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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA

Liana Pinheiro Santos Marques

ALOE VERA, UMA PLANTA DE INTERESSE DO SISTEMA ÚNICO DE


SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE OS MECANISMOS PRÓ-
CICATRICIAIS

Santa Maria, RS
2021
Liana Pinheiro Santos Marques

ALOE VERA, UMA PLANTA DE INTERESSE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE:


REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE OS MECANISMOS PRÓ-CICATRICIAIS

Dissertação de Mestrado apresentado ao Curso


de Mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Gerontologia Linha de Pesquisa Sociedade,
Envelhecimento e Saúde do Idoso, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,
RS), como requisito parcial para obtenção de
título de Mestra em Gerontologia.

Orientadora: Profª. Drª. Fernanda Barbisan


Coorientadora: Profª. Drª. Ivana Beatrice Mânica da Cruz

Santa Maria, RS
2021
AGRADECIMENTOS

À Deus, pela possibilidade de estar viva e com sáude e por poder vivenciar este dia de
hoje.

Aos meus pais, Alfrida e Luiz Afonso, por terem sempre me proporcionado
oportunidades e por incentivar o estudo e a vontade de fazer diferença onde eu estiver.

Ao meu esposo Rodrigo, pelo incentivo, amor, força e apoio. Sem a tua ajuda, nada seria
possível! Tu és o céu dos meus voos!

Aos meus filhos Henrique e Luiza, para quem eu dedico todas as minhas conquistas!
Que me estimulam todos os dias a ser um ser humano e uma profissional melhor.

A minha orientadora, Fernanda Barbisan, por toda a paciência, profissionalismo e


amizade ao me conduzir no caminho do Mestrado. Minha eterna gratidão!

A minha Co-orientadora Ivana Cruz, pela oportunidade de estar no mestrado e conviver


com mestres na área da Gerontologia, e por ser essa profissional e ser humano íncrível.A minha
amiga e companheira de mestrado Liege Kurrle, que foi importante auxílio e apoio! Muito
obrigada!!!

À minha mestra, fonte de inspiração, tanto como profissional quanto ser humano,
professora Neida Pellenz, pelo carinho, amizade e incentivo contínuo. Me orgulho de fazermos
parte uma da vida da outra há quase 20 anos!
RESUMO

ALOE VERA, UMA PLANTA DE INTERESSE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE:


REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE OS MECANISMOS PRÓ-CICATRICIAIS

AUTORA: Liana Pinheiro Santos Marques


ORIENTADORA: Profª. Dra. Fernanda Barbisan
COORIENTADORA: Profª. Dra. Ivana Beatrice Mânica da Cruz

O envelhecimento da população brasileira é uma realidade, e esta transição demográfica, é


acompanhada pelo aumento na prevalência de doenças e agravos crônicos não transmissíveis,
dentre os quais, as doenças e lesões de pele. Estas são consideradas um problema grave de
saúde. No Brasil, embora existam poucos trabalhos robustos sobre incidência e prevalência de
lesões, as ocorrências dessas são altas, variando de 10,6% a 62%, dependendo do estudo. O
idoso, devido à alterações fisiológicas cutâneas, apresenta maior suscetibilidade à lesões na
pele, que depois de estabelecidas, necessitam de maior empenho para cicatrização, pois além
das alterações esperadas, as doenças crônicas não transmissíveis colaboram para a cronificação
das feridas. Diante do contexto justifica-se a busca de alternativas que possam auxiliar no
tratamento das lesões de pele, otimizando o reparo tecidual. A Aloe vera (AV) é uma planta
muito utilizada para cicatrização e tem sido estudada, na busca de evidências de que seus
elementos possam auxiliar no processo cicatricial. Dada a magnitude da problemática das lesões
de pele e levando em conta que uma pele envelhecida tem maior propensão ao desenvolvimento
de lesões e consequentemente maior dificuldade na resolução destas, revisar e buscar evidências
científicas sobre os mecanismos causais dos benefícios da AV é relevante. Assim, o objetivo
deste estudo foi realizar uma revisão sistemática sobre a AV, uma das plantas medicinais
presentes no Sistema Único de Saúde e seu potencial cicatrizante. Foi realizada uma busca em
base de dados PUBMED e Scielo, com a combinação dos seguintes descritores: "Aloe vera"
AND "Wound healing", "Aloe Vera E Cicatrização de feridas" "Aloe Vera Y Cicatrización de
heridas, com recorte temporal de 10 anos. Foram excluídos: artigos que não estivessem em
inglês, português ou espanhol, artigos de revisão, qualquer estudo que associasse Aloe vera a
outra molécula ou planta; todo e qualquer artigo cujo objetivo principal não fosse a cicatrização
da pele relacionada ao tratamento com AV. Foram identificados 201 estudos, que após triagem
de critérios de exclusão, foram reduzidos para 29 artigos, que foram lidos na íntegra. Destes 14
eram estudos in vivo, 8 eram ensaios clínicos, 5 estudos in vitro e 2 estudos translacionais. As
evidências produzidas indicam modulação da AV nas fases inflamatória, proliferativa,
maturação e regeneração. Os estudos sugerem que AV apresenta ativos pró cicatricias em sua
constituição, que otimizam o reparo tecidual, através do estímulo à migração e proliferação
celular de leucócitos, fibroblastos e queratinócitos, da indução de neoangiogênese e da
deposição de colágeno.

Palavras-chave: Plantas medicinais. Cicatrização. Fitoterapia. Envelhecimento. Aloe vera.


ABSTRACT

ALOE VERA, A PLANT OF INTEREST OF THE UNIQUE HEALTH SYSTEM:


SYSTEMATIC REVIEW ON PRO-CICATRICIAL MECHANISMS

AUTHOR: Liana Pinheiro Santos Marques


ADVISOR: Profª. Drª. Fernanda Barbisan
CO-ADVISOR: Profª. Drª. Ivana Beatrice Mânica da Cruz

The aging of the Brazilian population is a reality, and this demographic transition is
accompanied by an increase in the prevalence of non-communicable chronic diseases and
conditions, including skin diseases and injuries. These are considered a serious health problem.
In Brazil, although there are few robust studies on the incidence and prevalence of injuries, their
occurrences are high, ranging from 10.6% to 62%, depending on the study. The elderly, due to
physiological cutaneous changes, are more susceptible to skin lesions, which, once established,
require greater efforts for healing, as in addition to the expected changes, non-communicable
chronic diseases collaborate to the chronicity of wounds. Given the context, the search for
alternatives that can help in the treatment of skin lesions, optimizing tissue repair, is justified.
Aloe vera (AV) is a plant widely used for healing and has been studied in search of evidence
that its elements can help in the healing process. Given the magnitude of the problem of skin
lesions and taking into account that aging skin is more likely to develop lesions and,
consequently, more difficult to resolve them, reviewing and seeking scientific evidence on the
causal mechanisms of VA benefits is relevant. Thus, the aim of this study was to conduct a
systematic review of VA, one of the medicinal plants present in the Unified Health System and
its healing potential. A search was performed in PUBMED and Scielo databases, with the
combination of the following descriptors: "Aloe vera" AND "Wound healing", "Aloe Vera and
wound healing" "Aloe Vera Y Cicatrización de heridas, with a time frame of 10 years old. The
following were excluded: articles that were not in English, Portuguese or Spanish, review
articles, any study that associated Aloe vera with another molecule or plant; any and all articles
whose main objective was not skin healing related to VA treatment. A total of 201 studies were
identified, which, after screening for exclusion criteria, were reduced to 29 articles, which were
read in full. Of these 14 were in vivo studies, 8 were clinical trials, 5 were in vitro studies and
2 were translational studies. The evidence produced indicates AV modulation in the
inflammatory, proliferative, maturation and regeneration phases. Studies suggest that VA has
pro-scarring actives in its constitution, which optimize tissue repair, by stimulating the
migration and cell proliferation of leukocytes, fibroblasts and keratinocytes, induction of
neoangiogenesis and collagen deposition.

Keywords: Medicinal plants. Healing. Phytotherapy. Aging. Aloe vera.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução de grupos etários no Brasil ..................................................................... 16


Figura 2 – Representação da pele e suas camadas e estruturas ................................................ 18
Figura 3 – Camadas da epiderme ............................................................................................. 19
Figura 4 – Comparação entre pele jovem e envelhecida ......................................................... 21
Figura 5 – Estadiamentos de lesão por pressão, de acordo com o comprometimento
tecidual.................................................................................................................... 23
Figura 6 – Fases da cicatrização e principais células envolvidas ............................................ 24
Figura 7 – Papel dos EROS na cicatrização da pele ................................................................ 31
Figura 8 – Planta Aloe vera, gel mucilaginoso e exsudato amarelado .................................... 36
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Alterações na pele do idoso ................................................................................... 28


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DCNTs Doenças crônicas não transimissíveis


SUS Sistema único de saúde
LP Lesão por pressão
MEC Matriz extra cellular
IFNβ Interferon beta
EROs Espécies reativas de oxigênio
ERN Espécie reativa de nitrogênio
NADP oxidase Nicotinamide adenine dinucleotide phosphatase oxidase
DNA Ácido desoxiribonucleico
IL Interleucina
TNF α Fator de necrose tumoral alfa
PAF Fator de ativação plaquetária
PDGF Fatores de crescimento derivados de plaquetas
ATP Adenosina tri fosfato
OMS Organização Mundial da Saúde
PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas Completares
ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
MS Ministério da Saúde
RENISUS Relação de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS
APS Atenção primária à saúde
TGF Fator de crescimento transformador
VEGF Fator de crescimento vascular endothelial
NSO Óleo de Nigella Sativa
MRSA Staphylococcus aureus meticilino resistente
CD4+/ CD8+ Linhagem de leucócitos
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 12
2 OBJETIVO ................................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ......................................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 15
3.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL ................................................................... 15
3.2 PELE: VISÃO HISTOLÓGICA E PRINCIPAIS CÉLULAS ....................................... 17
3.3 LESÕES DE PELE ........................................................................................................ 22
3.3.1 A cicatrização no idoso ................................................................................................ 27
3.3.2 Lesões de pele e mecanismos oxidativo e inflamatórios ............................................ 29
3.4 USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA CICATRIZAÇÃO DA PELE ....................... 32
3.4.1 Plantas medicinais ........................................................................................................ 32
3.4.2 Plantas medicinais e o uso pelo SUS ........................................................................... 34
3.5 ALOE VERA ................................................................................................................. 35
4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 38
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ................................................................................. 38
4.2 COLETA DE DADOS ................................................................................................... 38
5 RESULTADOS ............................................................................................................. 40
6 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 52
7 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 55
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 56
ANEXO A – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DE MANUSCRITO ............... 64
11

1 INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais é uma prática historicamente presente na sabedoria do senso


comum, articulando cultura e saúde. Registros fósseis datam o uso humano de plantas como
medicamentos há, pelo menos, sessenta mil anos (PIRIZ et al., 2014).
Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento
de diversas patologias, inclusives as da pele como é o caso da cicatrização de feridas. Há relatos,
por exemplo, do uso das plantas medicinais e os extratos vegetais na forma de cataplasma, com
o objetivo de parar hemorragias e favorecer a regeneração de tecidos culminando com a cura
(RAMALHO et al., 2018).
A pele é o maior órgão do corpo humano e tem como funções revestir, delimitar,
proteger e interagir com o meio exterior. Qualquer interrupção na continuidade deste tecido
caracteriza-se como uma ferida, e constitui-se em uma quebra de barreira, sendo porta de
entrada para microrganismos, favorecendo infecção, especialmente no indivíduo idoso. As
modificações da pele, associadas ao envelhecimento, não necessariamente representam
condições letais, mas podem comprometer a qualidade de vida dos indivíduos principalmente
pelo fato que com o envelhecimento os processos cicatriciais perdem força além de que,
ocorrem diversas alterações morfohistológicas (MASTELLA, 2018).
As lesões de pele são consideradas um problema grave de saúde em todo o mundo. Nos
Estados Unidos Cerca de 60.000 pacientes morrem como resultado direto de lesões por pressão,
um dos tipos de lesões que mais acometem os idosos. No Brasil, embora existam poucos
trabalhos robustos sobre incidência e prevalência de lesões, as ocorrências dessas são altas,
variando de 10,6% a 62%, dependendo do local avaliado (VIERA et al., 2018).
As causas mais prevalentes das lesões de pele em idosos relacionam-se às úlceras ou
lesões por pressão, insuficiência vascular (venosa ou arterial, ou mista), traumas, restrições na
mobilidade (transitória ou permanente) e neuropatias diabéticas (DUIM et al., 2015).
Conseqüentemente, pensar em formas de otimização de cicatrização nesses indivíduos é
necessário para reduzir morbidade, mortalidade, recursos hospitalares e custos referentes à
assistência à saúde (DUNNIL et al., 2015).
Diante desse quadro é indispensável à continuidade de investigações sobre como a
assistência e acompanhamento desses tipos de lesões pode ser melhorado, não só buscando
otimização cronológica, mas também maiores possibilidades de acesso, pois muitos novos
produtos são lançados anualmente pela indústria, porém nem sempre acessíveis, principalmente
aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
12

