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ERGONOMIA COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DE CUSTOS

Ergonomics as a tool to reduce costs

Tamires Toniolo [a]

[a]
Fisioterapeuta, Pós-graduanda de Fisioterapia do Trabalho da Instituição de Ensino Cebracorp, Curitiba,
PR – Brasil, e-mail: tamirestoniolo@hotmail.com

_____________________________________________________________________

Resumo

Introdução: A ergonomia pode ser definida como adaptação do trabalho ao homem,


almejando além da segurança, conforto e bem-estar do trabalhador, a eficácia das atividades
humanas para que o trabalho possa atingir os resultados desejados. A real contribuição para o
crescimento econômico na gestão produtiva é o que motivou a pesquisa. Objetivos: Investigar a
contribuição da análise ergonômica do trabalho na redução de custos das empresas. Sabe-se que
além da garantia da norma regulamentadora 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, a
ergonomia pode gerar resultados econômicos satisfatórios. Além da procura por substancializar
o custo/benefício favorável. Metodologia: O estudo será uma revisão bibliográfica, sendo que
os dados para fonte de informação se dará através de livros, artigos publicados e revistas, além
de sites com enfoque no assunto. A fim de complementar o estudo foi realizado um breve
levantamento de dados. Resultados: Foi possível demonstrar a tendência clara de grande
redução de custos através de ergonomia em consequência direta ou indireta de o aumento de
produtividade, diminuição do número de absenteísmo, retrabalho, afastamento, rotatividade,
procura ambulatorial e do risco de acidentes de trabalho, além da proteção legal contra ações
judiciais. Conclusão: Constatou-se que ergonomia realmente tem relação custo beneficio
favorável e deve ser implantada como estratégia econômica.
Palavras-chaves: Ergonomia. Produtividade. Análise ergonômica. Redução de custos.
Custo/beneficio.

Abstract

Introduction: The ergonomics can be defined as the adaptation of the work to the man, with the
purpose of bringing safety, comfort and well-being to the worker and besides that, efficacy on
the human tasks in a way it is possible to achieve the expected results. The real contribution to
the economic growth in the productive management is what motivated the research. Objectives:
To investigate how the ergonomics analysis of work can contribute on reducing the companies
cost. It is known that besides de guarantee from the Regulatory Standard 17, from the Brazilian
Ministry of Labor and Employment, the ergonomics can produce satisfactory economical
results. Besides the attempt of producing a favorable cost/ benefit relation. Methodology: The
study will be a bibliographical revision; the information sourcing data will come from books,
published articles and magazines, as well as, websites dedicated to the topic. With the objective
of complementing the study it was realized a brief data collection. Results: It was possible to
demonstrate the clear tendency of big cost reduction by using the ergonomics with a direct or
indirect consequence on productivity improvement, reduction on the absence numbers, rework,
spacing, rotation, outpatient demand and the accidents risk, as well as legal protection against
lawsuits. Conclusion: It was verified that ergonomics has a really favorable cost/ benefit
relation and it has to be implemented as an economical strategy.
Key words: Ergonomics. Productivity. Ergonomic Analysis. Cost reduction. Cost/ benefit
relation.
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Introdução

