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-- Formação Pedagógica Inicial de Formadores --

MÓDULO 1. FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E


PERFIL
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Mod.DFRH.111/01
FICHA TÉCNICA

IDENTIFICAÇÃO DO CURSO:
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
VERSÃO: 02
DATA DA ÚLTIMA 18-10-2019
ATUALIZAÇÃO:

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ÍNDICE
FICHA TÉCNICA ......................................................................................................................................................3

ESTRUTURA DO MÓDULO .....................................................................................................................................5


INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................6

POLÍTICAS EUROPEIAS E NACIONAIS DE EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO.........................................................................8

O SISTEMA E O CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES .................................................................................12

PRINCIPAIS OFERTAS FORMATIVAS DISPONÍVEIS ................................................................................................18

CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...........................................................................22

LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................25

LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE DE FORMADOR ...................................................................28

PERFIL DO FORMADOR........................................................................................................................................30

CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES .................................................................................................33

TIPOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: INICIAL E CONTÍNUA................................................................................34

MODALIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................................................................36

MODALIDADES DE INTERVENÇÃO FORMATIVA...................................................................................................39

PROCESSOS DE RVCC E CENTROS QUALIFICA ......................................................................................................40

PRINCÍPIOS DA TEORIA DE APRENDIZAGEM ........................................................................................................43


PEDAGOGIA, ANDRAGOGIA, DIDÁTICA E PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM ........................................................48

PROCESSOS, ETAPAS E FATORES DA APRENDIZAGEM .........................................................................................51

CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E PERCURSOS DA APRENDIZAGEM ....................................................................54


FATORES COGNITIVOS DE APRENDIZAGEM (MEMÓRIA E ATENÇÃO) ..................................................................55

A APRENDIZAGEM DISRUPTIVA COMO METODOLOGIA DE FACILITAÇÃO ...........................................................56


ESPÍRITO EMPREENDEDOR NA FORMAÇÃO ........................................................................................................57

PEDAGOGIA DIFERENCIADA E DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ............................................................................59

DIFERENCIAR PORQUÊ? ......................................................................................................................................61

A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL) .....................................................62

PRINCÍPIOS DA CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA .......................................................................................................64

SÚMULA CONCLUSIVA ........................................................................................................................................65


BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................................66

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ESTRUTURA DO MÓDULO

Curso Formação Pedagógica Inicial de Formadores

Módulo Formador: Sistema, contextos e perfil

Carga horária 10 horas

Competências a adquirir Caracterizar os sistemas de qualificação com base nas finalidades, no


público-alvo, nas tecnologias utilizadas, no tipo e modalidade de
formação pretendida;

Identificar a legislação, nacional e comunitária, que regulamenta a


Formação Profissional;

Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de


formador;

Discriminar as competências exigíveis ao formador no sistema de


formação;

Identificar os conceitos, as principais teorias e os modelos explicativos


do processo de aprendizagem;

Identificar os principais fatores e as condições facilitadoras da


aprendizagem;

Desenvolver um espírito crítico, criativo e empreendedor.

Conteúdos gerais Submódulo 1.1. Formador: Contextos de Intervenção (6h)

Submódulo 1.2. Aprendizagem, Criatividade e Empreendedorismo (4h)

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INTRODUÇÃO

A formação profissional tem vindo a sofrer alterações estruturais e conteudísticas nos últimos anos,
lançando os formadores em redes formativas cada vez mais complexas e desafiantes. Neste sentido, o
enquadramento da atividade surge como uma exigência para os futuros formadores, nomeadamente
no que diz respeito a aspetos como os contextos de intervenção, os novos desafios da profissão, a
estruturação dos programas de formação e o desenvolvimento da formação por competências.

O presente manual insere-se no contexto da Formação Pedagógica Inicial de Formadores (FPIF) e


consiste na compilação de um conjunto de indicações teóricas e práticas que tem como finalidade
fornecer um itinerário pedagógico que se traduza numa formação estruturada e na consolidação de
aprendizagens através de um método ativo.

Considerando que o aproveitamento na FPIF certifica o indivíduo para o exercício profissional das
funções de formador, este primeiro módulo tem como objetivo familiarizar o formando com os
contextos onde poderá vir a desenvolver a sua formação, o enquadramento legal e princípios
deontológicos da profissão, as suas principais competências e responsabilidades e alguns conceitos
relacionados com a formação.

Numa primeira parte, referente ao submódulo 1.1. Formador: Contextos de Intervenção, objetiva-se
dotar os formandos dos conhecimentos legislativos subjacentes à formação, de modo a que tenham
consciência dos contextos e desafios da profissão. A segunda parte, que incide sobre o módulo 1.2.
Aprendizagem, Criatividade e Empreendedorismo, tem como propósito principal transmitir aos
formandos os conceitos de criatividade, empreendedorismo e aprendizagem diferenciada.

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SUBMÓDULO 1.1.

FORMADOR: CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO

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POLÍTICAS EUROPEIAS E NACIONAIS DE EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO

Num mundo cada vez mais globalizante, o capital intelectual tornou-se o foco de atenção das empresas,
assumindo-se como uma condição essencial para a consecução da competitividade organizacional na
economia contemporânea. Como consequência, hoje em dia a formação profissional é uma prática
organizacional proeminente, de modo a assegurar que as competências dos colaboradores vão de
encontro às necessidades da organização.

Neste cenário, o formador é um agente de mudança fundamental no desafio constante à aprendizagem


e atualização de conhecimentos, o que lhe exige uma atualização constante face às atuais práticas
formativas e aos contextos de intervenção.

Nos últimos anos, a educação/formação tem vindo a assumir um papel de relevo no âmbito das políticas
europeias, sobretudo desde o lançamento da Estratégia de Lisboa (2000) e do Programa “Educação e
Formação 2010” (EF 2010). A implementação da nova Estratégia Europa 2020 (que visa o crescimento
e o emprego) veio comprovar esse papel e solidificar os esforços empreendidos nesta área, resultando
na elaboração de objetivos e iniciativas comuns que integram todos os tipos de ensino e formação e
todas as etapas da aprendizagem ao longo da vida (ALV).

Com o objetivo de aumentar a eficácia da cooperação europeia encetada com o EF 2010, o Conselho
Europeu de 12 maio de 2009 definiu um quadro estratégico para o desenvolvimento dos sistemas de
educação e formação dos países da União Europeia (UE) até 2020 (EF 2020), estando previstos objetivos
e métodos comuns de trabalho para os Estados-Membros. A ALV constitui o princípio orientador deste
quadro estratégico, abrangendo a aprendizagem nos seus variados contextos (formal, não-formal e
informal) e níveis (não só os níveis que abrangem a educação pré-escolar e o ensino superior mas
também a educação e formação profissionais e a educação de adultos).

Numa breve síntese, os quatro objetivos estratégicos definidos para o período de 2010-2020 são os
seguintes (http://www.dges.mctes.pt):

• Tornar a ALV e a mobilidade uma realidade;


• Melhorar a qualidade e a eficácia da educação e da formação;
• Promover a igualdade, a coesão social e a cidadania ativa;
• Incentivar a criatividade e a inovação, incluindo o espírito empreendedor, a todos os níveis da
educação e da formação.

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A concretização destes objetivos será acompanhada por benchmarks1 europeus que preveem as
seguintes áreas:

• Educação pré-escolar: frequência de pelo menos 95% das crianças entre os 4 anos e a idade de
início do ensino primário obrigatório;

• Competências básicas: percentagem de alunos de 15 anos com fraco aproveitamento em


leitura, matemática e ciências inferior a 15%;

• Abandono precoce da educação e formação: percentagem de abandono inferior a 10%;

• Conclusão do ensino superior: percentagem de adultos de 30-34 anos com nível de ensino
superior de pelo menos 40%;

• Participação de adultos na ALV: pelo menos 15% de adultos entre os 25 e os 64 anos.

O desenvolvimento de uma Europa competitiva e global exige uma educação/formação de qualidade,


mediante o estabelecimento de objetivos comuns e a troca de boas práticas entre os países da UE
(apesar da liberdade de decisão de cada país sobre a sua própria política de educação/formação). Neste
contexto, o financiamento da UE promove programas (colocados sob o chapéu da Yes Europe desde
2013) que permitem aos cidadãos estudar, realizar ações de formação ou fazer voluntariado noutros
países, nomeadamente os seguintes:

• Leonardo Da Vinci (ações de formação profissional, estágios e projetos de cooperação entre


estabelecimentos de formação profissional e empresas);

• Erasmus (mobilidade de estudantes universitários);

• Grundtvig (apoio à educação para adultos, através de parcerias, redes e ações de mobilidade
transnacionais);

• Comenius (cooperação entre escolas e professores escolas através da Internet);

• Marie Curie (apoio à formação profissional e mobilidade de investigadores);

• Jean Monet (educação e formação à escala europeia).

Neste contexto, também importa referir os documentos Europass, que permitem apresentar as
competências e as qualificações num formato estandardizado, facilitando a procura de emprego fora
do país e o entendimento das qualificações obtidas pelos empregadores.

1 Indicadores e critérios de referência para o desempenho médio europeu.


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Alguns exemplos destes documentos incluem o modelo europeu do curriculum vitae (Europass CV), o
passaporte de línguas (Europass Language Passport), o registo de competências adquiridas noutros
países (Europass Mobility), o suplemento ao certificado de formação profissional (Europass Certificate
Supllement) e o suplemento ao diploma universitário (Europass Diploma Certificate).

Com o propósito de harmonizar e fazer convergir os sistemas de qualificações, existe um Quadro


Europeu de Qualificações para a ALV (Europass Qualifications Framework – EQF). O Quadro Europeu de
Qualificações (QEQ) define oito níveis de qualificação e cada nível é definido por um conjunto de
indicadores que especificam os resultados da aprendizagem, caracterizados em termos de
conhecimentos, aptidões e competências.

No âmbito das políticas europeias existem mais três documentos de relevo:

• O Quadro Europeu de Competências-Chave, que identifica oito competências que todas as


pessoas devem ter para alcançar o emprego, a realização pessoal, a inclusão social e a cidadania
ativa: comunicação na língua materna, comunicação em línguas estrangeiras, competências
matemáticas e competências básicas em ciência e tecnologia, competências digitais, aprender
a aprender, competências sociais e cívicas, sentido de iniciativa e empreendedorismo e
consciência e expressão cultural;

• Quadro de Garantia de Qualidade na Formação, através do European Quality Assurance


Reference Framework for Vocational Education and Training (EQAVET), que é um instrumento
destinado a promover e monitorizar o aperfeiçoamento contínuo dos sistemas de ensino e
formação profissional com base em referências comuns. O Cedefop (European Centre for the
Development of Vocational Training) é o organismo europeu dedicado à garantia de qualidade
na formação profissional;

• O Sistema Europeu de Créditos, mediante o European Credit System for Vocational Education
and Training (ECVET), que permite que se transfira créditos de um sistema de qualificação para
outro. No ensino superior, a transferência de aprendizagens entre diferentes instituições tem
como base o European Credit Transfer and Accumulation System (ECTS), que é o instrumento
central do Processo de Bolonha.

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No que se refere às políticas nacionais, os seus objetivos consistem em aproximar o padrão de
desenvolvimento português à média da UE, elevar o nível de qualificação da população e promover a
inserção no mercado de trabalho, destacando-se:

• O Sistema Educativo Português2;

• O Sistema Nacional de Qualificações (SNQ);

• O Quadro Estratégico Comum (QEC) 2014-2020;

• Os programas de apoio à investigação e as bolsas de mestrado, doutoramento e pós-


doutoramento;

• O plano tecnológico da educação.

2 Para
conhecer o Sistema Educativo Português, sugere-se a leitura do último relatório do Centro Europeu para o
Desenvolvimento da Formação Contínua (CEDEQP) sobre o Sistema de Educação e Formação e o último relatório sobre a
Educação e Formação em Portugal, criado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC).
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O SISTEMA E O CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

As exigências da economia do conhecimento e o défice de qualificações apresentado pelo mercado


laboral português levaram à criação do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ), através do Decreto-
Lei 396/2007 de 31 de dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro, que assume
o objetivo de aumentar o nível de qualificação da população portuguesa sob um novo enquadramento
institucional. Este sistema veio promover a reorganização da formação inserida no sistema educativo e
no mercado de trabalho, integrando-a num único sistema com objetivos e instrumentos comuns.

A estratégia de desenvolvimento do SNQ passa por assegurar o cumprimento de alguns objetivos, entre
eles:

• A generalização do ensino secundário como patamar mínimo de qualificação;

• A progressão escolar e profissional da população ativa;

• A aposta na dupla certificação e na diversificação de oportunidades de qualificação para jovens


e adultos;

• A flexibilização das ofertas de formação para os adultos e a valorização, reconhecimento e


certificação das competências adquiridas;

• A estruturação de uma oferta de formação (inicial e contínua) adequada às necessidades das


empresas e do mercado de trabalho;

• A promoção da coerência, transparência e comparabilidade das qualificações a nível nacional e


internacional.

No âmbito do SNQ foram criados o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ), o Catálogo Nacional de
Qualificações (CNQ) e a Caderneta Individual de Competências (CIC).

O QNQ (Portaria 782/2009, de 23 de julho) consiste num quadro de referência único que classifica todas
as qualificações do sistema educativo e formativo nacional com referência aos princípios do QEQ. O
QNQ adota os oito níveis de qualificação do QEQ, assim como os mesmos descritores e resultados de
aprendizagem, valorizando as aprendizagens adquiridas por vias formais, não-formais e informais e a
dupla certificação de nível secundário. O QNQ inclui o ensino básico, secundário e superior, a formação
profissional e os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC)
(obtidas por via não-formal e informal). Quanto à estrutura, que pode ser consultada em
www.catalogo.anqep.gov.pt/Home/QNQ, esta é a seguinte (Tabela 1):

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Tabela 1. Estrutura do QNQ.
NÍVEIS DE
QUALIFICAÇÕES
QUALIFICAÇÃO
Nível 1 2.º Ciclo do ensino básico
3.º Ciclo do ensino básico obtido no ensino básico ou por percursos
Nível 2
de dupla certificação
Ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de
Nível 3
nível superior
Ensino secundário obtido por percursos de dupla certificação ou
Nível 4 ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de
nível superior acrescido de estágio profissional – mínimo de 6 meses
Qualificação de nível pós-secundário não superior com créditos para
Nível 5
prosseguimento de estudos de nível superior
Nível 6 Licenciatura
Nível 7 Mestrado
Nível 8 Doutoramento

Fonte: Portaria nº782/2009, de 23 de julho.