O uso de várias substâncias tem sido alvo de estudos, com o intuito de otimizar a
cicatrização, buscando qualidade do tecido cicatricial, tanto funcional quanto estética. Dentre
elas, está o uso de plantas medicinais no tratamento de lesões de pele das mais diferentes
etiologias. Estas plantas são utilizadas como um recurso medicinal por grande parte da
população mundial, uma vez que em muitas comunidades, representam um recurso mais
acessível em relação aos medicamentos alopáticos (CARNEIRO et al., 2014).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem expressado a sua posição a respeito da
necessidade de valorizar a utilização de plantas medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta
que 80% da população mundial utiliza plantas ou preparações delas no que se refere à atenção
primária de saúde (MARMITT et al., 2015). No Brasil não é diferente. Em 2006, o Ministério
da Saúde lançou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
oferecendo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente na Atenção
Primária à Saúde (APS), a Fitoterapia, e em seguida foi divulgada a Relação Nacional de Plantas
Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). Nesta lista, estão presentes plantas que são
utilizadas como pró cicatriciais. Dentro desta listagem de 71 plantas, neste estudo foi realizada
abordagem do Aloe vera (babosa) para que se possa fazer uma revisão sistemática sobre o
mecanismos cicatriciais da referida planta.
Para guiar a revisão, foi utilizada a seguinte pergunta norteadora: “Qual o mecanismo
associado ao processo cicatricial da planta medicinal Aloe vera, listada na RENISUS?”

1.1 JUSTIFICATIVA

As lesões estão relacionadas ao aumento da expectativa de vida global, sendo os


pacientes geriátricos e com restrição de movimento os mais afetados por essa condição. O
envelhecimento populacional e a institucionalização de idosos são fenômenos crescentes na
população brasileira. Quando não se envelhece de maneira saudável, o aumento da longevidade
e do processo incapacitante aumenta a prevalência de lesões por pressão, ocasionando mais um
problema de saúde para o idoso (JAUL; BARRON, 2017).
Diante dessa problemática e da magnitude das complicações das lesões de pele, tanto
para o paciente quanto para a família e instituições, é necessário que os profissionais da área da
saúde disponham de ferramentas que possam auxiliar no tratamento dessas lesões. Soma-se a
isto, o fato de que, apesar da ampla gama de produtos disponívels no mercado para o tratamento
de lesões de pele, a disponibilidade dos mesmos é limitada a uma pequena faixa da população
devido ao alto custo.
13

Neste contexto, e pelo fato de já existirem estudos que mostram o potencial das plantas
medicinais na cicatrização de lesões de pele, se justifica a necessidade de uma revisão de
literatura sobre uma das principais plantas medicinais da lista RENISUS e sua atuação como
agente pró-cicatricial.
Deve-se lembrar ainda que Mattos et al. (2018) citam que os gestores declararam uma
resistência dentro das administrações públicas municipais e a baixa aceitação das práticas com
o uso de fitoterápicos por parte dos profissionais de saúde que atuam nas Unidades Básicas.
Outro motivo considerado relevante para elaboração desta revisão é que os indivíduos
que utilizam fitoterápicos para tratamentos, precisam ter a prescrição e orientação adequadas,
inclusive lembrando da ocorrência de interações entre plantas medicinais e fármacos.
Popularmente está enraizado o conceito que o uso de planta medicinal não prejudica a saúde, o
que muitas vezes faz com que o paciente não relate a informação do uso destas para o médico.,
bem como o uso de plantas medicinais em dosagem e forma de administração inadequados, por
tratar-se de um produto natural e que desta forma, não causaria efeitos deletérios para a saúde
(BRUNING; MOSEGUI; VIANNA, 2012).
14

2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

Revisar e compilar os mecanismos bioquímicos- moleculares modulados pela Aloe Vera


responsáveis pelo seu efeito pró-cicatricial.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

- Buscar e selecionar estudos que envolvam AV associado a mecanismo cicatricial de


lesões de pele;
- Correlacionar os compostos ativos a ação cicatricial nas diferentes fases do processo.
15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

O envelhimento da população é um fenômeno mundial, e observado com atenção por


estudiosos de todas as especialidades. Inicialmente, os países desenvolvidos foram os primeiros
a relatar esta realidade, seguidos também pelos países em desenvolvimento. Antes um privilégio
para poucos, chegar à velhice hoje, passa a ser a norma, mesmo nos países mais pobres. No
entanto, apesar de ser uma grande conquista do século XX, esta realidade constitui-se em um
grande desafio, pois viver mais é importante, desde que se consiga agregar qualidade ao tempo
maior de vida (VERAS; OLIVEIRA, 2018).
O envelhecimento populacional é caracterizado pela redução do número de nascimentos
que vem acompanhada pela queda da mortalidade e esses dois componentes juntos intensificam
este processo (OLIVEIRA, 2019). Paralelo a isto, o desenvolvimento tecnológico e social, bem
como questões culturais são variáveis que interferem diretamente neste fenômeno
(MASTELLA, 2018). A redução da mortalidade infantil, a melhoria no acesso à educação e às
oportunidades de emprego, o avanço na igualdade de gêneros, a evolução da saúde reprodutiva
e a promoção do planejamento familiar como fatores que contribuíram para a redução da taxa
de fecundidade e avanços na saúde pública e nas tecnologias associadas à medicina, somando-
se à melhoria das condições de moradia, fazem com que as pessoas vivam por mais tempo e
mais saudáveis que antes, particularmente em idades avançadas (BRASIL, 2017).
Alves (2019), afirma que o envelhecimento populacional é uma das características mais
marcantes da atualidade, e que o aumento do número absoluto e do percentual de idosos no
conjunto da população ocorre desde 1950, mas, apresentou importante incremento,
principalmente, ao longo do século XXI.
No entanto, viver mais não significa necessariamente viver com saúde. Ao analisar a
expectativa de vida saudável, em geral, são levados em consideração dois componentes: os anos
vividos com saúde e vividos sem saúde, sendo que esta pode ser analisada em diferentes
dimensões. A expectativa de vida saudável apresenta diferença substancial entre os países. Por
exemplo, uma expectativa de vida de 86 anos composta de 82 anos saudáveis e 4 anos não
saudáveis significaria que, em média, uma pessoa poderia esperar viver 4 anos sem saúde
durante todos os 86 anos, mesmo que os anos sem saúde não sejam necessariamente os últimos
quatro anos de vida (CAMARGOS; GONZAGA, 2015). Estudo realizado por Solomon et al.
(2012), demonstrou que no Brasil por exemplo, no ano de 2010, a media da expectativa de vida
16

da população masculina era de 70-5 enquanto a media da expectativa de vida saudável era de
60,2. Já na população feminina, a média de expectativa de vida era de 77,7 e de vida saudável
era de 64,9. Entretanto, o estudo também relata, que à medida que a expectativa de vida
aumentou, o número de anos saudáveis perdidos por invalidez também aumentou na maioria
dos países, corroborando com a hipótese de morbidade, que tem implicações diretas na
assistência à saúde. Em comparação com o progresso substancial na redução da mortalidade
nas últimas duas décadas, relativamente houve pouco progresso na redução das doenças e lesões
não fatais na saúde da população.
Assim, com o aumento da expectativa de vida, não acompanhado pelo aumento de
expectativa de vida saudável, um dos principais setores impactados pelo envelhecimento é a
área da saúde. O indivíduo idoso consome mais serviços de saúde, realiza internações
hospitalares mais frequentes e o tempo de ocupação do leito é maior comparado com outras
faixas etárias (VERAS; OLIVEIRA, 2018). Esse fato é decorrência do padrão das doenças dos
idosos, que são crônicas e múltiplas, e exigem cuidados e medicação contínua e exames
periódicos, causando modificações também no perfil epidemiológico do país, com aumento da
mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) em detrimento das doenças
infecto-parasitárias (DIP) (BRASIL, 2017; VERAS; OLIVEIRA, 2018).
Na Figura 1, está colocada a projeção de evolução dos grupos etários no Brasil, de 2010
a 2060.

Figura 1 – Evolução de grupos etários no Brasil

Fonte: IBGE (2019). Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html


17

A ampliação do grupo dos idosos na população do Brasil ocorre de modo intenso e


constante em uma trajetória irreversível. As próximas gerações serão compostas por um número
menor de pessoas, com fecundidade extremamente baixa, onde o grupo dos jovens perderá mais
espaço e o grupo dos idosos aumentará sua participação no total da população, o que fará
emergir uma nova realidade demográfica, jamais vivenciada no país, com milhões de idosos,
que demandarão novos serviços (OLIVEIRA, 2019).
No contexto das DCNTs, está o surgimento de lesões de pele, associadas ou não, a esta
condição. O idoso apresenta maior fragilidade do tecido cutâneo, e portanto, maior
suscetibilidade ao surgimento de lesões. Estas configuram-se em um problema de saúde
pública, pois diminuem a qualidade de vida, aumentando a morbimortalidade, o número de
hospitalizações aumentam os custos mensuráceis com os órgãos de saúde, além das perdas
imensuráveis ao indivíduo portador de lesões. incrementam os gastos com a saúde. Daí a
necessidade de buscar alternativas para otimizar a cicatrização de feridas da pele

3.2 PELE: VISÃO HISTOLÓGICA E PRINCIPAIS CÉLULAS

A pele é o maior e mais externo órgão do corpo humano. Representa de 10 a 15% do


peso corporal e é o sistema primário de defesa exercendo múltiplas funções como proteção
contra traumas físicos, térmicos, radiação ultravioleta, agentes oxidantes, invasões microbianas,
perda de água e proteção imune. Tem, ainda, ação como órgão sensorial e regulador da
temperatura corporal (DUIM et al., 2015).
A pele e seus diversos anexos, incluindo os pelos, as unhas, as glândulas e várias outras
estruturas, cobrem, acolchoam e protegem os tecidos e os órgãos do corpo (GUYTON; HALL,
2011). Divide-se histologicamente em epiderme e derme (Figura 2). Alguns autores ainda
consideram o tecido subcutâneo, ou hipoderme, como a camada mais interna. No entanto, a tela
subcutânea é considerada um compartimento a parte em relação à pele. Anatomicamente,
abaixo desta tela encontra-se a fáscia profunda, e logo após os músculos, tendões e ossos
(PELLENZ, 2019).
18

Figura 2 – Representação da pele e suas camadas e estruturas

Fonte:Adaptado de Gantwerker e Hom (2011)

Com o envelhecimento, as estruturas cutâneas sofrem modificações que, associadas às


alterações fisiológicas, doenças crônicas, aspectos nutricionais e utilização de medicamentos,
tornam esse órgão mais suscetível à ocorrência de feridas ou lesões (DUIM et al., 2015).
A epiderme é a camada mais externa, avascular, formada de epitélio estratificado
pavimentoso, composta de 4 camadas que se apresentam em constante renovação (Figura 2),
com crescimento da camada mais profunda, logo acima da junção dermo-epidérmica, em
direção à camada mais superficial, em contato com o meio externo, sendo elas: camada basal,
espinhosa, granulomatosa, e estrato córneo. Seu principal componente celular são os
queratinócitos, que compõem 95% da epiderme e o estrato basal é a fonte de sua replicação.
São essas células que são as principais responsáveis pela resposta epidérmica na cicatrização
de feridas, em um processo conhecido como epitelização (BARONI et al., 2012;
GANTWERKER; HOM, 2011; PASTAR et al., 2014).
As células da camada basal são responsáveis pela continua renovação da epiderme, mas
apenas 15% estão constantemente envolvidos nesse processo, porque as células restantes estão
em estado de repouso e são recrutadas em caso de necessidade, como ocorre em feridas ou
intervenção médica para rejuvenescimento da pele, onde é preciso proliferação celular
(BARONI et al., 2012).
Na junção dermo epidérmica, encontra-se a associação da camada germinativa epitelial,
que é rica em células-tronco epiteliais com a derme. Na medida que os queratinócitos são
19

produzidos e sofrem diferenciação celular, estas células acabam formando as camadas


epidérmicas mais superficiais (PELLENZ, 2019).
A camada espinhosa, é a mais próxima da camada germinativa sendo constituída por
células que já sofreram modificações morfológicas e estão conectadas entre si e com as células
da camada basal através de desmossomos. Estas junções celulares conferem resistência a
trações e pressões (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2013).
A camada granulosa localiza-se acima da camada espinhosa e é composta por três a
quatro camadas de queratinócitos achatados com citoplasma repleto de grânulos de
queratohialina e que se preparam para perder seu núcleo (AZULAY; AZULAY; AZULAY-
ABULAFIA, 2013).
A morte celular ocorre uma vez que, na medida que os queratinócitos se afastam da
derme, o aporte nutricional de oxigênio diminui. A camada lúcida, é a camada que já é formada
por células anucleadas e achatadas que formam uma faixa transparente entre a camada
granulosa e a camada córnea. A camada córnea ou estrato córneo, representa a última camada
da pele sendo composta somente por células mortas, que já estão totalmente queratinizadas
empilhadas e compactadas, as quais são continuamente removidas e repostas, e representam
importante barreira física (BARONI et al., 2012).

