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Abstract
This dissertation analyses the implementation of the telework project of the Marks
Directorate at the Industrial Property National Institute, an agency of the Brazilian federal
administration. The analysis focuses on the public servants and their expectations, since the
work developed at the Marks Directorate is mainly based on the intellectual capital of its staff.
This research first addresses the subject by describing the current technical and
sociological context. In which information society and globalization's impact on labour's
evolution, and information and communication technology's impact on e-government
development are both considered as having important roles.
A review of the state of the art on telework research is presented as the basis of the
analyses, including a definition of telework and its most relevant aspects. National and
international cases of telework, both in the public and private sector, are used as examples in
the analyses. The matter of performance control and evaluation is also briefly addressed.
In order to assess the viability of the implementation of telework, a review of the
activities developed at the Marks Directorate is performed. Emphasis is given to the
modernization of examining procedures, without disregarding administrative facts, such as the
new career plan and its performance evaluation procedures, that might affect the telework
project.
The case study is conducted by means of a survey with open and closed questions
served in a questionnaire. The analyses of the results leads to the conclusion that telework can
be successfully implemented in the Marks Directorate, being also an opportunity to study the
adaptation of a working practice originating at the private sector and applied in public
administration, taking into account their differences.
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Agradecimentos
Escrever uma dissertação certamente não é tarefa fácil ou simples. E finalmente quando se
chega ao término ainda resta um desafio: redigir os agradecimentos.... Como expressar a
contribuição de tantos? Afinal este trabalho não se limita ao que se passou em um período de
dois anos, pois começou muito antes e vai durar muito mais.
Então, por falta de critério melhor, agradecerei cronologicamente e da forma mais abrangente
possível, de modo a diminuir minhas chances de esquecer alguém.
Agradeço aos meus pais, Maria e Joaquim, por não apenas incentivarem meu estudo, mas
também por demonstrarem orgulho pelas escolhas educacionais e profissionais da filha.
Agradeço a minha irmã Rosane por ter dado o melhor exemplo, ao ser a primeira pessoa na
família inteira (e a família é grande) a fazer mestrado.
Agradeço aos meus amigos e amigas que deram a maior força e que sempre se lembravam de
mim, mesmo quando suspeitavam que eu não poderia fazer algo ou comparecer a algum
encontro porque eu tinha que "ler um monte de coisa". Agradeço pela paciência com meu
freqüente estado de cansaço e/ou nervosismo, pelas reclamações de "queremos nossa amiga
de volta!" e até pelas piores perguntas possíveis de se fazer a um mestrando na reta final:
"como vai a dissertação?", "já acabou?". Nada como sentir-se querida.
Agradeço aos meus colegas de trabalho pelo interesse ao me ajudarem e me darem tanto
retorno na pesquisa. Saibam que espero sinceramente que o resultado da pesquisa se reverta
em benefício para todos vocês. Agradeço a Radja Olivieri, Maria Lúcia Leite e Terezinha
Guimarães, minhas "superiores hierárquicas" no INPI, por me apoiarem na decisão de cursar
o mestrado. Agradeço especialmente a Schmuell Cantanhêde, por ter me apresentado ao
mestrado em administração pública da FGV e por ter me auxiliado tanto, fornecendo diversas
dicas e aturando verdadeiros interrogatórios meus.
Agradeço a todos os professores com quem tive contato na EBAPE por terem auxiliado na
minha busca acadêmica. Agradeço especialmente a Alketa Peci, cuja orientação foi
fundamental para que este trabalho tivesse a melhor qualidade. Agradeço a toda a equipe
administrativa do CFAP, Secretaria da EBAPE e da Biblioteca, que tanto nos ajudam.
Por fim, agradeço aos meus colegas de turma. Foi um privilégio conviver, estudar, aprender,
me divertir e sofrer com todos vocês. Tenho certeza que enriquecemos nossa experiência
profissional, intelectual e social, criando uma rede de contatos diversificada, e em muitos
casos, verdadeiras amizades. Cito especificamente Milber Bourguignon, com quem troquei
muitas informações e auxílios diversos na reta final e meus queridos colegas Fortunato,
Luciano, Sérgio, Roberto, Silvio, Glauco, Guilherme, Lidiane, Thaísa, Cristiane e Sandra.
4
À minha família.
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Vivemos numa época
em que as pessoas são tão trabalhadoras
que ficam estúpidas.
Oscar Wilde
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Sumário
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA ................................................................................ 12
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 14
1.2.1. Objetivo Final................................................................................................. 14
1.2.2. Objetivos Intermediários................................................................................. 14
1.3. RELEVÂNCIA ........................................................................................................ 15
1.4. DELIMITAÇÃO ...................................................................................................... 16
1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 17
2. CONTEXTO .................................................................................................................. 18
2.1. A SOCIEDADE EM TRANSIÇÃO.......................................................................... 18
2.1.1. A Sociedade da Informação ............................................................................ 20
2.1.2. Globalização ................................................................................................... 21
2.2. EVOLUÇÃO DO TRABALHO ............................................................................... 22
2.3. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ..................................... 24
2.3.1. O Relatório Global em Tecnologia da Informação .......................................... 26
2.4. GOVERNO ELETRÔNICO ..................................................................................... 29
3. TELETRABALHO ........................................................................................................ 33
3.1. ORIGENS ................................................................................................................ 33
3.2. CONCEITOS ........................................................................................................... 34
3.3. CLASSIFICAÇÃO................................................................................................... 36
3.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TELETRABALHO................................. 39
3.5. ASPECTOS RELEVANTES .................................................................................... 42
3.5.1. O isolamento social......................................................................................... 42
3.5.2. A dicotomia casa x trabalho ............................................................................ 43
3.5.3. Qualidade de vida ........................................................................................... 46
3.5.4. Portadores de necessidades especiais .............................................................. 47
3.5.5. Acidentes de trabalho...................................................................................... 48
3.5.6. Sindicalismo ................................................................................................... 48
3.5.7. Meio ambiente ................................................................................................ 49
3.5.8. Os funcionários que permanecem no modelo convencional............................. 50
3.6. TELETRABALHO NO MUNDO............................................................................. 51
3.7. TELETRABALHO NO BRASIL ............................................................................. 54
3.8. TELETRABALHO EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ............................................. 56
3.8.1. O caso nacional - SERPRO............................................................................. 57
3.8.2. Casos internacionais: UKIPO, OHIM e USPTO.............................................. 59
3.9. ASPECTOS LEGAIS REFERENTES AO DIREITO DO TRABALHO ................... 62
3.9.1. Regime Jurídico Único ................................................................................... 69
3.10. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 70
3.10.1. Atividades adequadas ao teletrabalho ............................................................ 70
3.10.2. Perfil do teletrabalhador ................................................................................ 71
3.10.3. Gestão do teletrabalho e fatores críticos para seu sucesso .............................. 72
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4. CONTROLE .................................................................................................................. 76
4.1. CONTROLE NO SERVIÇO PÚBLICO ................................................................... 78
4.2. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ......................................................................... 79
4.3. O IMPACTO DA TECNOLOGIA SOBRE O CONTROLE ..................................... 82
5. A PESQUISA ................................................................................................................. 83
5.1. METODOLOGIA..................................................................................................... 83
5.1.1. Tipo de Pesquisa............................................................................................. 83
5.1.2. Universo e Amostra ........................................................................................ 84
5.1.3. Coleta de Dados.............................................................................................. 84
5.1.4. Tratamento de Dados ...................................................................................... 85
5.1.5. Limitação do Método...................................................................................... 86
5.2. A DIRETORIA DE MARCAS - DIRMA ................................................................. 87
5.2.1. A nova carreira do INPI .................................................................................. 90
5.2.2. O projeto “Trabalho à Distância” .................................................................... 91
5.2.3. Avaliação de desempenho na DIRMA ........................................................... 92
5.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................................. 94
5.3.1. Perfil do servidor ............................................................................................ 94
5.3.2. Horário de trabalho ......................................................................................... 97
5.3.3. Ambiente de trabalho ...................................................................................... 99
5.3.4. Adoção do trabalho à distância...................................................................... 103
5.3.5. Supervisão e controle das tarefas................................................................... 111
5.3.6. Equipamentos e comunicação ....................................................................... 113
5.3.7. AFINPI – Associação de funcionários do INPI (questões 38 e 39) ................ 115
5.3.8. Perguntas Abertas: ........................................................................................ 115
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 120
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 127
Anexos....................................................................................................................................138
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Lista de Figuras
Figura 1: Composição do NRI . Adaptado de Dutta et al (2004)........................................... 27
Figura 2: Estrutura da Diretoria de Marcas ........................................................................... 88
Figura 3: Fases do processamento de um pedido de registro de marca. ............................... 152
Lista de Tabelas
Tabela 1: Alguns índices brasileiros com relação às TICs e suas posições no ranking
(rk = posição no ranking, entre 127 países). Fonte: Dutta e Mia, 2008. ................. 28
Tabela 2: Pontos fortes e fracos do Brasil (rk = posição no ranking, entre 127 países).
Fonte: Dutta e Mia, 2008. ..................................................................................... 29
Tabela 3: Razões de preferência do telecentro ao trabalho em casa.
Fonte: The Washington Metropolitan Telework Center (2006).............................. 46
Tabela 4: Resultados do teletrabalho na administração pública norte-americana.
Adaptado de USOPM, 2007.................................................................................. 53
Tabela 5: Distribuição etária. ............................................................................................... 94
Tabela 6: Distribuição por gênero. ....................................................................................... 94
Tabela 7: Distribuição por tempo de serviço......................................................................... 95
Tabela 8: Distribuição por cargo. ......................................................................................... 95
Tabela 9: Distribuição por nível educacional. ....................................................................... 96
Tabela 10: Distribuição por horário de trabalho.................................................................... 97
Tabela 11: Horário especial.................................................................................................. 97
Tabela 12: Distribuição tarefa x horário – técnicos e tecnologistas. ...................................... 98
Tabela 13: Distribuição tarefa x horário – chefias................................................................. 98
Tabela 14: Distribuição de adequação do tempo de trabalho................................................. 99
Tabela 15: Distribuição chefia x horário de trabalho............................................................. 99
Tabela 16: Adequação do ambiente de trabalho.................................................................. 100
Tabela 17: Distribuição de opiniões sobre o teletrabalho na DIRMA.................................. 103
Tabela 18: Distribuição de prontidão em participar do teletrabalho..................................... 103
Tabela 19: Distribuição de opiniões sobre a possibilidade do teletrabalho. ......................... 103
Tabela 20: Atividades que podem ser exercidas à distância. ............................................... 105
Tabela 21: Regime de trabalho à distância a ser adotado. ................................................... 105
Tabela 22: Controle dos teletrabalhadores. ......................................................................... 107
Tabela 23: Distribuição de opiniões – tempo da regulação legal do teletrabalho. ................ 107
Tabela 24: Distribuição sobre o interesse da direção em implantar o teletrabalho. .............. 108
Tabela 25: Previsão de perda de funcionários. .................................................................... 108
Tabela 26: Distribuição de teletrabalho x perda de funcionários. ........................................ 108
Tabela 27: Local do posto de trabalho domiciliar. .............................................................. 111
Tabela 28: Teletrabalho x rotina diária. .............................................................................. 111
Tabela 29: Utilidade das funções da chefia......................................................................... 112
Tabela 30: Utilidade das funções da chefia em caso de teletrabalho.................................... 112
Tabela 31: Distribuição dos teletrabalhadores pela estrutura da DIRMA. ........................... 112
9
Tabela 32: Controle dos teletrabalhadores. ......................................................................... 112
Tabela 33: Importância da comunicação no teletrabalho..................................................... 113
Tabela 34: Distribuição por candidatura ao teletrabalho. .................................................... 114
Tabela 35: Fornecimento de equipamentos para os teletrabalhadores.................................. 114
Tabela 36: Fornecimento de acesso à internet pelos teletrabalhadores. ............................... 115
Tabela 37: Atitudes esperadas da AFINPI. ......................................................................... 115
Tabela 38: Envolvimento da AFINPI no teletrabalho. ........................................................ 115
Lista de Quadros
Quadro 1: Histórico da evolução das TICs, elaborado a partir de Castells (2002). ................ 25
Quadro 2: Modalidades ou formas de teletrabalho segundo posição da OIT. ........................ 37
Quadro 3: Categorias e parâmetros para avaliação do teletrabalho conforme a EITO............ 38
Quadro 4: Classificação dos teletrabalhadores conforme Haddon e Brynin (2005). .............. 38
Quadro 5: Vantagens e desvantagens para o teletrabalhador. ................................................ 40
Quadro 6: Vantagens e desvantagens para as empresas......................................................... 40
Quadro 7: Vantagens e desvantagens para a sociedade. ........................................................ 41
Quadro 8: Teletrabalhadores como percentual da força de trabalho. ..................................... 52
Quadro 9: Profissões e atividades adequadas ao teletrabalho conforme Lemesle e Marot
(1994)................................................................................................................... 70
Quadro 10: Pontos importantes na gestão do teletrabalho. .................................................... 73
Quadro 11: Fatores críticos para o sucesso do teletrabalho. .................................................. 74
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Domínio de ferramentas da informática. .............................................................. 97
Gráfico 2: Vantagens do ambiente de trabalho. .................................................................. 101
Gráfico 3: Desvantagens do ambiente de trabalho. ............................................................. 102
Gráfico 4: Comparativo de critérios para escolha dos participantes. ................................... 104
Gráfico 5: Dificuldades de implantação do projeto. ............................................................ 106
Gráfico 6: Vantagens em teletrabalhar................................................................................ 109
Gráfico 7: Desvantagens em teletrabalhar. ......................................................................... 110
Gráfico 8: Utilidade dos meios de comunicação no teletrabalho. ........................................ 114
Gráfico 9: Por que o INPI deveria adotar o trabalho à distância na DIRMA?...................... 116
Gráfico 10: Qual o impacto em caso de participação no programa de trabalho à distância .. 118
Lista de Anexos
Anexo I: Variáveis que compõem o NRI................................................................................138
Anexo II: Dispositivos Legais que reconhecem o Teletrabalho para fins de direito
trabalhista de acordo com Estrada (2004)........................................................... 140
Anexo III: Bibliografia suplementar referente ao quadro 8 ................................................. 145
Anexo IV: Regimento Interno do INPI – no que se refere à DIRMA .................................. 146
10
Anexo V: Fases do processamento do registro de marca..................................................... 152
Anexo VI: Questionário aplicado aos funcionários da DIRMA........................................... 153
Anexo VII: Projeto “Trabalho à Distância” ........................................................................ 158
Anexo VIII: Anexo II da Resolução INPI 161-07 de 09/10/2007........................................ 168
Anexo IX: Anexos I e II da Resolução INPI 181-08 de 10/07/2008.................................... 171
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1. INTRODUÇÃO
Naquele momento, visto já existir uma inclinação positiva por parte da direção no sentido de
implantar o teletrabalho, e sabendo-se de antemão, via questionamentos informais com o
corpo funcional, de sua simpatia ao assunto, a matéria foi considerada relevante para
pesquisa, especialmente em vista da aparente inexistência de casos similares na administração
pública brasileira via procedimento formal. Trabalho à distância em um esquema informal
(levar trabalho para casa) é tão comum na administração pública quanto na privada.
13
diretamente para a esfera pública, com suas especificidades e lógica inerentes, sem uma
adequada análise prévia.
No final do ano de 2007, com a reestruturação do órgão já iniciada, foi publicado o Plano
Estratégico para o período de 2007-2011 do INPI. Neste Plano foi incluído o Projeto Trabalho
à Distância nas ações a serem empreendidas pela Diretoria de Marcas.
1.2. OBJETIVOS
1
Entende-se como “programa formal” aquele reconhecido e aceito expressa e contratualmente.
14
f) Levantar as opiniões e expectativas do corpo funcional e do corpo gerencial diante da
potencial implantação do teletrabalho.
1.3. RELEVÂNCIA
Nos últimos anos foi evidente a evolução das diversas esferas da administração pública na
utilização de ferramentas da tecnologia da informação. Serviços passaram a ser prestados via
digital, de forma mais rápida, mais segura e mais barata. O governo eletrônico é uma
realidade ainda em construção e em constante melhoria. Por outro lado, a vida nas metrópoles,
nas quais se concentra a maioria dos serviços públicos, vem se mostrando cada vez mais
complexa e desgastante. O teletrabalho vem se desenvolvendo na esfera privada há mais de 30
anos. Com o advento do computador e especialmente da tecnologia de transmissão de dados,
o teletrabalho se tornou uma opção viável para empregadores e empregados.
No entanto, essa modalidade de trabalho ainda não foi experimentada na esfera pública, a não
ser como coadjuvante nas tarefas executadas nos ambientes convencionais de trabalho.
2
Uma descrição mais detalhada das vantagens apresentadas pelo teletrabalho encontra-se na seção respectiva do
capítulo 3.
15
1.4. DELIMITAÇÃO
Considera-se neste estudo o teletrabalho como aquele executado, em grande parte ou em sua
totalidade, em um ambiente externo daquele considerado o comumente utilizado, no caso o
prédio do INPI no Rio de Janeiro, utilizando-se para isso, de ferramentas de tecnologia de
informação. Essa modalidade de trabalho deve se constituir em um esquema formal e oficial,
não sendo considerados aqueles trabalhos à distância feitos informalmente muito comuns nos
níveis hierárquicos superiores das organizações, incluindo os da administração pública.
Por fim, não são alvo do estudo outros setores da administração pública, nem mesmo outras
diretorias do INPI, ainda que um necessário desenvolvimento de conceitos básicos referentes
à utilização do teletrabalho na administração pública lhes possa ser aplicável. Treinamentos e
cursos de capacitação à distância não são considerados aqui como teletrabalho.
16
1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
17
2. CONTEXTO
Há certo consenso de que vivemos um período de transição, na verdade uma nova revolução
industrial, que segundo Serra (1996) não trataria de produzir mais e melhor determinados
bens físicos ou materiais, mas de produzir, distribuir e utilizar melhor a informação e o
conhecimento, baseado nas TICs. Este se configura um momento de deslocamento do
paradigma da sociedade industrial para a pós-industrial, de uma economia nacional para uma
economia globalizada, na qual o conhecimento e a informação passariam a ser agentes de
transformação da sociedade.
Apesar da simplicidade didática, a maior parte da literatura assinala três grandes revoluções
com vastos impactos em todas as esferas da vida (Castells, 2002; De Masi, 2003; Schaff,
1992; Toffler, 1980):
Revolução agrícola: durou milhares de anos, tendo características bem distintas dependendo
do local e civilização. Era caracterizada pelo uso da terra como meio de produção e o tempo
decorria conforme os ciclos naturais. Produção familiar ou comunitária para consumo local.
Revolução Industrial: durou cerca de 300 anos e geralmente é dividida em duas. A primeira é
aquela baseada nas máquinas a vapor, a segunda baseada no uso da eletricidade. O meio de
produção passou a ser o maquinário e o tempo passou a decorrer em função do trabalho nas
fábricas. A produção passa a ser impessoal e destinada ao comércio.
Revolução Informacional: teve início por volta dos anos 70 com o desenvolvimento e
popularização das TICs e a crise do modelo industrial, encontrando-se em pleno curso. Uma
das principais diferenças entre a revolução informacional e as anteriores é que naquelas
prevalecia uma divisão simples de trabalho, com classes claramente definidas. O poder era
rigidamente autoritário e hierarquizado. O nascimento determinava a posição da pessoa na
vida. Nesta, esses fatores não estão necessariamente presentes.
18
Lojkine (1999, p.11) refere-se à revolução informacional enfocando a transição da sociedade
a partir da contraposição de diversas abordagens, especialmente o debate sobre o caráter
taylorista ou pós-taylorista da atual sociedade. Ele compara a atual revolução à invenção das
ferramentas e da escrita, considerando-a mais importante do que a revolução industrial, pois a
considera passível de criar uma “nova civilização, pós-mercantil, emergente da ultrapassagem
de uma divisão que opõe os homens desde que existem as sociedades de classe: divisão entre
os que produzem e os que dirigem a sociedade”. O autor considera que o instrumento
informático pode permitir, via conexão a outros, a “criação, circulação e a estocagem de uma
imensa massa de informações outrora monopolizadas, e em parte esterilizadas, por uma
pequena elite de trabalhadores intelectuais”.
Tão otimista quanto Lojkine, Schaff (1992, p.153) ressalta as mudanças econômicas, sociais,
políticas e culturais que esta nova sociedade pode apresentar, por ele denominada “Sociedade
Informática”. Segundo o autor, devido à informática e às suas inúmeras aplicações, “... a
Segunda revolução industrial conduzirá a uma sociedade em que haverá um bem-estar sem
precedentes para o conjunto da população”.
Corrreia e Barrulas (apud Serra, 1996) chamam a atenção para a diferença que reside na
utilização da partícula "de" ou "da" para ligar "sociedade" e "informação”: “da” indica que a
20
informação assume uma posição não apenas importante, mas central e decisiva, pois é ela o
recurso fundamental, com um valor e um uso próprios, base do desenvolvimento tecnológico,
econômico, social e cultural. A informação, como base da produtividade e do crescimento
econômico, passa a substituir o trabalho como fonte de valor.
No entanto, uma revolução como essa criou problemas a ela inerentes, dentre os quais:
vulnerabilidade perante falhas tecnológicas; segurança das informações; complexidade das
tecnologias para o cidadão mediano; vigilância eletrônica; vulnerabilidade da privacidade
pessoal; sobrecarga de informação, especialmente na dificuldade de diferenciação entre as
relevantes e as banais; deterioração das relações humanas em vista do empobrecimento da
interação social, entre outros.
2.1.2. Globalização
A globalização é um processo complexo que está inscrito nas dinâmicas tecnológicas devido a
uma conectividade em escala mundial que não tem como ser revertida. Ela é caracterizada
especialmente pela reestruturação global da economia, tornada possível pelo desenvolvimento
científico tecnológico. De acordo com Tenório, dentro da sociedade moderna,
A distância passa a ter pouquíssima relevância, abrindo espaço para relações no mundo virtual
que necessitarão de uma nova organização social na qual o desenvolvimento de atividades está
diretamente ligado à tecnologia, agregando elevada carga de inovação e conhecimento à
produção de bens e serviços. As grandes alterações causadas por essa nova organização impõem
um novo ritmo ao desenvolvimento das atividades humanas, especialmente no que se refere a
uma “redefinição de tempo e espaço, resultando, dentre outros fatores, em novos processos na
organização e desenvolvimento do trabalho através do ciberespaço” (Braga, 2002, p. 24).
