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Artigo original
Journal of Addictions Nursing & Volume 24 & Number 2, 116Y121 & Copyright B 2013 International Nurses Society on Addictions
Sociedade e suas influências no uso de drogas
Entre jovens em Teerã, Irã
Jila Mirlashari m Apo Demirkol, MD, MSc, PhD, FAFPHM, FAChAM m Mahvash Salsali m
Hassan Rafiey, MD m Jahanfar Jahanbani, DDS
Resumo O uso
de drogas ilícitas representa um importante problema de saúde
pública em todo o mundo, afetando principalmente os jovens. As
estimativas atuais sugerem que o Irã tem a maior taxa de dependência
de ópio per capita do mundo. Tem sido sugerido que múltiplos
elementos contribuem para o processo de uso de drogas. O objetivo
deste estudo é explorar os prováveis componentes da sociedade que
podem desempenhar um papel no início do uso de drogas entre os
jovens adultos. O estudo é de natureza qualitativa.
Foram realizadas 24 entrevistas em profundidade com jovens
usuários de drogas (n = 10) e mulheres (n = 10) e seus familiares
(n = 4). Com base em nossa análise de dados, desenvolver uma
atitude pró-drogas, uma atitude conformista da sociedade em relação
ao tratamento de jovens e indivíduos jovens e ter uma abordagem
fraca em relação à prevenção foram identificados como importantes
determinantes do uso de substâncias. Recomendamos a necessidade
de intervenção precoce, especialmente para comunidades em risco.
Os resultados desta pesquisa sugerem que lidar com um
grande problema como o uso de drogas requer uma avaliação
abrangente do contexto em que os jovens vivem e usam substâncias.
De acordo com nossas descobertas, explorar as experiências de
jovens usuários de drogas não é apenas importante, mas também útil
para os formuladores de políticas desenvolverem programas de
prevenção e intervenção mais eficazes.
JilaMirlashari, Professora Assistente, Escola de Enfermagem e Obstetrícia,
Universidade de Ciências Médicas de Teerã, Teerã, Irã, e SSWAHS Drug Health
Services, Liverpool Drug Health Services, Liverpool Hospital, Liverpool, Austrália.
Serviços de Saúde, Hospital de Liverpool, Nova Gales do Sul, Austrália.
Apo Demirkol, MD, MSc, PhD, FAFPHM, FAChAM, Médico Consultor, SSWAHS
Drug Health Services, Liverpool Drug Health Services, Liverpool Hospital,
Liverpool, Austrália, e Departamento de Medicina de Dependência, Universidade
de Sydney, Sydney, Austrália.
Mahvash Salsali, Professor, Escola de Enfermagem e Obstetrícia, Universidade
de Ciências Médicas de Teerã, Teerã, Irã.
Hassan Rafiey, MD, Psiquiatra e Professor Assistente, University of Social
Welfare and Rehabilitation Science, Teerã, Irã.
Jahanfar Jahanbani, DDS, Patologista Oral e Professor Associado, Departamento
de Patologia Oral, Ramo Odontológico, Universidade Islâmica Azad, Teerã, Irã.
Os autores informam que não há conflitos de interesse. Os autores são os
únicos responsáveis pelo conteúdo e redação do artigo.
Correspondência relacionada ao conteúdo para: Mahvash Salsali, Escola de
Enfermagem e Obstetrícia, Universidade de Ciências Médicas de Teerã, Praça
Tohid, Teerã, Irã.
E-mail: m_salsali@hotmail.com
DOI: 10.1097/JAN.0b013e31826f6846
116 www.journalofaddictionsnursing.com
Copyright © 2013 International Nurses Society on Addictions. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo.
Palavras-chave: dependência de drogas, Irã, pesquisa qualitativa,
sociedade, jovens
INTRODUÇÃO O uso de
substâncias e seus problemas associados constituem um grande
desafio global de saúde pública, afetando principalmente os
jovens (Kuhar, Joyce, & Dominguez, 2001). Uma das graves
consequências da dependência de drogas é o aumento da
mortalidade e morbidade entre os usuários, e existem muitas
explicações para que isso ocorra. Estes incluem overdoses de
drogas, acidentes e traumas, suicídio, consequências de vírus
transmitidos pelo sangue, como HIV e hepatite C, e piores
resultados de saúde física e mental (Latt, Conigrave, Saunders,
Marshall, & Nutt, 2009).
