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ERGONOMIA

Autor: Maurício Saturnino Sestrem

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Dieter Sergeli Sardeli de Paiva

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof.ª Erika de Paula Alves
Prof.ª Márcio Moisés Selhorst

Revisão de Conteúdo: Prof. Ulisses Nigro

Revisão Gramatical: Profª. Iara de Oliveira

Revisão Pedagógica: Prof.ª Patrícia Cesário Pereira Offial

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2013


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

620.82
S494e Sestrem, Maurício Saturnino.
Ergonomia / Maurício Saturnino Sestrem. Uniasselvi,
2013
135 p. : il.

ISBN 978-85-7830-790-5

I. Ergonomia.
1. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 2. Sestrem, Maurício
Saturnino
Maurício Saturnino Sestrem

Possui graduação em Engenharia Civil


pela Universidade Regional de Blumenau (1986),
especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela Faculdade de Engenharia Industrial
(1988) e mestrado em Administração pela Universidade
Regional de Blumenau (2005). Atualmente é engenheiro
civil e engenheiro de segurança do trabalho da empresa
MS Melgarejo Sestrem construtora e incorporadora Ltda,
coordenador do curso de Pós-Graduação EAD MBA em
Engenharia de Segurança do Trabalho e professor do
Centro Universitário Leonardo da Vinci e da Faculdade
Metropolitana - FAMEBLU, atuando principalmente
nos seguinte temas: organização, sistemas e
métodos; gestão de processos e inovação, gestão
integrada, ergonomia, programas de prevenção
e prevenção no combate a sinistros.
Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................7

CAPÍTULO 1
Fundamentos da Ergonomia....................................................9

CAPÍTULO 2
Características do Organismo Humano.............................27

CAPÍTULO 3
Sistema Homem – Tarefa - Máquina.......................................41

CAPÍTULO 4
Ergonomia Cognitiva..............................................................65

CAPÍTULO 5
Ergonomia do Processo e do Produto...............................79

CAPÍTULO 6
Metodologias de Avaliação Ergonômica...........................107
APRESENTAÇÃO
Escrever sobre esse tema foi um grande e prazeroso desafio. Primeiro,
porque acredito na ideia de que todo conhecimento novo é gerado a partir de um
problema. Quando falamos de ensino e pesquisa, não podemos deixar de lembrar
que são perguntas bem formuladas que movem o processo educativo. Segundo,
porque tive a oportunidade de socializar com vocês muitas das experiências que
vivi como professor de história nas últimas duas décadas.

Ao estudar essa disciplina você, pós graduando, estará sendo desafiado a


perguntar sempre. Afinal, o que a educação deveria deixar de legado às futuras
gerações? Aprender a fazer boas perguntas. Afinal, novos conhecimentos
surgem sempre com boas perguntas.

O caderno está organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo – Para


que serve a História? – tem como objetivo maior conhecer a trajetória do ensino
de história e as permanências no currículo escolar bem como analisar o processo
educativo nas aulas de história e seus desdobramentos sociais.

O segundo capítulo – Objeto de Estudo na Pesquisa Histórica – tem


como desafios delimitar um tema de pesquisa em histórica e discutir sobre a
modernidade, a pesquisa e a verdade.

O terceiro capítulo – A Sala de Aula e a Pesquisa em História – aprofunda os


estudos diante da prática do ensino de história.

Por fim, o quarto capítulo – Exercícios de Pesquisa em História – aponta os


principais passos metodológicos na organização de um projeto bem como coloca
a vocês os desafios para ousar fazê-los.

Lembre-se que você deve exercitar a curiosidade de pesquisador. Só


mudamos a prática em sala de aula quando fazemos alterações em nossa postura
de vida. O Mundo produz o novo a partir de perguntas.

Bons estudos!!!

O autor.
C APÍTULO 1
Fundamentos da Ergonomia

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Reconhecer a importância da aplicação dos conhecimentos da Ergonomia na


melhoria das condições de execução das atividades.

33 Identificar as principais fases do desenvolvimento da ergonomia desde sua


origem até hoje.

33 Projetar medidas de controle dos riscos ergonômicos coerentes com os


objetivos da Ergonomia.
Ergonomia

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Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

Contextualização
Durante a última década, em quase todos os ramos do setor de produção
e serviços, observou-se um grande esforço para melhorar a produtividade e a
qualidade. Tal processo de reestruturação gerou uma experiência prática a qual
demonstra claramente que a produtividade e a qualidade estão diretamente
relacionadas com o projeto das condições de trabalho. Uma medida econômica
direta da produtividade e os custos do absentismo por doença estão relacionados
com as condições de trabalho. Assim, deveria ser possível aumentar a
produtividade e a qualidade, bem como evitar o absentismo, destinando mais
atenção à concepção das condições de trabalho.

Importante:

Absentismo significa a ausência de um empregado ao trabalho,


causada especialmente por motivo de doença ou dano físico.

Conceitos de Ergonomia
De acordo com Moraes e Mont’Alvão (2010), a expressão
ergonomia é formada pela aglutinação dos vocábulos gregos ergo
(trabalho) e nomos (normas, regras). O termo ergonomia teve origem
em 1857, no título de uma das obras do polonês W. Jastrzebowski
(Figura 1): Esboço da Ergonomia ou ciência do trabalho baseada
nas verdadeiras avaliações das ciências da natureza. “Define-se
então a Ergonomia como a ciência de utilização das forças e das
capacidades humanas.” (MORAES; MONT’ALVÃO, 2010, p. 9).

Figura 1 – Wojciech Bogumil Jastrzebowski

Fonte: Disponível em: <http://www.ergonassist.de/images/Jastrzb.


Portrait.Unterschr.jpg>. Acesso em: 15 mar. 2013. 11
Ergonomia

Então, uma hipótese simples da ergonomia moderna poderia


ser: a dor e o cansaço causam riscos para a saúde, prejuízos na
produtividade e uma diminuição da qualidade, que são medidas
dos custos e benefícios do trabalho humano. Essa simples hipótese
pode ser contrariada com a medicina do trabalho, que geralmente
se ocupa em determinar as causas das doenças profissionais.
O objetivo da medicina do trabalho é estabelecer as condições
nas quais seja mínima a probabilidade de se desenvolver as ditas
doenças. Empregando os princípios da ergonomia, essas condições
podem ser definidas na forma de solicitações e limitações de
esforços. Podemos dizer que a medicina do trabalho estabelece as
limitações através de estudos medico-científicos.

Quantos casos você pode perceber em que o próprio trabalho


provocou uma limitação para um determinado esforço por parte de
um trabalhador(a) que o(a) deixou impedido(a) de trabalhar devido à
doença ou acidente, por determinação médica?

