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SEGURANÇA

DO TRABALHO
VOLUME 02
SEGURANÇA
DO TRABALHO
VOLUME 02

Barra do Garças - MT
Faculdade Cathedral
2020
Produzido por
DELINEA

Revisão Gramatical do Texto


Vander Simão Menezes

Projeto Gráfico
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho
Georgya Politowski Teixeira
Matheus Antônio dos Santos Abreu

BARRA DO GARÇAS - MT
JANEIRO 2020
Copyright © by UniCathedral, 2020
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,
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sem autorização prévia do(s) autor(es).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte


Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914

S456 Segurança do trabalho, volume 2 / Produzido por Delinea. Barra do


Garças: UniCathedral – Centro Universitário (Educação a Dis-
tância), 2020.

56 p. ; il., color.
ISBN: 978-85-54298-99-9

Conteúdo de disciplina EaD do Núcleo de Ensino a Distância


(NEaD) do UniCathedral – Centro Universitário.
.

1. Segurança do trabalho. 2. Saúde ocupacional. 3. Riscos ocupa-


cionais. 4. Normas de segurança. 5. Ergonomia. I. Título. II. UniCa-
thedral – Centro Universitário.

CDU 34:331.45

UniCathedral – Centro Universitário


Av. Antonio Francisco Cortes, 2501
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT
www.unicathedral.edu.br
SUMÁRIO
UNIDADE IV..................................................................................................................................... 11
Particularidades da ergonomia .............................................................................................................. 11
Evolução histórica da Ergonomia ....................................................................................................... 12
Abordagens da Ergonomia ................................................................................................................. 13
Aplicação e objetivos da Ergonomia ...................................................................................................... 15
Objetivos da Ergonomia ..................................................................................................................... 16
Norma Regulamentadora n. 17 (NR-17)................................................................................................. 19
Referências Bibliográficas....................................................................................................................... 22

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Autor(a) da Unidade
Luiz Felipe Petusk Corona

Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:

 Compreender o conceito, o histórico e a abrangência da Ergonomia;


 Conhecer os objetivos do setor quanto à Segurança e Saúde do Trabalhador (SST);
 Entender como os fatores humanos impactam a qualidade de vida laboral e a produtividade da
empresa;
 Conhecer os principais requisitos estabelecidos pela NR-17.

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UNIDADEIV

PARTICULARIDADES DA ERGONOMIA

Antigamente, um ditado muito popular retratava a relação do ser humano com o trabalho: o trabalho
dignifica o homem. Isso porque passamos grande parte do nosso tempo no ambiente de trabalho,
desenvolvendo atividades profissionais. Logo, precisamos manter o ambiente laboral confortável e adequado
para as atividades a serem exercidas. Foi nesse contexto que surgiu a Ergonomia. Aliás, você saberia explicar
do que essa área trata?
De acordo com Iida e Buarque (2016, p. 2, grifo dos autores), a Ergonomia,

[…] também chamada de fatores humanos (human factores), é o estudo da


adaptação do trabalho ao ser humano. O trabalho, aqui, tem uma acepção bastante
ampla, abrangendo não apenas os trabalhos executados com máquinas e
equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas […] todas as situações
em que ocorre o relacionamento de um conjunto de conhecimentos entre o ser
humano e uma atividade produtiva […].

Os autores ainda ressaltam que a Ergonomia estuda os fatores que influenciam o desempenho do sistema
produtivo, procurando reduzir as consequências nocivas sobre o trabalhador (IIDA; BUARQUE, 2016).
Além disso, é válido conhecer, também, o conceito da Ergonomia sob o olhar de duas organizações
importantes da área: a International Ergonomics Association (IEA) e a Associação Brasileira de Ergonomia
(ABERGO, 2019).
Conforme a IEA, a Ergonomia se trata de um estudo científico que analisa a relação entre o ser humano e
seus meios, métodos e espaços de trabalho. “Seu objetivo é elaborar […] um corpo de conhecimentos que,
dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios
tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida” (IEA, 2019, online, tradução nossa).
Já para a ABERGO, a Ergonomia diz respeito a uma disciplina científica que estuda as interações do
indivíduo com os elementos do sistema de trabalho, aplicando princípios, métodos e dados para otimizar o
bem-estar humano (ABERGO, 2019).