É notório em todos os portes corporativos, que o mercado está gradativamente


mais competitivo, exigindo excelência na gestão administrativa. É através da
administração que as organizações são capazes de utilizar corretamente seus recursos
para alcançar seus objetivos e obter lucro. Segundo Maximiano (2011 p. 5)
administração significa “[...] Conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim
ordenar os fatores de produção e controlar sua produtividade e eficiência, para se obter
determinado resultado.”
O critério mais simples para avaliar se o resultado final está alcançado de forma
eficiente é a produtividade, que é definida como a relação entre os recursos utilizados e
os resultados obtidos, quanto maior a produtividade mais eficiente está sendo o
processo. No entanto, há diversos outros fatores que influenciam a produtividade, entre
eles o uso do tempo e a qualidade. O último fator citado pode ser atrelado ao
produto/serviço final, caso não haja qualidade poderá haver retrabalho, por exemplo; e
aos recursos, que podem ser materiais: equipamentos, que se não forem utilizados com
qualidade diminuem a sua vida útil, havendo perda de capital, ou às pessoas, que são o
maior recurso das empresas e ao trabalharem com qualidade influenciarão na
produtividade, incidindo na redução de absenteísmo, afastamentos, diminuição da
rotatividade e da procura ambulatorial. Pode-se dizer que o trabalho com qualidade é o
principal objetivo da ergonomia.
A ergonomia, em sua evolução conceitual, é considerada uma ferramenta
importante para o sucesso das corporações, considerando tanto os ambientes industriais
como administrativos, sendo fortemente utilizada como estratégica econômica. Segundo
Iida (2005, p. 2), a ergonomia pode ser definida como “o estudo da adaptação do
trabalho ao homem”. Além dessa, há diversas definições de ergonomia, de modo geral,
pode-se conceituar como o estudo da interação entre o homem e uma atividade
produtiva, visando otimizar desempenho do sistema, sem comprometer a segurança,
saúde e a satisfação do trabalhador.
É consenso na literatura que a ergonomia deve ser vista sempre de forma ampla,
denominada macroergonomia, considerando os diversos aspectos: físicos, cognitivos,
ambientais, sociais e organizacionais, avaliando, desta forma, o sistema como um todo,
para que ao final da análise possam ser dadas sugestões de melhorias, com o objetivo de
diminuir os riscos ao colaborador no ambiente produtivo. Porém a implantação
ergonômica só terá boa receptividade pelas organizações se o custo/benefício for
favorável, ou seja, se houver retorno dos investimentos. O objetivo dessa pesquisa é
essa avaliação econômica da intervenção ergonômica.

Ergonomia

A ergonomia segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) é o


“entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e
à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem
estar humano e o desempenho global do sistema.”
Foi a partir da revolução industrial (séculos XVIII e XIX) que a relação
homem/máquina passou a ser mais notável, em razão das péssimas condições de
trabalho relatadas pelos trabalhadores, ao grande número de acidentes de trabalho e pelo
reflexo negativo econômico que isso gerava. Para Dul e Weerdmeester apud Silveira e
Salustiano, houve um grande desenvolvimento da ergonomia durante a II Guerra
Mundial (1939 – 1945). Nesse período houve um conjunto de esforços das diversas
áreas do conhecimento para resolver problemas de projeto com relação à operação de
equipamentos militares, em resposta a incompatibilidade entre o progresso humano e o
progresso técnico. Estes estudos foram fortemente utilizados pelas indústrias após o fim
da guerra, então, em 1949, foram denominados ‘ergonomia’.
No início do século XX, Frederick Winslow Taylor, foi percursor de princípios e
técnicas que visavam aumentar a eficiência da produção, através da maximização da
produtividade dos trabalhadores, conhecida como Taylorismo. Segundo Maximiano (p.
