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RESUMO
Para que empresas brasileiras possam desenvolver estratégias de produção competitivas eficazes, capazes
de enfrentar as exigências impostas pelo mercado da concorrência globalizada, é de extrema importância
que se compreenda a origem e a evolução dos conceitos da administração da produção. O conteúdo do
trabalho a ser apresentado aborda o uso da metodologia lean manufacturing como principal modelo de
gestão nas empresas que adotam o método de produção enxuta, o levantamento dos principais gargalos de
produção, viabilizado pela utilização de uma metodologia amplamente conhecida no âmbito industrial.
Além de apresentar as ferramentas utilizadas nesta metodologia, este estudo visa principalmente fazer uso
da ferramenta denominada Overall Equipment Effectiveness (OEE) para aumento da produtividade em
linhas de produção.
A eficiência produtiva é um atributo valorizado na sociedade desde a revolução industrial, mas que tem
crescido em importância nas últimas décadas devido ao processo de globalização, que trouxe a abertura
de mercado entre os países e, como resultado, um grande aumento da competitividade entre as empresas
(MARIANO, 2007).
Palavras-chave: Lean Manufacturing; OEE; Eficiência Produtiva
ABSTRACT
In order for Brazilian companies to develop effective competitive production strategies capable of
meeting the demands of the globalized competition market, it is extremely important to understand the
origin and evolution of the concepts of production management. The content of the work to be presented
addresses the use of the lean manufacturing methodology as the main management model in companies
that adopt the lean production method, the survey of the main production bottlenecks, made possible by
the use of a methodology widely known in the industrial scope. In addition to presenting the tools used in
this methodology, this study mainly aims to make use of the tool called Overall Equipment Effectiveness
(OEE) to increase productivity in production lines.
Productive efficiency has been a valued attribute in society since the industrial revolution, but has grown
in importance in the last decades due to the globalization process, which has brought about the opening of
the market between the countries and, as a result, a great increase of competitiveness between the
companies (MARIANO, 2007).
Keywords: Lean Manufacturing; OEE; Productive Efficiency
1 INTRODUÇÃO
A globalização sendo um processo de integração econômica, social, cultural e
política, trouxe consigo o aumento da concorrência (GROSELLI, 2008).
Conforme Silva (2009) as organizações necessitam cada vez mais reduzir os custos
e aumentar a qualidade de seus processos e produtos a fim de se manterem
competitivas. Para conseguir essa excelência muitas empresas procuram hoje orientar
2 OBJETIVO
A indústria farmacêutica é um dos modelos de negócio mais regulados e
normatizados que existe. As exigências dos órgãos reguladores são extremamente
rígidas e justifica-se pela necessidade de redução de riscos à saúde dos consumidores. O
sucesso dessa garantia de qualidade advém de controles e procedimentos fabris, que
devem ser cumpridos à risca, pois a produção e comercialização de medicamentos é um
negócio que demanda controle acirrado e informações corretas o tempo todo. Tais
exigências muitas vezes impactam em processos complexos e com pouca produtividade.
Cabe aos gestores e engenheiros de processos buscarem técnicas e iniciativas que
minimizem esses impactos regulatórios minimizando os custos de fabricação sem
comprometer a qualidade do produto, trazendo ganho para a sociedade onde terá
medicamentos com custo mais acessível e sem risco ao seu tratamento.
O presente trabalho apresentará um resumo dos fundamentos e das ferramentas
agrupadas no conceito Lean Manufacturing, o efeito da utilização dessa metodologia
elaborada, e seu grande impacto na mudança de cultura das empresas. Mas, além disso,
esse estudo tem como grande objetivo demonstrar o impacto direto do medidor de
desempenho global OEE na melhoria da produtividade da linha de produção de
produtos sólidos em embalagem de frascos (linha 10), evidenciando também as
dificuldades de implementação encontradas neste processo de transformação.