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Podemos perceber, assim, que o conceito é o mesmo, porém explicado de forma diferente. Em poucas
palavras, pode-se dizer que a Ergonomia é a ciência que estuda os meios e métodos para adaptar o
desenvolvimento das atividades laborais ao ser humano, promovendo conforto, adequação das atividades
profissionais e qualidade de vida no ambiente de trabalho.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ERGONOMIA


Iida e Buarque (2016) retratam a evolução histórica da Ergonomia em uma ordem temporal dos principais
marcos para os menos relevantes. Assim, iniciamos com o termo “ergonomia”, que foi usado pela primeira
vez em 1857, pelo polonês W. Jastrzebowski, quando ele publicou um artigo intitulado “Ensaios de
Ergonomia ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza”.
Quase cem anos depois, a Ergonomia teve sua data de criação “oficial” em julho de 1949. Na ocasião, o
engenheiro Murrel criou, na Inglaterra, a Ergonomic Research Society (ERS), que, de acordo com registros
encontrados, foi considerada a primeira sociedade nacional de Ergonomia (IIDA; BUARQUE, 2016).
Já em 1959, foi fundada a International Ergonomics Association (IEA) e, mais tarde, em 1983, como um
dos principais marcos brasileiros, foi criada a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), atuante até os
dias de hoje. Como marco acadêmico, em 2012, houve a difusão da Ergonomia no Brasil com o lançamento
do primeiro curso de mestrado profissional em Ergonomia, realizado pelo Centro de Artes e Comunicação da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A figura a seguir nos mostra uma linha do tempo com os principais marcos históricos relativos à Ergonomia
para melhor entendimento.

Como podemos observar, essa ciência não é moderna, mas sua aplicação para melhoria da interação do
trabalhador com os equipamentos e as ferramentas necessários para o desenvolvimento da atividade laboral
é bastante incipiente, ou seja, são poucas empresas que buscam a ajuda da Ergonomia para melhorar o
ambiente de trabalho.

Historicamente, pode-se dizer que a Ergonomia tem seus primeiros


registros já na Pré-História, quando o ser humano precisou adaptar ao
meio as ferramentas e os recursos disponíveis para que suas tarefas
cotidianas de caçar, cortar, furar e esmagar atendessem às suas
conveniências (IIDA; BUARQUE, 2016).

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Dessa forma, podemos entender que a Ergonomia atua na interação do sistema ser humano, máquina e
ambiente. Mas você sabe qual é o foco de estudo da área? Estudaremos sobre isso no próximo item.

ABORDAGENS DA ERGONOMIA
Iida e Buarque (2016) nos explicam que a Ergonomia tem duas vertentes: a de sistemas de produção e a
de posto de trabalho.
• Ergonomia de sistemas de produção: é a abordagem macroergonômica, em que a análise é focada
no funcionamento de uma equipe de trabalho, considerando as máquinas, as pessoas e a distribuição
de atividades. Conforme a concepção macroergonômica, muitas tomadas de decisão sobre a área
devem ser em nível de administração superior da organização;
• Ergonomia de posto de trabalho: é a abordagem microergonômica, em que a análise foca uma parte
do sistema, geralmente aquela em que o trabalhador atua. Assim, faz-se a avaliação de tarefas,
postura, movimentos, assim como exigências físicas e psicológicas para a realização das atividades.
Aqui, encaixam-se a ergonomia física, a de sistemas físicos e a cognitiva, que evolvem postos de
trabalho, meio ambiente e questões cognitivas, respectivamente.

Um exemplo da atuação da Ergonomia de posto de trabalho é a disposição adequada das ferramentas


que são ou podem ser utilizadas durante o desenvolvimento das atividades laborais. Dessa forma, a
Ergonomia avaliará o ambiente laboral para que os equipamentos mais usados fiquem ao alcance do
colaborador, sem que sejam necessárias mudanças de posturas desgastantes.

A figura na sequência traz um exemplo de posto de trabalho e os possíveis alcances do colaborador


durante o uso de materiais e/ou ferramentas para o desenvolvimento de suas atividades laborais.