Os seus efeitos começam, hoje, a tornarem-se visíveis em todos os domínios da vida social.
Um dos domínios cujo estudo é de interesse para a pesquisa é o do trabalho.
21
2.2. EVOLUÇÃO DO TRABALHO
Esta sociedade baseada na informação é, de acordo com Negri (1997), caracterizada por três
fatores: a força de trabalho no centro do sistema produtivo já é essencialmente imaterial, ou
seja, trabalha de modo intelectual, com empreendimento autônomo e grande capacidade de
cooperação; o local de trabalho deixa de ser a fábrica ou outros ambientes convencionais, mas
passa a ser o conjunto de redes sociais através das quais os trabalhadores cooperam,
comunicam-se, produzem, inventam e aprendem, subjetivamente; e o sistema produtivo é
global em vista da mobilidade da força de trabalho e da imaterialidade e onipresença da
informação, matéria básica de suas tarefas.
Como Dowbor (2006) chama a atenção, há aqueles que afirmam que a tecnologia vai suprimir
o emprego, excluindo um grande contingente de trabalhadores do mercado tradicional sem
levar em conta que a dinâmica das relações de trabalho é complexa. A idéia de que inovações
técnicas acarretam “impactos” sociais é muito difundida, mas deve ser evitada. Braga (2003)
ressalta que não existe uma relação de exterioridade entre tecnologia e sociedade, pois ambas
são o mesmo: um produto de relações sociais determinadas pela história e condicionadas por
contradições que estruturam o conjunto das coletividades humanas.
Bridges (1994) afirma que o emprego não existirá na realidade econômica do futuro. O que
22
existirá será trabalho, e muito, a ser feito de novas formas. Ele demonstra, assim como De
Masi (2003), que a natureza dos empregos hoje é decorrente do modo de produção criado na
revolução industrial: produção em massa, grandes organizações, hierarquia, local e horários
pré-determinados. Um modo em vias de desaparecimento, ou no mínimo, reestruturação. O
futuro do trabalho seria a substituição de empregos por situações de trabalho temporárias, pois
em uma economia em rápida mutação, o emprego tradicional com suas tarefas pré-definidas, é
“uma solução rígida para um problema elástico” (1994, p.64). Bridges, parafraseando os
teóricos que discorrem sobre a sociedade pós-industrial, recomenda a criação da organização
pós-emprego, a qual se basearia em quatro pilares: encorajar o processo decisório entre os
seus contratados; fornecer as informações necessárias às tomadas de decisão; fornecer
treinamento intensivo e abrangente e; pagar uma participação nos lucros.
Ainda que a extinção dos empregos não seja um acontecimento prestes a ocorrer, é inegável a
discrepância entre as rápidas e profundas transformações do trabalho e as medidas de
adaptação das organizações, sindicatos e especialmente da legislação.
Um fenômeno que já pode ser observado é que a falta desta adaptação institucional leva a
“uma nova hierarquização do trabalho característica do subdesenvolvimento tecnificado”
(Dowbor, 2006, p.36). Segundo Dowbor, o emprego nobre no setor formal encontra-se no
topo de uma pirâmide, com bons salários e protegido por normas trabalhistas, sendo usufruído
por uma minoria da população. Abaixo se encontra um conjunto de atividades terceirizadas,
instáveis, cuja precariedade leva à insegurança. Fora desta pirâmide formal há todo um
sistema de economia informal, que atualmente no Brasil ocupa cerca de 45% da totalidade da
mão-de-obra, onde os salários são irregulares e sem normas de trabalho, entre outros
problemas (OCDE, 2007).
No entanto é necessário ter atenção com o uso do termo “flexível”, pois este pode ser
utilizado apenas com o intuito de assim denominar a estratégia adotada na globalização da
economia para disfarçar o objetivo principal: a maximização do lucro. “Flexibilidade pode
sugerir aos desavisados a manutenção do status quo apenas amenizado, maleável,
compreensível, tolerável, enfim, só aspectos bons” (Tenório, 2007, p.13).
Conforme conclui Dowbor (2006, p.13), “no conjunto, o fato de teóricos indiscutivelmente
competentes nas suas áreas abrirem um leque tão amplo de perspectivas, mostra que a dúvida
e a insegurança sobre o futuro constituem a única realidade palpável”.
24
Impulsionou a pesquisa tecnológica e o
1939 Segunda Guerra Mundial. desenvolvimento da eletrônica, especialmente com
o desenvolvimento do transistor.
O computador, gigantesco, era de uso experimental
1946 Construção do ENIAC.
e pesquisa e serviu para projetar seus sucessores.
Criação do UNIVAC, pela Apesar de ainda ser muito grande, dá início à
1951
IBM. comercialização dos computadores.
Invenção do circuito integrado, Os computadores tornam-se menores, mas ainda são
1957
pela Texas Instruments. grandes e de uso institucional.
Desenvolvimento dos Aumento espetacular da capacidade de análise de
1964
mainframes. dados.
Criação da ARPANET, a partir Seu objetivo era o de prevenir a tomada ou
de um projeto do destruição dos sistemas de comunicação norte-
1969
Departamento de Defesa dos americanos pelos soviéticos. Por ser uma rede
EUA. descentralizada, tornou-se predecessora da internet.
Invenção do microprocessador, Maior capacidade de computação em menor
1971
pela Intel. tamanho.
Desenvolvimento do
Início da popularização dos computadores entre a
1976 microcomputador pessoal pela
população.
Apple.
Desenvolvimento do Explosão do número, variedade, e das finalidades
microcomputador de de componentes de hardware e software para os
1981
tecnologia aberta, o PC, pela PCs, barateando os computadores e tornando-os
IBM. mais acessíveis.
Quadro 1: Histórico da evolução das TICs, elaborado a partir de Castells (2002).
Alecrim (2004) define a tecnologia da informação (TI) como o conjunto das atividades e
soluções fornecidas por recursos de computação. Ele observa que as aplicações das TIs são
tantas e em tantas áreas que as muitas definições existentes não conseguem determiná-la por
completo. Já para Rezende:
[...] o termo Tecnologia da Informação serve para designar o conjunto de recursos
tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação. A TI está
25
fundamentada nos seguintes componentes: hardware e seus dispositivos periféricos;
software e seus recursos, sistemas de telecomunicações e gestão de dados e
informações. (2000, p.57)
Levando em conta a abrangência das aplicações da TI, é necessário fazer uso de seus recursos
de maneira apropriada, ou seja, é preciso utilizar ferramentas, sistemas ou outros meios que
tornem as informações disponíveis de maneira não apenas mais eficiente, mas também de
forma a tornar a experiência do trabalho como algo não sacrificante, mais multidimensional,
ao eliminar o trabalho repetitivo e sem sentido. O trabalho se torna mais substantivo. A
reengenharia de processos possibilitada pela utilização de TI elimina não apenas o
desperdício, como também o trabalho não-adicionador de valor.
O principal índice elaborado é o "Networked Readiness Index” (NRI), que mede o grau de
preparo de uma nação para participar e se beneficiar dos desenvolvimentos das TICs. Este
índice (NRI), e seus componentes, fornecem não apenas um modelo de avaliação do
desenvolvimento e uso relativo das TICs em um país, mas permitem uma melhor
compreensão de seus pontos fortes e fracos. A elaboração do índice é baseada nas seguintes
premissas:
3
Trata-se de uma escola de negócios internacional e instituto de pesquisa, originalmente chamada de “Institut
Européen d’Administration des Affaires”.
4
A url encontra-se disponível no final das Referências Bibliográficas.
26
a) Há três stakeholders importantes a considerar no desenvolvimento e uso das TICs:
indivíduos, empresas e governos;
b) Há um ambiente macroeconômico e regulador geral para as TICs nas quais os
stakeholders atuam;
c) O grau de utilização das TICs pelos três stakeholders tem relação com seus grau de
aptidão (capacidade) para usar e se beneficiar delas.
O primeiro relatório forneceu dados sobre 82 países, o último forneceu sobre 127. O relatório
é baseado em uma série de índices e rankings. Como a metodologia, tipo e número de
variáveis foram alterados de edição para edição, e uma comparação superficial poderia levar
27
a uma avaliação errônea, optou-se por apresentar como exemplo apenas alguns índices
considerados relevantes e uma tabela com os pontos fortes e fracos do país, baseada na
posição no ranking. O Brasil passou de 39° em 2003 para 59° no último. Contudo nosso
índice NRI aumentou de 3.67 para 3.87. Um quadro com todas as variáveis distribuídas pelos
seus componentes, e suas posições no último ranking, encontra-se no anexo I.
28
Variável rk Variável rk
Informática5 13 Alcance e efeitos dos impostos 127
Quantidade de fornecedores locais 21 Carga da regulação governamental 125
6
E-participação governamental 22 Tempo necessário para abrir um negócio 120
Uso de TICs e eficiência governamental 27 N ° de procedimentos para abrir um negócio 119
Extensão do uso da internet pelas empresas 28 Qualidade do sistema educacional 117
Disponibilidade de serviços govern. online 28 Efetividade das casas legisladoras 116
Capacidade de inovação 29 Qualidade do ensino de matemática e ciência 114
N° de procedimentos para fechar um
Sofisticação do mercado financeiro 31 110
contrato
Disponibilidade local de serviços de pesquisa
32 Percentagem total de impostos 109
e treinamento
Gastos das empresas com P&D 33 Eficiência do marco legal 102
Tabela 2: Pontos fortes e fracos do Brasil (rk = posição no ranking, entre 127 países). Fonte: Dutta e Mia, 2008.
É interessante observar que o governo está presente com apenas três variáveis nos pontos
fortes, mas que é diretamente responsável por todos os pontos fracos. De onde se vê a
importância da influência do setor público no uso e desenvolvimento das TICs. Além disso, é
preciso notar que as três variáveis fortes do governo são referentes ao governo-eletrônico.
5
Informática, comunicações e outros serviços como percentagem do total de importação de serviços comerciais.
6
Este índice apresenta a utilidade qualitativa da relevância e a facilidade dos sites governamentais em fornecer
informação e ferramentas e serviços online e participativos para a população.
29
Outra definição bastante ampla, ainda que mais detalhada, é oferecida por Fang (2002, p.3):
O e-gov é definido como uma maneira do governo utilizar as mais inovadoras TICs,
particularmente as aplicações baseadas na internet, para fornecer informações e
serviços mais convenientes aos cidadãos e às empresas. Também é aumentar a
qualidade desses serviços e fornecer maiores oportunidades de participação em
instituições e processos democráticos. Seu objetivo, portanto, é evoluir para o
aumento da qualidade e diminuição dos custos dos serviços públicos além de
possibilitar um melhor relacionamento entre os cidadãos e o governo.
Conforme Grande, Araujo e Serna (2002), Menezes e Fonseca (2005), Marcondes e Jardim
(2003), o estudo do governo eletrônico pode ser encarado pelos seguintes ângulos:
a) E-Administração: prestação de serviços públicos, o que inclui as dimensões de gestão,
informação, tramitação de serviços, formulação de queixas e sugestões.
b) E-Democracia: promoção da democracia, o que inclui a consulta nos processos de tomada
de decisões e votações.
c) E-Governança: dinamização e elaboração de políticas públicas, o que inclui a participação
ativa na elaboração das políticas, gestão e avaliação dos resultados; workgroup entre os
vários gestores públicos de diferentes escalões.
Mas a forma mais comumente encontrada de classificar o governo eletrônico (Fang, 2002,
Danzinger e Andersen, 2002; Huong e Bwoma, 2003, Gouveia, 2004) é através do
reconhecimento, como modelo de análise e implantação, do conjunto de interações e
relacionamentos que envolvem as seguintes dimensões7:
7
O número de divisões, suas denominações e escopo variam ligeiramente de autor para autor.
30
G2N e N2G - Governo/Entidade sem fins lucrativos e Entidade sem fins lucrativos/Governo –
Troca de informações e comunicação com organizações não lucrativas, partidos políticos e
organizações sociais;
G2G - Governo/Governo: Permitir e facilitar a cooperação e comunicação online entre os
entes do governo, unificando sistemas e procedimentos. Possibilidade de troca rápida de
informações entre membros do governo, como, por exemplo, preços cotados em licitações,
divulgação de experiências bem sucedidas de gestão, dentre outras atividades que
intensifiquem o aumento da eficiência na máquina pública;
G2E - Governo/Empregado público: Iniciativas que facilitam o gerenciamento do
funcionalismo público, comunicações internas com os empregados e processamento de um
sistema paperless (sem papel) em escritórios virtuais.
Entretanto, o uso da internet requer uma infra-estrutura adequada, tanto em relação à rede de
comunicações quanto à quantidade de computadores. Sem isso, a difusão do acesso às novas
tecnologias fica comprometida, dando causa ao recente problema da Exclusão Digital, ou
“Digital Divide”, bastante explorada por West (2000), Ruediger (2002) e Jaeger e Thompson
(2003), entre outros.
É preciso considerar que o desenvolvimento do e-gov é uma questão mais política do que
técnica. A internet e as TICs podem ser ferramentas para a mudança sempre que exista uma
vontade política clara e objetiva para estimular as transformações necessárias nas estruturas,
procedimentos e cultura organizacional.
32
3. TELETRABALHO
3.1. ORIGENS
Não é possível datar com precisão a origem do teletrabalho. É certo que na literatura de ficção
científica essa forma de trabalho já foi amplamente explorada, dentre outras obras, naquelas
de Isaac Asimov (Eu Robô, Fundação, Máquinas que Pensam), sendo que no livro Naked Sun
esse conceito é levado a extremos, já que os habitantes de dado planeta não apenas trabalham
em casa, mas jamais saem de suas propriedades, evitando ao máximo o contato presencial
com outras pessoas, um tabu, mas convivendo através de meios tecnológicos. Já na visão de
autores cujo objeto de estudo é o futuro não ficcional, como Alvin Toffler (1980), em um
futuro próximo milhões de pessoas terão a possibilidade de substituir escritórios e fábricas
pelos seus domicílios, dando origem a "uma indústria familiar de um tipo superior, fundada
sobre a eletrônica e, concomitantemente, uma nova polarização sobre o lar, tornado o centro
da sociedade” (1980, p.52).
33
teletrabalho”, tendo cunhado os termos teleworking e telecommuting8, tornando-se um de seus
grandes defensores. Sullivan (2003) chama a atenção para o fato do termo “telecommuting”
ser muito usado como sinônimo de teletrabalho (especialmente nos EUA), o que pode
confundir os diferentes conceitos ao enfatizar o aspecto do transporte, mesmo quando a
pesquisa em questão focaliza outro aspecto qualquer do trabalho descentralizado.
Lemesle e Marot (1994) observam que apesar da crise energética ter representado um papel
crucial no início das discussões sobre o teletrabalho, outros fatores foram essenciais para que
as mesmas não permanecessem exclusivamente em plano teórico, mas passassem à prática: a
difusão do uso de computadores e a ampliação e barateamento dos serviços de
telecomunicação, compondo a “telemática” (neologismo criado em 1978 por S.Nora e
A.Minc, para designar o casamento entre as tecnologias da informação e as
telecomunicações), termo hoje em desuso no Brasil, substituído pelo acrônimo “TICs”
(Tecnologias da informação e Comunicação).
3.2. CONCEITOS
8
Não há tradução de commuting em português. O termo deriva da palavra commuter, nome dado às pessoas que
vivem em bairros suburbanos e que diariamente se deslocam para o emprego e freqüentemente são obrigados a
tomar dois ou mais transportes.
34
O trabalho desenvolvido em qualquer horário, local fixo ou móvel, utilizando
recursos telemáticos. (Pinel, 1998, p.22)
3.3. CLASSIFICAÇÃO
36
Quadro 2: Modalidades ou formas de teletrabalho segundo posição da OIT. Fonte: Serra, 1996.
O European Information Technolgy Observatory – EITO apresenta um detalhamento maior
na avaliação do teletrabalho de acordo com parâmetros divididos em oito categorias:
Categorias Características
domicílio;
Arranjo do local de trabalho e “base” de
telecentro local;
trabalho percebida - único ou uma combinação
escritório descentralizado;
de alternativas:
móvel e
equipes distribuídas.
empregado;
terceirizado;
Relação de emprego:
autônomo e
consultor.
marginal (ocasional, a base principal ainda é o
escritório convencional);
substancial (divisão equilibrada entre os locais de
Proporção de tempo no teletrabalho:
teletrabalho e locais convencionais) e
primário (local de teletrabalho tornou-se o local de
trabalho principal).
Extensão do uso da rede de comunicação
marginal;
eletrônica (influi na organização do trabalho, na
ocasional;
gestão das equipes e nas possibilidades de
substancial;
redução de custos, e inclui aspectos mais
extensiva.
operacionais da tecnologia):
formal;
endossado (apesar de não formalizado, o
Grau de formalidade: teletrabalho é reconhecido pela empresa);
informal;
oculto.
apoio com comprometimento de recursos;
Grau de apoio (assistência a problemas apoio na base do “maior esforço”;
tecnológicos, no treinamento, nos custos, e em apoio informal;
outros fatores): não apoiado;
resistente – não prestativo com teletrabalhadores.
difundido;
disseminado;
Aceitação organizacional, ou grau de
minoritário mas bem apoiado;
disseminação do teletrabalho na organização
raro – motivo de comentários;
(forte relação com o grau de formalidade):
mal visto – considerado inadequado pelos gestores
da organização.
escolha pessoal irrestrita – teletrabalho ou não,
proporção de teletrabalho;
Grau de autonomia (pode ser uma das fontes de
escolha pessoal negociado com o gerente;
satisfação e/ou eficiência do sistema de
escolha pessoal com condições gerais;
teletrabalho):
escolha pessoal sim/não – condições prescritas;
determinada pelo contrato – teletrabalho é
condição do contrato de trabalho.
37
Quadro 3: Categorias e parâmetros para avaliação do teletrabalho conforme a EITO. Fonte: EITO, 1998.
Daniels, Lamond e Standen (2001) classificam o teletrabalho de acordo com cinco variáveis:
localização, uso de TICs, intensidade do conhecimento, contato intra-organizacional e contato
extra-organizacional.
Pyöriä (2003) considera que quatro dimensões principais são essenciais a todas as formas
organizacionais de teletrabalho: lugar, tempo, equipamentos técnicos, contratos.
Os autores ressaltam que as diversas análises quanto ao tipo de trabalhadores indicam que
existem diferenças de gênero, nível educacional, tipo de ocupação e renda entre as categorias
da classificação apresentada. Eles exemplificam que os trabalhadores de n° 1 são, em sua
maioria, homens, profissionais de bom nível e relativamente bem pagos. Já os de n° 2
38
pertencem a um nível social mais baixo em relação à ocupação, em comparação com os
anteriores. Isso sugere (mas não prova) a probabilidade que, ao menos algumas categorias de
trabalho a domicílio e teletrabalho refletem categorias tradicionais associadas com o status
social do emprego.
Para o trabalhador
Vantagens Desvantagens
Possibilidade de reduzir ou mesmo eliminar o Isolamento social (quando o trabalho é
tempo gasto no deslocamento casa-trabalho, exclusivamente domiciliar);
diminuindo o estresse;
Aumento dos custos relacionados ao trabalho em
Aumento da produtividade, principalmente casa, se a empresa não arcar com eles;
porque há menos distrações e interrupções;
Redução dos contatos com os colegas de trabalho
Economia no gasto de combustíveis; (a organização informal) e hierarquia;
Flexibilização do horário de trabalho, permitindo Necessidade de desenvolver novas habilidades
conciliar vida profissional e familiar; profissionais;
Flexibilização do local de trabalho; Aumento da precariedade de emprego;
Autonomia relativa, com a diminuição dos Problemas de proteção jurídica;
constrangimentos hierárquicos;
Possibilidade de condições de emprego menos
Clima de trabalho mais confortável, favoráveis, em termos de regalias econômico-
especialmente ao não ser obrigado a conviver sociais;
com pessoas que considera desagradáveis;
Problemas na vida familiar devido à intromissão
Diminuição de gastos com alimentação e do trabalho no lar;
vestuário;
Diminuição na diferenciação entre trabalho e
Maior flexibilidade na escolha de sua residência, lazer;
desvinculando-a da localização física do seu
empregador; Maior dificuldade de defesa dos seus interesses
39
empregador; trabalhistas e profissionais (especialmente
quando o contrato de trabalho é individual,
Possibilidade de emprego para pessoas que dificultando ou impedindo as reivindicações
estavam à margem da força de trabalho, como coletivas);
portadores de necessidades especiais, presidiários
e responsáveis por crianças pequenas ou idosos. Aumento do trabalho em tempo parcial;
Controle invisível e onipresente efetuado pelo
sistema de informatização;
Menos oportunidades de promoção;
Maior risco de demissão em caso de cortes na
empresa;
Em casos em que parte da jornada de trabalho
seja feita no escritório, degradação do espaço de
uso do teletrabalhador, que deixa de ser fixo e
passa a ser variável.
Quadro 5: Vantagens e desvantagens para o teletrabalhador.
Para as empresas
Vantagens Desvantagens
Redução de custos (imobiliários, de transportes, Impossibilidade de assegurar o controle da
de pessoal, etc.); presença e a disponibilidade imediata do
trabalhador no local de trabalho;
Aumento da produtividade;
Dificuldade em estabelecer critérios de
Redução do absenteísmo; produtividade uma vez que a empresa precisa
Possibilidade de operar a nível global, passar a medir o trabalho em termos de
funcionando 24 h; resultados ou por tarefas;
Alguns estudos (OIT, 1995; Lavinas, 1998; Estrada, 2004; Di Martino, 2004) traçam paralelos
entre o teletrabalho e o trabalho no domicílio como se o primeiro fosse apenas uma evolução
41
do segundo com o ingrediente das TICs. Em estudos referentes ao trabalho no domicílio, foi
constatado que as mulheres prevalecem, uma vez que carecem de mobilidade e de
flexibilidade de opções no mercado de trabalho. “Tanto em virtude do viés de gênero presente
nas definições de postos de trabalho como pelas responsabilidades familiares que recaem
sobre elas e seus fortes vínculos comunitários, as mulheres constituem a principal oferta de
trabalho a domicílio” (Lavinas, 1998, p.2).
