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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
1. INTRODUÇÃO
A realidade do mercado atual para todos os tipos de organizações, sejam elas destinadas à
produção de bens ou de serviços, tem se mostrado cada vez mais seletiva e baseada em
ganhos competitivos. Esta competição de nível global exige que as empresas compreendam
cada vez mais a necessidade de operar com segurança no âmbito das tomadas de decisões
estratégicas.
De acordo com Slack et al. (2002), em uma fábrica ideal, ou “fábrica do futuro”, a gestão dos
processos é feita pela utilização de indicadores de desempenho amplamente discutidos e
aceitos por todos os colaboradores que estiverem intimamente ligados aos objetivos
estratégicos e táticos da empresa.
Desta forma, é notória a necessidade de ferramentas apropriadas não só para medir o seu
desempenho, mas também ferramentas que facilitem a tomada de decisão mediante a análise
desses valores.
Por fim, foi elaborada uma proposta de painel (dashboard) gerencial para ser usado como
ferramenta de acompanhamento e controle dos indicadores-chave de desempenho de
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manutenção.
2. MANUTENÇÃO
A atividade de manutenção vem sofrendo inúmeras alterações ao longo dos anos. Isto se deve
a fatores como o aumento da tecnologia e automação, aumento da variedade de
componentes/equipamentos que as organizações desejam conservar, maior exigência do
cliente em relação à qualidade do produto e maior conscientização da relação da qualidade
com a manutenção.
Todo equipamento e/ou produto está sujeito a um processo de desgaste que ocorre
progressivamente e o impede de desempenhar corretamente a sua função. Para evitar este
processo de desgaste é necessário o cumprimento de algumas ações sobre o mesmo.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define que a manutenção envolve todas
as ações necessárias para que um componente seja conservado ou restaurado, de maneira a
continuar em concordância com uma condição especificada.
Segundo Kardec e Nascif (2013), na visão atual, a Manutenção existe para que não haja
manutenção, no sentido de manutenção corretiva não planejada. Por mais paradoxal que isso
pareça, numa visão mais aprofundada, percebe-se que o trabalho da manutenção está sendo
enobrecido onde, cada vez mais o pessoal ligado a esta atividade precisa de qualificação e
equipamentos suficientes para evitar falhas e não para corrigi-las.
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3. INDICADORES DE DESEMPENHO
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Como benefícios dos KPIs, Faria (2007) colocam que os mesmos visam conscientizar a
organização da necessidade de que os trabalhadores tenham um maior entendimento sobre o
desempenho dos processos, visando agregar valor a clientes e acionistas. Neves (2009)
também aponta como um dos benefícios a compreensão de como a empresa trabalha e como
as gerências a dirigem, otimizando o processo de tomada de decisão.
É interessante que apenas sejam escolhidos como KPIs aqueles indicadores cuja meta seja
capaz de alinhar a organização com a sua visão e objetivos estratégicos. De maneira simplista,
os KPIs são indicadores de desempenho que têm maior impacto sobre o planejamento
estratégico da empresa e, por isso, merecem maior atenção e controle. Logo, é pertinente que
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haja revisões e mudanças nos mesmos sempre que os objetivos fins da empresa sofrerem
alterações.
3. METODOLOGIA
Este trabalho se constitui como uma pesquisa científica de natureza interventiva, uma vez que
foi concebido em domínio acadêmico através de procedimentos científicos de investigação,
com intuito de intervir planejadamente promovendo uma mudança no cenário tomado como
objeto do estudo.
O trabalho pode ser classificado quanto ao método de pesquisa como uma pesquisa-ação, pois
o pesquisador desempenha um papel ativo na resolução de um problema, reunindo a teoria
com a mudança a partir da sua ação nesse sistema.
Os dados obtidos para esta pesquisa são originários de documentos internos da empresa, do
próprio sistema de gerenciamento de manutenção do setor estudado, registros das reuniões
promovidas entre pesquisadora e a equipe de manutenção Para o tratamento dos dados foram
utilizadas as ferramentas excel, AHP, QCDMS.
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PESO SIGNIFICADO
3 IRRELEVANTE
5 POUCO RELEVANTE
7 RELEVANTE
10 MUITO RELEVANTE
Por conseguinte, a fim de obter um painel gerencial com informações realmente úteis e
consistentes para integrar um projeto de gestão à vista na referida empresa, este deve ser
desenvolvido de modo coletivo, ou seja, envolvendo o pesquisador e a equipe de profissionais
que gerenciam esse processo, bem como os profissionais que estão em contato direto com
atividades cruciais para o atendimento das metas dos indicadores.
4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
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Este estudo se desenvolveu em uma oficina mecânica, pertencente a uma gerência setorial da
referida empresa. A oficina realiza manutenção mecânica/elétrica e inspeção em ferramentas e
equipamentos de perfuração/exploração de poços de óleo e água, apoia as atividades nos
processos de solicitação de nota fiscal, requisição de transporte, organização e
encaminhamento de ferramentas a seus respectivos destinos finais para realizar operações.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Quadro 2 - QCDMS
Como é possível observar, os indicadores de desempenho que devem ser considerados KPIs,
ou seja, acompanhados mais de perto pelas gerências superiores são:
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Confrontando este resultado com a realidade atual da empresa, o único destes que ainda não é
considerado um KPI na empresa é o EPM C. Desta forma, propõe-se sua inserção no termo de
compromisso e seu acompanhamento rotineiro pelas gerências superiores, como os demais
KPIs.
