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Avaliação e Intervenção Breve em

Adolescentes Usuários de Drogas


Margareth da Silva Oliveira*

Resumo
Recentes estudos têm apontado altos níveis de prevalência de transtornos psiquiátricos entre adolescentes usuários de
drogas. Neste artigo, fazemos uma revisão teórica sobre as comorbidades e intervenção breve direcionada a adolescentes,
apresentando dados relativos ao projeto piloto: “Projeto de Atenção Especial ao Adolescente Infrator Usuário de Drogas”.
Foram avaliados 39 adolescentes, em média com 16 anos de idade. Todos os adolescentes eram usuários de maconha, dos quais
83% usavam tabaco e 54% álcool. Desses, 19 adolescentes (48,7%) têm parentesco de primeiro grau com familiar que possui
problema com drogas. Outro dado relevante foi a presença de comorbidades, especialmente com os Transtornos Disruptivos,
37% preenchiam critérios para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, 30% para Transtorno de Conduta e 17% para
Transtorno Desafiador de Oposição. Elegemos a Intervenção Breve na abordagem da Entrevista Motivacional para
acompanhamento terapêutico. Os adolescentes respondiam a escala URICA (University Rhode Island Change Assessment) e
84% deles endossaram estágio da pré-contemplação. No processo terapêutico desenvolvido, verificou-se que houve mudanças
significativas no estágio de pré-contemplação, mostrando maior conscientização do seu estilo de vida. Baseados nesses achados,
indicamos uma avaliação cuidadosa e a Entrevista Motivacional para atender a esta demanda.
Palavras-chave: adolescência; drogas; tratamento.

Abstract
Recent studies have pointed high levels of prevalence of psychiatric disorders among adolescent drug users. In this article
we make a theoretical revision of the comorbidities and brief interventions directed at adolescents, presenting data referring to
the pilot study: “Special Attention Project to the Drug User Adolescent Offender”. We evaluated 39 adolescents, mean age 16
years old. All the adolescents were marijuana users, of which 83% were also tobacco users, and 54% alcohol users. Of the 39
individuals evaluated, 19 adolescents (48,7%) have parents with drug problems. Another important data was the presence of
comorbidities, especially with Disruptive Disorders: 37% filled criteria for Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder, 30% for
Conduct Disorder, and 17% for Oppositional Defiant Disorder. We chose a Brief Intervention in the Motivational Interviewing
approach. The adolescents answered the URICA scale (University Rhode Island Change Assessment) and 84% were in the
precontemplation stage. In the developed therapeutical process, it was verified that there have been significant changes in the
precontemplation stage, showing an awareness of how drug problems can affect their lifestyle. Based on these findings, we
recommend a careful evaluation and the use of the Motivational Interviewing approach to take care of this demand.
Keywords: adolescence; drugs; treatment.

*
Doutora em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.

DOI: 10.5935/1808-5687.20050008
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Introdução A influência do grupo de iguais, a aprovação