No que diz respeito ao CNQ, que se encontra disponível em www.catalogo.anqep.gov.pt, este constitui-
se como um instrumento de gestão estratégica que integra as qualificações de nível não superior
(Portaria 781/2009 de 23 de julho), regulando as modalidades de educação e formação de dupla
certificação e promovendo a eficácia do financiamento público (regula o acesso aos fundos sociais
europeus para a educação e formação).

Os objetivos principais do CNQ são os seguintes:

• Promover a produção de qualificações e de competências críticas para a competitividade e


modernização da economia e para o desenvolvimento pessoal/social do indivíduo;

• Contribuir para o desenvolvimento de um quadro de qualificações legível e flexível que favoreça


a comparabilidade das qualificações de nível nacional e internacional;

• Promover a flexibilidade na obtenção da qualificação e na construção do percurso individual de


ALV;

• Facilitar o reconhecimento de qualificações;

• Melhorar a eficácia do financiamento público à formação.

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A organização do CNQ está em conformidade com a Classificação Nacional de Áreas de Educação e
Formação (CNAEF), com mais de 250 qualificações que incluem todos os setores de atividade e se
encontram distribuídas por 40 áreas de educação e formação que vão do nível 2 ao nível 5. A cada
qualificação corresponde um perfil profissional, um referencial de formação (plano de formação
estandardizado que discrimina as componentes de formação de base e tecnológica e está organizado
em unidades de formação de curta duração – UFCD de 25 e 50 horas capitalizáveis e certificáveis de
forma autónoma) e um referencial de competências profissionais (conjunto de instrumentos de
avaliação que devem ser usados nos processos de RVCC).

A conclusão de uma qualificação prevista no CNQ é comprovada por um diploma de qualificação que
reflete uma qualificação definida no QNQ. A conclusão das UFCD desenvolvidas com base nos
referenciais do CNQ que não permitam de imediato uma qualificação dão direito a um certificado de
qualificações.

O CNQ apresenta um mecanismo de consulta aberto, permanente e alargado a todas as entidades do


SNQ, permitindo a submissão de propostas de atualização que podem contemplar a integração de novas
qualificações, a revisão das qualificações existentes, a alteração ao perfil profissional, a alteração ao
referencial de formação e a extinção de qualificações.

As redes de entidades formadoras do SNQ são as seguintes (http://portal.iefp.pt):

• Centros Qualifica;

• Estabelecimentos de ensino básico e secundário do Ministério da Educação e Ciência (MEC);

• Centros de formação profissional e de reabilitação profissional de gestão direta e participada


do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP);

• Escolas profissionais;

• Estabelecimentos de ensino particular e cooperativo com paralelismo pedagógico;

• Entidades formadoras de outros ministérios;

• Entidades com estruturas formativas certificadas do sector privado.

A obtenção de qualificações pode ocorrer através da formação inserida no CNQ, do reconhecimento,


dos processos de RVCC e do reconhecimento de títulos adquiridos noutros países por parte da Agência
Nacional para a Qualificação (ANQ).

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Ainda a este nível, importa falar do Passaporte Qualifica, que veio substituir a Caderneta Individual de
Competências (CIC). Este é um instrumento tecnológico e registo das qualificações e competências
adquiridas ao longo da vida do adulto e de orientação para percursos de aprendizagem. Para registo e
acesso ao Passaporte Qualifica, deve-se consultar o seguinte link: h
ttps://www.passaportequalifica.gov.pt/cicLogin.xhtml.

Com base na capitalização dos resultados de aprendizagem já alcançados e das competências adquiridas
pelo adulto, o Passaporte Qualifica simula vários percursos de qualificação possíveis para a obtenção de
novas qualificações e/ou progressão escolar e profissional.

Considerando que o aumento do nível de qualificações é uma prioridade do SNQ, o Passaporte Qualifica
prioriza não só propostas de conclusão e/ou aumento da qualificação dos adultos como a qualificação
de dupla certificação.

De acordo com a Portaria 47/2017, o Passaporte Qualifica encontra-se disponível para:

• Os indivíduos, independentemente de possuírem ou não registos no SIGO e Caderneta


Individual de Competências, enquanto ferramenta de informação e de gestão do percurso
individual de aprendizagem ao longo da vida;

• Os Centros Qualifica, enquanto ferramenta de apoio à informação e orientação de adultos no


que se refere a percursos de qualificação;

• As entidades de educação e formação, enquanto ferramenta de apoio â dinamização e gestão


das suas ofertas, nomeadamente na adequação às necessidades dos seus públicos-alvo e
territórios de intervenção.

O acesso ao Passaporte Qualifica é feito através de duas áreas reservadas:

• Uma área pública para os utilizadores não autenticados, permitindo simular percursos de
educação e formação, já efetuados mas não registados no SIGO, ou percursos a efetuar;

• Uma área privada para os utilizadores autenticados com registos de competências na


plataforma SIGO (através da área provada). Nesta área, encontramos organizado o percurso de
educação e formação do adulto em metas de qualificação escolar, profissional ou de dupla
certificação.

O acesso à área privada é feito através de um código de registo disponibilizado apenas pelos Centros
Qualifica e entidades formadoras (estas últimas apenas no caso de já ter frequentado formação no
âmbito do SNQ).
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Figura 1. Passaporte Qualifica.

Como o Passaporte Qualifica substitui a anterior Caderneta Individual de Competências, as suas


funcionalidades mantêm-se. Toda a informação registada na CIC integra agora o Registo Individual de
Competências (RIC), que apresenta o registo detalhado das competências adquiridas e das formações
realizadas. O Passaporte inclui o RIC e enriquece-o com a dimensão de orientação para percursos de
qualificação.

Em conformidade com a legislação, no Passaporte Qualifica constam todas as formações e


competências registadas pelas entidades formadoras e pelos Centros Qualifica, na plataforma SIGO,
nomeadamente:

• Cursos de Educação e Formação de Adultos (Portaria 230/2008 de 7 de março, com redação


dada pela Portaria 283/2011 de 24 de outubro);

• Formações modulares (Portaria 230/2008 de 7 de março, com redação dada pela Portaria
283/2011 de 24 de outubro);

• Formação certificada não inserida no CNQ (Portaria 474/2010 de 8 de julho);

• Formação em competências básicas (Portaria 1100/2010 de 22 de outubro);

• Português para falantes de outras línguas (Portaria 1262/2009 de 15 de outubro);

• Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC);

• Outras vias de conclusão do ensino secundário de educação (Decreto-Lei 357/2007 de 29 de


outubro).

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Por fim, refira-se o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais. Segundo a Portaria
47/2017 de 1 de fevereiro, o desenvolvimento do sistema de créditos assenta em três dimensões
complementares:

• A atribuição de pontos de crédito às aprendizagens formalmente certificadas no âmbito do SNQ,


nomeadamente às qualificações que integram o CNQ e respetivas unidades;

• A acumulação e pontos de crédito relativos a essas aprendizagens;

• A transferência dos pontos de crédito obtidos no âmbito dos percursos formativos.

Prevê-se que os pontos de crédito sejam atribuídos às qualificações que integram o CNQ, de acordo
com o nível de qualificação definido no QNQ, considerando-se que um ano de educação e formação
profissional a tempo inteiro equivale a 60 pontos de crédito, em conformidade com o Sistema Europeu
de Créditos para o Ensino e Formação Profissionais (ECVET).

De acordo com a mesma portaria, os pontos de crédito são atribuídos às qualificações que integram o
CNQ, de acordo com o nível de qualificação definido no QNQ, nomeadamente:

• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 2 é de 120 (50 créditos para
a formação de base e 70 para a formação tecnológica)

• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 4 é de 180 (70 créditos para
a formação de base e 110 para a formação tecnológica);

• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 5 é de 90 (15 créditos para a
formação geral e 75 para a formação tecnológica).

A distribuição dos pontos de crédito das unidades de qualificação obedece ao seguinte:

• A cada unidade de formação de curta duração de 25 horas correspondem 2,25 pontos de


crédito;

• A cada unidade de formação de curta duração de 50 horas correspondem 4,50 pontos de


crédito.

O registo do percurso individual de qualificação e dos respetivos pontos de créditos obtidos integra o
Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO).

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PRINCIPAIS OFERTAS FORMATIVAS DISPONÍVEIS

As ofertas de formação profissional podem estar inseridas no sistema educativo ou no mercado de


trabalho.

O SISTEMA EDUCATIVO é regulamentado pela Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) (Lei 46/86 de
14 de outubro), organizando-se em três subsistemas: a educação pré-escolar (complementar à ação
educativa da família), a educação escolar (ensino básico, secundário e superior) e a educação
extraescolar (iniciativas de natureza formal e não-formal que incluem atividades de alfabetização e de
educação de base, atividades de aperfeiçoamento/atualização cultural e científica e atividades de
reconversão/aperfeiçoamento profissional).

A LBSE contempla ainda um conjunto de modalidades especiais de ensino, onde se destaca o ensino
recorrente, a formação profissional realizada nas escolas profissionais, a educação especial, o ensino a
distância e o ensino de português no estrangeiro.

Figura 2. Organização do Sistema Educativo Português (Fonte: http://euroguidance.gov.pt).

E ducação pré-escolar. A educação pré-escolar marca a entrada da criança no sistema educativo,


destinando-se a crianças entre os 3 e os 6 anos de idade (a partir desta idade entram no ensino
obrigatório). A educação pré-escolar é de frequência facultativa.

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Ensino básico: escolaridade obrigatória. O ensino básico é constituído por três níveis de escolaridade
(Tabela 1):

• 1.º Ciclo. Aquisição de competências básicas (monodocência).

• 2.º Ciclo. Organização em várias áreas do saber (pluridocência).

• 3.º Ciclo. Preparação para prosseguimento de estudos ou entrada na vida ativa (pluridocência).

Tabela 2. Níveis de escolaridade do ensino básico.


Níveis Anos de escolaridade Idade
1.º Ciclo 1.º ao 4.º 6 aos 10 anos
2.º Ciclo 5.º ao 6.º 10 aos 12 anos
3.º Ciclo 7.º ao 9.º 12 aos 15 anos

Ensino secundário. O ensino secundário dispõe de diferentes modalidades dependendo do objetivo:

• Cursos cientifico-humanísticos para prosseguir estudos no ensino superior (realização de


exames nacionais);

• Cursos tecnológicos para entrada no mercado de trabalho;

• Cursos artísticos especializados para entrada no mercado de trabalho;

• Cursos profissionais para entrada no mercado de trabalho, organizados por módulos de


diferentes áreas.

E nsino pós-secundário (não-superior). Neste contexto, encontramos os Cursos de Especialização


Tecnológica (CET), que permitem a entrada no mundo do trabalho ou a continuação para o ensino
superior (atribuição de créditos no ensino superior). A conclusão com aproveitamento confere um
diploma de especialização tecnológica (DET).

E nsino superior. O ensino superior estrutura-se de acordo com os princípios de Bolonha, estando o
acesso sujeito a numerus clausus. O acesso ocorre mediante um exame nacional ou específico para
maiores de 23 anos. Organiza-se em universidades e politécnicos, sendo atribuídos os graus de
licenciado, mestre e doutor.

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Entende-se por FORMAÇÃO PROFISSIONAL INSERIDA NO MERCADO DE TRABALHO a que é destinada
especificamente a ativos, por conta própria ou de outrem, podendo também ser destinada a candidatos
ao primeiro emprego. O objetivo principal é o exercício qualificado de uma atividade profissional. Esta
formação é promovida por empresas, associações empresariais, centros de formação e outras entidades
empregadoras ou formadoras.

No âmbito da formação profissional inserida no mercado de trabalho, podemos destacar as escolas


tecnológicas, as escolas de hotelaria e turismo e as escolas de saúde. As escolas tecnológicas têm o
objetivo de promover a formação inicial e a valorização dos quadros médios empresariais de setores
caracterizados pela tecnologia existente e proporcionar a requalificação dos técnicos já ativos e
contribuir, por essa via, para a inovação tecnológica. Estas escolas são privadas e contam com a
participação de associações empresariais e entidades com representação industrial. Existem oito escolas
tecnológicas em Portugal.

As catorze escolas de hotelaria e turismo existentes em Portugal procuram responder a dois desafios: a
qualificação de novos profissionais para a entrada no mercado de emprego e o aperfeiçoamento de
ativos.

No que diz respeito às escolas de saúde, a formação inicial na área da saúde é executada pelas escolas
superiores de enfermagem e de tecnologia da saúde, pelos hospitais e pelas escolas profissionais
tecnológicas. Existem igualmente escolas privadas que oferecem cursos de formação inicial conferindo
graus de licenciatura. A formação inicial dos profissionais de saúde está integrada ou no sistema de
ensino ou no mercado de trabalho. Nas escolas integradas no sistema de ensino, algumas têm dupla
tutela (Educação e Saúde) e incluem as escolas públicas que ministram os cursos de enfermagem e de
tecnologias da saúde. Ao nível da formação profissional ligada à aprendizagem (alternância), existem
cursos para ingresso na vida ativa como ajudantes de fisioterapia, assistentes de geriatria, assistente
familiar e técnico-adjunto de saúde.

Também podemos destacar a formação promovida pelo IEFP, que é o serviço público de emprego
nacional e tem como missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego,
através da execução das políticas ativas de emprego e formação profissional. As principais ofertas
formativas disponíveis podem ser consultadas na página oficial do IEFP (www.iefp.pt), de acordo com a
sua rede de centros.

