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Aletheia, n.23, p.65-74, jan./jun.

2006

Comorbidades psiquiátricas no tabagismo


Paulo Renato Vitória Calheiros
Margareth da Silva Oliveira
Ilana Andretta

Resumo. O uso de tabaco e comorbidades psiquiátricas vem sendo um tema amplamente


estudado nos últimos tempos e faz-se necessário a contribuição científica para encontrarmos
resultados mais contundentes a este problema de saúde pública. No presente artigo, serão
discutidas as associações do tabagismo com as comorbidades psiquiátricas. A hipótese do
uso da nicotina como uma tentativa para alívio do desconforto psicológico nos transtornos
mentais será explanada. E finalmente serão apresentadas contribuições sobre conhecimen-
tos de comorbidades psiquiátricas nas intervenções clínicas no tratamento do tabagismo. A
associação entre tabagismo e comorbidades psiquiátricas foi estudada através de uma revisão
de literatura. Os achados indicam comorbidades psiquiátricas no tabagismo relacionadas à
maioria dos transtornos mentais. No entanto, transtornos de humor, de ansiedade, esquizo-
frenia e substâncias psicoativas são citados como os mais comumente relacionados.
Palavras-chave: tabagismo, dependência de nicotina, comorbidades psiquiátricas.

Smoking and psychiatric comorbidy

Abstract. Tobaccoism and psychiatric comorbities are themes that have been widely studied
among the years, and it’s been detected the need of deeper investigation on the subject in
order to have stronger scientific results in the field of public health issue. This article will
present literature non systematic findings about associations between tobacco use and
psychiatric disorders, including the use of nicotine as a reliever for psychological
discomfort. Moreover, contributions on clinical interventions for tobacco users with
comorbity patients are approached. The results point to an existing relation between almost
all psychiatric disorders and tobacco use, however mood disorders, anxiety disorders,
schizophrenia and psychoactive drug use are the most common ones.
Key words: tobaccoism, use of nicotine and psychiatric comorbities.

Introdução quiátricos devido às manifestações de so-


frimento psicológico. Dessa forma, se cons-
Comorbidade psiquiátrica no transtor- tituem em fatores de vulnerabilidade para
no por uso de substância psicoativa, pode o uso abusivo de substâncias. Os dois fenô-
ser definida como a presença concomitan- menos podem ainda estar relacionados sim-
te de transtornos mentais em um mesmo plesmente como uma coexistência fortuita
indivíduo ao uso de substâncias psicoati- de dois problemas freqüentes e, por últi-
vas (Forneiro, 1998). As características do mo, existe a hipótese de predisposição ge-
efeito psicoativo da substância como a di- nética comum (John, Meyer, Rumpf &
minuição da ansiedade, euforia e outras Hapke, 2004).
sensações percebidas como prazerosas pelo Há a possibilidade de existência de fa-
usuário tendem a ser fortes reforçadores do tores biológicos que poderiam predispor aos
uso, particularmente nos transtornos psi- transtornos por uso de substâncias e tam-