social, a ansiedade, a depressão, a disfunção familiar e
O objetivo deste trabalho será apresentar reflexões o comportamento de enfrentar riscos são descritos como
teórico-práticas sobre a avaliação e o atendimento de facilitadores do envolvimento dos adolescentes com as
adolescentes que abusam de substâncias psicoativas drogas (Andretta, 2005).
(SPA) e que foram encaminhados para acompanhamento Ao compararem adolescentes que não usam
psicológico na clínica-escola da Faculdade de Psicologia maconha, com os que usam, Sampl e Kaden (2001)
da PUCRS. Serão aqui apresentados alguns dados constataram que estes últimos têm problemas relativos
preliminares obtidos no programa piloto desenvolvido a sintomas de dependência, entrada em emergência de
para atender essa problemática, no modelo de Intervenção hospitais, evasão escolar, problemas comportamentais,
Breve (IB), Entrevista Motivacional (EM) e Abordagem problemas com a justiça por infração da lei e desenvol-
Cognitivo-Comportamental. vimento de alguma patologia psíquica.
Entre os fatores relacionados com o uso, abuso Os adolescentes são os pacientes mais difíceis
ou dependência de drogas nos adolescentes, nenhum é de serem trabalhados no ambiente terapêutico. São os
determinante para o fenômeno que leva os indivíduos que oferecem mais hostilidade, maior desconfiança e
ao consumo de substâncias, mas existe um consenso outras formas de resistência, além de baixa motivação
entre os pesquisadores: não existe uma solução simples para tratamento, pois estão iniciando o processo de
para esse problema complexo (Laranjeira, 2004). desenvolvimento das suas habilidades sociais e
Os dados epidemiológicos apontam um cresci- cognitivas. Estão em busca de modelos de
mento, nos últimos anos, do uso de drogas ilícitas, relacionamento e adquirindo habilidade de demonstrar
sendo a maconha a mais usada no Brasil. No seus sentimentos (Lambie, 2004).
levantamento de 1997, 7,6% dos estudantes Os riscos de usuários desenvolverem uma depen-
relataram já ter experimentado maconha ao menos dência estão associados também ao início precoce do
uma vez na vida. Porto Alegre está indicada como a uso das substâncias, e mais graves serão as conse-
capital que apresenta maior consumo dessa qüências na saúde do indivíduo. Por esse motivo, o tra-
substância (Noto, 2004). tamento também deve ser iniciado de modo mais
Freqüentemente os motivos que levam os ado- precoce (Highet, 2003).
lescentes a consumirem drogas estão relacionados a Os problemas decorrentes do abuso de
fatores associados ao efeito das substâncias: substâncias psicoativas (SPA) entre adolescentes são
• as drogas proporcionam confiança, perspicácia, muito freqüentes. Outrossim, nem sempre são identi-
despreocupação e facilidade para sentir-se bem; ficados como usuários de drogas aqueles que estão em
• as drogas favorecem sentir-se aceito por um tratamento psiquiátrico. Isso acarreta em mais de um
grupo de iguais; diagnóstico e mudanças no tratamento. Recentes estudos
• as drogas são utilizadas como mecanismos de têm apontado níveis altos de prevalência de transtor-
enfrentamento dos problemas emocionais, nos psiquiátricos entre adolescentes usuários de SPA.
mascarando a depressão e diminuindo a tensão; Lewinsohn, Rhode e Seeley (1995), estudando as
• são fáceis de ser adquiridas. comorbidades psiquiátricas, numa amostra de adolescen-
Segal, Cromer, Stevens e Wasserman (1982) tes de 14 a 18 anos, acharam que 66% dos adolescentes
examinaram, em um estudo de auto-relato, o que leva preenchiam critérios para diagnóstico de transtorno de uso
os adolescentes a usarem drogas. As causas mais desta- de substâncias e pelo menos mais de um transtorno mental
cadas foram: a sensação de aumento da consciência, como transtornos depressivos ou transtornos disruptivos.
acreditando que as drogas podem proporcionar melhor Myers, Brown, Abrantes, Tate e Tomlinson (2001),
compreensão sobre si mesmo; a droga produz a sensação ao realizarem uma revisão sobre o tema, afirmaram que
de estar calmo e relaxado e ainda sentir-se “alto”, facili- 82% dos adolescentes internados para tratamento por uso
tando as relações sociais e acreditando no aumento da de substâncias preenchiam critérios para transtornos de
