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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

BRUNA GOMES DE AZEREDO BRAGA

OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE E O COMPORTAMENTO DE


ESCOLHA DAS MULHERES POR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Revisão Integrativa

NITERÓI
2018
BRUNA GOMES DE AZEREDO BRAGA

OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE E O COMPORTAMENTO DE


ESCOLHA DAS MULHERES POR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Revisão Integrativa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de graduação em Enfermagem e
Licenciatura, da Escola de Enfermagem Aurora de
Afonso Costa, da Universidade Federal
Fluminense (UFF), como requisito parcial para
aprovação.
Área de concentração: Saúde da Mulher

Orientador:
Prof. Dr. Audrey Vidal Pereira

Niterói, RJ
2018
BRUNA GOMES DE AZEREDO BRAGA

A INFLUÊNCIA DOS DETERMINANTES SOCIAIS NA ESCOLHA DE MÉTODOS


CONTRACEPTIVOS POR MULHERES
Revisão Integrativa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de graduação em Enfermagem e
Licenciatura, da Escola de Enfermagem Aurora de
Afonso Costa, da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
aprovação.
Área de concentração: Saúde da Mulher

Aprovado em 11 de dezembro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Audrey Vidal Pereira - UFF

Orientador

Profª Drª Donizete Vago Daher - UFF

1ª Examinadora

Profª Drª Cristina Portela da Mota - UFF

2ª Examinadora

Niterói

2018
RESUMO

O presente estudo objetivou buscar na literatura científica os determinantes sociais


da saúde que exercem influência na escolha das mulheres por métodos
contraceptivos, e refletir sobre as implicações para a enfermagem no contexto do
planejamento familiar. Os determinantes sociais da saúde estabelecem relação
direta com as escolhas contraceptivas das mulheres, como sugeriram os resultados
apresentados. Esses determinantes são originados de fatores como economia,
ambiente, cultura, questões biológicas e sociais. Nesse sentido, tem a capacidade
de influenciar a vida dos indivíduos e, consequentemente, nas escolhas que fazem
ao longo da vida. Os resultados apresentados foram obtidos através de publicações
de artigos nacionais e internacionais (MEDLINE, SciELO, Web of Science, LILACS e
BDENF) dos últimos 5 anos (2014-2018), com a utilização dos descritores:
anticoncepção; comportamento de escolha; e enfermagem. A amostragem final para
análise foi composta por 15 artigos. Os autores criticam a influência das ações de
enfermagem sob as decisões anticoncepcionais das mulheres, pois afirmam serem
os enfermeiros os profissionais que atuam de maneira direta como agentes
modificadores na educação. São profissionais capacitados para auxiliarem as
mulheres a exercerem os direitos sexuais e reprodutivos enquanto cidadãs. Conclui-
se que a humanização do cuidado, segundo as análises, pôde ser destacada como
essencial durante a atuação da enfermagem, e a reflexão sobre a própria prática é
importante para a melhora da qualidade da assistência.

Palavras-chave: Anticoncepção. Comportamento de escolha. Enfermagem.


ABSTRACT

The present study aimed to find in the literature the social determinants of health that
influence the choice of women by contraceptive methods, and to reflect on the
implications for nursing in the context of family planning. The social determinants of
health establish a direct relationship with the contraceptive choices of women, as
suggested by the presented results. These determinants originate from factors such
as economics, environment, culture, biological and social issues. In this sense, it has
the ability to influence the lives of individuals and, consequently, the choices they
make throughout life. The results were obtained through publications of national and
international articles of the last 5 years, using the descriptors: contraception;
behavior of choice; and nursing. The final sampling for analysis consisted of 15
articles. The authors criticize the influence of nursing actions under women's
contraceptive decisions, since they affirm that nurses are professionals who act
directly as modifying agents in education. They are professionals able to assist
women in exercising their sexual and reproductive rights as citizens. It is concluded
that the humanization of care, according to the analyzes, could be highlighted as
essential during nursing work, and the reflection on the practice itself is important for
improving the quality of care.

Keywords: Contraception. Choice behavior. Nursing.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 8

2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 11

2.1 OS DETERMINANTES SOCIAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NA SAÚDE, p. 11

2.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER


(PNAISM): BREVE HISTÓRICO, p. 16

2.3 SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: O PLANEJAMENTO FAMILIAR NA


ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE, p. 19

2.4 A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM E AS AÇÕES DESENVOLVIDAS NO


PLANEJAMENTO FAMILIAR, p. 21

3 METODOLOGIA, p. 26

3.1 ETAPA 1: ELABORAÇÃO DA PERGUNTA NORTEADORA, p. 26

3.2 ETAPA 2: BUSCA OU AMOSTRAGEM DA LITERATURA, p. 27

3.3 ETAPA 3: COLETA DE DADOS, p. 32

3.4 ETAPA 4: ANÁLISE DOS ESTUDOS INCLUÍDOS, p. 33

3.5 ETAPA 5: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS, p. 33

3.6 ETAPA 6: APRESENTAÇÃO DA REVISÃO INTEGRATIVA, p. 33

4 ASPECTOS ÉTICOS, p. 34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 35

5.1 FALTA DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO SOBRE OS MÉTODOS


CONTRACEPTIVOS, p. 46

5.2 A IDADE COMO FATOR DETERMINANTE NAS ESCOLHAS


ANTICONCEPCIONAIS, p. 52

5.3 INFLUÊNCIA DAS QUESTÕES DE GÊNERO NA TOMADA DE DECISÃO, p. 59

5.4 IMPLICAÇÕES PARA PRÁTICA DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DO


PLANEJAMENTO FAMILIAR, p. 62

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 68
7 OBRAS CITADAS p. 70
8

1 INTRODUÇÃO

Os determinantes sociais da saúde são entendidos como fatores importantes


que influenciam a saúde dos indivíduos. Esses fatores tem diversas origens, como
por exemplo: econômicas, ambientais, sociais, culturais e biológicas. Assim, a
combinação desses fatores que interferem na vida dos indivíduos, resulta em como
os mesmos são impactados e de que maneira percebem o próprio processo de
saúde-doença (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).

No processo saúde-doença, a saúde não tem um conceito pré-definido. A


influência dos determinantes sociais implica nesse significado, pois para cada
indivíduo a concepção de saúde irá depender da potencialidade dos determinantes
sob a vida dele. Então, o conceito adotado para entendimento do que é saúde
abrange ―um estado dinâmico de bem-estar caracterizado por potencial físico,
mental e social, que satisfaz as exigências de uma vida compatível com a idade, a
cultura e a responsabilidade pessoal‖ (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017, p.
678).

Logo, a saúde é influenciada por um conjunto de determinantes sociais, que


afetam as decisões e as escolhas, como hábitos, opções e preferências. Os critérios
definidos pelos indivíduos para própria vida sofrem interferências dos condicionantes
sociais que, em algum momento, estiveram atrelados ao processo de viver,
englobando a interação do indivíduo com o ambiente, a população, família, cultura,
entre outros (OLIVEIRA; SANTO, 2013).

Dentre essas escolhas estão aquelas relacionadas à saúde sexual e


reprodutiva. Escolher ter ou não filhos é uma decisão livre e autônoma das
mulheres, dos homens ou dos casais, e a opção por algum meio que regule a
fecundidade sofre influência dos determinantes sociais da saúde. Não somente em
relação a reprodução, mas também sobre a sexualidade e todos os fatores que a
envolvem. A lei no Brasil que ampara e respalda os direitos sexuais e reprodutivos é
a de número 9263, de 12 de janeiro de 1996, que se refere ao planejamento familiar
(BONUTTI et al, 2018).

Direcionando-se especificamente à saúde da mulher, o planejamento familiar


é uma ação de saúde contemplada na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
da Mulher (PNAISM), e que objetiva propiciar informações, acessos e recursos aos
9

indivíduos, para que decidam de maneira consciente sobre como pretendem regular
a fecundidade. O planejamento familiar apresenta os métodos contraceptivos, e a
escolha do melhor método, portanto, é feita pela mulher, e no processo de decisão o
contexto da vida será um fator determinante (ZUNTA; BARRETO, 2014).

O objeto de estudo desta pesquisa são os determinantes sociais da saúde


na elegibilidade dos métodos contraceptivos por mulheres com vida sexual ativa.

Assim sendo, pretende-se discutir e responder a seguinte questão


norteadora: como os determinantes sociais da saúde podem influenciar na escolha
dos métodos contraceptivos por mulheres com vida sexual ativa?

A motivação para construção desse projeto derivou do meu interesse


enquanto discente, a partir da experiência vivenciada nos campos de prática da
graduação, no que se refere às unidades de atenção básica. Observei a presença
do enfermeiro na saúde coletiva e como suas estratégias de atuação impactam nas
demandas das usuárias do serviço público de saúde. Além disso, também participei
de grupos de planejamento familiar que me fizeram refletir a respeito dos fatores que
as levavam a optar por determinado tipo de contraceptivo. Objetivei me aprofundar
na temática para responder à essas questões.

Considera-se como problema de pesquisa: como os determinantes sociais


da saúde que podem influenciar na escolha dos métodos contraceptivos por
mulheres com vida sexual ativa?

Traçou como objetivo geral identificar na literatura científica os


determinantes sociais da saúde que exercem influência na escolha das mulheres por
métodos contraceptivos em mulheres com a vida sexual ativa.

Como objetivos específicos:

Correlacionar determinantes sociais da saúde com a seleção de métodos


contraceptivos por mulheres.

Refletir sobre as implicações para a prática da(o) enfermeira(o) no contexto


do planejamento familiar.

Diante disso, o estudo justifica-se por abordar questões pertinentes para


prática profissional do enfermeiro. Entende-se que no processo decisório da mulher
sobre a escolha do método contraceptivo, a equipe de enfermagem atua
10

participando do contexto que envolve a tomada de decisão, já que as ações de


saúde realizadas pelo enfermeiro estão incluídas como determinantes sociais da
saúde da população (ZUNTA; BARRETO, 2014).

Nesse sentido torna-se relevante, pois compreende a temática sobre


determinantes sociais da saúde, que está interligada ao processo de trabalho do
enfermeiro. Compreendendo quais e como os fatores podem interferir na saúde dos
indivíduos, os profissionais terão subsídios para estabelecer cuidados únicos e
integrais. No que tange ao ensino e à pesquisa, o estudo colabora para expansão e
atualização do conhecimento dos discentes e profissionais sobre o assunto
discutido, que poderá refletir na prática dos mesmos. Além disso, incentiva novas
pesquisas na área, tendo em vista as vastas discussões que não se esgotarão neste
projeto.

Em uma perspectiva voltada para o enfermeiro, o estudo pretende contribuir


na aproximação com a temática, salientando a importância do levantamento da
abordagem ainda na graduação, devido às implicações ocasionadas pelos
determinantes sociais da saúde na vida da mulher. Implicações que, em minha
compreensão, podem ser observadas na prática de enfermagem, como diferenças
entre a população, condicionadas pelos fatores determinantes, e que precisam ser
consideradas no processo de cuidar da saúde dos indivíduos.
11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 OS DETERMINANTES SOCIAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NA SAÚDE

Abordar questões sobre saúde pode gerar discussões complexas, seja no que
se refere ao conceito de saúde, epidemiologia das comunidades ou percepção dos
indivíduos sobre a própria saúde e, por isso, conflitos e acontecimentos históricos
colaboraram para questionar as concepções de saúde. Assim, marcaram a transição
das práticas de saúde descritas até o século XX, que eram centradas em doenças
específicas e na sua cura, em que o processo de saúde-doença deveria ser
explicado através somente das pesquisas laboratoriais (CARRAPATO; CORREIA;
GARCIA, 2017).

Entretanto, com o advento de teorias sociais e a criação da Organização


Mundial de Saúde (OMS) em 1948, por exemplo, o olhar social sobre as ideias para
além da centralidade na doença, impactaram o viés biologicista sob o qual a saúde
era tratada. Seguindo em paralelo a essa complexidade, as ciências da saúde
desenvolvem-se e passam a ser consideradas também como ciências sociais
(SOUZA; SILVA; SILVA, 2013).

E é em 1978, na Conferência de Alma-Ata, que esses levantamentos se


tornam mais abrangentes e com objetivo de estabelecer a promoção da saúde aos
povos. Há a discussão sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), que foram
definidos como ―os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais,
psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de
saúde e fatores de risco na população‖, pela Comissão Nacional sobre
Determinantes Sociais da Saúde (SOUZA; SILVA; SILVA, 2013, p. 47).

Assim, os fatores sociais passam a ser entendidos como aqueles que podem
afetar, determinar e influenciar a saúde dos indivíduos. Originados de questões
econômicas, sociais, culturais, ambientais, genéticas ou biológicas, os fatores
determinantes da saúde interferem no processo de saúde-doença. Esse processo
compreende os indivíduos de forma ampla, considerando as condições em que são
ou foram submetidos desde o nascimento até a forma como o mesmo esteve
exposto durante o envelhecimento (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).

O estudo dos determinantes sociais possui alguns modelos que podem ser
seguidos. O modelo adotado pela OMS é o de Dahlgren e Whitehead (figura 1), que
12

aborda os determinantes a partir de camadas. O centro do modelo compreende os


indivíduos com suas próprias características, como idade, sexo e fatores
hereditários. Partindo para o primeiro nível está o estilo de vida que eles adotam no
cotidiano, que se correlaciona com o segundo nível, abrangendo as redes sociais e
comunitárias, que funcionam como redes de apoio na sociedade onde estão
inseridos (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).

É importante frisar, que Dahlgren e Whitehead ressaltam o estilo de vida


como um fator interferente, junto das outras condições já exemplificadas, na maneira
como o indivíduo irá se relacionar com a própria saúde. Isso também significa
afirmar que a subjetividade pode ser influenciada por esses determinantes, atuando
nas decisões e escolhas para a vida, como os hábitos de vida: fumar, se exercitar ou
alimentar, por exemplo. Então, escolhas para a vida certamente sofreram
interferência direta de algum condicionante social ou um conjunto dele (OLIVEIRA;
SANTO, 2013).

O seguinte nível representa os macros determinantes, aqueles que


influenciam de forma mais impactante os outros níveis. Eles podem ser
exemplificados a partir de três categorias, sendo elas: 1) os determinantes
ambientais (poluição, aquecimento global, qualidade de transportes, segurança dos
alimentos e ambiente urbano), 2) determinantes econômicos (economia do país,
situação de emprego, ocupação e habitação) e 3) determinantes sociais (estilos de
vida, gênero, grau de inclusão social, idade, comportamentos de saúde, educação)
(CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).

O equilíbrio entre a saúde e a doença depende da conexão entre esses


fatores. Assim, as condições econômicas, sociais e ambientais sob as quais a
população nasce, se desenvolve e envelhece tem impacto nesse processo de viver.
A integração desses fatores molda a determinação da saúde, e isso justifica a
preocupação em se investigar a maneira como os indivíduos são condicionados a
fazer escolhas de saúde, por exemplo (CARRAPATO; GARCIA; CORREIRA, 2017).
13

Figura 1: Os determinantes sociais da saúde segundo Dahlgren e Whitehead.


Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

Fonte: GARBOIS; SODRÉ; DALBELLO-ARAÚJO, 2017, p. 66.

É necessário compreender que a saúde das pessoas é diferente por motivos


aos quais foram submetidos de forma natural, mas também é preciso problematizar
que outras condições de vida são ocasionadas por iniquidades, ou seja,
desigualdades por diferenças na situação de saúde ocorridas por injustiça
(OLIVEIRA; SANTO, 2013). Como exemplos:

Se compararmos um grupo de idosos com um grupo de jovens, é de se esperar


que a situação de saúde dos dois grupos seja diferente. O mesmo ocorre se
compararmos um grupo de mulheres com um grupo de homens. Teremos
desigualdades ocasionadas por doenças próprias de cada sexo. Aceitamos essas
diferenças e as consideramos ‗naturais‘. O que não tem nada de natural são
aquelas diferenças na situação de saúde relacionadas ao que chamamos DSS, ao
contrário das outras, essas desigualdades são injustas e inaceitáveis e, por isso,
são denominadas de iniquidades. Exemplo de iniquidade é a probabilidade 5
vezes maior de uma criança morrer antes de alcançar o primeiro ano de vida pelo
fato de ter nascido no Nordeste e não no Sudeste. Outro exemplo é a chance de
uma criança morrer antes de chegar aos 5 anos de idade ser 3 vezes maior pelo
1
fato de sua mãe ter 4 anos de estudo e não 8 anos ( FILHO, 2006, p. 01 apud
OLIVEIRA; SANTO, 2013, p. 06).

1
FILHO, Alberto Pellegrini. Compromisso com a ação. Radis, n° 47, julho, 2006.
14

Carvalho (2013, p. 19-20) propõe que os determinantes não possuem o


mesmo grau de importância:

Os mais destacados são aqueles que geram estratificação social — os


determinantes estruturais que refletem as condições de distribuição de riqueza,
poder e prestígio nas sociedades, como a estrutura de classes sociais, a
distribuição de renda, o preconceito com base em fatores como o gênero, a etnia
ou deficiências e estruturas políticas e de governança que alimentam, ao invés de
reduzir, iniquidades relativas ao poder econômico. Entre os mecanismos que
geram e mantêm essa estratificação estão as estruturas de propriedade dos meios
de produção e a distribuição de poder entre as classes sociais, e as
correspondentes instituições de governança formais e informais; sistemas de
educação, estruturas de mercado ligadas ao trabalho e aos produtos; sistemas
financeiros, o nível de atenção dado a considerações distributivas no processo de
formulação de políticas; e a extensão e a natureza de políticas redistributivas, de
seguridade social e de proteção social. Esses mecanismos estruturais, que
alteram o posicionamento social dos indivíduos, são a causa mais profunda das
iniquidades em saúde. São essas diferenças que — com seu impacto sobre
determinantes intermediários como as condições de vida, circunstâncias
psicossociais, fatores comportamentais e/ ou biológicos e o próprio sistema de
saúde — dão forma às condições de saúde dos indivíduos (CARVALHO, 2013, p.
19-20).

Apesar de conhecida a influência desses determinantes, um grande desafio é


compreender a influência de cada um de forma individualizada sobre a saúde. A
saúde não possui uma definição clara, já que críticas a respeito ressaltam que existe
um caráter dicotômico sobre ter ou não saúde. Inicialmente, o entendimento de
saúde estava relacionado com a ausência de doenças no indivíduo, advindo a partir
do modelo biomédico de saúde (FEIO; OLIVEIRA, 2015).

Entretanto, essa definição se alterou, quando em 1978, na Conferência


Internacional sobre Cuidados Básicos de Saúde, em Alma-Ata, a OMS definiu saúde
como ―um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença ou enfermidade‖. Assim, ainda que o conceito considere a
possibilidade de doença, é definido um estado positivo que pode ser modificado ao
longo da vida individualmente (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017, p. 677).

Portanto, é uma definição abstrata, de autopercepção. Mas é importante


destacar que as conferências que ocorreram a partir de 1978, colaboraram para a
evolução do conceito de saúde. A definição de saúde passou a considerar o reflexo
de outros contextos sobre a saúde, como por exemplo a diferença de saúde entre os
países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Os governos passam a ser
15

responsabilizados pela saúde dos indivíduos, pois a economia dos países reflete no
contexto da saúde da população (FEIO; OLIVEIRA, 2015).

Outra conferência que sequenciou a evolução do conceito ampliado de saúde,


foi a Conferência de Ottawa, em 1986, que passa a considerar a promoção da saúde
como uma forma de promover autonomia nos indivíduos. Sendo assim, podem ser
capazes de interferir nos determinantes de saúde, e passam a ser protagonistas da
própria saúde. Nessa conferência também se considerou a questão ambiental como
determinante a ser considerado no conceito ampliado de saúde, ou seja, o ambiente
que está em processo veloz de modificação tem impacto sobre a saúde (FEIO;
OLIVEIRA, 2015).

Em 1988, na Conferência de Adelaide, atentou-se sobre o impacto das


políticas dos países desenvolvidos na saúde sobre os países subdesenvolvidos,
entendendo a saúde como uma responsabilidade global. Em 1991, na Conferência
de Sundsvall, ressaltando mais uma vez a questão ambiental, mas reconhecendo a
degradação do ambiente e evidenciando o indivíduo como parte desse processo, em
que uma ação de todos com foco na saúde só seria possível através da educação
em saúde (FEIO; OLIVEIRA, 2015).

Após, em 1997, ocorre Conferência de Jacarta, que considera os


determinantes da saúde anteriormente citados nas outras conferências, e inclui o
envelhecimento da população em geral, surgimento de novas doenças e as doenças
crônicas, e dimensão espiritual sobre a saúde como fenômenos que interferem no
processo de saúde e doença. Em 2000, no México, na ―Promoção da Saúde: rumo a
uma maior equidade‖, também foi debatido o progresso da saúde e o impacto sobre
o surgimento de novas doenças (FEIO; OLIVEIRA, 2015).

Já em 2005, em Banguecoque, a partir da ―Promoção da saúde num mundo


globalizado‖, destacou-se a globalização atuando sobre as desigualdades nos
países, em conjunto com as modificações ambientais, sociais e econômicas. A partir
disso, emerge o conceito de saúde global, que se refere ao impacto que os
determinantes da saúde podem ter além das fronteiras dos países (FEIO;
OLIVEIRA, 2015).

Por fim, em Nairóbi, na ação ―Promover a saúde e o desenvolvimento:


quebrar as lacunas de implementação‖, levantou a questão da importância de se
16

promover a autonomia dos indivíduos e destacar a promoção da saúde como


estratégia fundamental para ser realizada nas agendas políticas. Então, as
conferências foram adicionando novidades ao conceito de saúde, que é dinâmico e
influenciado por múltiplos fatores que, somados, geram características consideradas
únicas para referir o estado de saúde um indivíduo (FEIO; OLIVEIRA, 2015).

Portanto, os determinantes sociais da saúde se relacionam com o processo


de saúde-doença. Com isso, a partir das características de uma comunidade se
estabelece um conjunto de determinantes, que irão afetar os indivíduos e o coletivo
que eles constituem na sociedade. Há uma interação nítida entre esses fatores que
condicionam o contexto de saúde sob o qual os indivíduos estão situados
(SANT‘ANNA et al, 2010).

2.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER


(PNAISM): BREVE HISTÓRICO

Para assimilar os determinantes sociais da saúde, é preciso ter noção da


conjuntura geral a qual os indivíduos estão interagindo. Abordar a política que
compreende a saúde das mulheres, se torna importante para entender o contexto
que estão inseridas, no que se refere às ações de saúde. Essas ações interferem
nas condições biológicas, psicológicas e sociais da vida, logo, retorna-se à
abrangência que possuem os determinantes sociais da saúde: de influenciar as
condições e escolhas de saúde (OLIVEIRA; SANTO, 2013).

Até a construção de uma política que abordasse a saúde da mulher de forma


integral, ocorreram engajamentos sociais por parte especialmente das mulheres. Os
programas voltados para as mulheres em torno dos anos 60 e 70, tinham seus
objetivos caracterizados pelo controle da natalidade, ou seja, as mulheres em idade
fértil possuíam, além das questões de gênero atreladas à elas, o viés sociopolítico
centrado em ações reprodutivas que focavam no controle da prole, contrárias às
reais necessidades do público (PNAISM, 2011).

Os questionamentos sobre o gênero, como sendo somente mãe e dona de


casa, foram reivindicados pontuando que ocorria uma visão extremamente
reducionista quando se tratava da mulher, que englobava apenas o contexto
gravídico-puerperal. Assim, propondo o reconhecimento das diferenças entre os
17

gêneros junto da igualdade social, os movimentos feministas alcançaram direitos


que atendiam as necessidades das mulheres (PNAISM, 2011).

Todo esse contexto começava a alterar o cenário que envolvia a saúde da


mulher. Algumas conferências já vinham discutindo a necessidade da assistência à
saúde:

A Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978, estabeleceu em sua Declaração a


atenção à assistência materno-infantil como prioridade, com inclusão do
planejamento familiar, relacionado não só a aspectos pro criativos, mas
abrangendo o conjunto das necessidades de uma família, tais como: saúde,
educação, moradia e lazer. A II Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde, realizada em Adelaide em 1988, teve como tema central políticas públicas
voltadas para a saúde. Foram apresentadas quatro áreas prioritárias para
promoção de ações, e o apoio à saúde da mulher foi considerado como uma
destas áreas, com destaque para a valorização da mulher trabalhadora e a
igualdade de direitos na divisão do trabalho (FREITAS et al, 2009, p. 426).

Trazem novas propostas que focalizavam a saúde não como ausência de


doenças, mas sob uma perspectiva social da saúde, tendo o indivíduo como
responsável pela própria saúde, preservando sua autonomia, focalizando não
somente a reponsabilidade individual, mas também considerando os aspectos
sociais, culturais, políticos e econômicos associados. Esses debates foram sendo
fortalecidos, quando em 1986 na I Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde, ocorrida em Ottawa, a necessidade de propor a integralidade na atenção à
saúde foi discutida através da reflexão sobre promoção da saúde. Entender de
forma individualizada e considerar a sua integralidade, tornaram-se os pressupostos
da promoção à saúde da mulher (GOMES et al, 2017).

A Conferência de Sundsvall (1991) que teve como tema central a criação de


Ambientes Saudáveis à Saúde, reconheceu a mulher como peça importante para
a sua construção ao considerar o crescimento populacional uma ameaça ao
desenvolvimento sustentável, tendo em vista a superpovoação de ambientes
insalubres e o aumento da pobreza, o que incrementou a discussão sobre políticas
de saúde da mulher e sobre o planejamento familiar. Com o objetivo de adaptar os
princípios, estratégias e compromissos relacionados ao sucesso da saúde da
população à realidade dos países latinos, aconteceu a Declaração de Bogotá
(1992). Partindo dos pressupostos já estabelecidos pelas conferências anteriores,
este evento estabeleceu como compromisso para a promoção da saúde, a
eliminação dos efeitos diferenciais da iniquidade sobre a mulher, considerando-a
como um elo indispensável na promoção da saúde na América Latina (FREITAS
et al, 2009, p. 426).
18

Ocorre, então, que o Ministério da Saúde impulsiona a integralização de seus


programas e passa a considerar outros aspectos da vida da mulher. Em 1983, no
Brasil, é criado o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM):
programa que permitia o acesso aos métodos contraceptivos, ―medidas educativas,
preventivas, promoção, diagnóstico, tratamento e recuperação; pré-natal, parto e
puerpério; climatério; planejamento familiar; infecções sexualmente transmissíveis e
câncer de mama e colo de útero‖, na tentativa de integralizar a assistência à saúde
(FREITAS et al, 2009, p. 426).

E mesmo propondo integralizar a assistência, o programa ainda era voltado


para questões somente reprodutivas. Com isso, em 2004, é realizado o documento
que compreendia a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher –
Princípios e Diretrizes (PNAISM): propondo a garantia dos direitos da mulher,
redução de agravos à saúde que poderiam ser evitados, atenção obstétrica e ao
abortamento inseguro, planejamento familiar, e combate à violência sexual e
doméstica (GOMES et al, 2017).

O PNAISM tem princípios e diretrizes para atingir a atenção integral à saúde


da mulher. Tendo como princípios a humanização e a qualidade da atenção, a
política pretende garantir o acesso das usuárias aos níveis de assistência à saúde,
captá-las precocemente, disponibilizar recursos tecnológicos, capacitar os
profissionais da saúde, disponibilizar materiais e insumos para educação em saúde,
acolher de forma humanizada, disponibilizar orientação, informação, atendimento
continuado e reestruturar as estratégias de saúde através de análise dos indicadores
de saúde (PNAISM, 2011).

Enquanto diretrizes, o PNAISM estabelece que o Sistema Único de Saúde


precisa estar capacitado para que as demandas da mulher sejam atendidas. A
política atinge todas os ciclos da vida da mulher, considerando as características de
cada uma, em rompimento dos preconceitos e respeitando as diferenças, tendo as
práticas sempre orientadas pela humanização da assistência. Também propõe o
estímulo à participação da sociedade nas ações de saúde, que são ajustadas para a
realidade das mulheres (PNAISM, 2011).

Vale destacar os objetivos gerais da política: promover a saúde garantindo


direitos, ampliar acesso aos serviços de promoção, prevenção, assistência e
19

recuperação da saúde, colaborar na redução da morbimortalidade da mulher, e


ampliar a atenção à saúde por meio do Sistema Único de Saúde (PNAISM, 2011).

Os objetivos específicos são amplos, mas de forma geral abordam: atenção


clínico-ginecológica, estímulo à implantação do planejamento familiar, promoção da
atenção às mulheres em situação de violência sexual e doméstica, prevenção e
controle de infecções sexualmente transmissíveis (IST‘s), redução da
morbimortalidade por câncer restritos às mulheres, atenção à saúde mental com
enfoque de gênero, atenção no climatério, na terceira idade, para a mulher negra,
trabalhadora do campo e da cidade, indígena, em situação de prisão, bem como
fortalecer a participação delas nas políticas (PNAISM, 2011).

2.3 SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: O PLANEJAMENTO FAMILIAR NA


ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE

Um dos objetivos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher


é de ―estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento
familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção
integral à saúde‖. Nesse sentido, captar as ideias previstas pelo planejamento
familiar faz-se necessário, já que é uma estratégia de saúde que está relacionada à
mulher e à reprodução, contribuindo para suas posteriores escolhas (PNAISM, 2011,
p. 69).

