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7.

Programas de saúde e segurança do trabalho

7.1 Programa de prevenção de riscos ambientais – PPRA

Trata-se de um programa exigido para todas as empresas, que mantenham trabalhadores


como empregados. A responsabilidade de elaboração e implantação é do empregador,
independente do grau de risco e do número de empregados
existentes na empresa. O objetivo deste programa é a
preservação da saúde e integridade física dos empregados,
através do registro dos riscos existentes, contando ainda com
o número de empregados e tempo de exposição aos riscos.
Pode-se ainda dizer que o PPRA é um programa de
gerenciamento que tem ação contínua.

Os acidentes do trabalho podem ser reunidos em cinco grandes grupos de riscos, os físicos,
químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Para fins de PPRA, a legislação considera
como riscos ambientais e que devem ser monitorados e registrados no programa os três
primeiros.

Neste programa, tanto empregadores quanto empregados possuem


deveres, devendo estes trabalhar em conjunto para desenvolvimento e
um eficaz desenvolvimento e aplicação do programa. A NR 9,
estabelece como obrigatoriedade as descritas abaixo:

EMPREGADOR EMPREGADOS
Estabelecer o programa Participar da implantação do programa
Implantar o programa Seguir as orientações referidas no programa
Garantir o cumprimento do programa Informar ao superior qualquer situação de risco
Deixar o documento disponível para fiscalização
Assegurar direito de participação dos
trabalhadores

O PPRA é desenvolvido nas fases de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos


riscos existentes no ambiente laboral, auxiliando na criação de uma cultura preventiva entre
trabalhadores e empresários, redução das ações que possam vir a desencadear situações
causadoras de riscos, além de educação de trabalhadores. As regras para elaboração,
desenvolvimento e implantação estão estabelecidas na NR 9, cujo título é o próprio nome do
programa, estando em vigor desde 1994.

Conforme citado anteriormente, a referida norma estabelece que os riscos


identificados no PPRA sejam os classificados como riscos físicos,
químicos e biológicos. Pode-se dizer que estes são riscos capazes de
causar danos à saúde dos empregados em função de sua natureza,
intensidade, concentração e tempo de exposição. No quadro abaixo, é
possível identificar os riscos de acordo com sua classificação.
RISCOS FÍSICOS RISCOS QUÍMICOS RISCOS BIOLÓGICOS
Ruído Poeiras Bactérias
Vibrações Fumos Fungos
Névoas
Pressões anormais Bacilos
Neblinas
Temperaturas extremas Gases ou vapores Parasitas
Radiações ionizantes Protozoários
Radiações não ionizantes Vírus
Infra-som e o ultra-som

As situações descritas no quadro acima podem, ou não, tornar-se perniciosas a saúde do


trabalhador, logo, faz-se necessário determinar as concentrações existentes no ambiente de
trabalho para caracterização do risco. Os monitoramentos são realizados nas funções mais
representativas, nas áreas onde os funcionários estiverem expostos aos riscos com mais
frequência. Considerando ainda, o tempo de exposição dos trabalhadores, a NR 9 determina
que o levantamento dos riscos contemple as etapas de identificação do risco, trajetória do
agente, determinação e localização da fonte geradora do risco e funções e número de
trabalhadores expostos.

Os riscos identificados deverão ser controlados, através de medidas que garantam em primeiro
lugar sua eliminação, quando não possível por medidas que garantam sua minimização ou
controle. Sendo essas medidas monitoradas através de uma avaliação sistemática para
identificação da eficácia.

O programa conta com uma estrutura onde deverá ser registrado um planejamento anual,
incluindo as metas e prioridades, a estratégia de amostragem e controle dos riscos
identificados, os métodos que serão utilizados para controle, bem como as formas que serão
aplicadas para registro, manutenção e divulgação dos dados, além da periodicidade e forma de
avaliação do programa. As etapas previstas no PPRA são:
• Antecipação e reconhecimento dos riscos;
• Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
• Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
• Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
• Monitoramento da exposição aos riscos;
• Registro e divulgação dos dados.