criatividade; aumento da euforia, obtido com novas e Eixo I. Também referem que, em um estudo desenvolvido
excitantes experiências para satisfazer curiosidades que com 1285 crianças e adolescentes de 9 a 18 anos,
altas doses podem produzir. constataram que 66% dos avaliados ingeriam bebida
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alcoólica semanalmente e preenchiam critérios também psicoativas podem ser destacados, como a intervenção
para transtornos psiquiátricos. sobre o consumo de álcool em pacientes atendidos no
Em um estudo realizado por Neighbors, Kempton hospital geral (Heather, Rollnick, Bell & Richmond,
e Forehand (1992) com 111 jovens envolvidos com o 1996), pacientes alcoolistas submetidos à Entrevista
sistema de justiça, os autores constataram que 81% dos Motivacional, após internação para tratamento
jovens apresentaram problemas associados a drogas. especializado (Oliveira, 2001), adolescentes tabagistas
Desses adolescentes abusadores de SPA, 91% (Colby et al., 1998), e ingestão alcoólica e dirigir (Monti
apresentavam Transtornos de Conduta, 68% Transtor- et al., 1999).
no Desafiador de Oposição e 58% Transtorno de Défi- Embora as IB concentrem-se na abstinência,
cit de Atenção/Hiperatividade. também podem ser indicadas para orientar na redução
Mariano da Rocha (2003) realizou um dos problemas causados com a ingestão de bebidas
levantamento em Porto Alegre com 196 adolescentes alcoólicas e outras drogas. Principalmente, porque com
que cometeram atos infracionais e identificou que 61% os adolescentes, as propostas de longo prazo, como
deles eram usuários de drogas. Desses, 57% registraram “nunca mais beber na vida”, são contraproducentes,
informação de fazer uso de drogas ilícitas, sendo a além do aspecto imediatista, pelo próprio estágio de
maconha a droga mais referida, e 36 % afirmaram usar desenvolvimento do adolescente, a IB poderá ser uma
mais de um tipo de droga. Os dados demonstram que o proposta mais atrativa de adesão a tratamento.
uso de droga se apresenta como um agente motivador Kaminer e Szobot (2004) afirmam que a
do cometimento de atos infracionais, e confirmam que variabilidade no sucesso e na taxa de adesão ao trata-
o uso de drogas está cada vez mais associado à mento dependem de variáveis como a gravidade da de-
criminalidade infanto-juvenil. pendência química, o funcionamento global do adoles-
Frente aos problemas decorrentes do uso de SPA, cente, antes do uso da droga, a presença de comorbidade
associados em muitos casos a comorbidades psiquiátrica e a motivação para mudança de
psiquiátricas nos adolescentes, os profissionais de saúde comportamento. Segundo Lawendowski (1998), espera-
mental necessitam constantemente de ferramentas se que 50% dos adolescentes não retornem após o
eficazes para o diagnóstico e instrumentalização nos primeiro contato e 70% deixem o tratamento
modelos de intervenção que possam efetivamente prematuramente.
atender essa demanda. Existem várias modalidades de tratamento para
As IB podem promover a diminuição de adolescentes que usam drogas, e a escolha do tratamento
conseqüências negativas do uso de drogas, além de dependerá de questões como situações de risco, tipo de
aumentar a probabilidade do sujeito não desenvolver droga utilizada, grau de suporte familiar ou social e
dependência por substâncias químicas (Stephens, prejuízo no funcionamento global.
Roffman, Fearer, Williams & Picciano, 2004). A Intervenção Motivacional (EM) tem se
Os jovens raramente buscam ajuda por conta mostrado como um modelo de IB muito promissor na
própria, em especial os usuários de drogas. Dificilmen- adolescência, por inúmeros fatores. Entre eles, os ado-
te relacionam seus problemas ao uso das substâncias, e lescentes geralmente não analisam o seu hábito de usar
isso parece fazer parte do seu desenvolvimento, porque drogas e, na maioria das vezes, não preenchem critérios
estão em constantes mudanças, tanto físicas, quanto diagnósticos para dependência, o que dificulta a
psicológicas. Os que percebem alguma dificuldade indicação para outros tipos de tratamento para a depen-
tendem a minimizá-la ou a negá-la, achando que tudo dência química (Borsari & Carey, 2000).
