Microfsica do documentrio: ensaio sobre criao e ontologia do documentrio
Luiz Augusto Rezende
REZENDE, Luiz Augusto. Microfsica do documentrio: ensaio sobre criao e
ontologia do documentrio. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2013. (Pensamento brasileiro, Inveno & crtica.
[...] toda atividade cinematogrfica implicaria representao, por se tratar sempre de um
fato de linguagem, um discurso produzido e controlado, de diferentes formas, por uma fonte produtora (XAVIER citador por REZENDE, 2013, p. 31).
O real nunca conta histrias ou produz significados e ideias por si prprio sempre necessria uma interveno humana (REZENDE, 2013, p. 32).
Na fotografia, a interveno e a ideologia do sujeito desempenham, para Bazin, um
papel pouco significante, acidental ou circunstancial, apenas. A especificidade do carter de representao da fotografia e do cinema se manifestaria, portanto, no fato de o objeto representado ser, literalmente, representado apresentando novamente, como uma reproduo que guarda as mesmas caractersticas do objeto real por meio de uma transferncia de realidade da coisa representao. Ao contrrio da representao pictrica, em que a mo do artista mediatiza o objeto, a fotografia e o cinema prescindiriam desta interferncia, e isso que os faria, para Bazin, formas originais, privilegiadas ou especiais de representao (REZENDE, 2013, p. 39).
H, portanto, uma questo de criao, de inveno, no documentrio que a noo de
representao no tem dado conta (REZENDE, 2013, p. 89).