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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

HIERARQUIZAÇÃO DE SISTEMAS ERP


PARA UMA EMPRESA VENDEDORA DE
AUTOMÓVEIS UTILIZANDO O
MÉTODO AHP
MARCOS DOS SANTOS (Instituto Militar de Engenharia
(IME) )
marcosdossantos_doutorado_uff@yahoo.com.br
Cíntia Nunes Mourão (Centro Universitário Augusto Motta -
UNISUAM )
cintianunes125@gmail.com
Marcone Freitas dos Reis (SENAI CETIQT )
marconefreis11@gmail.com
Rubens Aguiar Walker (Universidade Federal Fluminense )
rubens_walker@hotmail.com
Ernesto Rademaker Martins (Instituto Militar de Engenharia -
IME )
radmart@yahoo.com.br

Atualmente, os sistemas integrados de gestão (ERP) são cada vez mais


necessários em empresas de todos os tamanhos, visto que tem por
finalidade controlar e dar suporte a todas as operações de um negócio.
Assim, é importante escolher um sisttema que atenda

Palavras-chave: Seleção de um ERP, Método AHP, Processo


Decisório
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

1. Introdução
A abertura econômica, na década de 90, apresentou um quadro favorável a competitividade no
setor automotivo. Houve um aumento significativo nas vendas de automóveis devido a
inserção de carros populares com preços relativamente mais baixos favorecendo o aumento da
demanda nas empresas. O crescimento desenvolveu-se de forma mais acentuada em meados
da década seguinte. Com as medidas adotadas pelo governo à época, cidadãos de baixa renda
puderam ter acesso a veículos mais novos e com valores mais elevados contribuindo
consideravelmente para o aumento do consumo de automóveis entre os brasileiros.

Tais fatores impulsionaram o mercado aumentando a concorrência no setor. Essa maior


competitividade é percebida, no âmbito do Rio de Janeiro, pelo aumento do número de
revendedoras de veículos que aqui se instalaram, gerando a essas empresas vários desafios
para se manterem no mercado.

Diante deste contexto, surge a necessidade de seus administradores buscarem novos


instrumentos de gestão a fim de controlar com excelência todas as variáveis do negócio e
garantir maior chance de sobrevivência e êxito do seu empreendimento. Nas últimas décadas,
tem se evidenciado várias alternativas, destacando-se o sistema ERP (Enterprise Resource
Planning ou Sistemas Integrados de Gestão), utilizado para integrar as atividades, facilitar o
fluxo de informações e permitir administrar a empresa em uma única base de dados
propiciando diversas melhorias perceptíveis a organização. Porém, o custo de investimento
envolvido na aquisição de um software para uma empresa de pequeno porte é relativamente
alto e há aspectos essenciais na escolha, implementação e utilização desses sistemas. Um ERP
mal escolhido pode comprometer os resultados da organização. Sendo assim, os gestores têm
a responsabilidade de tomar a melhor decisão, escolhendo o sistema mais eficiente com a
finalidade de alcançar o máximo de benefícios que um ERP pode proporcionar.

O presente estudo foi feito em parceria com uma empresa revendedora de automóveis, situada
na cidade do Rio de janeiro. Os proprietários desejam adquirir um sistema ERP que permita
gerenciar de forma integrada suas vendas, estoque, fluxo de caixa, contabilidade etc. No
entanto, diante da diversidade de softwares existentes no mercado e a extensa quantidade de
critérios para avaliar, decidir o mais adequado para implantar é uma tarefa complexa, que

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envolve diversos fatores dificultando a seleção. À vista disso, o objetivo desta pesquisa é
auxiliar os gestores no processo de seleção do sistema de gestão que melhor atenda às
necessidades da empresa, utilizando o método AHP (AnalyticHierarchyProcess), que permite
a seleção ou a escolha de alternativas, em um processo que considera diferentes critérios
deavaliação, permitindo o julgamento dos critérios de forma qualitativa e quantitativa.É
considerado pela literatura um dos métodos de apoio a decisão mais reconhecidos e
difundidos cientificamente.

2. Referencial teórico
2.1 Enterprise resourceplanning (ERP)
No Brasil, os sistemas ERP são chamados de sistemas integrados de gestão empresarial e
passaram a ser largamente utilizados a partir da década de 1990. O crescimento expressivo
desses sistemas se deu ao fato de as empresas passarem por um ambiente de negócios
altamente competitivo, levando-as a buscarem novas alternativas para se manterem no
mercado.