No entanto, as vantagens e desvantagens devem ser encaradas como potenciais, uma vez que
sua ocorrência depende das condições reais oferecidas pela empresa e pelas características
sociais do ambiente em que se efetua o teletrabalho (características dos locais, do
equipamento, salários, férias e outras licenças, saúde, segurança social, legislação, entre
outras).
Como o homem é um animal social, a maioria das pessoas gosta de interagir com os
outros em situações em que se sentem participativas e bem aceitas. E muito mais do
que isto, gostam de ser reconhecidas e valorizadas. Essa é a maior e mais profunda
manifestação da natureza humana. (Gomes e Gomes, 1995, p.200)
Di Martino (2004) sugere que para minimizar o sentimento de isolamento dos trabalhadores
seja adotado o teletrabalho a tempo parcial e sejam desenvolvidas e estimuladas atividades
recreativas com os colegas de trabalho fora do expediente. Note-se que o isolamento a que se
faz referência é aquele da alteração em seus relacionamentos sociais no trabalho e não um
isolamento social total.
43
Conforme foi visto na seção sobre evolução do trabalho, o trabalhador, e o teletrabalhador por
conseqüência, carregam consigo a noção já instituída de que o lugar do trabalho é distinto do
lugar para se morar. Mas para Roberto Da Matta a casa e a rua vão muito além de locais
meramente distintos:
Quando digo então que “casa” e “rua” são categorias sociológicas para os
brasileiros, estou afirmando que, entre nós estas palavras não designam
simplesmente espaços geográficos ou coisas físicas comensuráveis, mas acima de
tudo entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas dotadas de
possibilidade, domínios culturais institucionalizados e, por causa disso, capazes de
despertar emoções, reações, leis, orações, músicas e imagens esteticamente
emolduradas e inspiradas. (Da Matta, 2000, p.15)
Apesar da alegada vantagem de se poder gerenciar melhor o tempo passado com a família e as
várias sugestões de que o teletrabalho é uma opção ideal para pessoas com crianças pequenas,
especialmente mulheres, há estudos que contrariam essa alegação (Stanworth, 1998;
Mirchandani, 2000; Konradt e Schmook, 2003; Perez et al., 2003; Dimitrova, 2003). Sullivan
e Lewis (2001) discutem os limites dos papeis de trabalho e família baseados no gênero,
abordando-os sob um enfoque duplo: o teletrabalho como uma nova oportunidade de
modalidade de trabalho flexível e exploração. Baseando-se em pesquisa empírica esses
modelos não seriam mutuamente excludentes.
Por um lado, um dos argumentos a favor do teletrabalho é o de que ele dá acesso ao trabalho
para pessoas para as quais responsabilidades com crianças restringiriam a participação em
trabalho convencional localizado, visto que para alguns, combinar trabalho em domicílio com
o cuidado das crianças não é uma escolha, mas a única maneira de superar o alto custo e a
pouca disponibilidade de serviços de cuidados. Por outro lado, de acordo com o modelo de
exploração, o teletrabalho seria uma forma de perpetuar a exploração da mulher em termos da
jornada dupla – trabalho pago e responsabilidades domésticas. Desta perspectiva o
teletrabalho é construído como uma forma de emprego que leva a mulher a ser explorada,
socialmente isolada, e a sujeitar-se às demandas tanto familiares quanto profissionais.
Os autores apresentam também o argumento de que o teletrabalho pode tanto ser uma
influência negativa ou positiva na habilidade das pessoas de gerenciar o trabalho e o não
trabalho. Ao invés de usar a flexibilidade espaço-temporal para melhorar o equilíbrio entre
44
família e trabalho, os teletrabalhadores estão se mantendo presos aos padrões convencionais
de tempo de trabalho e usando a flexibilidade para estender o trabalho para horas de não
trabalho. Outro fator é que alguma flexibilidade é útil, mas para algumas pessoas flexibilidade
demais atrapalha, levando a uma perda de controle. Daniels et al. (2001) relatam que as
mulheres que precisam tomar conta de crianças pequenas preferem uma creche ao
teletrabalho, mas isso é mais caro para a empresa empregadora.
Outra averiguação (Sullivan e Lewis, 2001) é sobre o impacto do teletrabalho nos familiares e
co-residentes do teletrabalhador. Ser ajudado no trabalho é mais comum para homens; ficando
suas companheiras responsáveis por afastar as distrações dos homens que trabalham em casa.
O estudo indica que os homens normalmente passam a adotar o teletrabalho por razões
individuais e profissionais, enquanto as mulheres optam por questões domésticas e familiares.
Quando os teletrabalhadores vivem em família, esses co-residentes se tornam atores cruciais
na construção da casa como local de trabalho uma vez que passa a existir uma série de fatores
de estresse que têm relação com a vida doméstica e não com o trabalho (Konradt e Schmook,
2003).
Uma explicação para o conflito casa x trabalho dada por Duxbury et al. (1993) é o de que este
é o resultado da sobrecarga dos papéis (role overload) ou da interferência dos papéis (role
interference). A sobrecarga ocorre quando as responsabilidades duplas de trabalho e família
do indivíduo são tantas que ele não consegue atendê-las. A interferência de papéis ocorre
quando os indivíduos precisam estar em dois locais diferentes ao mesmo tempo. Segundo
Mirchandani (2000) o teletrabalho pode ser uma solução para esse conflito, que na verdade se
baseia na existência de uma barreira pouco natural entre trabalho e casa. Como os papéis são
representados ao mesmo tempo e no mesmo local, a sobrecarga e a interferência poderiam ser
superadas com mais facilidade.
Duxbury et al. (1993) e Di Martino (2004) também chamam a atenção para o fato de que o
tempo de transporte seria útil para transitar da esfera doméstica para a profissional e vice-
versa. A falta deste período de transição ajuda a borrar as fronteiras entre vida profissional e
doméstica, o que leva alguns praticantes a sugerir que se adote algum tipo de ritual ou
processo de passagem.
45
Uma pesquisa sobre telecentros (Telework Center Survey) realizada em oito telecentros norte-
americanos revelou as principais razões que levam aqueles teletrabalhadores a preferir um
telecentro ao trabalho em casa (sendo que as respostas foram consideradas consistentes com
uma pesquisa anterior, de 2004):
Deve-se levar em consideração que a pesquisa acima foi feita exclusivamente com pessoas
que trabalhavam em telecentros. Mas de qualquer modo é interessante notar que a maior parte
das razões é de ordem prática, visando não atrapalhar o fluxo do trabalho. Uma razão mais
teórica, como manter a vida doméstica separada da vida profissional foi pouco citada.
Uma pesquisa levada a cabo pela BT (HRMID, 2003) com cerca de dois mil funcionários
participantes do “Workabout”, seu programa oficial de teletrabalho, revelou um paradoxo: os
empregados em geral trabalhavam mais horas (o que geralmente está associado a uma das
desvantagens potenciais do teletrabalho), mas declaravam um aumento considerável em sua
qualidade de vida. A pesquisa, feita pela Universidade de Bradford e pelo Centre for
Economic and Environmental Development, uma organização sem fins lucrativos, demonstra
46
que a maioria absoluta dos entrevistados considera sua qualidade de vida boa ou muito boa;
que o teletrabalho é importante ou muito importante para sua qualidade de vida e que estão
satisfeitos ou muito satisfeitos com o teletrabalho. No entanto, 69% admitem que suas horas
de trabalho aumentaram por causa do teletrabalho. Não que tudo seja perfeito visto que os
principais problemas relatados foram: falta de interação social, dificuldade de se desligar do
ambiente doméstico e a falta do período de transição de casa para o trabalho. Mas em geral
(81%) os funcionários declararam que suas expectativas quanto ao teletrabalho foram
realizadas (BT, 2003).
Uma das explicações para o sucesso da BT pode ser o perfil do teletrabalhador, a maioria é
composta por homens de meia-idade, no setor de gerência e venda, com longa experiência na
empresa. Wicks (2002) relata em seu artigo que há mais vantagens para teletrabalhar do que
dificuldades a enfrentar. Em seu estudo, ele verificou que os mais jovens preferem não
teletrabalhar por falta de experiência e por recear perder promoções.
3.5.6. Sindicalismo
O teletrabalho é assunto polêmico dentro do movimento sindical. Define-se o sindicato como
sendo “a associação de pessoas físicas ou jurídicas que têm atividades econômicas ou
profissionais, visando à defesa dos interesses coletivos e individuais de seus membros ou da
categoria” (Martins, 2004, p.712).
48
Os próprios sindicatos se sentiam prejudicados visto que a força de trabalho, ao se fragmentar
e se dispersar, enfraqueceria a capacidade de organização coletiva uma vez que o número de
trabalhadores sindicalizados diminuiria ao aderir a contratos individuais. Os sindicatos
perderiam poder e influência.
Horner e Day (1995) distinguem três tipos de posições dos sindicatos ingleses, nos anos 70 e
80, em relação à "revolução tecnológica" em geral e ao teletrabalho em particular: receptiva
(vêem o teletrabalho como um meio de incrementar a flexibilidade e a autonomia,
desenvolver as competências profissionais e melhorar as condições de vida do trabalhador);
defensiva (vêem o teletrabalho como uma realidade inevitável, mas, ao mesmo tempo,
problemática pois o teletrabalho pode ser positivo,se os potenciais problemas que a ele podem
estar associados - isolamento, exploração - puderem ser evitados e forem garantidos aos
teletrabalhadores todos os direitos comuns aos outros trabalhadores); e oposta (encaram o
teletrabalho como oposto aos interesses dos seus membros e do próprio sindicato, assinalando
as seguintes desvantagens: em relação aos trabalhadores - o potencial isolamento social, os
problemas psicológicos de motivação, o potencial perigo de pôr um "espião" eletrônico em
casa, o aumento dos custos domésticos, os problemas derivados do cuidar dos filhos, e em
relação ao sindicato – dificuldades no recrutamento de filiados, problemas de organização
coletiva).
O autor observa que há diversas razões para que isso aconteça, enfatizando as seguintes:
percepção de possuir menor flexibilidade em suas tarefas, maior carga de trabalho, problemas
de coordenação em um ambiente com colegas teletrabalhadores e rotina menos gratificante
devido à maior dificuldade em construir relacionamentos pessoais com os colegas. O autor
ressalta, porém, que os gerentes podem ajudar a resolver ou diminuir este problema ao
estimular maior contato pessoal entre os colegas e ao garantir uma boa dose de autonomia
para os trabalhadores locais.
Notícias sobre a pesquisa de Golden foram publicadas em diversos jornais e sites em janeiro
de 2008 (Wall Street Journal; Human Resource Executive Online; Business Review;
Reuters9), sendo que na versão on-line do Wall Street Journal foram postadas diversas críticas
alegando até mesmo inveja dos colegas de trabalho. A Telework Coalition (Worthen, 2008)
chega a contestar a validade da pesquisa uma vez que esta foi feita em uma única empresa, e
que os maus resultados podem ser conseqüência de problemas daquela empresa em particular.
9
As páginas nas quais encontra-se a notícia são:
http://blogs.wsj.com/biztech/2008/01/16/telecommuters-make-work-rougher-for-the-office-bound/
http://www.hreonline.com/HRE/story.jsp?storyId=66100910
http://www.bizjournals.com/albany/stories/2008/01/07/daily19.html
http://www.reuters.com/article/pressRelease/idUS199005+11-Jan-2008+PRN20080111
50
Para isso ela observa que conduziu, em 2006, um amplo estudo em treze grandes
organizações que mantêm programas de teletrabalho há bastante tempo. E nesse estudo os
trabalhadores locais não apenas não criticaram o modelo, como muitos se mostraram
entusiásticos em apoiá-lo.
Ainda que esse ponto não seja pacífico, o fato é que não se pode descuidar da parte do corpo
funcional que permanece no local do trabalho enquanto parcela considerável passa a
teletrabalhar. Se o estudo da Telework Coalition mostra que muitas empresas não têm
problema com isso, o estudo de Golden prova, independente de outros fatores, que isso pode
ocorrer, prejudicando a empresa e os trabalhadores.
Pyöriä (2003) considera que, apesar do entusiasmo reinante na maior parte da literatura, o
teletrabalho pode ser considerado ainda um fenômeno marginal, pelo menos quando
comparado com as expectativas dos anos 70. Ele observa que na Finlândia, apesar desta
contar com uma população de alto nível educacional e uma infra-estrutura de
telecomunicações avançada, o total de teletrabalhadores assalariados não passa de 4% (o autor
não define outros parâmetros que foram utilizados para determinar o que é um
teletrabalhador, apenas que devem ser empregados formais assalariados). Apesar das críticas,
o autor considera o teletrabalho uma inovação social ainda em sua infância, uma forma de
51
trabalho potencialmente útil no futuro por ser uma situação ganha/ganha.
Em um artigo mais recente, Schweitzer e Duxbury (2006) apresentam uma tabela com
percentuais da força de trabalho em três países e na Europa por período de tempo. Esses
percentuais foram extraídos de uma série de estudos empíricos.
• 10% em 2000
•6.1%
(Shore.2000)
2000 (Korte & Gareis, 2002)
6% in 2001 •24% em 2001 7.4% em 2001
2001 • 13% em 2002
(WES) (CTA, 2003) (Hotopp, 2003)
2002 (Gareis. 2004)
•21% em 2001
(Hotopp. 2003)
Quadro 8: Teletrabalhadores como percentual da força de trabalho. Adaptado de Schweitzer e Duxbury
(2006, p.114). Obs: as fontes citadas pela autora estão no Anexo III.
É preciso precaução ao analisar esses números, pois de acordo com outros estudos, os
52
cálculos da proporção da força de trabalho varia entre 1 e 6% nos EUA (Bailey e Kurland,
2002) e entre 4 e 11% no Canadá. (Lowe e Schellenberg, 2001). Ainda assim, observando-se
a tabela acima, pode-se concluir que os Estados Unidos estão bem avançados na adoção do
teletrabalho. Daniels et al. (2001) ressaltam diversas proposições relativas à adoção do
teletrabalho em primeira hora, como é o caso das empresas norte-americanas. Eles afirmam
que isso foi possível porque essas empresas encontram-se em países que investem em infra-
estrutura de TICs e que possuem legislação trabalhista mais liberal. Cascio (2000), por
exemplo, declara que duas a cada três das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune
empregam o teletrabalho.
O governo norte-americano incentiva a adoção do teletrabalho por seus funcionários, como será
relatado em detalhes mais a frente. Dois órgãos, o Office of Personnel Management (OPM) e o
General Services Administration (GSA), estabeleceram em conjunto uma página na internet
sobre teletrabalho, a qual fornece informações para empregados, supervisores e para órgãos
governamentais sobre o assunto. Ele publica periodicamente um relatório10 sobre o teletrabalho
na administração pública apresentando grande quantidade de informações relevantes. Abaixo se
apresentam apenas dois dos resultados a título de exemplo:
10
Disponível em: <http://www.telework.gov/surveys/2007_TeleworkReport.pdf>
53
como um segmento pequeno da força de trabalho, o assunto despertou interesse considerável
tanto na literatura acadêmica quanto na popular.
O teletrabalho formal no Brasil foi iniciado por grandes empresas multinacionais que já
adotavam programas semelhantes em seus países de origem, como Kodak, DuPont e Xerox,
sendo seguidas por outras como Nortel, Semco, Siemens, Alcoa, W/Brazil, AT & T, Price
Waterhouse Coopers, Trevisan Consultores, Andersen Consulting, Cisco System, Anixter,
IBM, Natura, Shell, Souza Cruz, American Express, SSA, Movicarga, Bayer, Tess, WEG.
(Mello, 1999; Di Martino, 2004).
Segundo Di Martino (2004), um estudo feito em 2003 com as duas mil maiores empresas de
São Paulo indicou que aproximadamente 2% estavam praticando o teletrabalho. Com base
nesta informação foi feita uma projeção de que o alcance do teletrabalho no país atingiria
cerca de quatro a cinco milhões, cerca de 5% da força de trabalho. Abaixo, alguns exemplos
de iniciativas de adoção do teletrabalho no país:
KODAK – uma das primeiras empresas a implantar esse sistema no Brasil. Em 1998 já
contava com toda a sua equipe de vendedores, totalizando 100, teletrabalhando via internet.
Segundo entrevista dada ao jornal Gazeta Mercantil (1997), a Kodak do Brasil reconhece o
sucesso da sua estratégia de basear em casa, e não nos locais da firma, os funcionários das
áreas de venda e assistência técnica. Estes permanecem assalariados da empresa, isto é,
54
mantêm vínculo empregatício, e respondem a metas estabelecidas por ela. Os ganhos de
produtividade alcançados têm-se mostrado evidentes e inquestionáveis, segundo depoimentos
de executivos da Kodak, apesar dos casos de queixas na justiça que vêm ocorrendo em casos
de demissão.
IBM Brasil – Na sua matriz nos Estados Unidos, o sistema já foi implantado há 7 anos. No
Brasil, a implantação do teletrabalho está distribuída em três níveis. O mais radical, onde todo
o trabalho é feito em casa, está em fase piloto e é utilizado apenas por dez funcionários da
empresa que trabalham em Manaus, Belém e Recife. O segundo projeto, existente há quatro
anos (Projeto Mobility), já atinge cerca de 500 funcionários que ficam a maior parte do tempo
em campo, mas têm uma base na empresa. A fase mais "branda" do teletrabalho na IBM
atinge cerca de mil funcionários que possuem celulares e laptops que podem levar para casa e
trabalhar à distância, de acordo com a conveniência do trabalho (Santos, 2002).
XEROX – É uma das empresas que decidiu adotar o trabalho em casa depois de avaliar
detalhadamente o perfil dos seus colaboradores. Inicialmente o programa é oferecido apenas
para consultores que, em alguns casos são ex-executivos que têm o compromisso de estarem
88 horas por mês disponíveis para a empresa (Pinel, 1998).
Grupo ACCOR – O grupo Accor é mais conhecido no Brasil como o proprietário dos
produtos/serviços Ticket, com 5,3 milhões de usuários diários. A modernização da Ticket
iniciou-se em 1999, passando por três etapas. A última etapa começou em fevereiro de 2005
com uma completa reengenharia da área comercial visando a redução dos custos com
estruturas físicas, o aumento da produtividade, a expansão para outras áreas sem ocupação
física, a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos e o desenvolvimento da empresa. De
24 filiais e 120 colaboradores, o grupo passou para 2 filiais (Rio de Janeiro e Brasília) com 30
colaboradores trabalhando localmente e 90 colaboradores trabalhando no modelo home office.
Para isso foi necessária a implantação de um novo modelo de gestão que priorizou a
preparação dos recursos humanos e os meios de comunicação. Noventa por cento dos
funcionários que passaram a trabalhar em casa permanecem no modelo, mas declaram sentir
falta do convívio pessoal. Este problema é minimizado por programas específicos da empresa.
A Accor considera a experiência na Ticket um grande sucesso, tendo superado todas as metas
estipuladas (Bedani e Távora, 2008).
3.8. TELETRABALHO EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
56
3.8.1. O caso nacional - SERPRO11
O Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO é uma empresa pública ligada ao
Ministério da Fazenda. Foi criado em 1º de dezembro de 1964 com a função de prestar
serviços em Tecnologia da Informação para a administração pública federal, com ênfase na
implantação de sistemas corporativos e soluções para ações do governo.
Quando da elaboração do plano de ações para 1996, de acordo com o objetivo de incentivar a
prática de novas estruturas funcionais, foi sugerida a implantação de um projeto de
virtualização do trabalho em uma de suas regionais batizado de “Escritório Virtual”. A partir
de uma proposta de implantação, seguiu-se uma discussão sobre recursos e pessoal
necessários. Após elaboração de um relatório, dez técnicos começaram a atuar, planejando,
atuando e corrigindo as ações concomitantemente.
11
Pinto, 2003; Ramos, 2005; SERPRO, 2006; Pinto, 2007.
57
O projeto do SERPRO foi premiado no Concurso Nacional de Experiências Inovadoras de
Gestão da Administração Pública Federal em 1998. Mas ainda assim o projeto foi cancelado
devido a mudanças nas diretrizes na empresa.
Em meados da década de 1990, a sede da instituição foi mudada de Londres para Newport,
cidade distante 122 km da capital. Apesar da maioria dos funcionários ter mudado de
residência como conseqüência, alguns optaram por não o fazer. Assim surgiu o início da
experiência de teletrabalho.
59
O aspecto mais relevante é o caráter informal de seu programa. Os funcionários responsáveis
pelo exame de marcas são cerca de setenta e cinco, e declaram preferir trabalhar na sede,
sendo o teletrabalho uma opção apenas em casos especiais. Esses casos, de sete funcionários
atualmente, resumem-se a: necessidade de cuidar de crianças pequenas, problemas de saúde
temporários que dificultam a locomoção ou necessidade de morar distante por alguma razão
(geralmente o fato do cônjuge não poder se mudar).
Os funcionários devem ter alguma razão para optarem por este sistema. O simples desejo de
fazê-lo não é suficiente, e pelo informado, eles realmente não querem, alegando que a
convivência com os colegas é essencial ao trabalho executado. Normalmente quando as
razões para optar pelo teletrabalho cessam, o funcionário prefere voltar ao sistema anterior.
Apesar de localizar-se em país de economia avançada, o UKIPO não conta com sistemas de
informática/telecomunicação elaborados, e o teletrabalho é feito no esquema de levar os
processos físicos, em papel, para casa, examiná-los e trazê-los de volta ao escritório. A
quantidade de processos examinados pelo teletrabalhador é 20% superior à meta definida para
o restante dos funcionários, sendo que o teletrabalhador se compromete a comparecer em
horários e dias da semana pré-definidos, no mínimo um por semana.
12
As informações foram fornecidas por colegas de trabalho que visitaram a OHIM em fevereiro de 2008.
