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4.

Ergonomia

A Ergonomia é considerada como uma ciência que aborda de forma sistêmica


os aspectos da atividade humana. A palavra Ergonomia, deriva do grego Ergon
que significa trabalho e Nomos que significa normas, regras, leis.

A ergonomia surgiu oficialmente na Inglaterra, ao final da Segunda Guerra


Mundial, em 1948, com a criação da Research Ergonomics Society, sociedade
de pesquisa em ergonomia. No entanto, sabe-se que desde a antiguidade o
homem utiliza ações ergonômicas para melhorar sua condição de vida,
operacionalizando alterações em instrumentos de corte e demais utensílios de
caça e pesca, proporcionando aumento de conforto na realização das
atividades.

Outro fator marcante é a ocorrência de guerras e


as constantes necessidades em adequar os
postos de trabalho e equipamentos. Surgi então,
a necessidade de criar grupos envolvendo
diversos conhecimentos, tais como engenheiros,
psicólogos e fisiologistas que aplicaram suas
técnicas e remodelaram aviões de caça ingleses,
gerando o surgimento oficial da ciência dos
postos de trabalho, a ergonomia.

Têm-se ainda registros que a ergonomia como atividade e ciência surgiu na


França e na Bélgica, tendo sido marcada pela preocupação de pesquisadores
Europeus no século XX. A ergonomia esta associada ao estudo dos
movimentos dos operários com foco em atender as demandas sindicais pela
eliminação dos efeitos nocivos que os ambientes geravam, proporcionando
melhores condições de trabalho garantindo a saúde dos trabalhadores.

Após essa fase, a ergonomia teve como proposta inverter o paradigma


taylorista, que tinha como concepção adaptar o homem ao trabalho, enquanto
a ergonomia tem como foco adaptar o trabalho ao homem.

Ação: Pesquisa sobre a Metodologia do Estudo de Taylor e as Organizações.

A definição oficial para ergonomia foi adotada em 2000 pela IEA - Associação
Internacional de Ergonomia, sendo considerada como disciplina científica
relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos,
elementos e sistemas, tendo como foco aplicar teorias, princípios, dados e
métodos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global dos
processos.
Na atualidade, com a evolução dos ambientes de trabalho, a ergonomia tornou-
se ferramenta de interesse das classes profissionais, auxiliando na busca
constante por melhorias na relação homem, ambiente e máquina. No entanto,
observa-se que a implantação de práticas e princípios ergonômicos ainda é de
conhecimento limitado das empresas, resultando em um elevando número de
acidentes e doenças do trabalho, além de prejuízos nos processos.

As empresas devem então, analisar sistematicamente as condições de trabalho


sob o ponto de vista da ergonomia, visando a implantação de soluções práticas
e econômicas que possibilitem melhores condições de trabalho, adequando o
trabalho ao homem. O objetivo é buscar a melhor interação entre a pessoa,
ambiente e produto, respeitando suas capacidades e seus limites.

T1- Aspectos básicos da Ergonomia

Ambientes inadequados, formação profissional insuficiente, falhas na


concepção dos postos de trabalho, entre outros fatores, geram retrabalho e
perdas no processo, repercutindo no valor final do produto e resultando em
problemas de saúde para os envolvidos no processo.

As empresas devem aplicar a ergonomia com objetivo de promover a


segurança e o bem-estar dos trabalhadores, através da otimização de tarefas,
redução de custos e melhor produtividade do sistema. Mas vale ressaltar que a
implantação de ações ergonômicas não é opcional e, sim, obrigatória.

A Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, através da Norma


Regulamentadora - NR 17, que dispõe sobre Ergonomia, relata claramente a
obrigatoriedade do desenvolvimento e implantação de um estudo ergonômico
nas organizações através de diretrizes que permitam a adoção de práticas de
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, maximizando o conforto, segurança e aumentando o
desempenho.

Psicofisiológia está relacionada a aspectos fisiológicos e psíquicos.

O estudo e adoção dessas práticas e ações


ergonômicas envolvem profissionais capazes de
aplicar técnicas que resultem em melhorias no
processo de trabalho, nas máquinas,
equipamentos, ferramentas e ambiente. Desta
forma, engenheiros, arquitetos, profissionais da
área de saúde e segurança ocupacional,
profissionais de educação física, entre outros,
fazem interface dos conhecimentos associados
a cada uma das profissões, proporcionando melhoria na interação homem e
trabalho.