A ideia é a seguinte: a economia de uma nação está limitada apenas pela sua
capacidade de produzir, quem produz mais tem uma economia maior. Então o aumento
da economia se dá por duas razões: 1) ou mais trabalhadores entraram no sistema
produtivo, e, portanto, estes trabalhadores extras produzem mais e, portanto, a economia
cresceu ou 2) ou a produtividade dos trabalhadores aumentou, isto é, os mesmos
trabalhadores agora produzem mais e, portanto, de novo a economia. Assim, no caso
clássico o aumento de economia é a soma do aumento de produz atividade com o
aumento (proporcional) da força de trabalho: se a produtividade aumentou 2% e a força
de trabalho outros 1%, a economia então pôde crescer 3%.
3 O INDICADOR OEE
OEE foi introduzido por Seiichi Nakajima, um dos pais da TPM (Total Productive
Maintenance), como uma medida fundamental para se avaliar a performance de um
equipamento, sendo usado como um dos componentes fundamentais da metodologia do
TPM.
Podemos seguramente dizer que se trata de uma ferramenta que fornece dados e
informações se um determinado processo possui um bom desempenho e onde estão os
fatores que impactam na performance.
Para entendermos esta ferramenta, alguns conceitos são necessários.
Três fatores determinam o cálculo do OEE:
Disponibilidade ou Tempo disponível: representa o tempo total, ou seja, o tempo
total que foi necessário para a produção incluindo tempos de espera, quebras, paradas
para refeição etc. Este fator chamará de OT (Do inglês Opening Time).
Desempenho ou Tempo útil: tempo necessário para a produção de boas unidades
com o equipamento produzindo em sua melhor velocidade de funcionamento sem que
seja considerada qualquer parada. Este fator chamará de UT (Do inglês Usefull Time).
Qualidade: Fator das quantidades produzidas dentro da especificação técnica.
Portanto, temos as seguintes expressões:
Para cálculo individual dos 3 fatores que compõe cada atributo do OEE, utilizamos
as expressões abaixo:
Tempo produzindo(min)
Disponibilidade(%)= x 100 % (3)
Tempo programado (min)
Quantidade Produzida Real (un)
Performance (%)= x 100 % (4)
Quantidade de Produção Teórica(un)
Quantidade de bons(un)
Qualidade (%)= x 100 % (5)
Quantidade Total Produzida(un)
4 PRODUTIVIDADE
O conceito de produtividade surgiu com o imperativo de se definir um indicador de
desempenho para uma DMU (Decision Making Unit), isto é, uma Unidade Tomadora de
Decisão [no caso em estudo, uma indústria] (MARIANO, 2007).
A eficiência produtiva é, em geral, confundida com produtividade, uma vez que
produtividade é um indicador da eficiência de um sistema produtivo. Portanto, se um
sistema tiver mais produtividade, também mais eficiente ele será (MARIANO, 2007). A
produtividade é uma designação genérica de um indicador que avalia o rendimento dos
recursos utilizados na produção, ou seja, a relação entre a quantidade produzida e a
quantidade de insumos ou fatores que foram utilizados no processo produtivo. Trata-se,
portanto, de um conceito que se aproxima ao de eficiência, trazendo relação com temas
como competitividade, incorporação de tecnologia e capacitação tecnológica
(BONELLI, 1996 apud SCHETTINI, 2010).
Produtividade é a relação entre os processos, recursos utilizados e a produção final.
É a expressão da eficiência de qualquer negócio, principalmente para a área industrial.
Os indicadores da produtividade de uma empresa estão relacionados ao processo de
produção para a geração de produtos ou serviços.
A melhora da produtividade determina o sucesso, ou não, de qualquer indústria.
Pois este fator está ligado diretamente com o custo de produção e então, diretamente
com o lucro por unidade produzida.
