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Projeto Ergonômico

Apresentação
Você sabia que a produtividade do operador é afetada pela forma como são posicionadas as
máquinas, os equipamentos, as instalações e as ferramentas com relação ao corpo dele? Isso está
relacionado às práticas usuais para garantir o conforto, a saúde e a produtividade nos postos de
trabalho, ou seja, o fundamento básico da Ergonomia.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar como o ser humano interage com o ambiente
nos postos de trabalho em sistemas produtivos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Expressar o conceito de ergonomia e as aplicações dos estudos ergonômicos no ambiente de


trabalho.
• Identificar as implicações da fisiologia do trabalho no projeto de sistemas produtivos.
• Relacionar os aspectos ergonômicos com as necessidades dos sistemas produtivos.
Desafio
Sua família é proprietária de uma loja de roupas e, devido à expansão das atividades, precisou
ampliar os espaços de vitrines, prateleiras e mostruários. Como a loja tem boa altura, surgiu a ideia
de colocar mais prateleiras, de forma a obter mais espaço para armazenagem das peças de roupas.
Assim, os clientes poderiam ter acesso a mais peças, que ficariam um pouco mais altas e, em caso
de necessidade, poderiam pedir ajuda aos vendedores. A expectativa era de que, com essa pequena
mudança, as vendas aumentassem em 10%. No entanto, o que aconteceu foi que não houve
mudança significativa nas vendas e, de fato, passou a haver reclamação dos clientes e,
principalmente, dos vendedores, pelo cansaço ao fim do dia, irritação, dores de cabeça, etc.

Qual é a possível razão e o que fazer para contornar esse problema?


Infográfico
O projeto ergonômico deve buscar maximizar o equilíbrio entre a eficiência no trabalho, o conforto
do trabalhador e a segurança dele, dos equipamentos e das instalações. No infográfico a seguir,
você verá algumas preocupações e práticas da ergonomia na busca em adequar o trabalho ao
homem, ao seu corpo, de forma a permitir que ele tenha a máxima produção ao longo da jornada de
trabalho.
Conteúdo do livro
A análise ergonômica examina as situações de trabalho que requerem esforços físicos, posturas
rígidas ou movimentos repetitivos. No entanto, também é preciso pesquisar os índices de
frequência, a quantidade de faltas, a gravidade dos acidentes e as tarefas envolvidas. Acompanhe
um trecho da obra Ergonomia: fundamentos e aplicações - Série Tekne. Inicie seu estudo no tópico
Método de análise ergonômica do trabalho.

Boa leitura!
ADMINISTRAÇÃO
DA PRODUÇÃO

Henrique Martins
Rocha
UNIDADE 4
Projeto ergonômico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Expressar o conceito de Ergonomia e as aplicações dos estudos
ergonômicos no ambiente de trabalho.
„„ Identificar as implicações da fisiologia do trabalho no projeto de
sistemas produtivos.
„„ Relacionar os aspectos ergonômicos com as necessidades dos sis-
temas de produção.

Introdução
Neste texto, você vai estudar como o ser humano interage com o
ambiente nos postos de trabalho em sistemas produtivos. Verá como
sua produtividade é afetada pela forma como são posicionados má-
quinas, equipamentos, instalações e ferramentas com relação ao cor-
po do operador e quais são as práticas usuais para garantir o conforto,
a saúde e a produtividade nos postos de trabalho, fundamento bási-
co da ergonomia.

Ergonomia: conceitos e aplicações


A capacidade produtiva do ser humano, ou seja, a sua capacidade para inte-
grar um sistema produtivo é muito influenciada pelos aspectos motivacio-
nais, mas também pelas condições físicas: postura (ver Figura 1), esforço,
repetição de movimentos, temperatura, umidade, nível de ruído e de vi-
bração são alguns dos fatores que influenciam a produtividade no ambiente
de trabalho.
156 Administração da produção

Figura 1. A má postura no trabalho pode causar problemas na coluna e nas costas.


