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“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
1. Pesquisa
Dentre as filosofias usadas pelas empresas na busca pela melhoria está o lean manufacturing,
criado desde o sistema Toyota de Produção em meados da década de 1950, o lean
manufacturing tem como principal foco reconhecimento e posterior eliminação dos
desperdícios, isto é, excluir o que não gera valor ao cliente, de forma a reduzir custos e
aumentar a qualidade e velocidade do prazo dos produtos (WERKEMA, 2012).
Tal união vem sendo chamada de lean sigma ou lean six sigma e, em teoria pode ofertar
melhores efeitos que a utilização de dois programas autônomos (ARNHEITER; MALEYEFF,
2005).
Com fundação neste cenário, a evolução do presente estudo de caso busca demonstrar as
vantagens a serem obtidas com o uso do método DMAIC (Definir, Medir, Analisar,
Implementar e Controlar) em uma linha de produção de aros laminados de uma indústria do
ramo automotivo.
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Analisar dentro da filosofia lean six sigma os melhores instrumentos que se adequarão
melhor em cada etapa do método DMAIC durante as etapas do projeto;
Melhorar o processo efetivo de fabricação, agindo de modo a qualificar a gestão,
buscando ganhos em capacidade e recursos financeiros;
Aumentar o overall equipament effectivences da linha estudada;
Padronizar e diminuir paradas de linha.
O artigo apresenta revisão bibliográfica na seção 2. Na seção 3 é apresentada a metodologia
de pesquisa utilizada, na seção 4 são revelados os resultados obtidos na pesquisa. Por fim, na
seção 5 os comentários finais, bem como a conclusão da questão de pesquisa do artigo, são
relatados.
2. Referencial teórico
Esse capítulo tem como objetivo expor a fundamentação teórica verificando nas obras de
autores e pesquisadores referente aos assuntos que serviram de base para a elaboração desse
trabalho, sendo eles: lean manufacturing, six sigma e lean six sigma. A observação dos
estudos de outros pesquisadores indica qual caminho já foi percorrido na temática e quais
possibilidades podem ser seguidas, de forma a elencar os conhecimentos já existentes sobre
os assuntos e destacar os fundamentos principais de cada elemento. Nos subcapítulos a seguir
serão explicados o histórico, a importância e as técnicas para aplicação do lean six sigma na
empresa de autopeças.
De acordo com Lopes et al. (2015) e Werkema (2013), o surgimento de lean manufacturing
deu-se após a Segunda Guerra Mundial no Japão, em meados da década de 50 e 60, por
Taiich Ohno, com objetivo de identificar e eliminar os desperdícios existentes nos processos
de fabricação, reduzir os custos, aumentar a qualidade e a velocidade de entrega dos produtos
aos clientes.
O termo lean é utilizado, pois nesse modelo de produção quando comparado ao sistema de
produção em massa utiliza menos de todos os recursos, como metade do espaço e esforço
humano. Além disso, o produtor lean é focado na perfeição: sempre buscando diminuir os
custos e alcançar zero defeitos e zero inventário em seu sistema de produção.
De acordo com Werkema (2012), a origem da metodologia six sigma se deu na década de
1987, pela empresa Motorola, com o intuito de expandir a capacidade das empresas para
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competir com seus concorrentes. Outra função era também aumentar o grau de qualidade do
ponto compartilhado três sigma (3σ) para seis sigma (6σ), pela implantação de técnicas
estatísticas direcionadas ao aperfeiçoamento de meios produtivos (HARRY; SCHROEDER,
1998).
O six sigma passou por diversas alterações, desde sua implantação pela Motorola. Dados
afirmam que o DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar, Controlar) substituiu o antigo
método MAIC (Medir, Analisar, Melhorar, Controlar) como tratamento padrão para a
administração dos projetos six sigma de benfeitorias no desempenho de produtos e processos.
De acordo com Chiavenato (2014), ambas as metodologias, lean manufacturing e six sigma
se complementam em suas ferramentas e seus ideais. (HOERL; GARDNER, 2010).
A filosofia lean six sigma permite aumentar o desempenho dos processos, resultando no
aumento da satisfação dos clientes e nos lucros de uma organização. Seu uso se faz
necessário, as pessoas e organizações precisam de uma abordagem sistemática que permita
realizar a melhoria dos processos e produtos (SNEE, 2010).
A construção de equipes para executar projetos que contribuam fortemente com o alcance das
metas estratégicas da empresa é um dos elementos da infraestrutura do lean six sigma. A base
para o desenvolvimento desses projetos é a utilização do método de resolução de falhas e
problemas, denominado DMAIC.
Para Werkema (2013), o DMAIC é um dos elementos básicos para a realização de projetos e
manutenção da infraestrutura do lean six sigma. A tabela 1, representa segundo Werkema
(2013) e Domench (2016) os objetivos de cada etapa da metodologia DMAIC, possibilitando
uma visão logica.