O programa deverá ser analisado globalmente pelo menos uma vez ao ano, essa análise pode
ser realizada através da elaboração de um cronograma incluindo os prazos para
desenvolvimento e cumprimento das ações estabelecidas. Na tabela a seguir, é possível
observar um modelo de cronograma para PPRA com exemplos de ações a serem
desenvolvidas mediante os riscos identificados.
CRONOGRAMA DE AÇÕES
INDETIFICAÇÃO SITUAÇÃO MEDIDAS ROPOSTAS PRAZO

Responsável pelo estabelecimento dos prazos:______________________________.

Independente do grau de risco ou quantidade de empregados, todas as instituições que


admitem trabalhadores como empregados devem elaborar e implementar o PPRA. Desta
forma, pode-se perceber que tanto uma refinaria de petróleo, a um escritório deve desenvolver
o programa.

Foco do PPRA – Ser a metodologia de ação que garanta a preservação da saúde e da


integridade física dos trabalhadores.

O PPRA tem relação com as demais NRs, devendo este ter suas ações articuladas ao
atendimento dos diversos programas existentes na empresa. A relação mais estreita esta com
a NR 7, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, estando
o PPRA focado em levantar e eliminar os riscos ambientais existentes e o segundo em
determinar um plano de saúde ocupacional para os trabalhadores, incluindo os exames
necessários para monitoramento da saúde face aos riscos identificados no PPRA.

7.2 Programa de controle das condições do meio ambiente de trabalho na indústria da


construção civil – PCMAT

O universo da construção civil é conhecido pela variedade dos riscos, necessidade de


aplicação de medidas preventivas complexas, alta rotatividade, face às diversas fases da obra,
baixa qualificação de mão-de-obra e terceirização. Estatísticas mostram que os principais
riscos estão associados à queda em altura, soterramento, choque elétrico e máquinas e
equipamentos sem proteção. Desta forma, fica claro a necessidade do desenvolvimento de um
programa que observe e controle essas situações.

O PCMAT está previsto na NR 18, tratando-se de um


programa obrigatório, direcionado exclusivamente para
construção civil, tendo como foco garantir a preservação da
saúde e integridade física do trabalhador deste tipo de
indústria, através do estabelecimento de condições e diretrizes
de segurança do trabalho para as atividades desenvolvidas.
Pode-se dizer ainda, que através do estabelecimento de um
sistema de gestão de segurança do trabalho, nas atividades da
construção civil, o referido programa abrange funcionários próprios, terceirizados, fornecedores
e visitantes. Ou seja, todos que tenham acesso às instalações da obra. Desta forma, todas as
etapas da obra, precisam ser claramente definidas e observadas durante o desenvolvimento do
programa.

PROCEDIMENTOS DE ORDEM
ADMINISTRATIVA

ETAPAS DA PROCEDIMENTOS DE MEDIDAS DE


OBRA PLANEJAMENTO SEGURANÇA

PROCEDIMENTOS DE
ORGANIZAÇÃO

Apesar da obrigatoriedade de desenvolvimento e aplicação do programa, as obras de


construção civil ficam obrigadas a aplicação deste, somente quando possuírem acima de 20
trabalhadores como empregados, caso esse número seja inferior, a indústria da construção civil
pode optar por desenvolver e aplicar o PPRA em suas instalações.

É possível dizer que o PCMAT é um programa mais detalhado que o PPRA, para fins de
construção civil, por trazer em seu desenvolvimento as particularidades e obrigatoriedades das
proteções coletivas que devem estar presentes nas diversas fases da obra. Como exemplo
pode-se citar, os projetos de andaimes, linhas de vida, etc. Mas, contemplando ainda as
exigências contidas no PPRA.

PCMAT PPRA

Diversas fases da obra. Programa genérico

> 20 trabalhadores. < 20 trabalhadores.

O PCMAT deve ainda estar em sintonia com o PCMSO. No PCMAT são determinados os
riscos existentes e as providências para eliminação, minimização ou controle destes. E o
PCMSO acompanha os funcionários através de exames previstos para auxiliar na verificação
da eficácia das medidas de neutralização dos riscos identificados.