Fonte: Jeanette Dietl/Shutterstock.com

Nesse sentido, a ergonomia busca adequar o trabalho ao homem, ao seu corpo,


de forma a permitir que ele tenha a máxima produção ao longo da jornada de tra-
balho. Junção do grego “ergon” (trabalho) e “nomos” (leis, preceitos), a ergonomia
é a análise e a adequação do trabalho ao ser humano, esteja ele interagindo com
produtos, sistemas ou processos, estudando não somente o corpo humano (ver
Figura 2) e as máquinas, mas também o ambiente e sua organização, bem como
as interações via informação e comunicação (CORRÊA; BOLETTI, 2015).

Figura 2. A ergonomia é essencial para respeitar os limites do corpo humano (a


figura reproduz o clássico desenho de Leonardo Da Vinci).
Fonte: Reeed/Shutterstock.com
Projeto ergonômico 157

Em inglês, é comum tratar a ergonomia como Human Factors (fatores humanos).

O projeto ergonômico deve buscar maximizar o equilíbrio entre a efici-


ência no trabalho, o conforto do trabalhador e a segurança dele, dos equipa-
mentos e das instalações. Entre as atividades referentes a estudos e análises
ergonômicas, Corrêa e Boletti (2015) listam:

„„ investigar as habilidades físicas e psicológicas e as limitações do corpo


humano;
„„ analisar como as pessoas utilizam os equipamentos e as máquinas;
„„ avaliar os riscos do ambiente de trabalho;
„„ avaliar os ambientes de trabalho e seus efeitos nos usuários;
„„ utilizar o resultado dessa avaliação para sugerir melhorias;
„„ projetar soluções práticas para implementar essas melhorias;
„„ produzir um manual do usuário para garantir que novos sistemas e pro-
dutos sejam utilizados da forma correta;
„„ produzir relatórios de achados e recomendações e compilar dados
estatísticos;
„„ aplicar conhecimento específico da fisiologia humana para otimizar o
projeto de produtos, como carros, mobiliário organizacional e espaços
de lazer e descanso;
„„ entrevistar indivíduos e observá-los em um tipo específico de ambiente (de
trabalho, de lazer e descanso, etc.) como parte do processo de pesquisa;
„„ conversar com todos os funcionários da organização para realizar a
pesquisa;
„„ visitar uma ampla variedade de ambientes, como escritórios, fábricas,
hospitais e plataforma de petróleo, a fim de estimar padrões de saúde e
segurança ou para investigar acidentes no ambiente de trabalho;
„„ avisar, informar e treinar colegas e clientes;
„„ pesquisar sobre indústrias específicas e seus sistemas de produção.

As intervenções a serem feitas para melhoria dos processos de trabalho,


tendo por base os estudos ergonômicos, deve levar em consideração as ati-
vidades acima, visando o equilíbrio e a maximização da produtividade do
homem no ambiente de trabalho, como mostrado na Figura 3.
158 Administração da produção

Figura 3. Esquema geral da abordagem da ação ergonômica.


Fonte: Pizo e Menegon (2010, p. 659).

Os domínios de especialização da ergonomia, de acordo com Corrêa e


Boletti (2015) são:

„„ Ergonomia física se ocupa da análise das características da anatomia,


antropometria, fisiologia e biomecânica humanas em sua relação com
a atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no
ambiente de trabalho, do manuseio de ferramentas, de movimentos re-
petitivos, de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho,
do projeto de postos de trabalho e segurança e saúde dos usuários.
„„ Ergonomia cognitiva também conhecida como engenharia psicológica,
ocupa-se da análise dos processos mentais, como percepção, memória,
raciocínio e resposta motora conforme afetam as interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes in-
cluem o estudo da carga de trabalho mental, tomada de decisão, de-
sempenho especializado, interação humano-computador, estresse
ocupacional e treinamento conforme esses se relacionem a projetos
envolvendo seres humanos e sistemas.
„„ Ergonomia organizacional aborda a otimização de sistemas sociais e
técnicos, as políticas estratégicas empresariais e os processos indus-
triais adotados nas organizações, tratando da comunicação entre os pro-
fissionais da organização, dos projetos de trabalho e da programação
do trabalho em grupo. Além disso, a ergonomia organizacional abarca
o projeto participativo, o trabalho cooperativo, a cultura organiza-
cional, a gestão da qualidade e as organizações em rede.
Projeto ergonômico 159

Acesse o site da Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO para se informar sobre


as iniciativas e estudos de ergonomia no Brasil: http://www.abergo.org.br/.