33), Taylor acreditava na minimização do esforço muscular para tornar o processo mais
eficiente e produtivo. Para ele “ a questão não é trabalhar duro, nem depressa, nem
bastante, mas trabalhar de forma inteligente”, determinando a melhor maneira de
executar cada tarefa e tornar o ambiente psicologicamente favorável. Esses eram alguns
dos fundamentos da administração científica de F. W. Taylor, os quais possuem uma
relação íntima com os fundamentos ergonômicos. Porém alguns princípios dessa
filosofia são bastante controversos:
a) a cronometragem dos movimentos dos trabalhadores para executar as tarefas
- o que não obteve boa aceitação por parte dos colaboradores, além de não
considerar o risco de lesões;
b) a remuneração por peça produzida, objetivando a motivação do colaborador
para que permaneça no quadro de funcionários e potencialize o processo
produtivo, o que também é fator de discussão.
Diversas pesquisas apontam que a alta remuneração nem de longe é o fator
principal de motivação e que caracteriza uma boa empresa para trabalhar. Segundo a
Associação Brasileira de Recursos Humanos da Bahia (ABRH-BA), os elementos que
motivam os funcionários a permanecerem numa empresa são principalmente a
qualidade de vida, o reconhecimento e a confiança entre a equipe. De acordo com a
Associação “(...) as melhores empresas para se trabalhar são também duas a três vezes
mais rentáveis do que as outras.”, resultado constatado através do índice Ibovespa, da
bolsa de São Paulo. Esse índice, além de influenciar na criatividade e produtividade
também incide na redução da rotatividade.
A análise ergonômica é realizada no sistema organizacional, visando avaliar a
qualidade do ambiente produtivo e evitar danos ao organismo. Para Couto (1995) as
principais causas que propiciam a baixa produtividade por prejuízos no tecido humano
são: tensão excessiva – seja por fator psicológico organizacional ou postura estática por
longos períodos, a tensão impede a irrigação adequada e a retirada dos resíduos; a força
exorbitante - maior que 30% da capacidade de força de um grupo muscular, ou qualquer
contração muscular com esforço maior que 50% do máximo; postura incorreta - uso
inadequado da musculatura, predispõe o risco de lesões, grande parte dessas lesões é do
tipo trauma cumulativo, ou seja, o colaborador irá apresentar sinais e sintomas somente
após anos numa condição inadequada, apesar de muitas vezes considerar confortável;
alta repetitividade - ciclo menor que 30 segundos ou mais se mais de 50% do ciclo for
ocupado com apenas um tipo de movimento e a compressão de estruturas.
Os recursos de melhoria ergonômica são os mais diversos e muitos deles são
simples e o valor do investimento é baixo. Pode-se citar: enriquecimento da tarefa,
revezamento de funções, afiação de instrumentos de corte, melhora da pegada, melhora
da vantagem mecânica, redução do peso dos objetos, melhora da iluminação,
diminuição de ruído, correção da temperatura, conscientização dos colaboradores para o
uso adequado dos mobiliários, pausa, entre diversos outros. As indicações ergonômicas
não só diminuem riscos físicos, mas também envolvem mais o individuo no trabalho.
Entre as indicações ergonômicas, a pausa, principalmente quando a função exige
um somatório de esforços e traumas repetitivos não havendo tempo suficiente para a
recuperação dos tecidos, é muito eficaz na prevenção de lesões através de três
mecanismos:
a) Normalizando o fluxo sanguíneo e a retirada do ácido lático;
b) Retorno a formação natural dos tendões: por serem viscoelásticos o
relaxamento ocorre de maneira mais tardia que os tecidos puramente
elásticos;
c) Lubrificação dos tendões pelo líquido sinovial, evitando atritos.
Em resumo ergonomia é uma disciplina de abordagem sistêmica dos aspectos da
atividade humana produtiva buscando qualidade do ambiente, otimizando as condições
de trabalho para conquistar eficiência, produtividade e qualidade.