60
vir ao escritório uma vez por semana. Os estudos, projeto e implantação ficaram a cargo de
uma das maiores empresas de consultoria do mundo, a Deloitte and Touche, e demoraram um
tempo razoavelmente longo, visto que havia uma grande preocupação quanto à viabilidade da
implantação devido aos custos e à segurança das informações.
O programa Trademark Work-at-Home (TWAH) teve início em 1997 como um piloto de dois
anos com 18 examinadores que trabalhariam em casa três dias por semana. A partir de 2000 o
programa foi ampliado a partir de uma iniciativa do então vice-presidente Al Gore, que
estabeleceu que o maior número possível de empregados governamentais, passíveis de
teletrabalhar, deveriam fazê-lo na medida em que o desempenho não fosse prejudicado.
13
As informações sobre o USPTO foram fornecidas em dezembro de 2007 por Tony Hickey e Amy Cotton –
funcionárias da instituição – e em <http://www.uspto.gov>.
61
a) Qualidade de vida do empregado: os funcionários reportaram um aumento em sua
qualidade de vida ao permitir que o tempo que antes era gasto no ir-e-vir se transformasse
em tempo a ser gasto com suas famílias ou em outros interesses.
Devido à sua iniciativa, a instituição recebeu diversos prêmios como o “Telework in the
Federal Government Leadership Award”, “Telework Program with Maximum Impact on
Government Award”, o “Best Organization for Teleworkers” e o “Work-Life Innovative
Excellence Award”, entre outros.
62
Lavinas et al (1998) relata que em documento elaborado pela Oficina Internacional do
Trabalho sobre o trabalho a domicílio (OIT, 1995), foi examinada a proteção legal dada a
trabalhadores sob essa condição em mais de 150 países. A análise comparativa aponta para
diferentes formas de tratamento: desde a existência de legislação específica sobre trabalho a
domicílio; sua incorporação na legislação em geral codificada sobre trabalho; sua ausência de
qualquer norma legal ou sua incorporação indireta como trabalho assalariado. A OIT não se
furta a reconhecer que as legislações analisadas são, de modo geral, muito imprecisas quanto
à condição jurídica dos trabalhadores a domicílio, enfatizando o vazio jurídico no se refere à
relação entre o empregador e esse tipo de trabalhador.
No documento citado, o Brasil está classificado junto com os países nos quais a lei trabalhista
geral se estende aos trabalhadores a domicílio por considerar que esta atividade implica em
um contrato de trabalho originado em uma relação de emprego. Conforme dispõe o artigo 6°
da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho:
Art. 3°- Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Mas ainda assim, apesar do que dispõe a CLT, o assalariamento formal a domicílio não está
previsto ou mesmo regulamentado no restante da lei. O emprego independente de um local de
trabalho é causa de grande insegurança jurídica tanto para o trabalhador quanto para a
empresa.
63
As mesmas considerações são válidas em relação ao teletrabalho. Mas enquanto o trabalho a
domicílio já é reconhecido em nosso arcabouço jurídico, ainda que como mera equiparação, o
teletrabalho, apesar de não ser uma modalidade tão recente assim, é considerada matéria nova
e polêmica no direito do trabalho.
Fiolhais (2007) desconhece qualquer Estado que tenha elaborado algum dispositivo
legislativo que enquadre o teletrabalho. O autor considera que, apesar de haver várias causas
para esse vazio, as principais razões devem-se às suas características pluri-dimensionais
(tempo e espaço); à grande variedade nas formas de ocorrência e ao fato deste ser um
fenômeno recente em países com tradição regulamentadora como o Brasil, ao passo que em
países nos quais prevalece uma tradição liberal não-intervencionista, como os anglo-
saxônicos, o teletrabalho já apresenta notável progresso.
No entanto, Estrada (2004) apresenta alterações legais nos textos das leis trabalhistas de três
países: Portugal, Chile e Itália (os dispositivos legais encontram-se no Anexo II), que já
emprestam proteção aos que adotarem o teletrabalho; tanto empregados quanto empregadores.
Mas a simples existência da legislação não se configura, necessariamente, em uma proteção
adequada, como Correia (2003) ressalta ao criticar os dispositivos legais portugueses. Ele
alega que, embora muitos deles façam perfeitamente sentido ao equiparar os teletrabalhadores
aos trabalhadores convencionais, há artigos que contrariam a própria natureza intrínseca desta
modalidade, como a de flexibilidade temporal.
Nos países que se limitam a instituir regras gerais para a atividade laboral, o teletrabalho é
regido por contratos de trabalho negociados entre as partes, como o celebrado pela IBM
Deutshland Gmbh, apontado por Fiolhais (2007) como bom exemplo de tratamento da
questão trabalhista. Este “Acordo de Empresa sobre Teletrabalho”, celebrado em 10 de
dezembro de 1992, é composto por um corpo principal, um anexo e uma “circular”. O acordo
propriamente dito contém um preâmbulo – que enfatiza valores empresariais, pessoais e
ecológicos – e oito capítulos relativos, respectivamente, a condições gerais (regras salariais
em caso de criação de um posto de trabalho externo); condições de participação (regras de
formalização do acordo individual); horário e local de trabalho (divisão das horas de trabalho
entre instalações do empregador e domicílio); registro das horas de trabalho (previsão de um
64
livro especial para a inscrição dos períodos de atividade); equipamentos de trabalho (regras de
aquisição e manutenção); contatos com a empresa (medidas suplementares de interação
social); reembolso de despesas (quantias indenizatórias de gastos domésticos); e cessação da
relação de teletrabalho (limites compensatórios). O anexo refere-se a temas como privacidade,
proteção de informações, responsabilidade civil da empresa, etc. Finalmente, através de
circular interna são especificadas as condições físicas do posto laboral deslocalizado, regras
de utilização de equipamentos instalados no domicílio, entre outras informações necessárias
para que o funcionário opte por candidatar-se ao teletrabalho.
Este caráter rígido de aplicação das regras de contratação do trabalho tem se mostrado uma
grande barreira diante da necessidade do país acompanhar as mudanças que caracterizam a
economia moderna assim como as modificações impostas pela crescente concorrência gerada
pela globalização. É fato que a sociedade muda mais rapidamente que as leis. Muitas leis são
elaboradas apenas para regulamentar algo que já se incorporou ao repertório institucional da
sociedade. Como forma de tentar se adequar a um mercado de trabalho dinâmico e em
mutação, há várias formas de flexibilizar os direitos trabalhistas.
Trindade (2000, p.19) entende que “as figuras de terceirização e do teletrabalho, por exemplo,
participam do esforço de reinvenção do trabalho, para ajustá-lo às mudanças ditadas pelas
revoluções científica e tecnológica e para salvar a estrutura danificada do contrato de
trabalho”.
65
Apesar de todo um discurso corrente favorável à flexibilização dos direitos trabalhistas, esta
deve ser observada sob duas óticas:
Por um lado, verifica-se que a flexibilização permitiria uma maior negociação entre
o empregado e o empregador que, por exemplo, através da renúncia e concessão de
direitos, obter-se-ia mais facilmente um acordo que implicaria na satisfação de
ambos e a permanência do trabalhador em seu emprego, principalmente, tendo em
vista as dificuldades econômicas e sociais. Por outro lado, percebe-se a existência de
uma enorme preocupação na defesa dos direitos trabalhistas pois a flexibilização
destes direitos pode ser o primeiro passo para transformações mais profundas
tendentes a reduzir cada vez mais os direitos dos trabalhadores diante de um mundo
globalizado e dominado pelas regras do mercado. (Ramos Júnior, 2004, p.220)
A falta de uma regulamentação mais específica quanto ao teletrabalho atrasa seu crescimento
no Brasil. Como teletrabalhadores e empregadores não são adequadamente amparados pela
legislação atual, sentem-se inseguros e em vários casos, injustiçados. O empregado sofre uma
série de riscos, como a precariedade do trabalho, possibilidades de abuso por parte do
empregador, não pagamento de horas extras efetivamente trabalhadas, etc.. Já os empresários
temem ser acionados na justiça, pois consideram que a legislação brasileira beneficia muito o
trabalhador. Pinel (1998) e Lavinas et al. (1998) relatam o caso da Kodak do Brasil, uma das
pioneiras do teletrabalho no país, que precisou responder a diversas ações trabalhistas, pois
alguns de seus vendedores afirmavam que ficavam à disposição da organização vinte e quatro
horas por dia.
Da mesma forma, Fernando Carvalho Lima, diretor de Recursos Humanos da filial brasileira
da Nortel, que investe bastante em teletrabalho, afirma que a barreira jurídica é uma das
principais preocupações da empresa. Conforme Lima,
Devido a essa deficiência em nosso arcabouço legal, as empresas que decidem adotar
programas de teletrabalho utilizam-se de contratos de trabalhos específicos, os contratos por
atividade, nos quais são determinados quais os direitos e deveres de ambas a partes. Conforme
Lavinas et al. (1998, p.9), “a noção de contrato implica duas retóricas contraditórias de
66
liberdade. Por um lado, restringe liberdades por delimitar reciprocidades que cada parte
compromete-se a respeitar. Por outro, garante um espaço de segurança no interior das relações
sociais.”.
Esse tratamento é uma das características mais destacadas das leis trabalhistas brasileiras: seu
caráter protetor. É comum em compêndios de Direito do Trabalho as análises e casos de
jurisprudência que consideram essa proteção como necessária para amenizar as desigualdades
entre trabalhadores e patrões. “Nesse sentido, o Estado brasileiro, ao elaborar a legislação
trabalhista, teria rompido com os cânones de um direito liberal para interferir como agente
protetor da parte considerada mais fraca” (Lavinas et al., 1998, p. 11).
Schweitzer (2003) relata que, apesar do vácuo jurídico, dentro da magistratura, diversos são
os juízes que abordam a questão do teletrabalho. Como exemplo há Ricardo Georges Affonso
Miguel (Miguel, 2002), Juiz do Trabalho do TRT da 1ª Região, que aborda a influência da
informática nos direitos individual e processual do trabalho, entre eles o teletrabalho, e
conclui que,
67
situações surgidas com o advento daquilo que alguns chegam a chamar de "nova
Revolução Industrial. (Miguel, 2002)
Esta postura é coerente com o direito processual civil que reconhece que: “O juiz não se
exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da
lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e
aos princípios gerais do direito” (Brasil, 1973, art. 126).
Subordinação
É considerado o elemento mais importante para se demonstrar o vínculo jurídico do emprego.
Este requisito está mencionado no art. 4º da CLT: “Considera-se como de serviço efetivo o
período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando
ordens, salvo disposição especial expressamente consignada”. No teletrabalho, apesar de uma
suposta liberdade de escolha de local e flexibilidade de horários, o empregado permanece sob
as ordens do empregador, e a autonomia de suas ações tem muito mais a ver com a natureza
das tarefas do que com falta de controle. Especialmente porque o computador, além de ser um
instrumento de trabalho, também pode ter – e muitas vezes tem - a função de instrumento de
controle.
Personalidade
A prestação de trabalho é sempre feita por pessoa física, tratando-se de uma forma de
obrigação personalíssima e intransmissível, não podendo ser realizada por outra pessoa. No
caso de teletrabalho, é reconhecida a possibilidade de o empregado ser auxiliado por terceiros,
mas isto é considerado uma distorção uma vez que contraria a noção de especialidade e
profissionalismo do trabalhador contratado.
68
3.9.1. Regime Jurídico Único
A Constituição Federal, ao ser promulgada, gerou uma série de benefícios para o servidor
público federal ao fortalecer a administração direta, especialmente em relação à proteção.
Durante a ditadura militar os funcionários de carreira, pertencentes à burocracia estatal,
perderam poder em detrimento dos funcionários das empresas públicas (Torres, 2004). Em
seguida foi elaborada a lei nº 8112/90 - o RJU (Regime Jurídico Único dos Servidores da
União), que dispõe sobre direitos e deveres dos servidores públicos civis da união, das
autarquias e das fundações públicas federais.
Esta lei sofreu diversas modificações até hoje, especialmente na revisão proposta pelo Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, que foi um esforço de diagnóstico e
estabelecimento de objetivos e diretrizes claros para a reforma da administração pública
brasileira (Brasil, 1995). Essa revisão tinha como objetivo produzir cinco efeitos práticos
imediatos: gerar economias nas despesas de pessoal; corrigir distorções e privilégios sem
similares no mercado de trabalho; aprimorar e flexibilizar a gestão de recursos humanos;
apoiar a implementação da administração gerencial no processo de reforma do Estado e
promover adequações de redação para a melhor compreensão e aplicação da norma.
Em termos de flexibilização, o RJU tem uma função meramente de redistribuição, que é uma
ferramenta que capacita a administração a ajustar sua força de trabalho às necessidades do
serviço público. O RJU só se pronuncia em relação à jornada de trabalho:
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições
pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito
horas diárias respectivamente.
[...]
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis
especiais.
69
3.10. RECOMENDAÇÕES
Uma série de qualificações deve ser integrada aos conhecimentos específicos de cada
profissão no caso dos teletrabalhadores (Di Martino, 2004). O perfil do teletrabalhador
inclui: motivação, disciplina, habilidade de organização com o mínimo de interferência
externa, adaptabilidade, capacidade de trabalhar com contato social reduzido, capacidade
de equilibrar o trabalho com outras responsabilidades, determinação, capacidade
decisória, habilidade na área tecnológica, planejamento, comprometimento com prazos,
confiança e iniciativa.
A literatura acadêmica, segundo Mirchandani (2000), indica que indivíduos bem pagos, com
empregos de tempo integral e que tenham escolhido teletrabalhar voluntariamente, geralmente
têm experiências mais positivas do que aqueles mal-pagos e que tenham sido obrigados a
aderir a esta modalidade.
14
A url encontra-se no final das Referências Bibliográficas.
71
Stanworth (1998) chama atenção para o fato de que o discurso sobre teletrabalho geralmente se
refere aos trabalhadores profissionais, técnicos e gerenciais, considerados “analistas simbólicos”
que possuem alta qualificação na transformação de dados em conhecimento. Em compensação
há pouquíssima discussão na literatura popular sobre os empregos rotineiros como digitadores,
vendedores por telefone, entre outros, que não são considerados de alto nível. Ela argumenta
que esta negligência pode ser explicada pela imagem dos escritórios como locais em que todos
os funcionários trabalham com o conhecimento, ignorando a grande diversidade das atividades
de escritório; ou talvez porque estes empregos menos qualificados tenham sido condenados ao
desaparecimento com o advento da sociedade da informação.
Mas como a sociedade da informação ainda não foi capaz de promover todas as mudanças
previstas em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, é possível prever um futuro em
que a força de trabalho pode estar dividida entre uma elite rica em termos de informação e
uma massa pobre de informação. Neste contexto pode-se incluir o problema da exclusão
digital como fator preponderante na competitividade por empregos.
72
Ideal para o teletrabalho que envolva atividades de natureza
intelectual cuja produtividade seja de difícil mensuração.
Ainda assim, pesquisas empíricas relatadas pelos autores
Kugelmass, 1996; demonstraram que poucos gerentes praticavam a
Administração Nilles, 1997; administração por objetivos.
por objetivos Santos et al., 2002; Definição de objetivos. Superiores e subordinados definem
Konradt e Schmook, não apenas os objetivos em conjunto, mas também os
2003. métodos, visto que os subordinados têm grande experiência
em nível operacional e podem contribuir com uma
definição realista. Necessidade de feedback durante as
atividades para ajustes eventuais.
Avaliação de desempenho;
Política de RH Santos et al.; 2002.
Treinamento.
15
Traduzido algumas vezes como “trabalhador de conhecimento intensivo”.
73
Suporte / Apoio Comunicação Confiança
Sistema gerencial de
Apoio da alta gerência desempenho baseado em
Organizacional Tecnologia/ferramentas Política formal resultados
Cultura baseada na
confiança
Habilidades de
Apoio do supervisor
Gerencial comunicação Confiança gerencial
Treinamento gerencial
formais e informais
Apoio familiar.
Estabelecimento de
fronteiras entre o trabalho
Empregado Interação social Confiança do empregado
e a família.
Treinamento do
empregado.
Quadro 11: Fatores críticos para o sucesso do teletrabalho. Adaptado de Kowalski e Swanson (2005, p.240)
Suporte / Apoio - É necessário que o apoio venha de todos os níveis dentro da organização,
especialmente do topo. Além do apoio do nível gerencial, é fundamental o suporte em termos
de equipamentos e ferramentas tecnológicas. Treinamento adequado deve ser oferecido tanto
para os empregados quanto para seus gerentes (Cascio, 2000), não apenas quanto às tarefas e
equipamentos, mas como enfrentar as mudanças psicológicas e sociais, além de como lidar
com a família (Mirchandani, 2000; Di Martino, 2004).
Confiança - Trata-se do fator mais crítico para o sucesso do teletrabalho. Assim como as
categorias anteriores, a confiança é necessária nos três níveis da organização. Gerentes devem
confiar que seus subordinados podem e estão fazendo seu trabalho; os teletrabalhadores
devem confiar que seus supervisores vão tratá-los com igualdade, e a cultura da organização
74
deve ser baseada em confiança. A confiança é um fator tão fundamental que Cascio (2000)
alega que se houver falta de confiança, o teletrabalho não terá sucesso, mesmo que todo o
resto esteja funcionando bem. Para isso, a negociação prévia e detalhada de todos os aspectos
envolvidos na adoção do teletrabalho (custos com equipamento, alterações no espaço físico da
residência do funcionário, alteração nos benefícios, metas e resultados esperados) é necessária
para esclarecer todas as dúvidas e não deixar margem para insegurança, para ambas as partes
(Di Martino, 2004).
75
4. CONTROLE
Esta seção não tem como objetivo discorrer exaustivamente sobre o tópico, e sim apresentar
uma síntese direcionada ao tema, visto que este é um assunto muito amplo.
O controle nas primeiras formas organizacionais era exercido de forma direta e clara. Alguém
manda, o resto obedece. O objetivo da empresa não é o objetivo do indivíduo. A liderança era
exercida por uma pessoa, de maneira formal, através de ordens. A disciplina era imposta
através de punições, inclusive físicas.
76
empresa/instituição. Momentos econômicos e políticos diferentes podem estimular mais ou
menos o desenvolvimento de cada uma. Analisando essa evolução nas formas de controle,
parece claro que as relações de poder e dominação estão sempre se modificando, e que,
embora possa parecer que estão sendo amenizadas, muitas vezes ocorre o contrário.
Pagés (1987), em seu estudo sobre o poder nas organizações, discorre sobre a dimensão deste
como elemento da cultura organizacional em empresas que unem alta tecnologia com
sofisticadas técnicas de administração, denominadas por ele de “empresas hipermodernas”.
De acordo com o autor, a organização, em prol de atingir seus objetivos, quaisquer que sejam,
se utiliza de mecanismos de dominação bastante elaborados no controle de sua força de
trabalho. Utiliza para isso a mediação, uma política de aliar grandes vantagens a grandes
restrições.
Por outra perspectiva (Silveira, 2005), Foucault considera que a noção de que o poder
apresenta-se como algo que é possuído por pessoas (sendo concedido pelo cargo ocupado)
e/ou por instituições, não leva em consideração sua dinâmica. Foucault compreende o poder
como “um conjunto de correlações de forças que se autoconstituem, produzem e organizam os
domínios em que estão presentes e inseridas. O poder é um feixe de relações mais ou menos
coordenado, mais ou menos organizado” (op. cit., p. 49). Portanto o poder não vem de cima
para baixo, mas é constituído pelas diferentes relações de força, surgindo de todos os lados.
77
Como as relações de poder influenciam as formas de controle, as relações de poder no serviço
público, diferentes daquelas da esfera privada, alteram as formas de controle.
4.1. CONTROLE NO SERVIÇO PÚBLICO
Ao elaborar seus estudos sobre a burocracia, Weber se baseou no serviço público (Freund,
2006). O sistema burocrático logo foi adotado pelas empresas privadas, que, com o passar do
tempo e o advento de uma sociedade mais dinâmica e complexa, evoluiu para formas
organizacionais aparentemente mais flexíveis e adaptadas aos novos tempos. Como as
demandas aos serviços públicos também se modificaram, o Estado se viu na premência de se
modernizar, desta vez absorvendo as práticas privadas.
Neves (2005, p.31) observa que no âmbito gerencial do serviço público foram adotados novos
métodos que buscam aumentar a responsabilidade do funcionário sobre o seu trabalho, por
meio do controle e da cobrança de resultados: “avaliação de desempenho, sistema de
indicadores de resultado, remuneração por produtividade, etc., sem proporcionar uma efetiva
ampliação de autonomia. Adoção de medidas para assegurar a participação do pessoal nas
decisões através de um sistema sutil de ‘autonomia controlada’”. O autor destaca a grande
diferença do funcionamento dos instrumentos gerenciais do serviço público em comparação
com os da iniciativa privada. Diferença que não decorre da
[...] forma e natureza dos instrumentos, e sim dos propósitos e finalidades atribuídas
a essas organizações, pois os instrumentos da iniciativa privada estão ainda melhor
estruturados para operar como instrumentos de poder, por proporcionarem uma
maior assimetria entre o gestor e o trabalhador; enquanto no serviço público existem
alguns limites para essa relação como: a estabilidade (alterada pela Reforma
Administrativa), os princípios da legalidade e da impessoalidade, a exigência do
concurso público, a exigência de lei para fixar salários, entre outros dispositivos.
(Neves, 2005, p.54).
Não faltam críticas à Reforma Administrativa, com seu novo paradigma gerencialista. Chanlat
(2002, p.3) chama a atenção para a natureza do serviço público, que não pode ser reduzida à
mesma da empresa privada, pois ela “remete a embates sociais que interessam a ética do bem
comum cujo objeto [...] é a riqueza comum, a saber o conjunto dos princípios, das regras, das
instituições e dos meios que permitem promover e garantir a existência de todos os membros
de uma sociedade humana”.
