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IDENTIFICAÇÃO DO CURSO:
Formação Pedagógica Inicial de Formadores
VERSÃO: 02
DATA DA ÚLTIMA 18-10-2019
ATUALIZAÇÃO:
PERFIL DO FORMADOR........................................................................................................................................30
A formação profissional tem vindo a sofrer alterações estruturais e conteudísticas nos últimos anos,
lançando os formadores em redes formativas cada vez mais complexas e desafiantes. Neste sentido, o
enquadramento da atividade surge como uma exigência para os futuros formadores, nomeadamente
no que diz respeito a aspetos como os contextos de intervenção, os novos desafios da profissão, a
estruturação dos programas de formação e o desenvolvimento da formação por competências.
Considerando que o aproveitamento na FPIF certifica o indivíduo para o exercício profissional das
funções de formador, este primeiro módulo tem como objetivo familiarizar o formando com os
contextos onde poderá vir a desenvolver a sua formação, o enquadramento legal e princípios
deontológicos da profissão, as suas principais competências e responsabilidades e alguns conceitos
relacionados com a formação.
Numa primeira parte, referente ao submódulo 1.1. Formador: Contextos de Intervenção, objetiva-se
dotar os formandos dos conhecimentos legislativos subjacentes à formação, de modo a que tenham
consciência dos contextos e desafios da profissão. A segunda parte, que incide sobre o módulo 1.2.
Aprendizagem, Criatividade e Empreendedorismo, tem como propósito principal transmitir aos
formandos os conceitos de criatividade, empreendedorismo e aprendizagem diferenciada.
Num mundo cada vez mais globalizante, o capital intelectual tornou-se o foco de atenção das empresas,
assumindo-se como uma condição essencial para a consecução da competitividade organizacional na
economia contemporânea. Como consequência, hoje em dia a formação profissional é uma prática
organizacional proeminente, de modo a assegurar que as competências dos colaboradores vão de
encontro às necessidades da organização.
Nos últimos anos, a educação/formação tem vindo a assumir um papel de relevo no âmbito das políticas
europeias, sobretudo desde o lançamento da Estratégia de Lisboa (2000) e do Programa “Educação e
Formação 2010” (EF 2010). A implementação da nova Estratégia Europa 2020 (que visa o crescimento
e o emprego) veio comprovar esse papel e solidificar os esforços empreendidos nesta área, resultando
na elaboração de objetivos e iniciativas comuns que integram todos os tipos de ensino e formação e
todas as etapas da aprendizagem ao longo da vida (ALV).
Com o objetivo de aumentar a eficácia da cooperação europeia encetada com o EF 2010, o Conselho
Europeu de 12 maio de 2009 definiu um quadro estratégico para o desenvolvimento dos sistemas de
educação e formação dos países da União Europeia (UE) até 2020 (EF 2020), estando previstos objetivos
e métodos comuns de trabalho para os Estados-Membros. A ALV constitui o princípio orientador deste
quadro estratégico, abrangendo a aprendizagem nos seus variados contextos (formal, não-formal e
informal) e níveis (não só os níveis que abrangem a educação pré-escolar e o ensino superior mas
também a educação e formação profissionais e a educação de adultos).
Numa breve síntese, os quatro objetivos estratégicos definidos para o período de 2010-2020 são os
seguintes (http://www.dges.mctes.pt):
• Educação pré-escolar: frequência de pelo menos 95% das crianças entre os 4 anos e a idade de
início do ensino primário obrigatório;
• Conclusão do ensino superior: percentagem de adultos de 30-34 anos com nível de ensino
superior de pelo menos 40%;
• Grundtvig (apoio à educação para adultos, através de parcerias, redes e ações de mobilidade
transnacionais);
Neste contexto, também importa referir os documentos Europass, que permitem apresentar as
competências e as qualificações num formato estandardizado, facilitando a procura de emprego fora
do país e o entendimento das qualificações obtidas pelos empregadores.
• O Sistema Europeu de Créditos, mediante o European Credit System for Vocational Education
and Training (ECVET), que permite que se transfira créditos de um sistema de qualificação para
outro. No ensino superior, a transferência de aprendizagens entre diferentes instituições tem
como base o European Credit Transfer and Accumulation System (ECTS), que é o instrumento
central do Processo de Bolonha.
2 Para
conhecer o Sistema Educativo Português, sugere-se a leitura do último relatório do Centro Europeu para o
Desenvolvimento da Formação Contínua (CEDEQP) sobre o Sistema de Educação e Formação e o último relatório sobre a
Educação e Formação em Portugal, criado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC).
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O SISTEMA E O CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES
A estratégia de desenvolvimento do SNQ passa por assegurar o cumprimento de alguns objetivos, entre
eles:
No âmbito do SNQ foram criados o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ), o Catálogo Nacional de
Qualificações (CNQ) e a Caderneta Individual de Competências (CIC).
O QNQ (Portaria 782/2009, de 23 de julho) consiste num quadro de referência único que classifica todas
as qualificações do sistema educativo e formativo nacional com referência aos princípios do QEQ. O
QNQ adota os oito níveis de qualificação do QEQ, assim como os mesmos descritores e resultados de
aprendizagem, valorizando as aprendizagens adquiridas por vias formais, não-formais e informais e a
dupla certificação de nível secundário. O QNQ inclui o ensino básico, secundário e superior, a formação
profissional e os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC)
(obtidas por via não-formal e informal). Quanto à estrutura, que pode ser consultada em
www.catalogo.anqep.gov.pt/Home/QNQ, esta é a seguinte (Tabela 1):
No que diz respeito ao CNQ, que se encontra disponível em www.catalogo.anqep.gov.pt, este constitui-
se como um instrumento de gestão estratégica que integra as qualificações de nível não superior
(Portaria 781/2009 de 23 de julho), regulando as modalidades de educação e formação de dupla
certificação e promovendo a eficácia do financiamento público (regula o acesso aos fundos sociais
europeus para a educação e formação).