Implicações da fisiologia do trabalho


no projeto de sistemas produtivos
Um dos principais conceitos fisiológicos da ergonomia está nos gastos caló-
ricos que ocorrem por conta do trabalho: ficar em pé, se deslocar, manipular
materiais e ferramentas, etc., aumentam o nosso consumo de energia em com-
paração ao repouso absoluto. Dessa forma, é compreensível porque quanto
maior o esforço, maior é o cansaço, a fadiga e a necessidade de tempo para
recuperação (como você pode ver no Quadro 1) e a frequência dele.

Quadro 1. Necessidades calóricas para várias atividades.

Tipo de atividade Custo típico Minutos


de energia em necessários de
calorias por descanso para cada
minuto* minuto de trabalho
Sentado, descansado 1,7
Escrevendo 2,0
Digitando no computador 2,0
Trabalho médio de montagem 2,9
Conserto de sapatos 3,0
Maquinária 3,3
Passando roupas 4,4
Trabalho difícil de montagem 5,1
Cortando lenha 7,5 1
Cavando 8,9 2
Cuidando da caldeira 12,0 3
Subindo escadas 12,0 4
*Cinco calorias por minuto é geralmente considerado o nível sistemático máximo
durante todo o dia de trabalho.
Fonte: Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 136).
160 Administração da produção

Trabalho muscular
Há dois tipos de trabalho muscular (KROEMER; GRANDJEAN, 2005):

„„ Dinâmico caracteriza-se pela alternância de contração e extensão,


portanto, por tensão e relaxamento. Há mudança no comprimento do
músculo, geralmente de forma rítmica; e
„„ Estático caracteriza-se por um estado de contração prolongada da
musculatura, o que geralmente implica um trabalho de manutenção
de postura.

De uma forma geral, o trabalho muscular estático é mais desgastante que o


dinâmico, causando fadiga rapidamente, principalmente em esforços maiores,
como você pode ver na Figura 4. E a força máxima de um músculo, ou grupo
de músculos, depende da idade; do sexo; da constituição física; do grau de
condicionamento físico; e da motivação do momento (KROEMER; GRAND-
JEAN, 2005).

Figura 4. Duracão máxima de um trabalho muscular estático em relação à força exercida.


Fonte: Kroemer e Grandjean (2005, p. 18).
Projeto ergonômico 161

Por conta dos diversos fatores envolvidos no trabalho muscular, Kroemer e


Grandjean (2005) estabelecem sete regras para definição dos locais de trabalho:

1. Evitar qualquer postura curvada ou não natural do corpo. A curva-


tura lateral do tronco ou da cabeça força mais do que a curvatura para
frente.
2. Evitar a manutenção dos braços estendidos para frente ou para os lados.
Estas posturas geram não só fadiga rápida, mas também reduzem sig-
nificativamente o nível geral de precisão e destreza das operações rea-
lizadas com as mãos e os braços.
3. Procurar, na medida do possível, sempre trabalhar sentado. Mais
recomendável ainda seriam locais de trabalho onde se poderia ter
alternância de trabalho sentado com o trabalho em pé.
4. O movimento dos braços deve ser em sentidos opostos cada um, ou
em direção simétrica. O movimento de um braço sozinho gera cargas
estáticas nos músculos do tronco. Além disso, os movimentos em sen-
tidos opostos ou movimentos simétricos facilitam o comando nervoso
da atividade.
5. A área de trabalho deve ser de tal forma que esteja na melhor distância
visual do operador.
6. Pegas, alavancas, ferramentas e materiais de trabalho devem estar
organizados de tal forma que os movimentos mais frequentes sejam
feitos com os cotovelos dobrados e próximos do corpo. A maior força
e destreza é exercida quando a distância olho-mão é de 25 a 30 cm, e
com os cotovelos baixados e dobrados em ângulo reto.
7. O trabalho manual pode ser facilitado com o uso de apoio para os co-
tovelos, os antebraços e as mãos. Os suportes devem ser forrados com
feltro ou outro material termoisolante e macio. Os apoios devem ser
reguláveis para que possam se adaptar às diferenças antropométricas.