vai passar e que nada de ruim vai acontecer ou se Lincourt, Kuettel, e Bombardier (2002) afirmam
perpetuar. Dependendo da forma como for abordada, a que pacientes que chegam aos locais de tratamento sem
resistência poderá aumentar, dificultando muito o motivação própria, são um desafio para os terapeutas.
sucesso do processo terapêutico (Marques, 2004). É o caso dos adolescentes que vêm encaminhados pela
Myers et al. (2001) revisaram estudos que escola, ou pela família. Outro agravante é o caso dos
apontam que as IB mostraram resultados eficazes na pacientes que vêm encaminhados pela justiça, pois
redução do consumo de álcool em adultos usuários dessa cometeram algum delito, relacionado ao uso de drogas.
substância. Outros estudos envolvendo substâncias Na maioria desses casos, a motivação para inicio de
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tratamento é mínima. A indicação da EM mostra-se Em relação à escolaridade, cerca de 50% dos adoles-
muito útil, pois é uma das formas de aumentar a centes encontravam-se no Ensino Fundamental, e os
motivação para mudança em pacientes considerados demais no Ensino Médio, ou no Ensino de Jovens e
com menor chance de sucesso terapêutico. Adultos. Todos os adolescentes eram usuários de
Mariano da Rocha (2003) relata a necessidade maconha. Desses, identificou-se que 83%, além de
de intervir de forma mais ativa na família, na escola maconha, usavam tabaco e 54% consumiam álcool.
e em políticas de saúde pública. O Estatuto da Criança Quando questionados sobre problemas em relação ao
e do Adolescente (1990) prevê, através da abordagem uso de drogas lícitas ou ilícitas consumidas na família,
sócio-educativa, uma intervenção não meramente constatou-se que 19 adolescentes (48,7%) têm
punitiva do Sistema de Justiça, mas propõe um parentesco de primeiro grau com alguém que possui
modelo de intervenção que preconiza avaliar a problema com drogas. Verificou-se que a maioria dos
amplitude do problema e possibilita ao adolescente adolescentes (84,6%) iniciou o uso de drogas na faixa
refletir sobre seus atos e buscar novas formas de se etária de 13 a 15 anos.
relacionar com o mundo. A proposta de Outro aspecto relevante foi a presença de
monitoramento pelo Sistema de Justiça, através de comorbidades, especialmente com os transtornos
uma integrada articulação com os profissionais da disruptivos. 37% dos adolescentes atendidos
saúde, tem se mostrado bastante efetiva. preenchiam critérios para Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade, 30% para Transtorno de
Conduta e 17% para Transtorno Desafiador de
Oposição, corroborando com a idéia dos autores citados
Atendimento a adolescentes anteriormente, segundo os quais existe uma alta taxa
infratores usuários de drogas de outras patologias concomitantes com o abuso de SPA.
Esse dado, por si só, torna-se um indicativo de que as
Foi desenvolvido, no Rio Grande do Sul, um atividades devem ser estruturadas e individualizadas.
projeto piloto: “Projeto de Atenção Especial ao Ado- Em relação ao atendimento psicoterápico
lescente Infrator Usuário de Drogas”, por iniciativa realizado no LABICO, elegeu-se a IB na abordagem da
do Ministério Público. Formalizou-se um termo de EM, que, além da avaliação, vai sensibilizando o
cooperação para o atendimento desse programa paciente para o seu comportamento em relação às dro-
junto ao Instituto de Toxicologia e o Programa de gas. Foram implementadas cinco sessões específicas
Pós-Graduação em Psicologia, da PUCRS. A para aumentar a conscientização sobre os problemas
execução do referido atendimento ficou sob a que as drogas causam e promover a motivação para a
responsabilidade do grupo de Pesquisa: mudança.
Intervenções Cognitivas e Comportamentos Depen- Os mesmos adolescentes foram avaliados com a
dentes, já com significativa experiência no tratamen- escala URICA, University Rhode Island Change
to da Dependência Química no modelo cognitivo- Assesssment, (McConnaughy, DiClemente, Prochaska
comportamental (Oliveira, Thiesen, Szupszynski, & Velicer, 1983). Desses, 84% endossaram estágio
Allegreti & Andretta, 2003). motivacional de pré-contemplação, respondendo que