A conclusão de uma qualificação prevista no CNQ é comprovada por um diploma de qualificação que
reflete uma qualificação definida no QNQ. A conclusão das UFCD desenvolvidas com base nos
referenciais do CNQ que não permitam de imediato uma qualificação dão direito a um certificado de
qualificações.
• Centros Qualifica;
• Escolas profissionais;
Com base na capitalização dos resultados de aprendizagem já alcançados e das competências adquiridas
pelo adulto, o Passaporte Qualifica simula vários percursos de qualificação possíveis para a obtenção de
novas qualificações e/ou progressão escolar e profissional.
Considerando que o aumento do nível de qualificações é uma prioridade do SNQ, o Passaporte Qualifica
prioriza não só propostas de conclusão e/ou aumento da qualificação dos adultos como a qualificação
de dupla certificação.
• Uma área pública para os utilizadores não autenticados, permitindo simular percursos de
educação e formação, já efetuados mas não registados no SIGO, ou percursos a efetuar;
O acesso à área privada é feito através de um código de registo disponibilizado apenas pelos Centros
Qualifica e entidades formadoras (estas últimas apenas no caso de já ter frequentado formação no
âmbito do SNQ).
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Figura 1. Passaporte Qualifica.
• Formações modulares (Portaria 230/2008 de 7 de março, com redação dada pela Portaria
283/2011 de 24 de outubro);
Prevê-se que os pontos de crédito sejam atribuídos às qualificações que integram o CNQ, de acordo
com o nível de qualificação definido no QNQ, considerando-se que um ano de educação e formação
profissional a tempo inteiro equivale a 60 pontos de crédito, em conformidade com o Sistema Europeu
de Créditos para o Ensino e Formação Profissionais (ECVET).
De acordo com a mesma portaria, os pontos de crédito são atribuídos às qualificações que integram o
CNQ, de acordo com o nível de qualificação definido no QNQ, nomeadamente:
• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 2 é de 120 (50 créditos para
a formação de base e 70 para a formação tecnológica)
• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 4 é de 180 (70 créditos para
a formação de base e 110 para a formação tecnológica);
• O número mínimo de pontos de crédito das qualificações de nível 5 é de 90 (15 créditos para a
formação geral e 75 para a formação tecnológica).
O registo do percurso individual de qualificação e dos respetivos pontos de créditos obtidos integra o
Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO).
O SISTEMA EDUCATIVO é regulamentado pela Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) (Lei 46/86 de
14 de outubro), organizando-se em três subsistemas: a educação pré-escolar (complementar à ação
educativa da família), a educação escolar (ensino básico, secundário e superior) e a educação
extraescolar (iniciativas de natureza formal e não-formal que incluem atividades de alfabetização e de
educação de base, atividades de aperfeiçoamento/atualização cultural e científica e atividades de
reconversão/aperfeiçoamento profissional).
A LBSE contempla ainda um conjunto de modalidades especiais de ensino, onde se destaca o ensino
recorrente, a formação profissional realizada nas escolas profissionais, a educação especial, o ensino a
distância e o ensino de português no estrangeiro.
• 3.º Ciclo. Preparação para prosseguimento de estudos ou entrada na vida ativa (pluridocência).
E nsino superior. O ensino superior estrutura-se de acordo com os princípios de Bolonha, estando o
acesso sujeito a numerus clausus. O acesso ocorre mediante um exame nacional ou específico para
maiores de 23 anos. Organiza-se em universidades e politécnicos, sendo atribuídos os graus de
licenciado, mestre e doutor.
As catorze escolas de hotelaria e turismo existentes em Portugal procuram responder a dois desafios: a
qualificação de novos profissionais para a entrada no mercado de emprego e o aperfeiçoamento de
ativos.
No que diz respeito às escolas de saúde, a formação inicial na área da saúde é executada pelas escolas
superiores de enfermagem e de tecnologia da saúde, pelos hospitais e pelas escolas profissionais
tecnológicas. Existem igualmente escolas privadas que oferecem cursos de formação inicial conferindo
graus de licenciatura. A formação inicial dos profissionais de saúde está integrada ou no sistema de
ensino ou no mercado de trabalho. Nas escolas integradas no sistema de ensino, algumas têm dupla
tutela (Educação e Saúde) e incluem as escolas públicas que ministram os cursos de enfermagem e de
tecnologias da saúde. Ao nível da formação profissional ligada à aprendizagem (alternância), existem
cursos para ingresso na vida ativa como ajudantes de fisioterapia, assistentes de geriatria, assistente
familiar e técnico-adjunto de saúde.
Também podemos destacar a formação promovida pelo IEFP, que é o serviço público de emprego
nacional e tem como missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego,
através da execução das políticas ativas de emprego e formação profissional. As principais ofertas
formativas disponíveis podem ser consultadas na página oficial do IEFP (www.iefp.pt), de acordo com a
sua rede de centros.
A formação contínua da administração pública é levada a cabo pelo Instituto Nacional de Administração
(INA) e pelo Centro de Estudos e Formação Autárquica (CEFA).
Para além das intervenções formativas promovidas pelas instituições públicas, há que destacar a
emergência de inúmeras iniciativas e de entidades privadas com atuações relevantes na formação inicial
e contínua. Podemos identificar como entidades igualmente formadoras as associações sindicais,
patronais e instituições de solidariedade social. Com os apoios dos quadros comunitários e do atual
POCH, um número crescente de empresas tem vindo a organizar ações de formação dirigidas aos seus
ativos, através de estruturas de formação próprias ou recorrendo a terceiros.
Ainda a este respeito, atente-se na publicação do Decreto-Lei nº 92/2011 de 27 de Julho, que veio
simplificar o acesso a várias profissões, mediante a eliminação da necessidade de obtenção de uma
carteira profissional para o desenvolvimento de atividades como cabeleireiro, massagista de estética,
manicuro, cozinheiro, pasteleiro, operador agrícola, técnico de eletrónica, entre outras. Pode, assim,
optar-se pela frequência de formação profissional em entidades certificadas.