Leia sobre “Conceitos de planejamento de capacidade” em Administração de operações


e da cadeia de suprimentos (JACOBS; CHASE, 2009, p. 68-69).
162 Administração da produção

Projetos ergonômicos em sistemas


de produção
As recomendações ergonômicas para dimensionamento dos locais de trabalho
são baseadas nas medidas antropométricas, e nos aspectos fisiológicos do tra-
balho.

Alturas de trabalho
A altura das mesas de trabalho deve estar de acordo com as medidas
antropométricas do operador, tanto para o trabalho em pé quanto para o tra-
balho sentado. Para os trabalhos manuais realizados em pé, as alturas reco-
mendadas são de 50 a 100 mm abaixo da altura dos cotovelos, enquanto, para
trabalho sentado, a superfície de trabalho deve ser elevada até que o traba-
lhador possa ver claramente o seu objeto de trabalho, sem forçar demasiada-
mente a curvatura das costas. Além disso, uma leve inclinação do tronco para
frente com os braços apoiados na mesa é uma postura que minimiza o can-
saço. Também é importante que sob as mesas para escritório haja espaço sufi-
ciente para a movimentação das pernas (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
As vantagens do trabalho sentado são:

„„ tirar o peso das pernas;


„„ estabilidade da postura de parte superior do corpo;
„„ redução do consumo de energia; e
„„ menor demanda sobre o sistema circulatório.

Como desvantagens, há a sobrecarga na coluna vertebral, que pode chegar


a quase o dobro do que seria na posição em pé. No entanto, repousar as costas
sobre um apoio inclinado transfere porção significativa do peso da parte su-
perior do corpo para o apoio e reduz o esforço nos discos e músculos (KRO-
EMER; GRANDJEAN, 2005).
Como diferentes pessoas têm estaturas e outras dimensões diferentes, é
sempre recomendável que se utilizem mesas e demais elementos dos postos
de trabalho ajustáveis, que permitam a adaptação individual da altura de tra-
balho. Como citam Kroemer e Grandjean (2005, p. 51),
Projeto ergonômico 163

A altura das mesas não ajustáveis são definidas com base em


medidas médias e não consideram as variações individuais. Desta
forma, todas as mesas recomendadas com base na “média” são
muito altas para as pessoas menores, que terão necessidade de
um apoio para os pés. Além disso, as pessoas mais altas terão que
curvar o pescoço sobre a mesa de trabalho, o que pode gerar
problemas musculoesqueléticos no pescoço e nas costas.

Linha de visão
A partir da posição ereta da cabeça, a direção preferencial do olhar é para
frente para alvos distantes e cada vez mais inclinada para baixo, para alvos
próximos. Por exemplo, para leitura, a inclinação recomendada é de 45°. Nos
dois casos, uma variação para cima ou para baixo de 15° ainda é ergonomica-
mente aceitável (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).

No que diz respeito à visão, o fator “iluminação” é de grande importância: a quantidade


de luz incidente (iluminância) e refletida ou emitida (luminância), bem como a refle-
tância das superfícies afetam o conforto e a produtividade.