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A oferta poderá ainda ser consultada na página do POCH (Programa Operacional Temático Capital
Humano - https://www.poch.portugal2020.pt), segundo os seus cinco eixos de intervenção prioritários:

• Promoção do sucesso educativo, do combate ao abandono escolar e reforço da qualificação


dos jovens para a empregabilidade;
• Reforço do ensino superior e da formação avançada;
• Aprendizagem, qualificação ao longo da vida e reforço da empregabilidade;
• Qualidade e inovação do sistema de educação e formação;
• Assistência técnica.

A formação contínua da administração pública é levada a cabo pelo Instituto Nacional de Administração
(INA) e pelo Centro de Estudos e Formação Autárquica (CEFA).

Para além das intervenções formativas promovidas pelas instituições públicas, há que destacar a
emergência de inúmeras iniciativas e de entidades privadas com atuações relevantes na formação inicial
e contínua. Podemos identificar como entidades igualmente formadoras as associações sindicais,
patronais e instituições de solidariedade social. Com os apoios dos quadros comunitários e do atual
POCH, um número crescente de empresas tem vindo a organizar ações de formação dirigidas aos seus
ativos, através de estruturas de formação próprias ou recorrendo a terceiros.

Refira-se também a existência de um conjunto diversificado de cursos de formação inicial homologados


por diferentes instituições. A homologação de cursos promove o reconhecimento da capacidade
técnico-pedagógica das entidades formadoras por instituições públicas, garantindo a qualidade dos
cursos que desenvolve e a sua adequação ao exercício de diferentes profissões. Os cursos de Formação
Pedagógica Inicial de Formadores (homologado pelo IEFP), de Técnico Superior de Segurança e Higiene
do Trabalho (homologado pela ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho) ou de Formação Inicial
de Maquinistas (homologados pelo IMTT) constituem alguns exemplos de cursos homologados e que
permitem o acesso a diversas profissões.

Ainda a este respeito, atente-se na publicação do Decreto-Lei nº 92/2011 de 27 de Julho, que veio
simplificar o acesso a várias profissões, mediante a eliminação da necessidade de obtenção de uma
carteira profissional para o desenvolvimento de atividades como cabeleireiro, massagista de estética,
manicuro, cozinheiro, pasteleiro, operador agrícola, técnico de eletrónica, entre outras. Pode, assim,
optar-se pela frequência de formação profissional em entidades certificadas.

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CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Na atualidade, a formação profissional assume um papel central perante desafios como a globalização,
o envelhecimento populacional, a utilização progressiva das novas tecnologias e a consequente
premência de aquisição e atualização de competências. O conceito de formação profissional refere-se
ao “conjunto de atividades que visam proporcionar a aquisição de conhecimentos, capacidades práticas,
atitudes e formas de comportamento exigidas ao bom desempenho de uma determinada profissão ou
grupo de profissões num determinado contexto de organização produtiva económica e social”
(www.dgert.mtss.gov.pt/).

A aposta na formação profissional decorre da necessidade de investimento no capital humano e conduz


à estruturação e competitividade do mercado de trabalho e da economia. Ao permitir que os indivíduos
adquiram/adotem competências, atitudes e comportamentos adequados ao bom desempenho
profissional, a formação assume um papel decisivo na transição para uma sociedade e economia
baseadas no conhecimento. A formação profissional exige, deste modo, que as competências a adquirir
ou desenvolver através de uma intervenção formativa correspondam às funções que o indivíduo
desempenha ou pode vir a desempenhar.

A formação profissional pode, assim, assumir diversas formas e visar diversas finalidades, entre elas:

• A integração e realização socioprofissional dos formandos;

• A adequação do trabalhador ao posto de trabalho;

• A promoção da igualdade de oportunidades no acesso à profissão;

• A modernização e desenvolvimento integrado das organizações, da sociedade e da economia;

• O fomento da criatividade, da inovação e do espírito de iniciativa e capacidade de


relacionamento.

A formação tem uma terminologia própria, pelo que é importante reter alguns conceitos (h
ttp://certifica.dgert.msess.pt/):

• ACÇÃO DE FORMAÇÃO. Atividade concreta de formação que visa atingir objetivos de formação
previamente definidos;

• APRENDIZAGEM. Processo mediante o qual se adquirem conhecimentos, aptidões e atitudes,


no âmbito do sistema educativo, de formação e da vida profissional e pessoal;

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• ÁREA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO. Conjunto de programas de educação e formação agrupados
em função da semelhança dos seus conteúdos principais (CNAEF, de acordo com a Portaria
256/2005 de 16 de março);

• COMPETÊNCIA. Capacidade reconhecida para mobilizar os conhecimentos, as aptidões e as


atitudes em contextos de trabalho, de desenvolvimento profissional, de educação e de
desenvolvimento pessoal;

• DUPLA CERTIFICAÇÃO. Reconhecimento de competências para exercer uma ou mais atividades


profissionais e de uma habilitação escolar, através de diploma;

• ENTIDADE FORMADORA CERTIFICADA. Entidade com personalidade jurídica, dotada de recursos


e capacidade técnica e organizativa para desenvolver processos associados à formação, objeto
de avaliação e reconhecimento oficiais de acordo com o referencial de qualidade estabelecido
para o efeito;

• FORMAÇÃO INICIAL. Atividade de educação e formação certificada que visa a aquisição de


saberes, competências e capacidades indispensáveis para poder iniciar o exercício qualificado
de uma ou mais atividades profissionais;

• FORMAÇÃO CERTIFICADA. Formação desenvolvida por entidade formadora certificada para o


efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos ministérios competentes;

• FORMAÇÃO CONTÍNUA. Atividade de educação e formação empreendida após a saída do


sistema de ensino ou após o ingresso no mercado de trabalho que permita ao indivíduo
aprofundar competências profissionais e relacionais, tendo em vista o exercício de uma ou mais
atividades profissionais, uma melhor adaptação às mutações tecnológicas e organizacionais e o
reforço da sua empregabilidade.

• FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO. Modos de operacionalização da formação,


determinados pela utilização integrada de itinerários de aprendizagem, metodologias e
tecnologias pedagógicas adequados à natureza dos objetivos a atingir; consideram-se neste
descritor as formações presencial, em alternância, a distância, em contexto de trabalho/“on job
training”, a formação assistida por computador e a formação-ação;

• MODALIDADE DE FORMAÇÃO. Organização da formação definida em função em função de


características específicas, nomeadamente objetivos, destinatários, estrutura curricular,
metodologia e duração;

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• PLANEAMENTO DA FORMAÇÃO. Atividade que consiste em ordenar e estruturar as tarefas a
desenvolver, de modo a que se alcancem os objetivos previamente fixados para a formação,
sendo um processo de organização baseado na resposta a questões como: o quê, quem, como,
onde, porquê, para quê, quando;

• RECURSOS TÉCNICO-PEDAGÓGICOS. Todo e qualquer conteúdo de informação e conhecimento,


disponível em suporte físico, em formato digital ou configurando um objeto tecnológico,
subordinável a objetivos de formação, podendo ser explorado em contexto específico de
aprendizagem e com valor para o reforço ou desenvolvimento de competências específicas de
determinada população-alvo;

• RECONHECIMENTO, VALIDAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS. Processo que permite ao


indivíduo com, pelo menos, 18 anos de idade o reconhecimento, a validação e a certificação de
competências adquiridas e desenvolvidas ao longo da vida;

• REFERENCIAL DE FORMAÇÃO. Conjunto da informação que orienta a organização e


desenvolvimento da formação, em função do perfil profissional ou do referencial de
competências associado, referenciada no CNQ.

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LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Principais diplomas legais aplicados à formação geral

Ao nível da legislação nacional aplicada à formação na sua generalidade, podemos indicar os seguintes:

• PORTARIA 851/2010 DE 6 DE SETEMBRO, que estabelece o novo regime de certificação de


entidades formadoras e substitui o sistema de acreditação regulamentado pela Portaria 782/97
de 29 de agosto;

• PORTARIA 537/2010 DE 19 DE JULHO, que cria o selo de empresa qualificante;

• PORTARIA 474/2010 DE 8 DE JULHO, que diferencia certificados de frequência de certificados


de formação profissional e indica os elementos que os certificados devem conter. Revoga o
Decreto-Regulamentar 35/2002 de 23 de abril, que tinha sido revogado pelo Decreto-Lei
396/2007 de 31 de dezembro;

• LEI 7/2009 DE 12 DE FEVEREIRO, que aprova o novo Código de Trabalho e faz referência à
formação profissional. Revoga a Lei 99/2003 de 27 de agosto, que estava regulamentada pela
Lei 35/2004;

• PORTARIA 782/2009 DE 23 DE JULHO, que regula o QNQ e define os descritores para a


caracterização dos níveis de qualificação nacionais. Revoga o Anexo do Despacho Normativo
53-A/96 de dezembro, que estipula os níveis de formação;

• DECRETO-LEI 39/2006 DE 20 DE FEVEREIRO, que cria o Conselho Nacional de Formação


Profissional, em substituição do Conselho Consultivo Nacional para a Formação Profissional,
revogando o Decreto-Lei 308/2001 de 6 de dezembro;

• PORTARIA 256/2005 DE 16 DE MARÇO, que aprova a nova CNAEF (classificação nacional de


áreas de educação e formação) e revoga a Portaria 316/2001 de 2 de abril;

• DECRETO-LEI 50/98 DE 11 DE MARÇO, que reformula o regime jurídico da formação profissional


na Administração-Pública. Sofreu alterações, por exemplo, pelo Decreto-Lei 174/2001;

• DECRETO-LEI 242/88 DE 7 DE JULHO, que define a obrigatoriedade de redução a escrito do


contrato de formação e os elementos do mesmo.

Para conhecer a legislação associada à formação na função pública, consulte a DGAEP (Direção-Geral
da Administração e do Emprego Público).

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Principais diplomas legais aplicados à formação financiada

Ao nível da legislação aplicada à formação financiada, destacamos os seguintes diplomas legais:

• PORTARIA 148/2016 DE 23 DE MAIO, que procede à terceira alteração ao Regulamento


Específico do Domínio do Capital Humano, aprovado em anexo à Portaria n.º 60 -C/2015 de 2
de março, alterada pelas Portarias 181 -A/2015, de 19 de junho e 190 -A/2015 de 26 de junho;

• DESPACHO 6239/2016 DE 11 DE MAIO, que delega no Instituto de Gestão Financeira da


Segurança Social a competência da Agência para efetuar pagamentos do Fundo Social Europeu
aos beneficiários das operações aprovadas pelo Programa Operacional Capital Humano;

• PORTARIA 190-A/2015 DE 26 DE JUNHO, que constitui a segunda alteração à Portaria n.º 60 -


C/2015;

• PORTARIA 181-A/2015 DE 19 DE JUNHO, que constitui a primeira alteração à Portaria n.º 60 -


C/2015;

• DECLARAÇÃO DE RETIFICAÇÃO 307/2015 DE 28 DE ABRIL, que retifica o Despacho n.º 2702-


C/2015;

• PORTARIA 60-C/2015 DE 2 DE MARÇO, que se refere ao Regulamento Específico do Domínio do


Capital Humano;

• DESPACHO 2702-C/2015 DE 13 DE MARÇO, que regula a transição do POPH (Programa


Operacional Potencial Humano) para o POCH.

Para obter mais informações sobre a legislação relativa à formação financiada, consulte a secção de
legislação do site do POCH.

Principais diplomas legais aplicados ao SNQ

Ao nível da legislação aplicada ao Sistema Nacional de Qualificações, destacamos os seguintes diplomas


legais:

• DESPACHO 1971/2017 DE 8 DE MARÇO, que autoriza a criação e o funcionamento dos Centros


Qualifica;

• PORTARIA 47/2017 DE 1 DE FEVEREIRO, que regula o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e


Formação Profissionais e define o modelo do «Passaporte Qualifica»;

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• DECRETO-LEI 14/2017 DE 26 DE JANEIRO, que altera o regime jurídico do Sistema Nacional de
Qualificações e define as estruturas que asseguram o seu funcionamento;

• PORTARIA 232/2016 DE 29 DE AGOSTO, que regula a criação e o regime de organização e


funcionamento dos Centros Qualifica, nomeadamente o encaminhamento para ofertas do
ensino e formação profissionais e o desenvolvimento de processos de reconhecimento,
validação e certificação de competências;

• PORTARIA 475/2010 DE 8 DE JULHO, que aprova o modelo da CIC e regula o respetivo conteúdo
e o processo de registo previsto no regime jurídico do SNQ, aprovado pelo Decreto-Lei
396/2007 de 31 de dezembro;

• PORTARIA 781/2009 DE 23 DE JULHO, que estabelece a estrutura e organização do CNQ e o


modelo de evolução para qualificações baseadas em competências.

• PORTARIA 370/2008 DE 21 DE MAIO, que regula a criação e o funcionamento dos Centros Novas
Oportunidades, Incluindo o encaminhamento para a formação e o reconhecimento, validação
e certificação de competências;

• DESPACHO 13456/2008 DE 14 DE MAIO, que aprova a versão inicial do CNQ;

• PORTARIA 230/2008 DE 7 DE MARÇO, que define regime jurídico dos cursos de educação e
formação de adultos (cursos EFA) e formações modulares previstos no Decreto-Lei 396/2007
de 31 de dezembro e revoga a Portaria 817/2007 de 27 de julho;

• DECRETO-LEI 396/2007 DE 31 DE DEZEMBRO, alterado pelo DECRETO-LEI 14/2017 DE 26 DE


JANEIRO , que estabelece o regime jurídico do SNQ e define as estruturas que asseguram o seu
funcionamento (QNQ, CNQ e CIC);

• RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS 173/2007 DE 7 DE NOVEMBRO, que aprova a


Reforma da Formação Profissional, aprova o projeto de Decreto-lei que estabelece o SNQ e cria
o QNQ, o CNQ e a CIC e aprova o projeto de Decreto-lei que estabelece os princípios do Sistema
de Regulação de Acesso a Profissões;

• ACORDO PARA A REFORMA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL (14 DE MARÇO DE 2007), acordo


celebrado com os parceiros sociais com o propósito de reformar a formação profissional.