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bém aos outros transtornos psiquiátricos. das referências relevantes sobre o tema estu-
É preciso que também se considere a con- dado entre os anos de 1993 até 2005 além
tribuição do contexto sócio-cultural sobre de capítulos de livros.
o consumo de uma determinada substân-
cia como o nível social-econômico, a pro-
paganda, os modelos de identificação en- Resultados
tre outros. Alguns desses fatores em um
dado momento podem ter uma maior pro- Existem evidências de uma estreita
jeção, entretanto, é indispensável que não associação entre dependência à nicotina e
se descarte a possibilidade da existência de presença concomitante de transtornos psi-
um entrelaçamento entre várias das situa- quiátricos (Schmitz, Kruse & Kugler, 2003;
ções discutidas acima (Orford, 1994). Upadhyaya, Deas, Brady & Kruesi, 2002).
Existem evidências demonstrando Breslau (1995) utilizando os dados de um
uma alta prevalência de transtornos psiqui- estudo epidemiológico Norte-Americano
átricos entre a população que faz uso de realizado com uma amostra de jovens de
substâncias psicoativas. É alta a prevalên- ambos os sexos, encontrou a prevalência de
cia de dependência de nicotina e álcool dependência de nicotina em 20% dessa
entre os dependentes de outras drogas (Far- população. Entre os dependentes houve
rel & cols., 2001). O estudo realizado com associação significativamente maior com
uma amostra do National Household Survey álcool, transtorno de uso substâncias ilíci-
on Drug Abuse (NHSDA) nos Estados Uni- tas, depressão maior, transtorno de ansie-
dos, indicou uma correlação significativa dade e história de manifestação precoce de
entre abuso de drogas e comorbidades psi- transtorno de conduta, quando compara-
quiátricas. (Kandel, Huang & Davies, 2001) dos com os não dependentes e não-fuman-
No recente estudo de âmbito nacional tes. Nessa amostra, foram encontradas for-
nos Estados Unidos da América, realizado tes associações entre o uso de substância,
com 43.093 adultos, para avaliar comorbi- transtorno por uso de substância e a pre-
dades psiquiátricas em dependentes de ni- sença de transtorno mental.
cotina (segundo critérios do DSM-IV), foi No estudo de morbidade psiquiátrica
significativa a associação entre transtornos realizado com uma amostra de 10.018 in-
específicos do eixo I e II e dependência de divíduos da população da Grã-Bretanha, foi
nicotina (12,8%) considerando-se a popu- encontrado 12% de presença de qualquer
lação total de homens e mulheres. Entre a transtorno psiquiátrico entre os indivíduos
população nicotino-dependente, foi encon- não-dependentes; em comparação com
trado 7,1% de indivíduos com comorbida- 22% na população de dependentes de ni-
de psiquiátrica. (Grant, Hasin, Chou, Stin- cotina, 30% entre os dependentes de álco-
sone & Dawson, 2004) ol e 45% entre dependentes de outras dro-
gas (Farrel & cols., 2001).
Mesmo quando se parte do caminho
Método inverso, ou seja, quando a partir de amos-
tras com indivíduos com transtornos men-
Será objeto desse estudo especificamen- tais ou outras adições investiga-se o taba-
te a questão da comorbidade psiquiátrica na gismo, mais uma vez encontra-se um pro-
dependência de nicotina. O objetivo é o de blema de grandes dimensões. Entre as pes-
fazer uma revisão da literatura sobre o tema soas com mais vulnerabilidades para depen-
tabagismo e comorbidades psiquiátricas. dência de nicotina, estão os pacientes psi-
Para esse fim, foram utilizados os descrito- quiátricos. Diferentes estudos planejados
res smoking, nicotine dependence, psychiatric para o estudo da associação entre transtor-
disorders, psychiatric comorbidies, para revisão nos psiquiátricos e tabagismo, realizados a
pelo sistema Medline, Lilacs PsycINFO de to- partir de amostras com pacientes psiquiá-