Na atualidade, a formação profissional assume um papel central perante desafios como a globalização,
o envelhecimento populacional, a utilização progressiva das novas tecnologias e a consequente
premência de aquisição e atualização de competências. O conceito de formação profissional refere-se
ao “conjunto de atividades que visam proporcionar a aquisição de conhecimentos, capacidades práticas,
atitudes e formas de comportamento exigidas ao bom desempenho de uma determinada profissão ou
grupo de profissões num determinado contexto de organização produtiva económica e social”
(www.dgert.mtss.gov.pt/).
A formação profissional pode, assim, assumir diversas formas e visar diversas finalidades, entre elas:
A formação tem uma terminologia própria, pelo que é importante reter alguns conceitos (h
ttp://certifica.dgert.msess.pt/):
• ACÇÃO DE FORMAÇÃO. Atividade concreta de formação que visa atingir objetivos de formação
previamente definidos;
Ao nível da legislação nacional aplicada à formação na sua generalidade, podemos indicar os seguintes:
• LEI 7/2009 DE 12 DE FEVEREIRO, que aprova o novo Código de Trabalho e faz referência à
formação profissional. Revoga a Lei 99/2003 de 27 de agosto, que estava regulamentada pela
Lei 35/2004;
Para conhecer a legislação associada à formação na função pública, consulte a DGAEP (Direção-Geral
da Administração e do Emprego Público).
Para obter mais informações sobre a legislação relativa à formação financiada, consulte a secção de
legislação do site do POCH.
• PORTARIA 475/2010 DE 8 DE JULHO, que aprova o modelo da CIC e regula o respetivo conteúdo
e o processo de registo previsto no regime jurídico do SNQ, aprovado pelo Decreto-Lei
396/2007 de 31 de dezembro;
• PORTARIA 370/2008 DE 21 DE MAIO, que regula a criação e o funcionamento dos Centros Novas
Oportunidades, Incluindo o encaminhamento para a formação e o reconhecimento, validação
e certificação de competências;
• PORTARIA 230/2008 DE 7 DE MARÇO, que define regime jurídico dos cursos de educação e
formação de adultos (cursos EFA) e formações modulares previstos no Decreto-Lei 396/2007
de 31 de dezembro e revoga a Portaria 817/2007 de 27 de julho;
No contexto atual, é importante situar o papel do formador no sistema onde desenvolve a sua atividade
e definir o perfil de competências desejável. De acordo com o IEFP,
Em qualquer das vias, de acordo com a Portaria 994/2010 de 29 de setembro, o CCP está isento de
renovação e não apresenta prazo de validade, o que não dispensa os titulares da necessidade de
manterem atualizadas as respetivas competências.
Para além da posse do CCP, o formador deve ter uma qualificação de nível superior. Em componentes,
unidades ou módulos de formação orientados para competências de natureza mais operativa, o
formador pode ter uma qualificação de nível igual ao nível de saída dos formandos, desde que tenha
uma experiência profissional comprovada de, no mínimo, cinco anos.
A título excecional, o IEFP também pode autorizar a intervenção na formação dos profissionais que, não
sendo certificados, possuam especial qualificação académica e/ou profissional não disponível ou pouco
frequente no mercado de trabalho. Pode também autorizar a intervenção de profissionais que, detendo
uma qualificação inferior àquela em que se enquadra a ação de formação a realizar, apresentem uma
qualificação profissional não disponível ou pouco frequente no mercado de trabalho. O pedido de
autorização é formulado pela entidade formadora ao IEFP com uma antecedência mínima de 20 dias
úteis face ao início da ação, através do preenchimento do formulário Regime Excecional.
Os formadores que obtiverem o CCP podem, se explicitamente o solicitarem, vir a integrar uma Bolsa
Nacional de Formadores, organizada por regiões e por setores de atividade/áreas de formação, a qual
se encontra disponível para as entidades gestoras, formadores e beneficiários de formação.
Competências e capacidades
Apesar da dificuldade inerente à definição das competências do formador, podemos caracterizar três
tipos de competências principais: psicossociais, pedagógicas e técnico-profissionais.
Competências psicossociais
Competências pedagógicas
Competências técnico-profissionais
• Manter-se atualizado.
FUNÇÕES DESCRIÇÃO
Ainda neste contexto, há diferentes tipos de formadores que podem diferenciar-se quanto ao regime
de ocupação e quanto ao vínculo para com a entidade onde desenvolvem a formação:
• Quanto ao vínculo, podem ser internos ou externos conforme tenham ou não vínculo com a
entidade formadora ou beneficiária.
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CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES
Segundo o Decreto Regulamentar 267/94 série I-B de 18 de novembro, que visa regulamentar o
exercício da atividade de formador no âmbito da formação profissional inserida no mercado de
emprego, são direitos do formador:
• Apresentar propostas com vista à melhoria das atividades formativas, nomeadamente, através
da participação no processo de desenvolvimento e nos critérios de avaliação da ação de
formação;
• Cooperar com a entidade formadora, bem como com outros intervenientes do processo
formativo, no sentido de assegurar a eficácia da ação de formação;
• Avaliar cada ação de formação e cada processo formativo em função dos objetivos fixados e do
nível de adequação conseguido;
A formação profissional divide-se em duas grandes categorias: a formação inicial e a formação contínua.
Formação inicial
De acordo com o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro, a formação inicial tem como
objetivo a aquisição de saberes, competências e capacidades necessárias para iniciar o exercício de uma
profissão.
Na formação inicial ainda se pode distinguir dois formatos: a formação inicial simples e a formação inicial
de dupla certificação.
A formação profissional inicial simples garante uma única certificação. Este formato qualifica para uma
profissão, ao passo que a formação de dupla certificação, para além de qualificar para uma profissão,
também garante uma habilitação escolar.
A formação inicial de dupla certificação é toda a formação inicial integrada no CNQ e desenvolvida por
uma entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos
ministérios competentes. A dupla certificação não é mais do que o reconhecimento de competências
para exercer uma ou mais atividades profissionais e de uma habilitação escolar.