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Fonte: Autor
3. Materiais e métodos
Esse capítulo apresenta o método utilizado para a obtenção das informações que fornecem
subsídios para observação da prática no lócus da pesquisa, e em seguida a aplicação na
resolução dos problemas de paradas em linha. Mostra também, como foi estruturado o estudo
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ARO
DISCO
Fonte: Autor
Hoje existem 4 linhas de disco, em contrapartida, existe apenas uma linha de fabricação de
aro sem câmara, se tornado assim o gargalo do processo. A fabricação dessas partes, aro e
disco, são realizadas em duas linhas de produção diferentes e montadas em uma terceira
linha. Devido a essa característica do processo de fabricação há necessidade de estoques
intermediários desses elementos.
A capacidade real de produção dos três processos macros de fabricação de uma roda
(fabricação do aro, do disco e montagem) é calculada por um software de gestão de overall
equipament effectivences utilizado na empresa, assim destina-se 35,4% a montagem, 28,8 ao
aro e 35,7 ao disco. Nota-se que a fabricação de aros é o gargalo de produção, justificando o
estudo nesta fase do processo.
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Com o organograma do projeto já definido, coube ao black belt e ao green belt definirem o
agendamento para execução das reuniões. Na primeira reunião foi apresentado o contrato do
projeto, onde são formalizadas as informações definidas nesta etapa. O mesmo contém
informações como o problema a ser atacado, objetivo, as métricas que são consideradas como
os indicadores, o cronograma e a equipe do projeto.
Tabela 2 - SIPOC
Fonte: Autor
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O passo posterior à elaboração do SIPOC foi o levantamento dos dados sobre o processo.
Nesta etapa foi realizada a formação de um mapa de processo, com objetivo de detalhar cada
uma das etapas mapeadas, no qual foi estruturada a ideia com o fluxo de produção.
Fonte: Autor
Desta forma, após a implementação da coleta de dados o time estipulou uma meta, aumentar a
produtividade horária de 187 aros/hora para 206 aros/hora representando um aumento de 10%
na produção. Trabalhando assim em segundo plano com um aumento de eficiência da linha,
esperando bons resultados na média de 70% do overall equipament effectivences. Pode ser
visto no gráfico 2 o indicador de produtividade, no qual foi considerado os últimos 3 meses
mais próximos ao início do projeto, com intuito de usar apenas dados reais, sem interferências
de ações diárias realizadas na linha.
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Fonte: Autor
Nesta nova etapa foram realizados diagramas de Pareto, novamente com objetivo de
estratificar o problema de paradas na linha para que a equipe pudesse realmente focar em um
alvo e entender qual seria a prioridade do trabalho, e então desenvolver as próximas fases a
partir desta nova informação. Conforme demonstra o gráfico 3.
Fonte: Autor
Ao fazer um estudo com base nas informações foi constatado que as maiores paradas de linha
considerando mais de dez horas no período estratificado de três meses, foi primeiramente
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parada para setup, seguido pelos ajustes dimensionais, polimento das ferramentas, problemas
elétricos e mecânicos das maquinas e paradas para trocas de pastilhas. Ao final da medição
dos dados, obteve-se a aprovação das atividades realizadas mediante a validação.
Nesta etapa buscou-se entender as informações coletadas anteriormente para identificar causa
raiz do problema. Com isso a execução do mapa de processo, possibilitou a identificação das
causas de cada processo que deveriam ser priorizadas inicialmente sendo assim conjugadas
suas informações na matriz de priorização.
Com a análise dos dados, pode-se verificar que a prioridade para diminuição das paradas
tinha como foco o setup, que eram os mais recorrentes nas laminações, com isso, foi feito um
estudo de tempo para averiguar as atividades dentro da macro parada e analisar qual afetava
mais o processo.
Conhecida as causas dos problemas e as perdas em produção horária a equipe deu início à
fase de melhorar, onde foi criado um plano de implementação. Diante disto foi possível
determinar o que deveria ser executado, quais seriam os responsáveis e qual o prazo para
realização das atividades. Além disso, foi uma importante ferramenta para o monitoramento
das ações executadas pelos integrantes da equipe do projeto, permitindo que a etapa fosse
finalizada dentro do prazo acordado.
Para esta etapa, foram então implementadas melhorias que tiveram grande relevância,
impactando assim diretamente no indicador, seguindo a ordem conforme suas priorizações e
indicação no plano de implementação.
a) Padronização do setup;
b) Alteração do comprimento e largura dos blanks para alguns modelos de aros;
c) Aliviar perfil da ferramenta da laminação;
d) Alteração do dispositivo de extração do aro na expansão;
e) Construção de gripper sobressalente para os robes da 1º e 2º laminadoras;
f) Aplicação de cobertura na ferramenta achatamento;
g) Manutenção no bubble test;
h) Manutenção na laminação;
i) Instalação de válvula na rebarbadora;
j) Melhoria nas pastilhas de acabamento e desbaste (troca de pastilha).