As estimativas atuais sugerem que o Irã tem a maior taxa de
dependência de ópio per capita do mundo (United Nations Office
on Drugs and Crimes, 2009), com entre 800.000 e 1.700.000
iranianos considerados dependentes de drogas (Narenjiha,
Rafiey, & Baghestani, 2009).
Pesquisas recentes também mostram um aumento no uso de
drogas entre os jovens no Irã (Nakhaee & Jadidi, 2009) e
descrevem o usuário médio iraniano como tendo menos de 30
anos (Jafari, Movaghar, Craib, Baharlou, & Mathias, 2009). Com
mais de 35 milhões de iranianos com menos de 24 anos, cerca
de metade da população total do Irã (Centro Estatístico do Irã,
2006), isso representa uma grande parcela que pode ser
vulnerável à exposição a drogas.
A história do uso do ópio para fins recreativos remonta a mais
de quatro séculos no Irã, e há uma tradição de aceitação cultural
em muitas partes do país (Momtazi & Rawson, 2010). No entanto,
este nível de tolerância não se estende ao uso de outras
substâncias, como heroína ou substâncias anfetaminas.
Existem várias teorias que tentam explicar a taxa relativamente
alta de uso de drogas no Irã, incluindo sua proximidade com o
vizinho Afeganistão, onde a produção de ópio aumentou nos
últimos anos. O Irã está na rota mais rápida e eficiente para o
tráfico de drogas do Afeganistão para os países ocidentais,
deixando-o vulnerável ao tráfico de drogas (Momtazi & Rawson,
2010).
A dependência de drogas é um problema multifacetado.
Pesquisas atuais sugerem que muitos fatores podem influenciar
a decisão de uma pessoa de usar drogas, incluindo os efeitos
prazerosos da substância; suscetibilidade individual decorrente de
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traços de personalidade, como impulsividade e comportamentos de risco;
coexistência de problemas psiquiátricos e fatores genéticos; aceitação cultural;
disponibilidade de medicamentos; e fatores ambientais, como uma educação
difícil, que pode incluir desvantagem social, bem como trauma emocional, físico
e sexual (Brewer & Dalton, 2008; Galea, Ahern, & Vlahov, 2003; Haber,
Demirkol, Lange, & Murnion , 2009; Lam & Shek, 2006; Roberts, 1999; Spooner,
1999).
O debate sobre o que contribui para o início do uso de drogas está em
andamento; no entanto, a voz dos usuários de drogas tem sido, em sua maioria,
excluída do discurso dominante sobre o tema. (Whiteacre & Pepinsky, 2002).
Este estudo explora o curso do início do uso de drogas entre jovens
iranianos por meio de um inquérito qualitativo envolvendo entrevistas com
usuários ativos de drogas e pessoas que estão em tratamento para problemas
de abuso de substâncias. Centra-se nos determinantes sociais identificados
pelos participantes como sendo importantes fatores contribuintes para o seu
problema de consumo de substâncias. Este artigo visa informar os decisores
políticos e os prestadores de cuidados de saúde sobre as formas de prevenir
este grande problema de saúde pública.
METODOLOGIA A abordagem
qualitativa foi empregada para permitir que os pesquisadores explorassem a
história de cada participante. Os métodos qualitativos são adequados para
desmistificar os fatos sobre o uso de drogas e substituir estereótipos e mitos
sobre o vício por informações mais precisas que reflitam a realidade cotidiana
da vida dos usuários de substâncias (Neale, Allen, & Coombes, 2005). Esses
métodos também podem ser úteis para fornecer recomendações para a prática
(Spooner, 1999).
AMOSTRA Os
dados foram coletados entre abril de 2009 e março de 2011 por meio de
entrevistas individuais em profundidade com 24 indivíduos. Foram realizadas
20 entrevistas com 10 rapazes e 10 moças. Quinze desses participantes
estavam em tratamento e cinco eram usuários ativos (Tabela 1). Também foram
realizadas quatro entrevistas com familiares de participantes em tratamento,
com o objetivo de verificar as informações fornecidas pelos usuários do estudo.