Formação contínua
Ainda de acordo com artigo 3.º do mesmo Decreto-Lei, a formação contínua é uma atividade de
educação e formação empreendida após a saída do sistema de ensino ou após o ingresso no mercado
de trabalho que permita ao indivíduo aprofundar competências profissionais e relacionais, tendo em
vista o exercício de uma ou mais atividades profissionais, uma melhor adaptação às mutações
tecnológicas e organizacionais e o reforço da sua empregabilidade.
A formação contínua é aquela empreendida após o ingresso no mercado de trabalho ou após a saída do
sistema de ensino. Desta forma, não se destina apenas a jovens em início da vida ativa, que procuram
uma formação base que lhes permita iniciar uma carreira, mas também a adultos em plena atividade
profissional que precisam de se atualizar, aperfeiçoar ou reconhecer as suas competências para
exercerem a sua profissão ou outra.
• A formação contínua de dupla certificação inserida no SNQ (ao abrigo do Decreto-Lei n.º
14/2017 de 26 de janeiro), que não é mais do que formação contínua desenvolvida através de
quaisquer módulos integrados no CNQ e desenvolvida por uma entidade formadora certificada
para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos ministérios competentes;
De acordo com o artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro, que estabeleceu o SNQ, existem
seis modalidades de formação de dupla certificação:
• Cursos de educação e formação para jovens (formação inicial para jovens que abandonaram ou
estão em risco de abandonar o sistema regular de ensino, privilegiando a sua inserção na vida
ativa e permitindo o prosseguimento de estudos);
• Cursos de educação e formação para adultos (cursos para indivíduos com mais de 18 anos, não
qualificados ou sem qualificação adequada, para efeitos de inserção/reinserção e progressão
no mercado de trabalho e que não tenham concluído o ensino básico ou secundário);
• Cursos de especialização tecnológica (cursos de nível pós-secundário não superior que visam
conferir uma qualificação com base em formação técnica especializada);
O Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro refere o utras modalidades que têm em comum o facto de
não serem de dupla certificação, na medida em que não dão equivalência a níveis de qualificação escolar
mas podem ter dupla certificação se forem inseridas em processos de RVCC:
• Outras ações de formação contínua (que incluem todas as outras formações que não são de
dupla certificação e que não são realizadas dentro das pequenas e médias empresas mas que
servem para reciclagem, aperfeiçoamento ou aumento de competências – inclui-se aqui a
formação para públicos diferenciados, como pessoas com deficiência, e a formação em
contexto de trabalho em empresas de qualquer dimensão e todo o tipo de organizações).
Objetivos. Face ao elevado número de jovens em situação de abandono escolar e em transição para a
vida ativa, os cursos de Educação e Formação de Jovens (CEF) visam a recuperação dos défices de
qualificação, escolar e profissional, destes públicos, através da aquisição de competências escolares,
técnicas, sociais e relacionais, que lhes permitam ingressar num mercado de trabalho cada vez mais
exigente e competitivo.
Destinatários. Estes cursos destinam-se a jovens, candidatos ao primeiro emprego, ou a novo emprego,
com idade igual ou superior a 15 anos e inferior a 23 anos, à data de início do curso, em risco de
abandono escolar, ou que já abandonaram a via regular de ensino e detentores de habilitações escolares
que variam entre o 6.º ano de escolaridade, ou inferior e o ensino secundário.
Componentes de Formação. Os cursos de educação e formação para jovens apresentam uma estrutura
curricular, de carater profissionalizante, que integra quatro componentes de formação, nomeadamente
sociocultural, científica, tecnológica e prática em contexto de trabalho.
Certificação Escolar e Profissional. A frequência destes cursos, com aproveitamento, garante a obtenção
de uma qualificação de nível 1, 2 ou 4, com equivalência ao 6.º, 9.º ou 12.º anos de escolaridade.
Objetivos. Os cursos de educação e formação de adultos (EFA) visam elevar os níveis de habilitação
escolar e profissional da população portuguesa adulta, através de uma oferta integrada de educação e
formação profissionalizante e que certifique as competências adquiridas ao longo da vida.
Destinatários. Estes cursos destinam-se a candidatos com idade igual ou superior a 18 anos à data de
início da formação, sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de
trabalho ou sem a conclusão do ensino básico ou do ensino secundário.
Componentes de Formação. Os cursos EFA dividem-se em ensino básico (formação base, formação
tecnológica e módulo de “aprender com autonomia”) e ensino secundário (funciona da mesma forma,
com formação base mais exigente e construção de um Portefólio Reflexivo de Aprendizagens, PRA).
A formação para públicos diferenciados (como é o caso das pessoas com incapacidade ou deficiência)
tem como objetivo a sua reabilitação profissional e a preparação para uma profissão ajustada às suas
aptidões e capacidades físicas.
A formação inserida no mercado de emprego tem como base de referência a empresa e tem como
destinatários a população ativa empregada ou desempregada, incluindo os candidatos ao primeiro
emprego (Decreto-Lei n.º 14/2017 de 26 de janeiro).
Presencial
Esta modalidade de intervenção formativa caracteriza-se por todos os conteúdos serem ministrados em
contexto de sala, mediante o contacto direto entre os formandos e o formador.
E-learning
É uma modalidade de ensino a distância que permite a autoaprendizagem, com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de
informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculado através da Internet.
B-learning
O blended learning ou b-learning refere-se a um sistema de formação onde a maior parte dos conteúdos
é transmitido em curso a distância, normalmente pela Internet, mas inclui situações presenciais, daí a
origem da designação blended (misto).O b-learning pode estruturar-se em atividades síncronas ou
assíncronas (tal como o e-learning), o que pressupõe o trabalho conjunto entre formandos e formador
num horário predefinido ou flexível. Geralmente, o b-learning não é totalmente assíncrono, porque
exigiria uma disponibilidade individualizada para encontros presenciais, o que dificulta o entendimento.