De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, o estudo da


ergonomia está atrelado e pode ser dividido em:

a) Ergonomia física: relacionada com as características da anatomia


humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à
atividade física.

b) Ergonomia cognitiva: relacionada aos processos mentais, tais como


percepção, memória, raciocínio e resposta motora.

c) Ergonomia organizacional: relacionada à otimização dos sistemas,


incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos.

E comum quando pensar em ergonomia, lembrar-se de duas siglas muito


comentadas, a LER e DORT. A primeira trata de Lesões por Esforços
Repetitivos e a segunda de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho. Ambos estão associados a diversas patologias, sendo as mais
conhecidas a bursite, a tenossinovite e a tendinite, constituindo em um sério
problema humano e econômico, gerando prejuízos para as organizações.

O termo LER vem sendo substituído por DORT,


pois o primeiro trata de quando a pessoa já
sofreu alguma lesão e a segunda admite a
presença de sintomas que afetam tendões,
sinovias, articulações, nervos, músculos, sem a
ocorrência de lesão pelo excesso de uso do
sistema osteomuscular no trabalho.

Esse tipo de problema ainda esta relacionado à restrição de produtividade e


redução na qualidade de execução das atividades, afastamento de
funcionários, custos com tratamentos e descrédito do empregado no
empregador.

T2-Antropometria

A antropometria é o estudo ou análise quantitativa das medidas humanas. Com


base nesse estudo é possível conceber ambientes com máquina e postos de
trabalhos adequados às dimensões corporais de uma determinada população.

Até a década de 40, esta análise buscava conhecer apenas algumas medidas
da população, como peso e estatura; passando, posteriormente, para
determinação das variações e alcance dos movimentos, uma vez que é de
conhecimento geral que homens e mulheres possuem medidas e pesos
distintos. Atualmente, realiza-se uma análise mais detalhada da diferença entre
grupos, envolvendo a observação de etnia, alimentação e saúde. Pode-se
dizer, em resumo, que Antropometria - Anthropos (homem) + Metron (medida)
- é a ciência que estuda os valores métricos humanos e suas relações com o
meio, considerando a amplitude dos seus movimentos.

A Antropometria, ainda pode ser entendida como uma área da ciência humana
que estuda as medidas do corpo, especificamente, tamanho e formas, com
foco no dimensionamento do espaço de trabalho e no desenvolvimento de
novos produtos tais como mobília, veículos, máquinas e equipamentos.

Homens e mulheres possuem corpos com características e dimensões (altura,


estrutura óssea e muscular) distintas; logo, deve-se levar em consideração as
medidas das pessoas de forma distinta. Este tipo de estudo interessa aos
setores produtivos, uma vez que o mau dimensionamento de equipamentos e
postos de trabalho pode acarretar prejuízos para linha de produção. E possível
ainda observar que com o avanço tecnológico, haverá um aumento na precisão
e automatização das técnicas de medida, resultando em um melhor
desempenho do estudo antrométrico.

Sempre que possível, às medições antropométricas devem ser realizadas


diretamente para atender ao usuário final, definindo-se antecipadamente o
objetivo da avaliação e determinando se a aplicação será estática, dinâmica ou
funcional.

a) Antropometria estática: medidas relacionadas ao corpo parado em


pontos claramente identificados;
b) Antropometria dinâmica: medidas do alcance do corpo (movimentos),
relacionadas ao alcance em relação ao resto do corpo estático;
c) Antropometria funcional: medidas relacionadas a execução de tarefas
específicas, observando-se como cada parte do corpo com os diversos
movimentos de uma função.

Para auxiliar no entendimento podemos utilizar


como exemplo o posto de trabalho de um
digitador. Neste caso, devem ser avaliadas: as
alturas da lombar - associando ao encosto da
cadeira; altura do cotovelo - associando a altura
da mesa; altura dos joelhos - associando a
altura do assento da cadeira; altura da coxa -
associando ao espaço existente entre o assento
e a mesa; e altura dos olhos - relacionado ao
posicionamento do monitor e ângulo da visão.
Para cada tipo de trabalho deve-se aplicar um tipo de medição específica de
acordo com o que se quer avaliar.

