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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UM
SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO
EMPRESARIAL (ERP): ESTUDO DE
CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO
DE MINERAÇÃO
Kaique Osório Alves Neto Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ITAJUBA )
koanto@hotmail.com
THAIS RESENDE CASTRO CAMARGO (Universidade Federal
de São João Del Rei )
thaisresendecastro@gmail.com
Roberta Alves (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO
DEL REI )
robertalvess@hotmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar o processo de implantação do


ERP em uma empresa de mineração situada no estado de Minas
Gerais para evidenciar quais as principais vantagens e desvantagens
da sua implantação, bem como os resultados inicciais de sua
utilização. Como procedimento metodológico foi utilizado o método de
estudo de caso, com acompanhamento da implantação in loco. O
resultado demonstra que com a implantação do ERP, o ganho obtido
pela empresa, é perceptível não somente no que se refere a gestão de
informações e processos, mas também para mudanças organizacionais
que culminam em maiores eficiências técnicas e operacionais.

Palavras-chave: Gestão organizacional, ERP, Sistema Integrado de


Gestão
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“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

1. INTRODUÇÃO
O mercado globalizado ecada vez mais competitivo tem levado as empresas a constantes
mudanças e a necessidade de informações para tomada de decisões cada vez mais
rápidas(SANTOS, 2018). Segundo Cintra et al., (2012)devido ao contexto em que as
informações são solicitadas a todo instante, as organizações buscam apoio nos recursos da
Tecnologia da Informação (doravante TI), para que o processamento das informações ocorra
de maneira mais rápida, precisa e segura. Desta maneira, o desenho do sistema de controle
gerencial deve levar em consideração os recursos de TI disponíveis, bem como a capacidade e
disponibilidade da organização em investir nessa área.
Para acompanhar a crescente evolução tecnológica e aumentar a velocidade do fluxo das
informações, as organizações passaram a interligar seus departamentos, utilizando as redes de
computadores.Nesse sentido, o Enterprise Resource Planning (ERP) surge como um sistema
capaz de gerenciar todos os processos de uma organização, compartilhando uma base de
dados e integrando todas as áreas funcionais. Romeiro e Rodello(2016)afirmam que os
sistemas ERPs tornaram-se parte intrínseca e fundamental para as operações, principalmente,
das grandes corporações. No entanto, observa-se também que, os sistemas ERPs têm
modificado e beneficiado as pequenas e médias empresas (PMEs), apesar dos custos elevados
para implantação.
O objetivo deste trabalho é analisar o processo de implantação do ERP em uma empresa de
mineração de Minas Gerais, denominada neste trabalho de Mineração Alfa. Para tal buscou-se
conhecer o processo produtivo da Mineração Alfa e entender os fatores críticos que levaram a
empresa à implantação do ERP, verificar a metodologia de Implantação do ERP utilizada pela
Mineração Alfa e sua aderência com o descrito na literatura, levantar os obstáculos
encontrados no processo de Implantação do ERP e analisar os resultados. Por fim, foram
evidenciadas as principais vantagens e desvantagens da sua implantação, bem como os
resultados iniciais de sua utilização.

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
Lee et al., (2014)definem o ERP como “uma arquitetura de software que facilita o fluxo de
informações entre todas as atividades da empresa como fabricação, logística, finanças e
recursos humanos.” É um sistema amplo de soluções e informações. Um banco de dados
único, operando em uma plataforma comum que interage com um conjunto integrado de
aplicações, consolidando todas as operações do negócio em um simples ambiente

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computacional (LAUDON E LAUDON, 2013).Com um banco de dados