A ergonomia tradicional considera que seu papel consiste em definir os


métodos que permitem pôr em prática as limitações estabelecidas pela medicina
do trabalho, através do projeto e da organização do trabalho. Assim, a ergonomia
tradicional poderia ser definida como aquela que desenvolve correções através
de estudos científicos. Essas correções são todas as recomendações para a
concepção do trabalho que se orientam pelos limites de esforços
Ergonomia significa unicamente para que sejam evitados os riscos para a saúde. Uma
expressamente o
característica dessas recomendações corretivas é que aqueles que as
estudo ou a medida
do trabalho. Nesse praticam ficam finalmente sozinhos na tarefa de colocar em prática, já
contexto, o termo que não existe um trabalho de equipe multidisciplinar.
trabalho significa
uma atividade Ergonomia significa expressamente o estudo ou a medida do
humana com um trabalho. Nesse contexto, o termo trabalho significa uma atividade
objetivo e vai além
humana com um objetivo e vai além do conceito mais limitado do
do conceito mais
limitado do trabalho trabalho como sendo uma atividade para se obter um beneficio
como sendo uma econômico ao incluir todas as atividades nas quais o usuário humano
atividade para se persegue de modo sistemático um objetivo.
obter um beneficio
econômico ao incluir Agora que estendemos o significado de trabalho para qualquer
todas as atividades
atividade humana com um objetivo, o foco de atenção deixou de ser
nas quais o usuário
humano persegue restrito ao trabalhador ou operador para se concentrar em qualquer
de modo sistemático ser humano desenvolvendo, de maneira sistemática, uma atividade
um objetivo. com algum objetivo, que denominamos usuário.

12
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

Desse modo, a ergonomia abrange os esportes e outras atividades do tempo


livre; os trabalhos domésticos, como o cuidado das crianças ou os afazeres do
lar; a educação e a formação; os serviços sociais e de saúde; o controle dos
sistemas de engenharia ou a adaptação destes, como ocorre, por exemplo, com
um passageiro num veículo. O usuário humano, centro do estudo, pode ser um
profissional qualificado que opere alguma máquina complexa num ambiente
artificial, um cliente que tenha comprado casualmente um aparelho novo para seu
uso pessoal, uma criança na sala de aula ou uma pessoa portadora de alguma
deficiência física, sentada numa cadeira de rodas. O ser humano adapta-se com
facilidade, mas sua capacidade de adaptação tem limites. Para qualquer atividade
existem situações específicas de condições ideais para sua execução. Um dos
trabalhos da ergonomia trata da definição das situações específicas e pesquisar
os efeitos indesejáveis que serão produzidos caso sejam superados os limites.
Por exemplo, o que ocorre se alguém trabalha em condições de calor, ruído ou
vibração excessivas ou se o esforço físico ou mental de trabalho é muito elevado
ou muito reduzido?

A Ergonomia estuda, além das condições do ambiente, as vantagens para


o(a) usuário(a) e as contribuições que este(a) possa dar se a situação de trabalho
permitir e desenvolver o melhor uso de suas habilidades. As habilidades humanas
podem ser caracterizadas não só em relação ao usuário humano, mas também
em relação às habilidades mais específicas, necessárias em algumas situações,
nas quais a alta produtividade é fundamental. Como exemplo, ao se projetar
um automóvel são considerados o tamanho e a força física dos(as) possíveis
motoristas do veículo para garantir que os assentos sejam confortáveis; que todos
os dispositivos de controle do veículo sejam identificados com facilidade e sejam
acessíveis, a visibilidade tanto interna quanto externa seja a melhor possível e os
indicadores do painel sejam de fácil leitura. Também deverá ser considerada a
facilidade para entrar e sair do carro. Em contrapartida, o(a) projetista de um carro
de corridas considera que a pessoa que for pilotar tenha perfeitas condições
físicas e, portanto, a facilidade para entrar e sair do carro não será preponderante.
Este(a) projetista ajustará o projeto do veículo ao tamanho e preferências de um
piloto determinado para garantir que ele possa desenvolver todo seu potencial
e habilidade. Em qualquer situação, atividade ou tarefa, o mais importante é a
pessoa ou pessoas envolvidas. Supõe-se que a estrutura, a engenharia e outros
aspectos tecnológicos sejam aplicados para servir ao(a) usuário(a) e nunca o
contrário.

Nese contexto evolutivo, em agosto de 2000, a IEA - Associação Internacional

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Ergonomia

de Ergonomia adotou a seguinte definição oficial:

A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica


relacionada ao entendimento das interações entre os seres
humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação
de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de
otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do
sistema. (ABERGO, 2013).

Portanto, as descobertas referentes às pesquisas realizadas no Brasil


e no exterior devem ser utilizadas nas melhorias das condições de trabalho
para a otimização, ou seja, a fim de proporcionar um máximo de segurança,
de conforto e um desempenho eficiente. Nesse sentido, todo o conhecimento,
como o psicológico, antropológico e fisiológico também estão inseridos e não
há condições de se elaborar uma listagem completa de todas essas variáveis
inerentes. Porém todas as descobertas das mais diversas ciências devem ser
utilizadas na melhoria das condições de trabalho. A expressão “bem-estar” merece
uma atenção especial. Percebe-se que para se avaliar o nível de bem-estar ou
de conforto, torna-se fundamental o conhecimento da opinião do trabalhador. Só
o trabalhador tem condições de confirmar ou não as soluções propostas para a
melhor adequação do seu local de trabalho.

Objetivos da Ergonomia
De acordo com Laurig e Vedder (1998) é evidente que as vantagens
da ergonomia podem se manifestar de muitas formas diferentes:
As vantagens da
ergonomia podem se na produtividade e na qualidade, na segurança e na saúde, na
manifestar de muitas confiabilidade, na satisfação com o trabalho e no desenvolvimento
formas diferentes: pessoal. Este campo de ação tão amplo se deve ao objetivo básico
na produtividade da ergonomia: conseguir a eficiência em qualquer atividade realizada
e na qualidade, com um objetivo, eficiência no sentido mais amplo de conseguir o
na segurança
resultado desejado sem desperdiçar recursos, sem erros e sem danos
e na saúde, na
confiabilidade, na à pessoa envolvida ou aos demais. Não é eficaz desperdiçar energia
satisfação com ou tempo devido a um projeto inadequado do trabalho, do espaço de
o trabalho e no trabalho, do ambiente ou das condições de trabalho. Também não é
desenvolvimento obter os resultados desejados apesar do projeto inadequado do local
pessoal. de trabalho, ao invés de obtê-los com o apoio de um projeto adequado.

O objetivo da ergonomia é garantir que o ambiente de trabalho esteja em
harmonia com as atividades que realiza o trabalhador. Este objetivo é válido em
si mesmo, mas sua consecução não é fácil por uma série de razões. O usuário
humano é flexível, adaptável e aprende continuamente, mas as diferenças
individuais podem ser muito grandes. Algumas diferenças, tais como as relativas

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Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

à constituição física e força, são evidentes, mas há outras, como as diferenças


culturais, de estilo ou de habilidades, que são difíceis de identificar.

Tendo em vista a complexidade da situação, poderia parecer que a solução é


proporcionar um ambiente flexível, no qual o usuário humano possa otimizar uma
forma especificamente adequada de fazer as coisas. Infelizmente, esse enfoque
nem sempre é colocado em prática, já que a forma mais eficiente nem sempre
é óbvia e, em consequência, o trabalhador pode continuar desenvolvendo uma
atividade durante anos de maneira inadequada ou em condições inaceitáveis.