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Vale destacar que, apesar de terem focos diferentes para a adequação do posto de trabalho (abordagem
microergonômica), é preciso avaliar a função do posto de trabalho a ser adequado dentro do sistema de
produção (abordagem macroergonômica). Assim, é necessário avaliar quais são as interações do trabalhador
com seu posto de trabalho e com as demais áreas do sistema de produção, bem como verificar se o layout
evita movimentações desnecessárias, de forma a proporcionar conforto, segurança e funcionalidade.
Nesse contexto, é válido pensar no ergonomista. De acordo com Iida e Buarque (2016), existem três áreas
de atuação desse profissional:
• Ergonomia física: trata das características da anatomia humana, ou seja, avalia questões
relacionadas à antropometria (medidas do corpo), fisiologia e biomecânica (posturas e movimentos);
• Ergonomia cognitiva: trata dos aspectos relacionados à mente humana, como percepção, interações
entre as pessoas, carga mental, motivação, estresse etc.;
• Ergonomia organizacional: trata dos aspectos relacionados às estruturas organizacionais e políticas,
ao trabalho cooperativo, ao trabalho noturno e em turnos, à cultura organizacional, entre outros
pontos de estudo.

O ergonomista é o profissional que se aprofunda no estudo da Ergonomia e trabalha fazendo avaliações


de tarefas, postos de trabalho, ambiente de trabalho, ferramentas usadas pelos colaboradores para
realizarem suas atividades, entre outras questões, sempre objetivando a melhoria das condições de
trabalho.

Agora que pudemos compreender melhor sobre a Ergonomia, suas características e sua história, vamos,
na segunda parte desta unidade, estudar sobre sua aplicação e seus objetivos.

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APLICAÇÃO E OBJETIVOS DA ERGONOMIA

Iida e Buarque (2016) explanam que a Ergonomia pode contribuir de diversas formas para melhorar as
condições de trabalho dos colaboradores em diferentes setores, seja de produção, seja de serviços. Tais
contribuições variam de acordo com a etapa do processo produtivo em que a ciência será aplicada, ou seja,
com a fase em que a Ergonomia será utilizada. Entre as aplicações mais comuns, temos:
• Ergonomia de concepção: desenvolvida na etapa inicial de um projeto do produto, da máquina e do
ambiente, ou seja, é a fase das normas e especificações de determinado projeto;
• Ergonomia de correção: aplicada em situações reais, isto é, para resolver problemas de segurança e
saúde, melhorando a qualidade de vida laboral do trabalhador;
• Ergonomia de conscientização: procura capacitar os trabalhadores para a identificação e correção
de problemas, sendo aplicada devido às constantes mudanças e evoluções nos postos de trabalho.
Nesse caso, é fundamental que sejam feitos treinamentos e reciclagens frequentes dos
trabalhadores, criando uma cultura ergonômica na organização;
• Ergonomia de participação: aplicada para melhoria de sequências e fluxos de produção, ou seja,
alteração dos arranjos físicos (locais de trabalho ou máquinas/equipamentos). Tal princípio é
baseado na crença de que os usuários possuem conhecimento prático suficiente desse fluxo.

Assim, de forma geral, a Ergonomia tem ampla possibilidade de aplicação prática, como nas indústrias.
Iida e Buarque (2016) mencionam que as principais contribuições nessa área foram o aperfeiçoamento da
relação entre ser humano e máquina, a organização do trabalho e a melhoria das condições laborais,
acarretando maior eficiência, confiabilidade e qualidade das operações industriais.
• Aperfeiçoamento da relação entre ser humano e máquina: trata-se da melhoria realizada ainda
durante o projeto do posto de trabalho, como a substituição de uma bancada de trabalho sem
regulagem de altura por outra com regulagem.
• Organização do trabalho: procura reduzir a fadiga e monotonia com a eliminação da repetição, dos
ritmos mecânicos e da falta de motivação dos colaboradores.

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• Melhoria das condições de trabalho: atua sobre a temperatura, os ruídos, as vibrações, os gases
tóxicos e a iluminação do ambiente laboral, de forma a proporcionar um espaço mais adequado para
o desenvolvimento das atividades.