5 AS GRANDES PERDAS
As fábricas se esforçam para serem eficazes e produzir com baixo custo. Esse
esforço é exigido no ambiente de mudança dos dias atuais, quando os clientes
demandam produtos com qualidade e maior valor agregado. Algumas empresas
alcançam e mantêm um alto nível de produtividade com baixos custos de produção.
Muitas utilizam uma abordagem disciplinada para identificar as principais melhorias a
fazer, usando equipes para eliminar a raiz do problema. Em outras palavras encontraram
o poder da OEE - Eficiência Global dos Equipamentos.
Para melhoria da produtividade e consequentemente dos lucros, deve-se atuar na
eliminação das perdas.
Podemos agrupar as perdas de produtividade em 6 macros classificações:
1 – Parada por quebra do equipamento;
2 – Ociosidade;
3 – Preparação de máquina;
4 – Micro paradas;
5 – Velocidade abaixo do padrão;
6 – Rejeitos;
7- Retrabalhos.
6 A EMPRESA
Seu objetivo mundial é se tornar líder mundial e integrado em saúde, com foco nas
necessidades dos pacientes.
Para assegurar o crescimento sustentável e duradouro da organização, a Sanofi
fundamentou sua estratégia sobre quatro prioridades estratégicas:
A Sanofi está no Brasil desde 1919, a partir de diversas aquisições ao longo dos
anos. É a maior multinacional no mercado farmacêutico brasileiro, com 5 mil
colaboradores e sólida plataforma industrial no País. Seu compromisso com o Brasil se
verifica tanto pela produção local de 90% dos medicamentos em saúde humana que
comercializa no País, quanto programa sustentado de investimentos, inclusive de
pesquisa.
A maior planta fabril no Brasil está localizada na cidade de Suzano – SP, com
produção média anual de 250 milhões de unidades comerciais.
Atualmente é a linha com maior defasagem nas iniciativas lean. Os gráficos abaixo
mostram os impactos nos principais indicadores a serem trabalhados.
A linha possui um alto mix de produtos com alta variação mensal de produção, que
gera uma grande variação em sua produção mensal conforme a Figura 3:
Quantidade Produzida
414.214 411.627
367.771 368.273
351.188
324.356
305.032
267.238 274.674
245.971
181.559
161.094
132.319
118.359
85.733
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8
./1 V./1 R./1 R./1 I ./1 ./1 L . /1 ./1 T./1 T.1
V. /1 . /1 . /1
V. /1 . /1
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33,3%
31,2%
Sabendo que o Target de OEE projetado para a linha é de 47% de eficiência (OEE),
nota-se a defasagem de 13,7% de OEE.
Então gerou-se a estratificação macro das perdas conforme Figura 5:
Perdas Macros
35,5%
31,2%
19,1%
16,5% 15,3%
7,8% 6,3%
0,5% 1,2%
A a P E l s s o
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SETUP
19,1%
8,7%
5,1%
2,3% 2,8%
0,2%
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Figura 6 – Setup´s da linha de produção estudada
Fonte: Próprio autor.
Downtime (31,2%)
15,2%
7,8%
6,4%
6,0%
3,1%
1,8% 2,2%
1,7% 1,7%
1,3% 1,1%
0,6% 0,8%
0,7%
0,7%
0,2% 0,3%
0,3%
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Esta ferramenta possibilidade ter acesso rápido aos principais indicadores da linha,
permitindo então um rápido diagnóstico da linha facilitando a gestão na tomada de
decisões.
8.3 PARAMETRIZAÇÃO
Parametrização é o processo de decisão e definição dos parâmetros ideias para um
ajuste eficiente dos equipamentos/ processo.
Consiste em localizar todos os pontos de ajuste da máquina, sejam eles físicos ou
programáveis via sistema, e através de um monitoramento criar um guia com os
melhores parâmetros para cada ponto.
Este processo será realizado em etapas, onde a 1ª etapa já está em andamento e visa
mapear todos os pontos de ajustes e determinar se estes são fixos ou não e verificar se
todos os pontos a ser parametrizado possuem escala ou algum método de medição.