Assim, é necessário adotar um enfoque sistemático: a partir de uma
teoria bem fundamentada, estabelecer objetivos quantificáveis e comparar os
resultados com os objetivos. Os diferentes objetivos possíveis serão detalhados
posteriormente.

a) Saúde e Segurança

Não há dúvida de que existem objetivos relacionados com a saúde e a


segurança, mas a dificuldade surge do fato de que nenhum desses conceitos
pode ser medido diretamente. Suas conquistas são medidas por sua ausência
mais do que por sua presença. Os dados em questão sempre estão relacionados
com os aspectos derivados da saúde e segurança. No caso da saúde, a maior
parte das evidências se baseiam em estudos em longo prazo, em populações e
não em casos individuais.

Você poderá perguntar-se: como em populações? População diz respeito a


um grupo de indivíduos que atuam como usuários de um determinado sistema.
Portanto, é necessário manter registros detalhados durante longos períodos de
tempo para poder adotar um enfoque epidemiológico através do qual possam
ser identificados e quantificados os fatores de risco. Por exemplo, qual deveria
ser o tempo máximo por dia ou por ano que pode permanecer um trabalhador
num trabalho com um computador? Dependerá do projeto do local de trabalho,
do tipo de trabalho e do tipo de pessoa (idade, capacidade visual, habilidades,
etc.). Os efeitos sobre a saúde podem ser variados, desde problemas nos
pulsos até a fadiga mental, por isso é necessário realizar estudos globais que
envolvam populações amplas e estudar, ao mesmo tempo, as diferenças entre as
populações.

A segurança é mais diretamente mensurável no sentido negativo, em termos


de tipos e frequências dos acidentes e lesões. Chega a ser complicado definir
os diferentes tipos de acidentes e identificar os múltiplos fatores causadores e,
comumente, não há uma boa correlação entre o tipo de acidente e o grau de dano
produzido, de nenhum dano até a morte.

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Ergonomia

b) Produtividade e Eficácia

A produtividade costuma ser definida em termos de produção


Os dados sobre por unidade de tempo, enquanto a eficácia incorpora outras variáveis,
produtividade em particular a relação resultado-investimento. A eficácia incorpora o
costumam ser
custo do que se fez em relação aos benefícios e, em termos humanos,
utilizados em
comparações do isso implica a consideração dos custos para o usuário humano.
tipo antes e depois
da modificação dos Na indústria, a produtividade é relativamente fácil de se medir,
métodos, situações a quantidade produzida pode ser quantificada e o tempo investido
ou condições de para produzir é fácil de se determinar. Os dados sobre produtividade
trabalho. Isto implica
costumam ser utilizados em comparações do tipo antes e depois da
assumir uma série
de suposições, como modificação dos métodos, situações ou condições de trabalho. Isto
a equivalência entre implica assumir uma série de suposições, como a equivalência entre
o esforço e outros o esforço e outros custos, porque se baseia no princípio de que o
custos, porque se rendimento do usuário humano dependerá do quanto permitem as
baseia no princípio circunstâncias. Se a produtividade aumenta, isso significa que as
de que o rendimento
circunstâncias são melhores.
do usuário humano
dependerá do
quanto permitem as Antigamente, nos escritórios, era comum a existência de
circunstâncias. máquinas de escrever e de calcular. Em muitos locais os equipamentos
mencionados foram substituídos pelo computador, apesar de seu
custo maior, pois certamente oferece maior eficácia e produtividade. Compare a
facilidade de se corrigir um texto escrito num editor de texto em comparação com
um texto escrito à máquina.

c) Confiabilidade e Qualidade

Nos sistemas de alta tecnologia (por exemplo: transporte aéreo de
passageiros, refinarias de petróleo ou instalações de geração de energia), a
medida chave é a confiabilidade, mais do que a produtividade. Os controladores
dos ditos sistemas vigiam o rendimento e contribuem para a produtividade e a
segurança, fazendo os ajustes necessários para garantir que as máquinas
automatizadas estejam conectadas e funcionem dentro dos limites estipulados.
Todos esses sistemas se encontram num estado de segurança máxima quando
estão inativos ou quando funcionam dentro das condições de funcionamento
projetadas e são mais perigosos quando se movem entre estados de equilíbrio,
por exemplo, durante a decolagem de um avião ou quando se detém um sistema
em processamento. Uma alta confiabilidade é uma característica chave não só
por motivos de segurança, como também porque uma interrupção ou parada não
planejada é de custo muito elevado. A confiabilidade é fácil de medir depois de
obtido o resultado, mas é muito difícil de se prever, a menos que se utilize como
referência os resultados obtidos anteriormente em sistemas análogos. Quando

16
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

algo não está bem, o erro humano é invariavelmente uma causa que contribui,
mas nem sempre significa que se trata de um erro do controlador.

Os erros humanos cometidos pelo usuário do sistema podem ser originados


na fase de projeto e durante a implantação e a manutenção do sistema.

Atualmente, aceita-se que os sistemas de alta tecnologia, tão complexos,


requerem um estudo ergonômico considerável e contínuo, desde o projeto até a
avaliação de qualquer falha que possa surgir. A qualidade está inter-relacionada
com a confiabilidade, mas é muito difícil de se medir. Tradicionalmente, nos
sistemas de produção em cadeia e por lotes, a qualidade se controlava
inspecionando o produto terminado, mas hoje há uma combinação entre
a produção e a manutenção da qualidade. Assim, cada usuário tem uma
responsabilidade paralela como inspetor. Isso costuma ser mais efetivo, mas
pode significar o abandono da política de incentivos baseada simplesmente nas
taxas de produção. Em termos ergonômicos, é normal tratar o usuário como
uma pessoa responsável e não como um robô programado para uma atividade
repetitiva.

Observe na Figura 2 uma Cédula Eleitoral utilizada nas eleições estaduais e


federais de 1982. Imagine a possibilidade de erros que este sistema permitia.

Figura 2 – Cédula eleitoral utilizada nas eleições estaduais e federais de 1982

Fonte: Disponível em : <http://www.tre-pi.jus.br


institucional/o-tre-pi/memoria-e-cultura/
documentos/cedulas-eleitorais>. Acesso em: 16 mar. 2013.

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Ergonomia

Uma das melhorias relacionada ao uso do sistema de urna


eletrônica (Figura 3), refere-se à maior participação do próprio usuário
para a confiabilidade no processo. Ele mesmo confere por meio da
foto do candidato a sua opção e corrige ou confirma. Conheça as
principais vantagens desse sistema no site: http://www.tre-sp.jus.br/
urna/vantagens.htm.

Figura 3 – Urna eletrônica

Fonte: Disponível em: <http://www1.an.com.br/1998/


abr/27/0inf.htm>. Acesso em: 16 mar. 2013.

d) Satisfação no Trabalho e Desenvolvimento Pessoal

Partindo do principio de que o(a) trabalhador(a) deve ser tratado como


uma pessoa e não como um robô, depreende-se que se deveriam avaliar suas
responsabilidades, atitudes, crenças e valores. Isso não é nada fácil, já que há
muitas variáveis em jogo, na sua maioria detectáveis, mas não quantificáveis, e
enormes diferenças individuais e culturais. Sem dúvida, grande parte do esforço
se concentra atualmente no projeto e na organização do trabalho com o fim de
assegurar que a situação seja a melhor possível do ponto de vista do trabalhador.