78
A partir de DaMatta (2000), Neves (2005) analisa os padrões de controle no sistema
burocrático do serviço público brasileiro. Ele ressalta que o impacto do “jeitinho brasileiro” e
do processo de constituição histórica do Estado sobre a cultura do serviço público, levaram a
uma excessiva e rígida formulação de normas, que, no entanto, não são seguidas. O lema
“Flexibilização da norma é a norma!” (op. cit., p. 101) exemplifica bem as práticas reais do
funcionalismo, não apenas pelo enfoque de desobediência, mas muitas vezes pela necessidade
de contornar todo um rito burocrático pesado que atrapalha, ou mesmo inviabiliza a execução
das tarefas.
Uma gerência pública com maior orientação para o desempenho e produtividade, que não
mais se veja obrigada ao cumprimento de centenas de ritos processuais, seria uma forma de
tornar desnecessário o “jeitinho”, tornando a transparência algo normal e desejável.
Partindo de uma tradução literal, a meritocracia seria o governo baseado no mérito. Ou seja,
as posições hierárquicas seriam conquistadas por merecimento, utilizando critérios em que
talento natural, esforço, educação e competência seriam os fatores determinantes. O maior
argumento a favor da meritocracia é que ela teria um caráter mais justo do que outros sistemas
hierárquicos, uma vez que as distinções não se baseariam em fatores biológicos ou culturais.
Embora pesquisas variadas demonstrem que a meritocracia é apoiada e apontada como
necessária por todos, há diversos pontos que tornam sua aplicação, via avaliações, difícil,
problemática e nunca livre de críticas. A maior dificuldade na implantação, manutenção e
defesa da meritocracia é a definição exata e objetiva do que seja mérito, uma vez que inexiste
uma medida específica daqueles valores e qualquer escolha em relação a eles pode ser
considerada arbitrária.
79
Barbosa (1996) e Moraes (2006) confirmam o caráter polêmico da meritocracia e a avaliação
de desempenho para a administração, especificamente no Brasil, onde não se estabeleceu uma
ideologia meritocrática, mas apenas sistemas e discursos meritocráticos. Há uma noção,
fortemente enraizada em nossa matriz cultural de que cobrar resultados e mensurá-los é uma
atitude autoritária. Avaliações são vistas como algo negativo, uma ruptura do universo
amigável e homogêneo, do qual a competição, vista como um mecanismo social
profundamente negativo, encontra-se ausente. Se avaliações são atualmente consideradas
aceitáveis e normais na esfera privada, movida a lucro, este é um conceito relativamente
recente na esfera pública, e particularmente complicado de se adotar em um sistema em que
muitas vezes os resultados são difíceis ou impossíveis de mensurar. Um dos maiores
problemas apontados é o risco de que as avaliações sejam utilizadas mais como instrumento
punitivo do que como vetor de motivação funcional.
Ainda assim, as avaliações vêm sendo implantadas em diversas instituições públicas e têm
como base as metas globais traçadas para a organização, buscando definir os objetivos de
ação individual cujos resultados contribuem para atingir os resultados visados nas metas
globais. Neste sentido, Pontes (1996, p.22) define avaliação de desempenho como “um
método que visa, continuamente, estabelecer um contrato com os funcionários referente aos
resultados desejados pela organização, acompanhar os desafios propostos, corrigindo os
rumos quando necessário, e avaliar os resultados conseguidos”.
Através da análise desses resultados busca-se não apenas avaliar o desempenho preocupando-
se com o comportamento da pessoa no trabalho, como também proporcionar um feedback
constante para o avaliado, a fim de procurar corrigir possíveis falhas e melhorar seu
desempenho. Do mesmo modo, Levinson (1997, p.190) destaca que para uma gerência eficaz,
a avaliação de desempenho é determinante e possui três funções básicas: “(1) fornecer
feedback adequado a todas as pessoas sobre seu desempenho; (2) servir como base para
modificações ou mudanças de comportamento em direção à adoção de hábitos de trabalho
mais eficazes; e (3) fornecer aos gerentes dados que possam ser usados para julgar futuras
atribuições e remunerações”.
80
Pode-se observar, conforme descreve Pontes (1996, p.24), que a avaliação de desempenho possui
diversos objetivos que contribuem tanto para atingir as metas estabelecidas como para cumprir as
funções básicas descritas. Assim, para o autor são objetivos da avaliação de desempenho:
a) Tornar dinâmico o planejamento da empresa;
b) Conseguir melhorias na empresa voltadas à produtividade, qualidade e satisfação dos
clientes, bem como em relação aos aspectos econômicos e financeiros;
c) Estabelecer os resultados esperados das pessoas na organização;
d) Obter o comprometimento das pessoas em relação aos resultados desejados pela empresa;
e) Melhorar a comunicação entre os níveis hierárquicos na organização, criando clima de
diálogo construtivo e eliminando dissonâncias, ansiedades e incertezas;
f) Dar orientação constante sobre o desempenho das pessoas, buscando melhorias;
g) Gerar informações,
h) Tornar claro que resultados são conseguidos através da atuação de todo o corpo
empresarial;
i) Estabelecer um clima de confiança, motivação e cooperação entre os membros das
equipes de trabalho;
j) Servir como instrumento propagador de programas de qualidade e, conforme o método
adotado, do próprio instrumento de gestão de qualidade;
k) Servir como importante instrumento coadjuvante em decisões de carreira, salários e
participação nos resultados da empresa; e
l) Servir como instrumento para levantamento de necessidades de treinamento e
desenvolvimento.
O processo de avaliação de desempenho pode ser executado basicamente através de três métodos:
avaliação direta (consiste na avaliação do subordinado pela chefia hierarquicamente superior e
imediata devendo esta emitir o parecer às pessoas que gerencia); avaliação conjunta (o avaliado e
o avaliador discutem sobre o desempenho e conjuntamente preenchem o formulário de avaliação)
e auto-avaliação (o avaliado faz o julgamento do seu desempenho e o encaminha ao seu superior,
que irá analisar e discutir juntamente com o avaliado sobre a auto-avaliação).
Estas diversas variáveis podem se configurar em vícios de avaliação, dentre os quais, segundo
Bergamini e Beraldo (1988), destacam-se o subjetivismo do avaliador; avaliações parciais
baseadas em princípios pessoais e morais; a busca de uma uniformização na avaliação nivelando
os desempenhos declarando-os semelhantes, sem avaliações ótimas ou péssimas; a
supervalorização/desvalorização da avaliação, ao acreditar que ela tanto pode melhorar o
desempenho quanto não contribuir para uma melhor alocação das pessoas dentro da organização.
Um dos aspectos mais característicos do trabalho atual é a presença e o uso extensivo das
TICs. E não é diferente nas atividades estatais. Daí surge a possibilidade de uma nova forma
de controle: a tecnológica. Se antes a vigilância e supervisão se davam de forma direta, hoje
em dia softwares gerenciais são perfeitamente capazes de elaborar relatórios das atividades de
todos os funcionários (Clegg, 1991; Costa, 2004).
Por outro lado, as transformações causadas pelas TICs na natureza, forma e tempo de execução do
trabalho têm o potencial de influenciar a estrutura e os significados do local de trabalho,
impactando as relações sociais, de poder e autoridade da estrutura organizacional. A influência da
hierarquia formal é enfraquecida a partir do momento em que a troca de informações via meios
tecnológicos se torna comum e acessível, facilitando a participação (Gephart, 2002).
82
5. A PESQUISA
5.1. METODOLOGIA
84
O questionário (anexo VI)
É composto por 39 questões fechadas e 3 abertas e foi aplicado a dois grupos: um composto
pelos ocupantes de cargos de chefia e outro formado pelo restante dos servidores. Entre os
dois grupos há diferenças em três questões relacionadas ao tópico “controle das tarefas”. O
questionário foi enviado ao corpo funcional via e-mail em janeiro de 2008 e foi respondido
por 68 servidores dos 179 possíveis16, ou seja, 38 % do total.
Pré-teste
Foi realizado um pré-teste do questionário com três pessoas: dois funcionários da DIRMA e
uma pessoa com formação acadêmica (mestrado) mas sem conhecimentos de teletrabalho. A
partir das dúvidas e sugestões o questionário foi ajustado. Uma das questões suscitadas foi o
problema da autora ter declarado que as respostas seriam anônimas quando, pela forma de
resposta (e-mail) é possível saber a identidade do respondente17. Para diminuir o receio da
parte de alguns, as respostas também foram aceitas em papel.
16
Foram excluídos os funcionários do SEARQMAR, por não terem acesso a computadores, a diretora e
funcionários afastados por licenças.
17
A autora fez questão de esclarecer a todos que as respostas sequer ficariam armazenadas no computador do
INPI e que, após a elaboração da dissertação as mensagens seriam apagadas. Portanto este foi um fator que
dependeu em certo grau da confiança no comportamento da pesquisadora.
85
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
Para Berelson (apud Richardson e Peres, 1999, p. 223), a análise conteúdo “é uma técnica de
pesquisa para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da
comunicação”. Toda análise de conteúdo baseia-se em uma definição precisa dos objetivos da
pesquisa. Após a definição dos objetivos, convém delimitar o material com o qual se trabalha.
86
Quanto à pesquisa documental, a instituição poderia criar entraves ao acesso a documentos
internos, não autorizando que fossem consultados. No entanto não foram encontrados
obstáculos, uma vez que o material consultado é de livre acesso ao corpo funcional.
Quanto à finalidade aplicada da pesquisa, embora seja desejo da administração atual a adoção
do teletrabalho na Diretoria de Marcas, alterações nas políticas governamentais podem
modificar esse posicionamento. Mesmo que o projeto “Trabalho à distância” esteja previsto
no Planejamento Estratégico do INPI para o período 2007-2011, limitações políticas e de
recursos podem transformá-lo em “letra morta” diante de outras prioridades.
É possível que os examinadores que responderam os questionários não tenham sido os mais
representativos do universo estudado, uma vez que os respondentes podem ter sido apenas
aqueles interessados no assunto, mas esse é um risco em qualquer processo de investigação,
especialmente nos que se utilizam de questionários como forma de coleta de dados.
Quanto ao tratamento dos dados coletados, uma limitação diz respeito à atividade do
pesquisador e sua observação participante, influenciando sua interpretação. Contudo, procura-
se certo distanciamento e neutralidade científica.
18
Regimento Interno do INPI (a parte relativa às atividades executadas pela DIRMA está no Anexo IV).
19
Carreira exclusiva do INPI criada em outubro de 2006.
87
Figura 2: Estrutura da Diretoria de Marcas
O exame dos pedidos20 é composto basicamente por duas fases: uma considerada formal (em
que são analisados os requisitos de forma: documentação, correto preenchimento dos
formulários) e outra de mérito, em que cabe um julgamento muitas vezes subjetivo, ainda que
existam diretrizes básicas a serem seguidas.
20
As fases do processamento de um pedido de registro de marca estão no Anexo V.
21
A partir desta data foi adotado o “Exame Substantivo” no qual são utilizados apenas os dados que constam no
sistema informatizado – SINPI (Sistema Integrado de Propriedade Industrial), sem manuseio do processo
físico. Este tipo de exame só pode ser aplicado a cerca de 60% do total, visto que alguns deles apresentam
documentos essenciais ao exame.
88
Devido à pouca importância dada ao INPI até pouco tempo atrás, não houve concurso público
para seu corpo funcional durante 10 anos (período 1988-1998, antes disso as contratações
eram feitas por indicação). Contudo, o número de depósitos de pedidos de marca apenas
aumentou. Somando-se a isso, em 1999 foi decidido, sem consulta aos examinadores de
marca, que o Brasil adotaria a Classificação Internacional de Produtos e Serviços para se
adequar ao sistema internacional de Propriedade Intelectual. Neste momento teve início a
escalada do atraso no exame de marcas, o backlog. A DIRMA não estava preparada, nem do
ponto de vista tecnológico, nem de pessoal, para arcar com uma maior complexidade no
exame.
A partir de março de 2006 foram tomadas medidas administrativas que, aliadas à contratação
de novos servidores22 (concursos de 2002, 2004 e 2006, triplicando o número de tecnologistas
e técnicos), diminuíram dramaticamente o tamanho do backlog. De um total de 600.000
marcas a serem examinadas (o depósito anual é de cerca de 90.000) no início de 2006,
passou-se a cerca de 200.000 no início de 2008. A principal meta da atual gestão (INPI, 2005,
p.17) é eliminar esse atraso e baixar o prazo de primeiro exame de seis para um ano, prazo que
atende demandas legais23 e é considerado razoável pela maioria dos países.
Uma análise histórica do backlog da DIRMA (citada anteriormente) enfraquece a ênfase dada
pelo Sr. Jaguaribe à falta de um sistema de informatização mais completo como razão do
atraso. Ainda assim, existem melhores e mais avançadas ferramentas da Tecnologia da
Informação disponíveis a serem utilizadas. No intuito de alcançar um método de trabalho
22
O treinamento adequado de um examinador de marcas leva, em média, cerca de um ano. Até lá a
produtividade dos examinadores mais antigos decresce, devido a sua ocupação na tarefa de orientação.
23
O Brasil vem estudando a adoção do “Protocolo de Madri”, um tratado internacional de depósito de marcas.
Contudo para isso é necessário que o país esteja apto a examinar as marcas depositadas via Protocolo em um
prazo máximo de 18 meses.
89
mais moderno, produtivo e menos penoso para os servidores, foi decidida a implantação de
um novo sistema informatizado de marcas, do qual o depósito eletrônico de marcas (e-
Marcas) foi o primeiro módulo a ficar pronto.
O e-Marcas estará ligado ao novo SINPI (Sistema Integrado de Propriedade Industrial), com
ferramentas gerenciais modernas e segurança reforçada. O exame será mais rápido, mais seguro
e mais homogêneo. O exame formal se restringirá a checar se os arquivos anexados (alguns
ainda serão necessários) correspondem ao que foi informado no formulário eletrônico. O
tecnologista se restringirá ao exame de mérito, deixando de realizar tarefas vazias de conteúdo.
Uma nova carreira foi criada de acordo com parâmetros distintos daqueles que norteiam C&T:
a diminuição dos percentuais de gratificação por titulação e o aumento expressivo da
gratificação por desempenho. Apesar de já haver avaliações de desempenho na carreira
90
anterior, o peso destas multiplicou-se. Como toda avaliação de desempenho é um
procedimento polêmico e discutível, os critérios a serem elaborados tornaram-se foco de
discussão e motivo de atrito, especialmente porque o recebimento da gratificação integral
dependeria da assinatura de um decreto presidencial24.
Eventualmente, a autora decidiu-se por este tema para a presente dissertação. Conhecedora do
fato, Terezinha Guimarães, Diretora de Marcas, propôs a inclusão deste projeto no
Planejamento Estratégico do INPI25 para o período 2007-2011, escalando a autora para a
elaboração de seu detalhamento26.
O projeto, batizado de “Trabalho à Distância” foi elaborado a partir de modelo fornecido pela
administração, com detalhamento de suas diversas etapas. O levantamento de dados feito para
a presente dissertação foi essencial para a redação do projeto. Evidentemente diversos pontos
ficaram vagos, visto dependerem de outras áreas ou de levantamentos de dados ainda a serem
24
Até a assinatura do decreto o corpo funcional recebeu 55% do que seria a gratificação integral. Quinze meses
após a mudança da carreira surgiram protestos em forma de operação padrão, diminuindo para menos de 10%
a produção média, evoluindo a partir de junho para uma situação de greve por ocupação. Reivindicações
salariais somaram-se ao movimento pela regulamentação da gratificação. O decreto foi assinado em julho de
2008, mas a operação padrão continuou em vista de problemas nas negociações salariais.
25
Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-
esquerdo/instituto/planejamento/index_html/?searchterm=planejamento%20estrat%C3%A9gico>
26
O detalhamento do projeto, elaborado pela autora, encontra-se no Anexo VII.
91
efetuados. De qualquer forma a simples inclusão deste projeto no Planejamento Estratégico
demonstra, a princípio, um certo comprometimento por parte da administração com a real
implantação do teletrabalho na DIRMA.
A solução para este problema foi típica do “jeitinho” brasileiro. Metade dos avaliados
receberia nota dez e a outra metade nove, invertendo-se as metades no ano seguinte. Ou seja,
a razão de ser da avaliação de desempenho foi completamente desvirtuada pela simples
incapacidade da instituição de aplicá-la adequadamente sem causar uma revolta generalizada.
Ainda que muitos funcionários, especialmente os recém-concursados, fossem contra a prática,
não viam outra solução melhor e aceitaram a situação. É importante observar que, apesar da
direção não concordar com o método, não apenas não tinha como impedí-lo, por ser a
comissão avaliadora soberana, como também isso lhe poupava muitos problemas relativos à
análise de recursos. Uma das maiores desvantagens, além da flagrante injustiça, é que
27
Todos os dados foram obtidos através da observação direta pela autora, de relatos dos colegas de trabalho e
dos arquivos enviados a todos os funcionários via comunicações internas oficiais (comunicados e boletins).
92
funcionários problemáticos, que poderiam ser exonerados devido a avaliações repetidamente
negativas, acabavam permanecendo no corpo funcional, onerando e atrapalhando o restante.
Para sanar essa situação, eliminando o “pacto” anti-conflito, uma nova avaliação de
desempenho, mais detalhada, foi adotada em 2007 para a nova carreira, fixando critérios a
serem utilizados até a regulamentação da GDAPI (Gratificação de Desempenho por Atividade
em Propriedade Industrial). Esses critérios eram:
a) Quantidade de trabalho – 10 pontos, ponderados por 3.
b) Qualidade de trabalho – 10 pontos, ponderados por 3.
c) Tempestividade do trabalho – 10 pontos, ponderados por 2.
d) Comprometimento com o trabalho – 10 pontos, ponderados por 1.
e) Relacionamento/comunicação – 10 pontos, ponderados por 1.
Com a publicação do decreto que regulamenta a GDAPI em 9 de julho de 2008, uma nova forma
de avaliação individual foi estipulada através da publicação de resolução interna (INPI, 2008) que
fixa seus critérios (anexo IX). Na pressa de se receber as gratificações atrasadas e diante do
problema de se avaliar retroativamente por critérios mais complexos e, à época, desconhecidos, (a
regulamentação retroagiu até janeiro de 2008), novamente foi acordado entre os servidores das
duas principais diretorias do INPI, marcas e patentes, que todos os servidores receberiam a nota
institucional: 9,328. Assim o processo de avaliação seria rápido e não haveria recursos, reeditando
o pacto vigente à época da carreira de C&T. No entanto, as negociações salariais atualmente em
curso determinam a extinção da GDAPI e o estabelecimento de uma nova gratificação por
desempenho, a GRAT, que igualmente necessitará de regulamentação.
28
De acordo com a regulamentação, a média obtida pela soma das notas dos servidores não pode ser superior à
nota institucional. Caso ocorra, todas serão diminuídas proporcionalmente até atingi-la.
93
De qualquer forma, uma possível implantação de um projeto de teletrabalho levaria à
necessidade de adaptação dos critérios de avaliação, visto que alguns deles passariam a ser de
difícil verificação (como os itens “Dedicação e Comprometimento com o INPI”, “Iniciativa” e
“Relacionamento Interpessoal”).
O questionário foi dividido em tópicos de acordo com os quais serão dispostas as respostas.
Quanto à faixa etária e gênero, o perfil dos que responderam é proporcional ao perfil do
universo dos funcionários, estando homogeneamente distribuídos, com exceção da última
faixa, o que já era esperado, pois vários dos funcionários com mais tempo de serviço
94
declararam oralmente à autora seu desinteresse pelo assunto, em decorrência de razões
variadas como: proximidade da aposentadoria; incredulidade com qualquer iniciativa da
administração em beneficiar os funcionários (em vista da história da instituição) e
desinteresse por “novidades”.
Quanto ao tempo de serviço, há um maior interesse por parte dos funcionários com menos
tempo de casa em adotar uma forma flexível de trabalho. Isto pode decorrer do fato de que
funcionários mais antigos já têm formada uma rede social sólida no ambiente profissional e o
teletrabalho poderia significar uma ruptura não desejada ou mesmo temida em seu universo
social e afetivo.
29
As faixas entre 10 e 20 anos apresentam uma distorção visto contarem, no total, com apenas três servidores.
95
carreira de nível médio ser bem inferior à média das remunerações para o mesmo nível na
esfera federal (Brasil, 2008), e portanto o INPI poderia ser apenas uma etapa temporária no
serviço público. Além disso, em todos os discursos da administração a respeito do
teletrabalho a que a autora esteve presente, o alvo sempre foi o corpo de examinadores
(tecnologistas). É importante ressaltar o interesse, por parte dos chefes de divisão e
coordenadores, em responder a pesquisa. Especialmente porque são os mais ocupados e a
literatura sempre indica certa resistência por parte do corpo gerencial.
Grau de instrução
Ensino médio 1,5%
Graduação Incompleta 7,6%
Graduação Completa 28,8%
Pós Graduação Incompleta 4,5%
Pós Graduação Completa 33,4%
Mestrado Incompleto 13,6%
Mestrado Completo 9,1%
Doutorado Incompleto 1,5%
Doutorado Completo 0,0%
Tabela 9: Distribuição por nível educacional.
O grau de instrução do corpo funcional mostra o nível de exigência da carreira, visto que
apenas 8,1% dos funcionários que responderam não possuem graduação completa. Dentro do
universo do executivo federal, essa é uma das maiores taxas de educação de nível superior,
cuja média é de 40%, conforme Brasil (2008, p. 66). Este perfil educacional também se
mostra de acordo com as experiências de maior sucesso de teletrabalho: trabalhadores de alto
nível, com funções mais intelectuais e capazes de agir com autonomia.
96
Como você definiria seu domínio sobre os seguintes itens:
(de 0 a 4, sendo 0=nenhum domínio; 4=domínio completo)
Expediente
7 as 16 7,6%
8 as 17 43,9%
8:30 as 17:30 3,0%
Horário especial
9 as 18 21,2%
Jornada reduzida: 6 hs 3,0%
9:30 as 18:30 1,5% 30
Horário de estudante . 1,5%
10 as 19 12,1%
Tabela 11: Horário especial
10:30 as 19:30 1,5%
Varia 6,1%
Tabela 10: Distribuição por horário de trabalho.