A 2ª etapa visa determinar os valores ideais e suas respectivas tolerâncias para cada
formato em cada etapa, esta etapa será realizada em conjunto com os times produção,
manutenção, materiais de embalagem e métodos.
A 3ª etapa irá identificar fisicamente todos os parâmetros fixos.
A 4ª etapa é disponibilizar uma listagem com todos os valores para cada formato
existente na linha e treinar todos os operadores na consulta e regulagem dos parâmetros.
Caso possível os parâmetros (valores) serão fixados próximo de cada ponto.
A 5ª etapa será a fase de monitoramento, onde será possível verificar se o tempo de
ajuste e de setup foi reduzido e ainda, avaliar se o descarte de material em ajuste
também foi reduzido.
Esse guia é um documento que precisa de revisão periodicamente, e deverá estar
disponível próximo à máquina todo o tempo.
8.4 SMED
SMED (Single Minute Exchange of Die) é uma metodologia que pode ser traduzida
por troca rápida de ferramenta em um digito de minuto, esta ferramenta visa estabelecer
que o tempo de máquina/ processo parado por troca de lote ou de produto deve ser
menor que 10 minutos.
Em qualquer análise de operações de setup, é importante distinguir o trabalho que
pode ser feito enquanto a máquina está funcionando e aquele que deve ser feito com a
máquina parada. O princípio fundamental de melhoria de setup é transformar uma
operação de setup interno em uma de setup externo. ” (COSTA et al., 2004).
1ª etapa: Estudo do trabalho – antes de aplicar o SMED, o método operatório não
existe ou não está melhorado, as tarefas externas e internas estão misturadas. Efetuam-
se vídeos e observações e classificam-se as atividades.
2ª etapa: Separar atividades externas das internas – colocar as atividades externas
antes e depois do setup, reduzindo assim o tempo de máquina parada.
3ª etapa: Transformar atividades internas em externas – como, por exemplo, pré-
aquecer o molde antes da mudança, para quando entrar na máquina estar à temperatura
de funcionamento e o aquecimento do molde passou de tarefa interna para externa.
4ª etapa: Reduzir e eliminar as atividades internas – reduzir o tempo das atividades
que têm de ser mesmo internas, ou se possível eliminá-las. Nesta etapa procura-se
eliminar e reduzir apertos, eliminar e reduzir os ajustes.
5ª etapa: Reduzir as atividades externas – mesmo não prejudicando o tempo de
setup, estas atividades consomem tempo e recursos. Devendo melhorar toda a logística
de suporte à preparação e ao pós-setup.
6ª etapa, em que se constrói um método operatório que resume o resultado final da
melhoria obtida com o SMED, promove o trabalho standard e serve de base de treino e
de melhoria para as equipes. Finalmente referir que devemos continuar a melhorar e
persistir na procura incessante de redução dos tempos de setup.
8.5 VSB
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
10 REFERÊNCIAS:
http://www.sanofi.com.br/l/br/pt/layout.jsp?scat=124A4F62-7176-44C7-AE0C-
94EDCBFFC9B4 acesso em 03/04/2018.
CARVALHO, M.F; SILVA FILHO O.S; FERNANDES C.A.O. O planejamento da
manufatura – práticas industriais e métodos de otimização. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X1998000100003.
Acesso em 08/04/2018.
https://www.lean.org.br/workshop/27/trabalho-padronizado.aspx acesso em 07/05/2018.
http://enginebr.com.br/industria-farmaceutica-exige-rigor-nas-normas-de-qualidade-e-
validacao-engine-e-exemplo-de-exito-no-processo.html acesso 22/05/2018.
OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto
Alegre: Bookman, 1997.
RANGEL, D. A. et al. Aumento da Eficiência Produtiva através da Redução do Tempo
de Setup: aplicando a troca rápida de ferramentas em uma empresa do setor de bebidas.
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 10, n. 1, p. 36-49, 2012.