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LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE DE FORMADOR

No contexto atual, é importante situar o papel do formador no sistema onde desenvolve a sua atividade
e definir o perfil de competências desejável. De acordo com o IEFP,

O formador é o técnico que atua em diversos contextos, modalidades, níveis e situações de


aprendizagem, com recurso a diferentes estratégias, métodos, técnicas e instrumentos de formação
e avaliação, estabelecendo uma relação pedagógica diferenciada, dinâmica e eficaz com múltiplos
grupos ou indivíduos, de forma a favorecer a aquisição de conhecimentos e competências, bem
como o desenvolvimento de atitudes e comportamentos adequados ao desempenho profissional,
tendo em atenção as exigências atuais e prospetivas do mercado de emprego.
Fonte: https://www.iefp.pt/formacao/formadores/paginas/formadores.aspx

No enquadramento jurídico atual, a certificação de formadores contempla três vertentes


intrinsecamente relacionadas e determinantes para a qualidade do processo formativo:

• Preparação psicossocial do indivíduo;


• Formação científica e técnica;
• Certificação de Competências Pedagógicas (CCP).

De acordo com a Portaria 214/2011 de 30 de maio, o acesso à atividade de formador pressupõe a


necessidade de ser titular de um CCP. Este documento pode ser obtido através de uma entidade
formadora certificada (nos termos da Portaria 851/2010 de 6 de setembro), através de diferentes vias:

• Frequência com aproveitamento do curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores


(formação presencial ou b-learning);

• Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de formador, adquiridas por via da


experiência (certificação total de competências ou certificação parcial de competências, que
exige formação modular);

• Reconhecimento de diplomas ou certificados de habilitações de nível superior que confiram


competências pedagógicas correspondentes às definidas no perfil de referência, mediante
decisão devidamente fundamentada por parte do IEFP.

Em qualquer das vias, de acordo com a Portaria 994/2010 de 29 de setembro, o CCP está isento de
renovação e não apresenta prazo de validade, o que não dispensa os titulares da necessidade de
manterem atualizadas as respetivas competências.

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O CCP é emitido pelo IEFP (entidade certificadora responsável pela certificação de formadores). Desde
janeiro de 2012, a candidatura ao CCP de formador deve ser formalizada através do NetForce (portal
para a formação e cerificação de formadores e outros profissionais), que se encontra disponível em h
ttp://netforce.iefp.pt/. Nos casos em que o candidato tenha frequentado com aproveitamento a FPIF,
este processo é automático.

Para além da posse do CCP, o formador deve ter uma qualificação de nível superior. Em componentes,
unidades ou módulos de formação orientados para competências de natureza mais operativa, o
formador pode ter uma qualificação de nível igual ao nível de saída dos formandos, desde que tenha
uma experiência profissional comprovada de, no mínimo, cinco anos.

A título excecional, o IEFP também pode autorizar a intervenção na formação dos profissionais que, não
sendo certificados, possuam especial qualificação académica e/ou profissional não disponível ou pouco
frequente no mercado de trabalho. Pode também autorizar a intervenção de profissionais que, detendo
uma qualificação inferior àquela em que se enquadra a ação de formação a realizar, apresentem uma
qualificação profissional não disponível ou pouco frequente no mercado de trabalho. O pedido de
autorização é formulado pela entidade formadora ao IEFP com uma antecedência mínima de 20 dias
úteis face ao início da ação, através do preenchimento do formulário Regime Excecional.

Encontram-se isentos de CCP os seguintes profissionais:

• Detentores de habilitação profissional para a docência;


• Docentes do ensino superior universitário e politécnico;

• Responsáveis da administração educacional e das atividades de formação avançada para o


sistema científico e tecnológico.

Os formadores que obtiverem o CCP podem, se explicitamente o solicitarem, vir a integrar uma Bolsa
Nacional de Formadores, organizada por regiões e por setores de atividade/áreas de formação, a qual
se encontra disponível para as entidades gestoras, formadores e beneficiários de formação.

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PERFIL DO FORMADOR

Na atualidade, é reconhecida à formação profissional uma importância estratégica, enquanto espaço


privilegiado para a aquisição de conhecimentos, saber-fazer e comportamentos, exigidos para o
exercício das funções próprias de uma profissão, capaz de assegurar a mobilidade e a capacidade de
adaptação a novas profissões. Neste processo a qualidade dos formadores é unanimemente
considerada um pilar fundamental no desenvolvimento das formações.

Competências e capacidades

Apesar da dificuldade inerente à definição das competências do formador, podemos caracterizar três
tipos de competências principais: psicossociais, pedagógicas e técnico-profissionais.

Competências psicossociais

• Saber-estar em situação profissional (no posto de trabalho, na empresa/organização e no


mercado de trabalho), tendo em consideração aspetos como a assiduidade e pontualidade, a
postura pessoal e profissional, a aplicação ao trabalho, a corresponsabilidade e autonomia, as
boas relações de trabalho, a capacidade de negociação, o espírito de equipa e o
autodesenvolvimento pessoal e profissional;

• Ter capacidade de relacionamento com os outros e consigo próprio, contemplando aspetos


como a comunicação interpessoal, a liderança, a estabilidade emocional, a tolerância, a
resistência à frustração, a autoconfiança, a autocrítica e o sentido ético e profissional;

• Ter capacidade de relacionamento com o objeto de trabalho, através de características como a


capacidade de análise e de síntese, a capacidade de planificação e organização, a capacidade
de resolução de problemas, a capacidade de tomada de decisão, a criatividade, a flexibilidade,
o espírito de iniciativa e a abertura à mudança.

Competências pedagógicas

• Ter a capacidade de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua


atividade: a população ativa, o mundo do trabalho e os sistemas de formação, o domínio
técnico-científico e/ou tecnológico, objeto de formação, a família profissional da formação, o
papel e o perfil do formador, os processos de aprendizagem e a relação pedagógica e a conceção
e organização de cursos ou ações de formação;

• Ter a capacidade de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de


formandos;

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• Ter a capacidade de planificar e preparar as sessões de formação: analisar o contexto específico
das sessões (objetivos, programa, perfis de entrada e saída e condições de realização da ação),
ciar planos das sessões, definir objetivos pedagógicos, analisar e estruturar os conteúdos de
formação, selecionar os métodos e as técnicas pedagógicas, conceber e elaborar os suportes
pedagógicos de apoio e conceber e elaborar os instrumentos de avaliação;

• Ter a capacidade de conduzir/mediar o processo de formação/aprendizagem em grupo de


formação, desenvolvendo os conteúdos de formação e a comunicação no grupo, motivando os
formandos, gerindo o relacionamento interpessoal e de dinâmica do grupo e os tempos e meios
materiais necessários à formação e utilizando os métodos, técnicas, instrumentos e auxiliares
didáticos;

• Ter a capacidade de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos, realizando a avaliação


formativa (informal e formal) e sumativa;

• Ter a capacidade de avaliar a eficiência e eficácia da formação, através da avaliação do processo


formativo e da participação na avaliação do impacto da formação nos desempenhos
profissionais.

Competências técnico-profissionais

• Dominar a área de atividade, quer no domínio técnico, quer tecnológico;

• Manter-se atualizado.

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Atividades

O exercício da função de formador contempla três atividades basilares, independentemente de fatores


como a natureza da formação, os objetivos ou o público-alvo.

Tabela 3. Principais funções do formador.

FUNÇÕES DESCRIÇÃO

Elaborar planos de sessão;


Conhecer o público-alvo (nomeadamente o nível etário, as habilitações literárias e a
experiência profissional);
Definir objetivos pedagógicos a atingir no final da ação;
Planear Selecionar conteúdos;
Selecionar recursos técnico-pedagógicos, materiais e tecnológicos
Escolher métodos e técnicas;
Criar instrumentos de avaliação;
Prever recursos e tempo da formação.

Relacionar os conteúdos com as experiências e com a realidade socioprofissional dos


formandos;
Aproveitar os conhecimentos para a prática futura;
Associar o contexto à formação;
Comunicar os objetivos;
Ter em conta os diferentes tipos e ritmos de aprendizagem, criando uma formação
Animar
educativa e com processos de desenvolvimento pessoal;
Criar situações-problema;
Diversificar métodos e atividades;
Favorecer a participação/interação dos formandos;
Promover a coesão e interação do grupo;
Reforçar a instituição e as pessoas.

Avaliar e comunicar os resultados obtidos;

Avaliar Utilizar os diferentes tipos de avaliação (diagnóstica, formativa e sumativa);


Avaliar a ação de formação;
Realizar uma autoavaliação.

Ainda neste contexto, há diferentes tipos de formadores que podem diferenciar-se quanto ao regime
de ocupação e quanto ao vínculo para com a entidade onde desenvolvem a formação:

• Quanto ao regime de ocupação, podem ser permanentes ou eventuais consoante


desempenhem as funções de formador como atividade principal ou secundária;

• Quanto ao vínculo, podem ser internos ou externos conforme tenham ou não vínculo com a
entidade formadora ou beneficiária.
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CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES

Segundo o Decreto Regulamentar 267/94 série I-B de 18 de novembro, que visa regulamentar o
exercício da atividade de formador no âmbito da formação profissional inserida no mercado de
emprego, são direitos do formador:

• Apresentar propostas com vista à melhoria das atividades formativas, nomeadamente, através
da participação no processo de desenvolvimento e nos critérios de avaliação da ação de
formação;

• Obter comprovação documental, pela entidade promotora da ação, relativa à atividade


desenvolvida como formador, do qual conste o domínio, a duração e a qualidade da sua
intervenção;

• Ser integrado em bolsas de formadores.

De acordo com o mesmo Decreto Regulamentar, são deveres do formador:

• Fixar os objetivos da ação e a metodologia pedagógica a utilizar;

• Cooperar com a entidade formadora, bem como com outros intervenientes do processo
formativo, no sentido de assegurar a eficácia da ação de formação;

• Preparar, de forma adequada e prévia, cada ação de formação;

• Participar na conceção técnica e pedagógica da ação;

• Zelar pelos meios materiais e técnicos;

• Ser assíduo e pontual;

• Cumprir a legislação e os regulamentos aplicáveis à formação;

• Avaliar cada ação de formação e cada processo formativo em função dos objetivos fixados e do
nível de adequação conseguido;

• Possuir certificação da aptidão de formador obrigatória a partir de 1 de janeiro de 1998.

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TIPOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: INICIAL E CONTÍNUA

A formação profissional divide-se em duas grandes categorias: a formação inicial e a formação contínua.

Formação inicial

De acordo com o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro, a formação inicial tem como
objetivo a aquisição de saberes, competências e capacidades necessárias para iniciar o exercício de uma
profissão.

Na formação inicial ainda se pode distinguir dois formatos: a formação inicial simples e a formação inicial
de dupla certificação.

A formação profissional inicial simples garante uma única certificação. Este formato qualifica para uma
profissão, ao passo que a formação de dupla certificação, para além de qualificar para uma profissão,
também garante uma habilitação escolar.

A formação inicial de dupla certificação é toda a formação inicial integrada no CNQ e desenvolvida por
uma entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos
ministérios competentes. A dupla certificação não é mais do que o reconhecimento de competências
para exercer uma ou mais atividades profissionais e de uma habilitação escolar.

Formação contínua

Ainda de acordo com artigo 3.º do mesmo Decreto-Lei, a formação contínua é uma atividade de
educação e formação empreendida após a saída do sistema de ensino ou após o ingresso no mercado
de trabalho que permita ao indivíduo aprofundar competências profissionais e relacionais, tendo em
vista o exercício de uma ou mais atividades profissionais, uma melhor adaptação às mutações
tecnológicas e organizacionais e o reforço da sua empregabilidade.

A formação contínua é aquela empreendida após o ingresso no mercado de trabalho ou após a saída do
sistema de ensino. Desta forma, não se destina apenas a jovens em início da vida ativa, que procuram
uma formação base que lhes permita iniciar uma carreira, mas também a adultos em plena atividade
profissional que precisam de se atualizar, aperfeiçoar ou reconhecer as suas competências para
exercerem a sua profissão ou outra.

A formação inicial contínua assume um papel fundamental na acessibilidade a novos conceitos de


organização e gestão e contribui para acelerar as mudanças nas organizações, para intervir diretamente
sob os profissionais que nelas trabalham.

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A duração da formação contínua geralmente é mais curta do que a formação inicial e também é
promovida por mais entidades. Entre as iniciativas de formação contínua existentes podemos destacar:

• A formação contínua desenvolvida pelas entidades patronais, pelas empresas formadoras e


pelos sindicatos;

• A formação contínua de dupla certificação inserida no SNQ (ao abrigo do Decreto-Lei n.º
14/2017 de 26 de janeiro), que não é mais do que formação contínua desenvolvida através de
quaisquer módulos integrados no CNQ e desenvolvida por uma entidade formadora certificada
para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos ministérios competentes;

• A formação contínua desenvolvida pelo IEFP, dirigida principalmente a desempregados.

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MODALIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

De acordo com o artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro, que estabeleceu o SNQ, existem
seis modalidades de formação de dupla certificação:

• Cursos profissionais (cursos de nível secundário de educação, vocacionados para a formação


inicial de jovens, privilegiando a sua inserção na vida ativa e permitindo o prosseguimento de
estudos);

• Cursos de aprendizagem ou alternância (cursos de formação profissional inicial de jovens, em


alternância, privilegiando a sua inserção na vida ativa e permitindo o prosseguimento de
estudos);

• Cursos de educação e formação para jovens (formação inicial para jovens que abandonaram ou
estão em risco de abandonar o sistema regular de ensino, privilegiando a sua inserção na vida
ativa e permitindo o prosseguimento de estudos);

• Cursos de educação e formação para adultos (cursos para indivíduos com mais de 18 anos, não
qualificados ou sem qualificação adequada, para efeitos de inserção/reinserção e progressão
no mercado de trabalho e que não tenham concluído o ensino básico ou secundário);

• Cursos de especialização tecnológica (cursos de nível pós-secundário não superior que visam
conferir uma qualificação com base em formação técnica especializada);

• Outras formações modulares inseridas no CNQ, no quadro da formação contínua.

O Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro refere o utras modalidades que têm em comum o facto de
não serem de dupla certificação, na medida em que não dão equivalência a níveis de qualificação escolar
mas podem ter dupla certificação se forem inseridas em processos de RVCC:

• Formação-ação (dirigida a micro, pequenas e médias empresas e assente na prestação de


serviços integrados de formação e consultoria);

• Outras ações de formação contínua (que incluem todas as outras formações que não são de
dupla certificação e que não são realizadas dentro das pequenas e médias empresas mas que
servem para reciclagem, aperfeiçoamento ou aumento de competências – inclui-se aqui a
formação para públicos diferenciados, como pessoas com deficiência, e a formação em
contexto de trabalho em empresas de qualquer dimensão e todo o tipo de organizações).

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Mod.DFRH.111/01
Educação e Formação de Jovens

Objetivos. Face ao elevado número de jovens em situação de abandono escolar e em transição para a
vida ativa, os cursos de Educação e Formação de Jovens (CEF) visam a recuperação dos défices de
qualificação, escolar e profissional, destes públicos, através da aquisição de competências escolares,
técnicas, sociais e relacionais, que lhes permitam ingressar num mercado de trabalho cada vez mais
exigente e competitivo.

Destinatários. Estes cursos destinam-se a jovens, candidatos ao primeiro emprego, ou a novo emprego,
com idade igual ou superior a 15 anos e inferior a 23 anos, à data de início do curso, em risco de
abandono escolar, ou que já abandonaram a via regular de ensino e detentores de habilitações escolares
que variam entre o 6.º ano de escolaridade, ou inferior e o ensino secundário.

Componentes de Formação. Os cursos de educação e formação para jovens apresentam uma estrutura
curricular, de carater profissionalizante, que integra quatro componentes de formação, nomeadamente
sociocultural, científica, tecnológica e prática em contexto de trabalho.

Certificação Escolar e Profissional. A frequência destes cursos, com aproveitamento, garante a obtenção
de uma qualificação de nível 1, 2 ou 4, com equivalência ao 6.º, 9.º ou 12.º anos de escolaridade.

Educação e Formação de Adultos

Objetivos. Os cursos de educação e formação de adultos (EFA) visam elevar os níveis de habilitação
escolar e profissional da população portuguesa adulta, através de uma oferta integrada de educação e
formação profissionalizante e que certifique as competências adquiridas ao longo da vida.

Destinatários. Estes cursos destinam-se a candidatos com idade igual ou superior a 18 anos à data de
início da formação, sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de
trabalho ou sem a conclusão do ensino básico ou do ensino secundário.

Componentes de Formação. Os cursos EFA dividem-se em ensino básico (formação base, formação
tecnológica e módulo de “aprender com autonomia”) e ensino secundário (funciona da mesma forma,
com formação base mais exigente e construção de um Portefólio Reflexivo de Aprendizagens, PRA).

Certificação Escolar e Profissional. A frequência, com aproveitamento, de um curso EFA, de dupla


certificação, confere um certificado do 3.º ciclo do ensino básico e o nível 2 de qualificação ou um
certificado do ensino secundário e o nível 4 de qualificação.

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Mod.DFRH.111/01
Formação para Públicos Diferenciados (ex. com incapacidade ou deficiência)

A formação para públicos diferenciados (como é o caso das pessoas com incapacidade ou deficiência)
tem como objetivo a sua reabilitação profissional e a preparação para uma profissão ajustada às suas
aptidões e capacidades físicas.

Formação em Contexto de Trabalho

A formação inserida no mercado de emprego tem como base de referência a empresa e tem como
destinatários a população ativa empregada ou desempregada, incluindo os candidatos ao primeiro
emprego (Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro).

Ao contrário da formação inserida no Sistema Educativo, esta baseia-se na relação pedagógica


formador/formando, as competências a desenvolver são mais abrangentes e vocacionadas para o
exercício de uma profissão e a formação é “transportada” para os locais de emprego, o posto de
trabalho ou empresas especializadas em formação.

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Mod.DFRH.111/01
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO FORMATIVA

Presencial

Esta modalidade de intervenção formativa caracteriza-se por todos os conteúdos serem ministrados em
contexto de sala, mediante o contacto direto entre os formandos e o formador.

E-learning

É uma modalidade de ensino a distância que permite a autoaprendizagem, com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de
informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculado através da Internet.

B-learning

O blended learning ou b-learning refere-se a um sistema de formação onde a maior parte dos conteúdos
é transmitido em curso a distância, normalmente pela Internet, mas inclui situações presenciais, daí a
origem da designação blended (misto).O b-learning pode estruturar-se em atividades síncronas ou
assíncronas (tal como o e-learning), o que pressupõe o trabalho conjunto entre formandos e formador
num horário predefinido ou flexível. Geralmente, o b-learning não é totalmente assíncrono, porque
exigiria uma disponibilidade individualizada para encontros presenciais, o que dificulta o entendimento.

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Mod.DFRH.111/01
PROCESSOS DE RVCC E CENTROS QUALIFICA

O processo de RVCC permite a indivíduos com mais de 18 anos de idade o reconhecimento, a validação
e a certificação de competências adquiridas e desenvolvidas ao longo da vida (artigo 3.º do Decreto-Lei
n.º 14/2017 de 26 de janeiro). A qualificação pode ainda resultar do reconhecimento de títulos
adquiridos noutros países.

O RVCC escolar certifica competências escolares associadas a habilitações de nível básico e nível
secundário de ensino (Portaria 370/2008 de 21 de maio) e o RVCC profissional certifica competências
profissionais associadas a qualificações de nível 2 e nível 4 (Portaria 211/2011 de 26 de maio).

Ainda neste âmbito, é importante fazer referência aos Centros Qualifica, regulados pela Portaria
232/2016 de 29 de agosto. O Programa Qualifica é um programa vocacionado para a qualificação de
adultos que tem por objetivo melhorar os níveis de educação e formação dos adultos, contribuindo para
a melhoria dos níveis de qualificação da população e a melhoria da empregabilidade dos indivíduos.

Estes centros passam a funcionar de acordo com o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação
Profissionais, que permite a atribuição de pontos de crédito às qualificações integradas no Catálogo
Nacional de Qualificações (CNQ) e ainda a outras formações certificadas, desde que as mesmas se
encontram registadas no Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO) e
cumpram os critérios de garantia da qualidade em vigor. Este sistema incorpora os princípios do Sistema
Europeu de Créditos para o Ensino e Formação Profissionais (ECVET), favorecendo a mobilidade no
espaço europeu.

Recorde-se, ainda, o Passaporte Qualifica, um instrumento tecnológico de registo das qualificações e


competências adquiridas ou desenvolvidas ao longo da vida do adulto e de orientação para percursos
de aprendizagem. A partir da capitalização dos resultados de aprendizagem já alcançados e das
competências adquiridas pelo adulto, o Passaporte Qualifica simula diversos percursos de qualificação
possíveis para a obtenção de novas qualificações e/ou progressão escolar e profissional.

Sendo uma prioridade do Sistema Nacional de Qualificações o aumento do nível de qualificação dos
adultos, o Passaporte Qualifica prioriza propostas de conclusão e/ou aumento da qualificação dos
adultos, bem como para a qualificação de dupla certificação. Os percursos de qualificação são sugeridos
em função da maior capitalização possível de unidades de formação já certificadas e de créditos já
obtidos pelo adulto em formações anteriores (ver o Despacho 1971/2017 de 8 de março).

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Mod.DFRH.111/01
SUBMÓDULO 1.2.

APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE
E EMPREENDEDORISMO

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Mod.DFRH.111/01
O presente submódulo pretende analisar os aspetos que podem influenciar o quotidiano do formador,
designadamente a heterogeneidade dos formandos e os diferentes ritmos de aprendizagem. A
adequação das estratégias de aprendizagem, a motivação dos formandos e o sucesso da formação
apenas são possíveis mediante o conhecimento destes fatores.

O formador contemporâneo necessita de conhecer e motivar os formandos, criando contextos


formativos de crescimento pessoal caracterizados pela partilha e confronto de ideias. Para além de
competências ao nível do domínio e transmissão de conhecimentos, o formador tem, assim, a função
de descodificar comportamentos e motivar os formandos. Caso contrário, pode não atingir os objetivos
formativos a que se propõe.

Neste contexto, a primeira questão que nos surge é a seguinte: O que é a aprendizagem? De forma
simples, é a capacidade de que necessitamos para responder diariamente às diferentes solicitações e
desafios que se nos colocam na nossa interação com o meio. Confrontamo-nos frequentemente com as
mais diversificadas situações que exigem de nós respostas adequadas. Alguns exemplos: organizar um
curso de formação, preparar uma sessão de formação, ajudar um formando a resolver uma dificuldade,
conduzir um automóvel, reparar uma avaria elétrica em casa ou ajudar um amigo a resolver um
problema.

Surge-nos, ainda, uma segunda questão: Como aprendem as pessoas? Será que existe um único tipo de
aprendizagem (aprende-se sempre da mesma maneira, independentemente do objetivo da
aprendizagem?). Vejamos estes três exemplos: solicitar aos formandos que reproduzam um
determinado conceito teórico, que a partir dos conceitos teóricos transmitidos resolvam um problema
ou que façam uma demonstração prática. Será que nas três situações apresentadas está presente o
mesmo tipo de aprendizagem e serão os mesmos os processos cognitivos (mentais) em jogo?

Para se conseguir realizar as diferentes tarefas, constatamos que há vários tipos de aprendizagem e
diferentes processos cognitivos. Assim, para que o formador consiga cumprir a sua tarefa de facilitador
de aprendizagem, é necessário que compreenda o que se passa na cabeça do “sujeito que aprende”.
Esta análise pode ajudá-lo a planificar a formação de modo a rentabilizar os processos internos
intervenientes na aprendizagem.

Com o objetivo de ajudar os futuros formadores a atingirem estes objetivos, este submódulo vai abordar
um conjunto de conceitos e reflexões sobre: conceitos e características da aprendizagem; teorias,
modos/modelos/mecanismos de aprendizagem; processos, etapas e fatores psicológicos da
aprendizagem; fontes e métodos de motivação.

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Mod.DFRH.111/01
PRINCÍPIOS DA TEORIA DE APRENDIZAGEM

Alarcão e Tavares (2005) descrevem a aprendizagem como uma


construção pessoal resultante de um processo experiencial interior à
pessoa que se traduz numa modificação de comportamento
relativamente estável. A aprendizagem é, então, perspetivada como ação
educativa, tendo como finalidade ajudar a desenvolver nos indivíduos as
capacidades que os tornem capazes de estabelecer uma relação pessoal
com o meio em que vivem (físico e humano), servindo-se para este efeito
das suas estruturas sensoriomotoras, cognitivas, afetivas e linguísticas.

A aprendizagem constitui um processo integrado que pressupõe o desenvolvimento da


capacidade de resposta aos estímulos ambientais e de adaptação a novas situações,
mediante o uso das estruturas sensoriomotoras, cognitivas e afetivas.

Este processo pode ser analisado sob diversas perspetivas, pelo que existem diferentes teorias da
aprendizagem, que têm como objetivo explicar a dinâmica envolvida da aprendizagem e a relação entre
o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. As diferentes teorias podem agrupar-se em três
grupos principais: comportamentalistas, cognitivistas e humanistas.

A RETER!

A aprendizagem constitui um processo responsável pela transformação de um estado


inicial (situação presente ao nível dos saberes e competências) num estado final
(aquisição/desenvolvimento de novos saberes ou competências), mediante a experiência
(diversas atividades ou procedimentos).

Teorias comportamentalistas

As teorias comportamentalistas ou behavioristas supõem que o comportamento inclui respostas que


podem ser observadas e relacionadas com eventos que as precedem (estímulos) e as sucedem
(consequências). Estas teorias limitam-se ao estudo dos comportamentos observáveis e mensuráveis
controlados pelas suas consequências, ignorando o processo mental e privilegiando a associação
estímulo-resposta.

Esta teoria, a aprendizagem centra-se apenas nos comportamentos objetivamente


observáveis e negligencia as atividades mentais. A aprendizagem é simplesmente
definida como a aquisição de um novo comportamento.

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Mod.DFRH.111/01
O indivíduo tem um papel passivo neste processo, limitando-se a responder aos estímulos do ambiente
externo. Watson, Pavlov, Skinner e Thorndike são os autores que mais se destacaram nesta linha de
pensamento.

Watson, em 1927, proclamou a sua famosa frase: ‘Deem-me um bebé e eu farei dele o que quiser, um
ladrão ou um juiz, um pistoleiro ou um médico. As possibilidades de o moldar são infinitas. Os homens
são construídos, não nascem assim’. Esta frase contém os princípios básicos das teorias
comportamentalistas, para quem a aprendizagem é uma modificação do comportamento diretamente
observável, no sentido de uma adaptação progressiva, no decorrer de atividades repetidas em condições
semelhantes. Como se pode observar, coloca-se a ênfase nos comportamentos observáveis adquiridos
através da repetição constante do comportamento.

Outro conceito associado a esta teoria relaciona-se com o reforço, que é um dos principais motores da
aprendizagem. Isto significa que, ao longo do processo de aprendizagem, é fundamental ir reforçando
positivamente à medida que o indivíduo adquire prática. A frequência do reforço deve ser gradualmente
reduzida, para que seja garantida uma maior durabilidade das respostas.

Princípios psicopedagógicos:

• Definir de modo preciso os objetivos finais da aprendizagem;

• Analisar a estrutura das tarefas, de modo a determinar os objetivos do percurso;

• Apresentar a matéria em unidades pequenas, de modo a condicionar o comportamento do


indivíduo e conduzi-lo através de experiências positivas de aprendizagem;

• Apresentar estímulos que originem respostas adequadas;

• Reforçar as respostas desejadas;

• Proporcionar o conhecimento dos resultados como forma de retroalimentação do processo;

• Usar reforços, retirar reforços ou punir, em função dos comportamentos e das aprendizagens
pretendidas;

• Exercitar os comportamentos aprendidos.