Esse objetivo contextualiza sobre assistência reprodutiva, pois pretende


promover aos usuários o acesso às informações sobre a regulação da fecundidade,
e um dos passos para que a mulher opte por algum método contraceptivo, é
conhecê-lo e ter acesso. Sendo informada a respeito, a usuária tem liberdade para
escolher aquele que melhor se adequa às suas necessidades biológicas e de acordo
com o contexto da vida (PNAISM, 2011).

São objetivos do PNAISM:

Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo a assistência à


infertilidade; garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população em
idade reprodutiva; ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções
de métodos anticoncepcionais; e estimular a participação e inclusão de homens e
adolescentes nas ações de planejamento familiar (PNAISM, 2011, p. 69).
20

O planejamento familiar está previsto na Lei nº 9263, de 12 de janeiro de


1996, sendo um direito de todos sobre ter ou não filhos. São ações de atenção
integral à saúde que pretendem regular a fecundidade, a fim de limitar ou aumentar
o número de filhos, tanto para mulheres, homens ou casais. As atividades básicas
do planejamento proporcionam a assistência à concepção e contracepção,
atendimento pré-natal, no parto, no puerpério e ao neonato, bem como o controle
das infecções sexualmente transmissíveis (IST‘s). Também propõe o controle e a
prevenção dos cânceres cérvico-uterino, de mama, de próstata e de pênis
(BONUTTI et al, 2018).

A execução do planejamento familiar ocorre através de ações preventivas e


educativas de saúde, tanto em instituições públicas quanto em privadas. E, para
isso, o Estado deve oferecer os recursos humanos e materiais para que esse direito
seja exercido. Quanto aos recursos humanos, a necessidade de atualização
contínua do conhecimento, favorece que as informações passadas sobre métodos
contraceptivos, saúde sexual e reprodutiva, sejam corretas e compatíveis com a
realidade do público que participa do planejamento (PIERRE; CLAPIS, 2010).

Os serviços de saúde precisam dispor sobre os métodos e técnicas


contraceptivas, a fim de proporcionar a livre escolha do indivíduo mediante as
opções ofertadas, de forma segura, adequada e adaptada à sua condição de vida.
Todos os níveis de atenção devem desenvolver o planejamento familiar, mas no
Brasil nota-se que a atenção básica por meio da Estratégia de Saúde da Família
(ESF), participa de forma mais efetiva nessa ação de saúde e, de fato, a equipe
multidisciplinar que dá assistência ao planejamento familiar, está envolvida e
vinculada à comunidade significativamente (SILVA et al, 2011).

Voltando-se exclusivamente à percepção das mulheres sobre planejamento


familiar, pode-se perceber que o significado é expresso a partir da realidade
econômica, cultural e social que vivem. O controle da fecundidade permite que a
mulher tenha poder sobre o próprio corpo, pois decidir sobre ter ou não filhos
colabora no rompimento de uma submissão histórica, a respeito da representação
da figura feminina na sociedade (SILVA et al, 2011).

Então, a dimensão social do planejamento familiar perpassa por atividades


que devem se adequar a realidade das mulheres em questão. As práticas
educativas, em grande parte, são realizadas pela equipe de enfermagem, que
21

exerce fundamental importância para o direcionamento da estratégia de saúde em


uma relação usuário-serviço. Oferecendo as informações aos usuários, a equipe de
saúde de enfermagem não só transmite conhecimento, mas trabalha como
mediadora dele para que cada um critique e reflita sobre a própria saúde
(ANDRADE; SILVA, 2009).

Nesse sentido, as práticas educativas acontecem e o objetivo central do


planejamento familiar é dar liberdade aos critérios de elegibilidade, mas é importante
considerar que a escolha dos métodos pelas mulheres é influenciada por muitos
determinantes. O próprio planejamento é um deles, pois apresenta à mulher todas
informações científicas necessárias para escolha, contudo as particularidades das
mesmas interferem nesse processo decisório (ANDRADE; SILVA, 2009).

São, portanto, os determinantes sociais influenciando cada uma das mulheres


que colaboram para o exercício do direito reprodutivo. Escolher um método
contraceptivo não está vinculado somente ao acesso às informações
disponibilizadas pelos serviços de saúde, mas substancialmente considerando as
questões individuais e condições de vida, resultantes da organização do meio onde
a mulher construiu sua história (ANDRADE; SILVA, 2009).

2.4 A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM E AS AÇÕES DESENVOLVIDAS NO


PLANEJAMENTO FAMILIAR

Ao se discutir a atuação da equipe de enfermagem nas ações do


planejamento familiar, pode-se notar a importância do papel do enfermeiro na
execução e manutenção da PNAISM nas unidades de saúde. O trabalho do
enfermeiro envolve o planejamento e a programação das ações públicas de saúde e,
de maneira geral, é um profissional que tem dinamismo para desenvolver as tarefas
com a população, já que a comunicação com a comunidade é uma habilidade que
está em suas competências profissionais (COSTA; CRISPIM, 2010).

A escolha do método contraceptivo depende de diversos aspectos, e a equipe


de saúde participa desse processo de decisão quando realiza as ações previstas
para o planejamento familiar. A atuação dos profissionais envolvidos necessita
incluir atividades de educação em saúde, atividades clínicas e de aconselhamento
para as usuárias. São realizadas em conjunto, pois o momento em que o usuário do
serviço de saúde está presente é uma oportunidade para incluí-lo na ação sem
22

reduzir as informações em categorias, pretendendo-se atingir a interdisciplinaridade


do conhecimento (BRASIL, 2002).

As práticas educativas são propostas para serem realizadas em grupo,


quando assim se apresentar possível, tanto no que se refere à dinâmica da unidade
de saúde, quanto aos aspectos de recursos humanos disponíveis, materiais e das
próprias demandas do grupo de usuários. Porém, independente da maneira como a
ação educativa é apresentada e desenvolvida, o ideal é que sejam participativas e
inclusivas, em que os usuários trocam experiências e informações a partir do
histórico de vida de cada um (BRASIL, 2002).

Vale ressaltar, que a linguagem utilizada pelos profissionais não é rebuscada,


mas acessível a todos. O processo de aconselhamento pressupõe a escuta ativa do
usuário, ou seja, o profissional se comunica individualizando a relação de troca que
se estabelece na comunicação. Ocorre a avaliação da mulher, do homem ou do
casal sobre as demandas que surgem deles e, através do diálogo, verifica-se a
melhor intervenção de saúde desses indivíduos, considerando também a
participação ativa e que provoca autonomia dos mesmos (BRASIL, 2002).

As atividades clínicas realizadas pela(o) enfermeira(o) são feitas após as


propostas educativas, e incluem (BRASIL, 2002):

[...] a anamnese; exame físico geral e ginecológico, com especial atenção para a
orientação do autoexame de mamas e levantamento de data da última colpo
citologia oncótica para avaliar a necessidade de realização da coleta ou
encaminhamento para tal; análise da escolha e prescrição do método
anticoncepcional (BRASIL, 2002, p. 12).

A autonomia da(o) enfermeira(o) é relevante nas ações clínicas, que


precedem a consulta médica. A execução da consulta de enfermagem amplia o
contato anteriormente realizado em grupo e reforça o atendimento individual de
qualidade. O enfermeiro, através da consulta, presta uma assistência que direciona
seus cuidados e sistematiza sua assistência de enfermagem. Outro ponto, é que o
enfermeiro também organiza nesse momento o processo de aconselhamento para
escolha do método contraceptivo, embasando-se nas características individuais da
mulher, do homem ou do casal e do seu contexto de vida (COSTA; CRISPIM, 2010).
23

O planejamento familiar propõe que todos os métodos anticoncepcionais


sejam apresentados, considerando: ―o conhecimento de suas indicações,
contraindicações e implicações de uso, garantindo à mulher, ao homem ou ao casal
os elementos necessários para a opção livre e consciente do método que a eles
melhor se adapte‖. De fato, o serviço público possui carências econômicas,
entretanto, o momento da apresentação dos tipos de métodos contraceptivos não se
restringe somente aos que podem ser oferecidos pelo SUS. Sendo assim, a(o)
enfermeira(o) apresenta todos os métodos existentes, dando a liberdade de escolha
aos usuários para decidirem por aquele que melhor se adapta a eles (BRASIL, 2002,
p. 13)

Existem alguns fatores específicos que também precisam ser considerados


no processo de decisão sobre o melhor contraceptivo. As características específicas
dos métodos disponíveis (quadro 1), sendo a eficácia, efeitos secundários que
podem ter, aceitabilidade, disponibilidade, facilidade de uso, possibilidade de
reversão, e proteção contra as IST‘s e HIV, exemplos desses fatores. E sobre os
fatores individuais, podem ser citados: as condições econômicas, estado de saúde,
características individuais, fase da vida, comportamento sexual, querer ou não ter
filhos e sentimentos como medo e vergonha (BRASIL, 2002).

Quadro 1: Métodos contraceptivos ofertados pelo SUS e suas finalidades. Niterói,


Rio de Janeiro, 2018.

Métodos de barreira Finalidades

São os métodos que além de


oferecerem a contracepção pela
Preservativo masculino
barreira física que exercem, também
protegem contra infecções sexualmente

Preservativo feminino transmissíveis. Feitos de látex ou


silicone (diafragma), os efeitos
colaterais são incomuns e não possuem
Diafragma contra indicações.
24

Dispositivo intra-uterino (DIU) Finalidades

Dispositivo feito de plástico com


revestimento em cobre, que é inserido
na cavidade uterina, de forma
temporária e reversível. Ocorre a
DIU de cobre liberação de íons de cobre dentro do
útero que impedem a gravidez. Possui
validade de 10 anos e não interfere nas
relações sexuais.

Métodos hormonais Finalidades

Contém os hormônios estrogênio e


progesterona e, normalmente, a
Pílulas combinadas
utilização da combinação oral é feita
durante 21 dias. As pílulas podem ser
utilizadas a partir da primeira
menstruação, se não houver contra
Pílula de emergência indicação. Por inibir a lactação, não
podem ser utilizadas durante a
amamentação.

Pode ser utilizada a partir da sexta

Pílula de progestagênio puro ou semana após o parto, mesmo durante a


amamentação. Contém somente o
minipílula
hormônio progesterona e, assim, não
inibe a lactação.

Possuem os hormônios estrogênio e


progesterona e atuam inibindo a
gravidez. Para serem eficazes, a
Injetáveis trimestrais e mensais
aplicação deve ser mensal ou trimestral,
de acordo com o uso da mulher.
25

Métodos definitivos Finalidades

Procedimento cirúrgico realizado no


sistema reprodutor da mulher, em que
as há a ligadura das trompas de falópio.
Ligadura tubária
É um método irreversível que impede a
gravidez de forma definitiva.

Cirurgia simples e segura realizada no


homem, em que os canais deferentes
são bloqueados. Não causa
Vasectomia
intercorrências na saúde nem altera a
vida sexual.

Fonte: BRASIL, 2016.

É imprescindível que a equipe de enfermagem adote uma postura


humanizada, pois desse modo é possível que a mulher tenha uma decisão coerente.
Assim, a qualidade do atendimento pode ser alcançada, ainda que os serviços
apresentem dificuldades de infraestrutura, logística, divulgação, capacitação dos
profissionais, comunicação e impossibilidades geográficas (PENAFORTE et al,
2010).

Portanto, as experiências vivenciadas pelos enfermeiros e sua


correspondente equipe, são regidas por particularidades, que não devem
desconsiderar o contexto que vive a usuária do SUS. O potencial do enfermeiro no
planejamento contribui para o reconhecimento dos usuários sobre o processo de
escolha do método anticoncepcional, pois o profissional articula e discute aspectos
que aumentam as possibilidades de intervenção da clientela sobre a própria saúde.
E, entendendo que grande parte dos atendimentos de planejamento familiar são
feitos por enfermeiros, a relação com o usuário deve compreender a individualidade
do mesmo, e a equipe deve proporcionar os recursos necessários para que a
assistência seja de qualidade (JORGE et al, 2018).
26

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos da pesquisa, optou-se por um estudo de revisão


integrativa da literatura. O método de revisão integrativa, segundo Mendes, Silveira
e Galvão (2008), pretende integrar ideias que embasam a construção de uma
ciência, sistematizando os conhecimentos das pesquisas para compreender
determinado tema ao longo dos períodos, e a forma como pode estar se
modificando.

A revisão bibliográfica integrativa sintetiza e analisa de forma ampla a


literatura, permitindo que algum fenômeno seja estudado e interpretado através de
informações anteriores. Assim, para apresentação da revisão integrativa foram
seguidas 6 etapas de construção do estudo (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

3.1 ETAPA 1: ELABORAÇÃO DA PERGUNTA NORTEADORA

Para iniciar a revisão integrativa é necessário que se defina uma questão de


pesquisa relevante para nortear o estudo. Optando por um tema de interesse,
elaborar a questão norteadora aponta para uma definição que já foi aprendida por
quem pesquisa que deve ser específica e objetiva (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,
2008).

A estratégia PICO foi uma ferramenta utilizada para auxiliar na construção da


pergunta de pesquisa e na busca dos artigos para pesquisa. O acrômio PICO
significa: P (população), I (intervenção), C (controle) e O (resultado). Portanto,
formulou-se a pergunta norteadora a partir dos resultados obtidos na estratégia
PICO, a seguir:

Quadro 2: Estratégia PICO. Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

Estratégia PICO

P – Mulheres com a vida sexual ativa

I – Determinantes sociais da saúde e critérios de escolha

C – Não intervenção

O – Influência nas escolhas dos métodos contraceptivos

Fonte: Própria autora, 2018.


27

Sendo assim, definiu-se o tema determinantes sociais como influência nos


critérios de escolha de métodos contraceptivos por mulheres, objetivando responder
à questão norteadora: como os determinantes sociais da saúde podem influenciar na
escolha dos métodos contraceptivos por mulheres com vida sexual ativa?

3.2 ETAPA 2: BUSCA OU AMOSTRAGEM DA LITERATURA

Nessa etapa a abrangência do estudo pode modificar a construção das


seguintes etapas. Por isso, analisar a amplitude ou especificidade do objetivo reflete
na inclusão ou exclusão das literaturas no estudo. Após a construção da questão
norteadora, ocorre a busca dos estudos nas bases de dados para posterior seleção
(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Faz-se necessário verificar a autenticidade e teor de generalização desses


estudos, a fim de que as conclusões não sejam gerais, atestando esses fatores
através de uma análise crítica. Todo processo de inclusão e exclusão de pesquisas
confere validade e transparência da revisão, indicando qualidade e confiabilidade
das amostras. As estratégias de buscas devem ser justificadas de acordo com os
critérios utilizados para busca na literatura (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Foram delimitados como critérios de inclusão do estudo as pesquisas com


recorte temporal dos últimos cinco anos (2014-2018), que estivessem escritos nos
idiomas português, inglês ou espanhol, disponíveis na íntegra e se apresentassem
no formato de artigo. Para os critérios de exclusão foram desconsiderados os
estudos que não fossem gratuitos e estivessem em apresentações duplicadas nas
bases de dados escolhidas.