30
O horário de estudante é de 40 hs semanais e é determinado fora do normal, podendo se alongar até as 22hs,
quando não há nenhum tipo de supervisão. Apesar do horário ser fixado de forma igual para todos os dias da
semana, na prática também é utilizado por quem precisa cumprir jornadas diferentes a cada dia.
97
Os dados a seguir sugerem que os técnicos e tecnologistas precisam de menos horas do que as
oito determinadas para cumprir as tarefas estipuladas. Isso não significa necessariamente que
os funcionários estão trabalhando menos do que poderiam, pois sabe-se que os trabalhadores,
especialmente aqueles que possuem tarefas intelectualmente mais complexas, não passam o
tempo inteiro trabalhando. Uma parte é gasta em estudo ou atividades paralelas, outra em
relacionamento social com os colegas. Dentre os que trabalham mais tempo pode contar-se os
funcionários mais lentos (mais lentos por uma série de fatores: pessoas com problemas de
saúde, de atenção em ambientes barulhentos, entre outros) e os ocupantes de cargos de chefia,
que, por atribuição do cargo, não têm limites rígidos de cumprimento de horário, sendo
obrigados a permanecer no local de trabalho caso haja necessidade de serviço, o que é
demonstrado pela Tabela 13.
98
Você costuma permanecer no ambiente de trabalho durante o
expediente estipulado?
Nunca. Eu fico menos horas. 3,0%
Freqüentemente fico menos horas (3 ou 4 x por semana). 9,1%
Sim, normalmente fico o horário estipulado. 71,2%
Freqüentemente fico mais horas (3 ou 4 x por semana). 15,2%
Sempre fico mais horas. 1,5%
Tabela 14: Distribuição de adequação do tempo de trabalho.
como
Em relação ao horário de trabalho, sua chefia: chefe você:
Sempre cobra o cumprimento do horário. 40,9% 33,3%
Cobra o cumprimento do horário apenas se a produção estiver baixa. 12,1% 16,6%
Não cobra o cumprimento do horário se a produção estiver adequada. 33,3% 50%
Nunca cobra o cumprimento do horário. 10,6% 0%
Sem resposta 1,5% 0%
Tabela 15: Distribuição chefia x horário de trabalho.
99
Janeiro31. O prédio anterior tem valor histórico, é antigo, foi o primeiro “arranha-céu” da
América Latina e foi sede do INPI por quase três décadas, favorecendo o desenvolvimento de
um sentimento de território conhecido e confortável, quase um elo afetivo. A DIRMA se
dividia basicamente por dois andares32, todas as divisões e setores ocupavam cada qual uma
sala, propiciando um nível de privacidade muito maior do que o ambiente atual em um prédio
bem mais novo, a cerca de cinqüenta metros do anterior, no qual a DIRMA ocupa três andares
abertos (o efetivo mais que dobrou de tamanho com os últimos concursos) com mais de 70
pessoas por andar. Os postos de trabalho estão divididos por divisórias de meia altura
(estando sentado é possível ver o andar inteiro com todos os servidores). No entanto, a infra-
estrutura do prédio atual é muito melhor no que se refere à limpeza (com exceção do fato dos
andares serem acarpetados33), condicionamento de ar (central, que gera reclamações, mas não
conflitos entre funcionários calorentos e friorentos), elevadores e principalmente segurança.34
31
A mudança da DIRMA foi feita nos meses de setembro e outubro de 2006.
32
O SEFORM ficava no térreo e o SEARQMAR fica no 16° andar do prédio antigo até hoje.
33
Os andares eram originalmente acarpetados e a administração optou por não mexer nisso devido à urgência de
se alocar os novos concursados. Os problemas respiratórios decorrentes da existência do carpete se tornaram
uma das principais causas de faltas por razões de saúde (conforme informado pelos chefes de divisão e setor
em recente pesquisa), o que levou a administração a estudar a possibilidade de tirá-lo.
34
O prédio antigo foi considerado perigoso em mais de um relatório. O último foi elaborado por uma equipe da
UFRJ, que considerou o risco de incêndio muito alto devido à fiação antiga. Em 23 de junho de 2004 ocorreu
um pequeno incêndio em uma sala do 22º andar que estava em obras (pertencente à Rádio Nacional e não ao
INPI). Apesar da extensão limitada do fato, este evidenciou todos os problemas do prédio da Praça Mauá em
caso de uma ocorrência mais ampla: as luzes de emergência não funcionaram, a escada de incêndio
apresentava problemas estruturais e várias saídas estavam bloqueadas. O pânico só não foi maior porque era
horário de almoço e vários funcionários já haviam deixado o prédio.
100
Os gráficos a seguir mostram a opinião sobre as maiores vantagens e desvantagens do atual
ambiente de trabalho.
101
Quais as principais desvantagens do seu atual ambiente de trabalho?
(de 0 a 4, sendo 0= nenhuma desvantagem e 4 = muita desvantagem).
Caso o trabalho a distância venha a ser implantado na DIRMA, você gostaria de:
Participar da experiência-piloto 69,7%
Participar do programa já implantado, independente das condições. 1,5%
Participar do programa já implantado, dependendo das condições. 22,7%
Não participar. 6,1%
Tabela 18: Distribuição de prontidão em participar do teletrabalho.
O item considerado mais importante na hora de escolher os funcionários mostra o peso das
condições pessoais, que são os de se beneficiar pessoas com filhos pequenos, problemas de
saúde e dificuldades de locomoção (morar distante, por exemplo). Na experiência do UKIPO,
103
conforme relatado, essas são as únicas razões que levam alguém a optar pelo teletrabalho.
Como são fatores que fazem parte, ou podem vir a fazer parte da rotina de qualquer um, é
natural que haja consenso. Em compensação o segundo item, “produção”, demonstra o poder
do conceito de mérito no trabalho.
Quais critérios você acha adequados para a escolha dos funcionários que participariam
do programa? (de acordo com a ordem de importância35)
O quesito “outros” apesar de não ter sido escolhido nos primeiros lugares da ordem de
importância, foi bastante marcado e preenchido. Os principais fatores indicados no campo
foram: competência, experiência, disciplina, conhecimento de ferramentas de informática e de
comunicação, interesse e perfil adequado. Em suma, as características recomendadas para que
alguém se torne um teletrabalhador.
35
Para este gráfico foram atribuídas notas de acordo com a ordem indicada: 1 valia 5 pontos, 2 valia 4 pontos, e
assim por diante.
104
Considere que seja implantado um sistema (Novo SINPI)
eficiente e que os processos e petições sejam digitais ou
digitalizadas. Quantas, dentre suas atuais atividades Técnicos e
podem ser exercidas à distância? tecnologistas Chefias
Todas 45,0% 0,0%
A maioria 48,3% 100%
Poucas 1,7% 0,0%
Nenhuma 3,3% 0,0%
Sem resposta 1,7% 0,0%
Tabela 20: Atividades que podem ser exercidas à distância.
Foi dada liberdade aos funcionários para optarem entre quatro possibilidades de regime de
trabalho, sendo a mais votada exatamente a que é mais comumente adotada nos locais que
implantaram o teletrabalho, de acordo com os estudos de caso pesquisados. O dia a ser trabalhado
nas dependências do INPI é necessário para as atividades que não podem ser realizadas
remotamente, reuniões e para resolver assuntos administrativos na sede ou pessoais nos arredores.
105
além da dificuldade de se contratar serviços de desenvolvimento de programas específicos ou
de adaptação de algum similar. Há cerca de três anos atrás foi anunciado o início do projeto
de elaboração de um novo sistema. Todas as necessidades foram levantadas por uma equipe
do SERPRO, mas de lá para cá, o projeto não evoluiu.
Quais as maiores dificuldades para que tal projeto possa ser implantado?
(de 0 a 4, sendo 0= nenhuma dificuldade e 4 = muita dificuldade)
Um dos fatores que mais interessou aos funcionários foi a possibilidade de se adotar um
horário verdadeiramente flexível, o que fica demonstrado pelas opções mais votadas na
próxima questão. É preciso observar que um controle baseado exclusivamente na produção
106
estaria vinculado a um procedimento de controle de qualidade, ainda inexistente na DIRMA36.
Além disso seria preciso terminar o processo de transição do controle de processos para o de
resultados. Atualmente os funcionários convivem com os dois: precisam atender a uma
determinada produção mas precisam obedecer ao horário e a certos procedimentos.
As respostas às duas questões seguintes sugerem que apesar da esperança dos funcionários de
que o projeto seja adotado rapidamente (até dois anos, conforme visto na tabela 19), eles
acreditam que, na realidade, demorará muito mais, e que a direção não priorizará o projeto.
37
Você considera que a direção (inclui-se aí a presidência, diretoria, RH e Proc ):
Tem real interesse que o projeto seja implantado. 21,2%
Tem interesse, mas não o considera essencial, podendo ficar para um futuro
66,7%
distante.
36
Faz parte do planejamento estratégico da DIRMA a constituição da primeira comissão de controle de
qualidade da diretoria. Os critérios e procedimentos de trabalho ainda não foram elaborados.
37
PROC: Procuradoria. Setor da AGU ligado ao INPI responsável por avaliar a legalidade de suas decisões e
tratar das ações judiciais referentes à Instituição, além de emitir pareceres que tratem de matéria jurídica.
107
Não tem interesse. É apenas “para inglês ver”. 9,1%
Sem resposta 3,0%
Tabela 24: Distribuição sobre o interesse da direção em implantar o teletrabalho.
Uma das vantagens do teletrabalho para os empregadores é a retenção de seus funcionários,
como atestado pelo USPTO. Considerando o grande investimento feito no treinamento
adequado de um servidor da DIRMA, aliado ao problema de limitação de contratação
(dependente de concursos autorizados pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão),
as questões revelam que o teletrabalho pode ser um fator fundamental na diminuição da perda
de funcionários.
Você tem planos para trocar seu atual emprego no INPI por outro
(seja na esfera privada ou na pública)?
Não 50,0%
Sim, e estou planejando / me preparando. 18,2%
Sim, mas não estou planejando ou me preparando. 30,3%
Sem resposta 1,5%
Tabela 25: Previsão de perda de funcionários.
108
Dentre as opções abaixo, assinale as que pesariam favoravelmente em sua decisão de aderir
ou não ao trabalho à distância.
Dentre as desvantagens, o principal fator tem relação com a natureza do trabalho e com o
grande percentual de funcionários novos, com pouca experiência, e a quem foi fornecido um
treinamento excessivamente rápido38. O item “isolamento social” também se mostrou grande
preocupação dos funcionários, uma vez que o ambiente na DIRMA é de relacionamento e
participação intensivos. Aqui, o item “outros” foi marcado quase que exclusivamente para
mostrar preocupação quanto à manutenção dos equipamentos.
38
Quase metade dos examinadores e técnicos recebeu a delegação (competência para tomar decisões sem
supervisão) com cerca de 3 a 4 meses de treinamento, quando, historicamente, o prazo era por volta de um
ano.
109
Dentre as opções abaixo, assinale as que pesariam negativamente em sua decisão de aderir
ou não ao trabalho à distância.
111
Atualmente, na execução das suas tarefas, No caso do trabalho à distância, as
as funções da chefia imediata são: funções da chefia imediata seriam:
Essenciais 6,1% Essenciais 7,6%
Sempre úteis 36,4% Sempre úteis 31,8%
Eventualmente úteis 39,4% Eventualmente úteis 42,4%
Raramente úteis 9,1% Raramente úteis 9,1%
Dispensáveis 0,0% Dispensáveis 0,0%
Tabela 29: Utilidade das funções da chefia. Tabela 30: Utilidade das funções da chefia em
caso de teletrabalho.
A importância da atuação do nível gerencial é ressaltada na literatura, mas esta questão não
parece suscitar muitos problemas entre os funcionários, que não alteraram radicalmente suas
opiniões de um modelo para o outro, no máximo diminuindo um pouco sua importância. Uma
das especificidades da DIRMA é que os chefes de divisão e setor não têm um papel de
liderança e seus cargos não foram atribuídos devido a um nível de conhecimento maior que os
demais funcionários. A função é mais a da organização das tarefas a serem executadas,
garantindo uma produção adequada, além de cumprirem o papel de elo de comunicação entre
os funcionários e as chefias superiores39. O trabalho efetuado pelos técnicos e tecnologistas
não precisa da aprovação dos chefes imediatos.
Para as chefias:
Se houver a implantação do trabalho à distância:
Os servidores participantes devem estar em uma divisão exclusiva. 0,0%
Os servidores participantes devem estar espalhados entre as
divisões mas responderem a um único responsável. 0,0%
Os servidores participantes devem estar espalhados entre as
divisões, respondendo a seus respectivos chefes. 83,3%
Sem resposta 16,7%
Tabela 31: Distribuição dos teletrabalhadores pela estrutura da DIRMA.
39
Aqui a observação participante foi essencial, pois a autora ocupou cargo de chefe de divisão por um ano, até
ser selecionada para o curso de mestrado, incompatível com o cumprimento das funções de chefia.
112
Os funcionários ocupantes de cargos de chefia foram praticamente unânimes em considerar
que os funcionários que teletrabalham devem estar espalhados e não concentrados. Já as
opiniões quanto à complexidade do gerenciamento indica a expectativa de uma maior
complexidade na tarefa de supervisão, mas que não gerou um posicionamento negativo. Ou
seja, a tendência a resistência por parte do nível gerencial apontada no referencial teórico não
encontrou eco nas respostas.
5.3.6. Equipamentos e comunicação
O trabalho na DIRMA, apesar de ser individual, apresenta um caráter muito cooperativo.
Como há uma grande número de procedimentos distintos, casos específicos e uma dose
considerável de julgamento subjetivo, é comum a consulta aos colegas a respeito das decisões
a serem tomadas. Esse caráter não sofreria grande alteração com a adoção do teletrabalho. A
maioria continua reconhecendo a importância da comunicação freqüente com os colegas e
com a chefia.
A questão seguinte mede a finalidade dessa comunicação. O item mais votado revela o alto
grau de dúvidas, não apenas pelo já referido caráter subjetivo do exame, mas também decorre
da falta de experiência de parte significativa do corpo técnico, que se depara diariamente com
ocorrências inéditas para eles.
113
Gráfico 8: Utilidade dos meios de comunicação no teletrabalho.
As próximas três questões demonstram a disparidade de opiniões por parte dos funcionários
em relação às questões sobre infra-estrutura, equipamentos e conexão de dados. Uma vez que
estes assuntos dependem principalmente de questões técnicas e legais, os funcionários não
terão muito poder de escolha. Os dados levantados em outras instituições (SERPRO, UKIPO,
OHIM, TICKET, entre outras) apontam para o fornecimento integral de equipamentos e
conexão, e para a instalação/inspeção de infra-estrutura domiciliar para o teletrabalho.
A AFINPI:
Deve ser consultada sobre o trabalho à distância. 22,7%
Deve participar da elaboração do projeto. 27,3%
Não deve se envolver, visto que o programa de trabalho à distância
48,5%
não pode ser imposto e será de participação voluntária.
Sem resposta 1,5%
Tabela 38: Envolvimento da AFINPI no teletrabalho.
115
assuntos por freqüência.
As respostas foram dadas de diversas maneiras, desde forma sucinta, até textos detalhados,
justificando as opiniões dadas. A seguir a freqüência das razões a favor da adoção do
teletrabalho, já esperada na maior parte das vezes, em vista das respostas às questões
fechadas:
116
segurança, material de consumo. Como o item saúde foi bastante mencionado, optou-se por
não incluí-lo no aumento da qualidade de vida. Os funcionários ressaltaram que o ambiente de
trabalho ameaça-lhes a saúde.
O item sobre o status do INPI referia-se a sua elevação para o nível de instituição moderna,
séria, de acordo com as tendências administrativas mais atuais, não ficando a dever nada a
outras (USPTO foi citado como exemplo 3 vezes). Esta resposta foi uma surpresa, por ser rara
no serviço público ao demonstrar o desejo de se pertencer a uma organização da qual se tenha
orgulho.
Uma resposta surpreendente, por ter sido única do tipo, além de tratar da possibilidade do
teletrabalho explicando os porquês, ressaltou a importância do reforço da cultura
organizacional através de atividades fora do trabalho, de lazer e de treinamento:
“Isto porque, em minha opinião, é importante tentar criar e manter uma identidade
positiva do servidor com o órgão. Aquele servidor que trabalhar à distância não pode
ser deixado isolado, sem conexões com o INPI, além daquelas definidas pela sua
cota diária de produção ser revertida ao funcionário e a própria instituição.” (sic)
Outros pontos comentados foram a maior permanência do servidor, bom senso e comentários
genéricos sobre ser “vantajoso para todos”. Os funcionários, em suas respostas, geralmente
davam tanto razões benéficas para o INPI quanto para os funcionários, caracterizando uma
situação ganha-ganha.
Qual seria o impacto na sua vida se você participasse do programa de trabalho à distância?
Como na questão anterior, as respostas foram dadas de diversas maneiras, sendo a mais
comum o relacionamento de um impacto genérico positivo seguido por razões mais
específicas. Por exemplo: “Positivo porque...”, “Aumentaria minha qualidade de vida
porque...”. De qualquer forma, foram contabilizadas as freqüências das categorias:
117
Gráfico 10: Qual seria o impacto na sua vida se você participasse do programa de trabalho à distância?
Das respostas não positivas, três pessoas alegaram que o impacto seria pouco, duas não
sabiam qual seria o impacto, duas declararam que neste momento o impacto não seria positivo
visto trabalharem há pouco tempo (influenciando o desempenho) e uma alegou o perigo de
tédio.
118
Sugestões, críticas, comentários:
A maioria das respostas a este item apresentava um teor de esperança e votos de “tomara que
aconteça”. Abaixo são reproduzidas duas sugestões que fugiram ao padrão:
“Acho que seria interessante você abordar o impacto desse programa nas pessoas
que não querem viver esta experiência; haveria algum tipo de sentimento de
desigualdade, tratamentos desiguais, ressentimentos?” (sic)
“... acho motivadora essa idéia de trabalhar em casa e estou torcendo para que isso
realmente aconteça. Somente acho que a implantação de tal programa deve ser
precedida de normatização trabalhistas, de implantação e consolidação de
procedimentos de análise de marcas na DIRMA e de programas de controle de
qualidade e treinamento.” (sic)
40
Na DIRMA foi chamada de operação-padrão a diminuição significativa da produção para menos de 10% da
média.
119
6. CONCLUSÕES
A discussão sobre a melhoria dos níveis de eficiência, eficácia e efetividade das políticas
públicas se dá em um amplo contexto. Os debates que ocorrem nos escalões mais altos da
burocracia estatal, dentro do Legislativo, nos círculos acadêmicos e por formadores de
opinião provenientes da imprensa, são os que consideram prioritários temas de interesse geral:
matéria econômica, tributária, trabalhista, legal e outras tantas. Esses assuntos são aqueles que
têm potencial de causar mudanças em maior escala e profundidade e podem servir como
vitrine eleitoral para os envolvidos.
Em contraposição aos grandes temas, existe uma miríade de pequenos projetos que, juntos,
podem contribuir positivamente para o serviço público, seja na sua relação com a população,
seja na sua relação com os servidores públicos.
Iniciativas de âmbito mais restrito não costumam ser objeto de discussões dos elaboradores de
políticas públicas e sim dos funcionários de carreira que mantêm contato com a atividade que
desejam modificar e otimizar. A melhoria de processos internos, que não são visíveis pela
opinião pública, é considerada viável quando os benefícios gerados são expressivamente
maiores a curto prazo do que os custos para implementá-la. Todo tipo de reforma ou
reengenharia de processos apresenta custos imediatos, enquanto os ganhos são sentidos ao
longo do tempo.
A burocracia estatal é conservadora e assuntos como inovação nos processos de gestão são
vistos como ameaça ao status quo e geralmente sofrem falta de apoio. Via de regra, iniciativas
inovadoras são propostas e levadas a cabo em momentos de mudança do corpo funcional,
crise institucional ou pelo surgimento de algum agente que a imponha de cima para baixo
(ressaltando neste caso que angariar o apoio da base é essencial ao sucesso da empreitada).
120
Neste contexto, um projeto de adoção do teletrabalho em uma instituição da Administração
Pública Federal como o INPI, se configura uma iniciativa inovadora e modernizante em um
cenário institucionalmente diversificado e pouco afeito à implementação de soluções micro.
Sistemas informatizados:
Os servidores já vivem uma situação de quase completa informatização das atividades. As
tarefas já são executadas maciçamente via sistemas informatizados e os funcionários
encontram-se bastante familiarizados com seu uso. A transição para um sistema alternativo,
capaz de funcionar remotamente, não seria grande obstáculo. A principal questão é a
elaboração de um novo sistema voltado a esse fim. Os servidores demonstraram preocupação
e certa incredulidade na elaboração de nova ferramenta, uma vez que um novo SINPI já foi
proposto e o levantamento necessário já foi feito, mas nada de mais concreto foi realizado e
informações a respeito não foram divulgadas ao corpo funcional. Outra questão crucial é a da
segurança das informações, visto que circularão em uma rede externa, ainda que privada.
Equipamentos e conexão:
As experiências de teletrabalho relatadas apontam na direção de que a solução mais indicada
quanto a equipamentos e conexão é a sua compra/contratação pela instituição e seu
fornecimento direto aos funcionários. Outra recomendação é que sejam de uso exclusivo de
serviço, sendo vedado seu uso particular. Os funcionários têm opiniões variadas, mas em
geral preferem não ter trabalho com esse assunto, além de externarem grande preocupação
quanto à manutenção dos mesmos (um problema recorrente nas instalações da DIRMA,
muitas vezes impossibilitando a realização do trabalho, cuja ocorrência seria muito mais grave
em um sistema de teletrabalho). O dimensionamento dos investimentos em equipamento deve
ser cuidadoso, avaliando custo x benefício, mas nunca ignorando o imperativo de qualidade.
A manutenção deve estar prevista na contratação dos serviços.
122
Infra-estrutura:
O ambiente de trabalho no domicílio precisa ser adequado à atividade laboral. As
especificações de quem pode se candidatar a participar deverão conter as condições
necessárias à instalação do posto de trabalho. Será necessário esclarecer os momentos e
freqüências de inspeção (por uma questão legal, em vista do risco de acidentes de trabalho),
tendo-se em conta que a casa do servidor é ambiente privado e não pode tornar-se extensão do
escritório. Recursos visando a adequação do posto de trabalho podem ser incluídos no
orçamento. Ajuda de custo referente ao aumento estimado de gastos de água e energia elétrica
também é recomendada, sob pena da instituição correr o risco de se ser processada por
“repassar custos” para o servidor no cumprimento de suas funções.