Figura 3 – Camadas da epiderme

Fonte: Adaptado de Baroni et al. (2012)

Na epiderme saudável, há um equilíbrio entre os processos de proliferação e descamação


que resultam em renovação completa aproximadamente a cada 28 dias (BARONI et al., 2012).
20

Durante o envelhecimento ocorrem várias modificações cutâneas. Variações no


tamanho, formato e coloração das células da epiderme, diminuição na densidade dos
melanócitos (10 a 20% a cada década) que resultam em menor proteção contra os raios
ultravioletas e na densidade e resposta das células de Langerhans (DUIM et al., 2015),
caracterizando uma pele mais frágil, hipopigmentada e com maior propensão à processos
infecciosos. A pele do idoso necessita de atenção especial nos cuidados de prevenção, uma vez
que a idade avançada incide em fatores complicadores, que interferem tanto na integridade
cutânea, quanto na cicatrização.
A derme, é uma camada altamente vascularizada e inervada, constituída por tecido
conjuntivo, produzido pelos fibroblastos, macrófagos, leucócitos e terminações nervosas. Esta
camada está intimamente relacionada à manutenção da homeostase do organismo vivo, uma
vez que está diretamente relacionada à regulação da temperatura, sensibilidade à dor e pressão,
hidratação e síntese de vitamina D. Além disto, é considerada a barreira protetora contra
produtos químicos e patógenos externos (BARONI et al., 2012; HO et al., 2017). O cuidado
com a pele passa pelo conhecimento de toda sua importância, pois o surgimento de lesões de
pele impacta na qualidade de vida do indivíduo como um todo.
A derme possui também, matriz extracelular abundante, ao contrário da epiderme, que
é formada por substância amorfa, que produzem as papilas dérmicas as quais se unem a
epiderme, causando resistência da pele e contenção do corpo (PELLENZ, 2019).
A matriz extracelular, também conhecida como substância fundamental, tem como
principal função a restauração da continuidade do tecido lesado, funcionando como um
arcabouço para a migração celular. É constituída de fibrina e colágeno, água e eletrólitos,
proteoglicanos (ácido hialurônico e condroítina), glicoproteínas (fibronectina e laminina)
(TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
No idoso, a derme apresenta diminuição de densidade por atrofia celular (diminuição de
20% de espessura), diminuição do colágeno (1% ao ano) e alteração na estrutura de suas fbras
que se tornam progressivamente desorganizadas, compactas e granulares, conforme mostra a
figura 4 abaixo. Estas alterações modificam a capacidade de cicatrização da pele (DUIM et al.,
2015).
21

Figura 4 – Comparação entre pele jovem e envelhecida

Fonte: Esquema elaborado pela autora desta dissertação. Imagens obtidas via google imagens

Falando especificamente nas células que formam a pele, destacam-se os fibroblastos,


que são o principal componente celular da derme, sendo estes um elemento fundamental da
pele, pois além de produzir e manter a matriz extracelular, se comunicam entre si e com outros
tipos celulares realizando a regulação da fisiologia cutânea (SORREL; BABER; CAPLAN,
2008). Também desempenham papel fundamental na expressão de componentes da membrana
basal, sugerindo que tais células produzem elastina e colágeno do tipo IV e VII, ou influenciam
os queratinócitos na formação da membrana basal (GOLUBTSOVA; FILIPPOV; GUNIN,
2016; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
A divisão celular dos fibroblastos em adultos, geralmente ocorre unicamente quando
necessário, como na presença de uma lesão, por exemplo, onde há uma célula fundamental na
cicatrização ou regeneração. Durante este processo, estas celulas irão formar uma camada
celular que não possui a mesma função e estrutura do tecido original, produzindo uma cicatriz.
(PELLENZ, 2019).
Os fibroblastos também tem a capacidade de migrar para os tecidos lesados e produzir
imunomoduladores capazes de modular ou intensificar a resposta inflamatória. Estas
características fazem dos fibroblastos células de escolha para estudos biológicos da pele em
cultura de células (ALBERTS et al., 2017).
A hipoderme ou tecido subcutâneo, situa-se abaixo da derme e acima da musculatura
adjacente, contribuindo para a proteção contra pressões mecânicas, e também na função de
isolamento térmico que evita grandes perdas de calor do interior do corpo para o ambiente, bem
como do exterior para o interior. A integridade da pele também é influenciada pela hipoderme,
22

uma vez que alterações nesta camada ou até mesmo na musculatura podem resultar no
aparecimento de sulcos (KHAVKIN; ELLIS, 2011).

3.3 LESÕES DE PELE

Uma lesão de pele ou ferida é definida como um dano ou interrupção na continuidade


da pele, interferindo em sua estrutura anatômica e funcional (HO et al., 2017; JANDA et al.,
2016; VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009). A cicatrização destas lesões é um processo
dinâmico e complexo, coordenada por uma cascata de eventos celulares, moleculares e
bioquímicos que interagem e determinam a reconstituição do tecido.
O processo cicatricial é também, uma interação complexa de citocinas, envolvendo
muitos tipos de células. A pele tem importantes características imunológicas e protetoras e tem
uma incrível capacidade de cura, invariavelmente com cicatrizes. A cicatrização é baseada em
muitos fatores dependentes das características do paciente e saúde geral, denominado fator
intrínseco, bem como o ambiente onde o indivíduo está inserido, denominado fator extrínseco.
É importante identificar problemas na cicatrização precocemente, visando minimizar cicatrizes
e otimizar o processo (GANTWERKER; HOM, 2011).
As lesões de pele, podem alterar o estilo de vida dos indivíduos, devido à dor,
dificuldade de mobilidade, baixa autoestima e diminuição da capacidade para o trabalho,
principalmente quando a lesão está localizada em membros inferiores (EVANGELISTA et al.,
2012).
Além disso, há o fato de que há um imenso impacto social e econômico com o
surgimento e tratamento de feridas em todo o mundo, o que se acredita ser uma consequência
de sua alta taxa de ocorrência na população em geral, acompanhando também, o
envelhecimento população (VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009).
A ciência busca continuamente por produtos que auxiliem o processo de cicatrização,
mantendo o meio ideal para a evolução e resolução da lesão. No entanto, apesar dos avanços da
área, existe a necessidade de desenvolver estratégias complementares que melhorem a
qualidade da regeneração tecidual e minimizem assim, as complicações relacionadas aos
processos cicatriciais (HO et al., 2017).
As lesões de pele são classificadas em agudas e crônicas. Estas são nomeadas agudas
quando estão associadas ao processo de cicatrização fisiológico, ordenado e linear,
cronologicamente estabelecido, representando uma restauração da integridade funcional e
anatômica. A principal causa destas injúrias são os traumatismos, seguido de feridas térmicas,
23

infecciosas, químicas, vasculares, alérgicas e radioativas. Já a lesão crônica é qualquer alteração


no processo fisiológico normal da cicatrização, que é complicado pela presença de uma ou mais
doenças crônicas, e tem duração superior a três meses (RAMALHO et al., 2018).
Nesse contexto, dentre as feridas crônicas, destacam-se as Lesões por Pressão (LP),
Úlcera Diabética e Úlcera Vasculogênica Crônica, que merecem especial atenção, uma vez que
são mais frequentes e tendem a estar associadas a doenças comuns na população idosa,
constituindo problemática que tem se mostrado habitual na saúde pública do Brasil (VIEIRA;
ARAUJO, 2018).
As LP, por exemplo, são feridas causadas por excesso de pressão, fricção ou
cisalhamento na pele, o que ocasiona isquemia e morte tecidual culminando com perda de
integridade cutânea, com 6 estadiamentos, que dependem do comprometimento tecidual
(Figura 5). Estas lesões são afecções que acometem indivíduos com imobilidade e sua
prevalência é bem maior na população que envelhece. No caso do idoso frágil, a situação tende
a piorar, pois estes indivíduos sofrem com maior complexidade nestas lesões (BLANCK;
GIANNINI, 2014). De acordo com Souza et al. (2017), os idosos são as pessoas mais
susceptíveis a desenvolver LP, devido às próprias condições causadas pelo envelhecimento
como a diminuição da espessura da pele, das fibras elásticas e rigidez do colágeno, além da
redução do tecido adiposo subcutâneo nos membros, diminuição de capilares da derme, que
pode ocasionar a redução do suplemento sanguíneo e a desidratação da pele.

Figura 5 – Estadiamentos de lesão por pressão, de acordo com o comprometimento tecidual


24

Fonte: Adaptado de Souza, Araújo e Silva (2012)

A cicatrização fisiológica perpassa por quatro fases tempo-dependentes (Figura 6): (1)
coagulação e hemostasia, iniciando imediatamente após a lesão; (2) inflamação, que começa
logo depois; (3) proliferação, que começa poucos dias após a lesão e abrange o processos de
formação do tecido de granulação e fibroblastos e (4) remodelação de feridas, na qual a ocorre
a formação de tecido cicatricial e que pode durar até um ano ou mais (PELLENZ, 2019;
VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009).

Figura 6 – Fases da cicatrização e principais células envolvidas

Fonte: adaptado de Venter (2014)

Imediatamente após a injúria, inicia a hemostasia na lesão, que tem como principal
objetivo impedir hemorragias. É uma maneira de proteger o sistema vascular, mantendo-o
25

intacto, para que a função dos órgãos vitais permanece ileso apesar da lesão. O segundo objetivo
é de longo prazo, que é fornecer uma matriz para suporte de células que são necessários nas
fases posteriores do processo. As plaquetas são integrante desta fase, e não servem apenas para
auxiliar na hemostasia, mas também liberam múltiplas citocinas, hormônios e quimiocinas para
desencadear a próxima fase do processo (GANTWERKER; HOM, 2011).
Um equilíbrio dinâmico entre células endoteliais, plaquetas, coagulação e fibrinólise
regula a hemostasia e determina a quantidade de fibrina depositada na lesão, influenciando
assim, o progresso dos processos reparativos (VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009).
A inflamação se caracteriza por (1) vasodilatação dos vasos sanguíneos locais, com o
consequente aumento do fluxo local; (2) aumento da permeabilidade dos capilares, permitindo
a saída de grande quantidade de líquido para os espaços intersticiais; (3) coagulação do líquido
nos espaços intersticiais, devido à quantidade aumentada de fibrinogênio e outras proteínas que
saíram dos capilares; (4) migração de grande quantidade de granulócitos e monócitos para os
tecidos e (5) dilatação das células teciduais (GUYTON; HALL, 2011).
Com a lesão tecidual, há liberação local de histamina, serotonina e bradicinina que
causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo e, conseqüentemente, sinais inflamatórios
como calor e rubor. A permeabilidade capilar aumenta causando extravasamento de líquidos
para o espaço extracelular, e conseqüente edema (RIBEIRO FILHO, 2019; TAZIMA;
VICENTE; MORYIA, 2008).
A fase inflamatória é anunciada pela migração de neutrófilos, macrófagos e linfócitos
para o local da lesão, sendo os neutrófilos a primeira linhagem de leucócitos no local, chegando
em grande número dentro do primeiras 24 horas (GANTWERKER; HOM, 2011). Estas células
limpam os detritos e as bactérias para fornecer um ambiente adequado para cicatrização de
feridas. Os neutrófilos são logo seguidos por macrófagos, que são atraídos pelos subprodutos
da apoptose de neutrófilos (VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009; WANG et al., 2018).
Os neutrófilos têm dois mecanismos básicos para destruir debris e bactérias:
primeiramente, por ingestão direta e destruição, por meio da fagocitose, e, depois, por
degranulação e liberação de substâncias tóxicas, como elastase e proteases, atuando sobre
bactérias e tecido desvitalizado (VENTER, 2014). Sua permanência no leito da lesão por mais
tempo que o esperado é deletério devido á liberação destas substâncias.
Os macrófagos infiltram-se aproximadamente 48 horas após a injúria e devem
permanecer até a conclusão da inflamação. Estas células parecem ser a chave do processo de
cicatrização, e orquestrar as mais importantes fases de cura da lesão (GANTWERKER; HOM,
2011). A supressão dos macrógagos causa efeitos nas fases inflamatória e na proliferativa.
26