Como a saturação determina o tamanho amostral mais qualitativo (Mason,
2010), o processo de amostragem continuou até que novos dados não pudessem
esclarecer mais a questão.
Para garantir que uma ampla variedade de origens fosse capturada,
participantes de diferentes origens socioeconômicas e idades e com diferentes
níveis de educação foram recrutados em diferentes seções da capital do Irã,
Teerã. Eles foram recrutados propositalmente em centros de tratamento com
assistência médica, organizações não governamentais (ONGs) que ajudam a
tratar viciados e parques públicos onde os usuários se reuniam. O recrutamento
em clínicas e em ONGs foi facilitado pelo pessoal.
Este tópico de pesquisa é altamente sensível e a população-alvo é
marginalizada porque o uso de drogas é ilegal no Irã. Por esta razão, o primeiro
autor deste estudo gastou considerável
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tempo construindo relacionamento entre os usuários para ganhar sua confiança.
Aqueles que aceitaram participar foram entrevistados pelo primeiro autor.
As entrevistas, que duraram entre 45 e 150 minutos em uma a duas sessões,
foram gravadas em áudio e transcritas.
ANÁLISE DOS DADOS A
análise dos dados foi baseada no método de comparação constante de Straus
e Corbin (Corbin & Strauss, 1998, 2008). A análise começou com a codificação
detalhada dos dados e, em seguida, os códigos foram organizados
hierarquicamente, revisados e repetidamente comparados entre os dados para
formar as principais categorias temáticas até que a saturação fosse alcançada
e nenhum outro tema surgisse.
A credibilidade foi aprimorada por meio de verificação de membros, validação
de temas emergentes em entrevistas subsequentes e briefing com supervisores
especializados. Envolvimento prolongado com os participantes, verificação de
pares e variação máxima de amostragem foram usados para validação e
credibilidade dos dados.
O estudo recebeu aprovação ética pelo comitê de pesquisa da Faculdade
de Enfermagem da Universidade de Ciências Médicas de Teerã. O consentimento
informado foi obtido de todos os participantes.
RESULTADOS
A análise dos dados revelou três temas principais com algumas subcategorias:
Desenvolvendo uma atitude pró-droga:
& Buscando a aprovação dos colegas
& Ter modelos negativos, especialmente entre adultos significativos
& Tolerância social
Atitude conformista da sociedade em relação ao tratamento da juventude e
dos jovens:
& Engarrafamento de sentimentos e falta de saídas divertidas
& Ignorando/passando pelos limites da sociedade e indo para a clandestinidade
Ter uma abordagem fraca em relação à prevenção:
& Baixo nível de habilidades de resolução de problemas
& Sentimento contínuo de tristeza, solidão e desamparo
& Disponibilidade de medicamentos
Desenvolvendo uma atitude pró- drogas Entre todos os
usuários, 14 revelaram que conheceram um adulto significativo durante a
infância que usou drogas. A maioria dos participantes tinha amigos que eram
usuários de drogas. ''Buscar a aprovação dos pares'' e ''ter modelos negativos,
especialmente entre adultos significativos'' pareceram ser uma influência
importante no desenvolvimento de uma atitude pró-droga entre os participantes.
Buscando a aprovação dos
pares: & Eu tinha cerca de 13 anos e lembro que meus amigos costumavam
se reunir e fumar cigarros e maconha, principalmente em parques
públicos. Eu só queria ser como eles.
Nunca pensei que ia acabar viciada (M, 24 anos).
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Atitude conformista da sociedade em relação ao tratamento

TABELA 1 Informações Demográficas
de jovens e indivíduos jovens Alguns participantes reclamaram
de dependentes de drogas
da pressão que sentiram para seguir as tradições, normas e
Participantes (n = 20)
expectativas da sociedade. Eles relataram sentir-se em conflito entre
Idade 20Y35 (média = 25)
o que queriam fazer e o que se esperava deles. Os participantes
Educação Números dos participantes sentiram-se frustrados por não terem meios disponíveis para se
Diploma 5 expressarem. Acreditavam que a incapacidade de lidar com essas

7 frustrações os levava a usar drogas para aliviar a tensão e esquecer

Ensino médio
tudo.