Para a busca das publicações foram utilizados os descritores obtidos através


da estratégia PICO (quadro 3) e que estavam incluídos nos Descritores em Ciências
da Saúde (DeCS): ―Anticoncepção‖, ―Contraception‖, ―Comportamento de escolha‖,
―Choice behavior‖, ―Enfermagem‖ e ―Nursing‖. A combinação dos descritores nas
línguas portuguesa e inglesa foi uma estratégia de busca, junto de um operador
booleano delimitador, representado pelo conector AND, para uma combinação
restritiva: ―Anticoncepção AND Comportamento de escolha‖, ―Anticoncepção AND
Enfermagem‖, ―Comportamento de escolha AND Enfermagem‖, ―Contraception AND
Choice behavior‖, ―Contraception AND Nursing‖ e ―Choice behavior AND Nursing‖.
28

Quadro 3: Levantamento dos termos. Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

Levantamento dos termos

P – Não se aplicou

I – Comportamento de escolha

C – Não se aplicou

O – Anticoncepção e enfermagem

Fonte: Própria autora, 2018.

O levantamento dos dados ocorreu através da internet, por meio dos bancos
de dados: Medical Literatura Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE),
Scientific Electronic Library Online (SciELO), Web of Science, Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Banco de Dados em
Enfermagem (BDENF). Os dados foram coletados em 03 de julho de 2018.

Constituiu a amostragem inicial o quantitativo de 1491 artigos: 1230


(MEDLINE), 28 (SciELO), 139 (Web of Science), 64 (LILACS) e 30 (BDENF). As
respectivas bases de dados, descritores associados e quantidade de artigos
resultantes após a aplicação dos critérios de inclusão estão representados no
quadro 4.

Quadro 4: Base de dados, descritores associados e número de artigos encontrados.


Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

DESCRITORES MEDLINE LILACS BDENF SciELO Web of


Science

Anticoncepção AND 70 4 1 0 0
Comportamento de
escolha

Anticoncepção AND 16 10 7 9 0
Enfermagem
29

Comportamento de 107 6 1 7 0
escolha AND Enfermagem

Contraception AND 230 8 1 0 38


Choice behavior

Contraception AND 597 29 19 5 49


Nursing

Choice behavior AND 210 7 1 7 52


Nursing

TOTAL 1230 64 30 28 139


Fonte: Própria autora, 2018.

Foram excluídos 263 artigos duplicados através do uso do gerenciador de


referências EndNote Web, restando 1228 artigos. Após isso, foi realizada uma leitura
dos estudos primários por título e resumo, de acordo com os critérios de exclusão e
com a questão norteadora do projeto, resultando na exclusão de 1177 artigos.

A leitura dos títulos e resumos dos 1177 artigos não selecionados,


evidenciava que os mesmos não se relacionavam com a temática do trabalho, pois
estavam discutindo na base de dados MEDLINE sobre: a escolha do método
contraceptivo após o parto; as escolhas contraceptivas por mulheres com doenças
específicas; os fatores que interferem na contracepção após o aborto; o uso de
preservativos por pacientes portadores do vírus da imunodeficiência adquirida;
educação sexual para mulheres; a escolha da carreira profissional do enfermeiro e
do médico; preferências de pacientes no cuidado da própria saúde e tomada de
decisão do enfermeiro.

Na base de dados LILACS, os artigos não selecionados discursavam sobre:


contracepção de adolescentes antes e após o parto e fatores que influenciam na
decisão das mulheres em amamentar. Na base da dados BDENF discutiam: como
ocorre a iniciação sexual das mulheres e participação dos homens no planejamento
familiar. A base de dados da SciELO tratava de assuntos voltados para:
contracepção de emergência e experiências no aleitamento materno pelas mulheres.
A base de dados Web of Science possuía estudos sobre: aconselhamento
30

reprodutivo para mulheres; mortalidade materna adolescente; comportamento sexual


das mulheres estrangeiras; violência sexual em mulheres e riscos do uso de
contraceptivos na menopausa.

Procedendo para análise do texto completo dos 51 estudos restantes, pôde-


se obter 15 artigos que compuseram a amostra final da pesquisa. A análise na
íntegra dos 15 artigos selecionados demonstrou que todos atendiam aos critérios
propostos pelo estudo, respondendo à questão norteadora. As bases de dados, os
artigos encontrados após a exclusão das duplicatas e leitura primária, e amostragem
final selecionada estão quantificados na figura 2.

Figura 2: Gráfico comparativo entre os artigos encontrados e escolhidos nas


respectivas bases de dados. Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

50

40

30

20

10

0
MEDLINE LILACS BDENF SciELO Web of
Artigos encontrados Artigos escolhidos Science

Fonte: Própria autora, 2018.


31

O fluxograma (figura 3) abaixo representa o caminho seguido para busca do


material a ser discutido nesta revisão.

Figura 3: Fluxograma do processo de seleção da amostragem final do estudo.


Niterói, Rio de Janeiro, 2018.

Estudos encontrados
(1491)

Exclusão dos artigos


duplicados (263)

Leitura dos títulos e resumos


dos artigos (1228)

Exclusão dos artigos por


título e resumo (1177)

Exclusão dos mesmos


justificada

Análise dos artigos na íntegra


(51)

Seleção dos artigos após


leitura na íntegra (15)

Quantitativo final de
artigos na amostra final
(15)

Fonte: Própria autora, 2018.


32

3.3 ETAPA 3: COLETA DE DADOS

A terceira etapa objetiva reunir as informações que serão utilizadas no estudo.


O uso de um instrumento para auxiliar na sintetização dessas informações organiza
os artigos selecionados, similar a um banco de dados que facilita a visualização das
partes mais importantes e essenciais para o desenvolvimento do trabalho. Essas
informações, muitas vezes, se referem a coleta de dados, como sujeitos, objetivos,
metodologia e resultados (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Para que pudessem ser obtidas informações relevantes dos estudos


escolhidos, elaboraram-se dois instrumentos de coleta de dados que foram
aplicados a cada artigo escolhido para análise e discussão. Nesses instrumentos
continham: nº (número) do artigo, título, autores, ano, idioma, periódico, base de
dados, descritores, objetivo geral, síntese e conclusão (quadros 6 e 7).

A fim de organizar as informações dos artigos selecionados, adotou-se a


análise temática como técnica no estudo. A análise temática tem como foco o tema,
que pode ser representado por diferentes variáveis, como frases ou palavras. É
possível descobrir os núcleos comuns nos artigos por meio da frequência em que
determinado fenômeno aparece. Assim, ocorre a categorização de temáticas que
juntas possuem uma comunicação com o objeto da pesquisa (MINAYO, 2009).

Os estudos foram organizados em 4 categorias, que auxiliaram na


apresentação dos resultados na discussão. O quadro 5 expõe essas categorias a
seguir:

Quadro 5: Categorias para apresentação dos resultados. Niterói, Rio de Janeiro,


2018.

CATEGORIAS

Falta de informação e conhecimento sobre os métodos contraceptivos

A idade como fator determinante nas escolhas anticoncepcionais

Influência das questões de gênero na tomada de decisão

Implicações para prática de enfermagem no contexto do planejamento familiar

Fonte: Própria autora, 2018.


33

3.4 ETAPA 4: ANÁLISE DOS ESTUDOS INCLUÍDOS

A análise dos estudos incluídos na revisão integrativa é feita criticamente e de


forma detalhada. Verificar possíveis explicações para os resultados que se
apresentarem diferentes ou divergentes nos artigos, podendo utilizar estatísticas, por
exemplo, para justificativas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Sendo assim,
após o preenchimento do instrumento de coleta de dados foi possível analisar os
resultados e dividi-los a partir de suas semelhanças nos assuntos principais, para
facilitar a discussão dos mesmos.

Foram então estabelecidos 4 eixos de discussão: falta de informação e


conhecimento sobre os métodos contraceptivos; a idade como fator determinante
nas escolhas anticoncepcionais; influência das questões de gênero na tomada de
decisão; e implicações para prática profissional no contexto do planejamento
familiar.

3.5 ETAPA 5: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesse momento há a discussão dos resultados mais relevantes para


pesquisa. Embasando a discussão a partir dos resultados analisados criticamente,
ocorre a confrontação das ciências e as suposições propostas na revisão integrativa
(MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

3.6 ETAPA 6: APRESENTAÇÃO DA REVISÃO INTEGRATIVA

Tendo em vista que todos os procedimentos foram apresentados de forma


clara e objetiva, o resultado é a explicitação da revisão integrativa. O propósito da
revisão é de condensar as evidências científicas obtidas na literatura e, portanto, é
realizada a elaboração do documento com os principais resultados encontrados, que
são apresentados ao longo do trabalho (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
34

4 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa não propõe estudo com seres humanos e, por isso, não
necessitou ser submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP). Entretanto, seguiu
o recomendado pela lei número 9610, reguladora dos direitos autorais.

A coleta nas bases de dados foi realizada em única data para que não
houvessem conflitos na pesquisa. Além disso, as perspectivas dos autores utilizados
foram respeitadas, preservando sua autenticidade através de citações, que são
preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quadro 6 abaixo apresenta informações dos artigos componentes da
pesquisa, incluindo o título, autores, idioma, base de dados, periódico e ano da
pesquisa.

Quadro 6: Identificação dos artigos componentes da pesquisa. Niterói, Rio de


Janeiro, 2018.
TÍTULO Planejamento familiar: uma base de dados

AUTORES SILVA; NUNES

IDIOMA E BASE Português (LILACS)

B1 DE DADOS

PERIÓDICO E Journal of Research Fundamental Care Online (2017)


ANO

Why don‘t urban youth in Zambia use condoms? The


influence of gender and marriage on non-use of male
TÍTULO
condoms among young adults

AUTORES PINCHOFF et al
B2
IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)
DE DADOS

PERIÓDICO E PLOS ONE (2017)


ANO

Influencia de determinantes de género en la


anticoncepción de estudiantes de Enfermería y
TÍTULO
Obstetricia mexicanas

AUTORES MARTÍNEZ; HERNANDO; NICOLÁS


B3
IDIOMA E BASE Espanhol (SciELO)
36

DE DADOS

PERIÓDICO E Enfermería Universitaria (2017)


ANO

“It is challenging… oh, nobody likes it!”: a qualitative


study exploring Mozambican adolescents and young
TÍTULO
adults‘ experiences with contraception

AUTORES CAPURCHANDE et al
B4
IDIOMA E BASE Inglês (Web of Science)
DE DADOS

PERIÓDICO E BMC Women‘s Health (2016)


ANO

TÍTULO Contraceptive method choice among women in slum


and non-slum communities in Nairobi, Kenya

AUTORES OCHAKO et al

B5 IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)


DE DADOS

PERIÓDICO E BMC Women‘s Health (2016)


ANO

Contraceptive choices among grand multiparous


women at Murtala Mohammed Specialist Hospital,
TÍTULO
Kano

AUTORES RABIU et al
B6
IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)
DE DADOS

PERIÓDICO E Annals of African Medicine (2016)


ANO

TÍTULO Socio-cultural inhibitors to use of modern contraceptive


techniques in rural Uganda: a qualitative study
37

AUTORES KABAGENYI et al

B7 IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)


DE DADOS

PERIÓDICO E PanAfrican Medical Journal (2016)


ANO

TÍTULO Knowledge and factors determining choice of


contraception among Singaporean women

AUTORES GOSAVI et al

B8 IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)


DE DADOS

PERIÓDICO E Singapore Medical Journal (2016)


ANO

TÍTULO Vivência de mulheres sobre contracepção na


perspectiva de gênero

AUTORES MEDEIROS et al

B9 IDIOMA E BASE Português (SciELO)


DE DADOS

PERIÓDICO E Revista Gaúcha de Enfermagem (2016)


ANO

TÍTULO Atención de enfermería en planificación familiar

AUTORES RAMÍREZ; PEÑA; RUEDA

IDIOMA E BASE Espanhol (SciELO)

B10 DE DADOS

PERIÓDICO E Hacia la Promoción de la Salud (2016)


ANO

TÍTULO A prevenção da gravidez na adolescência na visão de


adolescentes

AUTORES FIEDLER; ARAÚJO; SOUZA


38

IDIOMA E BASE Português (SciELO)


DE DADOS
B11
PERIÓDICO E Texto & Contexto Enfermagem (2015)
ANO

TÍTULO Fatores que interferem na escolha do método


contraceptivo pelo casal: revisão integrativa

AUTORES SANTOS; SILVA

B12 IDIOMA E BASE Português (LILACS)


DE DADOS

PERIÓDICO E Revista de Atenção Primária à Saúde (2015)


ANO

Determinants of long acting and permanent


contraceptive methods utilization among married
TÍTULO
women of reproductive age groups in western Ethiopia:
a cross-sectional study

AUTORES MELKA et al
B13
IDIOMA E BASE Inglês (MEDLINE)
DE DADOS

PERIÓDICO E PanAfrican Medical Journal (2015)


ANO

TÍTULO Contracepção na adolescência: conhecimento,


métodos escolhidos e critérios adotados

AUTORES ARAÚJO et al

B14 IDIOMA E BASE Inglês (LILACS)


DE DADOS

PERIÓDICO E Journal of Research Fundamental Care Online (2015)


ANO

TÍTULO Uso de métodos contraceptivos por usuárias de uma


unidade básica de saúde
39

B15 AUTORES LIMA et al

IDIOMA E BASE Português (BDENF)


DE DADOS

PERIÓDICO E Revista de Enfermagem da Universidade Federal do


ANO Piauí (2015)

Fonte: Própria autora, 2018.

A seguir, no quadro 7, está a identificação dos artigos a serem discutidos na


revisão. Os 15 artigos foram analisados quanto aos descritores, objetivo geral,
síntese e conclusão.

Quadro 7: Identificação do conteúdo dos artigos discutidos na revisão. Niterói, Rio


de Janeiro, 2018.

DESCRITORES Planejamento familiar; consulta; enfermagem; saúde da


família.

Descrever as características reprodutivas,


socioeconômicas e demográficas de mulheres na faixa
OBJETIVO
etária de 15 a 49 anos, da equipe 023 na USF Laurides
GERAL
de Lima Milhomem.

Dentre o grupo de mulheres que participaram do estudo,


menos da metade não planejaram a gravidez e a maioria
planejou, enquanto mais de 60% conhecem o
B1 SÍNTESE
planejamento familiar, mas não acessam o serviço. O
anticoncepcional oral foi o mais utilizado entre elas.

A gravidez não planejada pode ser evitada com a


melhoria das ações do planejamento familiar, sendo as
CONCLUSÃO
informações passadas aos indivíduos suficientes para
aumentar o nível de conhecimento dos mesmos.

Copulation; male contraception; young adults; female


contraception; contraceptives; sexually transmitted
40

DESCRITORES disease; contraception; HIV prevention.