Quando estas encontram-se ausentes na fase inflamatória, há retardo na cicatrização e


redução na formação de tecido de granulação e na reepitelização (VENTER, 2014). Já na fase
proliferativa, sua ausência está associada a sangramentos, colapso na rede de neovascularização
em formação e retardo na cicatrização e maturação. A inflamação é importante passo no
processo de cicatrização. Sua inibição pelo uso de anti inflamatórios pode comprometer o
processo, uma vez que seu atraso pode facilitar infecção no local e cronificar a lesão,
diminuindo a taxa de cicatrização. Estando finalizado o processo de limpeza da lesão, a mesma
pode prosseguir para a fase de proliferação.
A fase proliferativa é caracterizada por um acúmulo de muitas células e tecido
conjuntivo abundante, incluindo fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais. A matriz
extracelular (MEC), incluindo proteoglicanos, ácido hialurônico, colágeno e elastina, forma um
tecido de granulação para substituir a formação original do coágulo (VELNAR; BAILEY;
SMORKOLJ, 2009; WANG et al., 2018).
O objetivo do estágio proliferativo é diminuir a área do tecido lesado por contração e
fibroplasia, estabelecendo uma barreira epitelial viável para ativar os queratinócitos. Estes
processos já iniciam no microambiente da lesão dentro das primeiras 48 horas e podem
desdobrar-se para o 14 ° dia após o início da lesão (GONZALES et al., 2016; ISAAC et al.,
2010; VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009).
Nesta fase, há intensa migração de fibroblastos e deposição de matriz extracelular
sintetizada, atuando como substituição da rede de fibrina e fibronectina. No nível macroscópico,
essa fase da ferida pode ser vista como um abundante formação de tecido de granulação
(VELNAR; BAILEY; SMRKOLJ, 2009).
O tecido de granulação começa a se formar aproximadamente quatro dias após a lesão
e seu nome deriva da aparência granular do tecido que é formado a partir dos seguintes
mecanismos: aumento da proliferação fibroblástica; biossíntese colágena e elástica, que cria
uma rede extracelular tridimensional de tecido conjuntivo; e a produção de fatores
quimiotáticos e interferon beta (IFN-β) por fibroblastos (GONZALES et al., 2016).
Esta fase envolve, além da produção de matriz extracelular para preencher os defeitos
deixados por trás do desbridamento da ferida, também o brotamento capilar. A epitelização é
marcada pela proliferação e migração de queratinócitos perto da borda anterior da ferida
(GANTWERKER; HOM, 2011).
A reepitelização ou remodelação, é a última fase da cicatrização e tem por objetivo
reestruturar as funções da epiderme que foram perdidas com aocorrência da lesão: proteção
27

mecânica, regulação da temperatura local, defesa contra microorganismos e barreira hídrica


(ISAAC et al., 2010).
A fase de remodelação começa quando a matriz extracelular e o colágeno tipo III são
substituídos pelo tipo I e os demais tipos celulares das fases anteriores sofrem apoptose. Com
o estabelecimento de colágeno tipo I, a força de tração da ferida aumenta muito. O tecido de
granulação começa a involuir e o excesso de vasos sanguíneos retrai. Esta fase dura mais tempo
e resulta na aparência final da ferida. Uma fase de remodelação bem sucedida envolve um
equilíbrio delicado que requer mais síntese do que lise (GANTWERKER; HOM, 2011).
A resistência fisiológica em uma cicatriz começa a formar-se ao final da primeira
semana após o surgimento da ferida, onde ocorre restauração de 3% da resistência da pele
íntegra. Na terceira semana, 30%, e de três meses, 80%. Estes dados refletem uma diminuição
da deposição de colágeno, do número de ligações cruzadas feitas entre monômeros desta
substância e da mudança do tipo III para o I. Em cerca de um ano ou mais, a relação entre o
colágeno I e III atinge proporção semelhante a anterior à ferida, entretanto a ferida nunca
atingirá 100% de sua resistência fisiológica (ISAAC et al., 2010; VENTER, 2014).
Apesar da cicatrização ser um processo sistêmico com etapas definidas, muitos fatores
intervenientes podem atuar dificultando este processo, dentre eles, a idade, localização da
ferida, tamanho da ferida, estado nutricional, status do sistema imunológico e comorbidades
subjacentes, como diabetes e obesidade. A cicatrização atrasada da ferida pode resultar em uma
série de complicações, como aumento do tempo de internação, amputações e até morte
(MOHAMMED et al., 2016.

3.3.1 A cicatrização no idoso

Como já citado anteriormente, a idade é um dos fatores que interferem diretamente na


cicatrização da pele. Destaca-se ainda, que as alterações advindas do processo de
envelhecimento ocasionam uma diminuição na capacidade fisiológica e na resposta do
organismo a determinados eventos estressantes. Assim, ocorrem alterações celulares, teciduais,
anatômicas e funcionais nos diferentes sistemas destes indivíduos e um dos sistemas
visivelmente mais acometido é o sistema tegumentar (NASCIMENTO et al., 2016).
O Quadro 1 demonstra as alterações referentes aos diferentes elementos da pele, e que
influenciam nas características da pele do idoso:
28

Quadro 1 – Alterações na pele do idoso

ELEMENTOS DA ALTERAÇÕES VERIFICADAS NO IDOSO E


PELE CONSEQUÊNCIAS ASSOCIADAS
Diminuição de hidratação, também relacionada ao fatora de hidratação
Estrato córneo
natural, causando fissuras e perda de solução de continuidade da pele.
Redução de espessura, fibras colágenas afinam e fibras elásticas ficam
Derme amorfas, o colágeno altera tanto qualitativa quanto quantitativamente,
predispondo a pele a rugas e sulcos.
Glândulas sebáceas e Sofrem atrofia, causando menor hidratação da pele, predispondo a
sudoríparas fissuras e ressecamento.
Há diminuição de aproximadamente 15% de diminuição dos melanócitos
por década de vida, diminuindo a proteção contra raios ultravioletas,
Melanócitos
deixando a pele mais vulnerável à tumores de pele e à radiação solar.
Presença de manchas senis.
Função imunológica: Diminuição nas células apresentadoras de antígenos, causando maior
células de Langerhans propensão à infecções e neoplasias.
Menor adesividade entre derme e epiderme, causando áreas bolhosas,
Junção dermoepidérmica
mais propensas à lacerações de pele.

Fonte: Duim et al. (2015); Fortes e Sufredini (2014)

Estas alterações, somando-se ainda às DCNTs e fotoenvelhecimento, imobilidade,


incontinências, sub ou desnutrição, acabam deixando o indivíduo idoso muito suscetível á
lesões de pele e também, interferem diretamente no processo de reparo tecidual.
A cicatrização, como já citado, é resultado de uma cascata de eventos fisiológicos, que
ordenados, resultam num reparo tecidual funcional, num tempo adequado. Em circunstâncias
normais, o tempo de renovação epidérmica é de aproximadamente quatro semanas, onde as
células da camada basal sofrem alterações até chegarem ao estrato córneo (FORTES;
SUFREDINI, 2014). No idoso, as fibras de colágeno tornam-se progressivamente
desorganizadas, compactas e granulares e em decorrência disto, há uma perda da elasticidade
da pele e a necessidade de um maior tempo para retornar à espessura prévia após algum trauma,
modificando a cicatrização da pele (DUIM et al., 2015).
Ensaios clinicos já demonstraram que a cicatrização de lesões de pele em idosos
saudáveis ocorre de forma mais lenta, e é importante garantir que este atraso não prejudique a
qualidade do processo cicatricial. Os fatores que estão associados a este maior atraso incluem:
infiltração retardada de Leucócitos T na ferida e menor capacidade fagocítica dos macrófagos.
Ainda, a angiogênese pode ser retardada, e há diminuição da presença de fatores de crescimento
que são pró-cicatriciais. Assim, o uso de substâncias que possam modular a inflamação, é
relevante também em idosos saudaveis, que somente pela idade, tem em si atraso no processo.
29

3.3.2 Lesões de pele e mecanismos oxidativo e inflamatórios

A geração dos popularmente conhecidos radicais livres cientificamente designados


como espécies reativas de oxigêncio (EROs) constitui um processo contínuo e fisiológico,
cumprindo funções biológicas relevantes. Durante os processos metabólicos, esses radicais
atuam como mediadores para a transferência de elétrons nas várias reações bioquímicas. Sua
produção, em proporções adequadas, possibilita a geração de ATP (Adenosina Trifosfato), por
meio da cadeia transportadora de elétrons. Porém, a produção excessiva destes pode conduzir
a danos oxidativos (BARBOSA et al., 2010).
A mitocôndria, por meio da cadeia transportadora de elétrons, é a principal fonte
geradora de radicais livres. Outra importante fonte geradora são as enzimas NADPH oxidases
(do inglês, Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate Oxidases). Essas se referem a
proteínas transmembrana que têm, a função de transferir os elétrons através das membranas
celulares. Geralmente, o aceptor de elétrons é o oxigênio e, dessa forma, em decorrência desse
processo, gera-se o radical O2- (BARBOSA et al., 2010).
Na ocorrência de lesão tecidual, durante o processo de cicatrização de feridas, uma das
primeiras respostas após a lesão é a liberação de cálcio pelas células afetadas durante a fase de
inflamação, que liberado promove a ativação do complexo enzimático NADPH oxidase que é
requisitado pelas células inflamatórias para produzir grandes quantidades de EROS (PITZ,
2018).
O mecanismo de ação das EROS consiste em reagir com outros compostos, a fim de
capturar o número máximo de elétrons possíveis com o intuito de se estabilizarem. A molécula
que sofre a perda do elétron também se torna um outro radical livre, gerando uma reação em
cadeia, ocorrendo então, a peroxidação lipídica, onde as membranas celulares sofrem
desestabilização e desintegração, e a oxidação de outros componentes como as proteínas e o
DNA (ácido desoxiribunocleico), que resulta na ruptura das células (PESSOA, 2014).
A instalação do processo de estresse oxidativo decorre da existência de um desequilíbrio
entre compostos oxidantes e antioxidantes, em favor da geração excessiva de radicais livres ou
em detrimento da velocidade de remoção desses. Este processo conduz à oxidação de
biomoléculas com consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio
homeostático, cuja manifestação é o dano oxidativo potencial contra células e tecidos,
ocasionando cronicidade no tratamento de lesões de pele e estas tem relevantes implicações
sobre o processo etiológico de numerosas enfermidades crônicas não transmissíveis, entre elas
30

a aterosclerose, diabetes, obesidade, transtornos neurodegenerativos e câncer (BARBOSA


et al., 2010) e também em feridas.
Pessoa (2014) coloca que feridas que tem cicatrização deficiente tem como fatores
contribuintes o aumento na geração de EROs e de ERNs (espécies reativas de nitrogênio). Ainda
Pitz (2018) afirma que, no processo cicatricial normal, baixos níveis de EROs e ERNs são
requeridos à manutenção do reparo tecidual.
A superprodução de EROs é um evento bioquímico observado nas diferentes fases da
recuperação tecidual. As interações de EROS com proteínas de colágeno desaceleram a
formação da rede de colágeno e consequentemente, retardam a remodelação tecidual (JANDA
et al., 2016; SOUZA et al., 2019).
Corrobora Janda et al. (2016), ao colocar que, como o processo de cicatrização está
sujeito ao controle redox, uma regulamentação rigorosa da produção de ERO é crucial para o
processo de reparo normal. Enquanto baixos níveis de EROS são necessários como mediadores
essenciais dos mecanismos intracelulares, a produção excessiva destes causa estresse oxidativo
que pode persistir por um longo período de tempo e, assim, perpetuando um estado de não cura
ou cronicidade.
O sistema de defesa antioxidante tem a função de inibir e/ou reduzir os danos causados
pela ação deletéria dos radicais livres ou das espécies reativas não-radicais. Estas ações podem
ser alcançadas por meio de diferentes mecanismos de ação: através de sistemas de prevenção,
impedindo a formação dos radicais livres ou espécies não-radicais; do impedimento da ação
desses (sistemas varredores) ou, ainda, favorecendo o reparo e a reconstituição das estruturas
biológicas lesadas, conhecidos como sistemas de reparo (BARBOSA et al., 2010).
Fibroblastos e células endoteliais também podem gerar EROs através desse mesmo
mecanismo. Além disso, fibroblastos estimulados por citocinas inflamatórias (IL-1 e TNF-α)
ou fator de ativação plaquetária (PAF) e células edoteliais ativadas por trombina, PDGF (fatores
de crescimento derivados de plaquetas) e TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) também geram
EROS via NADPH oxidase, por isto, a importância de conhecer os mecanismos dos
antioxidantes na otimização da cicatrização (PITZ, 2018).
31