unificado possibilita a integração direta entre departamentos e ferramentas, possibilitando a
tomada de decisões mais rápida e com maior confiabilidade, fornecendo vantagem
competitiva no mercado(SLACK et al. 2015). Esses softwares são ferramentas altamente
robustas e podem trazer grandes benefícios para empresas, porém possuem um alto custo de
implantação(OLIVEIRA E VASCONCELLOS, 2015).
Lustosa e Mesquita, (2008)afirma que o processo de implantação de um ERP pode ser
desmembrado em cinco principais etapas, sendo elas:
ETAPA 1- Identificação das atividades e particularidades
Nesta etapa são estudados os fluxos dos processos e as características dos sistemas
legados (que estão em uso). Também é feito um levantamento de quais as atividades e
particularidades não podem ser atendidas pelo ERP e que precisarão de customização. Caso
seja definido que será utilizada uma consultoria especializada em implantação de ERP, a
empresa integradora (empresa que prestará a consultoria) deverá participar de todos os
levantamentos desta etapa, pois é imprescindível que ela tenha conhecimento de todos os
processos e atividades. Esta consultoria pode ser fornecida diretamente pelo fornecedor do
ERP ou pode ser uma empresa terceirizada. A empresa a ser integrada deve neste momento
estar com a equipe interna que trabalhará com a implementação e ficará responsável pela
difusão do conhecimento do ERP já definida.
ETAPA 2- Planejamento da Implantação
Neste momento é feito todo o cronograma da implantação, com determinação clara
dos prazos e responsáveis por cada atividade. Também é feito o planejamento da migração
dos dados para o ERP.Definem-se todos os cadastros necessários, as parametrizações e
customizações que deverão ser feitas.
ETAPA 3 - Execução da Pré-implantação
Aqui são desenvolvidas, testadas e liberadas para uso todas as customizações
realizadas para atendimento das necessidades específicas da empresa. Também é
desenvolvida a integração dos sistemas, programas e/ou aplicativos que permanecerão em
uso. É feito também o carregamento dos dados iniciais no sistema (banco de dados migrados,
saldos iniciais, etc.). São feitos testes das rotinas para localizar e corrigir, se necessário, erros
eventuais. Também é avaliado o nível de aderência entre o ERP e a realidade dos processos, a
fim de aproximar o máximo possível o ERP e os usuários. Por fim,todos os processos e
rotinas do ERP são documentados em procedimentos e todos os usuários são treinados.

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ETAPA 4 - Processamento paralelo da operação


Nesta etapa o ERP já pronto para funcionamento e é feito o seu uso em paralelo com
os controles atuais. Neste momento eventuais dúvidas que tiverem ficado da fase de
treinamento serão sanadas e é possível ainda fazer pequenos ajustes no ERP. Assim que o
ERP e os controles legados estiverem apresentando os mesmos resultados, passa-se à próxima
fase.
ETAPA 5 - Aderência final e término da Implantação
Nesta última etapa encerra-se o uso dos controles usados anteriormente e o ERP passa
a atuar por completo. Neste momento, espera-se que não haja mais dúvidas entre os usuários
treinados e que também não seja mais necessário ajuste no ERP. A partir deste ponto os
usuários do sistema passam a utilizar o suporte do fornecedor do sistema. Haverá,
eventualmente, necessidades de trabalhos de melhorias, desenvolvimento de novas rotinas ou
até mesmo migração de versões do ERP. Essas necessidades esporádicas podem ser
absorvidas internamente pelo setor de TI ou podem ser encaminhadas novamente para
consultorias externas de acordo com a avaliação da empresa. É esperado que um sistema ERP
gere constante necessidade de evoluções, manutenções e adequações para que se mantenha
aderente aos processos da organização ao longo de sua vida útil.
Jannuzzi et al., (2014), Mannini e Prado, (2018) e Silva et al., (2018) ao realizarem
estudos sobre a implantação de sistemas ERP, como o Logix e o Prothes da fornecedora
TOTVS, seguindo passos semelhantes ao de Lustosa e Mesquita, (2008) demonstram
resultados satisfatórios como: melhorias nos procedimentos operacionais, na qualidade e no
tempo de respostas às atividades, diminuição de retrabalho, otimização de processos, recursos
e mão-de-obra, rápido retorno do valor investido na implantação.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA
O presente trabalho é classificado de acordo com Cervo e Bervian, (2007)quanto à sua
natureza como aplicado, pois possui interesse prático, propondo a disseminação do
conhecimento e resultados obtidos na implantação e utilização de um software ERP, com a
intenção de auxiliar organizações que estejam avaliando a viabilidade da implantação e
utilização desta ferramenta.
Segundo Gil, (2008)quanto ao objetivo esta pesquisa está classificada como exploratória, pois
é um estudo focado no conhecimento do método utilizado para a implantação de um ERP, nos
obstáculos enfrentados durante este processo e nos resultados obtidos por este projeto.Com