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tricos; têm encontrado evidências seme- do e terceiro censos, respectivamente
lhantes. Em uma amostra de 4.414 indiví- (p>0,05). A dependência foi considerada
duos entre 15-54 anos de idade, foi verifi- grave em aproximadamente 50% dos taba-
cado que os transtornos psiquiátricos são gistas nos três censos Em um outro estu-
preditores de aumento de risco do uso diá- do, realizado com amostra clínica de paci-
rio de tabaco e posterior progressão para o entes psiquiátricos, foram indicados os
tabagismo. O aumento de risco de tabagis- transtornos de humor e de ansiedade como
mo foi considerado para maioria dos trans- os mais prevalentes; entretanto, não foram
tornos estudados, incluindo Transtornos descartados outros transtornos psiquiátri-
de Humor, Transtornos de Ansiedade e cos (Silveira & Jorge, 1999).
Transtorno por Uso de Substâncias Psicoa-
tivas (Breslau, Novak & Kessler – a, 2004). Tabagismo e depressão
Alguns desses autores também suge- A depressão é a comorbidade psiquiá-
rem que pacientes psiquiátricos apresentam trica mais comumente associada à depen-
dependência mais intensa que fumantes dência de nicotina. A relação entre tabagis-
sem comorbidade (Breslau & cols., 2004; mo e depressão é bidirecional. Recentes es-
Rondina, Gorayeb & Botelho, 2003; Pomer- tudos focalizaram o impacto neurobiológi-
leau, Marks & Pomerleau, 2000). Estudos co da nicotina no cérebro e a sua relação
sobre genética, neuroimagem e receptores com a depressão. Fatores genéticos também
de nicotina dão o suporte neurobiológico são importantes e podem ocorrer em mais
da relação entre tabagismo e dependência de 67% dos indivíduos ao longo do proces-
de álcool, dependência de outras drogas, so de iniciação, manutenção e dependên-
esquizofrenia, depressão, transtorno de cia de nicotina (Paperwalla, Levin, Weiner
déficit de atenção e hiperatividade ou trans- & Saravay, 2004).
tornos de ansiedade (Williams & Ziedonis, Em um estudo para examinar os efei-
2004; Salin-Pascual, Alcocer-Castillejos & tos de comorbidades psiquiátricas na sin-
Alejo-Galarza, 2003). tomatologia da síndrome de abstinência de
Apesar de todas essas evidências, mui- nicotina, foi observado que fumantes com
tas vezes o diagnóstico de tabagismo não é altos escores nas medidas de depressão e
realizado entre os pacientes de unidades ansiedade têm um risco maior de apresen-
psiquiátricas. Em virtude disso, podem sur- tar um nível mais elevado de sintomas na
gir algumas dificuldades na compreensão abstinência de nicotina. Tabagistas depri-
e no tratamento desses pacientes como, por midos podem fumar para aliviar seus sin-
exemplo, quando os sintomas de abstinên- tomas e, dessa forma, reforçam o desejo de
cia de nicotina (ansiedade, irritabilidade, fumar (Glassman & cols., 1990). Estes pa-
humor deprimido, insônia) são confundi- cientes têm menor possibilidade de suces-
dos com os sintomas que levaram à inter- so em suas tentativas de parar de fumar;
nação (De Boni & Pechansky, 2003). quando tentam parar são submetidos a um
Entretanto, alguns pesquisadores bra- risco elevado de recaída. A abstinência de
sileiros realizaram importantes estudos tabaco se constitui em um fator de risco
como o do Serviço de Psiquiatria do Hos- para a manutenção ou desenvolvimento do
pital de Clínicas de Porto Alegre, que ava- quadro depressivo, uma vez que a nicotina
liou a prevalência de tabagismo na Unida- ajuda a manter a homeostase interna (Laje,
de de Internação Psiquiátrica. Foram reali- Berman & Glassman, 2001). Interfere nos
zados três censos consecutivos, com inter- sistemas neuroquímicos (neurorregulado-
valo de trinta dias, em 103 pacientes inter- res como acetilcolina, dopamina e norepi-
nados na Unidade, utilizando o Questio- nefrina), que, por seu turno, afetam circui-
nário de Fagerström (FDNT, Fagerström, tos neurais, tais como mecanismos reforça-
1978). A prevalência de tabagismo foi de dores associados à regulação de humor
46,7%, 54,3% e 38,9% no primeiro, segun- (Windle & Windle, 2001). Sintomas depres-