Figura 7 – Papel dos EROS na cicatrização da pele

Fonte: Adaptado de Dunnil et al. (2015)

Dunnil et al. (2015) cita que, com o envelhecimento da população, combinado com um
aumento de doenças cardiovasculares e neurológicas e diabetes, representa um aumento de
pacientes apresentando feridas crônicas e complicadas, portanto, a manipulação dos processos
de cura nesses indivíduos é necessária para reduzir morbidade, mortalidade, recursos
hospitalares. Ainda coloca que, o oxigênio (O2) é substrato essencial necessário para a produção
de ATP pela mitocôndria, que, no contexto da cicatrização de feridas, fornece a quantidade de
energia necessária para a renovação do tecido. As EROS, são também fundamentais para esse
processo, pois eles também agem como moléculas de sinalizadoras em todas as fases da
cicatrização (Figura 7): (1) EROS são importantes na proteção inicial de feridas, auxiliando na
hemostasia; (2) atuam na atração de neutrófilos locais ligados a vasos sanguíneos ao local da
ferida para proteção bacteriana; (3) a fagocitose libera EROs para atrapalhar o crescimento
bacteriano e fornecer outros sinais de suporte à resposta da ferida; (4) outros leucócitos,
incluindo monócitos, migram para o local da ferida para ajudar a atacar patógenos invasores;
(5) a liberação geral de ERO estimulam a divisão celular e migração para reforma dos vasos
sanguíneos, divisão e migração de fibroblastos para nova formação de ECM (incluindo síntese
de colágeno) e promover a proliferação e migração de queratinócitos.
32

O equilíbrio da produção destas espécies é de fundamental importância para que os


processos metabólicos ocorram de forma satisfatória. No caso da cicatrização da pele, para que
o processo ocorra de forma sequencial e ordenada, culminando com o reparo adequado do
tecido.

3.4 USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA CICATRIZAÇÃO DA PELE

3.4.1 Plantas medicinais

O poder curativo das plantas é tão antigo quanto o aparecimento da espécie humana na
terra e alguns estudos revelam que as plantas medicinais eram utilizadas para esta finalidade
desde muito antes do surgimento da escrita (BADKE et al., 2011; CARNEIRO et al., 2014). Há
registros de utilização de plantas como remédio que datam da era paleolítica, pela identificação
do pólen de plantas medicinais em sítios arqueológicos (SAAD et al., 2018) e o uso destas está
presente na sabedoria do senso comum, articulando cultura e saúde, uma vez que estes aspectos
não ocorrem isoladamente, mas inseridos em um contexto histórico determinado (PIRIZ, 2014).
Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento
de diversas doenças, quer de forma tradicional, devido ao conhecimento das propriedades de
determinada planta, que é passado de geração a geração, quer pela utilização de espécies
vegetais, como fonte de moléculas ativas (MACEDO et al., 2017).
Atualmente, tem havido um aumento no interesse científico em relação aos produtos
naturais devido à sua potencial aplicação, composição química e efeitos biológicos positivos
para a saúde humana, pois verifica-se grande avanço envolvendo os estudos químicos e
farmacológicos de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades
terapêuticas (MACEDO et al., 2017). Grande parte dos fármacos tem como base o uso das
plantas medicinais, e até o início do século, o principal recurso terapêutico usado por vários
sistemas médicos tradicionais foi o uso destas plantas (SAAD et al., 2018).
A OMS tem expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização
de plantas medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial
utiliza plantas ou preparações delas no que se refere à atenção primária de saúde (MARMITT
et al., 2015).
No Brasil, há cerca de cinquenta e cinco mil espécies catalogadas e o país conta com o
uso tradicional de plantas medicinais, através de um conhecimento intergeracional
(CARNEIRO et al., 2014).
33

De acordo com Brasil (2015a), cerca de 82% da população brasileira utiliza produtos à
base de plantas medicinais nos seus cuidados com a saúde, seja pelo conhecimento na medicina
tradicional indígena, quilombola, entre outros povos e comunidades ou seja pelo uso popular
na medicina popular, de transmissão oral entre gerações, ou nos sistemas oficiais de saúde,
como prática de cunho científico, orientada pelos princípios e diretrizes do SUS. Configura-se
em uma prática que incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação
social. Salienta Montes et al. (2009), que o conhecimento sobre plantas medicinais simboliza
muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Também
nesse contexto, Araújo et al. (2015) acrescenta que as plantas apresentam uma grande vantagem
por serem de baixo custo e de fácil obtenção, podendo ser encontradas até nos quintais das
casas.
Quanto ao uso de plantas medicinais em lesões de pele, Montes et al. (2009) coloca que
há muitas espécies citadas para o uso em cicatrização, como por exemplo: Lavandula officinalis
L. (lavandas), Chamaemelum nobile L. e Matricaria recutita L. (camomila), Schinus
terebinthifolia Raddi (aroeira), Anona muricato L. (graviola), Arnica montana L. (arnica),
Sedum burrito L.(dedinhode-moça), Plantago sp. (transagem), Passiflora edulis f. flavicarpa
(maracujá), Jatropha gossypiifolia L. (pinhão roxo) e a Orbignya phalerata Mart. (babaçu),
Calendula officinalis L. (calendula), Aloe arborescens Mill (Babosa), Jatropha multifida L.
(Mertiolate/flor-de-sangue), Leonurus sibiricus L. (Rubim/ erva-macaé), Monstera deliciosa
Liebm. (Banana-de-macaco), Petiveria alliacea L. (Guiné/pipi), Porophyllum ruderale (Jacq.)
Cass. (Arnica), Rosa sp. (Rosa-branca), Sedum dendroideum Moc. & Sessé (Bálsamo/bálsamo-
alemão), Symphytum officinale L. (Confrei). As referidas plantas são citadas por apresentarem
características que auxiliam no processo de cicatrização, desde a etapa inflamatória até a
reepitelização.
Wang et al. (2013) menciona que investigações recentes mostraram que compostos
derivados de plantas podem auxiliar na cicatrização de feridas, através dos polifenóis
(proantocianidinas e taninos hidrolisáveis) que atuam inespecificamente contra a infecção da
ferida e estimulam a proliferação de queratinócitos, como também dos oligo e polissacarídeos,
que além da proliferação de queratinócitos, estimulam a formação de colágeno e matriz
extracelular, podendo desencadear a diferenciação ou estimular a formação de tecido dérmico
por indução da formação e diferenciação de fibroblastos.
34

3.4.2 Plantas medicinais e o uso pelo SUS

Em consonância com as recomendações da OMS, foi aprovada no Brasil, a Política


Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), contemplando, entre
outras, diretrizes e responsabilidades institucionais para implantação/adequação de ações e
serviços de medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e
fitoterapia, além de instituir observatórios em saúde para o termalismo social/crenoterapia e
para a medicina antroposófica no SUS (BADKE et al., 2011; PIRIZ, 2014).
A PNPIC foi instituída pela Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 971, de 03 de maio
de 2006, e tem como objetivo ampliar as opções terapêuticas aos usuários do SUS, com garantia
de acesso a plantas medicinais, a fitoterápicos e a serviços relacionados à fitoterapia, com
segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde (BADKE et
al., 2011; LEMOS et al., 2018). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no
Brasil, regulamentou os fitoterápicos como medicamentos convencionais que precisam
apresentar levantamentos etno-farmacológicos de utilização, documentações tecno-científicas
em estudos farmacológicos e toxicológicos préclínicos e clínicos, garantindo os critérios de
qualidade supracitados (BRASIL, 2015b).
Por ser o Brasil, um país de proporções continentais, a maneira como ocorrem as ações
e programas no SUS são diferenciadas devido à variações regionais. Tanto com relação aos
produtos e serviços oferecidos e principalmente,quanto às espécies de plantas medicinais
disponibilizadas, devido aos diferentes biomas. Inclusive, alguns Estados e municípios já com
maior experiência na área, possuem políticas e legislação específica para o serviço de fitoterapia
no SUS e laboratórios de produção, disponibilizando plantas medicinais e/ou seus derivados na
atenção básica, além de publicações para profissionais de saúde e população sobre uso racional
desses produtos (BRASIL, 2015b). É importante que os profissionais envolvidos na prescrição
de plantas medicinais no tratamento de lesões pele estejam devidamente capacitados para tal.
Carneiro et al. (2014) ressalta também que, para garantir a segurança do uso de plantas
medicinais são necessárias não apenas medidas de controle, mas a realização de campanhas que
visem informar a população sobre os riscos e também na educação profissional.
A fitoterapia configura-se numa prática complementar em saúde amplamente conhecida
e utilizada nos serviços públicos no Brasil. Em alguns municípios, há um interesse cada vez
maior dos profissionais de saúde no sentido de serem capacitados na área, visando adquirir
novas ferramentas de trabalho, como a fitoterapia, ampliando o alcançe de sua prescrição e
35

participar no desenvolvimento de projetos e programas locais que permitam a invenção, a


inovação no cuidado em saúde, estreitando laços com os usuários (BRASIL, 2015b).
Em fevereiro de 2009, o Ministério da Saúde (MS) divulgou a Relação Nacional de
Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). Nessa lista constam as plantas medicinais
que apresentam potencial para gerar produtos de interesse ao SUS, e que são utilizadas pela
sabedoria popular e confirmadas cientificamente. A criação dessa lista é uma iniciativa
importante, pois direciona a pesquisa clínica e o ensino para este conjunto de plantas
(MARMITT et al., 2015). Dentre as plantas citadas no RENISUS, estão espécies que são
utilizadas para a cicatrização, também descritas em estudos in vivo e in vitro, relatando o efeito
das mesmas no reparo tecidual, destaca-se a planta abordada neste trabalho: Aloe vera (babosa).