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relação à abordagem da situação problema, a pesquisa está classificada como


qualitativa, pois trata-se de um trabalho descritivo, onde os dados coletados foram extraídos
do ambiente natural e analisados indutivamente. O procedimento técnico utilizado foi o
estudo de caso, onde foi realizado um estudo aprofundado e específico do processo de
implantação de um ERP.

3.1 Coleta de dados e etapas


A coleta de dados e informações para o desenvolvimento deste trabalho se deu por meio de
observações sistemáticas in loco através da participação direta no processo de implantação do
ERP, acompanhamento das atividades antes e depois da utilização do software, análise de
percepção com relação à metodologia utilizada e pesquisa no banco de dados da empresa
estudada.
As etapas da pesquisa estão esquematizadas e representadas conforme Figura 2.
Figura 1- Etapas de pesquisa

3.2Apresentação da empresa e coleta de dados


A Empresa estudada, aqui denominada como “Mineração Alfa”, foi oficialmente fundada em
15 de outubro de 1945e possui duas unidades no Brasil, sendo uma na cidade de São João
Del-Rei - MG, composta pela unidade fabril e uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica) e a
outra unidade a Mineração Alfa, situada no município de Nazareno-MG, onde foi realizado o
estudo descrito neste trabalho.
As atuais atividades da Mineração Alfa consistem na produção de Concentrado de tântalo
(principal produto), e ainda Estanho em lingotes e Feldspato (subprodutos do processo

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produtivo do tântalo). Atualmente a Mineração Alfa possui jazida de


pegmatito (matéria prima) suficiente para a manutenção do negócio para além de 2047
(considerando os atuais níveis de produção), com capacidade produtiva de aproximadamente
300.000 libras de tântalo, 75.000 Kg de Estanho e 150.000 toneladas de Feldspato por ano.
Até o momento do início do projeto, os controles operacionais da produção eram feitos em
planilhas de Excel, que ficavam abertas a modificação a todos os funcionários e sem controle
de atualização, o que causava grandes problemas, como por exemplo, a modificação de dados
sem responsabilidade, a perda de informações importantes e até mesmo de arquivos inteiros.
Além disso, todas as informações complementares tinham que ser alimentadas manualmente,
como por exemplo, análises químicas que eram gerenciadas em um programa isolado.Outro
problema muito comum, antes da utilização do ERP, era a falta de padronização dos arquivos
entre os setores, o que gerava dificuldade na localização das informações. Ainda existia o
receio da confiabilidade dos dados arquivados em Excel, já que o rastreamento da informação
ficava comprometido devido à facilidade de manipulação das informações ali registradas.
E assim como em Botelho (2005), os fatores descritos levaram a empresa à conclusão de que
um software ERP seria a ferramenta ideal para sanar esses problemas.A implantação do
sistema na empresa estudada se deu módulo a módulo, o que possibilitou que a empresa fosse
se preparando e absorvendo o impacto de forma a minimizar os transtornos ocasionados pela
mudança.

3.3 O processo de implantação


Foi determinado pela empresa que a implantação módulo à módulo, a fim de minimizar os
possíveis transtornos ocasionados pela mudança. Os principais objetivos corporativos que se
desejava alcançar com a implantação do ERP eram:
 Eliminar retrabalhos ou redundância de atividades, minimizando a
possibilidade de erro humano;
 Eliminar processos manuais e dar agilidade à execução das tarefas;
 Padronizar e gerenciar os procedimentos operacionais, para conferir qualidade
e aumentar a produtividade dos serviços e atividades dos colaboradores;
 Possibilitar maior rapidez e segurança nas tomadas de decisão através do
fornecimento de informações e relatórios rápidos e precisos;
 Melhorar o tempo de resposta junto aos setores, clientes e fornecedores;