Espaço para alcance, pega e movimentação


O espaço para alcance, pega e movimentação com mãos e braços é relevante
para o projeto de controles, ferramentas, acessórios de diferentes tipos e
postos de trabalho: a adequação de tais distâncias e espaços evita o movi-
mento excessivo do tronco, o que tornaria a operação menos precisa e com
mais demanda energética, aumentando o risco de dores nas costas e nos om-
bros, sendo permitido um alongamento ocasional para alcançar além dessas
faixas, já que, sendo transitória, a mudança de postura é desejável (KRO-
EMER; GRANDJEAN, 2005).
164 Administração da produção

Trabalho com peso


Os fisiologistas do trabalho consideram que um consumo de energia de
20.000 kJ por dia de trabalho, durante o ano (média anual) é o máximo
razoável para o trabalho pesado na Europa e nos Estados Unidos (KRO-
EMER; GRANDJEAN, 2005). Quanto à forma de carregar peso, o Quadro 2
mostra como um peso de 30 kg afeta o consumo de energia, a fadiga, a pressão
no corpo e a estabilidade ao caminhar.
O manuseio de cargas (levantar, abaixar, empurrar, puxar, carregar, se-
gurar e arrastar) envolve bastante esforço estático e dinâmico, o que pode
causar problemas musculares e, principalmente, danos à coluna. Kroemer e
Grandjean (2005) apresentam sete regras para levantamento e manuseio de
cargas:

1. Segure a carga e levante com as costas retas e os joelhos dobrados.


2. Segure a carga o mais próximo possível do corpo, mantendo a carga,
sempre que possível, entre os joelhos e com uma boa colocação dos
pés.
3. Assegure-se de que o lugar de pega da carga não está abaixo do nível
do joelho. Um levantamento iniciando na altura dos joelhos pode ser
continuado facilmente até o nível do quadril ou do cotovelo. Os levan-
tamentos iniciando na altura do cotovelo podem continuar até o nível
dos ombros. Níveis mais altos requerem mais esforço.
4. Se a carga não tem alças, amarre uma corda em torno da carga e use
cintas ou ganchos.
5. Evite movimentos de rotação ou torção do tronco quando levantar ou
abaixar uma carga.
6. Tente, sempre que possível, usar um elemento mecânico tal como um
carrinho, uma rampa ou similar. E
7. Tente empurrar e puxar, em vez de levantar e abaixar. Geralmente,
uma esteira pode ser usada para tornar o ato de empurrar ou puxar
mais fácil.
Quadro 2. Representação esquemática do ciclo celular.

Pressão
Dispêndio energético estimado Estabilidade
Fadiga muscular estimada localizada e
para um piso plano e reto (kJ/min) da pessoa
isquemia
Em uma mão Muito alto Muito alta Muito alta Muito pouca
Nas duas mãos Muito alto (30; pesos iguais) Alta Alta Pouca
Preso entre os braços e (Não medido) (Desconhecida) (Desconhecida) (Desconhecida)
o tronco
Na cabeça Baixo (22; suportada por uma mão) (Alta, se estabilizada pela mão) (Desconhecida) Muito pouca
No pescoço Médio (23; tira em torno da testa) (Desconhecida) (Desconhecida) Pouca
Em um ombro (Não medido) Alta Muito alta Muito pouca
Nos ombros Alto (26; carga segura em uma mão) (Desconhecida) Alta Pouca
Nas costas Médio (22; mochila) Baixa (Desconhecida) Pouca
Alto 25; bolsa segura pelas mãos)
No tórax (Não medido) Baixa (Desconhecida) Pouca
No tórax e costas 20, o mais baixo A mais baixa (Desconhecida) Boa
Na cintura, nas nádegas (Não medido) (Desconhecida) (Desconhecida) Muito boa
No quadril (Não medido) Baixa (Desconhecida) Muito boa
Nas pernas (Não medido) Alta (Desconhecida) Boa
No pé O mais alto A mais alta (Desconhecida) Pouca
Fonte: Lewis (1997).
Projeto ergonômico
165
166 Administração da produção

O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH, Instituto Nacional de
Segurança e Saúde Ocupacional) é a agência federal estadunidense que realiza pes-
quisas e publica recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionada
com o trabalho, inclusive normas para levantamento de carga.