T3 - Arranjo físico

As constantes necessidades de reestruturação mundial e o intenso processo


de inovação tecnológica, automação e informatização dos processos têm
impulsionado mudanças nas empresas. Estas organizações, por sua vez,
buscam proporcionar ambientes adequados de trabalho observando a
disposição lógica dos processos, pessoas, materiais e equipamentos, de
maneira a resultar em maior eficiência dos recursos e maior eficácia dos
trabalhos.

O trabalho da ergonomia na observação e melhoria dos arranjos físicos passa


a ser uma estratégia corporativa das empresas, aumentando a competitividade
no atual mercado de trabalho.

Pode-se dizer que Arranjo Físico é a


distribuição do espaço existente de forma
lógica a amoldar-se às necessidades dos
processos e atividades ou da sequência de
produção. Este tipo de distribuição tem foco
avaliar a relação custo x benefício,
racionalizar os ambientes, otimizar o fluxo de
materiais e pessoas e propiciar melhor
distribuição das informações.

Uma empresa pode ter um único tipo de arranjo físico ou mais de um, sendo os
principais:

a) Linha: Este tipo de arranjo é utilizado para produção de produtos com


grande volume de produção, como por exemplo, na montagem de
veículos. Oferece baixa flexibilidade, pois seus processos são rígidos.

b) Funcional: As máquinas, equipamentos e pessoas estão distribuídos de


forma a possibilitar que o produto passe pelos setores ou postos de
trabalho de acordo com o planejamento de produção. Neste tipo de
arranjo é possível personalizar e diversificar os produtos e serviços.

c) Posicional: Um receptor (pessoa ou objeto) fica em uma posição fixa


enquanto o fornecedor (recursos humanos ou materiais) se desloca até
ele. Esse tipo de arranjo é executado principalmente na produção de
produtos de grande porte, como em estradas, pontes, viadutos, aviões,
etc.
d) Célula: Também pode ser identificado como uma combinação entre o
arranjo funcional e o arranjo de linha, pois os recursos são organizados
como o funcional e o fluxo de materiais ocorre como o de linha.

Visando proporcionar um ambiente físico adequado, maximizando a produção,


reduzindo custos, aumentando a qualidade dos produtos e satisfação dos
clientes. Além de eliminar os riscos de afastamento por doenças e acidentes no
trabalho, as empresas devem analisar, dimensionar e projetar um arranjo físico
de acordo com as atividades a serem desenvolvidas.

Quando a empresa se propõe a ter mais de um desses arranjos implantados


em seu sistema produtivo, admite-se que tem um processo por arranjo físico
misto. Nesta situação a empresa pretende extrair o máximo de produtividade
de cada um dos arranjos citados anteriormente.

Pesquise na internet: Vantagens e desvantagens de cada tipo de arranjo.

A observação de fatores físicos existentes nos ambientes de trabalho torna-se


necessária, uma vez que situações inadequadas afetam o desempenho, a
saúde do trabalhador e a produtividade da empresa. Situações a serem
observadas em acordo com a NR 17:

a) Iluminação: O nível de iluminamento existente no ambiente de trabalho


deve proporcionar conforto para o trabalhador e estar adequado aos
padrões da Norma Brasileira – ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013, que
atribui níveis de iluminância para interiores. Iluminamento abaixo ou
acima desses padrões proporciona sobrecarga da visão podendo
provocar fadiga, dores de cabeça, acidentes do trabalho e outros
problemas de saúde.

Nota: A norma NBR 5413 que consta atualmente na NR 17 foi substituída


pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013.
b) Ruído: De acordo com padrões brasileiros, ruído acima de 80 dB (A),
podem provocar danos ao aparelho auditivo. Para fins de conforto
acústico, a NBR 10152 apresenta uma tabela com valores indicados por
ambiente.
c) Temperatura: A temperatura ideal para um ambiente de trabalho deve
ser entre 20ºC e 23ºC.
d) Umidade: Umidade não inferior a 40% .
e) Ventilação: Velocidade de ar não superior a 0,75m/s.

Conclui-se que o planejamento do arranjo físico visa proporcionar melhor


utilização do tempo, economia dos movimentos, eficiência no processo de
produção, redução de fadiga, melhor qualidade dos ambientes, aumento na
motivação dos funcionários, entre outros benefícios, sendo o foco ergonômico
neste planejamento a redução dos esforços biomecânicos e a iteração entre o
processo e as pessoas. Deve-se, para este fim, analisar o sistema pessoa-
tarefa-máquina, conforme fluxo abaixo, observando suas interferências e
fatores associados a estes.