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 Auxiliar a empresa na gestão das mudanças de legislação,


principalmente referentes aos departamentos de RH, Fiscal e Segurança do
Trabalho.
O projeto de migração foi iniciado em 2013 e até 2018, data da realização deste trabalho, a
empresa já possuía onze módulos instalados como demonstrado na Tabela 1. Esses módulos
atendem a oito departamentos. Um programa e um aplicativo já foram integrados ao sistema
juntamente o departamento de produção. O sistema também já está preparado para interagir
diretamente com o “eSocial” um programa do Governo Federal que pretende unificar o envio
de informações trabalhistas do empregador com relação aos seus empregados.
Tabela 1 - Panorama da Implantação do EPR até Abril/2018

Departamento Módulo Situação


Estoque / Custos Integrado
Suprimentos
Compras Integrado
Financeiro Integrado
Financeiro Contabilidade Integrado
Ativo Fixo Integrado
Medicina do Trabalho Integrado
SSMA
Não conformidades Integrado
RH RH Integrado
Manutenção Manutenção de Ativos Integrado
Qualidade Inspeção de Processos (Laboratório) Integrado
PCP Planejamento e Controle da Produção Integrado
Produção Planejamento e Controle da Produção Integrado Parcialmente

No início do projeto foram adquiridas 20 licenças de uso no valor de


aproximadamente R$7.000,00 cada, o que totalizou o valor de R$140.000,00. Com o avançar
do projeto foram sendo adquiridas mais licenças de acordo com o crescimento da demanda.
Além deste custo, a empresa tem o gasto fixo de aproximadamente R$15.000,00 com a
TOSTV por mês que dá direito à manutenção e evolução técnica de todos os módulos do
ERP.
Não foi necessária a aquisição Hardware, visto que a empresa já possuía no início do projeto
uma infraestrutura satisfatória. O servidor utilizado para hospedagem do ERP é compartilhado
com a unidade de São João del-Rei - MG, que já possuía o ERP e o servidor.

4.2Construção do método de Implantação

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Na Mineração Alfa, foi feito um Brainstorming, reunindo profissionais da


unidade sanjoanense e da Mineração Alfa. Nesta reunião foram discutidos metodologia
utilizada napara implantação do ERP na primeira unidade, seus pontos positivos e os
obstáculos encontrados.Esse Know-how e troca de experiência entre as unidades contribuíram
para a criação de um roteiro de implantação, adequado à experiência da organização e mais
aderente às políticas e a cultura do grupo. O mesmo foi aplicado sistemática e
sequencialmente em cada um dos setores da empresa durante o processo demigração para o
ERP.
A seguir são descritasa sequência dos passos utilizados na implantação do Protheus na
Mineração Alfa:
ETAPA 1 - Definição da equipe de trabalho:Para cada setor foram formadas
equipes compostas, geralmente, pelo Coordenador de TI (responsável pelo projeto), pelo
Coordenador da área, por um analista de TI (responsável pelas customizações e integrações
no sistema) e por um Key-user do setor (usuários chaves, especialistas nos processos do seu
setor).
ETAPA 2 - Desenho do fluxo das atividades: Nesta etapaocorreram reuniões entre o
Key-user e o analista de TI para determinação dos fluxos de informações e operações, bem
como a listagem de todas as interações entre o setor que estava sendo migrado e os demais
setores da empresa.Realizado o levantamento, foi feita uma reunião com os coordenadores
para apresentação, discussão e aprovação da proposta do fluxo para o ERP e definido o
cronograma para a conclusão da implantação em cada setor.
ETAPA 3 - Desenvolvimento do fluxo na base teste: Nesta etapa o analista de TI
ficou responsável pelo desenvolvimento das rotinas aprovadas no fluxo dentro do sistema e,
quando necessário, de realizar customizações de telas e de matrizes de dados na base teste do
sistema.
ETAPA 4 – Testes: Nesta fase, a rotina de lançamentos e operações na base teste foi
passada ao Key-serpelo analista de TI para verificação do comportamento do ERP com
relação à nova rotina. Quando necessário, foram realizadas mudanças pelo analista de TI e
depois feitos novos testes até que a rotina estivesse totalmente adequada ao departamento. Por
fim,essas rotinas foram compiladas para a base oficial e entraram em operação. Até o fim do
processo todas as rotinas foram alimentadas duplamente, no ERP que estava em teste e nos
sistemas e planilhas que estavam em operação na empresa, para garantir a aderência de
resultados e informaçõesentre oERP e o sistema em uso.

