Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Guerra e Paz
No primeiro capítulo do livro, o jornalista italiano Antonio Polito aborda diversas
questões sobre as permanências e rupturas da realização de guerras durante a história. Sobre
os diversos questionamento Hobsbawm afirma que a história não é cíclica mas, que podemos
apreender muita coisa ao conhecê-la e, por mais que as guerras provavelmente nunca deixem
de existir- como exemplos as diversas guerras civis que acontecem pelo o mundo- a natureza
geral da paz e da guerra já não são as mesmas.
A guerra muda tanto politicamente quanto tecnologicamente. Para o entrevistado é
pouco provável que ocorra outra guerra mundial entre potências enquanto os Estados Unidos
se configure como a potência máxima, apesar de afirmar ver um crescimento chinês, e, esse
fato, faz com que se torne também pouco provável uma guerra nuclear.
Ao ser indagado sobre a Guerra dos Balcãs, Eric mostra que a principal diferença das
“guerras convencionais” é a inexistência, se não concreta mas de toda forma iminente, de
1
HOBSBAWN, Eric. O novo século: entrevista a Antonio Polito. São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
2
Trabalho apresentado na disciplina de Tópicos Especiais em Pesquisa Histórica do Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (PPGH/UFPE)
3
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco
(PPGH/UFPE). Licenciada em História pela Associação Caruaruense de Ensino Superior e Técnico
(ASCES).
fronteiras internas e externas onde, Estados alheios podem interferir em guerras fora de suas
fronteiras sem que isso signifique que estejam em estado de guerra.
As “novas guerras” contam com o avanço da tecnologia que tornam os ataques menos
civis e mais precisos porém, mais mortais e perigosos. Os “guerrilheiros” de hoje possuem
metralhadoras e lança-chamas, herança da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. A
influência da iniciativa privada é cada vez mais perceptível, os Estados preferem contratar
militares profissionais do que recrutar seu povo e, as consequências da privatização bélica
ainda está longe de ter uma análise satisfatória por meio de pesquisas.
O capítulo é finalizado com uma discussão sobre o papel da televisão nos conflitos, o
que Hobsbawm irá chamar de “efeito CNN”, e como a opinião pública altera-os. A visão de
um chefe de estado, por exemplo, irá levar em consideração essa opinião pública e poderá
facilmente manipulá-la, e até mesmo criar mitos nacionais a-históricos mas aceitos
fervorosamente, por meio da televisão.
7. 12 de outubro de 1999
Hobsbawm comenta sobre a chegada da criança de número 6 bilhões que, segundo
previsões, nascerá em 12 de outubro de 1999 e como isso marca o início de uma nova era. No
entanto, ele afirma que é impossível fazer previsões gerais sobre o futuro dessa criança ou do
mundo em que ela nascerá. As mudanças que ocorrem rapidamente contam pouco, exceto
para a própria criança e seus pais.
Hobsbawm comenta sobre a queda da taxa de natalidade, que afeta tanto países ricos
quanto pobres, e prevê que as disparidades demográficas entre diferentes regiões do mundo
serão um dos maiores problemas do próximo século.
A urbanização pode ajudar a reduzir a pressão sobre o meio ambiente causada pelo
aumento da população, mas o problema mais urgente é a má distribuição da população pelo
globo, o que pode levar a uma migração em massa para os países mais ricos. A demanda por
serviços baratos que não podem ser realizados pela população nativa pode levar a
transferência de mais pessoas do terceiro mundo para o primeiro mundo, o que pode criar
problemas políticos e sociais. Existe o risco de uma sociedade protecionista na Europa que
prefere manter os estrangeiros fora de suas fronteiras, o que pode criar uma sociedade de
primeira classe e outra de segunda classe, composta pelos estrangeiros sem direitos de
cidadania plena.
A entrevista aborda ainda a questão da imigração e o aumento da população
estrangeira em países da Europa como a Alemanha e a Áustria, que já atingiram cerca de 10%
da população total. Hobsbawm acredita que as rígidas restrições europeias sobre a imigração
não serão suficientes para impedir um aumento ainda maior desse percentual, o que poderia
gerar tensões políticas e sociais, além do risco de racismo. Ele também se questiona sobre o
que pode acontecer com países mais pobres do leste europeu que estão apresentando
tendências similares, indicando que isso também pode gerar problemas.
O autor afirma que os efeitos da degradação ambiental são inevitáveis e sérios, e que a
humanidade tem a capacidade de esgotar recursos não renováveis e tornar o mundo inabitável
através da poluição e da modificação da atmosfera. Ele ressalta que a percepção desse
problema é relativamente recente e que a degradação ambiental antes era algo regional, mas
que agora é global. O autor defende que devemos resistir às tentativas de preservação apenas
por meio de museus vivos e áreas simbólicas, e em vez disso, devemos agir com base na
experiência do passado e encontrar soluções para a preservação do ambiente em escala global.
Entretanto, é importante considerar que as alterações no meio ambiente não
necessariamente levam a um desastre total e que há possibilidades de gerenciar a situação. No
entanto, é importante ter em mente que, apesar de haver autoridade em níveis locais e
nacionais para lidar com o problema ambiental, a falta de uma autoridade global pode ser um
grande obstáculo. As maiores ameaças ambientais são, de fato, globais e requerem uma
cooperação global para serem resolvidas. Portanto, a questão de quem terá autoridade para
realizar planos e colocá-los em prática é um desafio importante a ser enfrentado no século 21.
Sobre a questão da natalidade, o autor acredita que, no passado, as mulheres tinham
muitos filhos porque não tinham muitas opções e porque os filhos eram uma fonte de ajuda
para a família. Com o tempo, no entanto, as coisas mudaram e hoje os filhos não podem mais
ajudar financeiramente a família desde cedo. Além disso, os métodos anticoncepcionais
possibilitaram que as pessoas tenham maior controle sobre a natalidade e, consequentemente,
a decisão de ter ou não ter filhos passou a ser mais uma questão financeira do que uma
questão cultural ou religiosa. Em suma, Hobsbawm acredita que o declínio da natalidade na
Europa é uma resposta racional às condições econômicas e sociais do mundo atual.
Conclusão: Tomara!
Na conclusão da entrevista dada a Polito, Hobsbawm fala sobre sua militância no
Partido Comunista e sua visão de que a luta por um mundo melhor é fundamental para a
humanidade. Ele não se arrepende de ter se filiado ao partido, mas reconhece que a causa que
defendeu nem sempre teve resultados positivos. Ele acredita que se os homens se
concentrarem apenas na busca da felicidade pessoal, por meio do acúmulo de bens materiais,
a humanidade será diminuída.
Hobsbawm considera o século XX um período extraordinário, não apenas marcado
por desastres. Ele afirma que o mundo está melhor no final do século do que antes, embora
haja algumas exceções. O autor finaliza a entrevista expressando seus desejos para seu neto
Roman, que será um filho do século 21. Hobsbawm espera que Roman goste do lugar onde
vive e que encontre uma sociedade que esteja à altura de suas esperanças e aspirações, apesar
de ser difícil para ele entender as experiências que seu avô teve no século anterior.