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sivos estão relacionados à dependência de Erkanli, 1997; Brown, Lewinsohn, Seeley
nicotina (John, Meyer, Rumpf & Hapke, & Wagner, 1996). Por outro lado, sugerem
2004; Degenhardt & Hall, 2001; McKee, a hipótese da ligação indireta entre tabagis-
Maciejewski, Falba & Mazure, 2003). Tem mo e depressão. Por exemplo, em um estu-
sido bem documentado que indivíduos com do longitudinal investigando afro-america-
depressão tendem a ter um nível maior de nos jovens, Miller-Johnson, Lochman,
consumo de cigarros e de dependência de Coie, Terry e Hyman (1998) encontraram
nicotina quando comparados àqueles sem depressão associada com subseqüente uso
depressão (Fergusson, Goodwin & de tabaco, mas somente na presença da as-
Horwood, 2003). sociação com transtorno de conduta. Simi-
A depressão maior ativa está associada larmente, achados de Breslau, Peterson,
com consumo diário de tabaco e progres- Schultz, Chilcoat e Andreski (1998) de-
são para dependência (Breslau & cols. – a, monstraram que a história de problemas de
2004). Murphy, Horton e Monson (2003) conduta é preditor de ambos, tabagismo e
procuraram investigar a associação entre depressão. Patton e cols. (1998) também
tabagismo e depressão, ao comparar acha- acharam depressão como preditor de taba-
dos de estudos populacionais utilizando gismo, mas somente na presença de outras
dados de um período de 40 anos (1952, pessoas significativas fumantes.
1970 e 1992). Esse estudo concluiu que os
indivíduos depressivos se envolviam mais Tabagismo e ansiedade
com nicotina do que aqueles que nunca Estudos epidemiológicos e clínicos
manifestaram depressão. Além disso, ti- têm demonstrado uma associação positiva
nham mais probabilidade de iniciar a fu- entre tabagismo e transtornos de ansieda-
mar, continuar fumando e de não parar. Em de (Isensee, Wittchen, Stein, Hofler & Lieb,
um estudo prospectivo duplo-cego, com 2003; Peltzer, Malaka & Phaswana, 2002;
uma amostra randomizada com um total Degenhardt & Hall 2001). Glassman,
de 784 fumantes, 17% apresentaram histó- (1993) e Takemura, Kanuma, Kikuchy e
ria de depressão maior (Cox & cols., 2004). Inaba (1999) sugeriram que a relação taba-
Entre os pacientes bipolares foi encontra- gismo-ansiedade depende do tipo ou diag-
do diagnóstico de tabagismo em 55.1% nóstico do transtorno de ansiedade. A di-
contra 47.3% do grupo controle, formado reção dessa associação e a sua relação com
por familiares dos pacientes (Üçok & cols., transtornos específicos não estão bem de-
2004). Tabagismo está associado com um terminadas.
alto risco de suicídio e de tentativas de sui- O consumo alto de cigarros (acima de
cídio (Malone & cols., 2003). 20 por dia) está associado a um maior risco
Turner (2002), investigando uma de agorafobia, transtorno de ansiedade ge-
amostra clínica, verificou que não foi mai- neralizada e transtorno de pânico em jo-
or a prevalência de depressão em mulheres vens adultos. Adolescentes tabagistas apre-
com dependência de nicotina quando com- sentam um risco maior de uso de álcool e
paradas àquelas sem dependência. Esses outras drogas, ansiedade e transtornos de
resultados foram confirmados em um es- humor (Degenhardt & Hall, 2001). John-
tudo com população geral (Breslau, Novak son, Cohen, Pine, Klein, Kasen e Brook
& Kessler – b, 2004). Entretanto, a depres- (2000), revelaram através de um estudo lon-
são foi considerada como uma influência gitudinal, com uma amostra de 668 indiví-
negativa à cessação de fumar. duos, que o tabagismo, com consumo de
Entretanto, outros pesquisadores ne- um ou mais maços de cigarro por dia, du-
gam a demonstração de que o tabagismo rante a adolescência estava associado a um
está significativamente associado à depres- risco maior para o aparecimento de trans-
são (Black, Zimmerman & Coryell, 1999; tornos ansiosos como o pânico, agorafobia
Federman, Costello, Angold, Farmer & e ansiedade generalizada no início da vida