É possível realizar algumas medidas utilizando técnicas de pesquisa e


dispondo de alguns critérios baseados em certas características do trabalho,
como a autonomia e o grau de responsabilidade. Tais esforços requerem tempo
e dinheiro, mas podem ser obtidos consideráveis benefícios ao serem atendidas
as sugestões, opiniões e atitudes das pessoas que estão realizando o trabalho.
Seu enfoque pode não ser o mesmo que o do projetista do trabalho e pode não
coincidir com os supostos por aquele responsável pela organização do trabalho.
As diferenças de opinião são importantes e podem chegar a produzir uma
mudança positiva na estratégia por parte de todos os envolvidos. Não há dúvida
de que o ser humano aprende continuamente quando está rodeado de condições
adequadas.

18
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

A chave é proporcionar informação sobre a atuação no passado e no


presente da qual poderá se utilizar para melhorar a atuação futura. Tal informação
funcionará como um incentivo para o melhor rendimento no trabalho. Pode-
se concluir que há muito para se ganhar com uma melhoria na execução do
trabalho, inclusive para o desenvolvimento da pessoa. O princípio de que o
desenvolvimento pessoal deve ser um aspecto da aplicação da ergonomia requer
maiores habilidades por parte do projetista e do responsável pela organização,
mas se conseguir aplicar adequadamente serão melhorados todos os aspectos
da atuação humana antes mencionados. Com frequência, aplicar com êxito a
ergonomia consiste unicamente em desenvolver a atitude ou o ponto de vista
daqueles considerados idôneos. As pessoas são, inevitavelmente, o fator central
de qualquer esforço humano e, portanto, é importante considerar de maneira
sistemática seus méritos, suas limitações, necessidades e aspirações.

Desenvolvimento da Ergonomia
Há um século aproximadamente passaram a ser reconhecidas as condições
d e trabalho intoleráveis quanto à saúde e à segurança. Também era indispensável
a aprovação de leis que impusessem os limites permitidos para preservação das
condições de saúde e segurança do trabalhador. Considera-se como o começo da
ergonomia o estabelecimento e determinação desses limites.

A dedicação formal ao bem-estar do trabalhador teve seu início registrado em


1919, ao ser celebrado o Tratado de Paz de Versalhes, na França, após a Primeira
Guerra Mundial, quando foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A proteção do trabalhador contra doenças e lesões originadas no exercício do seu
trabalho é um de seus objetivos primordiais.

A Organização Internacional do Trabalho realizou importantes contribuições


ao mundo do trabalho já nos seus primeiros dias. A primeira Conferência
Internacional do Trabalho em Washington, em outubro de 1919, adotou seis
Convênios Internacionais do Trabalho, que se referiam às horas de trabalho
na indústria, desemprego, proteção da maternidade, trabalho noturno das
mulheres, idade mínima e trabalho noturno dos menores na indústria. Por meio
de uma comissão composta por representantes dos empresários,
dos governos e dos trabalhadores, a OIT passou a emitir normas e O processo de
investigação,
recomendações para melhorar as condições de trabalho. (OIT, 2013).
desenvolvimento
e aplicação das
O processo de investigação, desenvolvimento e aplicação recomendações
das recomendações emitidas pela OIT foi lento até a Segunda emitidas pela OIT foi
Guerra Mundial. Essa guerra provocou o aumento da velocidade no lento até a Segunda
desenvolvimento das máquinas e equipamentos, tais como: veículos, Guerra Mundial.

19
Ergonomia

aviões, tanques e armas, bem como melhorou consideravelmente os dispositivos


de navegação e detecção (radar). Os avanços tecnológicos permitiram uma maior
flexibilidade, buscando maior adaptação às necessidades dos(as) usuários(as),
pois a produtividade humana limitava a produtividade do sistema. Se um veículo
motorizado somente desenvolver uma baixa velocidade não há porque se
preocupar com o rendimento do(a) motorista. Porém se a velocidade máxima
do veículo pode chegar a altos índices, então, o condutor tem que reagir com
tamanha rapidez que não há tempo para corrigir erros e evitar possíveis desastres.

De maneira análoga, na medida em que se melhora a tecnologia, diminui-


se a necessidade de verificação das falhas mecânicas ou elétricas e consegue-
se concentrar nas necessidades do piloto. Desse modo, a ergonomia, como
adaptação da tecnologia da engenharia às necessidades do trabalhador, é
cada vez mais necessária e mais possível de se realizar, graças aos avanços
tecnológicos.

A ergonomia começou a ser aplicada de maneira mais efetiva por volta de


1950, quando as prioridades da indústria em desenvolvimento começaram a ser
consideradas mais importantes do que as prioridades da indústria militar.

O principal objetivo da indústria no início do pós-guerra, semelhante ao da


ergonomia, era o aumento da produtividade. Este era um objetivo viável para a
ergonomia, já que grande parte da produtividade industrial estava determinada
diretamente por esforço físico humano: A velocidade de montagem e a proporção
dos movimentos e levantamentos de pesos determinavam o volume de produção.
De maneira gradual, a energia mecânica substituiu o esforço muscular humano.
Sem dúvida, o aumento da energia também produz mais acidentes pelo simples
princípio de que os acidentes são a consequência direta da aplicação da energia
no momento errado e no lugar impróprio.

Quando a produção se realiza com maior rapidez, as possibilidades


de acidentes aumentam. Assim, a preocupação da indústria e o objetivo da
ergonomia começaram a mudar, pouco a pouco, da produtividade para a
segurança. Isso ocorreu entre os anos 60 e princípio dos anos 70. Durante esse
tempo, grande parte do setor de fabricação mudou da produção por lotes para
a produção em série e em processo, como consequência, a função do então
operador de qualquer dispositivo também mudou da participação operacional
direta para os trabalhos de controle e inspeção. Tal processo diminuiu a frequência
dos acidentes ao distanciar o operador do dispositivo do seu cenário de ação,
mas, em certos casos, aumentou a gravidade dos acidentes devido à velocidade
e energia intrínsecas ao processo.