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ETAPA 5 - Inclusão de softwares de apoio à rotina:Caso o setor


necessitasse da inclusão de um software específico para complementação das atividades do
ERP, neste momento o TI faria essa integração e realizaria os testes na base teste do Protheus.
Após a consolidação da integração do sistema/programa com o ERP passava-se para a fase de
treinamento.
ETAPA 6 - Treinamento dos usuários finais:Após a conclusão do desenvolvimento
da rotina, o Key-user era responsável por disseminar o conhecimento e a importância da
mudança entre os colaboradores do setor que utilizariam o sistema. Cada dúvida surgida era
reportada ao Key-user, ponte entre o usuário final e o setor de TI. O mesmo também era o
responsável por checar os lançamentos e garantir a qualidade da informação inclusa no ERP,
além de confeccionar os procedimentos de operação do ERP do setor. Nesta fase foi realizado
o levantamento dos relatórios necessários para o controle do setor, visando a inutilizarão de
outros controles sobressalentes para que não houvesse retrabalho e visando a eficiência total
do software.
ETAPA 7 - Desenvolvimento de relatórios: Após a consolidação dos dados no ERP
o analista de TI desenvolveu os relatórios solicitados para cada setor. Com a entrega dos
relatórios, todas as necessidades de controles de rotina estavam supridas dentro do ERP, não
havendo assim a necessidade de uso de outros programas não integrados com o Protheus.
ETAPA 8 - Desenvolvimento contínuo:É comum que o uso permanente do ERP gere
a necessidade de adaptações e mudanças em virtude de melhorias ocorridas nos setores e
processos, adaptações para atendimento de novas legislações, mudança de procedimentos, etc.
Foi estabelecido pela empresa que essa demanda deve partir de cada área para o setor de TI,
para que o mesmo auxilie o departamento em tais mudanças e atualizações.
Como pode ser notado o processo de implantação não foi realizado exatamente como descrito
por Lustosa (2008), conforme apresentado na sessão 2deste trabalho. Contudo os resultados
alcançados pela Mineração Alfa foram considerados altamente satisfatórios conforme serão
apresentados mais adiante. Isso sugere que uma implantação de ERP deve ser adaptada
conforme às particularidades e realidade de cada organização, não podendo somente seguir
padrões genéricos,caso esses não atendam às necessidades da empresa.
Na Figura 3temos uma correlação entre os passos descrito na literatura e os passos
aproximadamente equivalentes realizados na Mineração Alfa.
Figura 3 - Correlação entre Etapas de Implantação ERP Lustosa (2008) x MineraçãoAlfa

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Como pode ser observado a Mineração Alfa desenvolveu uma metodologia de implantação
mais detalhada, com etapas mais específicas. Na Mineração Alfa, houve uma grande
preocupação com a formação das equipes que fizeram a implantação em cada setor, sendo que
na literatura descrita por Lustosa (2008), este ponto não foi abordado.

4.4 Resultados
Mesmo que o processo de implantação do ERP ainda não tenha sido concluído até a data de
realização desta pesquisa, o Protheus já é considerado um projeto de sucesso pela empresa.
Em todos os setores é possível observar ganhos significativos com a implantação, embora
também fossem observadas algumas dificuldades, como já mencionado anteriormente.
Resumidamente, temos relacionados na Tabela 2, os principais ganhos obtidos em cada
departamento.
Tabela 2 - Relação dos ganhos alcançados em cada departamento.

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Setor Resultados
Simplificação do Inventário Físico anual
Evolução e automatização do processo de aprovação de Solicitações de
Compras

Suprimentos FollowUp de informação da situação do Processo de compra ao solicitante

Implantação do recurso de Ressuprimento automático.