OBJETIVO Descrever os fatores associados ao não uso do


GERAL preservativo masculino entre jovens adultos urbanos na
Zâmbia.

Os jovens casados tendem a não utilizar métodos


B2
contraceptivos, bem como aqueles que possuem
SÍNTESE
condição socioeconômica deficiente. As mulheres usam
menos preservativos nas relações

A não utilização de preservativos masculinos entre os


jovens adultos casados é alta, principalmente entre as
mulheres, ainda que estejam interessadas na
contracepção, mas que adotam um perfil de risco. As
CONCLUSÃO mídias a respeito dos métodos contraceptivos são
eficazes na divulgação da dupla proteção nas relações
sexuais.

DESCRITORES Salud reproductiva; anticoncepción; educación;


enfermaria; México.

Analisar a influência dos determinantes de gênero na


contracepção de estudantes de Enfermagem e
OBJETIVO
Obstetrícia da Universidade Nacional Autônoma do
GERAL
México (UNAM).

O foco do relacionamento entre os estudantes não é a


B3 maternidade. Os determinantes de gênero não
influenciaram de forma impactante na saúde reprodutiva
SÍNTESE
dos estudantes, preservando a autonomia e igualdade
entre os gêneros. Mas ainda permanecem alguns
estereótipos, como atitude passiva, insegura e submissa
das mulheres.

Nas universidades, os estudantes devem ser ensinados


sobre saúde sexual e reprodutiva sob o enfoque de
CONCLUSÃO
gênero, para enquanto futuros enfermeiros possam
41

promover a educação sexual integral.

DESCRITORES Adolescents/young adults‘ health; risk-taking; barriers to


contraception; Mozambique.

OBJETIVO Compreender as experiências de adolescentes e jovens


GERAL moçambicanos e o conhecimento que utilizam para
tomarem decisões sobre seu comportamento sexual.

Evidenciou-se que há discrepâncias sobre o que os


B4 jovens sabem e o que eles realmente fazem com a sua
saúde sexual e reprodutiva, pois possuem muitas
SÍNTESE
divergências sobre o uso dos contraceptivos. Isso ocorre
devido às barreiras dos profissionais da saúde, falta de
diálogo familiar, questões de gênero e equívocos sobre
os métodos.

Os adolescentes e jovens tem opiniões errôneas sobre


os métodos contraceptivos que acabam levando ao seu
uso inconsistente. O gênero também influencia para o
CONCLUSÃO
comportamento de risco, bem como as questões
culturais do país.

DESCRITORES Contraceptive method choice; contraceptive use; slum;


non-slum; urban poor; Nairobi; Kenya.

OBJETIVO Entender o uso de contraceptivos e, especificamente, de


GERAL curto prazo e de longo prazo entre as mulheres que
vivem em favelas e não favelas em Nairóbi.

A maioria das mulheres, moradoras de favelas ou não,


utilizam os métodos de curto prazo. Os métodos de
longo prazo são mais utilizados por mulheres mais
SÍNTESE
velhas e casadas que não vivem em favelas. Aquelas
que possuem mais de três filhos tendem a optar por
B5
métodos de longo prazo.

O uso de métodos de curto prazo e de longo prazo é


geralmente baixo entre as mulheres que vivem em
42

CONCLUSÃO favelas e não favelas em Nairóbi. Nesse sentido, há a


urgência em se aumentar o acesso dessas mulheres às
várias opções contraceptivas para que cresça a taxa de
prevalência contraceptiva. Assim, melhorarão a saúde
materna e infantil no Quênia, a partir das intervenções
concentradas nos segmentos mais desfavorecidos da
população do país.

DESCRITORES Choices; contraceptives; grand-multi-para.

OBJETIVO Compreender o comportamento sexual de adolescentes


GERAL e adultos jovens e a tomada de decisão sobre
contracepção.

Ocorrem práticas anticoncepcionais contraditórias,


influenciadas por barreiras sociais e de saúde, falta de
B6 diálogo familiar e com parceiro, métodos culturais
SÍNTESE
antigos e não eficazes, e equívocos sobre efeitos
colaterais e métodos modernos.

Apesar do alto nível de conhecimento dos métodos


contraceptivos modernos, a prevalência do consumo
CONCLUSÃO
mostrou-se baixa entre os entrevistados, e como
justificativa foi apresentado o desejo de engravidar.

DESCRITORES Uganda; contraceptive use; cultural inhibitons; beliefs;


practices and family planning.

OBJETIVO Examinar o que influencia as pessoas a terem filhos


GERAL mesmo existindo contraceptivos modernos.

SÍNTESE Crenças e práticas socioculturais influenciam o uso de


B7
contraceptivos modernos por mulheres na Uganda.

Práticas tradicionais e culturais persistem como escolha


contraceptiva da mulher e frustram os programas de
CONCLUSÃO
saúde sexual e reprodutiva.

DESCRITORES Awareness; contraception; counseling; knowledge;


43

questionnaire.

Avaliar o nível de consciência e conhecimento sobre


contracepção entre as mulheres em Cingapura e
OBJETIVO
identificar os fatores que influenciam a escolha
GERAL
contraceptiva.
B8
O conhecimento das mulheres se mostrou prevalente
sobre preservativo masculino, contraceptivo oral,
laqueadura e DIU. Aquelas que já engravidaram tendiam
SÍNTESE
a conhecer mais métodos. A maioria pensa que é
importante consultar um profissional da saúde.

O conhecimento das mulheres em Cingapura não é


suficiente, principalmente sobre métodos de curta
CONCLUSÃO
duração, o que sugere ser necessário educa-las sobre
métodos contraceptivos.

DESCRITORES Saúde da mulher; saúde sexual e reprodutiva;


anticoncepção; gênero e saúde.

OBJETIVO Analisar a vivência de mulheres quanto a contracepção


GERAL na perspectiva de gênero.

As análises resultantes da pesquisa evidenciaram que


as questões de gênero influenciam nas escolhas
B9 contraceptivas femininas, que emergem a partir de uma
SÍNTESE
construção desigual ainda na infância e que se desdobra
na adolescência.

Concluiu-se que o contexto da contracepção tem relação


direta com o gênero e, muitas vezes, leva à gravidez na
CONCLUSÃO
adolescência e medicalização do corpo da mulher.

DESCRITORES Planificación familiar; anticoncepción; calidade de la


atentición; atención de enfermeira; salud reproductiva.

OBJETIVO Determinar a qualidade do cuidado prestado pela equipe


GERAL de enfermagem às usuárias.
44

SÍNTESE As relações sexuais entre os entrevistados se iniciaram


a partir dos 12 anos. Os mesmos relataram que durante
a consulta de enfermagem não possuem privacidade,
B10
mas afirmaram ser suficiente a explicação sobre
sexualidade e reprodução. Consideraram, em sua
maioria, a consulta de enfermagem como satisfatória.

Os usuários, em geral, referem boa qualidade na


atenção, mas criticaram a necessidade de promoção e
CONCLUSÃO
direcionamento sobre sexualidade e reprodução durante
as consultas de enfermagem.

DESCRITORES Adolescent; contraception; pregnancy in adolescence;


prevention and control.

OBJETIVO Conhecer a visão de adolescentes sobre a prevenção da


GERAL gravidez na adolescência em uma escola no município
de Divinópolis, Minas Gerais.

A adolescência é uma fase marcada por mudanças nos


indivíduos. Nessa etapa, a sexualidade é normalmente
B11 experienciada pela primeira vez, contudo, de maneira
SÍNTESE
desprotegida. Esse fato decorre da falta de informação,
devido às questões de gênero e barreiras profissionais.

Os adolescentes entendem a prevenção da gravidez na


adolescência como uma ação importante, entretanto
praticam o sexo de forma protegida e desprotegida.
CONCLUSÃO
Sinalizam falhas na assistência à saúde, o que os levam
a não procurarem com frequência o serviço de saúde.

DESCRITORES Planejamento familiar; comportamento de escolha;


anticoncepção.

OBJETIVO Identificar o conhecimento produzido na literatura


GERAL científica sobre os fatores determinantes na escolha do
método contraceptivo pelo casal.
45

SÍNTESE Há o desconhecimento considerável dos métodos


contraceptivos, que influencia de forma direta a escolha
do casal. Além disso, ficou evidenciado que a
B12
assistência de saúde prestada sobre sexualidade e
reprodução não atende a todas as necessidades do
homem e da mulher.

Pôde-se concluir que há a necessidade de implantação


de educação continuada da equipe de saúde, para
atender os casais. Assim, poderão escolher de maneira
CONCLUSÃO
autônoma o método contraceptivo que melhor se adapta
à sua realidade.

DESCRITORES Contraception; long acting; permanent methods; western


Ethiopia.

Compreender os fatores determinantes de ação


prolongada e métodos contraceptivos permanentes
OBJETIVO
usados entre mulheres casadas em idade reprodutiva no
GERAL
oeste da Etiópia.

Cerca de 20% das mulheres casadas usavam métodos


B13 de ação prolongada ou permanentes, associados ao
SÍNTESE
nível educacional, número de filhos e veiculação na
mídia.

Os esforços precisam ser destinados à capacitação das


mulheres para que discutam sobre o planejamento
CONCLUSÃO
familiar com o parceiro.

DESCRITORES Contraception; adolescent; adolescent behavior; nursing.

OBJETIVO Analisar a produção científica do período de dez anos


GERAL relacionada ao conhecimento sobre contracepção a
adolescência.

A camisinha é o método contraceptivo mais conhecido


entre os adolescentes, além dos anticoncepcionais orais
SÍNTESE
e injetáveis. Há a baixa utilização dos métodos, que foi
46

B14 associada ao baixo nível educacional e idade precoce.

As relações sexuais estão ocorrendo mais


precocemente, entretanto, o conhecimento sobre os
CONCLUSÃO
métodos contraceptivos é defasado e implica em não
utilização dos mesmos.

DESCRITORES Salud de las mujeres; enfermeira; los anticonceptivos.

OBJETIVO Analisar os métodos contraceptivos utilizados por


GERAL mulheres em idade reprodutiva de uma Unidade Básica
de Saúde.

Menos da metade das entrevistadas possuíam ensino


médio completo, com idades entre 20 e 29 anos. A
B15 maioria era casada, e utilizavam a camisinha e o
SÍNTESE
contraceptivo oral em maior prevalência. Além disso,
compreendiam a utilidade dos métodos contraceptivos.

A maior parte das mulheres possuía entendimento e


conhecimento sobre os métodos contraceptivos,
CONCLUSÃO
entretanto ainda há a falta de informação, em destaque
para a forma correta de utilização.

Fonte: Própria autora, 2018.

5.1 FALTA DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO SOBRE OS MÉTODOS


CONTRACEPTIVOS

Os estudos científicos retratam que a falta de conhecimento é um fator


importante, que interfere na escolha da mulher sobre os métodos contraceptivos. De
acordo com a análise dos artigos B12 e B15, a carência de informações sobre a
política que respalda a saúde sexual e reprodutiva, as alternativas anticoncepcionais
existentes no sistema de saúde, e consequente conhecimento sobre efeitos
colaterais e desvantagens acabam levando à uma baixa adesão aos métodos.

A fragilidade educacional pode ser um fator que resulta na deficiência do


conhecimento. O reduzido grau de instrução prejudica a compreensão a respeito dos
métodos, que gera uma utilização irregular dos mesmos pelas mulheres. Poucos
47

anos de estudos, resultantes da vulnerabilidade social de alguns segmentos da


sociedade, comprometem o exercício da mulher enquanto cidadã e limitam suas
escolhas, já que desconhece o planejamento familiar e seus direitos.

Entretanto, o artigo B8 ressalta que as mulheres com maiores níveis


educacionais também possuem restrições de conhecimento. O estudo realizado em
Singapura destacou que, mesmo com ensino superior, as mulheres não procuravam
o serviço de saúde para obtenção de métodos contraceptivos. Além disso, não
conheciam os métodos definitivos e de curta durabilidade, mostrando que nem
sempre a alta escolaridade significa grande adesão aos métodos anticoncepcionais
ou conhecimento dos mesmos.

Em alguns casos, mesmo quando há ciência da existência do planejamento, a


escolha dos métodos permanece prejudicada. O artigo B12 refere que o médico e o
enfermeiro, enquanto responsáveis pelo planejamento familiar, muitas vezes,
orientam superficialmente a mulher. Com isso, pode-se identificar os profissionais
como barreiras para as escolhas anticoncepcionais e, tendo esse fato associado à
baixa escolaridade, ocorre dificuldade no entendimento das usuárias. Há influência
dos profissionais também de outras formas, como através de suas condutas.

De fato, as atividades desenvolvidas pelos profissionais nas ações de saúde,


certamente geram alguma modificação na vida dos indivíduos, logo as ações de
planejamento não seriam diferentes. Entretanto, quando aliada à fatores como
carência educacional e reduzida qualificação do profissional realizando as
atividades, as atitudes do mesmo acabam por induzir escolhas na mulher, devido à
pouca instrução para o trabalho.

O artigo B12 também ressalta a qualidade das consultas de enfermagem em


planejamento familiar. Ficou concluído no estudo que, em alguns casos, o
profissional da saúde tende a induzir escolhas na mulher e não auxiliá-la. A
sobrecarga de trabalho dificulta a atenção individualizada, prejudicando a liberdade
de escolha da mulher. Por praticidade e para manter a agilidade do serviço, a
conduta profissional pode se mostrar equivocada, sem uma análise completa da
saúde da usuária. Ou seja, há uma repressão na autonomia, já que a adesão pelo
método se dá por imposição do profissional.
48

A dificuldade de entendimento sobre os métodos interfere na motivação para


utilização e na maneira correta de manejá-los, podendo ocasionar efeitos colaterais.
As análises dos artigos B4, B6, B7, B9 e B15 evidenciaram que os efeitos colaterais
possivelmente gerados pelos métodos são fatores determinantes para a escolha.
Esses efeitos se relacionam com a forma errada de utilização, acarretando na
insatisfação do uso, interrupção completa e sintomas como aumento do peso,
alterações menstruais e de comportamento, enjoo, falta de lubrificação na relação
sexual, esquecimento do uso e dores no estômago, por exemplo.

O artigo B9 relata que o anticoncepcional oral é o método mais utilizado pelas


mulheres e com maiores índices de erros no uso sendo, muitas vezes, adquirido
sem indicação profissional. Isso demonstra a necessidade de informações
adequadas e utilização segura, para que não ocorra uma gravidez não planejada ou
os efeitos colaterais. A maioria dos artigos (B1, B6, B8, B9, B11, B12, B14 e B15)
destacam além do uso do anticoncepcional oral, também o preservativo masculino
como um método frequentemente utilizado nas relações sexuais das mulheres.
Ademais, aparecem os anticoncepcionais injetáveis como também escolhidos.

