Você está na página 1de 32

PÓS-GRADUAÇÃO

Qualidade de vida,
saúde, higiene e
segurança no trabalho
PÓS-GRADUAÇÃO

Ergonomia
Bloco 1
Rogério Rodolfo Baptista
Ergonomia – Definições

• A ergonomia tem como objetivo modificar os sistemas de


trabalho para adequar as atividades neles existentes às
características, habilidades e limitações dos trabalhadores para
melhorar seu desempenho e transformar sua atividade
profissional em algo mais confortável e seguro.
Ergonomia – Definições

• A ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao


entendimento das interações entre os seres humanos e outros
elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados
e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema.
• Também podemos dizer que ergonomia visa melhorar a qualidade
de vida no trabalho, contribuindo para a diminuição de acidentes,
adoecimentos, rotatividade e satisfação do trabalhador.
Ergonomia – Problemas abordados

Problemas retrospectivos (já presentes no histórico da


organização), tais como:
• A incidência de doenças ligadas ao trabalho, a inadequação dos
postos de trabalho ou dos ambientes, qualidade insatisfatória
dos produtos e dos processos de produção, ineficiências dos
métodos de produção, de formação, de inspeção, defeitos dos
produtos, com consequente perdas de mercado e aumento do
nível de reclamações dos clientes e o funcionamento
inadequado de equipamentos e softwares.
Ergonomia – Problemas abordados

Problemas prospectivos (referentes as mudanças que


ocorrem na organização), tais como:
• A concepção de novos produtos, de sistemas de produção,
de novas instalações; as inovações nos equipamentos,
como: mobiliário, maquinário, instrumentos e acessórios e
a construção da formação de novos trabalhadores na
implantação de novas tecnologias e ou novos sistemas
organizacionais.
Ergonomia – Problemas abordados

Problemas emergentes/urgentes e ou desconhecidos (nos


casos de emergências):
• Estão relacionados aos cenários de simulação de situações
novas, e estruturação de treinamentos do trabalhador
necessários para conseguir suprir essas situações.
Ergonomia contemporânea

Considera vários aspectos relacionados ao trabalho, como:


• Antropometria física (as dimensões estáticas e
dinâmicas do corpo).
• A fisiologia do trabalho (o funcionamento dos sistemas
fisiológicos em diversos regimes).
• A psicologia experimental (a percepção de sinais, a
discriminação de indícios, a leiturabilidade de
instrumentação).
• A higiene e a toxicologia (os riscos envolvidos nas
atividades).
Ergonomia – Conteúdos

Os conteúdos estudados pela ergonomia podem ser


classificados em três:
• Ergonomia física (posto de trabalho e ambiente fisco).
• Ergonomia cognitiva (individual e coletiva).
• Ergonomia organizacional (normalidade e anormalidade).
Ergonomia física

• Aspectos físicos de uma situação de trabalho.


• Adequar as exigências do trabalho às limitações do corpo por
meio de projetos de interface adequada entre o humano e a
máquina.
• O posto de trabalho, seus utensílios e elementos devem estar
de acordo com as dimensões do ocupante do posto de
trabalho (antropometria).
• A inadequação antropométrica produz o desequilíbrio
postural estático, fator causal das LER/DORT, mas igualmente
a de lombalgias, ciáticas e outros problemas fisiátricos.
Ergonomia cognitiva

• Estudos das habilidades e limitações cognitivas humanas


entre a máquina, as tarefas e o ambiente organizacional.
• Carga mental no trabalho, tomada de decisão, desempenho
especializado, interação homem computador e estresse.
• Os processos estão vinculados a três domínios:
• Cognitivo (conhecimento, compreensão, aplicação,
análise, síntese e avaliação).
• Afetivo (receptividade, resposta, valorização,
organização e caracterização).
• Psicomotor (percepção, posicionamento, mecanização e
domínio complexo).
Processo perceptivo, cognitivo e motor

Figura 1 – Processo perceptivo, cognitivo e motor

Fonte: adaptado de Vidal, (2019, p. 20).