Controle simplificado de custos e consumo de almoxarifado pelos gestores
de cada Centro de Custo
Atualização automática das mudanças na Legislação Fiscal
Arquivo digital de todos os documentos fiscais e contábeis
Vínculo do processo de emissão e recebimento de Notas Fiscais direto
Financeiro
com o sistema
Fechamento de Produção automático e emitido direto através das Ordens
de Produção
PCP Previsão de demanda vinculada direto ao Plano de Produção
Automatização do controle e validade do documento ASO (Atestado de
SSMA saúde Ocupacional)
Gerenciamento de Não conformidades e riscos

Simplificação do controle e gerenciamento de Folha de Pagamentos


RH
Controle eficiente de férias
Maior controle do Custo com Pessoal
Criação de novos controles e indicadores
Controle das atividades por mantenedor
Manutenção de Ativos Rateio eficiente dos Custos com manutenção
Controle de manutenções preventivas nos equipamentos
Aumento da Disponibilidade Física das Plantas
Importação automática dos resultados de análise
Interação e vínculo dos resultados de análise diretamente com a Ordem de
Laboratório produção correspondente à amostra lida

Automatização da emissão da etiqueta de identificação das amostras

Gestão online de estoque, consumo e volume produzido


Integração com o módulo de laboratório permitindo o acompanhamento da
Produção eficiência instantaneamente

Fechamentos de Produção mais rápidos, eficientes e confiáveis

4.3Desafios e Obstáculosencontrados
No caso da Mineração Alfa, a questão cultural causou relevante preocupação.Inicialmente foi
observado principalmente entre os operadores mais experientes (com muitos anos de empresa)
do setor de produção, a existência de certa resistência com relação à mudança.Por estarem
muito acostumados a interface do Excel, consideravam mesmo sem nenhum contato prévio

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com o sistema, que o ERP seria de difícil utilização. Esses funcionários não
entendiam a necessidade da mudança, pois segundo eles “tudo estava funcionando bem”.
Para conseguir o convencimento e não a imposição desta parte da equipe foram, feitas muitas
reuniões com os funcionários para mostrar todos os ganhos que seriam alcançados através
desta implantação. Além disso, foram feitos treinamentos individuais com os que
apresentavam maiores dificuldades.
Depois de superado este momento inicial de insegurança o ERP foi aceito por toda a equipe e
os funcionários passaram a o enxergar como um aliado, pois perceberam que ele facilitou as
rotinas de lançamentos.
Outra estratégia também muito importante durante a implantação foi a formação de uma
equipe de Key-Users. Estes são os colaboradores chaves de cada setor da empresa, que além
de serem profundos conhecedores dos processos possuíam posição de liderança (formadores
de opinião) entre os demais colaboradores do seu setor. Essas pessoas formaram uma equipe
multidisciplinar que trabalhou em conjunto durante toda implantação estudando os impactos
de cada módulo para que o programa se tornasse altamente interativo entre os setores.
Facilitando assim, a comunicação e intercâmbio de informações dentre toda a empresa.Na
Tabela 1 podemos observar a relação de departamentos, seus setores, módulos e suas rotinas.
Tabela 1 - Relação entre Departamento, Setor e Rotinas.

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Departamento Setor Módulo Função (Rotinas)

Gerenciamento de estoques de matéria prima,


Estoque
Estoque / Custos matérias de almoxarifado e consumo de
(Almoxarifado)
insumos.

Suprimentos
Solicitações de compras e contratações de
Compras Compras
serviços terceirizados, débito direto, custos,
Gerenciamento de contrato, validades,
fornecedores, matriz de aprovação de
Contratos compras.
(Prestadores de Compras
Serviço)
Faz todo o controle financeiro em curto,
Financeiro Financeiro
médio e longo prazo.

Condiciona os gastos, controle de notas,


Financeiro Contabilidade Contabilidade
contas a pagar/receber
Ativo Fixo Ativo Fixo Gerencia os bens da organização

Faturamento Financeiro Faz o faturamento e emissão de notas fiscais


físicas e eletrônicas, auxilia a empresa quanto
às atualizações de leis tributárias, faz a
Fiscal Financeiro controladoria financeira.