3.5 ALOE VERA

A planta de AV é usada há séculos para cuidados com a saúde. Sua ação biológica inclue
efeito antifúngico, antiinflamatório e também a ação imunomodulatória (MANSOUR et al.,
2014 MOLAZEM et al., 2014; SHAHZAD, AHMED, 2013).
Aloe vera (Aloe barbadensis Mill.) é uma planta tropical, nativa da África, pertencente
à família Liliaceae, que cresce em ambientes quentes e secos (EGHDAMPOUR et al., 2013;
PANAHI et al., 2015). É também conhecida como Aloé, babosa grande, babosa medicinal,
erva-de-azebre, caraguatá-de- jardim, erva-babosa, aloé-do-cabo (SAAD et al., 2018). Por ser
uma planta originária de regiões desérticas, ela consegue sobreviver bem em habitats hostis,
por isso teve boa adaptação a diversas outras regiões do mundo, incluindo o Cerrado brasileiro
(PARENTE et al., 2013).
A parte usada da planta para fins medicamentosos é a folha. Na região central dessas
folhas, a epiderme apresenta a seiva bruta que dá origem a uma substância mucilaginosa
composta principalmente por polissacarídeos, que é denominada gel de AV, rico em vários
compostos de nutrientes, como aminoácidos ácidos, vitaminas B, proteínas, minerais,
polissacarídeos e ácidos salicílicos. As folhas apresentam também um exsudato amarelado que
é formado principalmente por derivados antraquinônicos, como a aloina e a emodina,
pigmentos, substâncias inseticidas e conservantes (CHINI et al., 2017; PANAHI et al., 2015;
PARENTE et al., 2013). Ambas as apresentações estão demonstradas na Figura 8:
36

Figura 8 – Planta Aloe vera, gel mucilaginoso e exsudato amarelado

Fonte: adaptado de Embrapa

O gel de AV possui ação antimicrobiana, antiviral e antifúngica, na modução da resposta


inflamatória e cicatrizante, um uso tópico, devido à presençadas moléculas ativas aloina,
alontóina e antraquinonas em sua seiva (BRANDÃO et al., 2016; CHINI et al., 2017; RAMOS;
PIMENTEL, 2011).
O principal ingrediente ativo no gel da folha de AV é o acemanano, que apresenta efeitos
antiinflamatórios, antimicrobianos, proliferação celular e cicatrização de feridas (MORIYAMA
et al., 2016; NEGAHDARI et al., 2017; SHAFAIE et al., 2020). Além desta, outra substância
encontrada no gel, são as antraquinonas – aloína e emodina, que apresentam efeitos
antioxidantes, antivirais, citotóxicos e antiinflamatórios nas células do carcinoma espinocelular
e bacteriostático nos estreptococos (SHAFAIE et al., 2020).
Também presente no gel, é a aloesina, que é um 5-metilcromona C-glucosilada que
possui efeitos antioxidantes. As células tratadas com aloesina mostraram um aumento
aumentaram o recrutamento de macrófagos e neutrófilos para o local da lesão na pele de
camundongos (WAHEDI et al., 2017), auxiliando na fase imunológica do reparo.
A proliferação de fibroblastos para auxiliar no processo cicatricial, também é estimulada
pelo glucomanano, que interage com os receptores do fator de crescimento, aumentando
significativamente a síntese de colágeno após administração tópica e oral de gel de AV
(DABURKAR et al., 2014).
37

Resultados obtidos através de experimentos em animais sugeriram que a aplicação


tópica de gel de AV otimiza o processo de cicatrização (BRANDÃO et al., 2016; PANAHI et
al., 2015, SAHU, et al. 2013). Também estudos em humanos e in vitro tem sido realizados,
demonstrando os efeitos benéficos sobre as fases da cicatrização, favorecendo o reparo
cicatricial (PINHEIRO; NASCIMENTO, 2019). Há relatos de eficácia e otimização de
cicatrização e queimaduras de primeiro e segundo graus sem presença de efeitos colaterais, bem
como do uso em infecções e inflamações cutâneas (MOLAZEM et al., 2014). Uma das
principais indicações do gel de AV, já sendo utilizada em muitos países, é o uso em
queimaduras (PINHEIRO; NASCIMENTO, 2019). Em revisão sistemática realizada sobre o
tema, ficou evidenciado que produtos à base de Aloe vera aceleram o processo de reparo de
lesões agudas e crônicas, quando comparados com placebo, sulfadiazina de prata e gaze sem
agente tópico (CHINI et al., 2017). O mesmo estudo relata o uso de AV em lesões agudas do
tipo queimaduras e feridas operatórias como cesariana, hemorroidectomia, áreas doadoras de
enxerto e episiotomias. E o uso em lesões crônicas refere-se a um estudo com fissuras anais
crônicas.
Este estudo mostrando seu uso neste tipo de lesão, apresentou benefícios sobre a
condição clínica dos pacientes e relatos de melhora em relação à dor, sangramento e cura
(BRANDÃO et al., 2016). Investigação realizada em humanos, desta vez com úlceras crônicas
de perna, em trinta pacientes atendidos no ambulatório foi utilizado AV, e foi demonstrado que
a planta é eficaz contra MRSA, auxiliando no controle de infecção de lesões crônicas (BANU;
SATHYANARAYANA; CHATTANNAVAR, 2012).
Outro desafio para os profissionais que trabalham com lesões de pele, é o manejo de
lesões diabéticas: Panahi et al. (2015) relataram que a aplicação tópica de Av em lesões
diabéticas acelera o processo de cicatrização e diminui o tempo de epitelização.
Estudos demonstram também, que não há toxidade relatada ao uso tópico de AV,
configurando-se em um produto seguro para o uso para a cicatrização (FOX et al., 2017;
HORMOZI; ASSAEI; BOROUJENI, 2017; SHAFAIE et al., 2020). Ainda como vantagem, o
uso da AV tem sido citado devido ao baixo custo, sendo um produto acessível para auxiliar no
reparo tecidual (BANU; SATHYANARAYANA; CHATTANNAVAR, 2012; SHAFAIE et al.,
2020; TAKZAREE et al., 2016; TARAMESHLOO et al., 2012a).
38

4 METODOLOGIA

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de uma revisão sistemática do Aloe vera, planta tradicionalmente utilizada para
fins de cicatrização, integrante do RENISUS. Este tipo de revisão permite a inclusão de estudos
experimentais e não- experimentais, sendo a mais ampla abordagem metodológica referente às
revisões, para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Além disto, une dados da
literatura teórica e empírica e incorpora um vasto leque de propósitos como definição de
conceitos e revisão de teorias e evidências (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

4.2 COLETA DE DADOS

De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010), a revisão narrativa perpassa por 6
etapas. Na primeira, é realizada a identificação do tema e seleção da questão de pesquisa para
a elaboração da revisão integrativa.
Na segunda etapa, foram avaliados os títulos e resumos das referências identificadas por
meio da estratégia de busca e os estudos potencialmente elegíveis foram pré-selecionados.
Os critérios de elegibilidade incluirão publicações nos idiomas português, espanhol e
inglês, com busca nas bases de dados Bireme, PUBMED e Scielo, com um recorte temporal de
10 anos, e a combinação dos seguintes descritores, previamente consultados no DECs
(Descritores em Ciências da Saúde): "Nome cientifico da Planta" AND "Wound healing" e seus
correspondentes em português, " Nome cientifico da Planta" e "Cicatrização de feridas" e, em
espanhol, "Nome Cientifico da planta" Y "Cicatrización de heridas"
Na terceira etapa, será realizada leitura dos artigos incluídos na íntegra, para a obtenção
de informações sobre o AV a serem extraídas dos artigos e a categorização dos mesmos, sendo
descrita suas características gerais e o provável mecanismo de atuação da mesma na cicatrização
da pele.
Na quarta etapa foi realizada uma análise crítica dos dados, para organização do rigor e
das características de cada estudo. A seguir, na quinta etapa, foi realizada a discussão dos
resultados, a partir da interpretação e síntese destes, além da identificação de possíveis lacunas
no conhecimento. Nesta fase, o revisor. fundamentado nos resultados da avaliação crítica dos
estudos incluídos realiza a comparação com o conhecimento teórico, a identificação de
39

conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa. Devido à ampla revisão conduzida,


é possível identificar fatores que afetam a política e os cuidados das lesões de pele.
Finalmente, na sexta etapa, é apresentada a revisão integrativa, que contémr informações
pertinentes e detalhadas a respeito da temática escolhida.
Por tratar-se de revisão integrativa, o estudo não necessita de aprovação em comitê de
ética.
40

5 RESULTADOS

Os resultados desta dissertação estão apresentados sob a forma de manuscrito: -


Manuscrito submetido a Revista de Enfermagem da UFSM, Classificação B2- Capes Qualis
Periódicos

Mecanismos pró cicatriciais do Aloe vera na pele: uma revisão sistemática

Resumo
Introdução: O envelhecimento populacional é acompanhado pelo aumento da prevalência de
lesões de pele, que podem ser tratadas com as plantas, como é o caso da Aloe vera (AV).
Objetivo: revisar e compilar os mecanismos bioquímicos- moleculares modulados pela AV
responsáveis pelo seu efeito pró-cicatricial. Metodologia: Busca nas bases de dados PUBMED
e Scielo, com a combinação dos seguintes descritores: "Aloe vera" AND "Wound healing",
"Aloe Vera E Cicatrização de feridas” "Aloe Vera Y Cicatrización de heridas”. Resultados:
Foram identificados 201 estudos, após triagem reduzidos para 29 artigos lidos na íntegra. Destes
14 eram estudos in vivo, 8 ensaios clínicos, 5 estudos in vitro e 2 estudos translacionais. As
evidências produzidas indicam modulação da AV nas fases inflamatória, proliferativa,
maturação e regeneração. Conclusão: AV age através do estímulo à migração e proliferação
celular de leucócitos, fibroblastos e queratinócitos, indução de neoangiogênese e da deposição
de colágeno.

Descritores: Plantas medicinais; Cicatrização; Fitoterapia; Envelhecimento


Descriptors: Medicinal plants; Wound healing; Phytotherapy; Elderly
Descriptores: Plantas medicinales; Cicatrización; Fitoterapia; Envejecimiento

Introdução

O envelhecimento biológico caracteriza-se como um conjunto de alterações


moleculares, bioquímicas e morfo-fisiológicas que ocorrem progressivamente no organismo ao
longo da vida que diminuem a função corporal. Por este motivo, pode ser acompanhado pelo
aumento na prevalência de doenças e agravos crônicos não transmissíveis, dentre os quais estão
presentes as lesões de pele.1 As causas mais prevalentes das lesões de pele em idosos
relacionam-se às úlceras ou lesões por pressão, insuficiência vascular (venosa ou arterial, ou
mista), traumas, restrições na mobilidade (transitória ou permanente) e neuropatias diabéticas.2
Assim, o tratamento adequado de uma lesão leva a cicatrização e consequentemente diminuição
do sofrimento psicológico, redução da morbidade, da mortalidade, e dos gastos referentes à
assistência à saúde, impactando na diminuição da sobrecarga nos sistemas de saúde.3
Uma lesão de pele ou ferida é definida como um dano ou interrupção na continuidade
da pele, interferindo em sua estrutura anatômica e funcional.4-6 A cicatrização destas lesões é
41

um processo dinâmico e complexo, coordenada por uma cascata de eventos celulares,


moleculares e bioquímicos que interagem e determinam a reconstituição do tecido danificado.
A cicatrização fisiológica perpassa por quatro fases tempo-dependentes e sobrepostas:
(1) coagulação e hemostasia, iniciando imediatamente após a lesão; (2) inflamação; (3)
proliferação, que começa poucos dias após a lesão e abrange os processos de formação do tecido
de granulação e fibroblastos; e (4) remodelação de feridas, na qual a ocorre a formação de tecido
de regeneração que pode durar até um ano ou mais.5,7
Diversos estudos têm descrito uso de plantas medicinais no tratamento de lesões de pele
das mais diferentes etiologias, pode favorecer o processo cicatricial.8 Por este motivo, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso de plantas medicinais uma vez que as
mesmas são acessíveis a maior parte da população. No Brasil, ainda em 2006, o Ministério da
Saúde lançou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que
permite aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente na Atenção Primária à
Saúde (APS) o uso de fitoterápicos. Para tanto foi organizada e divulgada a Relação Nacional
de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). Nesta lista, estão presentes plantas
recomendadas para uso como pró -cicatriciais incluindo a Aloe Vera (AV). Esta é uma planta
suculenta semelhante ao cactos pertencente à família Liliaceae que cresce em regiões de clima
tropical, cujo uso tópico até o momento não demonstrou nenhuma reação adversa significante,
apenas reações ínfimas como dor leve ou uma sensação de desconforto.9
A folha da AV vem sendo tradicionalmente usada em muitas culturas por suas
propriedades terapêuticas. A AV contém cerca de 75 compostos diferentes, incluindo vitaminas,
enzimas, minerais, açúcares, antraquinonas, ácidos graxos, hormônios entre outros compostos
como o ácido salicílico, lignina e saponinas.10 O gel mucilaginoso da polpa da folha já foi
incorporado a muitos medicamentos cosméticos e alternativos para rejuvenescimento,
cicatrização de feridas e outras condições dermatológicas. Apesar de seu amplo uso como
remédio popular, não está claro o mecanismo cicatricial modulado pela AV e por este motivo
estudos complementares têm sido produzidos e publicados na literatura que precisam ser
considerados e discutidos. Diante deste contexto, esta revisão tem por objetivo compreender os
mecanismos bioquímicos- moleculares modulados pela AV responsáveis pelo seu efeito pró-
cicatricial.