20
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

Quando a produção é determinada pela velocidade de funcionamento das


máquinas, a atividade se reduz à manutenção do sistema em funcionamento,
ou seja, o objetivo é a confiabilidade. Aquele que era o operador é transformado
num controlador, mecânico ou num encarregado de manutenção, no lugar de
ser um manipulador direto. Ainda que a descrição histórica das mudanças nas
indústrias de fabricação durante o pós-guerra pudesse sugerir que o profissional
responsável pelo estudo da ergonomia tenha ignorado, de maneira sistêmica uma
série de problemas e tenha buscado solucionar outros, isso não se deu assim, por
diferentes motivos. O campo da ergonomia abrange muito mais do que o campo
das indústrias de fabricação.
O campo da
ergonomia abrange
Além da ergonomia da fabricação, há a ergonomia do produto ou muito mais do
do projeto, ou seja, a adaptação da máquina ou o produto ao usuário. que o campo
das indústrias de
Para melhor entender o campo de aplicação da ergonomia do fabricação.
Além da ergonomia
produto ou do projeto, acompanhe o exemplo a seguir.
da fabricação,
há a ergonomia
Na indústria automobilística, a ergonomia é importante não do produto ou do
apenas na fabricação de peças e nas linhas de produção, como projeto, ou seja,
também em relação ao futuro motorista, passageiro e encarregado a adaptação da
da manutenção. Observe na Figura 4 a falta de comodidade para máquina ou o
produto ao usuário.
o usuário do primeiro carro do mundo em comparação com a
comodidade oferecida pelos automóveis hoje.

Figura 4 – Primeiro carro motorizado

Fonte: Disponível em: <http://www1.mercedes-benz.com.br/historia/biografia/gottlieb/


frmbiografiagottlieb.htm >. Acesso em: 16 mar. 2013.
21
Ergonomia

A invenção do primeiro automóvel foi um dos grandes benefícios


à nossa comodidade. Porém, graças aos estudos da ergonomia,
os automóveis atuais disponibilizam consideráveis vantagens para
os usuários em comparação ao que era oferecido pelo primeiro
automóvel montado em 1886. Imagine a importância da ergonomia
na melhoria de nossa qualidade de vida. Você já pensou no incômodo
(dores lombares, poeira, vibração, intempérie...) ao viajar no primeiro
carro do mundo por 10 horas.

Atualmente, a revisão da qualidade da ergonomia dos veículos:


a facilidade de dirigir, a comodidade dos assentos, os níveis de ruído
e vibração, a facilidade de acesso aos dispositivos de controle, a
visibilidade interior e exterior, etc., são itens importantes no marketing
dos carros e nas avaliações críticas dos especialistas.

Como abordado anteriormente, a produtividade humana, de


modo geral, aperfeiçoa-se dentro de um espaço de tolerância de
alguma agressão à saúde que é considerada importante. A maioria
dos primeiros profissionais da ergonomia buscava reduzir o esforço
muscular realizado e a intensidade e diversidade dos movimentos
para que não superassem os limites toleráveis. As grandes mudanças
no ambiente de trabalho e a chegada do computador têm causado
um problema inverso, ou seja, os movimentos são muito limitados.
O espaço de trabalho para um computador, a não ser que seja bem
desenhado do ponto de vista ergonômico, pode ocasionar uma
postura muito fixa, falta de movimentos do corpo e uma repetição
excessiva de certos movimentos nas articulações. Acompanhe na
Figura 5 um modelo de algumas características ergonômicas do
trabalho com computador.

Figura 5 – Algumas características ergonômicas do trabalho com computador

Fonte: Disponível em: <http://www.areaseg.com/


22 ergonomia/25dicas.html.>. Acesso em: 15 abr. 2013.
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

Esta breve revisão histórica pretendeu mostrar que, embora o


desenvolvimento da ergonomia tenha sido contínuo, os problemas estão
aumentando cada dia mais e, em muitos casos, antes que se consiga solucionar
os existentes. Sem dúvida, os conhecimentos aumentam e cada vez são mais
confiáveis e válidos; os princípios do consumo energético não dependem do como
ou por que se consome a energia; as consequências das posturas são as mesmas
para os assentos num avião e na frente de um computador, uma parte importante
da atividade humana se realiza na atualidade, defronte das telas do monitor e
para esta situação existem princípios bem estabelecidos, baseados em provas de
laboratório e estudos de campo.

Para se ter uma ideia da influência da ergonomia na atualidade,


recomendamos a leitura do seguinte artigo: MORAES, Anamaria
de. Definições. Disponível em: <http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/
moraergo/define.htm>. Acesso em: 18 mar. 2013.

Atividades de Estudos:

1) Explique como surgiu o termo ergonomia e qual era o seu


significado.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Discorra sobre o significado do termo trabalho para a ergonomia.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

3 Apresente os principais aspectos existentes na definição de


ergonomia adotada pela Associação Internacional de Ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

4) Descreva os objetivos da ergonomia para cada uma das diferentes


formas em que se manifestam suas vantagens.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

23
Ergonomia

5) Explique como e quando se deu o primeiro registro formal do


interesse na busca dos objetivos inerentes à Ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

6) Discorra sobre as razões para o aumento do interesse pela


ergonomia no início do pós-guerra.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

7) Justifique em que sentido o avanço tecnológico contribui com a


ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

Algumas Considerações
Este capítulo objetivou fornecer um conhecimento básico do significado, dos
objetivos e da trajetória do desenvolvimento da Ergonomia.

- Entendemos que Ergonomia significa expressamente o estudo ou a medida


do trabalho. Nesse contexto, o termo trabalho significa uma atividade humana
com um objetivo e vai além do conceito mais limitado do trabalho como sendo
uma atividade para se obter um beneficio econômico ao incluir todas as atividades
nas quais o usuário(a) humano persegue de modo sistemático um objetivo.

- Percebemos que as vantagens da ergonomia podem se manifestar de


muitas formas diferentes: na produtividade e na qualidade, na segurança e na
saúde, na confiabilidade, na satisfação com o trabalho e no desenvolvimento
pessoal.

- É primordial destacar o objetivo da ergonomia no sentido de garantir que


o ambiente de trabalho esteja em harmonia com as atividades que realiza o
trabalhador. Para se alcançar o objetivo quanto à saúde e à segurança do trabalho,
é necessário manter registros detalhados durante longos períodos de tempo
para poder adotar um enfoque epidemiológico. Com relação à produtividade e à
eficácia o objetivo da Ergonomia baseia-se no princípio de que o rendimento do
usuário humano dependerá do quanto permitam as circunstâncias. Os sistemas
de alta tecnologia, tão complexos, requerem um estudo ergonômico considerável
e contínuo, desde o projeto até a avaliação de qualquer falha que possa surgir

24
Capítulo 1 Fundamentos da Ergonomia

quanto aos aspectos da confiabilidade e da qualidade.


- Com relação ao histórico de desenvolvimento da Ergonomia, destaca-se
que o primeiro registro formal na mesma direção dos interesses da ergonomia se
registrou em outubro de 1919 quando a OIT adotou seis Convênios Internacionais
do Trabalho, que se referiam às horas de trabalho na indústria, desemprego,
proteção da maternidade, trabalho noturno das mulheres, idade mínima e trabalho
noturno dos menores na indústria. O processo de investigação, desenvolvimento
e aplicação das recomendações emitidas pela OIT foi lento até a Segunda Guerra
Mundial.

- O principal objetivo da indústria no início do pós-guerra, semelhante ao da


ergonomia, era o aumento da produtividade. Esse era um objetivo viável para a
ergonomia, já que grande parte da produtividade industrial estava determinada
diretamente por esforço físico humano: A velocidade de montagem e a proporção
dos movimentos e levantamentos de pesos determinavam o volume de produção.

