados relevantes na composição do efeito aprendizagem como a redução
de 8,28% (211,2 horas) das horas trabalhadas, diminuiu em 6 dias sua execução e gerou uma
economia de R$ 1.817,28 nos serviços.

5.4. Comparação do desempenho das equipes


Ao comparar as três equipes, constatou-se que os índices de produtividade alcançados foram
superiores aos estabelecidos pela construtora, no entanto, é notório o destaque da Equipe 1 em
relação as demais por apresentar aumentos significativos na produtividade em todas as etapas

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de execução dos serviços mesmo com a mudança de um integrante do grupo durante a execução
do terceiro pavimento.
A Equipe 2, cumpriu com os prazos no início das obras, porém na execução do segundo, quarto,
sétimo e oitavo pavimento apresentaram problemas de logística visto que o quantitativo de
material repassado foi insuficiente para finalizarem os serviços, fazendo com que os serventes
saíssem das suas funções e perdessem o ritmo da produtividade para efetuarem o transporte de
materiais para os andares.
A Equipe 3, obteve um bom desempenho nos primeiros pavimentos executados, no entanto com
a mudança de um dos seus funcionários, o desempenho da equipe diminuiu devido a esse
integrante não acompanhar o ritmo de produtividade dos demais, gerando uma estagnação de
produtividade no quarto pavimento. Todavia, o desempenho do novo pedreiro melhorou, mas
ainda estava abaixo do bom rendimento esperado, constatando-se um retrocesso na curva de
aprendizagem visto que a equipe não conseguiu progredir na execução do oitavo pavimento em
relação ao anterior.
No Gráfico 4 e 5, observa-se as curvas de aprendizagem que são o retrato da atuação das equipes
no desenvolvimento dos seus trabalhos referente a duração da execução dos serviços e do
desempenho no decorrer das unidades. Dessa forma, os números abaixo pelas contemplam os
serviços como um todo, fazendo uma espécie de média que inclui as tanto as dificuldades
quanto as facilidades na execução dos serviços.
Gráfico 04 – Comparativo da Curva de Aprendizagem com o desempenho das equipes

Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3

Fonte: A autora

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Gráfico 05 – Comparativo da Curva de Aprendizagem com o desempenho das equipes

Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3

Fonte: A autora

6. Conclusão
Inicialmente para obter parâmetros de produtividade significativos é necessário definir padrões
de controle que auxiliem no gerenciamento da obra, repassando a realidade da execução em
relação ao planejado, possibilitando ajustes nos grupos de serviço e acatando a previsibilidade
dos custos.
As curvas de aprendizagem são o retrato da atuação das equipes no desenvolvimento dos seus
trabalhos. Elas mostram, além da duração da execução dos serviços, o seu desempenho no
decorrer das unidades de produção. Tem-se, então, uma produtividade baseada na execução
completa do serviço. Dessa forma, os números levantados para os serviços de regularização de
piso, assentamento de pavimentação cerâmica e rejuntamento compõem as curvas de
aprendizagem que contemplam os serviços como um todo, fazendo uma espécie de média que
inclui as dificuldades e as facilidades da execução.
Através da comparação realizada entre as Equipes 1, 2 e 3, observou-se que quando se tem um bom
planejamento, logística funcional e funcionários determinados a cumprir suas metas é possível
reduzir até 880 horas trabalhadas para execução dos serviços que corresponde a uma economia de
11,88% do total a ser aplicado, que equivale a R$ 7.572,00. Percebe-se também que em algumas
situações a troca de algum trabalhador é inevitável, e pode ser caracterizada como positiva ou
negativa para a produtividade, visto que se examinaram pessoas com diferentes hábitos, resultando
em dados relativos. O desempenho da Equipe 3 foi influenciado pelo desempenho do novo operário,
visto que não conseguiu acompanhar o ritmo de trabalho dos demais e na Equipe 1 a situação se

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inverteu, devido ao novo prestador alcançar índices ainda maiores e alavancar a produtividade da
sua equipe.
De maneira geral, pode-se concluir que diversos fatores afetam a produtividade, e, portanto, deve-
se analisar as características de cada serviço antes de confirmar os resultados. É possível identificar
os fatores que afetam a produtividade, o que permite a configuração de uma ferramenta a ser
utilizada pelas empresas atuantes no setor, de forma a gerar os seus próprios bancos de dados, adotar
uma metodologia de intervenção no sentido de melhorar os seus índices e realizar um planejamento
diferencial, levando em conta fatores como a composição das equipes, o local de trabalho, a
disponibilidade dos materiais a serem utilizado, organização do canteiro e outros. Enfim, utilizar
parâmetros de desempenho, evitando surpresas e variabilidade, de modo a maximizar os resultados
e minimizar os seus desperdícios.

REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. S. Uso de indicadores de desempenho nas empresas construtoras brasileiras: diagnostico e
orientações para utilização. 2010. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em engenharia de Produção.
Área de Concentração em Processos e Gestão de Operações) – Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, 2010.

BOZZETTO, M.; DALCUL, A. L. P. C.; SIKILERO, C. B. Fatores pessoais que interferem nos acidentes de
trabalho. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO. Desenvolvimento Sustentável e
Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção. 32., Bento Gonçalves, RS, 2012. Anais.
Bento Gonçalves: ENEGEP, 2012. 11 p.

COLENCI JR., A. et al. (1998). Elementos para uma revisão da atuação institucional, no âmbito do ensino
superior do CEETEPS. São Paulo, /Monografia/.

CCSC, Comunidade da Construção – Sistemas Construtivos / Viabilidade. Disponível em:


<http//www.comunidadedaconstrução.com.br>. Acesso em: 29 de abril de 2019.

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