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adulta. O mesmo estudo não encontrou maior ao de indivíduos com outros trans-
relação com transtorno obsessivo compul- tornos de ansiedade e da população geral.
sivo e fobia social. Por outro lado, transtor- Pacientes com transtorno de pânico que
no de ansiedade na juventude não é predi- fumavam regularmente relataram sintomas
tor de tabagismo na fase posterior do de- de ansiedade mais graves e maior prejuízo
senvolvimento. social quando comparados a pacientes com
Embora, atualmente exista pouco su- transtorno de pânico que não fumavam
porte teórico ou empírico para explicar o (Zvolensky & cols., 2003).
tabagismo nas pessoas com transtorno de
ansiedade, o estudo recente de McCabe, Tabagismo e outros transtornos
Chudzik, Antony, Young, Swinson e Zol- Embora o consumo de tabaco esteja
vensky (2004) procurou avaliar essa relação, decrescendo na população como um todo
com o objetivo de verificar a teoria de Zvo- o mesmo não vem acontecendo entre a po-
lensky (Zvolensky, Schmidt & McCreary, pulação de esquizofrênicos. Nos Estados
2003) que propõe a associação mais especí- Unidos 70% a 80% dos pacientes esquizo-
fica do tabagismo com transtorno de pâni- frênicos são fumantes; prevalências altas
co do que com os outros transtornos de quando comparada à média de 50% nos
ansiedade. Esses autores examinaram o ta- outros tipos de transtornos, e com de 25%
bagismo em três transtornos de ansiedade: na população geral (Üçok & cols., 2004).
transtorno de pânico com e sem agarofo- No entanto, tais evidências não se compro-
bia, fobia social e transtorno obsessivo com- vam na esquizofrenia catatônica que tem
pulsivo. A maior proporção de relato de ta- se mostrado uma exceção à regra (Unrod,
bagismo foi encontrada no grupo de trans- Cook, Myers & Brown, 2004). Algumas
torno de pânico (40,4%), comparado com possibilidades são levantadas para explicar
20% no grupo com fobia social e 22.4% no a associação estreita entre tabagismo e es-
grupo com transtorno obsessivo-compul- quizofrenia, entre elas são relatadas por
sivo. No grupo com transtorno de pânico pacientes esquizofrênicos a sensação de re-
foi verificada ainda maior probabilidade de laxamento, redução da ansiedade e dos efei-
relato de consumo pesado de cigarros de tos colaterais das medicações e, ainda, o
tabaco (consumo de mais do que 10 cigar- próprio reflexo do processo de institucio-
ros por dia) do que nos outros grupos. Os nalização como o tédio (Rondina, Gorayeb
fumantes tiveram maiores escores do que & Botelho, 2003).
os não fumantes nas escalas que mediam A iniciação no uso de álcool e outras
depressão e ansiedade. As diferenças na drogas aumentam o risco de co-ocorrência
ansiedade entre fumantes e não fumantes de dependência de nicotina (Dierker, Ave-
foram significativas e sugeriram uma liga- nenoli, Merikangas, Flaherty & Sto, 2001;
ção específica com transtorno de pânico. Degenhardt & Hall, 2001). Como poderia
Transtorno de stress pós-traumático e se esperar, o tabagismo é endêmico entre
fobia social foram preditores de uso diário dependentes de drogas ilícitas (Lemon, Fri-
de tabaco e dependência de nicotina nas edamann & Stein, 2003). Existe associação
situações de casos ativos e remitentes. No muito significativa entre consumo de can-
caso da agorafobia e transtorno de pânico nabis e tabaco (Degenhardt & Hall, 2001).
nenhuma das duas foi preditora de consu- Oliveira (2001) encontrou numa popu-
mo diário de cigarros ou dependência de lação de 152 alcoolistas internados para tra-
nicotina. Entretanto, história anterior de tamento 91% de prevalência do uso do ta-
transtorno de pânico mostrou-se associada baco. Transtorno por uso de álcool, abuso
a um aumento do risco de dependência de ou dependência pode aumentar a probabi-
nicotina (Breslau & cols., 2004). A quanti- lidade de dependência de tabaco ao longo
dade de pessoas com transtorno de pânico do processo de desenvolvimento humano.
que são tabagistas é desproporcionalmente O alcoolismo é preditor de consumo persis-

