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avançadas de produção”
1 Introdução
Atualmente, o mercado exige que empresas de manufatura disponibilizem seus produtos com
qualidade, rapidez, flexibilidade, confiabilidade e menor custo. Uma maneira de atingir esses
objetivos estratégicos de produção é se basear nos recursos de produção que envolvem
decisões como desenvolvimento de produtos, organização da mão de obra, planejamento da
capacidade e configuração das instalações (BUSSO; MIYAKE, 2012).
Muitos métodos foram desenvolvidos para apoiar a melhoria dos processos de produção,
especialmente no Japão durante sua industrialização. Um método que se tornou bem
conhecido foi a Total Productive Maintenance (TPM) ou Manutenção Produtiva Total. Sua
essência está no aumento da eficácia do equipamento de produção e, apoiando nos tipos de
perdas que podem acontecer. A TPM introduziu um método sistemático para medir a eficácia
do equipamento para eliminar as perdas: Overall Equipment Effectiveness (OEE). O OEE é
uma medida de desempenho utilizadas no controle gerencial para medir a eficácia do uso dos
equipamentos e auxilia os operadores a monitorarem e reagirem a eventuais perturbações na
produção (BECKER; BORST; VEEN, 2015).
O objetivo deste artigo é analisar como foi a implantação o OEE em uma empresa da indústria
alimentícia como indicador global para medir a eficácia dos processos de produção. A
implantação foi feita por meio do método Ciclo do PDCA.
2 Referencial teórico
Esta seção apresenta a revisão da literatura sobre os dois constructos fundamentais para o
desenvolvimento da pesquisa: medição de desempenho e Overall equipment effectiveness.
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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
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avançadas de produção”
O OEE foi introduzido como parte da Manutenção Produtiva Total (do inglês, Total
Productive Maintenance – TPM) no final dos anos 80 para medir o desempenho (NORDEN;
ISMAIL, 2012). O OEE é uma medida de desempenho para melhorar a eficácia e apoiar
objetivos de melhoria contínua por meio da identificação e eliminação de grandes perdas nos
processos de produção (YUNIAWAN; ITO; BIN, 2013).
Existem seis tipos de perdas que podem acontecer: falha de equipamento, montagem e tempos
de regulação, pequenas paradas, redução da velocidade dos equipamentos, defeito em
processo e redução do rendimento (BECKER; BORST; VEEN, 2015).
De acordo com Norden e Ismail (2012), o OEE pode ser usado para comparar a eficiência
global do equipamento usado em diversos tipos de plantas e como uma métrica primária para
medir o desempenho da planta, tornando-o útil para benchmarking. O OEE vem sendo
aplicado como medida de desempenho global de equipamentos em fábricas e tem auxiliado a
estruturar a análise das perdas de aproveitamento de sua capacidade, direcionando esforços de
melhoria contínua (BUSSO; MIYAKE, 2012). O Quadro 1 resume os tipos de perda e
paradas.
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A Figura 1 mostra a estrutura das seis perdas de tempo passíveis de serem observados na
medida de desempenho OEE. Essa figura também expõe o tempo de valor agregado como a
subtração das perdas do tempo de carregamento, bem como o cálculo de disponibilidade,
desempenho e qualidade.
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Busso e Miyake (2012) demonstram a existência de uma relação entre o tempo decorrido da
agregação de valor ao produto e o tempo de carregamento de máquina, ou seja, descontando-
se as perdas de disponibilidade (1), perdas de desempenho (2) e perdas de qualidade (3). O
OEE pode ser calculado pela Equação 1 em que: disponibilidade (D), desempenho (P) e
qualidade (Q).
OEE = D x P x Q (Equação 1)
Kwon e Lee (2004) apresentam um forma alternativa para calcular o OEE representado na
Equação 2:
(Equação 2)
Para implantar o OEE, Maideen et al. (2006) definiram três fases principais: definição, design
e implantação. A Figura 2 ilustra o quadro proposto para cada fase.
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A fase de Definição é comporta por três atividades: mapa de processo, capacidade mecânica e
variação de máquina, e layout da máquina. No mapa de processo, deve-se compreender o
fluxo de processo. Na capacidade e variação da máquina, calcula-se a capacidade e variação
da máquina do processo que serviu de base de referência para os resultados do OEE. No
layout da máquina, mapeia-se o layout das máquinas, reunindo as informações sobre a
localização de cada uma.