Temos, também, que uma das aplicações mais difundida da Ergonomia é em escritórios, no uso do
computador por parte dos colaboradores. Nesse caso, a Ergonomia busca aumentar a consciência da saúde
e segurança com a identificação dos riscos ergonômicos presentes nesses locais, aumentando o conforto, a
produtividade e a eficiência. O foco dessa aplicação é
melhorar, por exemplo, o layout e a postura do
trabalhador durante o desenvolvimento de suas
atividades laborais. Assim, é possível focar o bem-estar
das pessoas e colaborar para que os fluxos de produção
e informação se tornem mais eficazes.
No entanto, a Ergonomia, apesar de funcionar muito
bem no ambiente laboral, também pode ser aplicada no
cotidiano. Na verdade, usamos sua funcionalidade até
para nossas tarefas de casa. Varrer o chão, arrumar a
cama e guardar as roupas são algumas atividades que
requerem Ergonomia para melhor desempenho do
indivíduo.

Ao passar roupas, precisamos manter uma postura de pé, de forma ereta, tendo cuidado para não
curvarmos a parte cervical da coluna vertebral. Outro exemplo é a disposição das roupas, dos lençóis e das
toalhas nos armários, pois os materiais de uso mais frequente deverão estar guardados em locais de fácil
acesso, para que não seja preciso adotar posturas fatigantes.

Sabendo disso, quais são, afinal, os objetivos da Ergonomia? Vamos entender melhor sobre isso? Vejamos
o próximo item.

OBJETIVOS DA ERGONOMIA
Como sabemos, a Ergonomia estuda os fatores que influenciam os sistemas de produção. Nesse sentido,
os objetivos básicos da área são a preservação da saúde e segurança, a satisfação, a eficiência e a
produtividade dos colaboradores (IIDA; BUARQUE, 2016).
Os fatores estudados para preservação da saúde e segurança são aqueles que podem fazer o colaborador
ultrapassar suas capacidades fisiológicas e/ou cognitivas e levá-lo ao estresse, à fadiga ou, até, a acidentes
ou doenças devido às suas atividades laborais. Um desses fatores é a postura de trabalho.
As posturas básicas que nosso corpo pode adotar são a deitada, a sentada e a em pé. No trabalho, no
desenvolvimento das atividades, ficamos, geralmente, sentados ou em pé. Contudo, fora do ambiente
laboral, a postura que praticamente não causa tensão no corpo, indicada para alívio das tensões adquiridas
ao longo da jornada de trabalho e para descanso é a deitada.
Vale lembrar que, quando a atividade laboral permite, a postura sentada é a mais indicada para
desenvolvermos nossas tarefas. No entanto, ela pode causar efeitos nocivos à saúde, visto que, se for
adotada de forma inadequada, pode ser bastante fatigante e causar até problemas de coluna.

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A postura sentada é a mais favorável, pois o esforço
postural (estático) e as solicitações sobre as articulações são
limitadas, permitindo um melhor controle dos movimentos.
Trata-se, inclusive, da melhor postura para trabalhos de
precisão (IIDA; BUARQUE, 2016).

Como a postura sentada é uma das mais usadas nas empresas, principalmente em serviços
administrativos e de escritório, Iida e Buarque (2016) nos trazem algumas recomendações para a postura
correta a ser adotada durante o uso do computador:
• manter o topo da tela do monitor ao nível dos olhos e a uma distância de, aproximadamente, o
comprimento do braço;
• manter a cabeça e o pescoço em posição reta ou ligeiramente inclinados para frente;
• encostar a região das costas no encosto da cadeira, evitando dores lombares;
• deixar o antebraço, os punhos e as mãos em posição neutra em relação ao teclado para não
sobrecarregar os músculos dessas regiões;
• manter o cotovelo próximo ao corpo;
• manter um pequeno espaço entre a dobra do joelho e a extremidade final da cadeira, com um ângulo
de aproximadamente 90º para as dobras dos joelhos e do quadril;
• manter os pés apoiados no chão ou, quando recomendado, usar um descanso para eles.

A figura a seguir ilustra a forma correta de se


sentar para utilizar o computador de maneira
confortável e não prejudicial à saúde.
A posição em pé, por outro lado, é
considerada a que exige maior consumo de
energia. A adoção dessa postura é fatigante ao
extremo, exigindo muito da musculatura do
corpo (IIDA; BUARQUE, 2016). Dessa forma, ela
é recomendada para atividades em que há
deslocamentos frequentes ou que exigem
aplicação de grandes forças.
Outros fatores que influenciam a saúde, a
segurança e a satisfação do colaborador em
suas atividades laborais são: os fisiológicos,
como intensidade e duração do trabalho físico e
intelectual; os psicológicos, como monotonia e
falta de motivação; e os ambientais e sociais,
como ruídos, problemas com chefia, entre
outros (GRANDJEAN, 1998).