Ergonomia organizacional

• Otimização dos sistemas sociotécnicos, incluindo a estrutura


organizacional, as regras e os processos.
• Compreensão do gerenciamento de pessoas, projetos de
trabalho, cultura organizacional, forma de comunicação,
organização em rede, home office, gestão de qualidade e
modo temporal do trabalho.
PÓS-GRADUAÇÃO

Ergonomia
Bloco 2
Rogério Rodolfo Baptista
EA (Ergonomia da Atividade)

• Busca analisar as contradições presentes na relação entre os


indivíduos e o contexto de produção de bens e serviços e como
as estratégias operatórias individuais e coletivas de mediação
são elaboradas para conseguir atender as exigências nas
situações de trabalho.
• Tem como objeto de investigação a atividade de trabalho:
Trabalho prescrito versus Trabalho real.
• Trata-se de uma estratégia de adaptação às situações reais de
trabalho.
EA (Ergonomia da Atividade) – Traços teóricos

• Esses traços podem ser divididos didaticamente


em três dimensões:

Indivíduo Contexto Trabalho


Concepções da EA – O indivíduo

• É um ser ativo, singular, único, que só pode ser compreendido na


interrelação que estabelece no contexto de trabalho.
• Respeito à variabilidade e à diversidade humana.
• É inteligente, sendo que a coloca constantemente a prova nas
diferentes situações de trabalho.
• Ele interpreta, organiza, antecipa procedimentos e utiliza estratégias
a fim de dar conta das exigências de suas atribuições.
• Compreendê-lo com seu vínculo com o real e não o abstrato.
• A visão de que os equipamentos, instrumentos e máquinas é que
devem ser adaptadas ao ser humano e não o contrário.
Concepções da EA – O contexto de
trabalho
Condições de trabalho:
• Instrumentos (ferramentas, máquinas e documentação).
• Ambiente físico (sinalização, espaço, temperatura, ar, luz e som).
• Matéria-prima (objetos materiais, simbólicos e informacionais).
• Equipamentos (materiais, aspectos arquitetônicos, aparelhagem e
mobiliário).
• Suporte organizacional (informações, suprimentos e tecnologias).
• Políticas de gestão de pessoal (remuneração, desenvolvimento e
benefícios).
Concepções da EA – O contexto de
trabalho
Relações socioprofissionais:
• Relações coletivas (colegas da equipe de
trabalho e de outras equipes).
• Relações hierárquicas (chefias imediatas e
chefias superiores).
• Relações externas (usuários, consumidores
e representantes institucionais – fiscais,
fornecedores).
Concepções da EA – O contexto de
trabalho
Organização do trabalho:
• Produtividade esperada (metas, qualidade e quantidade).
• Divisão do trabalho (hierárquica, técnica e social).
• Regras formais (missão, normas, legislação e procedimentos).
• Regras informais (ofícios, hábitos e práticas).
• Ritmos (prazos e pressões).
• Tempo (jornada, pausas e turnos).
• Controles (supervisão, fiscalização e disciplina).
EA – Método

• Caráter preventivo no diagnóstico ergonômico.


• Busca eliminar as causas dos problemas.
• A EA tem como método a Análise Ergonômica do Trabalho:
• Delimitação da demanda e análise da situação-problema.
• Análise de funcionamento da instituição.
• Análise do processo técnico e das tarefas.
• Análise da atividade.
• Elaboração de um diagnóstico.
PÓS-GRADUAÇÃO

Teoria em Prática
Bloco 3
Rogério Rodolfo Baptista
Teoria na prática

Conheça uma das técnicas de análise do trabalho utilizada pela EA, a


“instrução ao sósia”, que foi desenvolvida por Ivar Odonne, numa fábrica da
FIAT em Turim, nos anos 1970, como forma de compreender o trabalho real
realizado pelos trabalhadores. A atividade consiste em:
a) Procure na internet pelo vídeo Instrução ao Sósia: Técnica de Análise
do Trabalho publicado pela Ergonomia da Atividade.
b) Assista ao vídeo com atenção e identifique as principais características
dessa técnica.
c) Escreva um breve resumo sobre a técnica, abordando, no mínimo, os
temas: seus objetivos, procedimentos utilizados pelo pesquisador,
benefícios da técnica, o papel do pesquisador e os níveis de análise do
trabalho abordados na técnica.
Teoria na prática – Possível resolução

• Objetivo: conhecer o trabalho real.