Método

Foi realizada uma revisão sistemática da planta fitoterápica com propriedades pró-
cicatriciais Aloe vera (AV).
42

A busca foi realizada de maio a julho de 2021, por duas revisoras independentes,
havendo uma terceira revisora para casos em que não havia consenso entre as duas revisoras
principais. Foram avaliados os títulos e resumos das referências identificadas por meio da
estratégia de busca e os estudos potencialmente elegíveis foram pré-selecionados. Os critérios
de elegibilidade incluíram publicações nos idiomas português, espanhol e inglês, com busca
nas bases de dados PUBMED e Scielo, com um recorte temporal de 10 anos, e a combinação
dos seguintes descritores, previamente consultados no DECs (Descritores em Ciências da
Saúde): "Aloe Vera AND Wound healing" e seus correspondentes em português, "Aloe Vera E
Cicatrização de feridas" e, em espanhol, "Aloe Vera Y Cicatrización de heridas".
Como critérios de exclusão utilizou-se: artigos que fossem de revisão, qualquer estudo
que associa-se AV a outra molécula ou planta, todo e qualquer artigo cujo o objetivo principal
não fosse a cicatrização da pele.
Posteriormente, com a leitura dos resumos, foram excluídos estudos do tipo revisão,
trabalhos que tratassem sobre cicatrização em outros sítios além da pele, que tratassem sobre
associações de outros produtos com as AV, e aqueles que se repetiram em mais de uma base de
dados foram considerados apenas uma vez.
Na terceira etapa, foi realizada leitura dos artigos incluídos na íntegra, para a obtenção
de informações sobre a planta, a serem extraídas dos artigos e a categorização dos mesmos,
sendo descrita suas características gerais e o provável mecanismo de cicatrização da pele.
Na quarta etapa foi realizada uma análise crítica dos dados, para organização das
características de cada estudo. Posteriormente, na quinta etapa, foi realizada a discussão dos
resultados, a partir da interpretação e síntese destes, além da identificação de possíveis lacunas
no conhecimento.

Resultados

Foram encontrados 201 artigos na primeira etapa da triagem na base de dados


PUBMED, sendo reduzidos para 29 artigos após a segunda fase da triagem, atendendo aos
critérios de seleção na leitura dos resumos. Dos artigos excluídos, 42 eram revisões, 7 tratavam
sobre outras espécies de Aloe, 26 tratavam de outros temas, não contemplando a cicatrização,
73 artigos apresentavam AV em associação com outros produtos, o que poderia comprometer
o resultado final, e ainda 22 artigos tratavam do uso da planta na cicatrização em outros sítios,
que não a pele.
No SCIELO, na primeira fase foram encontrados 8 artigos, onde após a leitura dos
resumos, foram excluídos 2 por serem revisões, 1 por tratar do uso de AV em outro sítio, 1 por
43

estar fora do tema cicatrização e 3 por apresentarem associações de outros produtos com AV.
Restou então, 1 artigo para leitura na íntegra, que ao ser avaliado, percebeu-se estar em
duplicata com artigo no PUBMED.
Portanto, a análise e discussão foi conduzida a partir de 29 artigos, dos quais: 22 são
estudos in vivo, sendo 8 estudos clínicos realizados em humanos e o restante realizados em
animais. Cinco estudos foram realizados exclusivamente e in vitro e dois deles foram realizados
concomitantemente in vivo e in vitro.
Abaixo apresentamos um organograma da obtenção dos artigos inclusos, Figura 1.

Figura 1 – Organograma dos resultados

A AV contém 75 constituintes potencialmente ativos: vitaminas (A, C e E, vitamina


B12, ácido fólico e colina), enzimas (fosfatase alcalina, amilase, bradicinase, carboxipeptidase,
catalase, celulase, lipase e peroxidar), minerais (cálcio, cromo, cobre, selênio, magnésio,
manganês, potássio, sódio e zinco), açúcares (monossacarídeos e polissacarídeos), lignina,
saponinas, ácidos salicílicos e aminoácidos.3,7-8 Algumas destas substâncias, isoladas ou em
conjunto, parecem ter uma função na cicatrização de lesões de pele.11 Abaixo apresentamos o
Quadro 1 que relaciona as fases da cicatrização e seus respectivos mecanismos pró cicatriciais
e os prováveis ativos da AV envolvidos.
44

Fase da cicatrização Mecanismos pro cicatricial Ativos envolvidos Referência


Promoção de resposta Antraquinonas – aloína,
inflamatória emodina 14-23
Acemanana
Efeito antisséptico e Fenol, saponina e
antimicrobiano antraquinonas 22-24
Inflamatória Taninos e alcalóides
Modulação nos níveis de IL, Aloesina,
17-18- 23- 26-27
TGF, VEGF Acemanana
Diminuição da dor Prostaglandinas,
13-28-29
bradicinina
Estímulo á granulação precoce Acemanano,
15- 22-23
Glucomanano
Neoangiogênese Acemanana 14-15- 17-18- 25,
Proliferativa Aloesin 27- 30-34
Proliferação cellular Acemanana 30, 34
Estímulo à migração de Glucomanano
16- 19- 22- 26-28
fibroblastos
Deposição e densidade do Aloesina, glucomanano
11- 15- 19- 24
colágeno
Migração de queratinócitos Acemanana
Remodelação/Maturação 11- 12
Cálcio
Reepitelização Aloesina 16- 18- 29
Contração da lesão Glucomanano 23-24
Quadro 1 – Fases da cicatrização, mecanismo e ativo responsável

Discussão

Estudos sugerem que AV parece ser um aliado neste processo, uma vez que atua no
estágio inicial da cicatrização, através da redução da celularidade total, diminuição de edema e
coágulo de fibrina juntamente com o elevado número de macrófagos, fibroblastos em
comparação com os controles, sugerindo que AV aumenta a qualidade da fase inflamatória da
cicatrização.15
O principal ingrediente ativo no gel da folha de AV é o acemanano, que consiste em um
polímero de cadeia longa composto de glicose e manose, que apresenta muitas atividades
biológicas, incluindo efeitos antiinflamatórios, antimicrobianos, proliferação celular e
cicatrização de feridas. 11,25,27
Outra substância, também encontrada no gel, são as antraquinonas, que são derivados
do antraceno do grupo das quinonas. Estudos mostraram que estes ativos apresentam efeitos
antioxidantes, antivirais, citotóxicos e antiinflamatórios nas células do carcinoma espinocelular
e bacteriostático nos estreptococos, sendo que aloína e emodina são as duas principais
antraquinonas de AV.27
45

Sendo a neoangiogênese um dos fatores importantes para o avanço da cicatrização,


elementos que estimulem este evento podem otimizar o reparo. Estudo realizado com ratos,
sugere que a emodina promoveu a angiogênese durante o reparo de feridas cutâneas como
resultado da estimulação do VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) devido a um
aumento na expressão de IL-1β em macrófagos.18 Um estudo histológico, também realizado
com ratos, revelou que AV promove a vascularização da ferida, o que remove o tecido
desvitalizado e aumenta viabilidade do novo tecido.23
Também presente no gel, e com atividade importante no reparo tecidual a aloesina, que
é um 5-metilcromona C-glucosilada aromática encontrada em AV, possui efeitos antioxidantes.
As células tratadas com aloesina mostraram um aumento significativo na taxa de migração em
comparação com células não tratadas e também aumentaram o recrutamento de macrófagos e
neutrófilos para o local da lesão na pele de camundongos,17 auxiliando na fase imunológica do
reparo.
Uma investigação realizada in vivo e in vitro demonstrou que aloesina auxilia na reparo
por meio de redução nos níveis de IL-1 β e TNF- α e aumentou de forma significativa, os níveis
de IL-6 e TGF-β1 em comparação com o controle, promovendo maior migração celular,
angiogênese e liberação de citocinas.17
Outro polissacarídeo encontrado no gel de AV, é o glucomanano, rico em manose, e a
giberelina, um hormônio de crescimento, que interage com os receptores do fator de
crescimento no fibroblasto, estimulando assim sua atividade e proliferação, que por sua vez
aumenta significativamente a síntese de colágeno após administração tópica e oral de gel de
AV.22
Os fibroblastos são células importantes na cicatrização. A expressão destas está presente
em todas as fases de cicatrização, e é importante sinalizador para que a cascata de eventos
cicatriciais aconteça. Estudo revelou que o extrato etanólico de AV teve efeitos significativos
na expressão de VEGF e TGF β 1 (fator de crescimento transformador beta-1) em células de
fibroblastos.25 O TGF-β1 ainda recruta neutrófilos e fibroblastos para o local da injúria e
suprime a inflamação grave, com isto, portanto, auxiliando a transição da fase inflamatória para
a fase proliferativa.25,29
Em trabalho experimental realizado em ratos, foi demonstrado que AV tem um efeito
potencial de aumentar a proporção de linfócitos CD4+/ CD8+, influenciando o mecanismo na
cicatrização de feridas, diminuindo a área da ferida, reduzindo a infiltração de neutrófilos e
promovendo neoangiogênese, aumentando a espessura epidérmica e a quantidade de fibroblasto
46

na ferida.14 Esta relação é importante, pois a falha do CD8 +, causa retardo na cicatrização da
ferida, cronificando e dificultando o processo de reparo.24
Estudo realizado em ratos, com quantidades diferentes de concentração de AV
demonstram que quanto maior a concentração do gel, melhor o efeito na modulação da resposta
inflamatória, através do aumento da infiltração de fibrócitos e macrófagos,15 induzindo a
proliferação precoce de tecido de granulação, promovendo cicatrização de forma mais efetiva.
Foram realizados muitas investigações comparativas entre AV e outros agentes já
utilizados para cicatrização, como por exemplo, o óleo de Nigella Sativa (NSO). O referido
trabalho realizado com ratos, verificou que na comparação entre os dois produtos e grupo
controle, houve resultados positivos macroscópicos na cicatrização que condizem com os
resultados microscópicos, onde houve uma diminuição da intensidade inflamatória e infiltração
de fibroblastos mais abundante no grupo AV do que no grupo NSO. A capacidade de modulação
inflamatória da AV pode ser devida à antraquinona. O mecanismo subjacente à redução da
inflamação por AV está ligado à inibição da via da ciclooxigenase e à redução da produção de
prostaglandina E2 a partir do ácido araquidônico.15
A otimização da cicatrização é um dos achados mais comuns nos artigos da revisão. Os
resultados dos estudos sugerem que o tratamento com AV pode ter uma influência benéfica nas
várias fases da cicatrização de feridas, ou seja, fibroplasia, síntese de colágeno e contração,
resultando em cicatrização mais rápida.22,23 sendo não só um dos componentes do gel
responsável pela eficácia do mesmo, e sim, uma sinergia de vários ativos presentes no AV.11
Em estudo clínico prospectivo, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, um
grupo recebeu gel de AV a 87,399% e o grupo controle recebeu placebo de glicerina líquida,
onde aplicação de gel tópico de AV demonstrou uma aceleração significativa da cicatrização
de áreas doadoras de enxerto. No entanto, neste estudo, não foi observado alívio da dor.9
Os achados da revisão, trazem tratamentos com AV em lesões agudas e crônicas. As
queimaduras, constituem-se em um dos alvos comuns de estudos do gel de AV. Estas são lesões
agudas, dolorosas, com tratamento tradicional com uso de sulfadiazina de prata. Em trabalho
conduzido com 50 pacientes com queimaduras de segundo grau, onde 25 indivíduos receberam
curativos com gel de AV e outros 25 receberam curativo com sulfadiazina, demonstrou um
tempo gasto na cicatrização menor no grupo AV bem como o alívio da dor de forma mais
precoce.13 Os autores ainda colocam que outros estudos relatam o efeito antimicrobiano de AV,
no entanto, neste trabalho, não foi observado diferença de infecção entre os dois grupos. No
entanto, em outro estudo, realizado em ratos, cita AV como antimicrobiano, também com
47

propriedades antivirais, antifúngicas e que têm demonstrado eficácia na prevenção de infecções


do leito da lesão.29
Corrobora com estes resultados, um estudo experimental em camundongos, onde foi
realizada queimadura de terceiro grau em 16 ratos. A análise histológica demonstrou que o
grupo tratado com emodina de AV exibiu níveis mais elevados de reepitelização e angiogênese,
em comparação com o grupo controle, tratado com sulfadiazina de prata.18
O mecanismo da eficácia do gel de AV no tecido de epitelização e granulação de
queimaduras pode ser explicado por seus efeitos hidrocolóide e hidratante, além do efeito
inflamatório.29,33 Em queimaduras, o uso de AV foi descrito como auxiliar no controle da dor,
através da prostaglandina e da bradicinina presentes no gel.29
Muitas investigações também relatam o uso de AV em feridas crônicas, que representam
um desafio no cotidiano dos profissionais que trabalham com lesões de pele, uma vez que estas
apresentam falha, retardando o processo de reparo. Em estudo realizado em humanos, trinta
pacientes atendidos no ambulatório com úlceras crônicas de perna, onde foi utilizado AV, foi
demonstrado que a planta é eficaz contra MRSA.35 A infecção bacteriana é um dos fatores de
cronificação de lesões, dificultando o avanço da cicatrização.24
Em outro trabalho relatando o uso de AV em fissuras anais crônicas, foi utilizado um
creme tópico contendo 0,5% suco de Aloe vera, onde ser verificou a redução da dor, bem como
as hemorragias, auxiliando na cicatrização.36
Na fase final da cicatrização, na remodelação da pele lesada, AV demonstrou auxiliar
na epitelização, através da produção de tecido cicatricial de forma mais rápida, através do
aumento da produção de colágeno e glicosaminoglicanos no local,15 com relato de estudo
citando a presença da deposição de colágeno, já a partir do quinto dia pós injúria.24 Corroborou
investigação, que também demonstrou que os escores histológicos demonstraram que o grupo
tratado com emodin de AV, exibiu níveis mais elevados de reepitelização.18
Os queratinócitos, células muito importantes no processo de epitelização, também são
estimuladas pelo AV. Em estudo in vitro realizado em culturas de células, AV estimulou a
migração, proliferação e a viabilidade dos queratinócitos11,12 auxiliando no desenvolvimento
epidérmico, além de demonstrar efeito protetor aos queratinócitos contra o uso de
conservantes.12
Outro benefício citado pelos estudos, é o custo do tratamento com AV.12-13,19,30,32 O
produto mostrou-se mais acessível economicamente do que os demais que foram utilizados em
comparação, e surge como uma alternativa de baixo custo e também abreviando o tempo de
cicatrização.20,23,27,29,35
48

