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IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA 5S EM
UMA PEQUENA EMPRESA SOB ASPECTOS
DA MELHORIA CONTÍNUA
Alice Pizetta de Oliveira (Faculdade Rede de Ensino Doctum)
alicepizetta13@hotmail.com
1. Introdução
Nos últimos dez anos a globalização vem afetando cada dia mais as organizações,
transformando-as, aumentando o nível de competividade e junto a isso, a qualidade tornou-se
um critério indispensável. A discussão sobre a importância de um controle de qualidade,
principalmente para as microempresas, vem crescendo exponencialmente, uma vez que evitar
desperdícios e possuir as ferramentas básicas de gestão pode auxiliar na fuga do alto índice de
mortalidade de empresas no Brasil.
Independente do ramo, as empresas estão buscando cada vez mais programas com a finalidade
de eliminar as anomalias encontradas no meio de produção, como por exemplo, a baixa
produtividade e o desperdício de tempo e de insumos (NUNES et al., 2016).
Tendo isso em mente, uma das ferramentas que as empresas estão implantando para melhorar
o processo de qualidade é a metodologia 5S, que tem como objetivo, organizar, ordenar,
desenvolver práticas de limpeza e higiene, criar padrões e procedimentos a serem seguidos.
Este programa tem como principal objetivo de promover um melhor ambiente no trabalho,
desenvolvendo mudanças de hábito em relação ao comportamento, deixando um ambiente mais
organizado, mais limpo e facilitando o trabalho do dia a dia (GOMES, 1998; PALADINI,
2012).
O objetivo geral deste estudo é verificar a implantação da Metodologia 5S em uma
microempresa de TI e associar esses pontos aos 7 (sete desperdícios) do Sistema Toyota de
Produção. Realizando um diagnóstico inicial para identificar os pontos fracos a serem
melhorados e os principais aspectos da implementação do programa de qualidade.
2. Referencial teórico
2.1 5S
Segundo Marshall Junior et al. (2007): “surgiu no Japão, tendo início no final da década de
1960, sendo idealizado como parte do processo de reconstrução do país no pós-guerra”,
programa esse, que recebe o nome de filosofia 5S e divide-se em cinco sensos.
O senso de utilização (Seiri), prevê que sejam descartados todos os materiais que não possuem
funcionalidade dentro do ambiente de trabalho. Faz-se válido então as palavras de Tamborlim;
Stein (2008, p. 3), “guardar ou armazenar qualquer coisa desnecessária significa estoques que
ocupam espaço físico e custa dinheiro” (CHIAVENATO, 2005). Após cada produto possuir
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sua devida função, pode-se aplicar o senso de organização dos itens (Seiton), uma vez que os
mesmos precisam estar em seu local apropriado. De acordo com Kamiya (2010):
Mesmo que os produtos estejam com sua devida função e em seu devido lugar, não traria
vantagens mercadológicas se os mesmos estivessem em péssimas condições de higiene. Por
isso que o próximo passo do programa em estudo é o senso de Limpeza (Seiso). Não é somente
uma limpeza simples, como atenta KAMIYA et al. (2010):
Deve-se atentar não somente para eliminação da sujeira física, mas também
outras irregularidades como pouca iluminação, odores desagradáveis,
ruídos e vibrações (aspectos ergonômicos do ambiente), verificando ainda,
as causas que deram origem a cada uma destas situações. (KAMIYA et al.,
2010, p. 7)
O senso padronização e saúde (Seiketsu) consiste na aplicabilidade direta dos últimos três
sensos mencionados, como retrata Nunes e Alves (2008): “realizar rotinas de inspeção e
disciplina de limpeza, além do registro de procedimentos padronizados permite que esta etapa
seja alcançada”. (NUNES; ALVES, 2008 apud KAMIYA et al., 2010, p. 7).
O senso de autodisciplina (Shitsuke), trata-se da parte mais complexa, uma vez que aborda a
ideologia de que todos os outros quatro sensos devem ser concretizados todos os dias de
maneira a garantir a melhoria contínua, de acordo com Kamiya:
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Entre os benefícios atingíveis pelo 5S pode-se citar: prevenção de falhas, menor deterioração
de equipamentos, maior segurança no ambiente de trabalho, maiores índices de qualidade,
menos contaminações, possibilidade de redução de tempo de trocas ou manutenções,
apropriação e sentimento de dono por parte dos trabalhadores.