O ICPI e IARI dizem respeito à inspeção dos equipamentos com prazos de recomendação de
até 90 dias, que sem dúvidas é uma atividade crítica mais urgente no que diz respeito
especialmente à integridade dos equipamentos e prevenção de acidentes; o que, entre outros
motivos, justifica o acompanhamento sistemático desse indicador. Já o IGARI, que também
diz respeito à inspeção, não precisa de um acompanhamento tão detalhado em virtude de
acompanhar o atendimento às recomendações de inspeção com limites a partir de 90 dias até
720 dias, ou seja, são períodos longos e não tão urgentes dentro do planejamento.
O IDE tem uma forte influência no que diz respeito à velocidade de atendimento, pois mede a
disponibilidade operacional dos equipamentos/unidades de produção, ou seja, mostra se os
equipamentos estão sendo disponibilizados em condições operacionais no momento
necessário. Porém é um indicador secundário ou indireto, de maneira que no seu cálculo
entram outros indicadores mais importantes para o termo de compromisso; logo, não é
necessário que seja acompanhado como KPI, já que garantindo o atendimento de outros
indicadores já se está garantindo o atendimento deste.
Além da análise QCDMS, o modelo de decisão multicriterial AHP foi aplicado com o
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Como explicado anteriormente, nos dias atuais a gerência passa por um processo de
planejamento para o controle sistemático dos indicadores, existindo a necessidade de
priorização dos mesmos. O problema do setor de serviços especiais é hierarquizar os nove
indicadores existentes a fim de identificar quatro prioritários, onde manterá maior atenção. Os
gestores da manutenção decidem por esse número pela maior facilidade em gerenciar
mantendo um foco em um número menor e mais importante de indicadores.
A partir de consulta direta aos gestores de manutenção do referido setor, foram selecionados
quatro critérios mensuráveis a serem considerados na aplicação do AHP. Esses critérios foram
submetidos a uma avaliação com os nove indicadores, a qual permitiu, ao final, ordenar esses
indicadores e identificar quatro que devem ser priorizados, com base nos critérios utilizados e
na comparação dos mesmos a partir do julgamento de um decisor, o engenheiro de
manutenção.
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os critérios a partir da escala de Saaty. Deste modo foi possível encontrar um peso para cada
critério, ou seja, o percentual de utilização ou importância dos mesmos.
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A partir da aplicação do método AHP e dos critérios utilizados, criados pelos gestores da
manutenção, os indicadores que devem ser priorizados são, nesta ordem: ICPM, IARI, ICPI e
IGARI.
A análise QCDMS se trata de um método mais simples, onde indicadores e critérios são
comparados e são atribuídos pesos diretamente a essas relações. A partir desta análise, os
quatro indicadores prioritários encontrados foram ICPM - Índice de Cumprimento aos Planos
de Manutenção, ICPI - Índice de Cumprimento aos Planos de Inspeção, EPM C - Eficácia de
Plano de Manutenção por Custo e IARI - Índice de Atendimento às Recomendações de
Inspeção.
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porcentagem de desempenho atingida para cada mês em relação à meta de cada um deles.
É importante observar que todos os valores mostrados são somente ilustrativos, ou seja, são
exemplos criados para compor o modelo.
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Os dados referentes a cada indicador podem ser vistos em planilhas separadas, conforme
mostra a Figura 5.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A partir desta necessidade de medir o desempenho das atividades, bem como encontrar
subsídios que viabilizem as tomadas de decisões estratégicas, justifica-se a importância dos
indicadores-chave de desempenho.
Nos resultados, observou-se que os indicadores avaliados como KPIs a partir o QCDMS
foram os mesmos já considerados como KPIs na empresa, ou seja, dos quais os resultados são
cobrados e acompanhados pelas gerências superiores, com a adição de mais um indicador que
obteve uma pontuação elevada. Esse indicador também pode, então, ser acompanhado como
KPI, tendo em vista a importância que o mesmo possui para o plano estratégico da empresa.
Após o QCDMS, foi aplicado o método AHP, de maneira que os resultados obtidos foram
satisfatórios e se assemelham aos da primeira ferramenta, diferindo em apenas um indicador.
Foi possível atingir o objetivo da identificação e análise dos KPIs e construir um modelo de
painel de indicadores-chave de desempenho, que deverá ser utilizado pela gerência como
Gestão à Vista, contribuindo para o conhecimento da força de trabalho, o planejamento da
empresa e a tomada de decisões relativas ao desempenho das atividades. A partir dos
resultados obtidos, a empresa pode dedicar maior atenção ao acompanhamento de um número
menor de indicadores, que são cruciais para a medição do desempenho de suas atividades e,
desta forma, identificar falhas existentes na manutenção, aprimorar seus processos e atender
melhor seu cliente final.
Destaca-se ainda que este estudo pode ser estendido/aprimorado pela própria empresa e
também serve como base para posteriores trabalhos acadêmicos que sigam a mesma linha de
pesquisa; além de apoiar outras empresas que desejem dar a adequada importância aos
indicadores de desempenho e utilizá-los como forma de auxiliar o planejamento e alcance de
objetivos estratégicos e melhorar continuamente seus processos.
REFERÊNCIAS
FARIA, A.C.; Gestão de custos logísticos. Editora Atlas, 2007.
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MURÇA, V. A. A.;Aplicação da filosofia Lean na área da Manutenção. 101f. Dissertação (Mestrado) - Curso
de Engenharia Mecânica, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2012.
NEVES, M.A., Tudo sobre indicadores de desempenho na logística. Revista Mundo Logística, 2009.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2ª. ed. São Paulo: Atlas S.A.,
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VERRI, L. A. Gerenciamento pela qualidade total na manutenção industrial: aplicação prática. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2007.
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