Abandono escolar precoce 8

Ocupação & Eu tinha 17 anos quando conheci um menino. Costumávamos

Desempregado 7 nos ver no meu caminho para a escola. O diretor da escola e

meus pais nos ameaçaram e fomos forçados a cortar nosso
estudante universitário 3
relacionamento. A única coisa que eu podia fazer era chorar.
Companhias privadas 4 Comecei a usar tranqüilizantes e aos poucos fui me
Próprio negócio 1 familiarizando com as drogas (F, 25 anos).

Taxista 2
Engarrafamento de sentimentos e falta de saídas
Não informado/desconhecido 3
divertidas: Os entrevistados sugeriram que atividades ao ar livre
Estado civil e internas apropriadas para a idade, como esportes, acampamentos
ou arte, não estavam disponíveis para eles. Isso se deveu às
Casado 7
restrições impostas aos jovens por suas famílias ou sociedade ou
Solteiro 13
aos custos associados a essas atividades. A falta de saídas divertidas
O tipo de droga usada 4 usuários de ópio, 2 usuários de e apropriadas para a idade parecia levar esses jovens a
shireha , 2 usuários de heroína, comportamentos desviantes e rebeldes, como o uso de drogas.
2 usuários de metanfetamina, 5 & Dormitory era como uma prisão para nós. Estávamos sob
usuários de keraakb , 5 usuários de
supervisão estrita. Então, a gente se reunia e se divertia no
polidrogas
tempo livre usando o ópio para tirar o tédio e aproveitar o
Resíduo de ópio.
uma

tempo em segredo (M, 31 anos).

bUma forma de heroína concentrada.

& Os jovens não podem aproveitar seu tempo. Não há nada

Ter modelos negativos, especialmente entre adultos significativos:
& Quando eu tinha cerca de 7 ou 8 anos, lembro-me de ver meus
pais, avós e seus amigos sentados juntos como um grupo usando
ópio enquanto riam e se divertiam (F, 21 anos).
Tolerância social: A
experiência de vários participantes foi que o uso recreativo do
ópio era tolerado pela sociedade. Alguns participantes foram
aconselhados a usar ópio como medicamento para dores e doenças
crônicas, bem como para tratamento de disfunção sexual.
Muitos explicaram que começaram com o ópio como atividade
recreativa e gradualmente se tornaram dependentes.
O uso de drogas entre os participantes era comum nas festas e
uma atividade realizada por adultos respeitados. Alguns explicaram
que o uso de álcool era proibido por sua religião e, portanto, preferiam
usar ópio.
& eu pensei que se fosse uma coisa ruim, ninguém iria usá-lo.
Muitos dos meus amigos, meu tio, meu chefe e seus
funcionários estavam usando sem problemas. Mesmo quando
eu estava fazendo o serviço militar, vi alguns soldados usando
no quartel às escondidas (M, 26 anos).
atraente lá fora, especialmente se eles não tiverem dinheiro
suficiente. A única opção é sair com os amigos (Mãe).
Ignorar/passar pelos limites da sociedade e passar à
clandestinidade: Ficou evidente que a maioria dos participantes
escolheu seguir caminhos nos quais pudessem se divertir ou se
expressar. Ao fazer isso, eles violaram a maioria dos limites aceitáveis
ou limites estabelecidos pela sociedade. Esse alto limiar do que é
aceito ou não pela sociedade tem levado essas pessoas, segundo
seus relatos, a buscarem pares com ideias afins para participar de
atividades “underground”, como festas para homens e mulheres
solteiros. Eles acabaram em ambientes sem supervisão apropriada
para a idade ou verificações e contrapesos adequados para protegê-
los de danos.
& Eu tinha 18 anos. Meu amigo me levou para uma festa em
uma luxuosa cobertura. Ninguém tinha permissão para entrar
a menos que comesse um cogumelo primeiro. Havia cerca de
60 convidados, meninos e meninas. Cerca de uma hora depois,
a polícia invadiu a festa e prendeu todos. Mais tarde, descobri
que o proprietário era um traficante de drogas, e esse era seu
método para fisgar os ricos. (M, 27 anos). [É ilegal no Irã que
homens e mulheres solteiros socializem nas festas ou dancem
juntos, mesmo sem o uso de drogas envolvido.]