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Os desperdícios são vistos como um problema da indústria desde Henry Ford e, em um sistema,
como é o processo fabril, qualquer entrada ou saída desnecessária ou indesejada pode ser
considerada um desperdício (REIS; FIGUEIREDO, 1995). Reduzir desperdícios significa
aumentar a produtividade (CANTIDIO, 2009). No entanto, poucas empresas brasileiras têm
investido de maneira significativa para eliminar os obstáculos que impedem o aumento da
produtividade (PEPPES; OVANESSOF, 2016)
Segundo o Sistema Toyota de Produção, em qualquer tipo de organização há a presença de sete
desperdícios:
3. Metodologia
O presente artigo desenvolveu-se por meio de pesquisa exploratória se aprofundando em um
estudo de caso, com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, aplicando
a Metodologia 5S como ferramenta de eliminação de desperdícios, em uma pequena
organização localizada no estado do Espiríto Santo.
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Montagem da
Configuração do
infraestrutura no Inspeção
acesso remoto
local
Lançamento do
cabeamento
Montagem do DVR
(dispositivo Configuração
Instalação dasdo
eletrônico para sistema
câmeras
gravar vídeos)
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A Tabela 1 demonstra a etapa do processo, os cinco sensos e o seu vínculo com a redução de
desperdícios.
Tabela 1: Etapa do processo, os cinco sensos e o seu vínculo com a redução dos desperdícios
Etapas do processo de Senso do programa Desperdício reduzido
instalação de câmera 5S implantado
1 2 3 4 5 6 7
Montagem da infraestrutura no Senso de utilização X X
local;
Lançamento do cabeamento; Senso de classificação X X X
Montagem do DVR Senso de limpeza X X
(dispositivo eletrônico para
gravar vídeos); Senso de saúde X
Instalação das câmeras;
Configuração do sistema;
Configuração do acesso Senso de autodisciplina X X
remoto;
Inspeção.
Fonte: Próprio autor
QUESTÃO SENSOS
1 Existem materiais desnecessários?
2 Os equipamentos necessarios estão em bom estado? UTILIZAÇÃO
3 As informações são atualizadas conforme a quantidade
necessária?
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Posteriormente a implantação:
a) Os funcionários passam a preocupar-se com a limpeza e sempre que possível verificam
a necessidade de limpeza;
b) Procuram manter a filosofia de não sujar.
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Posteriormente a implantação:
a) O senso de autodisciplina ainda não está 100% implantado, entretanto, cabe ressaltar
que as pessoas já estão tomando iniciativas que demonstram a efetividade do programa
5S.
4. Conclusão
O estudo de caso em questão apresentou a aplicabilidade da Metodologia 5S, como um primeiro
passo para a implantação de diversas ferramentas enxutas, também foi abordado uma série de
conceitos sobre o programa, sua origem, aplicações e vantagens retiradas da bibliografia.
Obtêm-se resultados diretamente ligados com os princípios da produção enxuta que estão
relacionados com a eliminação de diversos desperdícios. A sistematização de uma área de
trabalho leva a um organização eficaz, os benefícios como consequência são diversos, aumenta-
se a produtividade, reduzem-se os custos, economiza-se tempo.
As melhorias com liberação de espaço na área de instalação, organização dos materiais
disponíveis, definição de local para cada funcionário, possibilitaram aumentar a agilidade do
processo, pela melhoria das atividades, redução de movimentos e atividades desnecessárias. A
pesquisa permitiu destacar as dificuldades e benefícios no 5S, com o objetivo final de garantir
vantagens competitivas através da eliminação dos sete desperdícios clássicos.
Faz-se necessário salientar que a metodologia, após a implantação não finaliza no quinto senso
(SHITSUKE), mas precisa estar como uma atividade de rotina pelos envolvidos no programa e
pertencentes ao ambiente de trabalho.
REFERÊNCIAS
Campos, Renato; Oliveira, Luís Carlos Queiroz de; Silvstre, Bruno dos Santos; Ferreira, Ailton da Silva. A
ferramenta 5S e suas implicações na gestão da qualidade total. 2005.
CHIAVENATO, I. Administração de Produção: uma abordagem introdutória.1ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005.
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PRODUÇÃO, XXVIII, 2008, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro
PEPPES, A.; OVANESSOF, A. O que as empresas precisam fazer para retomar o aumento da produtividade
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REIS, H. L.; FIGUEIREDO, K. F. A redução de desperdícios na indústria. Revista de Administração, São Paulo,
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Shingo, Shigeo. O Sistema Toyota de Produção: Do ponto de vista da Engenharia de Produção. 2ª. ed. Porto
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Wanderley Filho, Antônio Carlos. Roteiro para aplicação do sistema de produção enxuta no processo fabril
de empresas recicladoras. 2008. 71 f. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção).
Universidade federal de Pernambuco. Recife/PE.
Werkema, Maria Cristina Catarino. Lean Seis Sigma – Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing.
1ª ed. Belo Horizonte: Werkema, 2006.
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