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All content following this page was uploaded by George Nunes Soares on 25 January 2017.
1 Introdução
A atividade de produção, de qualquer indústria ou empresa de prestação de serviço, destina-se
a obter o máximo lucro, atendendo a princípios técnicos e de qualidade, pré-estabelecidos.
Com esse intuito, é necessária a realização de um planejamento mínimo de ações a serem
adotadas, fato evidenciado na época das revoluções industriais em que se teve um
desenvolvimento financeiro evidente propiciado pela preocupação com a atividade de
planejar.
A Inglaterra, país que possuía uma importante zona de livre comércio e vivia-se um forte
êxodo rural, no período da Revolução Industrial, concentrou-se esforços e recursos no
desenvolvimento de métodos de produção visando melhor desempenho financeiro, por meio
de ações planejadas, com o intuito de se desenvolver um sistema de produção em massa, o
que seria impossível segundo Parson e Culligan (1988) sem planejamento e sem meios
eficazes de transporte e comunicação.
Na área da construção civil Mattos (2006) afirma ser inevitável o investimento em gestão e
controle de processos, pois sem essa sistemática os empreendimentos perdem de vista seus
principais indicadores: prazo, custo, lucro, retorno sobre o investimento e o fluxo de caixa.
Seguindo ainda o mesmo pensamento, o autor considera que o planejamento é de certa
maneira o modo de garantir a perpetuidade da empresa pela capacidade que os gerentes
ganham de dar respostas rápidas e certeiras por meio do monitoramento da evolução do
empreendimento e do seu redirecionamento estratégico.
Para Laufer e Tucker (1987 apud BERNARDES, 2001): O planejamento não é encarado
como um processo de gerência, e sim como a aplicação de técnicas e planos, que possuem
informações pouco consistentes, baseada na experiência e intuição dos gerentes. A esse
pensamento Formoso (1991 apud BERNARDES, 2001) acrescenta que o controle não é
realizado de maneira proativa, sendo informado por conversa do engenheiro com o mestre de
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obras, com um prazo de execução curto, sem vínculo com o planejado e, muitas vezes, com a
utilização ineficiente dos recursos.
2 Custos de um empreendimento
Os custos de um empreendimento se subdividem em: custos empresariais e custos de
produção. Os custos empresariais, também conhecidos como despesas indiretas, subdividem-
se nos itens seguintes, de acordo com (MENDES; BASTOS, 2001; RESENDE, 2008;
TISAKA, 2006).
Tributos;
Despesas de comercialização.
De acordo com Gonçalves (2011), os custos empresariais são responsáveis por algo em torno
de 15% a 25% do custo do empreendimento, os custos de produção representam algo em
torno de 40% a 50% do empreendimento, e o resultado esperado em torno de 15% a 20%.
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Kg
Barra de aço CA – 25 3/4” (bitola=20,0 mm / massa linear:2,466
03210.3.1.8 Kg/m³ 1,10
Fonte: TCPO 13
A composição citada acima se refere ao serviço de Armação de aço para estruturas em geral,
CA-25, diâmetro 20,0 mm, corte e dobra na obra – unidade Kg.
Segundo TCPO 13 os materiais usados, como o aço na composição anterior, tem um índice de
perda, adotados em suas composições, de 10%. Embora para serviço de armação a perda do
aço em canteiros pode variar de 4% a 16%.
De acordo com Park et al. (2005) existem dois modos de medição da produtividade possam
ser consideradas no modelo de entradas e saídas (Input/Output): produtividade =
saídas/entradas e produtividade = entradas/saídas. Esse trabalho adota o conceito de
produtividade como a relação entre entradas e saídas, sendo, no caso da mão de obra, o
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indicador definido como Razão Unitária de Produção (RUP). Sendo esse modo muito
difundido no Brasil e adotado nos orçamentos públicos e privados.
Segundo Souza (2001) a RUP como cálculo da produtividade relaciona o esforço do operário
com a quantidade de serviço realizada. A Equação 1 mostra o cálculo da RUP.
(1)
h – Número de horas
Ainda segundo o mesmo autor a duração de cada atividade, que se dá pela relação do número
de homens (mão de obra) dividido pelo número de homens total necessário, no trabalho em
questão fez-se segundo limitações de gastos e prazo total.