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Tendo uma abordagem fraca em relação à prevenção De acordo com os
participantes, sua principal fonte de informação sobre drogas eram
principalmente amigos e, até certo ponto, a mídia. Drogas e vícios não
eram discutidos em suas casas, escolas ou universidades, a não ser
principalmente táticas de medo. Eles relataram que os programas de TV
sobre vício eram limitados em escopo e qualidade. Eles sustentaram que
conhecer fatos sobre drogas e problemas associados pode ter feito a
diferença para ajudá-los a evitar o uso e a dependência de drogas.
& eu tinha dores de cabeça crônicas. Meu namorado me deu uma
coisa para tomar que ele disse ser fitoterapia. Eu confiei nele. Ele
gradualmente me trouxe mais e mais.
Mais tarde descobri que era ópio. Ninguém falava sobre drogas na
minha casa, e drogas não eram discutidas na escola (F, 26 anos).
Baixo nível de habilidades de resolução
de problemas: Uma característica comum entre todos os participantes
foi a falta de habilidades gerais de resolução de problemas. Eles tiveram
poucas ou nenhuma oportunidade durante sua educação para desenvolver
essas habilidades dentro de um ambiente familiar ou comunitário. De
acordo com suas entrevistas, cada um dos informantes vivenciou
problemas em sua vida pessoal ou familiar com os quais não conseguiu
lidar. Como resultado, eles escolheram "o caminho mais fácil" e usaram
drogas para ajudá-los a lidar com os problemas.
& eu queria escapar e esquecer minha miséria. Eu vivi uma vida de
aflição. Só os narcóticos me acalmam e me ajudam a esquecer
meus problemas. Mas sempre acredito que vou desistir sempre
que superar meus problemas e dificuldades (M, 32 anos).
Sentimento contínuo de luto, solidão e desamparo: neste estudo,
mais mulheres do que homens relataram ter uma experiência contínua
de luto e perda em sua vida. Sentiam falta de apoio social e familiar.
Mencionaram também um sentimento de desamparo e solidão, o que não
foi observado nos participantes do sexo masculino.
& Minha madrasta costumava me bater e me forçar a fazer tarefas.
Depois que meu pai faleceu quando eu tinha 16 anos, saí de casa
porque sabia que não poderia morar com minha madrasta. Eu não
tinha ninguém na minha vida, nem apoio emocional e financeiro,
nem abrigo, nem comida. Tive que sair da escola e dormir nas
ruas. Finalmente, fui encontrada e obrigada a casar com alguém
25 anos mais velho que eu (F, 22 anos).
Disponibilidade de
medicamentos: Todos os participantes afirmaram que os medicamentos estavam amplamente disponíveis.
Os preços das drogas eram baixos, especialmente para heroína e keraak.
Os participantes explicaram que eles começaram principalmente com
mari juana ou ópio e depois mudaram para heroína ou keraak, que eram
mais prontamente disponíveis, mais baratos, mais fortes e mais fáceis de
usar do que o ópio. problemas sérios, eles notaram.
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& Encontrar drogas é tão fácil quanto comprar algo em uma loja de
conveniência. Você encontra em todos os lugares, principalmente
em locais públicos (M, 30 anos).
DISCUSSÃO Este
estudo qualitativo explorou os determinantes do uso inicial de drogas
apenas na perspectiva dos usuários, a fim de identificar áreas onde as
intervenções preventivas e de minimização de danos podem ser eficazes.
Os achados indicam vários fatores que podem contribuir para o início do
uso de drogas, incluindo as atitudes da sociedade em relação ao vício e
as restrições impostas aos jovens.
As entrevistas revelaram que os participantes foram expostos ao uso
de drogas muito antes de sua primeira experiência. Ter testemunhado
outras pessoas usando drogas por muitos anos normalizou a prática,
tornando-as cognitivamente prontas para assumir o uso de drogas.