As empresas reconheceram a necessidade de reverem seus processos, de melhorarem seu


tempo de resposta frente às mudanças e, principalmente, de obterem o controle de toda a
cadeia de valor do negócio. Esse cenário fez com que o mercado reagisse de forma rápida na
busca por sistemas integrados e, sobre isso, Zwicker e Souza (2003) afirmam que os anos 90
assistiram ao surgimento e a um expressivo crescimento dos sistemas integrados, e entre as
explicações para esse acontecimento foi a necessidade de as empresas buscarem alternativas
para a redução de custos, desenvolvimento na gestão do negócio e diferenciação de produtos e
serviços.

Para Oliveira (2005), as ferramentas ERP são sistemas que agregam valor ao processo
administrativo e operacional e que coordena uma rede de bancos de dados, disponibilizando
aos usuários confiabilidade e uma resposta ágil em tempo real. Nesses bancos são
consolidadas todas as informações de uma empresa em um único sistema facilitando o fluxo
de informações entre os diversos processos existentes, desde o chão de fábrica até a alta
organização.

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Carvalho et al. (2009) afirmam que o ERP quando bem desenvolvido ajuda as empresas na
integração das tarefas executadas pelos seus vários departamentos, tais como finanças,
vendas, o monitoramento dos processos de materiais,logística, contabilidade, gestão da
qualidade e recursos humanos. Auxiliando os gestores na tomada de decisões e centralizando
as informações em um nível de acesso facilitado (MÜLLER e RAFALSKI, 2013). Dessa
forma, podemos afirmar que o ERP auxilia as empresas a alcançarem um de seus maiores
desafios que é controlar todos os seus processos e informações, garantindo agilidade e
eficiência nas atividades empresariais, pois é capaz de mensurar todos os detalhes do negócio,
em tempo real. Ademais, permite que as organizações tenham maior assertividade nas
tomadas de decisão e como resultado o sucesso nos negócios.

O ERP divide-se em módulos de informações que, na maioria das vezes, atendem quase todos
os departamentos, como mostra a Figura 1.

Figura 1 − Visão geral da estrutura de um ERP

Fonte: Vollmannet al. (2006)

O ERP proporciona soluções que beneficiam e melhoram a eficiência, qualidade e


produtividade da empresa, porém é necessário levar em consideração que algumas atividades
devem ser realizadas para obter o bom resultado do projeto de implantação. Para Nielsen
(2002) os fatores críticos de sucesso possuem influência notável e relevante no momento da
implantação do projeto dentro de uma organização, devendo ser gerenciado da maneira mais

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eficiente e adequada, para que não venha comprometer posteriormente a qualidade e o


resultado da implantação do sistema.

Segundo Corrêa et al. (2009), além de um software de qualidade são necessárias mais três
condições para a obtenção do sucesso na implantação: O comprometimento da alta direção
com os objetivos da implantação; o treinamento intensivo e continuado em todos os níveis e o
gerenciamento adequado do processo de implantação.

2.2 Pesquisa operacional e os métodos multicritério de apoio à decisão


O segmento da ciência administrativa que fornece instrumentos para tomada de decisão
denomina-se Pesquisa Operacional, a qual foi utilizada pela primeira vez na Segunda Guerra
Mundial, quando equipes de pesquisadores buscavam o desenvolvimento de métodos que
sanassem os problemas das operações militares. Com o bom desempenho desses métodos, os
âmbitos acadêmico e empresarial passaram a utilizar tais técnicas criadas para solucionar
problemas de administração (ANDRADE, 2009).

Uma das explicações para o sucesso da pesquisa operacional no âmbito empresarial reside na
objetividade das técnicas que conformam seu arcabouço metodológico, instrumentalizadas na
prática por meio de modelos que tem a potencialidade de traduzir, de forma clara, objetiva e
estruturada, as situações problemáticas vivenciadas no dia a dia organizacional
(LONGARAY, 2013). É uma ferramenta com um grande potencial gerencial, pois possibilita
o fornecimento de informações essenciais aos gestores capazes de auxiliar nas tarefas de
planejar, organizar, executar, controlar e tomar decisões com mais eficiência e clareza. Sua
utilização tem sido estendida à: indústrias, indústria militar, economia, engenharia de
produção e civil, governos, hospitais, entre outros.

Para Santos et al. (2016) a Pesquisa Operacional atua em cinco grandes áreas que se inter-
relacionam, conforme a Figura 2.

