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ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO: ESTUDO DE CASO EM
UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS NO
PARANÁ
Ieda Claudia Wictor (UTFPR )
iedawictor@yahoo.com.br
SUZANA REGINA MORO (UTFPR )
suzana.moro19@gmail.com
Tanise Fuckner de Oliveira Galvan (UTFPR )
taniseoliveira@yahoo.com.br
1. Introdução
Ergonomia é uma ciência de grande abrangência que estuda a maneira em que as condições de
trabalho podem afetar o conforto e saúde do homem (IIDA, 2005), incluindo fatores como
iluminação, ruído, temperatura, vibração, design, postos de trabalho, projeto de ferramentas e
projeto de máquinas entre outros (LEHTO; LANDRY, 2013). O conforto estudado na
ergonomia é um fator crítico para a produtividade no local de trabalho. Condições
desconfortáveis no ambiente podem restringir a capacidade dos trabalhadores para funcionar
em plena capacidade. A abordagem ergonômica tem como princípio fundamental o
desenvolvimento de postos de trabalho adaptados às características do trabalhador. Sendo
assim, objetiva-se alocar o trabalhador em uma postura que reduza os esforços biomecânicos
e cognitivos, favorecendo a realização de seu trabalho com conforto, eficiência e segurança
(MÁSCULO; VIDAL, 2011; MELO; FREITAS; PORTO, 2012).
A Ergonomia implica o estudo de um trabalho concreto, a observação da realização da tarefa
no local e com os equipamentos e equipes envolvidos, a coleta de todos os dados, qualitativos
e quantitativos, incertos, incompletos ou contraditórios, necessários a um diagnóstico
(SANTOS E FIALHO, 2007). A ergonomia estuda todos os fatores que influenciam no
desempenho do trabalho, analisa todo processo e a relação do homem com a máquina,
reduzindo consequências nocivas do trabalho, evita o estresse e a fadiga (IIDA, 2005).
O estudo em questão refere-se a uma análise ergonômica do trabalho que foi realizada em
uma empresa de embalagens localizada na região Centro-oriental do Paraná, que emprega
atualmente de forma direta aproximadamente 280 funcionários, além de centenas de
colaboradores indiretos, e está em plena expansão da sua capacidade produtiva com
ampliação das instalações e equipamentos.
Primeiramente serão apresentados os conceitos básicos referentes à Análise Ergonômica do
Trabalho (AET) para possibilitar ao leitor melhor entendimento da metodologia utilizada. Na
sequência serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados. Posteriormente serão
apresentados os dados coletados na empresa e em seguida as análises realizadas através da
observação técnica. Nas considerações finais, discutem-se os aspectos mais relevantes
apontados pelo estudo, bem como sua importância e viabilidade aos resultados finais
esperados.
2. Referencial Teórico
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A ergonomia melhora a vida cotidiana, contribui para aprimorar os processos dentro das
empresas, gera mais confiabilidade e qualidade, pode ser implantada na fase inicial de um
projeto, chamada ergonomia de concepção, como também pode ser utilizada em projetos já
existentes, com a finalidade de melhorar ou resolver problemas que refletem na segurança,
chama-se ergonomia de correção.
A análise ergonômica do trabalho (AET) visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para
analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho (IIDA, 2005). O Método AET
desenvolvido na França desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda; análise da tarefa;
análise da atividade; diagnóstico e recomendações (BATALHA, et al., 2008). A análise da
demanda é a descrição de um problema ou uma situação problemática, que justifique a
necessidade de uma ação ergonômica, esta análise procura entender a natureza e a dimensão
dos problemas.
Tarefa é um conjunto de objetivos prescritos, que os trabalhadores devem cumprir,
corresponde a um planejamento do trabalho. A AET analisa as possíveis falhas entre aquilo
que é prescrito e o que é executado realmente (IIDA, 2005). Desta forma a análise tarefa é um
componente importante do processo ergonômico realizado para assegurar que o objetivo
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3. Metodologia
O presente estudo foi feito de acordo com o roteiro sugerido por Fialho et al. (2005), que faz a
correspondência entre os procedimentos de pesquisa em ergonomia e as etapas da análise
ergonômica da situação de trabalho, conforme o Figura 1. A primeira etapa da AET consiste
na determinação da demanda, esta pode vir diretamente da empresa, caso já venha tendo
algum problema previamente identificado, ou quando a empresa pretende agir
preventivamente, pode ser identificada através de questionários e/ou observação. As
demandas ergonômicas podem ser divididas em biomecânica, ambiental e organizacional,
conforme a Figura 2
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No início da AET a empresa não apontou nenhuma demanda eminente, assim o objetivo da
aplicação da AET foi apenas preventivo. Desta forma inicialmente realizou-se uma visita
pelos setores de produção da empresa. Após a análise de todos os setores, foi escolhido o
Setor “D” para realizar a AET, em comum acordo com os gestores. A escolha justifica-se
visto que se trata de um setor que utiliza ampla mão de obra e que conta com atividades
manuais, tipicamente subjetivas, de identificação e eliminação de defeitos. A seguir serão
descritos os passos da aplicação da AET na empresa de acordo com a metodologia descrita na
Figura 1.
