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BALANCEAMENTO DE LINHA: UM
ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA
MOVELEIRA DA PARAÍBA
Flora Magna do Monte Vilar (IFPB )
floramontevilar@gmail.com
Amandio Pereira Dias Araujo (IFPB )
amandio.araujo@ifpb.edu.br
1. Introdução
Com isso, as empresas tornam-se obrigadas a melhorarem seus processos fabris sendo
indispensável a análise de alguns fatores importantes que auxiliam na elaboração e na forma
de como executar os processos. Para isso é necessário que suas ações sejam voltadas para a
redução de desperdícios, otimização dos recursos e aproveitamentos ideal das estações de
trabalho.
Segundo Taylor (1970), onde quer que se execute trabalho manual é necessário encontrar o
meio mais econômico de se efetuar a tarefa, e após isso, é preciso determinar a quantidade de
trabalho que deve ser realizada em um dado período de tempo. Portanto, existe a necessidade
de estudar o local de trabalho no qual irá se executar todos os processos de forma a adequá-los
aos trabalhadores, procurando melhorar e padronizar os métodos e a estação de trabalho. A
finalidade é encontrar a melhor maneira de fabricar os produtos através de observações
permanentes acerca de como o bem é produzido, buscando modificações que permitam
agregações de tarefas evitando-se assim o aparecimento de ociosidade, filas durante a
execução dos processos e baixa produtividade.
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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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Diante desse contexto, o presente artigo tem o objetivo de aplicar o balanceamento em uma
linha de embalagem de uma fábrica de móveis com o intuito de distribuir a carga de trabalho
entre as estações da forma mais equilibrada possível, de modo a otimizar os recursos
utilizados no setor.
2. Balanceamento de linhas
Portanto, pode-se afirmar que o balanceamento de linha é uma organização racional das
tarefas no trabalho, com o intuito de distribuir corretamente a mão-de-obra de uma linha de
produção de maneira lógica e otimizada. Concomitantemente, Tubino (2000) afirma que a
meta do balanceamento de linha é empregar eficientemente os recursos produtivos para um
determinado tempo de ciclo. Ainda segundo o mesmo autor, para se iniciar um balanceamento
é necessário definir limites técnicos da capacidade de produção, bem como, o tempo do ciclo
que é disponível em cada estação de trabalho de uma linha de produção.
Na determinação do balanceamento de linha os tempos das atividades são bases geradoras dos
dados a serem ajustados, sendo um deles o tempo de ciclo que é definido por Martins e
Laugeni (2005) como a frequência com que uma peça deve sair da linha ou, em outras
palavras, o intervalo de tempo entre essas peças consecutivas. O tempo de ciclo é calcula
levando-se em consideração o tempo disponível para a produção e quantidade que será
processada nesse mesmo período de tempo, podendo ser expresso pela seguinte equação:
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Já a eficiência é calculada por meio do tempo utilizado na produção, juntamente com número
de operadores da linha e o tempo de ciclo, conforme equação a seguir.
Dessa maneira, o balanceamento de linhas proporciona benefícios para as empresas, pois faz
uso de cálculos com o objetivo de reduzir tempos ociosos ou sobrecarregados que
representam problemas de eficiência da linha, o que gera alterações na capacidade e aumento
no custo unitário de produção.
3. Procedimentos metodológicos
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Esta pesquisa é classificada como aplicada, pois de acordo com Martins (2010), a pesquisa
aplicada é aquela tem como objetivo a geração de conhecimentos por meio de aplicações
práticas, o que ocorreu nesta pesquisa, pois foram utilizados conceitos teóricos para realizar o
balanceamento de uma linha de produção, com vistas a reduzir ociosidade e aumentar a
eficiência.
Já com relação à forma de abordagem do problema, Silva e Menezes (2005) afirma que a
pesquisa quantitativa é aquela que traduz as informações em números para em seguida
analisá-los. Portanto, classificou-se essa pesquisa como quantitativa, já que para a realização
do balanceamento foram utilizados números e em seguida eles foram analisados para a
tomada de decisão.