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Figura 2 − Áreas da Pesquisa Operacional

Fonte: Adaptado de Santos et al (2016)

Quando uma decisão envolve critérios diferentes, algunscom juízo de valor e, logo,
subjetividade, interesses diferentes, algumas vezes conflitantes, várias alternativas de solução
e o dever de se obter uma solução de consenso, usam-se os métodos de decisão multicritério
(MultiCriteriaDecision Making – MCDM) (YU, 2011).

Segundo Gomes (2002) a análise multicritério consiste em um conjunto de técnicas e métodos


para auxiliar as pessoas e as organizações a tomarem decisões, sob a influência de uma
multiplicidade de critérios. A aplicação de qualquer método de análise multicritério pressupõe
a necessidade de especificação anterior sobre qual objetivo o decisor pretende alcançar,

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quando se propõe comparar entre si, várias alternativas de decisão, recorrendo ao uso de
múltiplos critérios.

É importante destacar, que as ferramentas de apoio à decisão multicritério auxiliam na escolha


da melhor ou mais adequada decisão, todavia não substituem a função do decisor.

2.3 Analytichierarchyprocess (AHP)


O Método da Análise Hierárquica (AHP) foi desenvolvido pelo professor Thomas L. Saaty,
em meados da década de 1970. É uma metodologia de Auxílio Multicritério à Decisão
(AMD), cujo objetivo é a seleção de alternativas num processo que leva em consideração
diferentes critérios de avaliação (COSTA, 2006). O tema vem evoluindo e possui uma
diversidade de contribuições em pesquisas pelo mundo.

O método AHP fundamenta-se na comparação de alternativas de escolhas paritárias, onde o


decisor realiza pares de comparações relativas a duas alternativas da estrutura de decisão,
questionando-se qual elemento satisfaz mais e quanto mais com objetivo de fornecer uma pré
ordenação que expresse as posições referentes destas classes à luz de determinados critérios
(ABREU e CAMPOS, 2007). Vale ressaltar que o método não busca encontrar a solução
ótima, ele permite modelar o problema com base na experiência e preferências do decisor,
estabelecendo prioridades e julgamentos que levam a melhor decisão.

A primeira etapa do método AHP é a construção de hierarquias. São três níveis de decisão,
sendo que o primeiro nível indica o objetivo do problema, o segundo exibe os critérios que
servirão de base para avaliação das alternativas e no terceiro nível estão as alternativas para a
solução do problema, conforme a Figura 3

Figura 3 − Estrutura hierárquica básica

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Fonte: Saaty (1991)

De acordo com Saaty (1991), depois de definida a estrutura hierárquica de decisão, são
construídas as matrizes de comparação par a par, a partir dos julgamentos dos especialistas
apresentada na Tabela 1 e para atribuição dos pesos será utilizada uma escala de 1 a 9,
denominada Escala Fundamental de Saaty, como mostra a Tabela 2.

Tabela1 – Modelo matriz de comparação paritária

Critérios C1 C2 C3 C4 Prioridades
C1 1
C2 1
C3 1
C4 1
Total
Fonte: Saaty (1991)

Essas comparações são para obter os valores de importância ou prioridades entre os critérios,
ou seja, a proporção de domínio de um critério em relação ao outro. Observa-se que os
elementos da diagonal principal são iguais a 1, pois um elemento tem igual importância
quando comparado com ele próprio. Assim, a₁ ₁ = 1.

Tabela 2 − Escala fundamental de Saaty

Escala Avaliação Comentários


igual importância 1 Os dois critérios contribuem igualmente para os objetivos
Importância A experiência e o julgamento favorecem um critério
3
moderada levemente em relação ao outro

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A experiência e o julgamento favorecem um critério


Mais importante 5
levemente em relação ao outro
Um critério é fortemente favorecido em relação ao outro e
Muito importante 7
pode demonstrado na prática
Importância Um critério é favorecido em relação ao outro com o mais
9
extrema alto grau de certeza
Valores Quando se procura condições de compromisso entre duas
2, 4, 6 e 8
intermediários definições
Fonte: Saaty (1991)

Segundo Costa (2006), os dados desses julgamentos permitem o cálculo das Prioridades
médias locais, que tem como objetivo identificar as prioridades em cada nó de julgamento do
processo de decisão do problema. As Prioridades médias locais são as médias das linhas das
matrizes normalizadas e após calculadas, será possível verificar quais as alternativas
obtiveram as maiores prioridades de acordo com o critério julgado. Assim, a finalidade é
identificar um vetor de Prioridades global, que mantenha a prioridade associada a cada
alternativa em relação ao objetivo global. O cálculo da Prioridade global é obtido através da
média aritmética das linhas de cada um dos critérios.