O desenvolvimento do PCMAT é de responsabilidade do empregador, devendo para sua


elaboração se realizar uma análise dos projetos da obra, vistoria no local, reconhecimento e
avaliação dos riscos e elaboração de um documento base. A NR 18 prevê que neste programa,
se contemple:
- Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações;
- Projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas da obra;
- Especificação técnica das proteções coletivas e individuais;
- Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT;
- Layout inicial e atualizado do canteiro de obras;
- Programa educativo com a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho.

Para um eficaz desenvolvimento e aplicação do programa é necessário o compromisso da alta


direção da empresa para definição de uma política de saúde e segurança e determinação de
critérios de qualificação e contratação de mão-de-obra. Pode-se observar que o gerenciamento
do ambiente de trabalho, contemplando o levantamento dos riscos dos processos e orientação
dos trabalhadores, consegue-se a redução dos acidentes e doenças do trabalho.

Dimensionamento das Medidas de segurança das máquinas,


Responsabilidades
proteções coletivas equipamentos e ferramentas

Especificação dos tipos de PRINCIPAIS AÇÕES Informações da obra


proteção individual DO PCMAT

Riscos ocupacionais, formas de


Treinamentos necessários Treinamentos controle e avaliação

A visão da segurança no trabalho deve ser sistêmica, e contemplar aspectos do processo


produtivo nos sistemas construtivos. A partir de uma análise de riscos, penosidade, custos,
processos e produtos, torna-se necessário prover projetos com soluções para a proteção dos
operários através de detalhes e especificações. E nesse momento que entra o PCMAT que
deve estar atrelado ao projeto e ao processo construtivo da obra.

7.3 - Programa de Proteção Respiratória – PPR

As empresas passíveis de gerar doenças ocupacionais


associadas aos riscos respiratórios devem desenvolver e
implantar o PPR. Esses riscos estão associados aos ambientes
com poeiras, fumos, névoas, gases e vapores. O foco é minimizar a
contaminação do local de trabalho através da aplicação de
medidas de controle de engenharia e na impossibilidade de
implantação das medidas, através da utilização de respiradores
apropriados, também conhecidos como EPR – Equipamentos de Proteção Respiratória.

O PPRA prevê que prioritariamente a empresa deve adotar medidas de proteção coletiva, com
foco na neutralização dos riscos existentes, no entanto, quando estas medidas não forem
suficientes, ações de proteção individual devem ser adotadas. Neste contexto, entra o PPR,
com práticas que visem adotar ações para utilização eficaz do EPR. O PPR ainda tem ligação
com o PCMSO, uma vez que exames médicos específicos podem ser solicitados para o
funcionário utilizador do EPR, por recomendação médica.

A Instrução Normativa – I.N. 01 de 11 de abril de 1994, do Ministério do Trabalho e Emprego,


estabelece regulamento técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória,
incluindo as definições de responsabilidades para os empregadores e empregados, que podem
ser observadas resumidamente no quadro a seguir.

EMPREGADOR EMPREGADOS
 Fornecer respirador apropriado.  Utilizar o EPR de acordo com orientações
 Estabelecer e manter um programa para uso do recebidas.
EPR.  Zelar pelo seu EPR.
 Permitir saída do trabalhador da área de risco  Sair da área de risco em caso de não
em casos de problemas com o respirador. conformidade com o EPR.
 Comunicar alterações em seu estado de saúde.

Apesar da obrigatoriedade o EPR, este só poderá ser utilizado após aprovação do MTE através
do Certificado de Aprovação – C.A, pois se trata de um Equipamento de Proteção Individual –
EPI. Além do certificado de aprovação, é necessário observar outras questões administrativas,
tais como:

- As características físicas do ambiente;

- A necessidade de utilização de outros EPIs;

- Demandas físicas das atividades a serem desenvolvidas;

- Tempo de uso do EPR em relação à jornada de trabalho;

- Existência de uma atmosfera Imediatamente Perigosa a Vida e a Saúde – IPVS.

Nota: Exemplo de atmosfera IPVS – Ambientes com baixa concentração de oxigênio;


Ambientes com risco de atmosferas inflamáveis ou explosivas.