Pessoas

Tarefas Máquinas

Ou seja, estudar as interferências entre esses elementos do sistema e a


disposição de forma a permitir um melhor conforto e o máximo de rendimento,
através de observação exploratória e entrevistas focalizadas.

T4 - Etapas de intervenção

O foco de uma intervenção ergonômica está na melhoria dos locais de


trabalho, através da gestão operacional sobre a realidade do trabalho, com
base na identificação das funções sensoriais, motoras, cognitivas e análise das
operações do sistema sócio técnico.

O profissional ou grupo responsável pela


intervenção deve estar focado na atividade
do trabalho humano visando observar,
identificar, descrever e quantificar os
comportamentos observáveis. Ou seja, o
ergonomista deve conhecer as ações que
estão sendo exercidas, a comunicação, a
interação e os deslocamentos entre os
envolvidos no processo, o fluxo de
informações e as posturas exercidas para execução da atividade.

Estas ações estão atreladas à identificação das funções sensoriais, físicas e


cognitivas. Já a análise da operação sócio técnica, esta atrelada a análise de
informações relacionadas ao trabalhador, a elementos técnicos, e ao sistema
como um todo.

A análise deve incluir o estado de saúde, lesões, competência, carga de


trabalho e motivação dos trabalhadores, a eficiência e eficácia dos elementos
técnicos, a cultura da empresa, produtividade, padrão de qualidade e
flexibilidade do sistema.

A figura abaixo apresenta aspectos de pessoas e sistema que devem ser


considerados num diagnóstico ergonômico.
Pessoas: Sistema:

- Características físicas e motoras; - Tarefas e objetivos;

- Formação e competências; - Máquinas, ferramentas e meios


disponíveis;
- Estado de fadiga e ritmo.
- Procedimento de trabalho;

- Estrutura organizacional.

O objetivo final da intervenção ergonômica é adequar o ambiente de trabalho e


executar ações em prol da melhoria do ambiente com foco nas pessoas e
sistema. Estas ações podem incluir criação de novas normas, métodos e
postos de trabalho, reformulação do processo e intervenções no processo de
higiene e segurança dos funcionários.

Um exemplo de intervenção é a análise das cadeiras utilizadas, mesas e


postos de trabalhos, avaliação de equipamentos e ferramentas utilizados,
verificação da situação do manuseio, levantamento e transporte de cargas.

Também podem ser realizadas para evitar esforços excessivos e prolongados:

I. Atuação na conscientização dos trabalhadores, através de: realização


de palestras, cursos básicos de ergonomia, fixação de cartazes para
divulgar ações e informações úteis, implantação do programa de
ginástica laboral, entre outras ações;
II. Ações de mudança da organização do trabalho: evitando horas extras e
dobras de turnos, respeitando os intervalos de refeição e descanso,
controlando velocidade de produção e criando escala de revezamento.
As inovações tecnológicas que surgem constantemente, a criação de
processos robotizados e a evolução dos sistemas de informação, implicam
diretamente para melhoria dos processos e da ergonomia. Percebe-se com
estas novidades a racionalização dos processos, redução dos custos e
melhoria nos controles. Se somadas à aplicação de modernos conceitos
ergonômicos promoverão significativa qualidade de vida para o trabalhador.
- Atividades

1. A ergonomia é uma ciência nova? Explique.


2. Qual o principal objetivo de uma intervenção ergonômica?
3. Qual a interferência do arranjo físico na ergonomia?
4. Cite dois exemplos para cada tipo de arranjo físico.
5. Pesquisar níveis de iluminamento para cinco ambientes na norma ABNT
NBR ISO/CIE 8995-1:2013 e ruído na norma NBR 10152.
6. Que norma regulamentadora trata especificamente de ergonomia? Fale
um pouco sobre ela e suas diretrizes.
7. O estudo da ergonomia pode ser dividido em que tipos?
8. O que você entende sobre LER e DORT?
9. Qual a relação da antropometria com a ergonomia?
10. Cite dois benefícios aplicados à intervenção ergonomia praticada na
empresa.

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