Economia X Ergonomia

A implantação da análise ergonômica do trabalho está prevista na Norma


Regulamentadora 17(NR 17), imposta pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) .
De acordo com o MTE a NR 17 “(...) visa estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente”.
Para Dul e Neuman, a ergonomia não deve ser encarada apenas como
cumprimento da lei, mas, principalmente, como uma estratégia econômica, e isso se
confirma em diversos outros estudos.
Ao afirmar que a ergonomia é um investimento que possui relação
custo/benefício favorável, ou seja, que é economicamente viável, o somatório de custos
com a intervenção ergonômica deve ser menor que os benefícios gerados na
organização no âmbito financeiro após a implantação, sendo esse o principal objeto de
atenção gerencial.
Os custos do investimento ergonômico estão associados a remuneração da
equipe, aquisição de materiais e equipamentos ergonômicos e o desvio de função dos
colaboradores em decorrência de intervenções ergonômicas.
De maneira geral os mais custos altos do investimento ergonômico estão
atrelados a aquisição de materiais e equipamentos, quando necessários. Para Couto
(1995), há 7 (sete) categorias de medidas ergonômicas, dessas, 5 (cinco) não necessitam
da aquisição de nenhum tipo de material, ou seja, são de baixo custo. As soluções foram
divididas em 1 – revezamento; 2- pausas; 3- melhorias na organização do sistema de
trabalho; 4 - melhorias no método de trabalho; 5 – orientações sobre práticas corretas; 6
– pequenas melhorias em postos de trabalho; 7 – projetos de melhoria ergonômica.
Pode- se perceber que as 5 primeiras soluções citadas tem um custo ínfimo. Uma falha
comum são soluções mais elaboradas do que realmente necessário, aumentando
desnecessariamente custos da implantação, a automação, por exemplo, é uma ação de
alto custo, podendo ser substituída por outra medida simples, igualmente efetiva e de
menor valor de investimento. Um trabalho simples de conscientização contribuiu em
10% de aumento da produtividade e 36% com aplicação de ergonomia em empresas
relatado por Iida, 2005.
Já os benefícios tem relação direta com o aumento de produtividade, diminuição
do número de absenteísmo, retrabalho, afastamento, rotatividade, procura ambulatorial,
e do risco de acidentes de trabalho, além da proteção legal contra ações judiciais.
Jenkins e Rickards desenvolveram uma técnica para determinar o ROI (Return
on Investiment), ou retorno do investimento em português, da intervenção ergonômica
nas empresas, para que o custo/benefício em termos econômicos sejam plenamente
identificado. A técnica foi batizada de A delta T (ADT), a qual representa a diferença
(delta), entre o custo real do produto e/ou serviço (A) e o custo mínimo teórico para o
mesmo processo de produção (T), podendo ser descrita através da fórmula: DELTA = T
– A. Ou seja, o resultado representa a perda monetária que ocorre num sistema de
produção sub-otimizado. Para os autores, as perdas delta identificadas com mais
frequência podem ser divididas em dois grupos: recursos humanos (rotatividade,
absenteísmo, horas extras e o tempo gasto de forma desnecessária) e produção
(desperdício de matéria prima, custos diretos e indiretos do retrabalho e interrupção da
produção). O objetivo é, através da ergonomia, mover o custo do processo de produção
real o mais próximo possível de seu custo mínimo teórico.
Além da redução de custo direto das alterações dos fatores acima, há outras
consequências positivas associadas. Por exemplo, quando a empresa reduz o número de
acidentes de trabalho, o custeio de tarifas referentes ao seguro de acidente de trabalho
também é reduzido. A proteção acidentária é determinada pela Constituição Federal e o
custeio das empresas é obrigatório. A tarifação é classificada através do Cadastro
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), variando entre 1% e 3% calculados sobre
o total pago pelas remunerações dos colaboradores, prevista no art. 22 da Lei
8.212/1991. A fim de individualizar a alíquota foi criada uma nova metodologia de
cobrança, prevista pela Resolução CNPS Nº 1.316 (aprovada pelo Plenário do Conselho
Nacional de Previdência Social – CNPS ): o Fator Acidentário de Prevenção ( FAP ).
“O fator acidentário é um multiplicador, que varia de 0,5 a 2 pontos, a ser aplicado às
alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por CNAE” (Ministério da Previdência
Social). A base de cálculo do FAP varia anualmente e é calculado sempre sobre os 2
(dois) anos retroativos de todo o histórico de acidentalidade da empresa. Ou seja,
empresas que investirem em prevenção de acidentes de trabalho poderão receber até
50% de redução dessa alíquota.
A ergonomia como estratégia econômica se tornou ainda mais relevante após as
alterações advindas da Medida Provisória nº 664/2014 que tramita no Congresso
Nacional. A partir do dia 01 de março de 2015, o custo das empresas com o afastamento
da atividade de empregados por motivo de doença ou de acidentes dobrou. Pela forma
jurídica anterior, em caso de afastamento a empresa era responsável pela oneração dos
primeiros 15 dias. Atualmente o trabalhador só necessitará ser atendido pela perícia
médica do INSS a partir do 31º dia. Resumindo, o empregador deverá arcar com os 30
(trinta) primeiros dias de afastamento do empregado e somente depois desse período
que o INSS custeará o auxílio-doença.
Uma das maiores companhias de seguro do Estados Unidos, o Grupo Liberty
Mutual, publicou uma estatística das 10(dez) maiores causas de lesões incapacitantes
em trabalhadores no ano de 2012 e o custo direto gerado. A finalidade foi determinar os
motivos que causaram a falta de 6 (seis) ou mais dias dos funcionários nos Estados
Unidos, classificando o custo total da compensação do absenteísmo. Fadiga por esforço
excessivo envolvendo fatores externos ocupa o primeiro lugar no ranking das causas
com 25,3%, custando o equivalente a 15,1 bilhões de dólares, mais de um quarto de
todo fardo nacional. Esta categoria inclui lesões relacionadas a levantar, empurrar,
puxar, manter, transportar ou arremessar.
Apesar de grande parte das intervenções ergonômicas satisfazerem as
expectativas gerando resultado econômico positivo, podendo ser expresso de maneira
quantitativa, algumas vezes o resultado se dará exclusivamente de maneira qualitativa,
ou seja, há melhora no desempenho, porém não apresentam relevância numérica. Isso
pode ocorrer pela dificuldade de quantificar possíveis perdas com a ausência da
ergonomia.
Além dessas, há outras variáveis qualitativas que devem ser consideradas, entre
elas: a qualidade do produto, motivação do trabalhador e qualidade da relação
organizacional, os quais interferem indiretamente na redução de custos.