A FUNDACENTRO recomenda como requisitos mínimos para desenvolvimento do programa a


abrangência dos itens que seguem:

a) Administração do programa;
b) Existência de procedimentos operacionais escritos;
c) Exame médico do candidato ao uso de respiradores;
d) Seleção de respiradores;
e) Treinamento;
f) Uso de barba;
g) Ensaios de vedação;
h) Manutenção, higienização e guarda de respiradores;
i) Utilização de respiradores de fuga, emergência e resgate;
j) Avaliação periódica do programa.

Nota: Visite a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho –


FUNDACENTRO (www.fundacentro.gov.br) e conheça a publicação intitulada Programa de
Proteção Respiratória – Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores. Publicação
referenciada na IN Nº01 do MTE de 1994 e que deve ser seguida para desenvolvimento do
PPR.

7.4 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO

Programa regulamentado pela NR 7, tendo como objetivo a promoção e preservação da saúde


dos trabalhadores. O PCMSO é elaborado com base nos riscos existentes no ambiente laboral,
logo, deve está articulado com as demais normas regulamentadoras, ficando claro a articulação
com a NR 9 – PPRA e NR 18 – PCMAT.
A portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE,
regulamentou PCMSO através da Norma Regulamentadora nº 7, tendo como objetivo a
promoção e preservação da saúde dos trabalhadores.

O foco do PCMSO é a realização de exames médicos, que devem ser previstos na concepção
do programa. Estes exames são divididos em admissional, periódico, exame de retorno ao
trabalho, mudança de função e demissional, descrito no quadro abaixo:

ADMISSIONAL PERIÓDICO RETORNO AO MUDANÇA DE DEMISSIONAL


TRABALHO FUNÇÃO
Exame que deve Exame que deve Exame realizado Exame realizado Exame realizado
ser realizado ser realizado pelo no primeiro dia da sempre antes de até a data da
antes que o menos uma vez volta ao trabalho, mudança de homologação da
trabalhador ao ano. Podendo nos casos de função. demissão.
assuma suas ser ampliado ou afastamento por Podendo este
atividades na reduzido de um período igual prazo ser
empresa. acordo com o ou maior que 30 ampliado de
risco e idade dos dias. acordo com esta
funcionários. norma.

Estes exames devem contemplar avaliação clínica, anamnese ocupacional, exames físico e
mental, além de exames complementares de acordo com riscos específicos.

Entende-se por anamnese ocupacional: a entrevista inicial realizada por um profissional de


saúde ao trabalhador.

Para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO),
em 2 (duas) vias: a primeira via ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, à
disposição da fiscalização do trabalho. A segunda via do ASO será obrigatoriamente entregue
ao trabalhador, mediante recibo na primeira via.

O ASO deverá conter no mínimo:


 nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;
 os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do
empregado;
 indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador;
 o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo Conselho Regional de
Medicina (CRM);
 definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer,
exerce ou exerceu;
 nome do médico encarregado do exame, endereço ou forma de contato;
 data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número
de inscrição no CRM.

Os dados obtidos nos exames médicos, deverão ser registrados em prontuário clínico
individual e mantidos por período mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do
trabalhador.

Algumas situações devem ser observadas após realização dos exames, como por exemplo a
constatação de exposição excessiva ao risco. Em situações como este deverá se proceder o
afastamento do trabalhador do local de exposição e acompanhamento do indicador biológico
de exposição. O trabalhador só deve retornar ao local de trabalho após aplicação das medidas
de controle de risco no ambiente.

Sendo constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, ou sendo verificadas


alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos
exames, mesmo sem apresentar sintomas, caberá ao médico-coordenador ou encarregado:

a) solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT;


b) indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco, ou do
trabalho;
c) encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento de nexo causal;
d) orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de controle no ambiente
de trabalho.

A NR 7 prevê responsabilidades para o empregador, sendo uma delas, o desenvolvimento e


implantação do PCMSO. Esta norma ainda ressalta que o empregador deve indicar um médico
do trabalho para elaboração e coordenação do programa, e que nenhum tipo de ônus pode ser
repassado para os empregados. O médico coordenador poderá se encarregar de realizar os
exames previstos no programa ou indicar outro médico para realizar tal ação.

Algumas empresas ficam desobrigadas de indicar médico coordenador, vale a pena


consultar a norma.