O processo de RVCC permite a indivíduos com mais de 18 anos de idade o reconhecimento, a validação
e a certificação de competências adquiridas e desenvolvidas ao longo da vida (artigo 3.º do Decreto-Lei
n.º 14/2017 de 26 de janeiro). A qualificação pode ainda resultar do reconhecimento de títulos
adquiridos noutros países.
O RVCC escolar certifica competências escolares associadas a habilitações de nível básico e nível
secundário de ensino (Portaria 370/2008 de 21 de maio) e o RVCC profissional certifica competências
profissionais associadas a qualificações de nível 2 e nível 4 (Portaria 211/2011 de 26 de maio).
Ainda neste âmbito, é importante fazer referência aos Centros Qualifica, regulados pela Portaria
232/2016 de 29 de agosto. O Programa Qualifica é um programa vocacionado para a qualificação de
adultos que tem por objetivo melhorar os níveis de educação e formação dos adultos, contribuindo para
a melhoria dos níveis de qualificação da população e a melhoria da empregabilidade dos indivíduos.
Estes centros passam a funcionar de acordo com o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação
Profissionais, que permite a atribuição de pontos de crédito às qualificações integradas no Catálogo
Nacional de Qualificações (CNQ) e ainda a outras formações certificadas, desde que as mesmas se
encontram registadas no Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO) e
cumpram os critérios de garantia da qualidade em vigor. Este sistema incorpora os princípios do Sistema
Europeu de Créditos para o Ensino e Formação Profissionais (ECVET), favorecendo a mobilidade no
espaço europeu.
Sendo uma prioridade do Sistema Nacional de Qualificações o aumento do nível de qualificação dos
adultos, o Passaporte Qualifica prioriza propostas de conclusão e/ou aumento da qualificação dos
adultos, bem como para a qualificação de dupla certificação. Os percursos de qualificação são sugeridos
em função da maior capitalização possível de unidades de formação já certificadas e de créditos já
obtidos pelo adulto em formações anteriores (ver o Despacho 1971/2017 de 8 de março).
APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE
E EMPREENDEDORISMO
Neste contexto, a primeira questão que nos surge é a seguinte: O que é a aprendizagem? De forma
simples, é a capacidade de que necessitamos para responder diariamente às diferentes solicitações e
desafios que se nos colocam na nossa interação com o meio. Confrontamo-nos frequentemente com as
mais diversificadas situações que exigem de nós respostas adequadas. Alguns exemplos: organizar um
curso de formação, preparar uma sessão de formação, ajudar um formando a resolver uma dificuldade,
conduzir um automóvel, reparar uma avaria elétrica em casa ou ajudar um amigo a resolver um
problema.
Surge-nos, ainda, uma segunda questão: Como aprendem as pessoas? Será que existe um único tipo de
aprendizagem (aprende-se sempre da mesma maneira, independentemente do objetivo da
aprendizagem?). Vejamos estes três exemplos: solicitar aos formandos que reproduzam um
determinado conceito teórico, que a partir dos conceitos teóricos transmitidos resolvam um problema
ou que façam uma demonstração prática. Será que nas três situações apresentadas está presente o
mesmo tipo de aprendizagem e serão os mesmos os processos cognitivos (mentais) em jogo?
Para se conseguir realizar as diferentes tarefas, constatamos que há vários tipos de aprendizagem e
diferentes processos cognitivos. Assim, para que o formador consiga cumprir a sua tarefa de facilitador
de aprendizagem, é necessário que compreenda o que se passa na cabeça do “sujeito que aprende”.
Esta análise pode ajudá-lo a planificar a formação de modo a rentabilizar os processos internos
intervenientes na aprendizagem.
Com o objetivo de ajudar os futuros formadores a atingirem estes objetivos, este submódulo vai abordar
um conjunto de conceitos e reflexões sobre: conceitos e características da aprendizagem; teorias,
modos/modelos/mecanismos de aprendizagem; processos, etapas e fatores psicológicos da
aprendizagem; fontes e métodos de motivação.
Este processo pode ser analisado sob diversas perspetivas, pelo que existem diferentes teorias da
aprendizagem, que têm como objetivo explicar a dinâmica envolvida da aprendizagem e a relação entre
o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. As diferentes teorias podem agrupar-se em três
grupos principais: comportamentalistas, cognitivistas e humanistas.
A RETER!
Teorias comportamentalistas
Watson, em 1927, proclamou a sua famosa frase: ‘Deem-me um bebé e eu farei dele o que quiser, um
ladrão ou um juiz, um pistoleiro ou um médico. As possibilidades de o moldar são infinitas. Os homens
são construídos, não nascem assim’. Esta frase contém os princípios básicos das teorias
comportamentalistas, para quem a aprendizagem é uma modificação do comportamento diretamente
observável, no sentido de uma adaptação progressiva, no decorrer de atividades repetidas em condições
semelhantes. Como se pode observar, coloca-se a ênfase nos comportamentos observáveis adquiridos
através da repetição constante do comportamento.
Outro conceito associado a esta teoria relaciona-se com o reforço, que é um dos principais motores da
aprendizagem. Isto significa que, ao longo do processo de aprendizagem, é fundamental ir reforçando
positivamente à medida que o indivíduo adquire prática. A frequência do reforço deve ser gradualmente
reduzida, para que seja garantida uma maior durabilidade das respostas.
Princípios psicopedagógicos:
• Usar reforços, retirar reforços ou punir, em função dos comportamentos e das aprendizagens
pretendidas;
Teorias cognitivistas
As teorias cognitivistas consideram que a aprendizagem ocorre pela descoberta e procura, sendo
progressiva e baseada na experiência. A aprendizagem consiste num processo de reorganização da
perceção que se traduz numa modificação estrutura cognitiva do sujeito, permitindo-lhe reconstruir a
informação que recebe. Deste modo, a aprendizagem é vista como um processo de armazenamento de
informações, procurando definir e descrever como os sujeitos percebem, direcionam e coordenam as
suas interações com o ambiente. Piaget, Ausubel, Bruner, Lewin, Wertheimer e Kohler são alguns dos
autores mais representativos desta linha de pensamento.