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Com relação ao objetivo da Ergonomia em melhorar a
eficiência e produtividade dos colaboradores, temos os
fatores comuns, como as posturas; porém, os principais
fatores específicos são de organização do trabalho, como
duração da jornada, pausa para descanso, trabalho em turno
e treinamentos. São ações adotadas a partir da visão
ergonômica do trabalho e que proporcionam melhoria da
eficiência, da qualidade de vida laboral e, consequentemente,
da produtividade.

Entendido a respeito dos objetivos da Ergonomia, vamos, na próxima parte, estudar sobre a Norma
Regulamentadora n. 17 (NR-17), que trata exatamente do assunto.

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NORMA REGULAMENTADORA N. 17 (NR-17)

Entre os requisitos legais que envolvem a Segurança e Saúde do Trabalho, temos uma norma
regulamentadora que trata exclusivamente da Ergonomia, conhecida como NR-17. Ela tem por intuito
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando o máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente (BRASIL, [2018]).
Os assuntos abordados pela NR-17 são a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), o levantamento e
transporte individual de cargas, o mobiliário dos postos de trabalho, a postura dos colaboradores, os
equipamentos dos postos de trabalho, as condições ambientais e a organização do trabalho.
O principal aspecto relacionado ao levantamento e transporte individual de cargas é o risco de lesão na
coluna vertebral, uma vez que tal atividade é responsável por grande parte das lesões osteomusculares que
acometem os trabalhadores. De acordo com a NR-17, o “[…] transporte manual regular de cargas designa
toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte
manual de cargas” (BRASIL, [2018], online).
A coluna vertebral, devido à sua estrutura e formação (vértebras e discos superpostos), de acordo com
Iida e Buarque (2016), é capaz de suportar grande força no sentido axial, ou seja, vertical. No entanto, é
muito frágil para forças perpendiculares ao seu eixo, chamadas de forças de cisalhamento. Devido a essa
característica, as cargas devem ser levantadas e transportadas com a coluna ereta, sem curvá-la, colocando
a força maior nas pernas.
A figura a seguir nos mostra de modo ilustrativo as
posturas errada e correta para o levantamento e
transporte de cargas.
Vale mencionar que, devido às diferenças
fisiológicas existentes entre o homem e a mulher, a
capacidade de suportar itens muito pesados, no caso da
mulher, é inferior à capacidade do homem. Isto se dá,
principalmente, porque a proporção de músculo e
gordura entre os dois sexos é distinta. Isto é, os homens

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possuem mais músculos, logo, são mais fortes e possuem capacidade de suportarem pesos maiores. A mesma
coisa ocorre com os trabalhadores jovens, que, de acordo com a NR-17, são aqueles com idade inferior a 18
anos e maior de 14 anos, que também possuem menor capacidade muscular (BRASIL, [2018]).

Quando mulheres e trabalhadores jovens forem


designados para o transporte manual de cargas, o peso
máximo deverá ser nitidamente inferior ao admitido para os
homens, a fim de não comprometer a saúde do colaborador
(BRASIL, [2018]).

No que diz respeito ao mobiliário dos postos de trabalho e postura dos trabalhadores, estudamos
anteriormente que a postura sentada é a mais indicada, por isso, a NR-17, em seu item 17.3.1, traz que “[…]
sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou
adaptado para esta posição” (BRASIL, [2018], online).
A NR-17 estabelece, também, requisitos importantes de conforto em relação aos assentos utilizados nos
postos de trabalho:
a) altura ajustável, possibilitando adaptação de acordo com o tamanho do
colaborador;
b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região
lombar. (BRASIL, [2018], online)

A norma regulamentadora ainda menciona que, para as


atividades em que os trabalhos são realizados em pé, assentos
para descanso devem ser implantados em locais em que
possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante
período de pausa (BRASIL, [2018]).

Além dos mobiliários dos postos de trabalho, as condições ambientais são importantes para o conforto, a
saúde e segurança dos colaboradores. Dessa forma, a NR-17 estabelece requisitos para que se possa
proporcionar um ambiente adequado para o desenvolvimento das atividades laborais. Para atividades em
que é preciso ter atenção constante e exigência intelectual, por exemplo, a NR-17, em seu item 17.5.2,
estabelece condições específicas:
• temperatura do ambiente entre 20 e 23°C;
• velocidade do ar não superior a 0,75 m/s;
• níveis de ruídos estabelecidos conforme NBR 10152, que regulamenta sobre níveis de pressão sonora
em ambientes internos;
• umidade relativa do ar não inferior a 40%.