O relatório anual deverá discriminar, por setores da empresa, o número e a natureza dos
exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de
resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano, devendo
também ser apresentado e discutido na CIPA. As empresas desobrigadas de indicarem médico
coordenador, ficam dispensadas de elaborar o relatório anual.

Em relação aos primeiros socorros:


Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação dos
primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter esse
material guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.

Finalizando, torna-se importante mencionar, que é parte integrante do PCMSO a elaboração de


programas de promoção a saúde no trabalho, devendo ser estabelecidas dentro do
cronograma anual, determinando o período de realização para as atividades previstas.

7.5 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA

O programa de conservação auditiva (PCA) tem por objetivo prevenir as perdas auditivas
ocupacionais, protegendo assim, a saúde do trabalhador. Medidas preventivas e corretivas
devem ser implantadas, evitando os problemas de comunicação, localização da fonte sonora,
sinais sonoros de alerta, entre outros. O PCA deve ser um processo sempre contínuo e
dinâmico.

Para a implantação do PCA, a característica interdisciplinar é essencial, pois, deve envolver os


profissionais da área de saúde e segurança, da gestão e dos trabalhadores, com esta
integração, as chances de sucesso na realização do programa aumentam.

Para o estabelecimento das recomendações mínimas para elaboração de um PCA,


publicações oficiais determinam esta construção, são:

NR 7 - PCMSO e NR 9 – PPRA do Ministério do Trabalho e Emprego;


Portaria Nº 19 de 09/04/98 do Ministério do Trabalho e Emprego; e
OS Nº 608 do INSS e a instrução normativa nº 78 – Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
– Ministério da Previdência e Assistência Social.

As etapas devem compreender:

I. Reconhecimento e avaliação de riscos para audição:


a) Identificar e avaliar, todos os riscos que possam afetar a audição, como: os níveis elevados
de pressão sonora, produtos químicos, vibrações e outros, levando em consideração as
possibilidades de interações entre os agentes.
b) A caracterização da exposição, só é possível por meio de avaliação individual ou coletiva, e
conhecimento da função que o trabalhador exerce.

II. Gerenciamento Audiométrico


Padronização dos procedimentos para a realização e análise de exames com o objetivo de
identificar alterações audiométricas ocupacionais ou não ocupacionais.

III. Medidas de Proteção Coletiva (Engenharia, Administrativas)


1º Controle da emissão na fonte principal de exposição ou risco.
2º Controle da propagação do agente no ambiente de trabalho.
3º Controles administrativos, como: rodízio de função e máquinas, mudança de função,
redução da exposição, dentre outras.

IV. Medidas de Proteção Individual


Seleção, indicação, adaptação e acompanhamento da utilização do equipamento de proteção
individual adequado aos riscos.

V. Educação e Motivação
Desenvolvimento de atividades que propiciem informação, treinamento e motivação, para os
trabalhadores expostos e profissionais das áreas de saúde, segurança e administração da
instituição. Podendo ser utilizados recursos didáticos, como: faixas, cartazes, panfletos,
palestra, dentre outros.

VI. Gerenciamento dos Dados


Sistematização dos dados obtidos nas etapas anteriores, de modo a subsidiar ações de
planejamento e controle do PCA. A obtenção de dados através de estudos epidemiológicos,
como perfil da situação de saúde auditiva dos trabalhadores, também se tornam de suma
importância.

VII. Avaliação do Programa


Sendo o objetivo primordial de qualquer PCA evitar ou reduzir a ocorrência de perdas auditivas
ocupacionais, esta etapa deve priorizar: avaliação da abrangência e a qualidade dos
componentes do programa. Avaliação dos resultados dos exames audiométricos, individual e
setorialmente.

O sucesso do PCA está atrelado à educação para saúde auditiva, trabalhadores e empregados
devem se conscientizar das consequências dos agentes nocivos a audição nos locais de
trabalho, com as respectivas medidas preventivas e minimizadoras do processo de
adoecimento auditivo.

Para os trabalhadores que apresentem perdas auditivas ocupacionais, a reabilitação e o apoio


são essenciais, como o fornecimento de informações sobre a perda auditiva, o suporte
psicossocial, os cuidados com a audição, e a inclusão das habilidades auditivas e de
comunicação para o trabalhador.