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tente de cigarros (Breslau & cols., 2004; Ja- & Audrain-McGovern, 2003; Upadhyaya &
ckson, Sher & Wood, 2000). O alcoolismo cols., 2002). Transtorno de conduta e tam-
está fortemente associado ao tabagismo con- bém transtornos alimentares são associados
forme foi evidenciado no estudo realizado ao tabagismo (Pomerleau & cols., 2000).
com a população geral de Porto Alegre. Foi
constatada ainda uma maior predominân- Conseqüências da comorbidade
cia de fumantes entre os alcoolistas e maior Tabagistas com comorbidade psiquiá-
predominância de não-fumantes entre os trica, detectáveis ou não no momento da
não-alcoolistas (Chaieb & Castellarin, 1998). consulta, apresentam um maior risco de ma-
O tabagismo está associado significati- nifestação ou intensificação dos sintomas
vamente com um aumento na possibilidade da comorbidade durante a abstinência de
de comorbidade com múltiplos transtornos nicotina. A síndrome de abstinência de ni-
psiquiátricos. Essa população tem menor cotina pode exacerbar os sintomas dos
êxito em se manter livre do tabaco (Fergu- transtornos psiquiátricos. Por exemplo, a
son & cols., 2003; Farrel & cols., 2001). síndrome de abstinência de nicotina pode
Os múltiplos efeitos positivos reforçado- se assemelhar ou até mesmo induzir a um
res da nicotina como melhoria do estado de quadro depressivo.
humor, diminuição da ansiedade; aumento Esses pacientes estão mais propensos
de concentração, pensamento e aprendiza- a maior dificuldade na obtenção e manu-
gem (Lopes & cols., 2002) têm a capacidade tenção da abstinência, e aderem menos ao
de auxiliar, pelo menos momentaneamente, tratamento. Necessitam de cuidados mais
as pessoas com transtornos mentais. Para ilus- intensivos, inclusive a avaliação cuidadosa
trar, pode-se utilizar especialmente a esqui- para utilização de farmacoterapia adequa-
zofrenia, enfermidade na qual os pacientes da para o controle da comorbidade, não
com muita freqüência apresentam problemas esquecendo da possibilidade de interação
cognitivos; por causa da doença ou mesmo da nicotina com inúmeros medicamentos
pelo uso da medicação. Entre esses indivídu- (Brasil Ministério da Saúde – INCA – 2001).
os, os efeitos da nicotina podem produzir um Devido a isso, a avaliação clínica e tra-
esperado alívio para o mal-estar. tamento apropriado são essenciais para re-
duzir as altas taxas de morbidade e morta-
Tabagismo na adolescência lidade associadas ao tabagismo nos pacien-
São fortes as evidências que demons- tes com transtornos psiquiátricos. Dessa
tram um alto índice de comorbidade psi- forma, os resultados no tratamento desses
quiátrica em crianças e adolescentes fuman- pacientes podem ser maximizados.
tes principalmente os transtornos de com-
portamentos disruptivos (tais como trans-
torno opositivo desafiador, transtorno de Considerações finais
conduta, depressão maior e transtorno por
uso de substâncias psicoativas. Tabagismo A presença de comorbidade psiquiá-
na adolescência parece ser um forte indi- trica em tabagistas é um dos fatores que
cador de psicopatologia futura (Upadhyaya pode comprometer a eficácia das diversas
& cols., 2002). modalidades de intervenção terapêutica,
Wilens e Dodson (2004) realizaram um sendo fundamental o correto diagnóstico
estudo longitudinal com uma amostra de das patologias envolvidas.
177 meninos com idade entre 7 e 12 anos, Qualquer transtorno psiquiátrico, os
avaliados anualmente até a idade de 15 anos. transtornos de humor, alguns dos transtor-
Nessa amostra encontraram um risco de 2.2 nos de ansiedade, outros transtornos de uso
vezes maior de co-ocorrência de tabagismo de substância psicoativa e esquizofrenia fo-
e transtorno de déficit de atenção (TDAH). ram aqueles que apareceram nessa revisão
Os jovens com TDAH estão expostos a uma como as comorbidades mais freqüentemen-
vulnerabilidade maior ao tabagismo (Tercyak te associadas ao tabagismo.