Levantamento de dados práticos

Foram levantados dados relacionados ao absenteísmo, rotatividade, acidente de


trabalho e ações trabalhistas, no ano de 2014, em uma empresa do Estado do Paraná
com atividade na fabricação, comércio e transporte de artefatos de madeira. A empresa
conta com 100(cem) funcionários em 12(doze) setores: barracão, plainas, paletes,
serraria, secador, laminadora, compensado, colagem, administração, portaria, transporte
e manutenção, com salário médio mensal de R$ 1.020,80.
O índice de rotatividade foi, em média, de 48% ao ano, em 2014, gerando
despesas com rescisão de contrato de trabalho, exames admissionais e demissionais,
além de recrutamento, seleção, treinamento e adaptação de novos funcionários. De
acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (2011), apud Paes Junior, a
média das empresas brasileiras gira em torno de 36% da mão de obra. Para entender o
quão oneroso isso significa, o valor da saída de um funcionário pode chegar a 8 (oito)
vezes o salário do mesmo.
Na empresa pesquisada não há controle dos fatores que levam aos
desligamentos, o fenômeno da rotatividade é multicausal. Uma ferramenta bastante
utilizada é o questionário aplicado ao comunicado do término da relação com o
empregador, o qual expõe os motivos da saída sob sua ótica, facilitando a identificação
das principais causas das demissões, para que assim a empresa possa traçar planos para
redução do índice. Os indicadores variam desde alta carga de trabalho, que podem ser
reduzidos a partir da análise ergonômica do trabalho (o qual a empresa não possui), até
insatisfação com colegas ou a organização de forma geral, o qual poderia ser
amplamente reduzido a partir da aplicação de um programa competente de qualidade de
vida no trabalho, que possui relação íntima com ergonomia, pois busca qualidade da
atividade produtiva em todos os aspectos.
No aspecto absenteísmo a empresa possui uma média de 29 faltas/ mês, ou seja,
o índice de absenteísmo é de 2%, considerando a quantidade de horas de trabalho
desperdiçadas pelo total de horas contratadas. Desses, grande parte possui atestados
médicos, porém ausentes da Classificação Internacional de Doenças (CID), ou seja, a
motivação das faltas não está clara.
Esse índice também deve ser considerado como indicação econômica, pois, a
grosso modo, se o índice de absenteísmo é de 2% como na empresa pesquisada, a
empresa reduziu também 2% da força de trabalho em relação ao seu faturamento.
Portanto é importante uma análise cuidadosa dos pequenos atrasos, faltas ou saídas
durante o expediente de trabalho, pois somadas certamente irão influenciar na perda de
produtividade e prejuízos financeiros.
No mesmo ano, 2014, foram registrados 5(cinco) afastamentos, 3(três) acidentes
de trabalho e 5(cinco) ações trabalhistas. Questões a serem analisadas, pois geram alto
custo e podem ser reduzidos com, mais uma vez, a identificação das causas e o estudo
de para redução desses índices por profissionais competentes.

Conclusão

Ao final do projeto pode-se concluir que um programa de ergonomia estruturado


pode contribuir fortemente como estratégia econômica, pois os fatores inerentes aos
custos da rotatividade, absenteísmo, procura ambulatorial, afastamentos e acidentes de
trabalho, apesar de complexos, e algumas vezes subestimados pelas empresas, precisam
ser destacados. O controle da perda de capital envolvida nesse processo é uma
ferramenta importante que contribui para o sucesso das corporações.
É de fundamental importância uma análise cuidadosa do sistema organizacional,
de forma ampla, a fim de identificar se os problemas que norteiam a empresa são custos
naturais das organizações ou são causados pela má gestão dos recursos, os quais podem
ser corrigidos pela ergonomia e são fundamentais para evitar a perda monetária.
Há dificuldade em concluir uma porcentagem exata de ganhos com a
implantação ergonômica, pois além dos custos serem variados dependendo de cada
solução ergonômica sugerida e da impossibilidade em mensurar possíveis perdas que
haveriam com ausência dos parâmetros ergonômicos, a situação inicial de cada empresa
antes da implantação altera muito no resultado do retorno final. Ou seja, uma empresa
com ausência de um profissional especializado em ergonomia pode ter um ambiente
ergonomicamente já favorável, mesmo que por instinto de facilitar a tarefa, ou não,
alterando drasticamente custos e benefícios.
Dentro desta ótica puramente econômica, pode-se concluir que as pessoas são o
maior recurso das empresas para gerar lucro e assim como o mal uso de máquinas
geram custos desnecessários tornando a produção sub-otimizada, a garantia do melhor
desempenho dos colaboradores garante também a eficácia da produtividade e a
diminuição de custos, diretos ou indiretos, do processo produtivo.

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