Neste contexto, a aprendizagem é uma constante procura do significado das coisas: aprender é
construir o seu próprio significado e não encontrá-lo nas ‘respostas certas’ dadas por alguém. Por isso
mesmo, a informação a ser apreendida precisa de fazer sentido para o sujeito.
Implicações para a prática pedagógica: ensino pela descoberta, introduções, sumários, questionários
orientados para a compreensão, esquemas, debates, discussões e estudos de caso.
A RETER!
Teorias humanistas
Princípios psicopedagógicos:
• Não nos devemos preocupar tanto com o ensino, devendo colocar a ênfase na aprendizagem
enquanto potenciadora do desenvolvimento da pessoa;
• Criar uma atmosfera emocional positiva que ajude o indivíduo a integrar novas experiências e
ideias;
Implicações para a prática pedagógica: ensino individualizado, discussões, debates, painéis, simulações,
jogos de papéis e resolução de problemas.
A RETER!
A andragogia, inicialmente definida como a arte a ciência de ajudar os adultos a aprender (Knowles,
1970), define-se atualmente como uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação em qualquer
idade e centrada no aprendiz (Conner, 1997). Deste modo, a abordagem andragógica é dirigida e focada
no aprender fazendo, ao passo que a pedagogia é centrada no aprendiz e é diretiva.
No que diz respeito à aprendizagem dos adultos, Malcom Knowles (1970) refere que estes passam da
dependência ao autodirecionamento, tiram partido do seu reportório de experiências para aprender,
estão prontos para aprender quando assumem novos papéis, querem resolver problemas e aplicar
novos conhecimentos de forma imediata. Em conformidade com estas assunções, a andragogia afirma
que a aprendizagem dos adultos é mais efetiva quando:
Nas últimas décadas, temos assistido ao abandono da ideia de que o adulto é inalterável, sobretudo
devido às grandes transformações tecnológicas, científicas e laborais. Por isso mesmo, hoje reconhece-
se a necessidade de aprender ao longo da vida para acompanhar essas mudanças.
Fonte: http://andragogiaonline.blogspot.pt/2008/04/diferena-fundamental-andragogia-e.html.
A psicologia ajuda o professor a obter respostas a estas questões e mostra que a aprendizagem é mais
efetiva quando se tem em consideração fatores como a motivação e o interesse. O conhecimento da
psicologia da aprendizagem ajuda o professor a modificar a sua abordagem em relação ao processo de
aprendizagem.
A RETER!
Enquanto facilitador da aprendizagem, o formador tem como objetivo principal levar os formandos a
aprender, mediante a criação de situações que favoreçam a aprendizagem. A aprendizagem é a
capacidade que nos permite responder adequadamente às solicitações e desafios colocados pela
interação com o meio. Mas será que existe um único tipo de aprendizagem? Por exemplo, quando se
solicita aos formandos que definam conceitos, resolvam problemas ou façam demonstrações práticas,
estaremos perante o mesmo tipo de aprendizagem e os mesmos processos cognitivos?
Com efeito, a realização de tarefas distintas pressupõe diferentes tipos de aprendizagem e diferentes
processos cognitivos. Por esse motivo, o formador só poderá cumprir efetivamente o seu papel de
facilitador da aprendizagem e rentabilizar os processos internos intervenientes na aprendizagem se
compreender que diferentes tipos de aprendizagem implicam diferentes processos cognitivos,
pressupõem diferentes capacidades e exigem níveis de resposta diferenciados. As diferentes formas
como aprendemos implicam processos de aprendizagem diferentes, como se pode ver na tabela 5:
Fazendo/Experimentando
Com o erro Condicionamento ou aquisição de
Comportamentalistas
Repetindo automatismos
Memorizando
Aprendizagem social
Imitando Modelagem ou reprodução de modelos
Reproduzindo modelos
Com o grupo
Com a situação
Com o problema
Descobrindo Intuição ou descoberta
Transferindo
Cognitivistas
Associando/dissociando Estruturação ou elaboração da
Estruturando informação
Analisando
Contextualizando
Aprendendo a aprender
Quando o formador faz a planificação da formação, deve criar situações que favoreçam a aprendizagem
tendo em conta três variáveis:
Normalmente, o público-alvo da formação é constituído por adultos, o que pressupõe uma abordagem
diferenciada daquela que é utilizada com as crianças. Os adultos têm um maior repertório de
experiências, crenças e valores acerca do mundo e dos outros, mas também possuem uma menor
resistência ao fracasso em situações de ensino-aprendizagem. Outro fator prende-se com o facto de
esquecerem facilmente aquilo que ouvem ou leem (à semelhança das crianças), mais ainda depois dos
30, pois há um decréscimo nas capacidades de memorização. Por isso, não se deve recorrer a estratégias
que pressuponham a memorização.
• Perceção;
• Atenção e concentração;
• Local de aprendizagem.
• Conhecimento dos objetivos. Os objetivos devem ser comunicados aos formandos, com o
propósito de saberem aquilo que deles é esperado no final da formação;
• Participação ativa. Quanto mais ativo e implicado na formação o formando estiver, mais
interessado e entusiasmado se sentirá face à aquisição dos conhecimentos;
• Conhecimento dos resultados. O desempenho do formando permite que este se situe dentro
da formação e funciona como um reforço;
3A aprendizagem em espiral refere-se ao facto de se iniciar a aprendizagem a partir do conhecimento e experiências dos
formandos. O objetivo é que os formandos relatem as suas experiências e que o formador recorra a analogias e exemplos
práticos que facilitem a aprendizagem.