Implicações para a prática pedagógica: reforço, repetição, imitação, ensino programado,


demonstrações e memorização.

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Mod.DFRH.111/01
A RETER!

As teorias comportamentalistas dizem que aprendemos de forma mecanizada (Estímulo


- Resposta), o que significa que nós aprendemos simplesmente porque respondemos a
estímulos do ambiente externo e temos um papel perfeitamente passivo. Estas teorias
limitam-se ao estudo dos comportamentos observáveis e mensuráveis controlados pelas
suas consequências, ignorando o processo mental e privilegiando a associação estímulo-
resposta. Um exemplo simples é o que acontece com os animais que fazem determinados
truques. Já notaram que lhes vão dando comida? Neste caso, eles aprendem porque têm
o estímulo - a comida e só respondem por causa disso. Imaginem também que evitamos
passar por determinado sítio porque sabemos que vai lá estar um cão e nos pode morder
- aprendemos simplesmente por causa do estímulo.

Teorias cognitivistas

As teorias cognitivistas consideram que a aprendizagem ocorre pela descoberta e procura, sendo
progressiva e baseada na experiência. A aprendizagem consiste num processo de reorganização da
perceção que se traduz numa modificação estrutura cognitiva do sujeito, permitindo-lhe reconstruir a
informação que recebe. Deste modo, a aprendizagem é vista como um processo de armazenamento de
informações, procurando definir e descrever como os sujeitos percebem, direcionam e coordenam as
suas interações com o ambiente. Piaget, Ausubel, Bruner, Lewin, Wertheimer e Kohler são alguns dos
autores mais representativos desta linha de pensamento.

Neste contexto, a aprendizagem é uma constante procura do significado das coisas: aprender é
construir o seu próprio significado e não encontrá-lo nas ‘respostas certas’ dadas por alguém. Por isso
mesmo, a informação a ser apreendida precisa de fazer sentido para o sujeito.

Para haver aprendizagem significativa, precisamos de ter duas condições:

Motivação para aprender: se o indivíduo apenas memorizar a informação, esta


aprendizagem será mecânica e facilmente esquecida;

Conteúdos potencialmente significativos: a informação deve ser filtrada de acordo com


as experiências, aprendizagens anteriores, valores e quadros de referência dos
indivíduos. Se aplicarmos esta questão à formação de adultos, por exemplo, verificamos
que estes precisam de reconhecer a utilidade dos conteúdos, para que consigam
desenvolver-se a nível pessoal ou profissional.

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Mod.DFRH.111/01
Princípios psicopedagógicos:

• Motivar o indivíduo para aprendizagem, relacionando as suas necessidades pessoais com os


objetivos da aprendizagem;

• Valorizar a experiência anterior, reconhecendo que a estrutura cognitiva do indivíduo


depende da sua visão do mundo e das suas experiências anteriores;

• Adaptar as estratégias de ensino ao nível de desenvolvimento dos indivíduos;

• Relacionar os conhecimentos novos com os conhecimentos adquiridos anteriormente;

• Valorizar a compreensão em detrimento da memorização;

• Fornecer pistas que facilitem a compreensão, organização e retenção dos conhecimentos;

• Valorizar a prática e a experimentação de novos conhecimentos, facilitando a transferência de


habilidades e conhecimentos para novas situações;

• Sistematizar a informação, iniciando cada unidade temática apresentando conjuntos


significativos e descendo gradualmente ao pormenor.

Implicações para a prática pedagógica: ensino pela descoberta, introduções, sumários, questionários
orientados para a compreensão, esquemas, debates, discussões e estudos de caso.

A RETER!

As teorias cognitivistas consideram que a aprendizagem ocorre pela descoberta e


procura, sendo progressiva e baseada na experiência. A capacidade do aluno em
aprender coisas novas depende diretamente dos conhecimentos prévios que ele possui.
A aprendizagem consiste num processo de reorganização da perceção que se traduz
numa modificação da estrutura cognitiva do sujeito, permitindo-lhe reconstruir a
informação que recebe. Aqui, o sujeito é ativo no processo de aprendizagem e é
importante que a aprendizagem tenha significado para ele. É o que acontece com as
crianças que vão aprendendo progressivamente na escola e alterando a forma de pensar.

Teorias humanistas

As teorias humanistas consideram que a aprendizagem é um processo cognitivo, mas a ênfase é


colocada na experiência do indivíduo, na medida em que este tenta descobrir o seu próprio caminho
tentando alcançar a autorrealização e o crescimento pessoal. O indivíduo é um ser responsável pelos
seus atos e livre para fazer escolhas. Maslow e Rogers são os autores mais representativos destas
teorias.

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Mod.DFRH.111/01
Rogers apresenta um modelo formativo inovador, na medida em que, para além dos aspetos cognitivos,
valoriza a personalidade global do sujeito e os seus aspetos afetivos e emocionais como fatores
determinantes na aprendizagem. Neste sentido, não podemos ensinar, mas podemos facilitar a
aprendizagem. Para uma aprendizagem adequada, é necessário que o formando aprenda a aprender,
desenvolvendo a sua capacidade de interiorizar o processo constante de aprendizagem.

Princípios psicopedagógicos:

• Não nos devemos preocupar tanto com o ensino, devendo colocar a ênfase na aprendizagem
enquanto potenciadora do desenvolvimento da pessoa;

• Centrar a aprendizagem no indivíduo e nas suas necessidades, vontades e sentimentos;

• Desenvolver no indivíduo a responsabilidade pela autoaprendizagem e incutir-lhe o espírito de


autoavaliação;

• Centrar a aprendizagem em atividades e experiências significativas para o indivíduo;

• Desenvolver relações interpessoais empáticas no interior do grupo;

• Ensinar não apenas a pensar, mas também a sentir;

• Criar uma atmosfera emocional positiva que ajude o indivíduo a integrar novas experiências e
ideias;

• Promover a aprendizagem ativa e orientada para a descoberta, autonomia e reflexão.

Implicações para a prática pedagógica: ensino individualizado, discussões, debates, painéis, simulações,
jogos de papéis e resolução de problemas.

A RETER!

As teorias humanistas indicam que a aprendizagem é um processo cognitivo, mas a


ênfase é colocada no indivíduo como pessoa e não apenas como um ser "pensante", na
medida em que este tenta descobrir o seu próprio caminho tentando alcançar a
autorrealização e o crescimento pessoal. O indivíduo é um ser responsável pelos seus
atos e livre para fazer escolhas.

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Mod.DFRH.111/01
PEDAGOGIA, ANDRAGOGIA, DIDÁTICA E PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

O termo pedagogia significa literalmente a arte e ciência de educar as crianças e é frequentemente


usado como sinónimo de ensinar. O modelo pedagógico prioriza um tipo de educação centrado no
professor, na medida em que este assume a responsabilidade pelas decisões acerca daquilo que deve
ser aprendido, como vai ser aprendido e quando vai ser aprendido. Neste contexto, é importante
distinguir a pedagogia e a didática: a primeira é a ciência que estuda a educação e a segunda é a
disciplina ou conjunto de técnicas que facilitam a aprendizagem. A didática é, desta forma, uma
disciplina dentro da pedagogia.

A andragogia, inicialmente definida como a arte a ciência de ajudar os adultos a aprender (Knowles,
1970), define-se atualmente como uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação em qualquer
idade e centrada no aprendiz (Conner, 1997). Deste modo, a abordagem andragógica é dirigida e focada
no aprender fazendo, ao passo que a pedagogia é centrada no aprendiz e é diretiva.

No que diz respeito à aprendizagem dos adultos, Malcom Knowles (1970) refere que estes passam da
dependência ao autodirecionamento, tiram partido do seu reportório de experiências para aprender,
estão prontos para aprender quando assumem novos papéis, querem resolver problemas e aplicar
novos conhecimentos de forma imediata. Em conformidade com estas assunções, a andragogia afirma
que a aprendizagem dos adultos é mais efetiva quando:

• Sentem a necessidade e motivação para aprender;

• Têm algum input acerca do quê, porquê e como aprender;

• Os conteúdos e processos da aprendizagem têm uma relação significativa com a sua


experiência;

• A experiência é usada como uma fonte de aprendizagem;

• Aquilo que se aprende se relaciona com a vida e as funções atuais do indivíduo;

• Há uma maior autonomia;

• O clima de aprendizagem minimiza a ansiedade e encoraja a liberdade para experimentar;

• Os estilos de aprendizagem são tidos em consideração;

• Há um clima cooperativo de aprendizagem;

• As atividades são sequenciais, de modo a alcançar os objetivos.

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Mod.DFRH.111/01
O estudo do processo de aprendizagem centrou-se durante muito tempo apenas nas crianças e jovens.
Para se desenvolver como campo de intervenção, a andragogia teve a necessidade de desmistificar o
velho ditado popular que diz que ‘Burro velho não aprende línguas’. A quase interdição que pesou sobre
os adultos durante muito tempo acabou por ter as consequentes repercussões na perceção da sua
própria capacidade de desenvolvimento e aprendizagem.

Nas últimas décadas, temos assistido ao abandono da ideia de que o adulto é inalterável, sobretudo
devido às grandes transformações tecnológicas, científicas e laborais. Por isso mesmo, hoje reconhece-
se a necessidade de aprender ao longo da vida para acompanhar essas mudanças.

As principais diferenças entre a pedagogia e a andragogia encontram-se sistematizadas na tabela 4:

Tabela 4. Pedagogia e andragogia.


CARACTERÍSTICAS
PEDAGOGIA ANDRAGOGIA
DA APRENDIZAGEM

A aprendizagem adquire uma


O professor é o centro das ações,
Relação característica mais centrada no
decide o que ensinar, como ensinar
professor/aluno aluno, na independência e na
e avalia a aprendizagem.
autogestão da aprendizagem.

Crianças (ou adultos) devem As pessoas aprendem o que


Razões da aprender o que a sociedade espera realmente precisam de saber
aprendizagem (currículo padronizado). (aprendizagem para a aplicação
prática na vida diária.

O ensino é didático, padronizado e A experiência é uma fonte rica de


a experiência do aluno tem pouco aprendizagem, através da discussão
Experiência do aluno
valor. e solução de problemas em grupo.

Aprendizagem por assunto ou Aprendizagem baseada em


Orientação da matéria. problemas, exigindo ampla gama
aprendizagem de conhecimentos para se chegar à
solução.

Fonte: http://andragogiaonline.blogspot.pt/2008/04/diferena-fundamental-andragogia-e.html.

No modelo andragógico, a aprendizagem deve focar-se mais no processo do que no conteúdo,


constituindo técnicas de sucesso o role-playing, os estudos de caso, as simulações pedagógicas e a
autoavaliação. Por isso, o formador deverá exercer um papel de animador, mais do que mero expositor
da matéria.

M1. FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL |Página 49 de 70


Mod.DFRH.111/01
A pedagogia e andragogia estão diretamente relacionadas com dois termos latinos: educare e educere.
O temo educare (pedagogia) remete para aquilo que o professor faz em relação ao aluno (cabe ao
professor o papel de dar ao aluno os elementos para este se desenvolver – a aprendizagem é de fora
para dentro – o professor e o ensinar são o centro do processo). Por sua vez, o termo educere
(andragogia) remete mais para o papel do aluno na aprendizagem (o aluno é um ser com competências
e valoriza-se mais a aprendizagem do que o ensinar – de dentro para fora).

A psicologia da aprendizagem, entendida como um ramo particular da psicologia que tenta


compreender como as pessoas aprendem, tem um papel importante neste contexto. Esta ciência tenta
explicar questões como: Como é que as crianças adquirem competências? Quando é que a
aprendizagem é mais efetiva? Quais são os fatores que explicam o processo de aprendizagem? Como
medimos a aprendizagem?

A psicologia ajuda o professor a obter respostas a estas questões e mostra que a aprendizagem é mais
efetiva quando se tem em consideração fatores como a motivação e o interesse. O conhecimento da
psicologia da aprendizagem ajuda o professor a modificar a sua abordagem em relação ao processo de
aprendizagem.

A RETER!

Pedagogia (educare) = aluno com papel passivo.

Andragogia (educere) = aluno com papel ativo (aprendizagem significativa e experiencial.

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Mod.DFRH.111/01
PROCESSOS, ETAPAS E FATORES DA APRENDIZAGEM

Enquanto facilitador da aprendizagem, o formador tem como objetivo principal levar os formandos a
aprender, mediante a criação de situações que favoreçam a aprendizagem. A aprendizagem é a
capacidade que nos permite responder adequadamente às solicitações e desafios colocados pela
interação com o meio. Mas será que existe um único tipo de aprendizagem? Por exemplo, quando se
solicita aos formandos que definam conceitos, resolvam problemas ou façam demonstrações práticas,
estaremos perante o mesmo tipo de aprendizagem e os mesmos processos cognitivos?

Com efeito, a realização de tarefas distintas pressupõe diferentes tipos de aprendizagem e diferentes
processos cognitivos. Por esse motivo, o formador só poderá cumprir efetivamente o seu papel de
facilitador da aprendizagem e rentabilizar os processos internos intervenientes na aprendizagem se
compreender que diferentes tipos de aprendizagem implicam diferentes processos cognitivos,
pressupõem diferentes capacidades e exigem níveis de resposta diferenciados. As diferentes formas
como aprendemos implicam processos de aprendizagem diferentes, como se pode ver na tabela 5:

Tabela 5. Alguns processos de aprendizagem.


FORMA COMO
PROCESSOS DE APRENDIZAGEM TEORIAS
APRENDEMOS

Fazendo/Experimentando
Com o erro Condicionamento ou aquisição de
Comportamentalistas
Repetindo automatismos
Memorizando
Aprendizagem social
Imitando Modelagem ou reprodução de modelos
Reproduzindo modelos
Com o grupo
Com a situação
Com o problema
Descobrindo Intuição ou descoberta
Transferindo
Cognitivistas
Associando/dissociando Estruturação ou elaboração da
Estruturando informação
Analisando
Contextualizando
Aprendendo a aprender

Fonte: Adaptado de http://formacao.fikaki.com.