- O campo da ergonomia abrange muito mais do que o campo das indústrias


de fabricação. Além da ergonomia da fabricação está a ergonomia do produto ou
do projeto, ou seja, a adaptação da máquina ou o produto ao usuário.

Referências
ABERGO – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é
ergonomia? Disponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_
que_e_ergonomia>. Acesso em: 18 mar. 2013.

LAURIG, Wolfgang; VEDDER, Joachim. Enciclopedia de Salud y Seguridad en


el Trabajo: Ergonomia. 4. ed. Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales -
Subdirección General de Publicaciones, 1998.

MORAES, Anamaria de; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e


aplicações. 4. ed. Rio de Janeiro: 2AB Editora Ltda., 2010.

O.I.T. - ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL DEL TRABAJO. Orígenes e história.


Disponível em: <http://www.ilo.org/global/About_the_ILO/Origins_and_history/
lang--es/index.htm>. Acesso em: 15 mar. 2013.

25
Ergonomia

26
C APÍTULO 2
Características do Organismo
Humano

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Interpretar a aplicabilidade da antropometria para o dimensionamento dos


instrumentos de apoio e de execução das atividades.

33 Caracterizar os principais fatores psicofisiológicos considerados na Ergonomia.


Ergonomia

28
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

Contextualização
Uma parte da ciência que trata das características físicas do organismo
humano é a antropometria. A antropometria é um ramo fundamental da antropologia
física. Trata o aspecto quantitativo. Existe um amplo conjunto de teorias e práticas
dedicadas à definição dos métodos e variáveis para relacionar os objetivos dos
diferentes campos de aplicação. No campo da saúde e segurança do trabalho e
da ergonomia os sistemas antropométricos se relacionam principalmente com a
estrutura, composição e constituição corporal, bem como com as dimensões do
corpo humano em relação às dimensões do lugar de trabalho, das máquinas, do
ambiente de trabalho e da roupa.

Variáveis Antropométricas
As variáveis
Uma variável antropométrica, segundo Masali (1998), é uma antropométricas
característica do organismo que pode ser quantificada, definida, são principalmente
tipificada e expressada numa unidade de medida. As variáveis lineares medidas lineares,
como a altura ou
são definidas geralmente como pontos de referência que podem ser
a distância em
situados em pontos específicos do organismo humano. relação ao ponto de
referência, com o
Os pontos de referência costumam ser de dois tipos: esquelético- sujeito sentado ou
anatômicos, que podem ser localizados e acompanhados apalpando de pé numa postura
as proeminências ósseas através da pele; referências virtuais, que tipificada; larguras,
como as distâncias
são definidas como máximas e mínimas distâncias utilizando um
entre pontos de
paquímetro. referência bilaterais;
longitudes, como a
As variáveis antropométricas têm componentes tanto genéticos distância entre dois
como do meio ambiente e podem ser utilizadas para definir a variação pontos de referência
individual ou da população. A escolha das variáveis deve relacionar- distintos; medidas
curvas, ou arcos,
se com o objetivo específico da investigação e ser tipificada com
como a distância
outro tipo de investigações no mesmo campo, já que o número de sobre a superfície
variáveis descrito na literatura é extremamente grande. As variáveis do corpo entre dois
antropométricas são principalmente medidas lineares, como a pontos de referência;
altura ou a distância em relação ao ponto de referência, com o perímetros, como
sujeito sentado ou de pé numa postura tipificada; larguras, como as medidas de curvas
fechadas ao redor
distâncias entre pontos de referência bilaterais; longitudes, como a
de superfícies
distância entre dois pontos de referência distintos; medidas curvas, ou corporais,
arcos, como a distância sobre a superfície do corpo entre dois pontos geralmente
de referência; perímetros, como medidas de curvas fechadas ao redor referindo-se a pelo
de superfícies corporais, geralmente referindo-se a pelo menos um menos um ponto de
ponto de referência ou a uma altura definida. referência ou a uma
altura definida.

29
Ergonomia

Observe o esquema para medidas antropométricas (de pé), na Figura 6.

Figura 6 – Esquema para medidas antropométricas (de pé)

Fonte: Extraído e adaptado de <http://www.eps.ufsc.br/disserta97/viera/


cap4.htm>. Acesso em: 16 mar. 2013.

Amostragem e Análise

Uma vez que não é possível obter dados antropométricos da


Deve ser realizado população completa (exceto nos poucos casos em que a população
um estudo é particularmente pequena), geralmente é necessário tomar amostras
ergonômico preciso da população. O ponto inicial de qualquer análise antropométrica
do procedimento deveria ser a definição aleatória da amostra. Para manter o número de
de medição,
sujeitos medidos num nível razoável, é necessário recorrer a amostras
objetivando reduzir
a fadiga do usuário estratificadas com múltiplas fases. Isso permite uma subdivisão mais
e os possíveis erros. homogênea da população em várias classes ou estratos. A população
Por esse motivo, pode ser dividida por: sexo, grupo de idades, área geográfica, variáveis
as variáveis devem sociais, atividade física, etc.
ser agrupadas
de acordo com o
As formas de análise devem ser desenhadas levando em
instrumento utilizado
para se colocar consideração tanto o procedimento de medição como o tratamento
sequencialmente em dos dados. Deve ser realizado um estudo ergonômico preciso do
ordem para reduzir procedimento de medição, objetivando reduzir a fadiga do usuário e os
a quantidade de possíveis erros. Por esse motivo, as variáveis devem ser agrupadas de
flexões que deve acordo com o instrumento utilizado para se colocar sequencialmente
realizar o usuário.
em ordem para reduzir a quantidade de flexões que deve realizar o
usuário.

30
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

Estudos de Adaptação e Regulação


A adaptação do espaço ou instrumento de trabalho ao usuário pode depender
não só das dimensões corporais, mas também de outras variáveis, como a
tolerância ao incômodo e ao tipo de atividades, roupa, ferramentas e condições
do meio ambiente. Pode ser utilizada a seguinte combinação: uma lista de fatores
relevantes, um simulador e uma série de estudos de ajuste nos quais se utiliza
uma amostra de indivíduos escolhidos para representar o intervalo de tamanhos
corporais da população de usuários esperada.

O objetivo é determinar os intervalos de tolerância para todos os indivíduos.


Se os intervalos se superpõem, é possível selecionar um intervalo final mais
preciso que não esteja fora dos limites de tolerância de nenhum dos indivíduos.
Se não há a superposição, será necessário fazer com que a estrutura seja
ajustável ou, ainda, proporcionar a possibilidade de se ajustar a vários tamanhos.
Se há mais de duas dimensões ajustáveis, o indivíduo pode não ser capaz de
decidir qual dos possíveis ajustes seja o mais adequado para ele. A capacidade
de adaptação pode ser um tema complicado, especialmente quando as posturas
incômodas produzem fadiga. Assim, é necessário proporcionar ao usuário
indicações precisas, já que, frequentemente, este sabe muito pouco a respeito
de suas próprias características antropométricas. Em geral, um projeto preciso
deveria reduzir a necessidade de ajustes ao mínimo. Em qualquer caso, é
preciso lembrar sempre que o tema da investigação é a antropometria e não só a
engenharia.