O setor “D” localiza-se no final do processo produtivo e destina-se a eliminação dos defeitos
dos produtos, contando com 6 máquinas em operação. Foi aplicado um questionário de
análise de demanda ergonômica a todos os 21 funcionários do setor (três turnos, sendo 4
equipes que fazem revezamento). A partir dos resultados obtidos foi possível constatar
demanda biomecânica (postura).
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Dul e Weerdmeester, 2004 sugerem a utilização de uma lista de verificação, assim, os fatores
relativos à postura são apresentados no Quadro 2.
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A empresa oferece transporte e refeição para os funcionários, e trabalha 24 horas, 7 dias por
semana, sendo que os funcionários trabalham em 4 equipes que fazem o revezamento nos 3
turnos que são: manhã (7 as 15 horas), tarde (15 as 23 horas) e noite (23 as 7 horas). No
horário de trabalho os funcionários podem fazer pausas livremente e nos horários das
refeições é feito rodízio para que sempre haja funcionários no setor.
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Segundo Abrahão et al. (2009), a análise da tarefa requer o entendimento do que é solicitado
ao trabalhador, e é a partir da tarefa e dos seus componentes que o trabalho é possível.
O setor pesquisado “D” é um setor que recebe os produtos com defeitos, previamente
identificados, embalados (para proteção higiênica) por plástico. Os produtos ficam
armazenados nas laterais, na medida em que saem na máquina outros são repostos. O objetivo
é retirar as falhas que ficaram nos produtos durante o processo. Esses produtos são
manualmente conduzidos nas máquinas que verificam a metragem aproximada de onde está a
falha. Posteriormente o operador precisa localizá-la, cortá-la, realizar a emenda e enrolar
novamente o produto.
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Sempre que possível, devem ser evitados períodos prolongados com o corpo inclinado, pois a
parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa em média 40 quilos e quando o
corpo inclina-se para frente, há contração dos músculos e dos ligamentos das costas para
manter essa posição (DUL e WEERDMEESTER, 2004).
Tanto para o trabalhado sentado ou em pé, as operações mais importantes devem situar-se
dentro de um raio de 50 cm a partir da articulação entre os braços e os ombros. As
manipulações fora do alcance dos braços exigem movimentos do tronco, assim as
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ferramentas, controles e peças devem situar-se dentro de um envoltório de alcance dos braços
(DUL e WEERDMEESTER, 2004).
A fadiga muscular pode ser reduzida com pausas curtas e frequentes ao longo da jornada de
trabalho (DUL e WEERDMEESTER, 2004). No processo verificado, as pausas ocorrem a
critério do trabalhador, geralmente entre uma verificação e outra ou enquanto a máquina
completa seu ciclo de enrolar ou desenrolar a bobina.
5. Conclusões
Além disso, tanto para a análise quanto na bancada para a emenda, devem ser situadas dentro
do alcance de 50 cm a partir da articulação entre os braços e os ombros todas as ferramentas e
controles necessários para a tarefa (DUL e WEERDMEESTER, 2004, p 17). Desta forma
evita-se a inclinação ou rotação do corpo.
Quanto às ferramentas, os trabalhadores não utilizam facas para corte com lâminas expostas,
para prevenção de acidentes. São utilizadas facas do tipo baleia, porém com as mesmas os
trabalhadores precisam aplicar muita força para conseguirem cortar as embalagens. Porém
este aspecto não será aqui verificado, visto que a empresa já faz estudos para desenvolver
novos equipamentos mais eficazes.
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Os monitores utilizados para verificação das informações referentes aos defeitos nos rolos
estão posicionados acima da linha dos olhos (conforme a figura abaixo), desta forma para
leitura o colaborador necessita ficar com a cabeça flexionada para trás, apesar de permanecer
pouco tempo nesta posição, pois na maior parte do tempo na análise o trabalhador permanece
com a cabeça abaixada, esta posição é extremamente incomoda. Além disto, a distância
horizontal do monitor também prejudica o trabalho. Assim, o reposicionamento e ajuste da
altura do monitor são necessários.
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, Júlia et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Edgard Blücher, 2009.
BATALHA, Mário Otávio et al. Introdução à engenharia de Produção. Rio de Janeiro: Editora Elsevier,
2008.
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia prática. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2004.
FIALHO, Francisco Antonio Pereira; BRAVIANO, Gilson; DOS SANTOS, Neri. Métodos e técnicas em
ergonomia. Florianópolis: Edição dos Autores, 2005.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2 Ed. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2005.
LEHTO, Mark R., LANDRY, Steven J. Introduction to human factors and ergonomics for engineers. CRC
Press Taylor & Francis Group, second edition, 2013.
MÁSCULO, Francisco S.; VIDAL, Mario C. Ergonomia: Trabalho Adequado e Eficiente. Rio de Janeiro:
Editora Elsiever/ABEPRO, 2011.
MELO, Anderson Laureano; FREITAS, Bruna Raylla; PORTO, Elisangela Silva. Avaliação e análise
ergonômica na indústria de panelas: um estudo de caso no posto de soldagem de ponto. Encontro Nacional
de Engenharia de Produção ENEGEP, 2012.
SANTOS, Neri. Dos, FIALHO, Francisco. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Florianópolis: Ed.
Genesis, 1997.
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