Essa pesquisa foi conduzida por meio de um estudo de caso e a escolha desse método de
pesquisa se deu porque segundo Yin (2001), o estudo de caso é utilizado quando o
pesquisador necessita verificar o fenômeno estudado dentro do seu contexto real, o que é
extremamente necessário quando se realiza um estudo a respeito do balanceamento de uma
linha de produção.
Com relação aos tipos de instrumentos de pesquisa utilizados para a obtenção dos dados, a
entrevista e as observações in loco foram as escolhidas nesse estudo de caso. Foram utilizadas
entrevistas não estruturadas com o objetivo de levantar informações gerais a respeito do
funcionamento da empresa e as observações in loco serviram para que fossem coletadas todas
as informações necessárias para a realização do balanceamento na linha produtiva.
4. Estudo de caso
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A empresa foco do estudo é uma indústria de produção de móveis, fundada há dez anos, na
cidade de Campina Grande – Paraíba. A indústria tem uma produção mensal de 11.000
móveis, com um mix de 36 produtos, sendo eles distribuídos entre os seguintes tipos:
roupeiro; cozinha; cômoda; criado mudo e armário multi uso. A empresa conta com um
efetivo de 150 funcionários. Na Figura 1 é apresentado o organograma atual da empresa.
O seu sistema produtivo está alocado em uma área de aproximadamente 17.000m², onde estão
divididos os setores de corte, coladeira de bordo, furadeira, pintura e embalagem, juntamente
com uma área destinada para o almoxarifado e estocagem, conforme o mapofluxograma
ilustrado na Figura 2.
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Ainda na Figura 2 é possível visualizar o fluxo do processo produtivo por meio do layout da
fábrica. O mesmo tem início no setor do corte, seguindo para o setor de coladeira de bordas,
em seguida passa pelo setor da furação e segue para a pintura. Após a pintura o produto segue
para o setor de embalagem, partindo em seguida para o estoque de produtos acabados.
A produção da empresa também pode ser entendida por meio do fluxograma a seguir, os
mesmos seguem o mesmo processo, modificando apenas em relação à matéria prima, tempo
de atividades e acabamentos diferenciados.
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O processo produtivo tem inicio no setor de corte, podendo em seguida passar pela máquina
tupia, no caso especifico das gavetas e em seguida para o setor de coladeira de bordo, caso
contrário, segue-se diretamente para o setor de coladeira de bordo. Depois segue para o setor
de furação e em sequência para o setor de pintura, que haverá uma decisão entre pintura
externa, pintura interna ou ambas, depois dessa escolha qualquer uma das opções seguem para
embalagem e por fim o produto é encaminhado para o setor de produtos acabados, como
explicitado na Figura 3. O setor objeto de estudo é o da embalagem, sendo o processo final do
sistema produtivo da empresa, onde as peças prontas são empilhadas em esteiras de roletes
nas laterais da esteira de embalamento para posteriormente serem agrupadas dentro de caixas
de papelão.
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A esteira por onde a caixa passa localiza-se entre duas esteiras de roletes onde as peças
prontas se encontram. Os operadores posicionam-se em frente às esteiras que possuem as
peças pelas quais eles são responsáveis por colocar na caixa, obedecendo ao layout da linha
bem como a quantidade de roletes atual.
A linha de embalagem funciona de segunda à sexta de 07:00 horas às 16:48 horas, com uma
hora de almoço diariamente. Não há estoque de caixas ao longo do processo, espera ou
inspeção, uma vez que só passa pelo forno uma caixa por vez. Atualmente, a montagem das
camadas é realizada ao longo de dezessete estações de trabalho.
Foi realizada uma identificação da totalidade das estações de trabalho da linha de embalagem.
Com isso, chegou-se a um total de 17 estações de trabalho envolvidos na fabricação de todos
os modelos produzidos pela linha analisada, no entanto foi contabilizado um total de 15
tarefas, pois mais de uma estação de trabalho executa a mesma tarefa em conjunto.