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Mod.DFRH.111/01
Fatores intervenientes no processo de aprendizagem

Quando o formador faz a planificação da formação, deve criar situações que favoreçam a aprendizagem
tendo em conta três variáveis:

• O que vai ensinar (objetivos/domínios da aprendizagem);


• Como ensinar (estratégias);
• A quem ensinar (público-alvo).

Normalmente, o público-alvo da formação é constituído por adultos, o que pressupõe uma abordagem
diferenciada daquela que é utilizada com as crianças. Os adultos têm um maior repertório de
experiências, crenças e valores acerca do mundo e dos outros, mas também possuem uma menor
resistência ao fracasso em situações de ensino-aprendizagem. Outro fator prende-se com o facto de
esquecerem facilmente aquilo que ouvem ou leem (à semelhança das crianças), mais ainda depois dos
30, pois há um decréscimo nas capacidades de memorização. Por isso, não se deve recorrer a estratégias
que pressuponham a memorização.

Assim, os principais fatores psicológicos que podem interferir psicologicamente no processo de


aprendizagem são os seguintes:

• Perceção;

• Atenção e concentração;

• Atividade mnésica: memória, inteligência, pensamento e motivação;

• Diferenças individuais: idade, estado emocional, características da personalidade, estilos de


aprendizagem e maturidade;

• Local de aprendizagem.

Agentes facilitadores da aprendizagem

• Motivação. A motivação e vontade de aprender facilitam a interiorização da informação e o


processo de aprendizagem, pelo que o formador deve motivar o grupo;

• Conhecimento dos objetivos. Os objetivos devem ser comunicados aos formandos, com o
propósito de saberem aquilo que deles é esperado no final da formação;

• Reforço positivo. O uso de reforços positivos é determinante para o incentivo, participação,


desempenho e sucesso dos formandos;

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Mod.DFRH.111/01
• Estrutura. A formação deve ter uma introdução, desenvolvimento e conclusão, de acordo com
uma lógica que seja de fácil compreensão para os formandos e uma apresentação gradual dos
conteúdos, dos mais simples para os mais complexos;

• Participação ativa. Quanto mais ativo e implicado na formação o formando estiver, mais
interessado e entusiasmado se sentirá face à aquisição dos conhecimentos;

• Experiência. O objetivo da formação é que o formando recorra menos à memória e mais ao


seu reportório experiencial, comparando-o com os conteúdos da formação e estabelecendo
pontes que resultem no sucesso da aprendizagem, de acordo com uma aprendizagem em
espiral3.

• Conhecimento dos resultados. O desempenho do formando permite que este se situe dentro
da formação e funciona como um reforço;

• Progressividade. O avanço sequencial dos conteúdos facilita a aprendizagem porque permite


uma abordagem por etapas;

• Redundância. A redundância ou repetição facilita a retenção e consolidação de


conhecimentos;

• Imagem e demonstração. O recurso a métodos de estimulação multissensorial ativa várias


áreas cerebrais que permitem ao formando assimilar, reter e acomodar melhor os
conhecimentos, sendo que a utilização de imagens e demonstrações permite ativar essas
áreas.

3A aprendizagem em espiral refere-se ao facto de se iniciar a aprendizagem a partir do conhecimento e experiências dos
formandos. O objetivo é que os formandos relatem as suas experiências e que o formador recorra a analogias e exemplos
práticos que facilitem a aprendizagem.
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CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E PERCURSOS DA APRENDIZAGEM

O processo de aprendizagem caracteriza-se por ser:

• Global. A aprendizagem é um processo que exige a participação global do indivíduo, mediante


a interação de diferentes conhecimentos, capacidades e valores, o que leva a que todos os
aspetos constitutivos da sua personalidade entrem em atividade no ato de aprender;

• Dinâmico. A aprendizagem não é um processo de absorção passiva, sendo importante


estimular a atividade e envolvimento dos formandos neste processo. O sujeito apenas
aprende se participar ativamente no processo, seja a nível operatório seja a nível interno
(mental, afetivo e social);

• Gradativo: A aprendizagem tem um sentido crescente ao nível da complexidade de saberes,


habilidades e comportamentos, partindo de operações simples para operações cada vez mais
complexas;

• Cumulativo. A aprendizagem resulta da atividade anterior, o que significa que a nossa


capacidade de aprender coisas novas aumenta se já possuirmos alguns conhecimentos sobre
o assunto;

• Contínuo. A aprendizagem é um processo que decorre ao longo de toda a vida, sendo uma
condição necessária à sobrevivência e à satisfação das necessidades humanas;

• Pessoal. O processo formativo deve centrar-se na individualidade de cada formando, porque a


aprendizagem é um processo pessoal que varia de pessoa para pessoa. Isto significa que a
aprendizagem depende da pessoa que aprende e que a mesma forma de ensinar pode não
resultar com dois sujeitos diferentes.

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FATORES COGNITIVOS DE APRENDIZAGEM (MEMÓRIA E ATENÇÃO)

A memória é aquilo que permite a aprendizagem, pois é através dela que podemos aprender coisas
novas e consolidar os conhecimentos. Podemos definir a memória como o processo cognitivo através
do qual codificamos, armazenamos e recuperamos a informação (Papalaia, Olds, & Feldman, 2001). O
processo de memorização dá-se em três fases:

• Codificação. É a primeira fase da memória que prepara as informações sensoriais para serem
posteriormente armazenadas no cérebro;

• Armazenamento. Consiste no registo de informação sobre algo, o que implica modificações


nas redes neuronais;

• Recuperação. É a fase em que nos lembramos, evocamos ou recordamos da informação que


armazenámos no passado.

Ao nível da memória, podemos falar de três tipos de sistemas principais:

• Memória sensorial, que está relacionada com as informações obtidas pelos sentidos e que
podem ser rapidamente esquecidas. Se a informação armazenada for processada, passa para
a memória a curto prazo;

• Memória a curto prazo, que retém informação durante um período limitado de tempo,
podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo;

• Memória a longo prazo, que se encontra associada à preservação da informação por períodos
longos, para posterior recuperação.

Em suma, a memória a curto prazo tem uma capacidade de armazenar informação limitada, e a
memória a longo prazo tem uma capacidade ilimitada. Estes dois tipos de memória variam em função
do período durante o qual a informação é retida.

A atenção, por outro lado, consiste num processo cognitivo de concentração seletiva num determinado
estímulo em detrimento de outro. Este fator é indispensável para o processo de aprendizagem, porque
nos permite captar/receber a informação que dará origem à aprendizagem (é como o interruptor que
nos permite ligar a luz). Considerando que o ser humano é incapaz de absorver todos os estímulos do
meio e que apenas presta atenção a alguns deles, em contexto formativo o formador deve ter a
capacidade de direcionar a atenção dos formandos para os estímulos de maior relevância. O número de
estímulos, a familiaridade, a similaridade, a novidade/imprevisto e a complexidade encontram-se entre
os fatores que podem (ou não) atrair a atenção.

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A APRENDIZAGEM DISRUPTIVA COMO METODOLOGIA DE FACILITAÇÃO

A evolução tecnológica e a utilização em massa da Internet têm conduzido a alterações significativas na


educação. Face a este cenário, a aprendizagem disruptiva, que consiste na incorporação da
aprendizagem online no sistema educativo, é um desafio e uma oportunidade para os
professores/formadores, permitindo que estes saiam da sua zona de conforto para explorar novas
formas de ensinar e motivar os alunos/formandos.

O e-learning (aprendizagem a distância através da Internet) e o b-learning (aprendizagem através de


sessões presenciais e a distância) constituem exemplos de aprendizagem disruptiva.

A aprendizagem disruptiva apresenta diversas vantagens, nomeadamente:

• É personalizada e centrada no aluno/formando, permito-lhe que trabalhe ao seu próprio


ritmo;

• Pode atender às necessidades de vários alunos/formandos;

• Produz os mesmos resultados que a estrutura da sala de aula do ensino tradicional a preços
mais baixos;

• Permite que os alunos/formandos adquiram novas qualificações.

Contudo, este tipo de aprendizagem também impõe algumas desvantagens:

• Alguns programas tentam ocupar o lugar dos professores/formadores, mas apenas podem
responder às questões com respostas pré-programadas;

• Algumas pessoas referem a incapacidade deste tipo de aprendizagem para potenciar o


pensamento crítico;

• Potencialmente, a aprendizagem disruptiva pode esconder as competências sociais e as


experiências colaborativas, devido à falta de interação humana.

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ESPÍRITO EMPREENDEDOR NA FORMAÇÃO

A formação é um processo contínuo que pretende formar pessoas autónomas, críticas e


empreendedoras. Um empreendedor é um indivíduo que imagina, desenvolve e realiza ações,
procurando sempre novas ideias e trabalhando com perseverança até alcançar os seus objetivos. Apesar
de comumente se associar o termo a pessoas que têm um negócio próprio, o conceito de
empreendedorismo é um estilo de vida e um comportamento, mais do que uma profissão.

Segundo Leite (2000), as qualidades principais de um empreendedor são as seguintes:

• Iniciativa;
• Visão;
• Coragem;
• Firmeza,
• Decisão;
• Atitude de respeito humano;
• Capacidade de organização e direção.

A estas características podemos acrescentar a determinação, o foco nos objetivos, a aceitação de riscos
calculados, o otimismo, o realismo, a responsabilidade e o uso do erro como uma ferramenta de
aprendizagem.

Na área da formação, procura-se formadores capazes de liderar, mobilizar, promover a reflexão e


desenvolver o espírito crítico dos formandos, diferenciando-se dos demais. Neste sentido, de modo a
promover o empreendedorismo dos formandos, a formação deve privilegiar os quatro grandes pilares
da aprendizagem: aprender a aprender (explorar os conceitos), o aprender a fazer (o saber o que fazer),
o aprender a conviver (respeito pelo trabalho em equipa) e o aprender a ser (valores e ética).

Deste modo, e de acordo com Jones e Pfeiffer (1979), o formador deve assegurar que a aprendizagem
é direcionada para cada um, focada nas atividades, prática, orientada para o trabalho individual, de
pares e grupos, baseada na comunicação com os formandos, orientada para a obtenção de resultados
e destinada a toda a comunidade.

Por esse motivo, o formador deve orientar os formandos no sentido de contribuir para que estes sejam
corresponsáveis pelo processo de aprendizagem, definam metas realistas, aprendam partindo da
experiência e dos erros e entendam que o esforço é um pilar fundamental para um bom desempenho.

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Contudo, é importante ter a noção de que o empreendedorismo pode esbarrar em alguns obstáculos,
nomeadamente a atual conjuntura de recessão, a cultura, a educação escolar (que não reconhece o
papel do empreendedor), a possibilidade de fracassar, o acesso a informação e meios adequados e a
pressão social sobre os empreendedores (devido ao estigma do falhanço).

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PEDAGOGIA DIFERENCIADA E DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA

Na atualidade, reconhece-se a importância de diferenciar, porque todas as pessoas apresentam


características próprias. Um dos aspetos variáveis tem a ver com a inteligência, perspetivada como a
capacidade do indivíduo para resolver problemas ou produzir produtos valorizados pela sociedade. De
acordo com a teoria das inteligências múltiplas (Gardner, 1993), o professor deve considerar as sete
inteligências dos seus alunos: linguística, lógico-matemática (as mais valorizadas na nossa sociedade),
visual-espacial, cinestésica, musical, interpessoal e intrapessoal. Além disso, cada um revela estilos de
aprendizagem variados, que se referem à forma como os alunos recebem e processam as informações.
Estes estilos podem ser visuais (aprende-se melhor ao visualizar), auditivos (aprende-se melhor ouvindo)
ou cinestésicos (aprende-se melhor quando se interage com os objetos, se escreve o que se escuta ou
se executa algo prático) (Barros, 2008).

Neste contexto, a pedagogia diferenciada é uma perspetiva de educar que propõe uma ação pedagógica
centrada no aluno ou em grupos específicos (por exemplo, alunos com necessidades educativas
especiais), ocorrendo num ambiente de aprendizagem aberto que potencia a construção pessoal dos
itinerários de apropriação dos saberes e do fazer pelos alunos. Por outro lado, a diferenciação
pedagógica é a adequação do estilo de ensino aos diversos estilos de aprendizagem, tomando como
ponto de partida a valorização das competências dos alunos e o recurso a estratégias, materiais e
recursos de natureza e formato diverso (Prezesmycki, 1991).

A diferenciação pedagógica constitui-se, assim, como uma resposta orientada pelo princípio do direito
de todos à aprendizagem, essencial para dar resposta à heterogeneidade de alunos que frequentam a
escola atual. Alguns dos seus princípios são os seguintes:

• O professor coloca em evidência aquilo que é importante;

• O professor deve reconhecer as diferenças entre os alunos;

• A avaliação deve ser contínua, porque a instrução e a avaliação são dois processos
indissociáveis;

• Todos os alunos têm de participar na sua própria instrução;

• Os desafios de aprendizagem devem ser moderados, de modo a garantir a sua exequibilidade;

• A informação deve revestir-se de significado para o aluno;

• O processo de aprendizagem deve ser colaborativo, mediante a atuação conjunta entre


professor e alunos ao nível da planificação, definição de objetivos, reflexão sobre o progresso
e análise de sucessos e fracassos;

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• O professor garante o equilíbrio entre as normas individuais e de grupo;

• O professor muda o conteúdo, o processo e o produto de acordo com a disponibilidade, o


interesse e o perfil de aprendizagem dos alunos.