Previsão de Gerencia as informações de consumo


PCP
demanda fornecidas pelos Clientes
PCP
Solicitação de venda ao estoque produzido
Vendas Contabilidade para emissão de Nota fiscal de saída e
controle financeiro
Gerenciamento de ASOs (Atestado de saúde
Medicina do Medicina do
ocupacional), arquivamento de exames
trabalho Trabalho
periódicos e atestados.
SSMA Gerenciamento de Riscos, gerenciamento de
Não Não
Inspeções de Segurança e informativos de não
conformidades conformidades
conformidades.

Não Aplicativo destinado a inspeções de


AlfaApp
conformidades Segurança e não-conformidades.
Gerenciamento de pessoal, folhas de
pagamento, ponto eletrônico, atendimento a
Folha de
RH RH leis trabalhistas, controle de férias, atestados,
Pagamentos
faltas, arquivo de documentos, como
avaliação de desempenho, contratos, etc
Ordens de Serviços, Planejamento e Controle
da Manutenção, Gestão de Manutenção
Preventiva, Corretiva, Preditivas, Inspeções,
Planejamento de Manutenção de
CheckLists, Empenho de Mao de Obra,
Manutenção Manutenções Ativos
ferramentas, recursos, insumos, Planejamento
de paradas, Controle de Back Log,
Indicadores
Solicitações de Manutenção de
Solicitação de Manutenção Corretiva
Manutenção Ativos

A implantação do sistema módulo a módulo minimizou os impactos das mudanças e


possibilitou que a empresa absorvesse as novas rotinas de forma mais organizada e tranquila.
Isso ajudou a dar tempo para a preparação e os setores tiveram como se organizar para receber
os módulos. Outro ponto positivo foi que a equipe de TI pôde participar ativamente da
implantação de cada um dos módulos e dar suporte a todos os eventuais problemas e
contratempos. Por outro lado, o projeto de implantação módulo a módulo acabou exigindo um

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tempo muito maior para a conclusão, visto que não se avançava para a
próxima área sem ter sido concluída a área anterior.

4. CONCLUSÃO
Com a realização deste estudo foi possível perceber que a metodologia utilizada pela
Mineração Alfa foi assertiva, e mais aprofundada do que a proposta pela literatura. Embora
não tenha sido suficiente para evitar problemas como a resistência por parte dos
colaboradores, atraso de cronogramas ou reestruturação de procedimentos e atividades.
Segundo opiniões de gestores e usuários, essa metodologia pode ser usada como uma forte
referência para a implantação de ERP em empresas com características semelhantes às da
empresa estudada.
Foi observado que nos setores que possuíam colaboradores mais comprometidos com o
objetivo da organização o resultado alcançado pelo ERP, foi melhor e mais rápido. Ao passo
que em setores onde foi encontrada maior resistência a mudança, o tempo de resposta do ERP
e os resultados alcançados demandaram mais tempo e um trabalho mais intenso por parte da
equipe de implantação.Isso comprova a importância de uma liderança firme e persuasiva,
trabalhando em prol da implantação do ERP em cada setor, papel este que deve ser
desempenhado pelos gestores com o apoio dos Key-Users.
Os objetivos corporativos, de acordo com a avaliação da equipe de implantação, foram
atendidos de maneira satisfatória, conferindo à empresa o suporte necessário para ás
atividades, promovendo à direção da empresa a confiabilidade e agilidade necessária para a
gestão do negócio.Foi observado também que em muitos setores foram possíveis melhorias
nos procedimentos, na qualidade e no tempo de respostas às atividades, diminuição de
retrabalho, otimização de processos, recursos e mão-de-obra.
O ganho com a implantação do ERP foi perceptível não somente no que se refere agestão de
informações e processos, como também fomentou mudanças organizacionais que geraram
maiores eficiências técnicas e operacionais.

REFERÊNCIAS:
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica - 6a Ed. 2007. 6a edição ed. [s.l.] Pearson, 2007.

CINTRA, R. F. et al. Impacto da implantação de um sistema de informação gerencial na gestão de contratos


públicos: o caso do hospital universitário de Dourados. Revista de Administração da Unimep, v. 10, n. 2, p.

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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

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