Antropometria Dinâmica

A antropometria estática pode proporcionar uma grande quantidade de


informação sobre o movimento quando se escolhe um conjunto adequado de
variáveis. Contudo, quando os movimentos são complicados e se deseja realizar
um bom ajuste com o ambiente operacional, como acontece com a maioria das
interfaces usuário-máquina e pessoa-veículo, é necessário realizar uma análise
precisa das posturas e dos movimentos. Isto pode ser feito por meio de simulações
adequadas, que permitem o traçado das linhas de alcance ou de fotografias.

O Trabalho Muscular nas Atividades


Com o avanço da tecnologia nos meios de produção, o número de trabalhos
físicos pesados convencionais foi reduzido, mas, em consequência, muitos
trabalhos se apresentam mais estáticos, assimétricos e sedentários. Smolander
e Louhevaara (1998) ressaltam que o trabalho muscular nas atividades pode ser

31
Ergonomia

dividido, em geral, em quatro grupos: o trabalho muscular dinâmico pesado, a


manipulação manual de materiais, o trabalho estático e o trabalho repetitivo. O
trabalho muscular dinâmico pesado encontra-se, por exemplo, nas atividades
florestais, agrícolas e na construção civil. A manipulação manual de materiais é
comum, por exemplo, nas atividades de enfermaria, transporte e armazenagem,
enquanto o trabalho estático existe nos escritórios, na indústria eletrônica e nas
tarefas de manutenção e reparação. As tarefas repetitivas podem ser encontradas,
por exemplo, nas indústrias de processamento de alimentos e da madeira.
É importante destacar que a manipulação manual de materiais e o trabalho
repetitivo são basicamente trabalhos musculares dinâmicos ou estáticos ou uma
combinação de ambos.

Trabalho Muscular Dinâmico

No trabalho dinâmico, os músculos esqueléticos ativados se contraem e


relaxam ritmicamente. O fluxo sanguíneo que chega aos músculos aumenta
para satisfazer as necessidades metabólicas. Esse aumento do fluxo sanguíneo
ocorre com o incremento do bombeamento do coração. Reduzindo o fluxo que
chega para as áreas inativas, como os rins e o fígado, e aumentando o número
de vasos sanguíneos abertos na musculatura que se está utilizando no trabalho.
A frequência cardíaca, a pressão sanguínea e o consumo de oxigênio nos
músculos aumentam na relação direta com a intensidade do trabalho. Também
aumenta a ventilação pulmonar, devido à maior profundidade das respirações e
ao aumento da frequência respiratória. A finalidade da ativação de todo o sistema
cardiorrespiratório é melhorar a chegada do oxigênio aos músculos que estão
sendo ativados. O nível do consumo de oxigênio, medido durante o trabalho
muscular dinâmico pesado, indica a intensidade do trabalho.

Trabalho Muscular Estático

No trabalho estático, a contração muscular não produz


Nos trabalhos movimentos visíveis, por exemplo, num membro. O trabalho
estáticos, os
estático aumenta a pressão no interior do músculo o que, junto com
músculos se cansam
com maior facilidade a compressão mecânica, dificulta a circulação total ou parcial do
do que nos trabalhos sangue. O fornecimento de nutrientes e de oxigênio ao músculo e
dinâmicos. A a eliminação de produtos metabólicos finais são dificultados. Dessa
característica forma, nos trabalhos estáticos, os músculos se cansam com maior
circulatória mais facilidade do que nos trabalhos dinâmicos. A característica circulatória
destacada do
mais destacada do trabalho estático é o aumento da pressão
trabalho estático é o
aumento da pressão sanguínea. A frequência cardíaca não varia muito. Acima de uma
sanguínea. determinada intensidade de esforço, a pressão do sangue aumenta
na relação direta com a intensidade relativa do esforço, o trabalho
estático realizado com grandes grupos musculares produz uma maior

32
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

resposta da pressão sanguínea do que nos trabalhos com músculos menores. Em


principio, a regulagem da ventilação e da circulação no trabalho estático é similar
ao do trabalho dinâmico, mas os sinais metabólicos dos músculos são mais fortes
e provocam um padrão de respostas diferente.

Consequências da Sobrecarga Muscular nas Atividades

O grau de carga física que experimenta um usuário de qualquer sistema,


depende do tamanho da massa muscular ativada, do tipo de contrações e das
características individuais. Enquanto a carga de trabalho muscular não superar
a capacidade física do trabalhador, o corpo se adaptará à carga e se recuperará
rapidamente depois de terminado o trabalho. Se a carga muscular é muito
elevada, provocará a fadiga, haverá uma redução da capacidade de trabalho
e a recuperação será mais lenta. As cargas mais elevadas ou a sobrecarga
prolongada pode ocasionar danos físicos na forma de doenças ocupacionais.
Por outro lado, o trabalho muscular de certa intensidade, sua frequência e sua
duração, também podem ter um efeito de um treinamento, bem como algumas
exigências musculares excessivamente baixas podem ter efeitos negativos.

Enfoques daCargaMentaldeTrabalho
Um dos conceitos inerentes às características psicológicas do organismo e à
ergonomia é o conceito da carga mental do trabalho. O conceito de carga mental
de trabalho (CMT), de acordo com Hacker (1998), está adquirindo cada vez mais
importância, já que as tecnologias modernas, semiautomáticas e informatizadas
podem impor maiores exigências quanto às capacidades mentais humanas ou
de processamento da informação, tanto nas tarefas administrativas como de
fabricação. Desse modo, especialmente no campo da análise do trabalho, da
avaliação dos requisitos para um cargo determinado e do projeto deste cargo, o
conceito de carga mental de trabalho está adquirido mais importância do que a
análise da carga física de trabalho tradicional.

A carga mental de trabalho é considerada, em termos das exigências da


tarefa, como uma variável independente externa a qual os usuários do sistema
deverão desenvolver com eficácia. A carga mental de trabalho também é definida
em termos da interação entre as exigências da tarefa e as capacidades ou
recursos da pessoa.

Enfoque da Interação Exigências-Recursos

O enfoque da interação entre as exigências e os recursos se desenvolve


dentro do contexto das teorias de adaptação ou não adaptação entre personalidade

33
Ergonomia

e ambiente, que tratam de explicar as relações que diferenciam uns indivíduos de


outros diante de condições e exigências idênticas no plano físico e psicossocial.
Assim, esse enfoque pode explicar as diferenças individuais nos padrões de
respostas subjetivas diante de determinadas exigências e condições de carga,
por exemplo, em termos de: fadiga, monotonia, aversão afetiva, esgotamento ou
doenças.

Enfoque Relacionado às Exigências da Tarefa

Este enfoque se desenvolve entre os ramos da psicologia do trabalho e a


ergonomia que estão mais vinculados com o projeto das tarefas, especialmente
no que diz respeito ao projeto das tarefas novas e futuras, ainda não conhecidas:
o denominado projeto prospectivo de tarefas. O enfoque com as exigências da
tarefa busca responder à pergunta: como desenhar uma tarefa para reduzir o
máximo possível o impacto posterior, em geral, ainda desconhecido, que terá
sobre os usuários que irão desempenhá-la?