Após a identificação das tarefas foi possível realizar a coleta dos tempos de processamento de
cada uma. Para a realização desta etapa fez-se uso de cronômetro decimal, folha de
observações e prancheta, como usualmente se procede. A tabela 1 apresenta as estações de
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15 Tarefa O Empilhar 18
16 Tarefa P Empilhar 18
17 Tarefa Q Etiquetar 8
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Posteriormente foi calculado o tempo de duração do ciclo. Para isso, foi informado que a
empresa possui uma carga de trabalho de 44 horas por semana, o que totaliza 176 horas por
mês. Sabendo que a empresa tem capacidade para produzir 11.000 móveis por mês, tem-se:
Foi observado que a linha encontra-se bastante desbalanceada. A estação de maior tempo
demanda 21 segundos, enquanto o de menor tempo demanda apenas 8 segundos. Esse
desbalanceamento da linha acarreta em uma série de problemas como geração de filas ao
longo da linha, ociosidade de funcionários, além de necessidade de trabalhar com horas extras
nos meses em que a produção ultrapassa a capacidade ou ociosidade da linha nos meses em
que a demanda é menor.
Ainda observando a Tabela 1, pode-se perceber o nível de ociosidade com que a linha
trabalha. Para isso basta calcular o quanto cada estação de trabalho se desvia do tempo de
ciclo, como ilustrado na Tabela 2 a seguir.
1 15 42,6
2 13 44,6
3 8,5 49,1
4 17 40,6
5 20 37,6
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6 15 42,6
7 21 36,6
8 18 39,6
9 10 47,6
10 13,5 44,1
11 10 47,6
12 10 47,6
13 10 47,6
14 13 44,6
15 18 39,6
16 18 39,6
17 8 49,6
Total 741,2 s
Diante disso, faz-se necessário realizar o balanceamento da linha, sendo necessário calcular o
número mínimo de estações de trabalho. Portanto, a partir do tempo de ciclo, determinamos o
número mínimo de operadores que, teoricamente, seriam necessários para que se alcance
aquela produção determinada pela empresa, conforme ilustrado a seguir.
Como o número N deve ser inteiro, é necessário arredondar o resultado. Portanto, devemos ter
no mínimo 5 estações de trabalho. Com esses dados foram definidas quais atividades seriam
alocadas a cada estação de trabalho. Isso foi feito alocando-se as operações, uma subsequente
à outra de forma que o tempo total destas operações alocadas não excedesse o tempo de ciclo
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2 E,F,G 56 1,6
4 L,M.N,O 51 6,6
5 P,Q 26 31,6
Total 50
Diante disso, após o balanceamento, tem-se que a linha de embalagem conseguiu um índice
de ociosidade de 17% e uma eficiência de 82%.
5. Considerações finais
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Dessa maneira, foi realizado o balanceamento e, por meio de cálculos, identificou-se que
eram necessárias cinco estações de trabalho para que a linha operasse adequadamente e
atendesse à demanda estabelecida. De posse dessa informação, foi realizada a distribuição das
tarefas às estações de trabalho de modo que o tempo de execução de cada estação de trabalho
não excedesse o tempo de ciclo. Com isso conseguiu-se que a linha trabalhasse em um ritmo
de trabalho equilibrado.
Após a realização do balanceamento foram realizados novos cálculos para fins comparativos
dos resultados obtidos e constatou-se que houve um aumento significativo da eficiência da
linha, o que pode ser comprovado com o aumento do percentual de 24% para 82%, o que
ocasiona um melhor aproveitamento dos recursos utilizados na empresa. Observou-se também
que houve uma redução da ociosidade de 75% para 17%, dado esse que reflete a otimização
da distribuição das tarefas na linha de embalagem. Outro dado que merece destaque nesse
estudo é a redução de operadores da linha. Anteriormente a linha funcionava com um efetivo
de 17 operadores, no entanto, por meio do estudo do balanceamento, foi possível reduzir esse
número para cinco, o que reflete em uma melhoria financeira para a empresa.
REFERÊNCIAS
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RITZMAN, L.P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall,
2009.
TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de Planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2000.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
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