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CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E PERCURSOS DA APRENDIZAGEM
• Contínuo. A aprendizagem é um processo que decorre ao longo de toda a vida, sendo uma
condição necessária à sobrevivência e à satisfação das necessidades humanas;
A memória é aquilo que permite a aprendizagem, pois é através dela que podemos aprender coisas
novas e consolidar os conhecimentos. Podemos definir a memória como o processo cognitivo através
do qual codificamos, armazenamos e recuperamos a informação (Papalaia, Olds, & Feldman, 2001). O
processo de memorização dá-se em três fases:
• Codificação. É a primeira fase da memória que prepara as informações sensoriais para serem
posteriormente armazenadas no cérebro;
• Memória sensorial, que está relacionada com as informações obtidas pelos sentidos e que
podem ser rapidamente esquecidas. Se a informação armazenada for processada, passa para
a memória a curto prazo;
• Memória a curto prazo, que retém informação durante um período limitado de tempo,
podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo;
• Memória a longo prazo, que se encontra associada à preservação da informação por períodos
longos, para posterior recuperação.
Em suma, a memória a curto prazo tem uma capacidade de armazenar informação limitada, e a
memória a longo prazo tem uma capacidade ilimitada. Estes dois tipos de memória variam em função
do período durante o qual a informação é retida.
A atenção, por outro lado, consiste num processo cognitivo de concentração seletiva num determinado
estímulo em detrimento de outro. Este fator é indispensável para o processo de aprendizagem, porque
nos permite captar/receber a informação que dará origem à aprendizagem (é como o interruptor que
nos permite ligar a luz). Considerando que o ser humano é incapaz de absorver todos os estímulos do
meio e que apenas presta atenção a alguns deles, em contexto formativo o formador deve ter a
capacidade de direcionar a atenção dos formandos para os estímulos de maior relevância. O número de
estímulos, a familiaridade, a similaridade, a novidade/imprevisto e a complexidade encontram-se entre
os fatores que podem (ou não) atrair a atenção.
• Produz os mesmos resultados que a estrutura da sala de aula do ensino tradicional a preços
mais baixos;
• Alguns programas tentam ocupar o lugar dos professores/formadores, mas apenas podem
responder às questões com respostas pré-programadas;
• Iniciativa;
• Visão;
• Coragem;
• Firmeza,
• Decisão;
• Atitude de respeito humano;
• Capacidade de organização e direção.
A estas características podemos acrescentar a determinação, o foco nos objetivos, a aceitação de riscos
calculados, o otimismo, o realismo, a responsabilidade e o uso do erro como uma ferramenta de
aprendizagem.
Deste modo, e de acordo com Jones e Pfeiffer (1979), o formador deve assegurar que a aprendizagem
é direcionada para cada um, focada nas atividades, prática, orientada para o trabalho individual, de
pares e grupos, baseada na comunicação com os formandos, orientada para a obtenção de resultados
e destinada a toda a comunidade.
Por esse motivo, o formador deve orientar os formandos no sentido de contribuir para que estes sejam
corresponsáveis pelo processo de aprendizagem, definam metas realistas, aprendam partindo da
experiência e dos erros e entendam que o esforço é um pilar fundamental para um bom desempenho.
Neste contexto, a pedagogia diferenciada é uma perspetiva de educar que propõe uma ação pedagógica
centrada no aluno ou em grupos específicos (por exemplo, alunos com necessidades educativas
especiais), ocorrendo num ambiente de aprendizagem aberto que potencia a construção pessoal dos
itinerários de apropriação dos saberes e do fazer pelos alunos. Por outro lado, a diferenciação
pedagógica é a adequação do estilo de ensino aos diversos estilos de aprendizagem, tomando como
ponto de partida a valorização das competências dos alunos e o recurso a estratégias, materiais e
recursos de natureza e formato diverso (Prezesmycki, 1991).
A diferenciação pedagógica constitui-se, assim, como uma resposta orientada pelo princípio do direito
de todos à aprendizagem, essencial para dar resposta à heterogeneidade de alunos que frequentam a
escola atual. Alguns dos seus princípios são os seguintes:
• A avaliação deve ser contínua, porque a instrução e a avaliação são dois processos
indissociáveis;
Por fim, importa referir que a diferenciação pedagógica pode ser feita a três níveis: conteúdos (dar aos
alunos várias opções de acederem à informação), processos (recorrer a várias opções de apresentação
e exploração, de acordo com os conhecimentos prévios, os estilos de aprendizagem e os interesses dos
alunos) e produtos (meios e formas utilizados pelos alunos para mostrarem a compreensão dos
conteúdos ensinados). Por esse motivo, em contexto de sala de aula é importante que o professor seja
flexível, analise os estilos de aprendizagem dos alunos, valorize o trabalho autónomo, negoceie com os
alunos, diversifique as estratégias, atividades e materiais e recorra a novas formas de avaliação e ao
trabalho em equipa.
As salas de aula são lugares cada vez mais heterogéneos. A tarefa dos sistemas educativos atuais
consiste em reconhecer não só as diferenças culturais entre os alunos, mas também os diferentes ritmos
e estilos de aprendizagem e a pluralidade de interesses e capacidades, encontrando estratégias de
adaptação e desenvolvimento que a todos respeite e a todos inclua. Neste sentido, é importante
diferenciar para formar indivíduos responsáveis, críticos, atuantes e solidários, conscientes dos seus
direitos e deveres.
Os atuais sistemas de ensino devem diferenciar para construir escolas que respondam às necessidades
das sociedades contemporâneas e para aniquilar uma visão hegemónica e vertical que se instituiu nas
esferas governamentais e nos conselhos educativos das instituições educativas. Só mediante a aplicação
de uma pedagogia diferenciada será possível responder a questões relativas à qualidade educativa, à
pertinência dos currículos, à democratização dos espaços escolares, à integração social e à formação
ética dos alunos.
A pedagogia diferenciada relaciona-se, assim, com aspetos como a autonomia, a cooperação, a inclusão
e a aprendizagem significativa (relacionada com as informações previamente adquiridas pelo aluno).