Quanto à iluminação, ela deve ser distribuída de modo uniforme, a fim de não causar ofuscamento,
reflexos incômodos, entre outros aspectos.

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Outro ponto regulamentado pela NR-17 é referente à organização do trabalho, que trata da adequação
das atividades laborais às características psicofisiológicas dos colaboradores de acordo com a natureza do
trabalho. Essa adequação deve levar em consideração os procedimentos de produção, a exigência de tempo
que a atividade exige, o ritmo de trabalho, entre outros fatores (BRASIL, [2018]).
Além desses pontos, a NR-17 tem dois anexos que tratam especificamente dos aspectos ergonômicos
relacionados aos operadores de checkout e ao trabalho de teleatendimento.
Os operadores de checkout são os colaboradores que trabalham em supermercados, hipermercados e
estabelecimentos semelhantes. No que se refere ao trabalho realizado, o anexo I da NR-17 estabelece os
parâmetros e diretrizes para adequação das condições laborais de forma a prevenir a saúde e segurança dos
envolvidos.
Por se tratar de uma função que pode levar os operadores a posturas fatigantes, flexões da coluna
vertebral, entre outros riscos ergonômicos, a norma estabelece algumas recomendações para o posto de
trabalho:
a) atender às características antropométricas de 90% dos trabalhadores,
respeitando os alcances dos membros e da visão, ou seja, compatibilizando as áreas
de visão com a manipulação;
b) assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as posições
confortáveis dos membros superiores e inferiores, nessas duas situações;
c) respeitar os ângulos limites e trajetórias naturais dos movimentos, durante a
execução das tarefas, evitando a flexão e a torção do tronco;
d) garantir um espaço adequado para livre movimentação do operador e colocação
da cadeira, a fim de permitir a alternância do trabalho na posição em pé com o
trabalho na posição sentada […]. (BRASIL, [2018], online)

Assim como para as atividades que exigem solicitações


intelectuais e atenção constante, para as atividades dos
operadores de checkout também devem ser garantidas as
condições ambientais adequadas no que se refere à
iluminação, correntes de ar, ventos ou grandes variações
climáticas (BRASIL, [2018]).

Já no anexo II da norma, temos orientações relacionadas aos trabalhadores de teleatendimento. Os head-


sets, por exemplo, estão entre os principais equipamentos dos postos de trabalho dos colaboradores de
teleatendimento, logo, a empresa empregadora precisa garantir as condições operacionais e de higienização
recomendadas pelos fabricantes desse recurso (BRASIL, [2018]).
Quanto às condições ambientais dos locais de trabalho desses colaboradores, temos, por exemplo, que
níveis de ruído, temperatura, velocidade do ar e
umidade seguem os mesmos requisitos para as
atividades que exigem atenção constante e solicitações
intelectuais.
Considerando todas essas recomendações, de
acordo com Barsano e Barbosa (2018), para avaliar a
adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos seus colaboradores sob o ponto de
vista da Ergonomia, os empregadores deverão realizar
a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) e seguir os
requisitos estabelecidos na NR-17.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. O que é Ergonomia. Rio de Janeiro, 2019. Disponível
em: http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia. Acesso em: 18 nov. 2019.
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. 2. ed. São Paulo:
Érica, 2018
BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria MTb n. 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 17- Ergonomia.
Brasília: Ministério do Trabalho, [2018]. Disponível em:
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf. Acesso em: 18 nov.
2019.
GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre:
Bookman, 1998.
IEA. International Ergonomics Association. Definition and domains of ergonomics. [S. l.], 2019.
Disponível em: https://www.iea.cc/whats/index.html. Acesso em: 18 nov. 2019.
IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2016.
PINTO, C. C.; CASARIN, F. A. A relação entre Ergonomia e qualidade de vida no trabalho: uma revisão
bibliográfica. Revista Ação Ergonômica, [S. l.], v. 13, n. 1, 2019. Disponível em:
http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/411/731731746. Acesso em: 25 nov.
2019.

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