Em seguida, é necessário fazer a verificação de consistência dos dados que é realizada através
do cálculo do maior autovalor da matriz (λMax). Este é encontrado a partir do somatório do
produto de cada elemento do vetor de prioridade pelo total da respectiva coluna da matriz
comparativa original(COSTA, 2006).Este valor é encontrado através da Equação 1.

Aw = λmáx.w(1)

Saaty (1991) propôso cálculo da razão de consistência dos julgamentos (RC) para confirmar
se a matriz pode ser considerada consistente. O RC é calculado com base no índice de
consistência (IC), que permite avaliar o grau de consistência da matriz de julgamentos
paritários e no índice de consistência aleatório (IA), que é obtido de forma randômica. O
cálculo da razão de consistência é representado pela Equação 2.

RC = IC/IA (2)

Onde,

IC = (λmáx – n) / (n-1); em queλmáx é o maior autovalor da matriz e “n” é a ordem da matriz;

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IA = Éum valor fixo baseadono número de critérios avaliados. Conforme a Tabela 3.

Tabela 3 − Índice de consistência aleatória (IA)


N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IA 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49
Fonte: Saaty (1991)

Para Saaty (1991), se o valor encontrado para a razão de consistência for menor ou igual a
0,1, então, a matriz de julgamentos é considerada consistente. Se for superior, as comparações
devem ser revisadas, pois podem existir inconsistências nos julgamentos.

O processo de decisão do AHP pode ser resumido em 3 etapas, constituídas em 6 passos


descritos a seguir:

1° Etapa: Construção da hierarquia

─ Estruturar a situação de decisão em uma hierarquia.

2° Etapa: Construção das matrizes de comparação paritárias

─ Construção da matriz de comparação onde o decisor estabelecerá suas preferências,


comparando par a par os elementos de um nível da hierarquia em relação ao nível
imediatamente superior;

─ Determinar o vetor de pesos para cada matriz de preferência relativa; e

─ Checar a consistências das preferências em função do valor da razão de consistência.

3° Etapa: Priorização das alternativas

─ Determinar a importância relativa de cada alternativa em relação ao objetivo maior; e

─ Classificação final, de acordo com os critérios pré-estabelecidos.

3. Proposta de solução

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A primeira etapa da aplicação do método AHP é a construção de hierarquias. Para elaborar a


árvore hierárquica do problema os proprietários da empresa fizeram um levantamento de
dados onde foram definidos os critérios a serem utilizados para a escolha do ERP. A seguir,
estão descritos os quatro critérios estabelecidos que serão mensurados e comparados na etapa
seguinte.

a)Custo aquisição: Critério utilizado para demonstrar o valor do dispêndio total que a
empresa terá ao implementar a alternativa escolhida. Outros fatores também estão incluídos,
tais como, equipamentos necessários, customização etc. Não se limita somente ao valor do
produto. Em resumo, expressa todos os custos referentes a implantação do sistema;

b)Manutenção: consiste nas atividades realizadas pelo fornecedor do software escolhido na


manutenção do sistema, para garantir o seu total funcionamento, além de possibilitar que a
empresa utilize a versão mais atual do sistema integrado. Essa manutenção incorre em custos
periódicos, que deve ser levado em consideração na escolha;

c)Tempo de implantação: É o tempo que leva entre a aquisição do software até a utilização
plena da ferramenta; e

d)Suporte: Esse critério busca analisar a qualidade do suporte oferecido. Será verificado a
duração do tempo na resolução dos problemas ou dúvidas e qual a tecnologia utilizada para
esse atendimento.

Em seguida, foi feita uma pesquisa de mercado onde foram decididos os sistemas integrados
que devem ser considerados. Assim, foram analisadas três alternativas à luz de quatro
critérios. A Tabela 4 apresenta uma breve descrição desses sistemas.

Tabela 4 − Descrição dos sistemas

Descrição dos sistemas


Auto Web Auto Certo Autoline

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Software especialista no
Software especialista no Software especialista no
setor automotivo, com
setor automotivo, setor automotivo, específico
reconhecido prestígio no
experiência há 5 anos no para pequenas empresas,
mercado, experiência há
mercado e atuando no atuando no estado do Rio de
15 anos e clientes em
estado do Rio de janeiro. janeiro.
vários locais do país.
Fonte: Autores (2019)

Diante disso, a Figura 4, apresenta o modelo estruturado de hierarquia do problema de acordo


com as opções de ERP e os critérios elencados pelos gestores da organização.