Ruído, temperatura e vibração


A exposição ao ruído tem pouco efeito no trabalho manual, mas a concentração
mental, o pensamento e a reflexão são mais difíceis em um ambiente ruidoso
do que em um silencioso. Desta forma, o uso de proteções de enclausura-
mento, divisórias e, em último caso, protetores auriculares seriam formas de
minimizar tal efeito. Destaca-se que ruídos intermitentes e imprevisíveis são
mais perturbadores, bem como sons mais agudos, podendo afetar a qualidade
do trabalho.
Quanto à temperatura, depende da percepção de cada pessoa, bem como
o tipo de trabalho sendo executado: trabalhos mais leves requerem uma tem-
peratura mais alta, enquanto trabalhos mais pesados demandam uma tempe-
ratura mais baixa. De qualquer forma, temperaturas extremas podem causar
desconforto, perda de atenção e mesmo acidentes, sendo importante a utili-
zação de sistemas de regulação da temperatura no ambiente de trabalho.
Já as vibrações afetam seriamente a percepção visual e desempenho psico-
motor e musculatura, com efeito menor nos sistemas circulatório, respiratório
e nervoso, gerando reclamações de dores no peito e costas, tensão muscular,
dores de cabeça, perturbação da visão, dor na garganta, perturbação da fala,
irritação nos intestinos e bexiga. Em casos extremos, a exposição de uma
pessoa a vibrações no posto de trabalho pode, se repetido diariamente, causar
mudanças mórbidas nos órgãos afetados (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Amortecedores, pisos especiais, etc., são recomendados para se reduzir os
efeitos da vibração sobre o corpo humano.
Projeto ergonômico 167

1. A importância dos estudos ergo- 2. II. dirigir um automóvel;


nômicos em projetos de sistemas 3. III. escrever;
produtivos está em garantir: 4. IV. ficar em pé.
a) A máxima produção do traba- São corretas as afirmações:
lhador em sua jornada de tra- a) I e IV.
balho. b) II e III.
b) O mínimo custo dos sistemas de c) I, II e III.
produção. d) II, III e IV.
c) A máxima satisfação dos gestores e) I, II, III e IV.
com o ambiente de trabalho. 4. A situação preferencial, sob o foco
d) O mínimo de empregados afas- ergonômico, para o posicionamento
tados por problemas de saúde. dos cotovelos de um trabalhador
e) A máxima produtividade do em um posto de trabalho é a
sistema homem-máquina. de:
2. A análise do peso das mochilas a) Afastados do corpo, apoiados e
escolares em determinado município dobrados.
brasileiro, a capacidade de disse- b) Apoiados, esticados e próximos
minar informações de negócio via do corpo.
uma rede interna em uma empresa c) Dobrados, livres e próximos ao
e o tempo de reação a um sinal de corpo.
trânsito que fica “vermelho” são d) Próximos ao corpo, apoiados e
exemplos que caracterizam, respec- dobrados.
tivamente os seguintes domínios de e) Livres, esticados e afastados do
especialização da ergonomia: corpo.
a) Física, cognitiva e organizacional. 5. Ao definirmos a posição do traba-
b) Cognitiva, física e organizacional. lhador em um posto de trabalho, é
c) Organizacional, física e cognitiva. preferível que:
d) Física, organizacional e cognitiva. a) Ele fique de pé.
e) Cognitiva, organizacional e física. b) Ele fique sentado.
3. São exemplos de trabalho muscular c) Ele fique deitado.
dinâmico: d) Ele fique recostado.
1. I. andar na garupa de uma moto; e) Ele possa alternar posturas.
168 Administração da produção

CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a vantagem


competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

CORRÊA, V. M.; BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Book-


man, 2015. (Série Tekne).

JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. 13. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2012.

KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao ho-


mem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

PIZO, C. A.; MENEGON, N. L. Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico


do conhecimento gerado. Production, São Paulo, v. 20, n. 4, out./dez. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132010000400013&ln
g=pt&nrm=iso>. Acesso em: 06 set. 2016.