Algumas pesquisas sugerem que há uma fase preparatória para a
contemplação do uso de drogas, em que as pessoas podem pensar em
experimentar as drogas antes de se convencerem gradualmente a dar o
próximo passo (Wills, Pierce e Evans, 1996).
Existe um processo extenso no qual os não usuários se tornam usuários
(Spooner, 1999; Wills et al., 1996). Para os participantes deste estudo,
esse processo foi significativo na formação de uma atitude positiva em
relação às drogas.
Os resultados da pesquisa foram consistentes com estudos que
destacaram que o enfraquecimento dos vínculos sociais com a família,
escola e sociedade torna os indivíduos mais suscetíveis a se relacionar
com pares desviantes e adotar comportamentos delinquentes (Cubbins &
Klepinger, 2007). Os pares desviantes criam um sistema de justificativa
para o envolvimento em comportamento desviante, agem como um
substituto para o sentimento de desaprovação da família e da sociedade,
reduzem o efeito das sanções e o significado emocional dessas sanções
e atuam como uma fonte alternativa de gratificação. Aliverdinia &
Pridemore, 2007).
No entanto, não há consenso sobre até que ponto a influência dos
amigos seria responsável pelo uso de drogas de um indivíduo (Urberg,
Luo, Pilgrim, & Degirmencioglu, 2003).
Embora a exposição a amigos usuários de drogas possa ser influente,
qualquer tentativa de explicar o início do uso de drogas apenas por meio
de interações entre pares pode ser uma simplificação excessiva, pois
exclui a responsabilidade individual na tomada de decisões. Nossos
achados sugerem que a familiaridade com amigos desviantes pode atuar
como um gatilho ou promotor para o uso de drogas.
Pesquisas anteriores descobriram que a modelagem de membros
adultos da família era o principal fator preditivo do uso de drogas no Irã.
Isso contrasta com a situação na Europa e nos Estados Unidos, onde a
modelagem de pares é o principal fator para o uso de drogas (Momtazi &
Rawson, 2010). A maioria dos participantes veio de famílias onde pelo
menos
um membro da família era usuário de drogas, muitas vezes um
dos pais. Com base na perspectiva de aprendizagem social, atitudes
parentais positivas em relação ao uso de drogas podem levar à
normalização (Jang, Bader, & Johnson, 2008).
Além da influência da família e dos pares, este estudo constatou que
a suscetibilidade dos jovens ao uso de drogas pode ter sido aumentada
por terem crescido em uma sociedade que tolera certos tipos de uso de
drogas. Para alguns segmentos da sociedade
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O Irã, usando ópio para recreação ou como analgésico, não carrega
um estigma social. Em algumas cidades, fornecer ópio para os
convidados do sexo masculino é uma marca de respeito e acolhe uma
pessoa em suas festas particulares (Jafari et al., 2009).
A expectativa da sociedade de que os jovens se conformassem
inquestionavelmente às normas sociais parecia ser outro problema
significativo para os participantes deste estudo. Além da sociedade em
geral, observou-se que professores e pais no Irã treinam as crianças
de uma forma que indiretamente as encoraja a serem submissas e,
talvez, sugestionáveis. Pode ser que, ao longo de um período de
tempo, internalizar esse padrão de comportamento obediente, como
visto nos participantes deste estudo, possa levar os jovens a se
tornarem indivíduos passivos que podem ser facilmente influenciados
por comportamentos desviantes, como o uso de drogas. Essa
vulnerabilidade a comportamentos desviantes pode ser exacerbada
por conflitos entre as expectativas opressoras e conservadoras da
sociedade e os próprios desejos do indivíduo, que os participantes
deste estudo consideraram extremamente estressantes. Tem sido
demonstrado que o descontentamento dos jovens em relação às
normas estabelecidas da sociedade pode levar ao início do abuso de
drogas (Brewer & Dalton, 2008; Luthar & D'Avanzo, 1999). É plausível
que o estranhamento expresso pelos participantes deste estudo possa
ser um dos fatores que levaram a uma associação com grupos de
pares clandestinos para vivenciar diversão, autonomia e aceitação.
