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ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO: ESTUDO DE CASO NA

EMPRESA DE PLÁSTICOS DA AMAZÔNIA

Santos, Jennifer Portilho1


Pereira, Edmilson Caetano2

Resumo

Palavras-chave:

Abstract
Keywords:

Introdução
Desde os primórdios, o homem utilizava a própria força como ferramenta de
trabalho, com o passar do tempo o ser humano passou a perceber a necessidade de
adaptar o seu local de exercício de trabalho às suas necessidades e limitações físicas,
a fim de tornar o ambiente mais confortável para realização de suas tarefas.

A ergonomia é a ciência que busca compreender a relação do homem e seu


posto de trabalho, com objetivo de transformar o local de trabalho num lugar
confortável e seguro para o funcionário. Embora seja um objeto de estudo recorrente
ao meio de trabalho, pode-se aplicar esta ciência em quaisquer atividades diárias que
envolva o empenho físico, desde agachar-se para pegar algo até sentar-se para ler um
livro, por exemplo.

Trazendo para o âmbito industrial, a ergonomia tem se feito presente e


indispensável de uma forma como nunca antes. Mesmo com os avanços tecnológicos,
ainda se faz necessária a Interação homem – máquina, ainda que haja processos
tecnológicos sofisticados a Indústria ainda assim dispensa alguns ajustes ergonômicos
já que na maioria das vezes para realizá-los é necessário modificar o lay-out ou até
mesmo o processo do posto de trabalho.

1
Graduanda no curso Tecnólogo em Segurança no Trabalho pelo Ceuni – Fametro. Email:
jenniferportilho@hotmail.com
2
Graduado em Tecnologia em Segurança no Trabalho pela Uninilton Lins e professor do ceuni -
Fametro do Ciesa - Campus Manaus. E- mail: edmilson.pereira@fametro.edu.br
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JUSTIFICATIVA

Há relatos de acidentes de trabalho decorrentes de más condições ergonômicas,


um exemplo recente é de um trabalhador que se acidentou ao carregar uma sacaria de
matéria-prima de 23 kg, o mesmo caiu e lesionou a coluna e colaboradores
demonstram dores lombares oriundos do processo produtivo. Dito isto, o intuito é
colocar de forma paralela os custos que geram com os acidentes de trabalho e
acompanhamentos médicos versus os custos e benefícios da implantação de melhorias
ergonômicas.

PROBLEMÁTICA

O trabalho é o fator potencial causador do bem-estar do ser humano, pois


quando remunerado justamente possibilita o trabalhador a satisfazer suas
necessidades sejam elas pessoais ou profissionais.

Contudo, podemos observar que o trabalho tem se tornado nocivo à medida que
processos industriais se tornam cada vez mais automatizados mesmo que haja
necessidade da presença humana, as condições ergonômicas no ambiente laboral
industrial têm sido negligenciadas.

“O trabalho é um determinante da sociedade humana e tem relação


direta com o processo saúde-doença do trabalhador. O trabalho em si
não adoece, a nocividade advém da forma como é organizado e a
intensidade com que é realizado (COHN, 1994)”.

Feito uma Análise ampla na Empresa De Plásticos da Amazônia sobre o


processo produtivo, observou-se a necessidade significativa de implantação de
melhorias ergonômicas. Nesta indústria há casos de colaboradores que possuem
lesões físicas decorrentes do posto de trabalho, onde há grandes riscos
ergonômicos tanto para acidentes quanto para lesões a longo prazo. Em cima da
questão abordada busca-se um entendimento aprofundado das causas que levam a
não implantação de tais melhorias. Sabe-se que estudiosos como o psicólogo
Abraham H. Maslow que apontou a Hierarquia de Necessidades Humanas, a fim de
que as satisfazendo o indivíduo exerça qualquer atividade com êxito sendo ela do
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meio pessoal ou profissional, mostrando que na prática consegue-se oferecer ao


trabalhador um ambiente de trabalho seguro e salubre.

OBJETIVOS

Objetivo geral

O objetivo deste trabalho foi analisar as condições ergonômicas nas quais os


colaboradores estão expostos no exercício de suas atividades laborais com intuito
de buscar os motivos e as causas do ambiente de trabalho ser tão rústico quando se
trata de conforto do trabalhador, já que a empresa em questão já está há anos no
ramo.

Objetivos Específicos

Este estudo pretende apresentar soluções e apontar as razões para inserção


de análise ergonômica, auxiliando a administração da Empresa de Plásticos da
Amazônia e prevenindo para que os colaboradores não se ausentem do trabalho, no
que resultaria prejuízo para todos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Norma Regulamentadora 17

Desde civilizações antigas, o homem sempre buscou melhorar as


ferramentas, os instrumentos e os utensílios que usa na sua vida cotidiana. Existem
exemplos de empunhaduras de foices, datadas de séculos atrás, que demonstram a
preocupação em adequar a forma da pega às características da mão humana, de modo
a propiciar mais conforto durante sua utilização (MORAES, 2009). Na era da produção
artesanal, não mecanizada, a preocupação em adaptar as tarefas às necessidades
humanas também esteve sempre presente. Entretanto, a revolução industrial, ocorrida
a partir do século XVIII, tornou mais dramático esse problema. As primeiras fábricas
surgidas não tinham nenhuma semelhança com uma fábrica moderna. Eram sujas,
escuras, barulhentas e perigosas.
As jornadas de trabalho chegavam a até 16 horas diárias, sem férias, em
regime de semiescravidão, imposto por empresários autoritários, que aplicavam
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castigos corporais. No final do século XIX surge, nos Estados Unidos, o movimento da
administração científica, que ficou conhecido como taylorismo. Na Europa começaram
a surgir pesquisas na área de fisiologia do trabalho. Em 1912, Max Ruber cria um
centro dedicado aos estudos de fisiologia do trabalho, que evoluiu mais tarde para o
atual Instituto Max Plank, situado em Dortmund, Alemanha. Esse instituto é
responsável por notáveis contribuições para o avanço da fisiologia do trabalho,
principalmente sobre gastos energéticos.