Por fim, importa referir que a diferenciação pedagógica pode ser feita a três níveis: conteúdos (dar aos
alunos várias opções de acederem à informação), processos (recorrer a várias opções de apresentação
e exploração, de acordo com os conhecimentos prévios, os estilos de aprendizagem e os interesses dos
alunos) e produtos (meios e formas utilizados pelos alunos para mostrarem a compreensão dos
conteúdos ensinados). Por esse motivo, em contexto de sala de aula é importante que o professor seja
flexível, analise os estilos de aprendizagem dos alunos, valorize o trabalho autónomo, negoceie com os
alunos, diversifique as estratégias, atividades e materiais e recorra a novas formas de avaliação e ao
trabalho em equipa.

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DIFERENCIAR PORQUÊ?

Conforme referenciado por um provérbio chinês, “Diz-me e eu esquecerei, ensina-me e eu lembrar-me-


ei, envolve-me e eu aprenderei”. O grande desafio que se nos coloca atualmente é o de deixarmos de
estar tão preocupados em ensinar e de criarmos, pelo contrário, condições efetivas para que os alunos
aprendam, havendo uma deslocação do enfoque no ensino para a aprendizagem, o que implica a
aplicação de estratégias de diferenciação. De acordo com Perrenoud (1997, citado por Santana, 2000,
p. 30), “diferenciar é romper com a pedagogia magistral – a mesma lição e os mesmos exercícios para
todos ao mesmo tempo – mas é sobretudo uma maneira de pôr em funcionamento uma organização
de trabalho que integre dispositivos didáticos, de forma a colocar cada aluo perante a situação mais
favorável ao seu processo de aprendizagem”.

As salas de aula são lugares cada vez mais heterogéneos. A tarefa dos sistemas educativos atuais
consiste em reconhecer não só as diferenças culturais entre os alunos, mas também os diferentes ritmos
e estilos de aprendizagem e a pluralidade de interesses e capacidades, encontrando estratégias de
adaptação e desenvolvimento que a todos respeite e a todos inclua. Neste sentido, é importante
diferenciar para formar indivíduos responsáveis, críticos, atuantes e solidários, conscientes dos seus
direitos e deveres.

Os atuais sistemas de ensino devem diferenciar para construir escolas que respondam às necessidades
das sociedades contemporâneas e para aniquilar uma visão hegemónica e vertical que se instituiu nas
esferas governamentais e nos conselhos educativos das instituições educativas. Só mediante a aplicação
de uma pedagogia diferenciada será possível responder a questões relativas à qualidade educativa, à
pertinência dos currículos, à democratização dos espaços escolares, à integração social e à formação
ética dos alunos.

A pedagogia diferenciada relaciona-se, assim, com aspetos como a autonomia, a cooperação, a inclusão
e a aprendizagem significativa (relacionada com as informações previamente adquiridas pelo aluno).
Por isso, deve-se conceder uma importância cada vez maior à comunicação intercultural e reforçar os
princípios da modernidade, tendo em conta as particularidades dos alunos nas diversas dimensões, mas
sem perder a perspetiva de universalidade que a escola tem pelos conhecimentos científicos e pela
necessidade de democracia. Não se trata de parcelar ou fragmentar a escola ou a sala de aula, mas antes
de reconhecer a individualidade de sujeitos universais, o que pressupõe aceitação, reconhecimento,
solidariedade e foco nas relações humanas.

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A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

A PNL, desenvolvida por Richard Bandler e John Grinder nos anos 70, é uma abordagem com enfoque
na eficácia da comunicação, na facilitação da aprendizagem e no desenvolvimento pessoal. De acordo
com esta perspetiva, existe uma associação entre os processos neurológicos (neuro), a linguagem
(linguística) e os padrões comportamentais aprendidos através da experiência (programação), sendo
possível modificá-los para alcançar objetivos específicos (Dilts, Grinder, Bandler, & DeLozier, 1980).

A PNL é descrita como: (1) uma atitude caracterizada pelo sentido de curiosidade e desejo de aprender
competências para descobrir que tipo de comunicação influencia alguém e o tipo de coisas que vale a
pena saber (olhar para a vida como uma oportunidade para aprender e crescer); (2) uma metodologia
baseada na pressuposição de que todo o comportamento tem uma estrutura que pode ser modelada,
aprendida, ensinada e alterada ou reprogramada; e (3) uma tecnologia inovadora que permite ao
praticante organizar a informação e as perceções de formas que lhes permitam alcançar resultados que
antes pensou estarem além das competências.

A PNL supõe que a aprendizagem ocorre através de programas neurolinguísticos: o indivíduo constrói
mapas cognitivos dentro do seu sistema nervoso, relacionando-os com observações do ambiente e
respostas comportamentais. Com efeito, cada um de nós possui um mapa ou modelo do mundo e um
conjunto de pressuposições pessoais através das quais comunicamos pelo nosso comportamento na
sala de aula, nomeadamente o tom de voz, os gestos, as frases que usamos, a expressão facial, o
contacto visual. Nesse sentido, quem comunica é, de algum modo, a própria mensagem.

Quando falamos da aprendizagem, podemos caracterizar a PNL de acordo com algumas pressuposições
(http://www.leeds.ac.uk/educol/documents/00003319.htm):

• A relação professor-aluno é um processo dinâmico em que o significado é construído através


de feedback recíproco (não é uma transmissão de informações independente e individual);

• As pessoas agem de acordo com o modo como entendem e representam o mundo, e não de
acordo com a maneira como o mundo é (o que significa que o mapa não é o território);

• A estrutura da representação interna do mundo apresenta regularidades e é única para cada


indivíduo;

• Essa estruturação, a linguagem e comportamento do indivíduo regem-se por relações


sistemáticas. As representações internas do sujeito e o processamento refletem-se na sua
linguagem e no seu comportamento externo (por exemplo, o comportamento não-verbal),
sendo importante saber observar e utilizar esses aspetos;

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• As competências, crenças e comportamentos são aprendidos (por exemplo, as competências
têm sequências correspondentes de representação interna). A aprendizagem é um processo
através do qual tais representações e as sequências são adquiridos e modificados;

• A capacidade de um indivíduo para aprender é influenciada pelo seu estado neurofisiológico


(por exemplo, um estado de curiosidade em vez de um estado de tédio) e pelas suas crenças
sobre a aprendizagem e sobre si. Tais estados e crenças são aprendidos e suscetíveis à mudança.

• Essa mudança acontece por meio da comunicação entre professor e aluno, que ocorre através
de canais verbais e não-verbais, consciente e inconscientemente;

• Toda a comunicação influencia potencialmente a aprendizagem (por exemplo, a linguagem e


comportamento dos professores influencia os alunos ao nível da compreensão do tema e as
suas crenças sobre o mundo);

• A consciência do professor sobre a escolha dos próprios padrões de linguagem e


comportamento e a curiosidade sobre a sua influência e interação com as representações
internas do aluno são essenciais para a eficácia do ensino e da aprendizagem.

Em suma, o ensino é o processo que visa criar estados conducentes à aprendizagem e facilitar a
exploração das representações internas, orientando os indivíduos para o objetivo desejado. De seguida,
identifica-se algumas técnicas da PNL a que se pode recorrer em contexto de sala de aula:

• Criar harmonia, mediante a negociação contínua entre o professor e alunos, trabalho em equipa
e estratégias de comunicação entre o grupo;

• Espelhar o comportamento daqueles que queremos influenciar (por exemplo, ao nível da


postura, gestos e expressões faciais). Para que a comunicação seja natural, os aspetos verbais e
não-verbais precisam de ser combinados em atividades comunicativas. Os alunos podem ser
convidados a refletir o comportamento de personagens na televisão antes espelharem o
comportamento uns dos outros e do professor;

• Criar estados positivos e ancoragem através de uma imagem mental formada pelo processo de
alcançar algo mentalmente ou fisicamente, e este estado é ancorado por um gesto, expressão
ou movimento do corpo que é repetido para manter ou recuperar o estado;

• Manter o fluxo, mantendo o equilíbrio entre as competências existentes e novos desafios, de


modo a que os alunos mantenham a sensação de controlo daquilo que se passa em sala de aula.
Pode-se, por exemplo, recorrer a jogos colaborativos e competitivos, anedotas e canções;

• Modelagem de boas práticas recorrendo às estratégias utilizadas pelos outros.

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PRINCÍPIOS DA CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA

A educação tem sido criticada pela ênfase excessiva que coloca na aprendizagem mecânica e na
memorização, não estimulando uma forma autónoma de pensar e agir. Por esse motivo, hoje
reconhece-se que o sistema educativo deve oferecer experiências que ativem a curiosidade e
desenvolvam a criatividade em todas as áreas de expressão, valorizando-se os profissionais críticos e
criativos.

A criatividade não é um dom ou talento, sendo antes algo que pode ser estimulado ou inibido através
das relações que o indivíduo estabelece ao longo da vida. O processo criativo é dinâmico e resulta em
potencial para a mudança. As pessoas criativas são empreendedoras, curiosas, autossuficientes,
autónomas, informadas, autodisciplinadas, automotivadoras e motivantes.

O recurso à criatividade e a sua estimulação nos alunos devem processar-se através do interesse nos
próprios alunos e nas suas motivações internas, o que lhe permite ter um efeito mais duradouro. Para
que tal suceda, deve estimular-se a produção do pensamento divergente, procurando a solução de
problemas mediante diversas alternativas e estimulando a criatividade, que se relaciona com a
espontaneidade, o entusiasmo e a motivação.

De seguida, ficam algumas sugestões para criar uma aprendizagem mais atrativa:

• Criar interesse: utilizar uma história ou uma imagem visual interessante para iniciar uma sessão,
de modo a captar a atenção dos formandos; utilizar um problema para dar início à sessão,
mediante o qual a sessão será estruturada; colocar uma pergunta prévia, de modo a que os
formandos fiquem com motivação para assistir à sessão para obter a resposta;

• Maximizar a compreensão e a retenção: reduzir os pontos principais da sessão a palavras-chave;


dar exemplos práticos e relacionados com a realidade dos formandos, criando uma ponte entre
o conteúdo da sessão e a experiência dos formandos; dar ênfase ao apoio visual mediante o
resumos e demonstrações que possibilitem aos formandos verem e ouvirem;

• Envolver os participantes durante a sessão: recorrer a desafios momentâneos (interromper a


sessão periodicamente e desafiar os formandos a dar exemplos de conceitos apresentados ou
a responder a perguntas específicas); recorrer a atividades ilustrativas (através da apresentação,
entremear atividades breves que ilustrem pontos que estão a ser abordados);

• Reforçar a sessão: apresentar um problema ou uma pergunta para os formandos resolverem


com base nas informações apresentadas; rever o conteúdo, pedindo aos formandos para
reverem o conteúdo da sessão em pares ou através de uma ficha de trabalho.

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SÚMULA CONCLUSIVA

Os desafios contemporâneos que envolvem a atuação do formador exigem um conhecimento profundo


do sistema, contextos e perfil inerentes ao espaço da formação. Este espaço deve ser perspetivado
como um lugar de partilha de conhecimento, onde formador e formandos são coprodutores dos
objetivos a alcançar com a formação. Com efeito, um dos aspetos fundamentais da formação
contemporânea prende-se com a corresponsabilização de todos os intervenientes pelos resultados
formativos, valorizando-se a proatividade e a escuta ativa.

Através deste manual, procurou-se apresentar os principais fatores a considerar quando se pretende
exercer a atividade de formador. De entre os aspetos apresentados, destaca-se a importância da
flexibilidade e do conjunto de competências necessárias para fazer face aos desafios da formação atual,
onde a diferenciação e o sucesso das intervenções formativas são o principal objetivo a alcançar.

Também foi possível compreender que a aprendizagem é um processo dinâmico, gradativo e individual,
cabendo ao formador identificar as especificidades relativas a cada formando e a cada grupo, com o
objetivo de facilitar a aprendizagem. Considerando que um grupo de formação se caracteriza pela
diversidade, é fundamental que o formador consiga reconhecer e gerir o conjunto heterogéneo com
quem vai trabalhar, concebendo percursos individualizados de aprendizagem que permitam a efetiva
inclusão de todos.

Por fim, refira-se a necessidade de o formador assumir um espírito empreendedor e criativo na forma
como concebe e desenvolve as atividades formativas. Em simultâneo, é importante incutir essa
criatividade e espírito empreendedor nos formandos, tornando-os capazes de encontrar formas
distintas de resolução de problemas e fomentando a autonomia no seu processo de pensar e agir.

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Despacho 1971/2017 de 8 de março

Portaria 47/2017 de 1 de fevereiro

Decreto-Lei 14/2017 de 26 de janeiro

Portaria 232/2016 de 29 de agosto

Portaria 148/2016 de 23 de maio

Despacho 6239/2016 de 11 de maio

Portaria 190-A/2015 de 26 de junho

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Portaria 181-a/2015 de 19 de junho

Declaração de retificação 307/2015 de 28 de abril

Portaria 60-c/2015 de 2 de março

Despacho 2702-c/2015 de 13 de março

Portaria 851/2010 de 6 de setembro

Portaria 537/2010 de 19 de julho

Portaria 474/2010 de 8 de julho

Lei 7/2009 de 12 de fevereiro

Portaria 782/2009 de 23 de julho

Decreto-Lei nº 92/2011 de 27 de julho

Decreto-lei 39/2006 de 20 de fevereiro

Portaria 256/2005 de 16 de março

Decreto-lei 50/98 de 11 de março

Decreto-lei 242/88 de 7 de julho

Despacho 5533/2012 de 24 de abril

Decreto-regulamentar 4/2010 de 15 de outubro

Portaria 1009 – a/2010 de 1 de outubro

Decreto-lei 74/2008 de 22 de abril

Declaração de retificação 5 – a/2008 de 8 de fevereiro

Declaração de retificação 3/2008 de 30 de janeiro

Decreto-regulamentar 84 – a/2007 de 10 de dezembro

Despacho 1709-a/2014

Portaria 135-a/2013

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Portaria 475/2010 de 8 de julho

Portaria 781/2009 de 23 de julho

Portaria 370/2008 de 21 de maio

Despacho 13456/2008 de 14 de maio

Portaria 230/2008 de 7 de março

Decreto-lei 396/2007 de 31 de dezembro

Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro

Resolução do conselho de ministros 173/2007 de 7 de novembro,

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