O aparente alto nível de disponibilidade de drogas, juntamente com
a falta de saídas criativas e divertidas para envolver os jovens em
atividades construtivas, é motivo de preocupação, pois os participantes
descreveram o uso de drogas como uma fuga da frustração e do tédio.
Tem sido sugerido que pedir aos jovens para “Apenas Diga Não”
falhará sem a alocação de instalações e recursos que promovam
caminhos alternativos ao uso de drogas que sejam mais saudáveis e
aceitáveis (Jessor, 1991).
Nesta pesquisa, os dados revelam que a maioria dos participantes
começou a usar drogas em idade precoce, principalmente na
adolescência, achado que está de acordo com outros estudos (Momtazi
& Rawson, 2010; Roy, Nonn, & Haley, 2008). Uma descoberta
surpreendente foi a falta de informação disponível aos jovens sobre
drogas e as consequências do uso de drogas.
Embora existam vários programas bem sucedidos implementados
pelo governo no Irã, eles não são suficientes e não atendem aos
jovens (Raisdana & Nakhjavani, 2002). Dada a importância deste
período de vida e o potencial dos jovens para desenvolverem uma
atitude pró-drogas durante a fase de pré-contemplação, as estratégias
de prevenção e campanhas de promoção da saúde dirigidas aos
adolescentes podem ser mais eficazes e eficientes do que as
campanhas públicas em geral para atingir a população em risco .
Focalizar as crianças com programas que são comprovadamente
eficazes em permitir que as crianças desenvolvam habilidades de
resiliência apropriadas é um passo importante (Magor-Blatch, 2007).
LIMITAÇÕES DESTE ESTUDO Uma das limitações
deste estudo é que ele depende exclusivamente do autorrelato dos
participantes. Sugerimos um estudo semelhante com pais e irmãos
dos usuários discutindo sua experiência de infância do participante.
Neste estudo, quatro entrevistas
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realizados com familiares confirmaram os temas emergidos, embora o
viés possa ser considerado uma limitação.
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e não busca generalizar
seus resultados. A amostragem foi proposital e os resultados são
baseados no contexto. Esses resultados podem ser transferíveis para
outras configurações onde o contexto mostra semelhanças.
CONCLUSÃO Lidar com
um grande problema como o uso de drogas é desafiador e requer
tempo e planejamento consideráveis. Tal como acontece com outras
condições crônicas, abordar este grande problema requer colaboração
entre os setores de saúde, educação e finanças, porque os domínios
que foram identificados por esta pesquisa e literatura existente estão
fora dos limites tradicionais do setor de saúde.
Proporcionar aos jovens oportunidades que os envolvam criativa e
construtivamente requer o envolvimento das famílias e comunidades
para que as atividades oferecidas sejam aceitáveis e viáveis.
Esta pesquisa convida a um estudo maior de base populacional
que investigaria as necessidades e experiências dos usuários de
drogas para ajudar a informar futuros programas de promoção e
prevenção da saúde direcionados às pessoas em risco. Além disso,
investigar as experiências de jovens em seus estágios iniciais de uso
de drogas apresenta-se como um importante tópico de pesquisa futura.
Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer a todos os
jovens que compartilharam suas experiências conosco.
Agradecemos às ONGs que participaram desta pesquisa, a
saber Jamiat EhyaieEnsani Kongreh 60 (Congress 60 NGO);
Hossein Dezhakam e Sra. Peymaneh Ehsani; Professora Kate
Dolan Aftab Society e Sra. Mashayekhi; Anjoman Tavalod-e-
Dobare (ONG Renascimento); Sr. Abass Deylamani, Sede do
Controle de Drogas do Irã; Dr. Narenjiha, Clínica Atiyeh; Dra. Reza Rosta
Fariba Zarani; Dr. Sorur Parvizi; e todos os conselheiros e funcionários
que nos ajudaram. Este artigo é parte de uma tese de doutorado
financiada pela Escola de Ciências Médicas, Enfermagem e Obstetrícia
da Universidade de Teerã (NO:D/250/310). A primeira autora gostaria
de agradecer ao Serviço de Saúde da Área Sudoeste de Sydney, Drug
Health Services, por patrocinar sua visita de estudo por 6 meses a
Sydney, Austrália.
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