Aspecto legal:
O teletrabalho tem um aspecto de precariedade jurídica muito grande no país. No entanto este
aspecto é minimizado na administração pública estatutária. Os servidores têm estabilidade e
critérios de progressão na carreira bem definidos. Se a inclusão no projeto for voluntária,
mediada por um compromisso formal e escrito, e acompanhada pelos devidos esclarecimentos
e treinamento, o potencial de questionamentos jurídicos é pequeno. No entanto, o fato de que
esses aspectos legais devem ser analisados, elaborados e aprovados pelo setor competente do
INPI, pode atrasar a implantação do projeto. Recomenda-se ainda a participação da AFINPI
neste aspecto, mesmo que limitada, visto que a associação pode atuar de forma a inviabilizar o
projeto, ao questionar sua legalidade.
Por outro lado, o fato das atividades exercidas na DIRMA já serem informatizadas facilita o
controle de produção por parte da direção. Uma das questões principais tem relação com a
forma pela qual será controlado o horário de trabalho do funcionário, que conforme a lei tem
que ser de 8 horas diárias. Novamente este será um ponto a ser discutido a partir de
determinações legais, o que pode prejudicar a expectativa dos funcionários de obter uma
ampla e verdadeira flexibilidade de horário.
Gestão:
No âmbito da gestão, adotar-se-á o “paradigma gerencial”, que “é fundamentado nos
princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão,
horizontalização de estruturas, descentralização de funções, incentivo à criatividade” (Brasil,
1995, p.23). É recomendável a gestão compartilhada com o corpo funcional, pois segundo
Neves (2005, p. 133):
Avaliação de desempenho:
A adoção do teletrabalho implicará adaptação dos critérios usados na avaliação de
desempenho. O escopo e amplitude das alterações precisarão ser discutidas com os
envolvidos, uma vez que a produção, mensurável, é apenas um dos critérios. As alterações
deverão visar a: não prejudicar os participantes, não deixar de fazer uma avaliação justa e
completa em detrimento dos funcionários convencionais, e não deixar brechas para
questionamentos legais. No entanto é essencial voltar a ressaltar que avaliações de
desempenho e metas a atingir são de difícil determinação em grande parte das atividades do
Estado.
Modernização institucional:
124
A necessidade de modernização do INPI é um fato, contudo não é aconselhável avaliar a
possibilidade da adoção do teletrabalho apenas como um desejo de imitação da experiência do
USPTO (que é o programa de maior sucesso na área). É preciso determinar quais os ganhos
reais para a instituição, seus funcionários e usuários dos seus serviços. Atualmente o foco do
INPI é centrado em seu papel no mercado. Todas as políticas são direcionadas à solução dos
problemas que têm impacto no mercado ignorando a dimensão pessoal dos funcionários. No
entanto há razão de sobra para acreditar que “o trabalho, [...], constitui sempre um elemento
central da identidade de nossos contemporâneos” (Chanlat, 2002, p.4) e portanto, a dimensão
da identidade funcional com a instituição não pode ser ignorada. O teletrabalho pode servir
como uma iniciativa modernizante da instituição valorizadora da sua relação com os
funcionários.
Uma vez que os serviços públicos representam hoje um papel determinante em todos os
países industrializados, percebe-se nas conversas e opiniões sobre a modernização da DIRMA
e seus procedimentos, o desejo e a disposição de se fazer parte de uma instituição sólida, que
contribui para o desenvolvimento do país. A motivação para trabalhar no serviço público vai
além de questões como estabilidade e segurança em um mercado de trabalho cada vez mais
restrito e competitivo. O reconhecimento de que seu trabalho visa o bem comum é poderoso
elemento na satisfação no trabalho público.
126
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Anexo I
Variáveis que compõem o NRI, em tradução livre de Dutta et al. (2004). Os itens com
asterisco (*) são as variáveis adicionadas ao último relatório (2007-2008). O número
indica a posição do Brasil em um ranking de 127 países conforme o último relatório.
Computadores pessoais - 45
Uso Largura da banda de internet - 63
Individual Assinantes de conexão banda larga - 54
64 Telefones celulares - 83
Usuários de internet - 62
Disponibilidade de novas linhas telefônicas - 50
Uso Extensão do uso da internet por empresas - 28
USO
Empresarial Capacidade de inovação - 29
41
36 Absorção de tecnologia em nível de empresa - 54
Licenciamento de tecnologia importada - 49
Disponibilidade de serviços governamentais on line - 28
Uso Uso de TICs e eficiência governamental - 27
Governamental Presença das TICs nas instituições governamentais* - 53
33 Sucesso do governo em promover as TICs. - 68
Índice de e-participação* - 22
139
Anexo II
Artigo 233º
Noção
Para efeitos deste Código, considera-se teletrabalho a prestação laboral realizada com
subordinação jurídica, habitualmente, fora da empresa do empregador, e através do
recurso a tecnologias de informação e de comunicação.
Artigo 234º
Formalidades
1. Do contrato para prestação subordinada de teletrabalho devem constar as seguintes
indicações:
a) Identificação dos contraentes;
b) Cargo ou funções a desempenhar, com menção expressa do regime de teletrabalho;
c) Duração do trabalho em regime de teletrabalho;
d) Actividade antes exercida pelo teletrabalhador ou, não estando este vinculado ao
empregador, aquela que exercerá quando da cessação do trabalho em regime de
teletrabalho, se for esse o caso;
e) Propriedade dos instrumentos de trabalho a utilizar pelo teletrabalhador, bem como a
entidade responsável pela respectiva instalação e manutenção e pelo pagamento das
inerentes despesas de consumo e de utilização;
f) Identificação do estabelecimento ou departamento da empresa ao qual deve reportar o
teletrabalhador;
g) Identificação do superior hierárquico ou de outro interlocutor da empresa com o qual o
teletrabalhador pode contactar no âmbito da respectiva prestação laboral.
2. Não se considera sujeito ao regime de teletrabalho o acordo não escrito ou em que
falte a menção referida na alínea b) do número anterior.
Artigo 235.º
Liberdade contratual
1. O trabalhador pode passar a trabalhar em regime de teletrabalho por acordo escrito
celebrado com o empregador, cuja duração inicial não pode exceder três anos.
2. O acordo referido no número anterior pode cessar por decisão de qualquer das partes
durante os primeiros 30 dias da sua execução.
3. Cessado o acordo, o trabalhador tem direito a retomar a prestação de trabalho, nos termos
previstos no contrato de trabalho ou em instrumento de regulamentação colectiva de
trabalho.
4. O prazo referido no n.º 1 pode ser modificado por instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho.
140
Artigo 236.º
Igualdade de tratamento
O teletrabalhador tem os mesmos direitos e está adstrito às mesmas obrigações dos
trabalhadores que não exerçam a sua actividade em regime de teletrabalho tanto no que se
refere à formação e promoção profissionais como às condições de trabalho.
Artigo 237.º
Privacidade
1. O empregador deve respeitar a privacidade do teletrabalhador e os tempos de descanso e
de repouso da família, bem como proporcionar-lhe boas condições de trabalho, tanto do
ponto de vista físico como moral.
2. Sempre que o teletrabalho seja realizado no domicílio do trabalhador, as visitas ao local de
trabalho só devem ter por objecto o controlo da actividade laboral daquele, bem como dos
respectivos equipamentos e apenas podem ser efectuadas entre a 9 e as 19 horas, com a
assistência do trabalhador ou de pessoa por ele designada.
Artigo 238.º
Instrumentos de trabalho
1. Na ausência de qualquer estipulação contratual, presume-se que os instrumentos de
trabalho utilizados pelo teletrabalhador no manuseamento de tecnologias de informação e
de comunicação constituem propriedade do empregador, a quem compete a respectiva
instalação e manutenção, bem como o pagamento das inerentes despesas.
2. O teletrabalhador deve observar as regras de utilização e funcionamento dos equipamentos
e instrumentos de trabalho que lhe forem disponibilizados.
3. Salvo acordo em contrário, o teletrabalhador não pode dar aos equipamentos e
instrumentos de trabalho que lhe forem confiados pelo empregador uso diverso do
inerente ao cumprimento da sua prestação de trabalho.
Artigo 239.º
Segurança, higiene e saúde no trabalho
1. O teletrabalhador é abrangido pelo regime jurídico relativo à segurança, higiene e saúde
no trabalho, bem como pelo regime jurídico dos acidentes de trabalho e doenças
profissionais.
2. O empregador é responsável pela definição e execução de uma política de segurança,
higiene e saúde que abranja os teletrabalhadores, aos quais devem ser proporcionados,
nomeadamente, exames médicos periódicos e equipamentos de protecção visual.
Artigo 240.º
Período normal de trabalho
O teletrabalhador está sujeito aos limites máximos do período normal de trabalho diário e
semanal aplicáveis aos trabalhadores que não exercem a sua actividade em regime de
teletrabalho.
Artigo 241.º
Isenção de horário de trabalho
O teletrabalhador pode estar isento de horário de trabalho.
141
Artigo 242.º
Deveres secundários
1. O empregador deve proporcionar ao teletrabalhador formação específica para efeitos de
utilização e manuseamento das tecnologias de informação e de comunicação necessárias
ao exercício da respectiva prestação laboral.
2. O empregador deve proporcionar ao teletrabalhador contactos regulares com a empresa e
demais trabalhadores, a fim de evitar o seu isolamento.
3. O teletrabalhador deve, em especial, guardar segredo sobre as informações e as técnicas
que lhe tenham sido confiadas pelo empregador.
Artigo 243.º
Participação e representação colectivas
1. O teletrabalhador é considerado para o cálculo do limiar mínimo exigível para efeitos de
constituição das estruturas representativas dos trabalhadores previstas neste Código,
podendo candidatar-se a essas estruturas.
2. O teletrabalhador pode participar nas reuniões promovidas no local de trabalho pelas
comissões de trabalhadores ou associações sindicais, nomeadamente através do emprego
das tecnologias de informação e de comunicação que habitualmente utiliza na prestação
da sua actividade laboral.
3. As comissões de trabalhadores e as associações sindicais podem, com as necessárias
adaptações, exercer, através das tecnologias de informação e de comunicação
habitualmente utilizadas pelo teletrabalhador na prestação da sua actividade laboral, o
respectivo direito de afixação e divulgação de textos, convocatórias, comunicações ou
informações relativos à vida sindical e aos interesses sócio-profissionais dos
trabalhadores.
Artigo 6º
(Lei aplicável ao contrato de trabalho)
1. O contrato de trabalho rege-se pela lei escolhida pelas partes.
2. Na falta de escolha de lei aplicável, o contrato de trabalho é regulado pela lei do Estado
com o qual apresente uma conexão mais estreita.
3. Na determinação da conexão mais estreita, além de outras circunstâncias, atende-se:
a) À lei do Estado em que o trabalhador, no cumprimento do contrato, presta
habitualmente o seu trabalho, mesmo que esteja temporariamente a prestar a sua
actividade noutro Estado;
b) À lei do Estado em que esteja situado o estabelecimento onde o trabalhador foi
contratado, se este não presta habitualmente o seu trabalho no mesmo Estado.
4. Os critérios enunciados no número anterior podem não ser atendidos quando, do conjunto
de circunstâncias aplicáveis à situação, resulte que o contrato de trabalho apresenta uma
conexão mais estreita com outro Estado, caso em que se aplicará a respectiva lei.
5. Sendo aplicável a lei de determinado Estado por força dos critérios enunciados nos
números anteriores, pode ser dada prevalência às disposições imperativas da lei de outro
Estado com o qual a situação apresente uma conexão estreita se, e na medida em que, de
acordo com o direito deste último Estado essas disposições forem aplicáveis,
independentemente da lei reguladora do contrato.
6. Para efeito do disposto no número anterior deve ter-se em conta a natureza e o objecto das
disposições imperativas, bem como as consequências resultantes tanto da aplicação como
da não aplicação de tais preceitos.
142
7. A escolha pelas partes da lei aplicável ao contrato de trabalho não pode ter como
consequência privar o trabalhador da protecção que lhe garantem as disposições
imperativas deste Código, caso fosse a lei portuguesa a aplicável nos termos do n.º 2.
Artigo 7º
(Destacamento em território português)
1. O destacamento pressupõe que o trabalhador, contratado por um empregador estabelecido
noutro Estado e enquanto durar o contrato de trabalho, preste a sua actividade em
território português num estabelecimento do empregador ou em execução de contrato
celebrado entre o empregador e o beneficiário da actividade, ainda que em regime de
trabalho temporário.
2. As normas deste Código são aplicáveis, com as adaptações decorrentes do artigo seguinte,
ao destacamento de trabalhadores para prestar trabalho em território português, efectuado
por empresa estabelecida noutro Estado e que ocorra nas situações contempladas em
legislação especial.
Artigo 8º
(Condições de trabalho)
Sem prejuízo de regimes mais favoráveis constantes da lei aplicável à relação laboral ou
previstos no contrato de trabalho e ressalvadas as excepções constantes de legislação especial,
os trabalhadores destacados nos termos do artigo anterior têm direito às condições de trabalho
previstas neste Código e na regulamentação colectiva de trabalho de eficácia geral vigente em
território nacional respeitantes a:
a) Segurança no emprego;
b) Duração máxima do tempo de trabalho;
c) Férias retribuídas;
d) Retribuição mínima e pagamento de trabalho suplementar;
e) Condições de cedência de trabalhadores por parte de empresas de trabalho temporário;
f) Condições de cedência ocasional de trabalhadores;
g) Segurança, higiene e saúde no trabalho;
h) Protecção das mulheres grávidas, puérperas ou lactantes;
i) Protecção do trabalho de menores;
j) Igualdade de tratamento e não discriminação.
Artigo 9º
(Destacamento para outros Estados)
O trabalhador contratado por uma empresa estabelecida em Portugal, se prestar a sua
actividade no território de outro Estado, tanto num estabelecimento do empregador como em
execução de contrato celebrado entre o empregador e o beneficiário da actividade, ainda que
em regime de trabalho temporário, enquanto durar o contrato de trabalho e sem prejuízo de
regimes mais favoráveis constantes da lei aplicável à relação laboral ou previstos
contratualmente, tem direito às condições de trabalho constantes do artigo anterior.
143
CHILE
Código do Trabalho – Lei nº 19.759, modificando os artigo 8º e 22 do código já existente.
Artículo 8.º.- Toda prestación de servicios en los términos señalados en el artículo anterior,
hace presumir la existencia de un contrato de trabajo.
Los servicios prestados por personas que realizan oficios o ejecutan trabajos directamente al
público, o aquellos que se efectúan discontinua o esporádicamente a domicilio, no dan origen
al contrato de trabajo.
ITÁLIA
A lei nº 191, de 16 de junho de 1998 sobre a execução deste na administração pública italiana,
definindo-o como “a prestação de trabalho, realizada por um trabalhador de uma das
administrações públicas num lugar considerado idôneo, localizado fora da empresa, onde a
prestação seja tecnicamente possível, e com o suporte de uma tecnologia da informação e da
comunicação que permita a união com a administração que depender”.
144
Anexo III
GAREIS, K.. “What drives e-work : An exploration into the determinants of e-work uptake in
Europe”. Conference presentation at the 9th Intemational Telework Workshop. Crete, Greece,
2004.
HOTOPP, V.. Teleworking in the UK. Department of Trade and Industry: England, 2003.
KORTE, W.B, GAREIS, K.. EWork in Europe: Spread and measurement - the SIBIS survey.
E-Work presentation at the Europe Conference, Paris, 2002.
NILLES, J. “Telework America 2000 Summary and Key Findings”. ITAC. Disponívell em: <
http://www.workingfromanywhere.org/index.htm> Acesso em January 10, 2003.
TBS - Treasury Board of Canada. Telework: Balancing Work/Life Demands. Ottawa, 2000.
145
Anexo IV
Portaria publicada no DOU de 20 de abril de 2006, seção I, n.º 76, páginas 90 a 100.
Art. 1º Aprovar o Regimento Interno do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, na forma
do Anexo à presente Portaria.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Revoga-se a Portaria GM/MDIC nº 40, de 15 de janeiro de 2004, publicada no Diário Oficial da
União de 19 de janeiro de 2004.
CAPÍTULO l
DA NATUREZA E FINALIDADE
Art. 1º O Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, autarquia federal criada pela Lei nº 5.648,
de 11 de dezembro de 1970, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, com sede e foro no Distrito Federal, tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional,
as normas que regulam a propriedade industrial tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica
e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de
convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial, conforme a legislação em vigor,
e especificamente:
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO
[...]
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA DAS UNIDADES
[...]
147
X - apoiar a elaboração de estudos e informações de caráter técnico sobre a legislação vigente
de propriedade industrial, incluindo tratados, acordos e outros instrumentos internacionais
congêneres sobre a matéria, bem como acerca das propostas de atos legais, nacionais ou
internacionais, sobre a matéria, participando de grupos, comissões ou eventos, que venham a
ser organizados pelo INPI ou decidida a sua participação, com a finalidade de:
a) propor normas e diretrizes internas ao Presidente do INPI para a aplicação e
observância da legislação vigente no âmbito dos processos de outorga de direitos de
propriedade industrial;
b) fornecer subsídios técnicos ao pronunciamento do Presidente do INPI perante o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em consultas relativas
a marcas;
c) fornecer subsídios técnicos ao pronunciamento do INPI ou do Governo brasileiro
em quaisquer foros internos ou externos de discussão sobre propriedade industrial; e
XI - participar de estudos e realizar outras atividades que lhe forem conferidas.
[...]
151
Anexo V
152
Anexo VI
Questionário aplicado aos funcionários da DIRMA, via e-mail (as questões sublinhadas
são as aplicadas aos funcionários com cargos de chefia).
Prezados Colegas,
Como alguns de vocês já devem saber, está previsto no Plano Estratégico do INPI (2007-2011) um projeto de
Trabalho à Distância para a Diretoria de Marcas. Por outro lado, estou fazendo mestrado em Administração
Pública e minha dissertação é exatamente sobre esse assunto.
Para quem não sabe: Trabalho à Distância é a modalidade de trabalho em que o servidor executa suas tarefas fora
do ambiente de trabalho (em casa, ou em outro lugar qualquer) utilizando para isso os recursos da informática e
das telecomunicações.
Portanto estou enviando um questionário que servirá, tanto para minha pesquisa de campo, quanto para o
levantamento de dados para elaboração do Projeto Trabalho à Distância do Plano Estratégico. Um levantamento
de dados adequado é de fundamental importância para que o projeto seja bem elaborado, especialmente um em
que as opiniões dos servidores sejam conhecidas e levadas em consideração.
Enfatizo que responder o questionário é opcional e que todas as respostas serão consideradas estritamente
anônimas. Mas, no caso em que não desejar responder o questionário, peço que me diga o porquê. Será útil para
a pesquisa.
Até àqueles que não querem nem gostam da idéia do Trabalho à Distância, peço que respondam ao questionário,
no que for possível (especialmente a questão 42). A opinião de todos é importante.
O questionário a seguir é composto de 39 perguntas de múltipla escolha (demora cerca de 20 min para
responder). E de 2 perguntas que o servidor pode responder como quiser, com suas próprias palavras. Sugestões,
comentários e críticas serão muito bem-vindas.
Agradeço a atenção.
155
26. Em caso de “sim” na resposta anterior, se você
vier a fazer parte do programa de trabalho à 29. Para você, um posto de trabalho em casa deve
distância, você reconsideraria sua opinião? estar localizado:
( ) Não, pretendo mesmo sair do INPI. ( ) Em um local exclusivamente dedicado às
( ) Sim, permaneceria no INPI dependendo das atividades profissionais, completamente separado
condições. do ambiente domiciliar.
( ) Sim, permaneceria no INPI independente das ( ) Em um local que conte com alguma privacidade,
condições. mas que não precisa ser completamente separado
do resto do ambiente e que não seja de uso
27. Dentre as opções abaixo, assinale as que exclusivo do trabalho.
pesariam favoravelmente em sua decisão de aderir ( ) Em local totalmente integrado ao ambiente
ou não ao trabalho à distância. domiciliar.
( ) Evitar o convívio forçado com os colegas.
( ) Privacidade 30. No que se refere à rotina diária, você considera
( ) Concentração que:
( ) Silêncio ou escolha do som ambiente ( ) É muito difícil separar a rotina de trabalho da
( ) Usar a roupa que quiser rotina de casa.
( ) Economia no gasto com vestuário ( ) Há alguma dificuldade em separar a rotina de
( ) Evitar o trânsito trabalho da rotina de casa.
( ) Economia de tempo gasto no transporte ( ) Não há dificuldade nenhuma em separar a rotina
( ) Segurança trabalho da rotina de casa.
( ) Fazer as refeições em casa ( ) Não há razão para separar a rotina de trabalho da
( ) Economia no gasto com alimentação rotina de casa.
( ) Estar com a família
( ) Flexibilidade de horário Quanto à supervisão e controle de suas tarefas:
( ) Menor quantidade de interrupções. 31. Atualmente, na execução das suas tarefas, as
( ) Ausência de supervisão direta. funções da chefia imediata são:
( ) Outras: _______________ ( ) Essenciais
( ) Sempre úteis
28. Dentre as opções abaixo, assinale as que ( ) Eventalmente úteis
pesariam negativamente em sua decisão de aderir ( ) Raramente úteis
ou não ao trabalho à distância. ( ) Dispensáveis
( ) Isolamento social.
( ) Maior dificuldade de tirar dúvidas. 32. No caso do trabalho à distância, as funções da
( ) Ambiente em casa barulhento. chefia imediata seriam:
( ) Convívio forçado com a família ( ) Essenciais
( ) Dificuldade em manter uma rotina de trabalho. ( ) Sempre úteis
( ) Distração com atividades domiciliares. ( ) Eventalmente úteis
( ) Corte do vale-transporte. ( ) Raramente úteis
( ) Corte do vale-refeição ou sua transformação em ( ) Dispensáveis
vale-alimentação.