Sob outra perspectiva, o artigo B13 focalizando a temática dos métodos


contraceptivos definitivos, afirma que a laqueadura é o método definitivo mais
escolhido entre as mulheres casadas. Esse dado está relacionado ao nível
educacional das mulheres e maior quantidade de filhos que possuem. Os autores
debatem a falta de decisão conjugal, em que o gênero influencia na escolha da
mulher para não ter mais filhos, sendo a presença do homem precária no
compartilhamento da decisão.

A prevalência da escolha das mulheres pelos métodos de curta duração


citados, pode ser explicada pelo desconhecimento de outros métodos existentes e
também pela veiculação na mídia a respeito. Os artigos B1, B4, B8, B11, B12, B14 e
B15 apontam que as informações divulgadas nos meios de comunicação escritos e
falados são fundamentais para a adesão a esses métodos, sobretudo o preservativo
masculino, um dos poucos que permite dupla proteção.

A baixa publicidade e possíveis desconfortos que os outros métodos podem


ocasionar, também diminuem a taxa de escolha pelos mesmos. Como exemplo, o
artigo B11 refere as campanhas educacionais do Ministério da Saúde acerca da
prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, incentivando o uso do
49

preservativo masculino. A grande adesão a esse método reflete eficiência nos


serviços de planejamento familiar e promoção da saúde no Brasil, semelhante às
características de Moçambique, como cita o artigo B4.

Muitas jovens que vivem em Moçambique conheceram aspectos relacionados


à contracepção e optaram por determinado método devido às atividades educativas
nas escolas e campanhas na televisão. Há o enfoque na prevenção de IST‘s,
substancialmente sobre o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que colabora
para que as jovens tenham maior discernimento sobre a uso do método e entendam
sobre a importância da gravidez planejada, que inclui seus direitos sexuais e
reprodutivos.

Apesar de levantarem debates importantes sobre a temática, mostram-se


como informações superficiais e que não modificam o comportamento da população,
principalmente a parcela de baixo nível socioeconômico. Nesse sentido, críticas
negativas são pontuadas por especialistas no artigo B12, que analisam as
veiculações e afirmam que pouco geram criticidade e reflexão dos indivíduos, que
acabam por utilizar o método sem entender a própria necessidade, as
consequências do uso, os outros contraceptivos existentes e seus direitos enquanto
cidadãs.

A escolha do contraceptivo oral evidencia que a maioria da população


feminina prefere um método fácil e comum, mas indica certa falha no planejamento
familiar, tendo em vista que o preservativo deveria estar em primeira opção ou
associado a outro método anticoncepcional, já que tem eficácia dupla, tanto para
proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis quanto para gravidez.
Ainda assim influenciam as mulheres, especialmente adolescentes, que se
identificam com os métodos divulgados.

Contudo, há uma alteração no padrão de escolha contraceptiva ao longo das


relações. Alguns estudos (B1, B2, B9, B14) descreveram que a estabilidade no
relacionamento, principalmente o casamento, interfere no uso dos métodos. Apesar
de utilizarem o preservativo masculino nas primeiras relações com o parceiro, as
mulheres tendem a não utilizar quando identificam a relação estável. Quando optam,
em sua grande maioria, preferem o anticoncepcional oral para prevenção da
gravidez.
50

É uma questão alarmante, pois a dupla proteção deve permanecer mesmo


nas relações mais duradouras ou em sexo casual com pessoas que consideram
serem íntimas. Com isso, o índice de infecções advindas do sexo desprotegido
aumenta e torna as relações mais vulneráveis. Contudo, informações levantadas no
artigo B5, demonstraram que mulheres de países desenvolvidos eram propensas a
adotarem métodos contraceptivos mesmo no casamento, contrapondo a afirmação
anterior, sendo comum o uso de métodos tanto de curta quanto de longa duração na
relação.

A estabilidade da relação pode ser correlacionada com a manutenção das


questões de gênero no casamento. De fato, não exclusivamente dentro desse tipo
de relação, mas também em relacionamentos em que o homem oprime a expressão
da sexualidade da parceira. Há abordagem nos artigos B2, B4, B11, B14 sobre o
significado do uso do preservativo para o homem e como isso interfere na escolha
da mulher.

Os autores afirmam que alguns homens não consideram os fatores como


prevenção de gravidez interligado à prevenção de IST‘s, mais importantes do que
discursos que limitam o uso do método às questões de gênero. Diminuição do
prazer durante o ato sexual e falta de confiança de ambas as partes são argumentos
frequentemente expostos, que influenciam as mulheres a não se protegerem nas
relações já que sugere infidelidade do casal.

Do mesmo modo, os artigos que ressaltam a sexualidade na adolescência


concluem que o sexo desprotegido também é argumentado nessa fase da vida. A
ausência do contato pele a pele na penetração, entendimento de que querer utilizar
o preservativo indica apreensão e medo de adquirir doenças, e falta de confiança no
outro são questionamentos vindos do homem à mulher, que para evitar conflitos
opta pela influência do parceiro em não utilizar.

Entretanto, o estudo realizado no artigo B1 contrasta com esse padrão.


Embora a participação do homem no planejamento familiar seja menor do que das
mulheres, houve uma preocupação no uso dos métodos pelo homem que, logo,
influencia na decisão da mulher. Fato justificado pela internalização do homem ao
atributo voltado a ele, como provedor da família, e uma gravidez poderia prejudicar
nas condições financeiras da família. Assim, compartilham a decisão da mulher em
utilizar algum contraceptivo para não terem filhos.
51

Nesse contexto, percebe-se a vulnerabilidade da mulher, que pode adquirir e


transmitir doenças, e engravidar em um momento não desejado, ambos pela não
adesão a nenhum método ou uso errôneo, seja por questões de gênero, falta de
conhecimento, efeitos colaterais, idade, veiculação nas mídias ou barreiras dos
profissionais de saúde que irão afetar nessa escolha.

Por outro lado, os artigos B2, B4 e B5 sinalizam que após uma gravidez, a
mulher tende a optar por algum método contraceptivo. No caso de mulheres
casadas, a referência é a mesma, e quando o casal já possui um filho a
aceitabilidade em utilizar anticoncepcionais de curto prazo nas relações é mais
comum. As mulheres que tem mais de um filho são mais suscetíveis a utilizarem
métodos de longo prazo, ou seja, o número de filhos pode ser um fator que
influencia na adoção dos métodos pela mulher.

Os autores em B4 destacam essa questão também na adolescência. Aqueles


que já vivenciaram uma gravidez não planejada na adolescência, tendem a modificar
seus comportamentos contraceptivos devido às implicações de uma gravidez, em
uma fase da vida em que lidar com as alterações decorrentes pode ser desafiador.
Portanto, as adolescentes preferem utilizar preservativos masculinos nas relações
ou algum método que mostre eficácia em sua própria perspectiva, a fim de que não
experimentem uma nova gravidez sem planejamento.

A eficácia é outro determinante que infere na escolha contraceptiva da


mulher. Segundo a análise dos artigos B8 e B15, há a preocupação das mulheres
em elegerem anticoncepcionais que possuam taxas de falhas mínimas. Essa
característica é predominante tanto para as adolescentes quanto para as mulheres
adultas com vida sexual ativa que não desejam engravidar, e que procuram métodos
eficazes que se adequem ao seu estilo e contexto de vida.

Portanto, pôde ser observado que diversos fatores se correlacionam com a


falta de informação e conhecimento sobre os métodos contraceptivos, e podem
interferir na tomada de decisão das mulheres. Além disso, a escolha é agravada
dependendo o contexto social que vivem que, muitas vezes, determinam a baixa nos
aspectos voltados ao conhecimento sobre a contracepção, conforme destacaram os
artigos citados ao longo do tópico.
52

5.2 A IDADE COMO FATOR DETERMINANTE NAS ESCOLHAS


ANTICONCEPCIONAIS

A adolescência é uma etapa da vida marcada por modificações, tanto


psicológicas e físicas quanto sociais. Os artigos B11 e B14, concordam que essas
transformações advindas de novas experiências e conhecimentos, em conjunto,
moldam o sujeito adulto do futuro, que terá definido opções e valores
individualizados. A identidade do adolescente em construção é caracterizada por
intensos questionamentos e confrontamentos, principalmente a padrões e leis
estabelecidas pela sociedade, incluindo os comportamentos de saúde.

Ou seja, a transgressão ao que é considerado correto é uma atitude que os


adolescentes frequentemente se submetem, inclusive em relação ao comportamento
sexual, que também sofre interferência desse processo de transformação. O artigo
B4 discute que o engajamento dos adolescentes em situações de risco, como
relações sexuais desprotegidas, é prevalente. Assim, pode determinar as escolhas
ou não dos métodos contraceptivos por esse grupo de indivíduos, e frente a não
utilização predominam a ocorrência de gravidez indesejada e doenças infecciosas
sexualmente transmissíveis.

O início da vida sexual ainda na adolescência é um consenso entre os artigos


B3, B5, B11 e B14. Os autores afirmam que as relações sexuais estão ocorrendo
cada vez mais precocemente e acontecem nas idades entre 15 e 19 anos. O sexo
precoce torna-se um agravante quando há a falta de conhecimento acerca dos
métodos contraceptivos pelas adolescentes que, em geral, é uma realidade devido à
diversos fatores que serão explanados ao longo do tópico.

Um desses fatores é a falta de informações. De fato, evidencia-se o baixo


conhecimento das adolescentes como um fator que interfere na escolha e uso dos
métodos existentes. Essa associação é feita em B4, B11, B12, B14 e B15, que
apontam uma deficiência no conhecimento a respeito da sexualidade como um todo.
Muitas vezes, não conhecem os métodos, portanto não usam, e quando identificam
algum deles não sabem a maneira como utilizá-los.

Essa escassez de informações pode ser atribuída as causas destacadas nos


artigos analisados, como baixa escolaridade, carência econômica, barreiras no
sistema de saúde e dos profissionais da saúde, além do diálogo familiar
53

comprometido. O artigo B15 destaca o impacto da escolaridade, enquanto um


agente modificador do conhecimento, sobre as decisões contraceptivas das
adolescentes ativas sexualmente.

Os resultados do estudo mostram que aquelas que possuem mais anos de


escolaridade tendem a optar por métodos contraceptivos de curto prazo, como
preservativo masculino e anticoncepcional oral, e as adolescentes com menos anos
de estudos tendem a não utilizar nenhum método, principalmente na primeira
relação sexual. Esse fator também está relacionado com as carências
socioeconômicas sob as quais as adolescentes estão expostas, pois o ensino e
acesso a ele sofrem com os reflexos do subdesenvolvimento dos países.

Os autores dos artigos B2, B4, B5, B6 e B7 concluem que a pobreza é um


elemento fundamental para esclarecer as questões relacionadas à escolha e uso
das adolescentes sobre os métodos contraceptivos. Vale destacar, que diversos
artigos componentes da pesquisa salientam problemas socioeconômicos de alguns
países do continente Africano, em destaque para Quênia, Zâmbia, Nigéria, Uganda
e Moçambique, que foram locais de estudos para as pesquisas com as mulheres.

Os levantamentos dos problemas mostraram que ainda prevalece o alto


índice de HIV na população desses países, devido à baixa utilização de métodos de
barreira ou dupla proteção. Além disso, 50% dos indivíduos da África Subsaariana
com menos de 20 anos já possuem filhos, dado que confirma a dificuldade de
adesão à anticoncepção. Outro ponto é a mortalidade materna e infantil, decorrentes
da gravidez de alto risco na adolescência e quantidade de abortos realizados.

Em geral, o governo Africano objetiva, através de programas e políticas de


saúde, reduzir a quantidade de gravidezes na adolescência e infecções sexualmente
transmissíveis, entretanto, além das dificuldades econômicas do país, o
comportamento sexual da população jovem é problemático e ainda não apresentou
alterações significativas para redução desses índices.

Assim, permanecem as condições precárias de saúde, nascimentos


constantes, e carências sociais e econômicas. As mulheres não possuem boa
adesão aos métodos devido ao desconhecimento, barreira no acesso aos serviços
de saúde e questões culturais, que são consequências da deficiência econômica
54

desses países. Essas características refletem na baixa qualidade de vida e


colaboram para o crescimento desordenado da população.

Em contrapartida, adolescentes que residem em países desenvolvidos,


possuem melhores condições econômicas e mais acessibilidade aos serviços de
saúde, tendo a probabilidade aumentada de conhecerem e utilizarem métodos
anticoncepcionais. Esse contexto difere dos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento, pois as taxas de natalidade, de IST‘s, e morte materna e infantil
são menores quando comparados entre si.

O acesso à atenção básica também é um desafio para os adolescentes. Os


artigos B4, B11 e B15 retratam que a representatividade das adolescentes nos
serviços de planejamento familiar é baixíssima. Tal característica, no artigo B11, é
justificada em consequência de que a equipe multiprofissional não se mostra
preparada para lidar com a faixa etária e toda dinâmica envolvida na fase da vida
que se encontram.

As jovens referem baixa cordialidade, falta de confiança nos métodos


oferecidos no sistema público e constrangimento para ir à unidade obter os
contraceptivos, que as levam a não buscar o serviço e se basear no conhecimento
advindo das experiências vivenciadas entre elas. Além disso, os artigos B4 e B15
destacam outras questões que também impedem a demanda espontânea da
adolescente aos setores, como encontros de planejamento familiar pouco flexíveis,
demora no atendimento e nos resultados de exames, por exemplo, que são
situações que afastam a clientela.

O estudo realizado com adolescentes no artigo B4, pontua que a


comunicação do enfermeiro também pode influenciar na escolha por contraceptivos.
Ressaltam que a linguagem formal e técnica prejudica no entendimento durante a
consulta de enfermagem, a falta de sensibilidade para considerar a individualidade
de cada um, imposição na escolha dos métodos quando não os consideram
autônomos para decidirem sobre sua saúde, e inexistência de sintonia com as
necessidades das adolescentes também são questões que colaboram para a
expressão diminuída dos mesmos.

Em B4 e B9, os autores problematizam as questões de gênero influenciando


a escolha e consequente utilização dos métodos contraceptivos pelas adolescentes.
55

Há dificuldade na comunicação familiar sobre sexualidade, em que o diálogo é


reprimido em casa. Sob essa perspectiva, a sexualidade feminina é controlada,
principalmente quando ocorrem as alterações da puberdade, como menstruação e
iniciação da vida sexual, fortalecendo os comportamentos coibidos a respeito do
assunto.

As meninas, então, passam a conhecer pouco o próprio corpo, por conta do


desestímulo para isso, e a discutirem sobre saúde reprodutiva e sexual com pessoas
externas ao próprio núcleo familiar, como amigas, tias e vizinhas, sendo conversas
com carências de informações e referidas às experiências empíricas de vida. Assim,
se familiarizam com alguns métodos, mas devido à necessidade de outras
características que os envolvem, não compreender a maneira como utilizá-los nem a
importância disso.