Na segunda fase, Design, é formado por quatro atividades: (1) Observação no Local e
Análise; (2) Mapeamento de Perdas; (3) Mapeamento de Perdas para a Medida de
Desempenho do OEE (Disponibilidade, Desempenho e Qualidade) e identificação o
Parâmetro Quantitativo Mensurável; (4) Desenho da folha de coleta de dados do OEE.
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Na terceira fase, Implantação, as pessoas responsáveis pelo processo são treinadas sobre
como o trabalho deve ser conduzido. Nessa fase, coletam-se os dados, realizam-se os cálculos,
análise e conclusão sobre o OEE.
3 Pesquisa de Campo
Esse artigo é um estudo qualitativo visto que ele se caracteriza como o entendimento da
problemática pela perspectiva dos atores envolvidos (YIN, 1994). O método de pesquisa
adotado foi o estudo de caso, pois o objetivo é analisar como foi realizada a implantação do
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OEE em uma empresa do setor de alimentos. Segundo Yin (1994), a justificativa da escolha
do estudo de caso sustenta-se pela análise de eventos recentes em um determinado contexto
no qual os limites entre a situação real e o fenômeno estudado não estão bem delimitado. Um
estudo de caso implica em uma análise detalhada e é envolvido pela complexidade e natureza
do caso em questão (BRYMAN; BELL, 2007).
Fraser e Gondim (2004) ressaltam que a entrevista é uma modalidade de diálogo entre duas ou
mais pessoas, ou seja, é uma forma de interação social com um propósito de trocar
informações e diminuir as incertezas ao redor do interlocutor. A observação é outra técnica de
coleta de dados que permite ao pesquisador obter mais detalhes sobre o objeto estudado.
Segundo Oliveira (2010), a entrevista e a observação são os instrumentos mais empregados na
pesquisa qualitativa.
A empresa estudada é uma multinacional no ramo de alimentos, líder de mercado, com mais
de 150 unidades instaladas em todo o Brasil incluindo fábricas, centros de distribuição,
moinhos, unidades de extração e silos. Os principais produtos dela são óleos, gorduras
vegetais, farinhas, pré-misturas para panificação, açúcar e bioenergia. A estrutura hierárquica
dessa empresa é matricial, com mais de 20.000 colaboradores, distribuídos em suas três
Unidades de Negócio (UN). Cada UN possui seus diferentes departamentos, tais sejam:
vendas, produção, planejamento, finanças, projetos, engenharia, compras, assistência técnica,
recursos humanos e tecnologia da informação.
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O estudo de caso foi realizado em três fábricas de margarina e gordura com capacidade
nominal de aproximadamente 23.000 toneladas/dia para margarinas e 5.000 toneladas/dia para
as gorduras envasadas.
Com o objetivo de aumentar sua produção de margarinas e gorduras, a empresa analisou seus
indicadores de capacidade de produção e percebeu que apesar dos altos índices dos
indicadores de eficiência de produção na faixa de 90% a 98%, às vezes 102%, não conseguia
atender a demanda de produção de margarinas e gorduras esperada pela equipe de vendas e
existia um atrito entre os gerentes de vendas e operações.
A eficiência de produção era calculada pela razão do volume produzido pela capacidade
nominal, sendo que a capacidade nominal era atualizada a cada seis meses pelo histórico o
que gerava um valor que não condizia com a capacidade nominal real das indústrias.
A empresa estudada utilizou essas etapas para organizar o projeto de implantação do OEE,
como ilustrado na Figura 3.
Figura 3 - PDCA
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A disponibilidade foi calculada por meio do tempo total retirando as perdas justificadas, perda
por indisponibilidade, falha operacional e falha de processo. O desempenho foi encontrado
por meio do tempo restante da disponibilidade menos as perdas de performance devido a
matéria-prima. Já para a qualidade, retirou-se do tempo restante do desempenho a perda por
produtos defeituosos e reprocesso. Dessa forma, obteve-se o tempo de operação. Para o
cálculo do indicador OEE a empresa dividiu o tempo de operação pelo tempo bruto de
operação.