Para exemplificar essa proposta, ilustramos, com não tinham consciência do seu problema, ou seja, não
dados preliminares, o atendimento realizado no percebiam estar com algum problema relacionado ao
Laboratório de Intervenções Cognitivas (LABICO), uso de substâncias psicoativas. Esses dados também
local em que o grupo de pesquisa desenvolve as vêm corroborar com as informações fornecidas pelos
atividades de ensino e pesquisa, atendendo a função da adolescentes, segundo os quais a droga não é um
responsabilidade social de uma Universidade com problema na vida deles, pelo menos neste momento.
clínica-escola. O atendimento realizado no LABICO foi
Foram avaliados, inicialmente, 39 adolescentes, ilustrado por Andretta (2005) que acompanhou 50 ado-
dos quais 36 são do sexo masculino e 3, do sexo lescentes nesse mesmo programa. Os adolescentes
feminino. Os adolescentes encontravam-se na faixa foram avaliados com um protocolo para levantamento
etária de 13 a 18, com uma média de idade de 16 anos. de dados sócio-demográficos, padrão de consumo de
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substâncias, entrevistas com os pais, avaliação de na adolescência, assim como nos indicadores para
comorbidades, funções cognitivas, estágios diagnóstico da dependência química.
motivacionais e das crenças cognitivas acerca do uso Concluímos que o atendimento aos adolescentes
de substâncias. Desses adolescentes, 28 completaram que se envolvem com o uso de drogas, com ou sem
com sucesso o atendimento. Apresentaram mudanças comorbidades, necessita contemplar no tratamento, o
significativas: diminuição do estágio de pré- desenvolvimento global dos envolvidos, auxiliando-os
contemplação, uma maior conscientização da forma na resolução dos conflitos, motivando-os na mudança
destrutiva do seu estilo de vida causado pelo uso de de seu comportamento problema e promovendo ações
drogas, como a maconha, a cocaína, o crack e o tabaco, de conscientização do seu estilo de vida.
e nas crenças cognitivas relacionadas ao uso de drogas.
Baseado nesses dados, constatou-se que a EM
produz mudanças importantes, sendo capaz de provocar Referências Bibliográficas
nos adolescentes reflexões sobre a relação de seu
comportamento com o abuso ou dependência de Andretta, I. (2005). Entrevista Motivacional em Adolescen-
substâncias psicoativas. Além disso, é uma técnica que tes Infratores. Dissertação de mestrado não-publicada,
aumenta a adesão dos pacientes ao tratamento e à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
conscientização da problemática do uso, inclusive Porto Alegre, RS.
diminuindo o consumo dessas substâncias. Borsari, B. & Carey, K. (2000). Effects of brief motivational
Os achados preliminares, apresentados na intervention with college student drinkers. Journal of
avaliação e acompanhamento dos adolescentes consulting and clinical psychology, 68, 217-228.
atendidos na clínica-escola, nesse projeto piloto, em Colby, S. M., Monti, P., Barnett, N., Rohsenow, D., Weissman,
parceria com o Ministério Público, corroboram com os K., Spirito, A., Woolard, R. & Lewander, W. (1998). Brief
estudos internacionais que foram citados neste texto, motivational interviewing in a hospital setting for
enfatizando a necessidade de uma avaliação cuidadosa, adolescent smoking: a preliminary study. Journal of
pois a freqüência de comorbidades na população consulting and clinical psychology, 66, 574-578.
estudada é significativa, podendo dificultar a adesão Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei nº 8069 de
destes jovens aos programas de atendimento 13 de julho de 1990.
especializado relacionados às drogas. Heather, N., Rollnick, S., Bell, A. & Richmond, R. (1996). Effects
As IB para adolescentes que usam SPA, e também of brief counselling among male heavy drinkers identified on
apresentam outros transtornos associados, como depres- general hospital wards. Drug and Alcohol Review, 15, 29-38.
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Aceito em: 16/06/2005

Endereço da autora: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Av. Ipiranga, 6681/Prédio 11, sala 932
CEP 90619-900, Porto Alegre – RS – Caixa Postal 1429. E-mail: marga@pucrs.br

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