À exceção de algumas determinações relativas à iluminação, emissão de


ruídos e conforto térmico, até 1990 os trabalhadores brasileiros não dispunham de
qualquer regulamentação ergonômica oficial para a execução de tarefas que
apresentassem risco potencial de lesões por esforço repetitivo e distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT). No entanto, em 23 de
novembro daquele ano, por meio da Portaria nº 3.751, o Ministério do Trabalho
publicou a Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17), estabelecendo parâmetros para a
adequação dos postos às características psicofísicas dos trabalhadores.

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros


que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente. (NR 17 – ERGONOMIA, Portaria
MTPS nº 3.751, de 23 de novembro de 1990)

O Uso do Checklist de Couto no Ambiente Laboral


Os checklists são definidos como respostas a um conjunto de perguntas e os
dados são interpretados como riscos em uma escala. Porém, essas análises são
superficiais, pois não determinam a intensidade dos fatores, apenas identificam a
presença ou não deles (PAVANI,2007). O Checklist de Couto tem como base o uso
de questionário estruturado que engloba ajustes relacionados aos seguintes
elementos: layout, condições do mobiliário, condições ambientais de temperatura e
iluminação e em relação à disciplina postural dos trabalhadores, no desempenho
das diferentes atividades e na sua relação com o meio ambiente.
Sendo assim, este checklist tem como objetivo avaliar a sobrecarga física
relacionada a contatos com quinas vivas, ferramentas vibratórias, carga e condições
ambientais, avaliando também: o ambiente de trabalho em relação à postura, o
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esforço estático, a repetitividade de movimentos, além da organização de


ferramentas utilizadas (COUTO, 1996).

As dificuldades de implantação de melhorias ergonômicas no ambiente industrial


A ergonomia encara o desafio de buscar resultados com melhor desempenho
(produtividade, eficiência, eficácia, qualidade, inovação, flexibilidade, confiabilidade,
sustentabilidade) e com bem-estar (saúde, segurança, satisfação, prazer,
aprendizagem, desenvolvimento pessoal). De acordo com Dul et al. (2012), a
ergonomia tem grande potencial de contribuir para o projeto de todos os tipos de
sistemas com pessoas, mas encara desafios para fornecer uma aplicação de alta
qualidade. Ela deve ter uma abordagem sistêmica, que seja conduzida pelo projeto,
focada no desempenho e no bem-estar, procurando capacitar técnicos, gestores
e todos demais envolvidos. Uma boa estratégia é aumentar a consciência dos
detentores de recursos e decisões e promover a educação dos especialistas em
ergonomia.
Segundo Sznelwar & Hubault (2015), diversas pesquisas no campo da
ergonomia apoiam a importância de saber o que as pessoas realmente fazem no
trabalho, a fim de cumprir as metas de produção, especialmente considerando que
há sempre uma lacuna entre o que foi proposto e considerado na concepção da
tarefa e o que acontece na situação real. Quando se aproximam as situações de
trabalho através de uma análise ergonômica torna-se possível obter evidências das
atividades dos trabalhadores e propor alternativas com base em uma abordagem
participativa. Esse conhecimento deve ser considerado como uma fonte para as
decisões estratégicas no sentido de melhorar a confiabilidade, a produtividade e a
qualidade, bem como para proporcionar condições para a melhoria da saúde e
segurança.

Os benefícios da implantação ergonômica no ambiente de trabalho


Ao tratar da organização do trabalho como um todo, a ergonomia busca
apontar as melhores práticas voltadas a espectros que abrangem desde a adoção
das ferramentas de trabalho adequadas as características físicas de cada
colaborador, até a sistematização de processos que provoquem uma melhoria nas
relações internas de uma empresa, além de estudos na fase de projetos de novos
postos de trabalho.
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Dessa forma a busca pela promoção da qualidade de vida no trabalho está


intrinsicamente relacionada com a obtenção de melhores ambientes de trabalho e
consequentemente colaborando com a redução de custos com acidentes,
afastamentos e com a rotatividade – turnover, o que contribui de forma significativa
com os KPIs (Indicadores de Desempenho) de diferentes departamentos.

Referências
T Pinto, Andréa Gonçalves, Tereso, Mauro José Andrade e Abrahão, Roberto Funes
Práticas ergonômicas em um grupo de indústrias da Região Metropolitana de
Campinas: natureza, gestão e atores envolvidos. Gestão & Produção [online]. 2018,
v. 25, n. 2 [Acessado 21 Setembro 2021] , pp. 398-409. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/0104-530X2226-16>. Epub 27 Mar 2017. ISSN 1806-9649.
https://doi.org/10.1590/0104-530X2226-16.

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