Na fase de remodelação da lesão, há presença de colágeno tipo III no leito onde houve
o reparo, que lentamente é substituído pelo colágeno do tipo I, mais organizado, dando forma e
aparência para a cicatriz. A qualidade do tecido neoformado depende da deposição de colágeno
no local. Estudos referem que a deposição de colágeno,21,22,26 é aumentada com o uso de AV,
principalmente pelo estímulo à proliferação de fibroblastos, células produtoras de colágeno.
Estudos demonstram também, que não há toxidade26,27,37 relatada ao uso de AV, configurando-
se em um produto seguro para o uso para a cicatrização.
Apresentamos abaixo a Figura 2 como uma compilação dos achados deste artigo.

Figura 2 – Compilação da ação da Aloe Vera, fases da modulação da lesão, moléculas ativas
prováveis e resultado no processo cicatricial

Conclusão

Os resultados desta revisão sugerem que AV tem efeitos positivos na cicatrização, uma
vez que seus mecanismos pró cicatricias, envolve modulação das fases inflamatória,
proliferativa e da remodelação tecidual. Destacamos o estímulo a neoangiogênese, oefeito anti-
inflamatório, o favorecimento a migração e proliferação de fibroblastos e queratinócitos,
através de ativos presentes em sua composição. Consideramos que a fusão do saber popular
com o respaldo das evidências cientificas, desta forma contribuindo para embasar e validar
49

cientificamente o uso popular de plantas medicinais, proporcionando maior segurança ao


professional da saúde que as recomenda bem como a população que as utiliza.

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52

6 DISCUSSÃO

Neste estudo, foi realizada revisão sobre os efeitos pro cicatriciais do AV nas fases do
reparo tecidual cutâneo. Sendo as lesões de pele uma causa de incapacidade, dor e impacto
negativo na qualidade de vida, principalmente na população idosa, objetivamos conhecer estes
mecanismos, visando otimizar o processo cicatricial.
Aloe vera (AV), também chamado Aloe barbadensis Miller é uma planta que possui
mais de 400 espécies identificadas e pertence à família Aloeacea ou Liliaceae (TEPLICKI et
al., 2018). A planta contém 75 constituintes potencialmente ativos: vitaminas (A, C e E,
vitamina B12, ácido fólico e colina), enzimas (fosfatase alcalina, amilase, bradicinase,
carboxipeptidase, catalase, celulase, lipase, e peroxidar), minerais (cálcio, cromo, cobre,
selênio, magnésio, manganês, potássio, sódio e zinco), açúcares (monossacarídeos e
polissacarídeos), lignina, saponinas, ácidos salicílicos e aminoácidos (DUIM et al., 2015;
DUNNIL et al., 2015; PELLENZ, 2019).
Estudos sugerem que AV parece ser um aliado no processo de reparo, uma vez que atua
no estágio inicial da cicatrização, através da redução da celularidade total, diminuição de edema
e coágulo de fibrina juntamente com o elevado número de macrófagos, fibroblastos em
comparação com os controles, sugerindo que AV aumenta a qualidade da fase inflamatória da
cicatrização (ORYAN et al., 2016).
As folhas de A. vera contêm componentes fitoquímicos tais como acemanana, maloyl
glucanos, aloína, emodina, entre outros e também monossacarídeos (por exemplo, glicose e
frutose) e polissacarídeos (por exemplo, glucomananas e manano acetilado) que são
componentes que apresentam propriedades antiinflamatórias e imunomoduladoras (ORYAN et
al., 2016), essenciais no auxílio da resposta imune no primeiro momento do reparo teciual.
O acemanano é o principal ingrediente ativo da AV, que consiste em um polímero de
cadeia longa composto de glicose e manose, que apresenta muitas atividades biológicas,
incluindo efeitos antiinflamatórios, antimicrobianos, proliferação celular e cicatrização de
feridas (MORIYAMA et al., 2016; NEGAHDARI et al., 2017; SHAFAIE et al., 2020).
Outra substância, também encontrada no gel, são as antraquinonas, que são derivados
do antraceno do grupo das quinonas. Estudos mostraram que estes ativos apresentam efeitos
antioxidantes, antivirais, citotóxicos e antiinflamatórios nas células do carcinoma espinocelular
e bacteriostático nos estreptococos, sendo que aloína e emodina são as duas principais
antraquinonas de AV (SHAFAIE et al., 2020).
53

Também presente no gel, e com atividade importante no reparo tecidual é a aloesina,


que é um 5-metilcromona C-glucosilada aromática encontrada em AV, que possui efeitos
antioxidantes. As células tratadas com aloesina mostraram um aumento significativo na taxa de
migração em comparação com células não tratadas e também aumentaram o recrutamento de
macrófagos e neutrófilos para o local da lesão na pele de camundongos (WAHEDI et al., 2017),
auxiliando na fase imunológica do reparo.
Estudo realizado in vivo e in vitro demonstrou que aloesina auxilia na reparo por meio
de redução nos níveis de IL-1 β e TNF- α e aumentou de forma significativa, os níveis de IL-6
e TGF-β1 em comparação com o controle, promovendo maior migração celular, angiogênese e
liberação de citocinas (WAHEDI et al., 2017).
Outro polissacarídeo encontrado no gel de AV, é o glucomanano, rico em manose, e a
giberelina, um hormônio de crescimento, que interage com os receptores do fator de
crescimento no fibroblasto, estimulando assim sua atividade e proliferação, que por sua vez
aumenta significativamente a síntese de colágeno após administração tópica e oral de gel de
AV (DABURKAR et al., 2014).
Os fibroblastos são células muito importantes na cicatrização. A expressão destas está
presente em todas as fases de cicatrização, e é importante sinalizador para que a cascata de
eventos cicatriciais aconteça. Estudo revelou que o extrato etanólico de AV teve efeitos
significativos na expressão de VEGF e TGF β 1 (fator de crescimento transformador beta-1) em
células de fibroblastos (NEGAHDARI et al., 2017). O TGF-β1 ainda recruta neutrófilos e
fibroblastos para o local da injúria e suprime a inflamação grave, com isto, portanto, auxiliando
a transição da fase inflamatória para a fase proliferativa (NEGAHDARI et al., 2017;
TAKZAREE et al., 2016).
Em trabalho experimental realizado em ratos, foi demonstrado que AV tem um efeito
potencial de aumentar a proporção de linfócitos CD4+/ CD8+, influenciando o mecanismo na
cicatrização de feridas, diminuindo a área da ferida, reduzindo a infiltração de neutrófilos e
promovendo neoangiogênese, aumentando a espessura epidérmica e a quantidade de fibroblasto
na ferida. Esta relação é importante, pois a falha do CD8 +, causa retardo na cicatrização da
ferida, cronificando e dificultando o processo de reparo (PRAKOSO; KURNIASIH, 2018).
A otimização da cicatrização é um dos achados mais comuns nos artigos da revisão. Os
resultados dos estudos sugerem que o tratamento com AV pode ter uma influência benéfica nas
várias fases da cicatrização de feridas, ou seja, fibroplasia, síntese de colágeno e contração,
resultando em cicatrização mais rápida (DABURKAR et al., 2014; TARAMESHLOO et al.,
2012b), sendo não só um dos componentes do gel responsável pela eficácia do mesmo, e sim,
uma sinergia de vários ativos presentes no AV (MORIYAMA et al., 2016).
54

Os estudos da revisão, trazem tratamentos com AV em lesões agudas e crônicas. As


queimaduas, constituem-se em um dos alvos comuns de estudos do gel de AV. Estas são lesões
agudas, dolorosas, com tratamento tradicional com uso de sulfadiazina de prata. Em trabalho
conduzido com 50 pacientes com queimaduras de segundo grau, onde 25 indivíduos receberam
curativos com gel de AV e outros 25 receberam curativo com sulfadiazina, demonstrou um
tempo gasto na cicatrização menor no grupo AV bem como o alívio da dor de forma mais
precoce (SHAHZAD, AMHED, 2013).
O mecanismo da eficácia do gel de AV no tecido de epitelização e granulação de
queimaduras pode ser explicado por seus efeitos hidrocolóide e hidratante, além do efeito
inflamatório (IRANI; VARAIE, 2016; TAKZAREE et al., 2016).
A queimadura normalmente é um tipo de lesão muito dolorosa. O manejo deste tipo de
lesão também deve levar em consideração esta variável. O uso de AV foi descrito como auxiliar
no controle da dor, através da prostaglandina e da bradicinina presentes no gel (TAKZAREE et
al., 2016).
Muitos estudos também relatam o uso de AV em feridas crônicas, que representam um
desafio no cotidiano dos profissionais que trabalham com lesões de pele, uma vez que estas
apresentam falha, retardando o processo de reparo. Em estudo realizado em humanos, trinta
pacientes atendidos no ambulatório com úlceras crônicas de perna, onde foi utilizado AV, foi
demonstrado que a planta é eficaz contra MRSA (BANU; SATHYANARAYANA;
CHATTANNAVAR, 2012). A infecção bacteriana é um dos fatores de cronificação de lesões,
dificultando o avanço da cicatrização (PRAKOSO; SETIYO RINI; WIRJAATMADJA, 2018).
Na fase final da cicatrização, na remodelação da pele lesada, AV demonstrou auxiliar
na epitelização, através da produção de tecido cicatricial de forma mais rápida, através do
aumento da produção de colágeno e glicosaminoglicanos no local (ORYAN et al., 2016), com
relato de estudo citando a presença da deposição de colágeno, já a partir do quinto dia pós
injúria (PRAKOSO; SETIYO RINI; WIRJAATMADJA, 2018). Estudo também demonstrou
que os escores histológicos demonstraram que o grupo tratado com emodin de AV, exibiu níveis
mais elevados de reepitelização (LIN et al., 2016).
Os queratinócitos, células muito importantes no processo de epitelização, também são
estimuladas pelo AV. Em estudo in vitro realizado em culturas de células, AV estimulou a
migração, proliferação e a viabilidade dos queratinócitos (MORYIAMA et al., 2016;
TEPLICKI et al., 2018) auxiliando no desenvolvimento epidérmico, além de demonstrar efeito
protetor aos queratinócitos contra o uso de conservantes (TEPLICKI et al., 2018).
55

7 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados na revisão sugerem que AV apresenta propriedades


cicatrizantes relevantes, incluindo estimulo a neoangiogênese, efeito anti inflamatório,
favorecendo a migração e proliferação de fibroblastos e queratinócitos, através de ativos
presentes em sua composição podendo auxiliar na cicatrização de feridas agudas e crônicas,
desde a fase inflamatória até a etapa final do processo de epitelização e de deposição de
colágeno.
Além de ser um produto promissor no tratamento de lesões de pele, o uso da AV na
cicatrização tem outras vantagens como por exemplo a redução da dor e o fato de ser acessível
economicamente.
O conhecimento científico acerca das plantas medicinais no que tange à mecanismos
pró cicatricias é de extrema valia para atuação dos profissionais envolvidos no tratamento de
lesões de pele.
56

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ANEXO A – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DE MANUSCRITO

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