Figura 4 − Estrutura Hierárquica do problema

Fonte: Autores (2019)

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A modelagem matemática foi feita, no software Microsoft Excel, a partir da decomposição do


problema em uma hierarquia de critérios. A Tabela 5, em seguida, apresenta a matriz de
decisão do problema com os valores pesquisados para cada um dos critérios.

Tabela 5 − Matriz de decisão do problema

MATRIZ DE DECISÃO DO PROBLEMA


CUSTO (Aquisição) MANUTENÇÃO TEMPO IMPLANTAÇÃO SUPORTE
AUTO WEB 499,00 499,00 1,50 12
AUTO CERTO 600,00 270,00 0,50 8
AUTOLINE 650,00 140,00 1,00 12
1.749 909 3 32
Fonte: Autores (2019)

A seguir, foi feito a normalização dos valores apresentados na tabela matriz de decisão para
que todos os critérios tenham a mesma ordem de grandeza, resultando no somatório
ponderado de todos os critérios, conforme a Tabela 6.

Tabela 6 − Matriz de decisão do problema normalizada

MATRIZ DE DECISÃO NORMALIZADA


CUSTO (Aquisição) MANUTENÇÃO TEMPO IMPLANTAÇÃO SUPORTE
AUTO WEB 0,385 0,156 0,182 0,375
AUTO CERTO 0,320 0,288 0,545 0,250
AUTOLINE 0,295 0,556 0,273 0,375
1 1 1 1
Fonte: Autores (2019)

A etapa seguinte consiste na realização dos julgamentos entre os critérios de acordo com a
Escala fundamental de Saaty. Para isso foi desenvolvido um questionário, o qual requisitava
que os administradores da empresa com base no conhecimento do negócio julgassem suas
prioridades em relação aos critérios apresentados. Através dessa coleta de dados obteve-se a
matriz de comparação paritária dos critérios de avaliação, denominada matriz de ponderação.
O resultado dessa avaliação é visto na Tabela 7.

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Tabela 7 − Matriz de Ponderação


MATRIZ DE PONDERAÇÃO
CUSTO (Aquisição) MANUTENÇÃO TEMPO IMPLANTAÇÃO SUPORTE
CUSTO (Aquisição) 1 0,5 5,0 4,0
MANUTENÇÃO 2,0 1 7,0 4,0
TEMPO IMPLANTAÇÃO 0,2 0,1 1 0,3
SUPORTE 0,3 0,3 3,0 1
3,45 1,89 16,00 9,33
Fonte: Autores (2019)

É importante fazer a comparação entre os critérios, pois são eles que indicam qual é a melhor
opção segundo as preferências do decisor. A leitura da Tabela 7 aponta que:

─ A manutenção do sistema é 2 vezes mais importante que o custo de aquisição;

─ O custo de aquisição é 5 vezes mais importante que o tempo de implantação; e

─ A manutenção e o custo de aquisição são 4 vezes mais importantes que o suporte.

Logo após os julgamentos, foi calculado o quociente de consistência da matriz, que teve o
valor inferior a 0,1, ou seja, abaixo do limite estipulado, concluindo que os resultados
encontrados foram considerados consistentes.

A última etapa do AHP consiste na síntese de prioridades. Foi feito a normalização da matriz
de ponderação que consiste em dividir cada elemento da matriz pelo total de sua coluna. Em
seguida calcular o vetor prioridade que é obtido através do cálculo das médias das linhas da
matriz de ponderação normalizada. A Tabela 8 apresenta a matriz de ponderação normalizada
em conjunto com seu vetor prioridade.

Tabela 8 ─ Matriz de Ponderação e Vetor Prioridade

Fonte: Autores (2019)

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A partir deste resultado, é preciso multiplicar a matriz de decisão normalizada que se encontra
na Tabela 6 pelo vetor prioridade mostrado na Tabela 8, conforme a expressão a seguir:

Como resultado da multiplicação, temos o vetor prioridade das alternativas apresentada na


Tabela 9.