( ) Ter que almoçar em casa ou nas cercanias. Quanto à supervisão e controle de tarefas:
( ) Receio de ser preterido como candidato a cursos 31. Se houver a implantação do trabalho à
e treinamentos. distância:
( ) Receio de não ser bem avaliado na avaliação de ( ) Os servidores participantes devem estar em uma
desempenho anual. divisão exclusiva.
( ) Aumento de custos como luz e água. ( ) Os servidores participantes devem estar
( ) Receio de ter problemas com o equipamento ou espalhados entre as divisões mas responderem a um
o software. único responsável.
( ) Receio de sofrer uma supervisão mais forte. ( ) Os servidores participantes devem estar
( ) Receio de ter que trabalhar mais devido ao espalhados entre as divisões, respondendo a seus
controle automático de horário/produção. respectivos chefes.
( ) Ter problemas com o controle automático de
horário/produção. 32. No caso do trabalho à distância, o controle e
( ) Distância dos setores de apoio (centro de saúde, supervisão por parte da chefia imediata seriam:
serviços administrativos e de pessoal, cursos, ( ) Muito mais complicados
treinamentos). ( ) Um pouco mais complicados
( ) Outras_________ ( ) Os mesmos
156
( ) Um pouco mais simples 37. Quanto ao fornecimento de acesso à internet,
( ) Muito mais simples qual a melhor forma de ser fornecido pela
instituição?
Quanto aos meios de comunicação: ( ) Ajuda de custo mensal a ser utilizada pelo
33. Para a execução de suas tarefas, a comunicação servidor para contratar o serviço que quiser.
frequente via internet (mensagens instantâneas, ( ) Pagamento direto do INPI ao fornecedor do
chats, fóruns) com seus colegas e chefia seria: serviço de acesso.
( ) Fundamental.
( ) Importante
( ) Eventualmente útil AFINPI
( ) Indiferente.
( ) Atrapalharia 38. Você acredita que a AFINPI, em relação ao
trabalho à distância na DIRMA:
34. Você utilizaria os meios de comunicação ( ) Não emitirá opinião.
disponíveis (mensagens instantâneas, chats, fóruns, ( ) Será contra se a maioria dos funcionários for
teleconferência) para: contrária e a favor se a maioria for favorável.
(preencha os parênteses com números de 0 a 4, ( ) Será contra, mesmo que a maioria dos
sendo 0= nehum uso; 4 = muito uso) funcionários seja favorável.
( ) Tirar dúvidas
( ) Fazer reuniões 39. A AFINPI:
( ) Oferecer e receber treinamento. ( ) Deve ser consultada sobre o trabalho à distância.
( ) Conversar sobre assuntos não relacionados ao ( ) Deve participar da elaboração do projeto.
trabalho com os colegas de trabalho. ( ) Não deve se envolver, visto que o programa de
( ) Conversar sobre assuntos não relacionados ao trabalho à distância não pode ser imposto e será de
trabalho com outras pessoas. participação voluntária.
Quanto à equipamento: Perguntas abertas:
35. Você se candidataria ao projeto de trabalho à 40. Por que o INPI deveria adotar o trabalho à
distância: distância na Diretoria de Marcas?
( ) Mesmo que o INPI não fornecesse equipamento
e conexão. 41. Qual seria o impacto na sua vida se você
( ) Mesmo que o INPI não fornecesse equipamento participasse do programa de trabalho à distância?
e conexão e a ajuda de custo fosse inferior ao valor
para adquirí-los/contratá-los. 42. Por que você não deseja participar do programa
( ) Apenas se o INPI pagasse uma ajuda de custo de trabalho à distância?
suficiente para adquirir equipamento e contratar a
conexão. Sugestões, comentários, críticas
( ) Apenas se o INPI fornecesse o equipamento e a
conexão sem que eu tenha de me envolver no
processo.
157
Anexo VII
IV. Objetivo Geral do Projeto: Implantar na Diretoria de Marcas a modalidade de trabalho conhecida
como “Trabalho à Distância”, na qual os servidores exercem suas atividades (no todo ou em parte)
em ambiente diverso das instalações do INPI.
2. Elaborar um plano de implantação do projeto a partir da avaliação dos dados reunidos na etapa 1.
3. Implantar uma experiência piloto para avaliar possíveis dificuldades e modificar processos e
procedimentos, otimizando-os;
4. Estender o trabalho à distância a atividades nas quais essa modalidade seja possível, de acordo
com critérios a ser definidos na etapa 2.
158
VII. Detalhamento das Etapas do Projeto:
1. Levantamento de dados:
1.1. Definição de quais atividades podem ser efetuadas via trabalho à distância;
1.2. Pesquisa de soluções encontradas em outras instituições para o Trabalho à
Distância;
1.3. Levantamento das necessidades de adequação dos sistemas informatizados para
que o trabalho à distância seja possível;
1.4. Definição dos equipamentos necessários e meios de transmissão de dados;
1.5. Sondagem do perfil dos servidores e suas opiniões sobre o trabalho à distância;
1.6. Análise dos aspectos jurídicos da adoção do projeto no que se refere aos servidores,
sua jornada de trabalho e benefícios a serem recebidos.
3. Implantação de experiência-piloto:
3.1. Seleção dos servidores que participarão da etapa;
3.2. Compra/leasing dos equipamentos;
3.3. Contratação dos serviços de transmissão de dados (se couber);
3.4. Experiência-piloto;
3.5. Avaliação dos processos e procedimentos implantados;
3.6. Modificação e otimização de processos e procedimentos a partir das avaliações
oriundas da experiência-piloto.
41 Faz-seessa ressalva, pois é possível substituir a contratação dos serviços de transmissão de dados pelo pagamento de
uma ajuda de custo direto ao servidor, que seria o responsável pela contratação direta com a empresa fornecedora do serviço.
159
1.1 Definição de quais atividades podem ser efetuadas via trabalho à distância.
A partir das descrições das atividades efetuadas em todos os níveis da Diretoria, determinar quais
podem ser incluídas em um plano de Trabalho à Distância.
O Trabalho à Distância já é relativamente comum na iniciativa privada e, portanto, é válido que seja
feita uma pesquisa para levantar as vantagens, desvantagens, problemas e soluções encontradas, de
forma a avaliar os fatores aplicáveis à esfera pública. Além disso, essa modalidade já é utilizada no
USPTO.
1.3 Levantamento das necessidades de adequação dos sistemas informatizados para que
o trabalho à distância seja possível.
Uma vez que o processo de elaboração de um novo sistema para a Diretoria de Marcas ainda não foi
finalizado, este deve ser desenvolvido já com a necessidade de poder ser utilizado remotamente, ou
seja, longe das dependências do INPI.
1.5 Sondagem do perfil dos servidores e suas opiniões sobre o trabalho à distância.
O Trabalho à Distância só pode ser adotado de forma voluntária, mas não é de livre adoção. Os
servidores devem ser consultados e estimulados para que ofereçam sugestões para a implantação.
Devem ser discutidos também os critérios para a participação dos funcionários nesse projeto.
1.6 Análise dos aspectos jurídicos da adoção do projeto no que se refere aos servidores,
sua jornada de trabalho e benefícios a serem recebidos.
Devido ao ineditismo dessa forma de trabalho na Administração Pública, devem ser analisadas quais
alterações serão necessárias na relação Instituto / Servidor, visto que será necessário um termo de
adesão que abranja as possibilidades de conflito, inclusive determinando como serão tratados os
benefícios de auxílio alimentação e transporte.
Pré-Requisitos
Determinar uma equipe multidisciplinar que será responsável pelo levantamento dos dados,
elaboração de questionários, levantamento de preços e similares.
O número de membros e suas qualificações serão determinadas pela direção. Nesta macro-etapa
não serão utilizados recursos materiais e tecnológicos diferentes dos já disponíveis. Ao término da
macro-etapa 1, será elaborada uma projeção preliminar dos recursos necessários, em função do
levantamento de dados que precederá, necessariamente, o plano de implantação da experiência-
piloto.
160
2. Definição da segunda macro-etapa – Elaboração de Plano de Implantação:
A partir dos dados levantados na macro-etapa anterior, se dará início a um Plano de Implantação
minuciosamente detalhado quanto aos recursos humanos, materiais e tecnológicos necessários às
etapas seguintes
Um novo sistema informatizado para a Diretoria de Marcas já está planejado. Considerando o tempo
que normalmente demora para que seja finalizado e testado, a contratação deste serviço deve ser
feita o quanto antes.
O setor jurídico elaborará termo de adesão, ou instrumento normativo adequado, visando oferecer
segurança jurídica tanto para o Instituto quanto para os servidores.
A partir dos resultados obtidos na macro-etapa 1 e na execução das etapas anteriores, proceder-se-á
a uma adaptação do cronograma de implantação corrigindo prazos devido a situações não previstas.
Pré-Requisitos
Nesta etapa, a equipe multidisciplinar escolhida pela direção poderá sofrer alterações devido a
diferente natureza das atividades, englobando servidores de áreas realcionadas. Nesta macro-etapa
não serão utilizados recursos materiais e tecnológicos diferentes dos já disponíveis.
3. Definição da terceira macro-etapa – Implantação de Experiência-Piloto:
A partir de critérios definidos pela Diretoria de Marcas e RH, serão selecionados os servidores que
participarão da etapa. (sugere-se 1 de cada divisão/setor cujas atividades possam ser efetuadas via
161
trabalho à distância, com seleção de um servidor que será o responsável pela interface entre o grupo
e a direção)
3.4. Experiência-piloto:
A partir da instalação do meios tecnológicos necessários, o grupo de servidores passará por uma
experiência-piloto de, no mínimo, 90 dias.
Pré-Requisitos
Recursos Humanos:
Serão selecionados, dentre os servidores da DIRMA que tenham demonstrado interesse, um grupo
para a experiência-piloto. Eles serão treinados no uso do novo sistema e nos programas necessários.
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Servidores treinados no uso do Servidores treinados no uso do novo
*
SINPI e com conhecimentos de 11 sistema e com bom conhecimentos de
informática variados. informática.
* A quantidade existente será determinada na macro-etapa 1.
Recursos Materiais:
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Computadores padrão médio do
* mercado, com monitores LCD 17”,
11
câmeras, microfone e gravador
CD/DVD. Filtro de linha.
* É possível a utilização dos computadores existentes, mas com a compra dos monitores, câmeras e
microfones.
162
Recursos Tecnológicos:
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Software do Sistema de Marcas que
funcione remotamente e permita
SINPI* 1 visualização de processos e petições.
Programa de mensagens e
teleconferência.
Certificação Digital para que os servidores
não precisem imprimir e assinar os
despachos.
Conexão internet banda larga.
Esta etapa pode já estar prevista na licitação da etapa 3.2. tornando desnecessária nova licitação.
Esta etapa pode já estar prevista na licitação da etapa 3.3. tornando desnecessária nova licitação.
Pré-Requisitos
Que os resultados obtidos na Macro Etapa 3 sejam satisfatórios e que sejam liberados os recursos
financeiros necessários.
Recursos Humanos:
Serão selecionados, dentre os servidores da DIRMA que tenham demonstrado interesse, aqueles que
cumpram os critérios determinados.. Eles serão treinados no uso do novo sistema e nos programas
necessários e passarão a integrar o projeto seguindo um cronograma determinado pela Diretoria de
Marcas.
163
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Servidores treinados no uso do Servidores treinados no uso do novo
*
SINPI e com conhecimentos de ** sistema e com bom conhecimentos de
informática variados. informática.
* A quantidade existente será determinada na macro-etapa 1.
** A quantidade será determinada na etapa 4.2.
Recursos Materiais:
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Computadores padrão médio do mercado,
* com monitores LCD 17”, câmeras,
**
microfone e gravador CD/DVD. Filtro de
linha.
* É possível a utilização dos computadores existentes, mas com a compra dos monitores, câmeras e
microfones.
** De acordo com o quantitativo a ser definido na etapa 4.2
Recursos Tecnológicos:
Existentes Necessários
Quant. Qualificação Quant. Qualificação
Software do Sistema de Marcas que
funcione remotamente e permita
SINPI* 1 visualização de processos e petições.
Programa de mensagens e
teleconferência.
Certificação Digital para que os servidores
não precisem imprimir e assinar os
despachos.
Conexão internet banda larga.
Este novo sistema já estava previsto e possivelmente já orçado pelo SERPRO. No entanto
isso não impede a realização de licitação.
• Macro-etapa 3:
164
• Macro-etapa 4:
Cabe informar que, com relação às macro-etapas 2, 3 e 4, definições mais circunstanciadas serão
elaboras à medida que a execução da primeira macro-etapa avance, pois o resultado do
levantamento de dados determinará, em larga escala, a extensão e a natureza das etapas
subseqüentes.
2008 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
Ativ.
Descrição
No.
P
1 Levantamento de dados
E
Definição de quais atividades P X X X
1.1 podem ser efetuadas via
trabalho à distância E
Pesquisa de soluções
P X X X
encontradas em outras
1.2
instituições para o Trabalho à
E
Distância
Levantamento das
necessidades de adequação P X X X X
1.3 dos sistemas informatizados
para que o trabalho à distância E
seja possível.
Definição dos equipamentos P X X X X
1.4 necessários e meios de
transmissão de dados E
Sondagem do perfil dos P X X X
1.5 servidores e suas opiniões
sobre o trabalho à distância; E
Análise dos aspectos jurídicos
da adoção do projeto no que se P X X X X X X X
1.6 refere aos servidores, sua
jornada de trabalho e E
benefícios a serem recebidos.
Elaboração de Plano de P
2 Implantação E
Avaliação das opções de
P X X X X X X
fornecimento de material,
2.1
transmissão de dados e
E
sistemas informatizados
P X X
2.2 Realização de licitações
E
Legenda: P (planejado) - E (executado)
165
2009 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ag Set Out No Dez
Ativ.
Descrição
No.
P X X X X X X X
2.2 Realização de licitações
E
Contratação do serviço de P X X X X X X X
2.3 elaboração dos sistemas
informatizados E
Elaboração de termo de
P X X X X
adesão à modalidade de
2.4 trabalho à distância pelos
servidores selecionados E
Legenda: P (planejado) - E (executado)
2010 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
Ativ
Descrição
No.
Contratação do serviço de P X X X X X X
2.3 elaboração dos sistemas
informatizados E
Adaptação do cronograma de P X X
2.5 implantação E
Implantação de experiência- P
3
piloto E
Seleção dos servidores que P X
3.1
participarão da etapa E
Compra/leasing dos P X X X
3.2
equipamentos E
Contratação dos serviços de P X X X
3.3
transmissão de dados E
P X X
3.4 Experiência-piloto
E
Avaliação dos processos e P X
3.5
procedimentos implantados E
Modificação e otimização de
P X
processos e procedimentos a
3.6
partir das avaliações oriundas
da experiência-piloto
E
Legenda: P (planejado) - E (executado)
166
2011 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
Ativ.
Descrição
No.
P X
3.4 Experiência-piloto
E
Avaliação dos processos e P X X
3.5 procedimentos implantados E
Modificação e otimização de
processos e procedimentos a
P X X X
3.6
partir das avaliações oriundas
da experiência-piloto
E
Extensão do trabalho à P
4 distância na Diretoria de
Marcas E
Elaboração de procedimentos
quanto ao trabalho à distância P X X X
4.1 com determinação de critérios
de adesão e formas de E
participação
Seleção dos servidores que P X
4.2 participarão do projeto E
Compra/leasing dos P X X X
4.3 equipamentos suplementares E
Contratação dos serviços P X X X
4.4 suplementares de transmissão
de dados E
Início da extensão do trabalho P X X X X X X X
4.5 à distância de forma
generalizada na DIRMA E
Legenda: P (planejado) - E (executado)
(a determinar)
XI. Equipe
(a determinar)
167
Anexo VIII
Notas de Eventualmente apresenta a quantidade de trabalho que deve realizar no posto de trabalho ocupado,
4a6 demonstrando razoavel nível de eficiência e eficácia no desempenho de suas atividades.
Apresenta um volume bom de trabalho, que atinge as expectativas, desempenhando bem suas
Nota 8
atividades, no posto de trabalho ocupado.
Apresenta um volume de trabalho muito bom em relação ao que lhe é solicitado no posto de trabalho
Nota 9
ocupado, desempenhando muito bem suas atividades e, eventualmente, superando as expectativas.
Apresenta um volume de trabalho excelente em função do cargo ocupado e realiza suas atividades
Nota 10 de forma exemplar, demonstrando, notadamente, um desempenho superior ao
esperado.Frequentemente supera as expectativas.
Fator de Avaliação: QUALIDADE DO TRABALHO
Descrição: Fator que avalia o grau de atendimento aos requisitos, às especificações ou aos padrões definidos
pelo Instituto, norma ou gerência, para a execução das tarefas e atividades pelas quais o servidor encontra-se
responsável.
Pontos Caracaterísticas atribuídas aos fatores de avaliação
Apresenta excesso de erros e pouquíssima qualidade nos trabalhos apresentados/solicitados.
Notas de 1
Raramente atende aos requisitos, às especificações ou aos padrões definidos para a execução de
a3
suas tarefas, necessitando de constante monitoramento de suas ações.
Apresenta trabalhos de boa qualidade, atendendo bem aos requisitos, às especificações ou aos
Nota 8 padrões definidos para a realização de suas atividades. Demonstra um bom nível técnico na
elaboração e execução de suas atividades.
42
O Guia de Orientação foi reformatado para ficar legível neste anexo.
168
Apresenta trabalhos de qualidade em nível muito bom, atendendo plenamente aos requisitos, às
especificações ou aos padrões definidos para a realização de suas atividades e, eventualmente,
Nota 9
superando o esperado quanto à elaboração de seus trabalhos e execução das tarefas pelas quais
encontra-se responsável.
Notas de 4 Realiza razoavelmente suas tarefas em tempo certo. Demonstra ocasionalmente dificuladade para
a6 ter agilidade no cumprimento dos prazos determinados.
Cumpre, em nível muito bom, as tarefas a ele solicitadas, em tempo oportuno. Busca,
Nota 9 freqüentemente, racionalizar e otimizar o trabalho, permitindo, com alguma frequencia, antecipar-
se aos prazos definidos para a entrega dos resultados.
Realiza as atividades que lhe são confiadas superando as expectativas quanto ao seu tempo de
entrega e demonstrando excelente nível de agilidade na execução das tarefas. Busca sempre
Nota 10
antecipar-se aos prazos definidos para a entrega dos resultados, primando de forma exemplar
pela racionalização e otimização do trabalho.
Fator de Avaliação: COMPROMETIMENTO COM O TRABALHO
Descrição: Fator que avalia o nível de engajamento e interesse do servidor com suas tarefas e com os projetos
institucionais. Deve colaborar e contribuir com as áreas e as pessoas, buscando o alcance máximo de
eficiência e eficácia na execução das tarefas, para que o INPI se torne referência na sua competência
prioritária.
Pontos Caracaterísticas atribuídas aos fatores de avaliação
Raramente apresenta engajamento com suas tarefas e com os projetos institucionais. Demonstra
Notas de 1
pouquíssimo interesse pelos programas e objetivos da área e da instituição. Constantemente, é
a3
chamado à atenção, necessitando de acompanhamento periódico.
Apresenta nível satisfatório de compromisso e interesse com suas tarefas e com os projetos e
objetivos organizacionais. Busca, dentro do esperado, colaborar e contribuir com as áreas e as
Nota 7
pessoas, demonstrando nível aceitável de comprometimento em alcançar a eficiência e a eficácia
na execução das tarefas.
Demonstra um bom nível de engajamento com o trabalho e com a instituição, bem como de
Nota 8 interesse pelas suas tarefas e pelos projetos institucionais, busca colaborar e contribuir com as
áreas e as pessoas, pelo atingimento da máxima eficiência e eficácia no execução das tarefas.
169
Demonstra compromisso e engajamento com suas tarefas e com os projetos institucionais em
nível muito bom, busca frequentemente colaborar e contribuir com as áreas e as pessoas,
Nota 9
atendendo plenamente e, eventualmente, superando as expectativas quanto à busca pelo alcance
máximo de eficiência e eficácia na execução das tarefas.
Relaciona-se bem com todos à sua volta, apresentando nível bom de respeito e educação com as
Nota 8 pessoas. Demonstra boa capacidade de entender e se fazer entender pelo público interno e/ou
externo.
Apresenta nível excelente de capacidade de se relacionar com todos à sua volta, demonstrando
total respeito e educação, de maneira exemplar. Proativo e altamente capaz de entender e se
Nota 10
fazer entender perante o público interno e/ou externo, excede às expectativas no que se refere à
sua conduta.
170
Anexo IX
Anexos I e II à Resolução 181/2008 de 10 de julho de 2008.
171
ANEXO II – Resolução 181/2008
FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO INDIVIDUAL
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADES DA ÁREA DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL – GDAPI
INSTRUÇÕES
1. Antes de iniciar a avaliação, leia com atenção as especificações de cada fator e todos os quesitos.
2. Analisando o que melhor reflete o desempenho do avaliado, atribua 1 (um), 3(três), 4 (quatro) ou 5
(cinco) pontos a cada quesito A, B, C e D. Dessa maneira, teremos um somatório totalizando até 20
(vinte) pontos por fator (Autodesenvolvimento, Comprometimento, Qualidade Técnica do Trabalho,
Iniciativa, Disciplina e Relacionamento Interpessoal), consistindo um percentual de aproveitamento de
100% multiplicado pelo peso.
3. A Nota Final do servidor deverá ser obtida comparando o resultado da soma de cada quesito
A+B+C+D para cada fator, multiplicado pelo peso do fator, conforme tabela de referência abaixo.
4. Para a nota alcance de metas, deverá se utilizada a escala de 0 a 100, multiplicando o resultado
pelo peso, já calculado na tabela de referência, abaixo.
5. O total de pontos atribuídos para cada fator será aquele descrito na tabela de referência, conforme
correspondência ao valor observado na soma dos quesitos. Ex: Soma A+B+C+D = 18, no peso 10%,
então total= 9,00.
Correspondência da pontuação atribuída aos quesitos A, B, C e D:
172