Leitura recomendada
PIRES, L. D.; SOLANO, J. V. N.; ARAÚJO, R. C. P. Ergonomia: avaliação no posto de trabalho
informatizado realizado no centro aplicado de informática e comunicação – CAIC TIC.
Connexio, Natal, v. 2, n. 2, P. 85-99, fev./jul. 2013.
Conteúdo:
Dica do professor
O projeto do sistema produtivo deve integrar as necessidades de mercado com as tecnologias e os
recursos disponíveis, junto aos fatores humanos do trabalho. Nesse sentido, a ergonomia tem
grande relevância. Acompanhe no vídeo!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) A importância dos estudos ergonômicos em projetos de sistemas produtivos está em


garantir:

A) a máxima produção do trabalhador em sua jornada de trabalho.

B) o mínimo custo dos sistemas produtivos.

C) a máxima satisfação dos gestores com o ambiente de trabalho.

D) o mínimo de empregados afastados por problemas de saúde.

E) a máxima produtividade do sistema homem-máquina.

2) A análise do peso das mochilas escolares em determinado município brasileiro, a capacidade


de disseminar informações de negócio via uma rede interna em uma empresa e o tempo de
reação a um sinal de trânsito que fica vermelho são exemplos que caracterizam,
respectivamente, os seguintes domínios de especialização da ergonomia:

A) Física, cognitiva e organizacional.

B) Cognitiva, física e organizacional.

C) Organizacional, física e cognitiva.

D) Física, organizacional e cognitiva.

E) Cognitiva, organizacional e física.

3) São exemplos de trabalho muscular dinâmico:

I. Andar na garupa de uma moto.


II. Dirigir um automóvel.
III. Escrever.
IV. Ficar de pé.

É correto o que se afirma em:


A) I e IV.

B) II e III.

C) I, II e III.

D) II, III e IV.

E) I, II, III e IV.

4) Qual é a situação preferencial, sob o foco ergonômico, para o posicionamento dos cotovelos
de um trabalhador em um posto de trabalho?

A) Afastados do corpo, apoiados e dobrados.

B) Apoiados, esticados e próximos do corpo.

C) Dobrados, livres e próximos ao corpo.

D) Próximos ao corpo, apoiados e dobrados.

E) Livres, esticados e afastados do corpo.

5) Ao definirmos a posição do trabalhador em um posto de trabalho, é preferível que:

A) ele fique de pé.

B) ele fique sentado.

C) ele fique deitado.

D) ele fique recostado.

E) ele possa alternar posturas.


Na prática
Você já pensou em quão inadequado é, sob o ponto de vista da ergonomia, o ato de dirigir um
automóvel? Usamos ao mesmo tempo os membros superiores e inferiores, com trabalho muscular
estático (no caso de manter o acelerador pressionado), muitas vezes com os braços estendidos
executando movimentos que normalmente não são simétricos. Além disso, o motorista faz esforço
muscular (por exemplo, em manobras), bem como está o tempo todo submetido a possível
vibração, ruídos, temperatura inadequada, enquanto precisa manter a atenção na direção, com a
visão focada e alerta a avisos de todo o tipo.

O uso de veículos autônomos (autoguiados), ainda que desagrade os apaixonados pela direção,
pode ser a solução definitiva para esses problemas e salvar muitas vidas.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico


do conhecimento gerado.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Levantamento do perfil antropométrico da população brasileira


usuária do transporte aéreo nacional - Projeto Conhecer.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

KROEMER, Karl E., GRANDJEAN, Etienne. Manual de


ergonomia: adaptando o trabalho ao homem, 5. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2007.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Ergonomia: avaliação no posto de trabalho informatizado


realizado no centro aplicado de informática e comunicação –
CAIC TIC
Faça o download do artigo de PIRES, Leonardo Doro; SOLANO, Joailma Virgília do Nascimento;
ARAÚJO, Rainny Cristina de Paiva. Connexio, Ano II, n.2. fev./jul. 2013, p.85-99.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

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