A partir da implantação desse projeto, o indicador OEE passou a mostrar resultados em torno
de 65%, o que revelava uma falta de demanda. Isso mostrou que as plantas da empresa
estudada tinham outras dificuldades como capacidade ociosa de produção e falta de espaço
para armazenagem.
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Na etapa de Design, foi criada uma lista de perdas para os funcionários do chão de fábrica
pontuarem, porém, a lista era muito grande e a maior parte das perdas eram pontuadas como
“outros”. Isso tornava difícil saber o que havia acontecido na linha. Por isso, na fase de
Atuação (Action), foram feitas melhorias no design da medição de desempenho a fim de
tornar a lista mais prática e utilizável.
O OEE foi essencial para quantificar as perdas globais das fábricas. Com isso, foi possível
implantar projetos de melhorias. Como, por exemplo, as perdas referentes ao ajuste de
embalagens fizeram com que a equipe de qualidade se envolvesse possibilitando que uma
intervenção junto ao fornecedor fosse tomada para reduzir as variações das embalagens que
impactam no processo de produção. Outro exemplo foi a evidência da necessidade de
melhoria nos tempos de setup e programação junto a área de planejamento, pois foi observado
um tempo significativo de parada por troca de produtos constantes.
Foi realizado uma comparação entre o modelo de implantação de OEE proposto por Maideen
et al. (2006) e o modelo implantado pela empresa estudada com a finalidade de verificar se a
convergência entre teoria e prática. A Tabela 1 mostra as etapas de cada um deles.
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Avaliando o modelo que a empresa utilizou é possível observar que é mais completo do que o
modelo proposto Maideen et al (2006) uma vez que define a equipe envolvida no processo de
implantar, realiza o treinamento de engenheiros e pessoal da operação, avalia os resultados em
reuniões sendo possível realizar melhorias no processo e também há a melhoria do design do
indicador.
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completo. Apesar de ter havido algumas dificuldades na implantação, o uso do ciclo PDCA
favoreceu a busca de melhorias em torno do OEE.
Também havia muitos erros de apontamento por parte de operação e o detalhamento das
paradas não era suficiente para facilitar a tratativa de problemas. Além disso, outras áreas
como vendas não foram envolvidas na implantação do OEE e inicialmente houve um baixo
impacto no indicador, devido a rotina/excesso de tratativa de melhoria para correção.
Por outro lado, a apresentação do desempenho com uso do OEE para a Alta Administração
trouxe informações relevantes que antes não estavam disponíveis. Para maior envolvimento
de todos, inseriu a medida de desempenho nas metas de Participação nos Lucros e Resultados
(PLR) para todos os níveis hierárquicos (até Diretoria de Operações). Também se estabeleceu
um treinamento anual das metas para operação a fim de garantir o entendimento e atuação de
todos os membros de forma ativa. Todo este processo de alinhamento durou por volta de 2 a 3
anos para se obter definir o melhor conjunto de paradas para tratativa de problemas, inserindo
as responsabilidades não somente da operação (produção, qualidade e manutenção), mas
também da área comercial e planejamento. Também houve a necessidade da definição de
outras medidas de desempenho para complementar as análises de motivo de não entrega do
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volume esperado, tais como: On Time In Full (OTIF), Devoluções, Saldo de Crédito, entre
outros.
4 Considerações Finais
O OEE foi implantado nas fabricas da empresa estudada com a finalidade de calcular a
eficiência global real das plantas fabris. Vale destacar que a forma como a eficiência de
produção era calculada não explicava os problemas de não conseguir atender à demanda. Com
uso do OEE isto ficou claro e diferiu frontalmente do entendimento existente pelos
funcionários e administração da empresa.
A implantação do OEE foi feita seguindo as etapas do Ciclo PDCA. Ela levou a identificação
de perdas e ineficiências que estavam escondidas, ou seja, representavam uma parte dos
recursos da empresa que não estava sendo utilizada. Apesar da resistência dos envolvidos e o
acirramento do atrito entre os setores de operações e vendas, o OEE contribuiu para a criação
de projetos de melhoria contínua de processos e qualidade.
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