O preservativo masculino e os contraceptivos orais hormonais são aqueles


frequentemente mais conhecidos entre as adolescentes. A maior frequência para
escolha desses métodos, segundo os artigos B11 e B14, se dá pelas informações
passadas pelas amigas e parentes, como exemplificado, também por atividades
escolares sobre IST‘s, além de meios de comunicação, que comumente transmitem
mensagens sobre sexo seguro.

Sob a perspectiva de gênero percebe-se que a adolescente desempenha um


papel submisso no que se refere à escolha contraceptiva. No ato sexual, muitas
vezes, demonstra o interesse em utilizar algum método, entretanto, não há a
coparticipação do parceiro para tal. Essa divergência de opiniões, nos artigos B2,
B4, B11 e B14 é justificada pelo papel social que o homem desempenha na
sociedade, em que utilizar um método contraceptivo poderia retirar os atributos
masculinos que possuem, como a virilidade no sexo. Influenciada pelo gênero, a
adolescente situa-se na conformidade e opta pela não anticoncepção.

Outro ponto destacado em B4 também ressalta a influência das questões de


gênero nas escolhas contraceptivas. O preservativo masculino, método mais
escolhido entre as mulheres, quando levado por elas para a relação sexual não
conjugal é estigmatizado. Muitas vezes, ocorre a conotação de que a mulher que é
proativa na escolha contraceptiva durante o ato sexual possui caráter promíscuo.
Assim, passa a ser um comportamento contextualizado como tabu na sociedade e
leva a problemas sociais, como risco de adquirir IST‘s, falta de equidade entre os
56

gêneros, responsabilidade nos relacionamentos e baixo uso dos métodos


contraceptivos.

Em contrapartida, os artigos B4 e B9 concordam que a adolescente recebe a


responsabilidade social da anticoncepção. Uma situação divergente quando
comparada à afirmação do último parágrafo, pois há uma limitação entre os gêneros
para responsabilização nas relações sexuais, sobre quem deveria ser responsável
pela contracepção e quem realmente é. Nesse caso, a atitude recai sobre a mulher
na prática e devido aos diversos fatores de gênero mencionados, há um conflito
entre a escolha e o uso.

O uso, portanto, se torna baixo entre os adolescentes. Os autores de B2, B4 e


B15 sugerem causas como dificuldade em atingir a maioria da população com os
serviços de planejamento familiar, influências de gênero que se associam à
promiscuidade pela mulher que escolhe, leva e usa um método e falta de informação
e conhecimento, por exemplo. Essas causas resultam no engajamento da relação
sexual de risco, resultando doenças ou gravidez não desejada. A gravidez na
adolescência possui mais riscos e engloba uma problemática individual e social.

Os artigos B4, B5, B11 e B15 discutem as implicações da gravidez na vida da


adolescente. Como uma questão de gênero, a mulher tem a atribuição do cuidado
primário com a criança, ou seja, a responsabilização é socialmente reconhecida
como da mulher. Isso pode repercutir na má qualidade de vida de ambos, visto que
novas responsabilidades surgem com a chegada de um filho, e com elas o
gerenciamento entre as demandas da maternidade e da escolaridade, que levam à
evasão escolar e à diminuição do nível educacional, na mesma perspectiva que as
possibilidades de inclusão no mercado de trabalho tornam-se dificultadas.

Além disso, existem riscos para saúde da mãe e do bebê, ocorre o


distanciamento dos grupos que anteriormente convivia devido à discriminação
social, maiores chances de desenvolvimento de depressão pós-parto e sentimentos
de impotência. Nesse sentido, percebe-se que a gravidez na adolescência é uma
questão social problemática. Nas análises dos artigos B4, B5, B6 e B7 pôde ser
observado que essa questão é ainda mais preocupante em países onde há a cultura
de se ter muitos filhos, como algumas regiões da África.
57

O artigo B4 explora o contexto da cultura moçambicana e seu impacto na vida


dos adolescentes. Ao se referirem à mulher, os autores relatam que aquelas que
crescem inseridas na cultura do país interiorizam a maternidade como um aspecto
fundamental para a vida. Simbolizam a maternidade como papel necessário
atribuído ao seu gênero. Não somente as mulheres, mas também os homens são
influenciados pela cultura e sentem a necessidade de serem pais e mães para
estarem incluídos na sociedade.

Nessa cultura, o gênero tem significado substancial. Os atributos voltados ao


homem sugerem a capacidade de terem filhos como aquele que é viril e produtivo,
para a mulher tratam a fertilidade como indispensável para a identidade feminina.
Em B7, os autores relatam que mulher infértil sofre discriminação por não ser capaz
de dar continuidade à linhagem familiar e substituir os antepassados que, muitas
vezes, as leva ao isolamento social, violência doméstica e casamento conturbado.

Nessa perspectiva, casamento tende a acontecer ainda na adolescência, bem


como a gravidez. Os artigos B6 e B7 discutem a cultura nos países Nigéria e
Uganda, respectivamente. Afirmam que o casamento nesses países é
essencialmente patriarcal, e a quantidade de filhos é definida pelo homem. É
esperado que a mulher tenha filhos com frequência enquanto está no período
reprodutivo, para que não sofra perseguições.

Na Uganda, por exemplo, a mulher que teve uma gestação gemelar não pode
parar de ter filhos. Ter filhos gêmeos, portanto, é um impedimento para o uso de
qualquer método contraceptivo. A poligamia também interfere na escolha por um
anticoncepcional, pois as mulheres casadas com um único homem disputam entre si
a quantidade de filhos com o parceiro, como maneira para serem aprovadas
socialmente e se sentirem amadas.

De forma semelhante, no Quênia, o artigo B5 evidencia que o tamanho ideal


de família adotado pelos casais é de pelo menos 4 filhos, e essa destinação se inicia
no casamento na adolescência. Ainda que também possuam a cultura de ter muitos
filhos, as mulheres quenianas utilizam métodos contraceptivos. Os métodos
adotados para espaçar as gravidezes são os de curto prazo, e após os 25 anos,
tendem a usar métodos de longo prazo, caso já possuam o tamanho da família que
idealizam.
58

Entretanto, nos outros países citados que possuem as questões culturais


enraizadas no modo de viver, os métodos contraceptivos não são efetivamente
utilizados, pois a constância das gravidezes não permite que a mulher seja adepta à
anticoncepção. Outro fator também influencia na quantidade de filhos que possuem.
Os métodos contraceptivos mais conhecidos e divulgados dentro da própria
população são culturais e não são respaldados cientificamente para prevenção da
gravidez.

Os artigos B4 e B7 exemplificam os contraceptivos que as adolescentes


tendem a adotar influenciadas pelo mito cultural, que são envoltos por
conhecimentos indígenas naturais, relacionados a ervas e amuletos. É comum que
utilizem um ou dois métodos ao mesmo tempo prescritos por curandeiros, como
ervas misturadas com água, uso do cordão umbilical do último filho ao redor da
cintura juntamente com ervas no momento da amamentação, depósito do primeiro
sangue menstrual após o nascimento do bebê sobre um pano ou almofada que são
postos na entrada da casa, chaminé, teto da cozinha ou são enterrados.

Devido à essa perpetuação cultural que ocorre nos dias atuais, a escolha por
métodos contraceptivos modernos não é efetiva pelas adolescentes nem mulheres
adultas. Entretanto, também seguem alguns métodos que podem ser eficazes, como
o coito interrompido junto da mistura de ervas, amamentação exclusiva para espaçar
os nascimentos e uso de contraceptivo oral associado a algum método cultural.

Isso mostra que está ocorrendo uma modificação na escolha pelos métodos
contraceptivos e uma associação equivocada sobre os métodos culturais, pois
utilizando uma forma eficaz com outra não científica, continua a perpetuação de que
o conhecimento de curandeiros é verdadeiro e melhor do que os contraceptivos
modernos. Apesar de haver o conhecimento errôneo a respeito dos métodos
tradicionais, as adolescentes estudadas nos artigos B4 e B7 relataram não estarem
confortáveis para adotar métodos antigos, pois consideram sem eficácia.

Contudo, há grande resistência no uso moderno dos métodos, pois se


divulgam entre as mulheres informações negativas a respeito, como sangramento
prolongado, infertilidade, além de sugerir a falta de confiança no parceiro.
Considerando esses aspectos, percebe-se que o fator cultural iniciado ainda na
adolescência interfere de forma relevante na escolha dos métodos contraceptivos
pela mulher.
59

Os artigos não ressaltaram o impacto da cultura sobre as escolhas


anticoncepcionais entre as adolescentes e mulheres adultas brasileiras. Outro
aspecto analisado foi a influência da religião nas práticas anticoncepcionais, em que
apenas os artigos B2, B7 e B8 discutiram brevemente sobre a temática. Ressaltaram
as religiões católicas e islâmicas como contrárias ao uso dos métodos
contraceptivos, interferindo no uso pelas mulheres religiosas. Outras questões não
foram debatidas e pouco se discutiu sobre a religião.

5.3 INFLUÊNCIA DAS QUESTÕES DE GÊNERO NA TOMADA DE DECISÃO

De acordo com as análises do artigo B9, a compreensão do conceito de


gênero está associada à construção social sobre definições de papéis para homens
e mulheres, como uma forma de diferenciá-los enquanto sujeitos. Esses papéis
podem ser expressos através características delineadas no ambiente social, em que
os atributos que se referem à mulher englobam a fragilidade, docilidade e
passividade, e ao homem se direciona o perfil de força, virilidade e inteligência, por
exemplo.

Nesse sentido, o gênero é um elemento resultante da construção que os


indivíduos estabelecem ao longo do contexto social onde vivem. Assim, exerce
influência direta sobre as relações estabelecidas entre os homens e as mulheres,
como as relações de poder, familiares, representações sociais e, dentre outras, os
aspectos que envolvem a saúde, inclusive a saúde sexual e reprodutiva.

Essa análise permite o entendimento de que os papéis construídos e tidos


como tradicionais na sociedade interferem também nas intervenções de saúde,
como a saúde reprodutiva e sexual de homens e mulheres, sendo reflexos do
processo de organização do contexto de gênero. De modo a condicionar as
estratégias de saúde, as questões de gênero influenciaram as políticas públicas de
atenção à saúde, com grande enfoque na maternidade.

Reafirmava-se a relação de poder entre os sexos e não se pontuava na saúde


a necessidade de proteção e atenção integral à mulher. Entretanto, a conjuntura
política se desenvolveu e mostrou evolução, reavaliando o prisma somente
reprodutivo para aquele também relacionado à sexualidade. Com isso, a prestação
de serviços saúde sexual e reprodutiva é um direito conferido em 1998 na
60

Constituição Federal, sendo dever do Estado prover o que é necessário para que
este direito seja exercido pelos cidadãos.

Contudo, segundo o artigo B3, ainda que se pretenda incluir as análises de


gênero na assistência à saúde, e que a compreensão da mulher se desassocie da
restrição maternidade, existem fatores que interferem no exercício autônomo das
mulheres, sobre sexualidade e reprodução, incluindo a escolha de métodos
contraceptivos, que começam a influenciar a identidade da mulher ainda na infância.
Essas relações terão impacto no comportamento sexual e reprodutivo da mulher,
pois cada uma irá refletir de forma subjetiva as situações em que os determinantes
de gênero atuarão sobre suas atitudes.

Na infância e na adolescência, a família, predominantemente a figura paterna,


já demonstra a restrição da mulher ao ambiente privado, como às atividades da casa
e com a família, opressão masculina sobre a liberdade e repressão da sexualidade.
Além disso, os autores em B9 afirmam que o desejo sexual tem sido historicamente
retratado como um sinal de masculinidade, em que a mulher permanece no lugar de
procriação e tem a sexualidade como erotização, sendo modelos que são
estabelecidos e mantidos socialmente, que atuam nos assuntos voltados à
sexualidade.

O desdobramento recai sobre a escolha e consequente uso dos métodos


contraceptivos. Os artigos B4 e B9 relatam que há fragilidade no diálogo familiar e
que quando são repassadas informações, frequentemente por parentes e amigas,
estas são incompletas e superficiais sobre métodos contraceptivos. A falta de
informação, decorrente da opressão sobre o assunto ainda na infância é um fator
que determina a não utilização dos mesmos na adolescência quando, em geral,
ocorrem as primeiras relações sexuais.

Os artigos B5, B11 e B14 discutem sobre a sexualidade, e concluem que as


primeiras experiências sexuais acontecem na adolescência. Fato também
comprovado no artigo B3, em que a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição em
2012 no México, afirmou que 60% dos jovens iniciam as relações sexuais entre 15 e
19 sem contraceptivos, resultado de uma infância marcada pela repressão da
sexualidade e falta de discussão sobre o assunto. O artigo B11 sinaliza que o sexo
nessa etapa da vida pode ser um fator agravante, pois as adolescentes
61

compreendem que devem usar contraceptivos, mas não tem reflexão nem
sensibilização sobre a importância de optar por um método contraceptivo.

Outro ponto destacado nos artigos está relacionado à responsabilidade sobre


o corpo. Os autores em B4 e B9 discutem que há diferenciação nesse aspecto,
tendo em vista que, ainda que o preservativo masculino seja o método contraceptivo
mais utilizado, as mulheres são responsabilizadas pelo cuidado com a contracepção.
Por outro lado, os homens tendem a se preocupar menos com a sexualidade. Os
autores também concluem que o ato da mulher em levar preservativos para a
relação sexual, muitas vezes, é discriminado pelos homens, como uma atitude de
mulher que não respeita o próprio corpo ou que se relaciona com muitas pessoas.

Contudo, o artigo B1 contrapõe essas afirmativas ao concluir em seu estudo


que os homens se preocupam com a contracepção. O sentido da reflexão para
contracepção é de que ter filhos em um momento não desejado pode ocasionar
problemas, principalmente por se sentirem responsáveis economicamente pela
família. Essa relação é uma questão de gênero, pois o homem internaliza a sua
responsabilidade social de manter os filhos, por exemplo.

Também é possível destacar a durabilidade do relacionamento como fator


que interfere na escolha de um contraceptivo, pois o uso dos métodos cai em
desuso quanto mais o vínculo do casal é estabelecido, como referem os artigos B1,
B2, B5, B9 e B14. A escolha dos métodos é influenciada pela confiança na relação
entre os indivíduos, principalmente do homem, assim como os fatores que interferem
na relação sexual relatados por eles, exemplificados nos artigos B2, B4, B11 e B14,
como falta de prazer utilizando preservativos na relação sexual.

Assim, pode-se afirmar que são condições que convergem para não utilização
da anticoncepção. A possibilidade de gravidez indesejada e infecções sexualmente
transmissíveis resultantes desse processo, tendem a aumentar e podem refletir em
problemas sociais, como evidenciado nos artigos B4, B5, B11 e B15. Além disso, o
uso do contraceptivo oral, segundo método mais utilizado, muitas vezes
erroneamente, também contribui para a alta prevalência de casos de gravidez
indesejada.