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Na fase controlar após as melhorias serem implantadas o time acompanhou por meio de
ferramentas como carta de controle o desempenho das implementações realizadas na fase
anterior. Dessa forma era possível garantir a estabilidade para entregar o projeto para
produção, monitorando não somente como fonte de manutenção da capacidade do processo,
mas também para captar oportunidades de melhoria futura.
Após a padronização do setup, foi possível acompanhar através do gráfico 4 à melhora com a
diminuição do tempo. Foi possível um ganho de 12 (doze) minutos com a ação de melhoria, o
que representa 3 aros, considerando o standard da linha, por setup.
Fonte: Autor
Outras ações que podem ser acompanhadas através da carta de controle, foi à manutenção
ocorrida na célula bubble test e na 2º Laminadora.
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Fonte: Autor
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Logo após os testes relacionados à cobertura, foram implantadas somente pastilhas revestidas
com o banho “Nacro” na máquina. Essa ação resultou em grandes melhorias relacionadas às
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Fonte: Autor
Ao final da etapa controlar, foi realizado o último check in point junto a gerencia e diretoria,
onde foram aprovados os indicadores elaborados para o controle do processo. Dando assim o
encerramento da etapa junto à finalização do projeto.
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Com a utilização do método DMAIC foi possível uma análise concreta das falhas,
interrompendo assim, a concentração de esforços em sentidos opostos ao da solução do
problema. Usando-o passo a passo foi possível atuar no núcleo do problema original,
buscando o aumento da probabilidade de sucesso das ações.
Após implementação da metodologia lean six sigma junto ao método DMAIC no ganho de
produtividade horaria em uma linha de aros sem câmara, a equipe atingiu o objetivo de
demonstrar de forma clara e prática a utilização do método, acarretando assim no
atingimento da meta, estipulada pela equipe no começo do estudo.
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Logo, através dos resultados, é permitido afirmar que o mesmo obteve grande sucesso. Foi
possível ultrapassar a meta estabelecida em aros/hora, foram somadas 19 peças na média de
produção, saindo de 187 para 206 aros, conforme observado no gráfico 8, ultrapassando em
alguns meses a meta estabelecida de 206 peças por hora.
Além do crescimento do número de peças por hora, juntamente foi possível obter um
positivo resultado com lean six sigma mensal, redundando-se para uma média de 70%.
Pode-se assim, afirmar que grande parte da melhoria do lean six sigma está relacionada as
atuações diretas nas paradas de linha não programada, que afetavam diretamente a
disponibilidade dos equipamentos, além da eficiência das maquinas.
Observando o gráfico, é possível perceber que a estabilidade dos dados se manteve, mesmo
com algumas causas especiais, a tendência dos resultados é aumentar com o passar dos
meses.
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5. Considerações finais
Após a implementação da metodologia lean six sigma junto ao método DMAIC no aumento
de produtividade de uma linha de aros, a equipe atingiu os objetivos e metas estipuladas ao
aplicar de maneira eficiente às etapas do DMAIC, demonstrando de forma simples e pratica a
utilização do método, aumentando em 10% a produtividade horaria da linha atual.
Toda via, para o atingimento das metas e perpetuação das melhorias é necessário o
comprometimento desde a alta gerencia até o chão de fábrica, envolvendo diariamente os
participantes do projeto.
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Conclui-se assim que, organizações estruturadas, com planejamento estratégico definido, que
estão dispostas a investir em treinamentos sobre ferramentas da qualidade e disponibilizar de
tempo, softwares e mão de obra capacitada, devem implementar a filosofia lean six sigma no
dia a dia da empresa, maximizando a competitividade no mercado e otimizando assim seu
processo de forma mais qualificada, resultando em produtos de melhor qualidade aos clientes.
Por se tratar de uma busca recorrente em outras organizações, deixa-se como sugestão de
trabalhos futuros o estudo da implementação do lean six sigma junto a novas metodologias
que contribuam de maneira eficaz no aumento de produtividade nas áreas de fabricação de
autopeças. Objetivando melhorar os processos de produção, aumento a produtividade,
diminuindo os desperdícios de materiais e de paradas para fabricação.
REFERÊNCIAS
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Magazine, v. 17, n. 1, p. 5-18, 2005.
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DOMENCH, M. I. Estratégias Lean Seis Sigma para Formação de Black Belts, p. 20-21, São Paulo: M. I.
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HARRY, M.; SCHROEDER, R. Six Sigma: Breakthrough Strategy for Profitability. Quality Progress: New
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SCHAFFER, A. Aplicação da metodologia Lean Six Sigma para melhoria de um processo produtivo. 2016.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
SNEE, R. D. Lean six sigma – getting better all the time. International Journal of Lean Six Sigma, v. 1, 2010.
WERKEMA, Cristina. Criando a Cultura Lean Seis Sigma. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
WERKEMA, C. Método PDCA e DMAIC e suas ferramentas analíticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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