Tabela 9 − Vetor prioridade das Alternativas

VETOR PRIORIDADE DAS ALTERNATIVAS


Auto Web 0,259
Auto Certo 0,309
Autoline 0,433
Fonte: Autores (2019)

4. Resultados
Ao final da aplicação do AHP, de acordo com o conjunto de informações apresentadas pelos
gestores, a metodologia permitiu o ranqueamento dos softwares disponíveis e, como resultado
final, o sistema Autoline apresentou-se como o mais adequado, uma vez que reuniu um
conjunto de características qualificadoras determinantes para a sua escolha. A análise da razão
de consistência apontou um resultado dentro dos padrões estipulados, assegurando que as
informações são precisas e que as premissas do método foram respeitadas. Dessa forma, o
sistema Autoline foi o escolhido para ser o sistema de gestão da empresa,como pode ser
observado na classificação a seguir.

1° Lugar: Sistema Autoline (cardinalidade 0,433)

2° Lugar: Sistema Auto Certo (cardinalidade 0,309)

3° Lugar: Sistema Auto Web (cardinalidade 0,259)

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5. Considerações finais
A aplicação do método da análise hierárquica como ferramenta auxiliar na tomada de decisão
resultou na ordenação das alternativas disponíveis. Para isto, foi feito uma análise detalhada
dos critérios e subcritérios estabelecidos pelos administradores da organização, de acordo com
a estratégia da empresa. O resultado encontrado levou em consideração três potenciais
softwares previamente selecionados, quatro critérios principais e considerou para cada critério
um nível de preferência diferenciado, com base na escala fundamental de Saaty, que
funcionou como peso para diferenciar o grau de importância de cada um.

As comparações par a par podem constituir erros nos julgamentosdos decisores, Entretanto, o
método AHP possibilita a realização de um teste para a confirmação da consistência dos
valores atribuídos nessas comparações, o qual foi realizado e resultou em um grau de
consistência aceitável e de acordo com as premissas previstas no modelo, confirmando assim
a alternativa indicada.

Assim, pode se afirmar que a pesquisa realizada cumpriu o seu objetivo na medida em que
conseguiu selecionar um sistema ERP para uma revendedora de automóveis, por meio do
método AHP, conferindo maior transparência e robustez ao processo decisório.

REFERÊNCIAS

ABREU, A. O.; CAMPOS, R. O método AHP/ABC aplicado em uma indústria de serviços. In: XXVII Encontro
Nacional de Engenharia de Produção, 2007. Foz do Iguaçu – PR. Anais do Encontro Nacional de Engenharia
de Produção - ENEGEP, 2007.

ANDRADE, E. L. Introdução à Pesquisa Operacional: Métodos e modelos para análise de decisões. 4 ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2009.

CARVALHO, R. B. et al. Fatores-chave na implantação de ERPs: Estudo de um caso problemático em uma


média indústria. R. E. S. I., v. 8, n. 2, artigo 7, 2009.

CORRÊA, H.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção: MRP
II/ERP - conceitos, uso e implantação. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

COSTA, H. G. Auxílio multicritério à decisão: método AHP. Rio de Janeiro: ABEPRO, 2006.

GOMES, L. F. A. M.; GOMES, C. F. S.; ALMEIDA, A. T. Tomada de decisão gerencial: Enfoque


multicritério. São Paulo: Atlas, 2002.

LONGARAY, A. A. Introdução a Pesquisa Operacional. São Paulo: Saraiva, 2013.

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MÜLLER, H. S.; RAFALSKI, J. P. A otimização de processos em pequenas e médias empresas utilizando


sistemas ERP. R. de Administração da Faculdade Novo Milênio, v. 6, n. 1, 2013.

NIELSEN, J. L. CriticalSuccessFactors for Implementingan ERP System in a UniversityEnviroment: A


Case StudyfromtheAustralian HES. 2002. Dissertação (Mestrado) - FacultyofEngineeringanInformation
Technology, Griffith University.

OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 22 ed. São Paulo: Atlas,
2005.

SAATY, T. L. Método de Análise Hierárquica. São Paulo: McGrawn-Hill, 1991.

SANTOS, M. et al. Applicationof AHP Method in theformationof a Performance Indicator for


OperationalLevelProfessionals. InternationalJournalofDevelopmentResearch, v. 06, issue 12, 2016

VOLLMAN, E.T. et al. Sistemas de Planejamento & Controle da Produção para o gerenciamento da
Cadeia de Suprimentos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

Yu, A. S. O. Tomada de decisão nas organizações: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2011.

ZWICKER, R.; SOUZA, C.A. (2003). Sistemas ERP: conceituação, ciclo de vida e estudos de casos
comparados. In: SOUZA, C.A.; SACCOL, A.Z. (Org.). Sistemas ERP no Brasil: teoria e casos. São Paulo:
Atlas, 2003.

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