A educação, independência econômica e vulnerabilidade familiar são


transtornos que decorrem desse desarranjo na sexualidade, em que uma gravidez
62

não planejada ou doença agravam e desafiam a mulher a atingir melhores condições


de vida. Ademais, no artigo B11, a Organização Mundial da Saúde em 2014
evidenciou que esses fatores são relevantes para a ocorrência da mortalidade
materna e infantil, e pobreza, tendo em vista que 11% dos nascimentos ocorrem na
idade em que se iniciam as relações sexuais desprotegidas, ou seja, ainda na
adolescência.

Diante desses aspectos, os artigos B2 e B4 relatam que a autonomia da


mulher é baixa. Ainda que esteja socialmente enquadrada para a responsabilidade
da contracepção, é influenciada por outras condições que levam a não optar pela
utilização de algum dos métodos existentes. São questões que iniciam na infância,
desenvolvem-se na adolescência e predominam na idade adulta feminina, que
dificultam o exercício da autonomia da mulher pelo gênero. Entretanto, vale destacar
que o perfil dos homens e mulheres vem mudando nos últimos anos. As famílias
formadas são menores e a união dos casais ocorre mais tarde, além das relações
que se estabelecem nela tendem a ser mais igualitárias.

De fato, os autores em B3 afirmam que essa alteração está correlacionada


com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, e isso reflete também no
comportamento sexual delas, que se mostra mais proativo no que se refere à
iniciativa sexual e uso de métodos contraceptivos. Além disso, o desenvolvimento
das políticas de atenção à saúde sexual e reprodutiva também determinou tal
alteração, em que a autonomia para decidir e escolher é um direito do homem e da
mulher.

5.4 IMPLICAÇÕES PARA PRÁTICA DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DO


PLANEJAMENTO FAMILIAR

De acordo com os artigos B1, B9, B12 e B15 o planejamento familiar,


garantido pela lei nº 9263/96, deve disponibilizar em qualquer nível de atenção à
saúde da mulher, do homem ou do casal meios de contracepção e concepção para
os mesmos, bem como o acompanhamento ginecológico da mulher. Dessa forma,
as instâncias gestoras da saúde devem permitir que sejam garantidos os direitos da
mulher e que a assistência integral à saúde seja prestada.

Esses direitos reprodutivos são exercidos nas ações do planejamento


familiar, em que os indivíduos decidem de maneira livre se desejam ou não ter filhos,
63

devendo o Estado proporcionar o acesso aos meios para engravidar ou não.


Exercem a própria sexualidade e reprodução com segurança, não somente para
prevenir a gravidez, mas também para proteção contra infecções sexualmente
transmissíveis, conforme ressalta o artigo B15.

O artigo B12 sinaliza ainda que, para que de fato esses direitos sejam
efetivados, é preciso que haja oferta dos métodos contraceptivos existentes e que os
profissionais da saúde envolvidos estejam capacitados para orientar a mulher, o
homem ou o casal a adotarem a melhor alternativa para o seu contexto de vida. Os
autores do artigo B15, destacaram o impacto positivo das famílias que planejam ter
filhos e são orientados por profissionais, pois conseguem viver com mais qualidade
e oferecer estabilidade para os filhos.

Outro benefício do planejamento familiar envolve a redução das morbidades e


mortalidade materna e infantil, muitas vezes, associadas à gravidez de alto risco não
acompanhada ou abortos realizados ilegalmente, devido à gravidez indesejada,
inclusive na adolescência. Contudo, o planejamento familiar nem sempre é
acessado, pois questões sociais, econômicas, educacionais e culturais podem
interferir na adesão pelos indivíduos, como destacado no artigo B12.

A atenção básica, onde acontece a Estratégia de Saúde da Família (ESF), é a


porta de entrada para os indivíduos acessarem os serviços de planejamento familiar.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) traçam o perfil do território e conhecem as
características dos indivíduos pertencentes ao ambiente adscrito. Nesse sentido, os
artigos B1 e B15 contextualizam que ações desenvolvidas no planejamento da
região devem ser individualizadas e necessitam ter em sua linha de cuidado a
atenção integral à saúde sexual e reprodutiva.

A mulher se encontra na fase reprodutiva da sua vida entre os 15 e 49 anos


de idade, portanto, as ações do planejamento devem englobar as mulheres nesse
período. O artigo B8 sinaliza a importância de captar a mulher em momentos
oportunistas, como a ida à UBS para outros cuidados de saúde. Assim, é possível
fornecer uma maior conscientização sobre os direitos sexuais e reprodutivos,
principalmente para aquelas que possuem o conhecimento defasado, como as
adolescentes.
64

No artigo B1, evidenciou-se que na ESF o enfermeiro possui autonomia e


maior relevância na atuação no planejamento familiar. O Ministério da Saúde
também enfatiza que as ações do planejamento sejam realizadas por enfermeiros
em conjunto com os outros profissionais da saúde. Entretanto, o artigo B15 salienta
a omissão do enfermeiro frente às questões de saúde sexual e reprodutiva em
comparação ao profissional médico quando, na realidade, deveriam atuar de forma
multiprofissional e conjunta para alcançar a integralidade do cuidado.

Ademais, a importância da atuação do enfermeiro na ESF é eminente, por


isso, deve atuar ativamente no planejamento familiar. É função do enfermeiro
explicar para a população a finalidade da concepção e contracepção, apresentar
todos os métodos contraceptivos existentes e aqueles disponibilizados pelo Sistema
Único de Saúde, informar os benefícios e malefícios, bem como auxiliá-los na
tomada de decisão considerando as individualidades e contexto vivenciados por
cada um.

Além disso, o artigo B10 identificou como fundamental que o enfermeiro


estimule a mulher para que questione, critique e reflita sobre os métodos
contraceptivos. A imposição pelo profissional para interferir na tomada de decisão é
uma atitude desfavorável, enquanto o auxílio no processo decisório deve ser
encorajado pelo enfermeiro. Assim, é possível que dúvidas e preocupações sejam
explanadas, e que a falta de informações seja sanada.

A consulta de enfermagem com enfoque no planejamento familiar deve ser


suficiente para expor o que é preconizado nas ações de saúde. O estudo realizado
pelos autores do artigo B10, mostrou que não há tempo designado para a consulta
sobre contracepção, ou seja, o aconselhamento deve fluir de forma natural.
Entretanto, ficou comprovado que há uma sobrecarga de trabalho que impede a
dedicação necessária para o cuidar em contracepção, além da falta de privacidade e
materiais indispensáveis para educação em saúde.

Os métodos contraceptivos devem estar disponíveis para serem acessados, e


a mulher tem o direito de optar por um método de forma voluntária e não somente
por não ter a oportunidade de escolher outro. De acordo com os artigos B1, B3, B10
e B15, a oferta dos métodos necessita estar fundamentada no contexto da
população, que engloba diversos grupos, como adolescentes, mulheres no período
pós-parto, amamentando, após um aborto ou no período perimenopausa.
65

A população adolescente, ainda que englobada nas ações do planejamento


familiar, nem sempre tem as suas demandas atendidas, como se afirma no artigo
B14. O afastamento das adolescentes do serviço de saúde torna-se preocupante,
pois, segundo o artigo B9, a UBS é uma fonte de informações e o local adequado
para obtenção dos métodos contraceptivos. Nesse sentido, fortalecer o vínculo entre
os adolescentes e os profissionais é de fundamental importância.

Em B1, B11 e B15, os autores referem que estabelecer o vínculo com o


indivíduo, independente do período da vida, colabora para que aumente o interesse
do mesmo sobre a própria vida sexual e reprodutiva, inclusive as adolescentes que
passam a procurar mais o serviço de saúde e confiar nos métodos apresentados. O
relacionamento terapêutico começa em chamar o usuário pelo nome, focalizando
nas suas necessidades, na confidencialidade e na privacidade, utilizando linguagem
simples e compreensível, para que se estabeleça um ambiente de confiança na
relação profissional-usuário.

No que se refere à função do enfermeiro na ESF, relacionado ao grupo


adolescente, os artigos B1 e B11 relatam que é importante considerar a família
nesse processo educativo e de aconselhamento. O estímulo sobre o tema
sexualidade deve ser encorajado, já que o ambiente familiar é um dos primeiros
locais onde a adolescente busca informações sobre a sua saúde sexual. Para os
jovens, ter uma comunicação efetiva com os pais proporciona proteção e apoio
emocional, que deve ser incentivada pelo profissional da saúde.

Assim, é interessante que o enfermeiro tenha habilidade para lidar com as


adolescentes. Os artigos B11 e B14 destacam que o profissional deve estar
preparado para receber esse grupo na UBS, sendo capaz de orientá-lo sobre
sexualidade e reprodução. Contudo, nota-se a dificuldade nesse processo, devido às
falhas na formação profissional e próprias crenças e valores de profissionais
desatualizados que não condizem com a atualidade. Além disso, se percebe a
pontualidade das ações, em que apenas são distribuídos métodos sem reflexão
crítica a respeito.

As intervenções de saúde podem ser realizadas através de ações educativas.


Para a população adolescente, a efetividade no âmbito escolar é fundamental para
gerar mudanças no comportamento, a fim de que exerçam a sexualidade maneira
segura, também colaborando para que se identifiquem como sujeitos de direitos e
66

sintam-se responsáveis pela própria saúde. Os artigos B3, B10, B11, B12, B14 e
B15 exemplificam essas ações.

As ações educativas podem ser individuais ou coletivas, mas devem


proporcionar o atendimento integral às necessidades das mulheres. A escola é um
local em que as ações podem ser efetivadas com as adolescentes, em conjunto com
outros profissionais da saúde, pais e familiares, pois é o ambiente em que são
iniciadas as primeiras vivências com a sexualidade. Nesse momento, o artigo B11
afirma que é importante a ESF convergir com as propostas do Programa Saúde na
Escola (PSE), que atua de forma instigante, motivadora e criativa, a fim de captar a
adolescente para se interessar pela saúde sexual e reprodutiva.

A criatividade chama a atenção da população, portanto o uso de materiais


audiovisuais e impressos para educação em saúde podem ser ferramentas
estratégicas de apoio para assimilação e memorização da aprendizagem.
Considerar o contexto social da mulher e os determinantes que podem interferir na
sua vida é essencial para o auxílio nas atividades educativas. O artigo B12 infere
que a liberdade de escolha pode ser comprometida por fatores como a falta de
conhecimento e questões de gênero, portanto, analisar a dimensão do impacto
dessas condições é função do enfermeiro.

Valorizar o saber trazido pela usuária e estabelecer uma relação de troca


estimula a autonomia da mulher. A autonomia é discutida nos artigos B10 e B12,
que retratam a liberdade de escolha como primordial para o exercício do direito
reprodutivo. Entretanto, para que a real autonomia seja vivida pela mulher, o acesso
ao planejamento familiar e suas ações precisam ser garantidos, como destacam os
artigos B9 E B15.

Muitas mulheres ainda não conhecem os serviços de planejamento familiar,


além deles não possuírem boa estrutura para acolher as demandas da população,
devido à falta dos métodos, pouca participação dos profissionais da UBS e
consequente baixa participação das mulheres. A reflexão acerca da prática
profissional exige a consideração dos vieses de gênero que também impedem a
participação das mulheres no planejamento familiar.

Os artigos B3 e B9 mencionam que as estratégias de saúde devem ter como


alvo as relações de gênero que são evidenciadas na sociedade, e requerem a
67

qualificação profissional para superação de estereótipos e ampliação das ações de


concepção e contracepção sob o enfoque de gênero, já que influencia de forma
impactante o comportamento sexual e reprodutivo das mulheres. O artigo B1 sugere
que seja estimulada também a participação do homem no planejamento familiar,
para uma decisão conjunta e aderir, se desejar, algum método contraceptivo.

Assim sendo, o artigo B12 destaca que o SUS não somente promove o
acesso através dos meios destacados ao longo do tópico, mas continua a
assistência através da avaliação periódica da saúde da mulher pelos profissionais,
para verificar se o método escolhido se mostrou adequado e que há a satisfação da
usuária em utilizá-lo, ou seja, ocorre a continuidade do cuidado através da busca
ativa da mulher pelo serviço e a humanização do cuidado.
68

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os determinantes sociais da saúde estabelecem relação direta com as


escolhas contraceptivas das mulheres, como sugeriram os resultados apresentados.
Esses determinantes são originados de fatores como economia, ambiente, cultura,
questões biológicas e sociais. Nesse sentido, tem a capacidade de influenciar a vida
dos indivíduos e, consequentemente, nas escolhas que fazem ao longo da vida.

Os estudos analisados evidenciaram que os impactos desses determinantes


nas escolhas das mulheres podem ser diferentes, pois concluíram que os fatores
irão influenciá-las nas diferentes etapas da vida em que se encontram. A idade é
entendida como um fator importante que interfere nessas escolhas, de forma
predominante na fase da adolescência.

Os autores destacaram que na adolescência, além das alterações fisiológicas,


determinantes como prevalência no comportamento sexual de risco, início precoce
das relações sexuais, falta de informação associada à baixa escolaridade, carência
econômica, falhas do sistema de saúde público e dos profissionais envolvidos, falta
de diálogo familiar, questões culturais e de gênero.

De forma relevante, os estudos voltaram às análises para o fator


conhecimento. A limitação do conhecimento entre as mulheres está correlacionada
ao reduzido grau de instrução e barreiras dos profissionais da saúde. Entre as
mulheres adultas, ressaltaram-se questões como confiança no relacionamento com
o parceiro, gênero, vulnerabilidade social, veiculações nas mídias sobre práticas
contraceptivas, facilidade no uso e confiança nos métodos.

As questões de gênero perpassaram de alguma forma ao longo de todos os


tópicos, pois a maneira enraizada que as mesmas são vivenciadas pelas mulheres
ficou evidente. De fato, observou-se que a mulher ainda possui sua autonomia
relacionada ao gênero, mas que parte dessa relação está em processo de mudança
na população. Entretanto, influencia nas escolhas contraceptivas que faz no que se
refere à vida sexual.

Nesse contexto, podem ser visualizadas implicações para a prática


profissional do enfermeiro. Os autores criticam a influência das ações de
enfermagem sob as decisões anticoncepcionais das mulheres, pois afirmam serem
os enfermeiros os profissionais que atuam de maneira direta como agentes
69

modificadores na educação. São profissionais capacitados para auxiliarem as


mulheres a exercerem os direitos sexuais e reprodutivos enquanto cidadãs.

Portanto, sinalizam que as atividades de planejamento familiar realizados nos


serviços de atenção básica da saúde, devem ser individualizadas e considerar a
realidade que vivem as mulheres e quais os determinantes sociais da saúde que
podem interferir no seu processo de escolha. A humanização do cuidado, segundo
as análises, é destacada como essencial durante a atuação da enfermagem, e a
reflexão sobre a própria prática é importante para a melhora da qualidade da
assistência.
70

8 OBRAS CITADAS

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RIBEIRO, Nathalya; EVANGELISTA, Rayra; ALVES, Stephane; PAULA, Patrícia
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