Por isso, deve-se conceder uma importância cada vez maior à comunicação intercultural e reforçar os
princípios da modernidade, tendo em conta as particularidades dos alunos nas diversas dimensões, mas
sem perder a perspetiva de universalidade que a escola tem pelos conhecimentos científicos e pela
necessidade de democracia. Não se trata de parcelar ou fragmentar a escola ou a sala de aula, mas antes
de reconhecer a individualidade de sujeitos universais, o que pressupõe aceitação, reconhecimento,
solidariedade e foco nas relações humanas.
A PNL, desenvolvida por Richard Bandler e John Grinder nos anos 70, é uma abordagem com enfoque
na eficácia da comunicação, na facilitação da aprendizagem e no desenvolvimento pessoal. De acordo
com esta perspetiva, existe uma associação entre os processos neurológicos (neuro), a linguagem
(linguística) e os padrões comportamentais aprendidos através da experiência (programação), sendo
possível modificá-los para alcançar objetivos específicos (Dilts, Grinder, Bandler, & DeLozier, 1980).
A PNL é descrita como: (1) uma atitude caracterizada pelo sentido de curiosidade e desejo de aprender
competências para descobrir que tipo de comunicação influencia alguém e o tipo de coisas que vale a
pena saber (olhar para a vida como uma oportunidade para aprender e crescer); (2) uma metodologia
baseada na pressuposição de que todo o comportamento tem uma estrutura que pode ser modelada,
aprendida, ensinada e alterada ou reprogramada; e (3) uma tecnologia inovadora que permite ao
praticante organizar a informação e as perceções de formas que lhes permitam alcançar resultados que
antes pensou estarem além das competências.
A PNL supõe que a aprendizagem ocorre através de programas neurolinguísticos: o indivíduo constrói
mapas cognitivos dentro do seu sistema nervoso, relacionando-os com observações do ambiente e
respostas comportamentais. Com efeito, cada um de nós possui um mapa ou modelo do mundo e um
conjunto de pressuposições pessoais através das quais comunicamos pelo nosso comportamento na
sala de aula, nomeadamente o tom de voz, os gestos, as frases que usamos, a expressão facial, o
contacto visual. Nesse sentido, quem comunica é, de algum modo, a própria mensagem.
Quando falamos da aprendizagem, podemos caracterizar a PNL de acordo com algumas pressuposições
(http://www.leeds.ac.uk/educol/documents/00003319.htm):
• As pessoas agem de acordo com o modo como entendem e representam o mundo, e não de
acordo com a maneira como o mundo é (o que significa que o mapa não é o território);
• Essa mudança acontece por meio da comunicação entre professor e aluno, que ocorre através
de canais verbais e não-verbais, consciente e inconscientemente;
Em suma, o ensino é o processo que visa criar estados conducentes à aprendizagem e facilitar a
exploração das representações internas, orientando os indivíduos para o objetivo desejado. De seguida,
identifica-se algumas técnicas da PNL a que se pode recorrer em contexto de sala de aula:
• Criar harmonia, mediante a negociação contínua entre o professor e alunos, trabalho em equipa
e estratégias de comunicação entre o grupo;
• Criar estados positivos e ancoragem através de uma imagem mental formada pelo processo de
alcançar algo mentalmente ou fisicamente, e este estado é ancorado por um gesto, expressão
ou movimento do corpo que é repetido para manter ou recuperar o estado;
A educação tem sido criticada pela ênfase excessiva que coloca na aprendizagem mecânica e na
memorização, não estimulando uma forma autónoma de pensar e agir. Por esse motivo, hoje
reconhece-se que o sistema educativo deve oferecer experiências que ativem a curiosidade e
desenvolvam a criatividade em todas as áreas de expressão, valorizando-se os profissionais críticos e
criativos.
A criatividade não é um dom ou talento, sendo antes algo que pode ser estimulado ou inibido através
das relações que o indivíduo estabelece ao longo da vida. O processo criativo é dinâmico e resulta em
potencial para a mudança. As pessoas criativas são empreendedoras, curiosas, autossuficientes,
autónomas, informadas, autodisciplinadas, automotivadoras e motivantes.
O recurso à criatividade e a sua estimulação nos alunos devem processar-se através do interesse nos
próprios alunos e nas suas motivações internas, o que lhe permite ter um efeito mais duradouro. Para
que tal suceda, deve estimular-se a produção do pensamento divergente, procurando a solução de
problemas mediante diversas alternativas e estimulando a criatividade, que se relaciona com a
espontaneidade, o entusiasmo e a motivação.
De seguida, ficam algumas sugestões para criar uma aprendizagem mais atrativa:
• Criar interesse: utilizar uma história ou uma imagem visual interessante para iniciar uma sessão,
de modo a captar a atenção dos formandos; utilizar um problema para dar início à sessão,
mediante o qual a sessão será estruturada; colocar uma pergunta prévia, de modo a que os
formandos fiquem com motivação para assistir à sessão para obter a resposta;
Através deste manual, procurou-se apresentar os principais fatores a considerar quando se pretende
exercer a atividade de formador. De entre os aspetos apresentados, destaca-se a importância da
flexibilidade e do conjunto de competências necessárias para fazer face aos desafios da formação atual,
onde a diferenciação e o sucesso das intervenções formativas são o principal objetivo a alcançar.
Também foi possível compreender que a aprendizagem é um processo dinâmico, gradativo e individual,
cabendo ao formador identificar as especificidades relativas a cada formando e a cada grupo, com o
objetivo de facilitar a aprendizagem. Considerando que um grupo de formação se caracteriza pela
diversidade, é fundamental que o formador consiga reconhecer e gerir o conjunto heterogéneo com
quem vai trabalhar, concebendo percursos individualizados de aprendizagem que permitam a efetiva
inclusão de todos.
Por fim, refira-se a necessidade de o formador assumir um espírito empreendedor e criativo na forma
como concebe e desenvolve as atividades formativas. Em simultâneo, é importante incutir essa
criatividade e espírito empreendedor nos formandos, tornando-os capazes de encontrar formas
distintas de resolução de problemas e fomentando a autonomia no seu processo de pensar e agir.
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Legislação
Despacho 1709-a/2014
Portaria 135-a/2013
www.comunilog.com
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