7.6 PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Programas de qualidade de vida e de promoção à saúde visam o desenvolvimento de ações


antecipadoras e minimizadoras do processo de adoecimento do trabalhador, a fim de
proporcionar o bem estar em suas atividades de trabalho. Para a eficácia desses programas,
torna-se relevante mencionar que o envolvimento entre gestão e funcionários é fundamental.

A implementação de programas de qualidade de vida no trabalho, reduzem os índices de


absenteísmo, promovem interação entre equipe de trabalho, garantem o cumprimento de
legislações e aumenta o índice de satisfação dos funcionários em relação à empresa.
Programas de qualidade de vida e de promoção à saúde devem estar inseridos, dentro do
cronograma anual das atividades preventivas do PCMSO. Para um bom desenvolvimento dos
programas, é importante planejar, podendo se utilizar do método PDCA (planejar, fazer ou agir,
chegar ou verificar, e sentido de corrigir ou agir de forma corretiva) ou a ferramenta dos 5W e
1H, sendo:
WHAT: definir o que será feito.
WHEN: definir quando será feito.
WHO: indicar quem fará.
WHERE: determinar onde será feito.
WHY: estabelecer por que será feito.
HOW: detalhar como será feito.

Baseado no modelo do PDCA, outras etapas do programa podem ser inseridas, a justificativa,
objetivos, população alvo, metodologia, recursos materiais, financeiros e humanos, metas e
indicadores, assim como, a auditoria do programa.

Alguns programas podem ser desenvolvidos nas empresas, como: ginástica laboral,
imunização, controle do tabagismo, alimentação saudável/nutrição, controle de Hipertensão e
Diabetes, redução do estresse/suporte aos trabalhadores, controle de doenças sexualmente
transmissíveis/vida sexual, redução e danos: alcoolismo, uso de drogas, entre outros.

Consulte o Portal da Saúde do Ministério da Saúde, lá você


encontrará informações relativas a alguns programas:

www.saude.gov.br

Atividades

1) Qual o principal objetivo do PPRA e sua ligação com o PCMSO?


2) Relate sobre a obrigatoriedade de elaboração do PCMAT e sua interligação com o
PPRA.
3) Comente sobre as etapas de elaboração do PCMAT.
4) Faça uma avaliação na NR9 (disponível em www.mte.gov.br) e comente sobre a
ligação do PPRA com a CIPA.
5) Qual a relação do PPR com o PPRA e o PCMSO?
6) Você concorda ou discorda com a frase abaixo? Utilize o tema para debate com a
turma.
“O PPRA afeta a qualidade de vida dos empregados.”
7) No desenvolvimento do PCMSO, deve-se incluir a realização obrigatória dos exames
médicos para os trabalhadores, quais são estes exames?
8) O programa de conservação auditiva (PCA) tem por objetivo prevenir as perdas
auditivas ocupacionais, protegendo assim, a saúde do trabalhador. Diante desta
consideração, descreva as etapas do PCA:
9) Quais programas de qualidade de vida e de promoção à saúde podem ser
desenvolvidos pelas empresas?
REFERENCIAS UTILIZADAS

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras. NR 7. Programa de


controle médico de saúde ocupacional (PCMSO). Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080814295F16D0142E2E773847819/NR-
07%20(atualizada%202013).pdf>. Acesso em: 30 de mar. 2014.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 - Condições e meio ambiente de trabalho


na indústria da construção. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-
regulamentadora-n-18-1.htm>. Acesso em 30 de mar. 2014.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais. Disponível em: <
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf>.
Acesso em 30 de mar. 2014.

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego (2014). Instrução Normativa SSST/MTB Nº01 de 11


de Abril de 1994. Disponível em: <
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A2E7311D1012EBAE9534169D8/
in_19940411_01.pdf. Acesso em 04 de abr. 2014.

TORLONI, Maurício. Programa de Proteção Respiratória – Recomendações, Seleção e


Uso de Respiradores. FUNDACENTRO – FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, Brasília, São Paulo, 2002.

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