• Procedimentos: perguntas, gravação.
• Benefícios: o trabalhador torna-se observador de si mesmo.
• O papel do pesquisador: deixar claro que não há respostas certas ou
erradas; fazer perguntas ingênuas que expressam dúvidas, evitar
“porquês” e substituí-los por “como”; recusar o papel de expert.
• Quatro níveis de análise do trabalho:
• O que é habitualmente realizado.
• O que ele não faz.
• O que deveria fazer se for substituído.
• O que poderia fazer mas não faz.
PÓS-GRADUAÇÃO

Dica do Professor
Bloco 4
Rogério Rodolfo Baptista
Dica do professor

François Guérin , A.
Kerguelen , A. Laville.

Livro Compreender o Trabalho


para Transformá-lo: a prática
da ergonomia.
Referências

ABBAD, Gardenia da S.; BORGES-ANDRADE, Jairo E.


Aprendizagem humana em organizações de trabalho. In:
ZANELLI, José C.; BORGES-ANDRADE, Jairo E.; BASTOS,
Antonio V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA (ABERGO). O que
é ergonomia. 2019. Disponível em:
<http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_erg
onomia>. Acesso em: 6 jul. 2019.
Referências

CORREIA, Simone M. S.; SILVEIRA, Carina S. A ergonomia


cognitiva, operacional e organizacional e suas interferências
na produtividade e satisfação dos trabalhadores. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 24.,
2009, Salvador. Anais [...]. Salvador: Abepro, p. 1-16, 2009.
Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_tn_sto_
105_701_12634.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2019.
Referências

FERREIRA, Mário C. A ergonomia da atividade se interessa


pela qualidade de vida no trabalho?: Reflexões empíricas e
teóricas. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, [s.l.],
v. 11, n. 1, p. 83-99, jun./2008. Universidade de São Paulo.
Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/cpst/article/view/25792>.
Acesso em: 7 jul. 2019.
Referências

FERREIRA, Mário C.; ALMEIDA, Cleverson P. de; GUIMARÃES,


Magali C. Ergonomia da Atividade: uma alternativa teórico-
metodológica no campo da psicologia aplicada aos contextos de
trabalho. In: BORGES, Livia de O.; MOURÃO, Luciana. O trabalho e
as organizações: atualizações a partir da Psicologia. Porto Alegre:
Artmed, 2013.
MESQUITA, Simone M. M. et al. Ergonomia, psicodinâmica e
riscos. Estudos Contemporâneos da Subjetividade, Campos dos
Goytacazes, v. 6, n. 1, p. 136-139, 2016. Disponível em:
<http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/1823>.
Acesso em: 7 jul. 2019.
Referências

SILVA, Juliana L. de F.; FORESTO, Denise R.; SANCHES, Viviane L.


G. O papel do psicólogo na intervenção ergonômica. Revista
Funec Científica - Multidisciplinar, Santa Fé do Sul, v. 2, n. 4, p.
81-92, 2013. Disponível em:
<https://seer.funecsantafe.edu.br/index.php?journal=rfc&page=a
rticle&op=view&path%5B%5D=981>. Acesso em: 6 jul. 2019.
VIDAL, Mario C. Introdução à Ergonomia. Curso de Especialização
em Ergonomia Contemporânea do Rio de Janeiro. Universidade
do Brasil, Coppe, UFRJ, 2019. Disponível em:
<http://www.ergonomia.ufpr.br/Introducao%20a%20Ergonomia
%20Vidal%20CESERG.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2019.

Você também pode gostar