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A hipótese de automedicação é uma das mento de pacientes tabagistas que haviam
duas propostas existentes para explanação da obtido sucesso em parar de fumar uma sig-
associação entre fumo e depressão. Esta hi- nificativa diminuição nos sintomas de estres-
pótese explica a associação como um reflexo se e perda do estado de humor negativo. Os
de um processo de automedicação no qual o benefícios em parar foram tão substanciais
indivíduo depressivo fuma para aliviar os seus que no final os ‘ex-tabagistas’ não se distin-
sintomas de depressão, este comportamento guiam daqueles que nunca haviam fumado.
conseqüentemente tem o efeito de aumen- A abordagem da questão da comorbida-
tar, em longo prazo, o consumo de cigarros e de psiquiátrica oferece inúmeros benefícios
os riscos de dependência a nicotina (Lud- aos pacientes. Apesar disso, poucas pesqui-
man, Curry, Grothaus, Graham, Stout & Lo- sas têm sido realizadas sobre o tratamento do
zano, 2002). Entretanto a dependência de tabagismo entre esses pacientes. Sugere-se
nicotina aumenta a suscetibilidade individu- para esse grupo de pacientes a organização
al à depressão. Embora se possa evidenciar de programas de tratamento especialmente
uma clara relação entre o comportamento de construídos para contemplar essa relação
fumar e depressão ainda há a necessidade de (Hughes, 2003; Patkar, Vergare, Batra, Weins-
maiores esclarecimentos como, por exemplo, tein & Leone, 2003). E que o terapeuta foca-
a direção dessa relação (Choi, Patten, Gillin, lize primeiramente o problema que está mais
Kaplan & Pierce, 1997). acessível à intervenção, tendo em mente que
A nicotina é uma droga estimulante cada paciente pode estar em um estágio dife-
que faz com que o cérebro libere uma gran- rente para o(s) outro(s) problema(s).
de variedade de neurotransmissores. Al-
guns deles, como a beta-endorfina e a no-
repinefrina podem propiciar ao fumante Referências
uma sensação de bem-estar. O ato de fu-
mar pode afastar momentaneamente algu- Acioli, M., D., & Feitosa, M. F. de M. (2004).
ma situação estressante, pode distrair o in- Prevalência de tabagismo entre pacientes
divíduo de seus problemas. Ainda a pessoa portadores de transtorno mental em trata-
dependente de nicotina irá se sentir me- mento ambulatorial. Jornal Brasileiro de De-
lhor depois de fumar, porque esse ato alivi- pendência Química, 5 (1): 19-26.
ará seus sintomas de abstinência. Black D. W., Zimmerman, M., & Coryell,
Dessa forma, é plausível a hipótese que W. H. (1999). Cigarette smoking and
fumantes com comorbidade psiquiátrica psychiatric disorder in a community
podem estar fazendo uma tentativa de au- sample. Annals of clinical psychiatry: official
tomedicação dos sintomas do transtorno journal of the American Academy of Clinical
psiquiátrico, ou também buscando alívio de Psychiatrists, 11: 129-136.
efeitos colaterais de medicação. No entan- Breslau, N. (1995). Psychiatric comorbidity
to, essa continuará sendo somente uma hi- of smoking and nicotine dependence.
pótese que pode ser comprovada segundo Behavior Genetics, 25 (2): 95-101.
uma abordagem específica do problema. Breslau, N., Peterson, E. L., Schultz, L. R.,
Como já foi dito anteriormente taba- Chilcoat, H. D., & Andreski, P. (1998). Ma-
gismo e comorbidade psiquiátrica são pro- jor depression and stages of smoking: a lon-
blemas humanos complexos que necessi- gitudinal investigation. Archives of General
tam ser vistos, também por diferentes cor- Psychiatry, 55: 161-166.
rentes do pensamento científico atual como Breslau, N., Davis, G. C., & Schultz, L. R.
a introdução de técnicas de pesquisa quali- (2003). Posttraumatic stress disorder and
tativa. Para que se somem às informações incidence of nicotine, alcohol, and other
quantitativas os sentimentos, as diferentes drug disorders in persons who have
formas de percepção da realidade e outros experienced trauma. Archives of General
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