3 Estudo de caso
Para avaliar a variabilidade dos custos de produção, buscou-se um empreendimento que
disponibilizasse o orçamento e o cronograma, não tendo sido fornecida as composições de
custo unitário adotadas. O empreendimento em questão refere-se a construção de um núcleo
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de ensino, tendo uma área de execução de 760,26 m² com o valor total orçado em R$
932.180,43 reais, financiamento federal.
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Serviço: Cerâmica comum em placa 20 x 20 cm, assentada com argamassa pré-fabricada de cimento colante e
rejuntamento com cimento branco. m²
Preço
Descrição Und. Clas. Índice Preço Total(R$)
Unit.(R$)
Valor do m² 49,48
Total R$ 107.165,16
Fonte: TCPO 13
INSUMO QTN (Hh) 10% de QTN 20% de QTN 10% de QTN 30% de QTN 30% de QTN
Fonte: os autores
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Fonte: os autores
Assim, para obedecer ao prazo de execução e tentar obter o menor custo, tem-se que optar
pela utilização “forçada” do servente e o prazo seria de 1,5 mês ao invés de 5 meses, o que
mostra uma falha no cronograma e no orçamento, frente a não consideração da equipe de
produção.
Então fez-se a adequação da RUP do servente para que sua utilização seja na proporção já
explicitada das obras, de 2:1 (ladrilhista:servente)., resultado em um custo de R$ 2,76/m²
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Depois das observações e com as básicas correções, para continuidade dos cálculos, passou-se
a avaliar o máximo valor que poderia ser pago como produção e o prejuízo máximo que seria
obtido com a pior RUP segundo TCPO.
Para as avaliações fez-se a mesma sequência de cálculo que a usada na comparação do valor
orçado com o custo real. A única alteração é na composição onde passou-se a inserir como
índice, os valores de produtividade informados pelo TCPO.
RUP´S Mínimas
Ladrilhista 0,25
Servente 0,13
Fonte: os autores
Como já citado que o cálculo se dará da mesma forma como já mostrado acima, fez-se apenas
os comentários:
R$
INSUMO Meses completos Dias Faltantes Total/Classe Total Gasto Total Orçado
Fonte: os autores
Como observado na Tabela 5 o valor gasto com mão de obra foi menor que o previsto em
orçamento. O valor de R$ 2.357,42 reais, a economia gerada, é o maior valor, que pode ser
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retirado do montante total do serviço, para pagamento de bônus pela produtividade. No caso
referido, se um operário tivesse essa produção durante os 2,5 meses de execução, poderia
ganhar em bônus R$ 906,70 por mês. Isso se a gerência da obra destinasse todo o valor ganho
com a produtividade para o operário; contudo, poderia considerar uma parcela para a gestão
da obra e uma parcela para os operários, com um percentual a ser definido pela empresa.
RUP´S Máximas
Ladrilhista 1,36
Servente 0,68
Fonte: os autores
Comentários:
R$
INSUMO Meses completos Dias Faltantes Total/ Classe Total Gasto Total Orçado
Fonte: os autores
Como referido na Tabela 6 o valor gasto com mão de obra foi maior que o previsto em
orçamento. O valor de R$ 13.634,29 (valor real estimado - valor orçado) é o prejuízo que esse
serviço teria se não alcançar a produtividade prevista em orçamento. Isso mostra a
necessidade do acompanhamento da produtividade das equipes como ferramenta de gestão,
para controle dos custos. Se a obra não executar o acompanhamento da produtividade, nesse
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caso em questão, poderia se ter um prejuízo em 328% do valor pago com a mão de obra no
serviço.
4 Conclusão:
De acordo com o verificado não se deve desconsiderar o valor de um bom orçamento e de um
bom planejamento. São elementos essenciais para gestão, e que com uma não correlação a
realidade, pode-se gerar perdas financeiras a uma empresa e até mesmo sua falência. Por esse
motivo é inadmissível que obras, principalmente as públicas, os tratem sem a significância
devida e sem sua análise frequente, nos diversos estágios da obra.
Frente à importância do tema, para as empresas, sugere-se para trabalhos futuros a avaliação
de todos os insumos e de forma simultânea para gerar uma orçamentação ideal e para que não
se pague com produção valores irreais ao orçado.
Referências
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