Características Comuns Para os Dois Enfoques

Existem algumas características comuns aos dois enfoques: das exigências


da tarefa e da interação entre as exigências e os recursos.

- A carga mental do trabalho descreve acima de tudo, os aspectos conhecidos


da tarefa, ou seja, os requisitos e as exigências que as tarefas impõem aos
trabalhadores, que poderiam ser utilizados para prever o seu resultado.

- Os aspectos mentais da carga mental do trabalho se conceituam em termos do
processamento da informação. O processamento da informação inclui aspectos
cognitivos, voluntários ou de motivação, e emocionais, já que as pessoas sempre
avaliam as exigências que têm que cumprir e autorregulam seu esforço para
conseguir realizá-las.

- O processamento da informação integra os processos mentais, as representações
(como o conhecimento ou o modelo mental de uma máquina) e os estados mentais (por
exemplo, estados de consciência, nível de ativação cortical e, de maneira menos formal
o estado de ânimo).

- A carga mental de trabalho é uma característica multidimensional dos requisitos
da tarefa, já que toda tarefa se distingue por vários aspectos relacionados entre si,
mas independentes, que devem ser considerados em separado no projeto desta.

- A carga mental de trabalho terá um impacto em várias dimensões que
determinará, pelo menos:

34
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

- o comportamento, por exemplo, as estratégias e o rendimento obtido;



- o bem-estar subjetivo e o percebido em curto prazo, com as consequências que
terá para a saúde em longo prazo;

- os processos psicofisiológico, por exemplo, a alteração da pressão sanguínea no


trabalho, que podem ser convertidos em longo prazo num efeito positivo (facilitando,
por exemplo, a melhoria das aptidões) ou negativo (doenças);

- do ponto de vista do projeto das tarefas, a carga mental de trabalho não deve
ser minimizada, como seria necessário no caso de contaminação do ar por
produtos cancerígenos, mas deve oferecer um equilíbrio. São necessárias certas
exigências mentais para manter o bem-estar, a saúde, a qualificação, já que ditas
exigências proporcionam os estímulos necessários para: a ativação do cérebro,
as condições para que se mantenha em forma e as opções de aprendizagem/
treinamento;

- em qualquer caso, a carga mental de trabalho deverá ser considerada ao se
realizar uma análise da tarefa, na avaliação das suas exigências e no projeto
prospectivo e corretivo das tarefas.

Doenças Ocupacionais
Helfenstein Júnior (1999) recomenda considerar LER (lesões por esforços
repetitivos) ou DORT (Distúrbios Ósteos-musculares relacionados ao
Helfenstein Júnior
trabalho) qualquer distúrbio que seja relacionado ao trabalho.
(1999) recomenda
considerar LER
Embora, segundo Santos (2004), os pesquisadores das LER/ (lesões por esforços
DORT crerem ser ainda desconhecido o fator etiológico ou a causa repetitivos) ou
atribuída a este conjunto de doenças, pois demonstraram que DORT (Distúrbios
não existe relação entre a incidência da doença e a repetição do Ósteos-musculares
relacionados ao
movimento. Um indivíduo fisicamente preparado e condicionado, que
trabalho) qualquer
tem um comportamento e uma postura correta durante sua jornada de distúrbio que seja
trabalho, com descansos dentro de intervalos regulares, pode realizar, relacionado ao
sem nenhum dano, todas as suas tarefas. De maneira resumida, trabalho.
podem ser relacionados os fatores etiológicos inerentes às LER/
DORT como sendo:

a) desconsideração dos fatores ergonômicos e antropométricos (ferramentas,


equipamentos, acessórios, mobiliários, angulações, posicionamentos,
distâncias, etc.);

35
Ergonomia

b) jornadas de trabalho em excesso;


c) falta de intervalos adequados;
d) técnicas indevidas;
e) posturas incorretas;
f) aplicação de força em excesso para executar as tarefas;
g) sobrecarga de trabalho estático;
h) sobrecarga de trabalho dinâmico.

Atividades de estudos:

1) Descreva os aspectos com os quais se relacionam os sistemas


antropométricos no campo da ergonomia.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Apresente o principais aspectos a serem considerados na fase


de amostragem para se obter os dados antropométricos e na sua
análise.
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3) Discorra sobre os procedimentos nos estudos de adaptação e


regulação do espaço ou do instrumento de trabalho.
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_______________________________________________________
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4) Explique os efeitos no organismo humano do trabalho muscular


dinâmico e do trabalho estático.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

5 Discorra sobre as consequências da sobrecarga muscular nas


atividades.
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_______________________________________________________
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6) Apresente as razões para que a carga mental do trabalho adquira


mais importância do que a análise da carga física do trabalho
tradicional.
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_______________________________________________________
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36
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

7) Discorra sucintamente sobre os enfoques da carga mental do


trabalho.
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_______________________________________________________

8) Descreva, resumidamente, as características da inter-relação da


carga mental do trabalho que são comuns ao enfoque das exigências
da tarefa e ao enfoque da interação entre as exigências e os recursos.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

9) Relacione, resumidamente, os fatores etiológicos inerentes às


LER/DORT.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

Algumas Considerações
Este capítulo apresentou como objetivo a provisão de conhecimento inerente
aos principais aspectos da aplicabilidade da antropometria ou da parte da ciência
que trata das características físicas do organismo humano na ergonomia.

- Na ergonomia, os sistemas antropométricos se relacionam principalmente com


a estrutura, composição e constituição corporal e com as dimensões do corpo
humano em relação às dimensões do lugar de trabalho, das máquinas, do
ambiente de trabalho e da roupa.

- As variáveis antropométricas são principalmente medidas lineares, como a altura
ou a distância com relação ao ponto de referencia, com o sujeito sentado ou de pé
numa postura tipificada; larguras, como as distâncias entre pontos de referência
bilaterais; longitudes, como a distância entre dois pontos de referencia distintos;
medidas curvas, ou arcos, como a distância sobre a superfície do corpo entre
dois pontos de referência; perímetros, como medidas de curvas fechadas ao
redor de superfícies corporais, geralmente referindo-se a pelo menos um ponto de
referência ou a uma altura definida.

- Deve ser realizado um estudo ergonômico preciso do procedimento de medição,
objetivando reduzir a fadiga do usuário e os possíveis erros. Por esse motivo,
as variáveis antropométricas devem ser agrupadas de acordo com o instrumento

37
Ergonomia

utilizado para se colocar sequencialmente em ordem para reduzir a quantidade de


flexões que deve realizar o usuário.

- O objetivo dos estudos de adaptação e regulação é determinar os intervalos de
tolerância para todos os indivíduos. Se os intervalos se superpõem, é possível
selecionar um intervalo final mais preciso que não esteja fora dos limites de
tolerância de nenhum dos indivíduos. Se não há a superposição, será necessário
fazer com que a estrutura seja ajustável ou, ainda, proporcionar a possibilidade de
se ajustar a vários tamanhos.

- Quando os movimentos são complicados e se deseja realizar um bom ajuste
com o ambiente operacional, como acontece com a maioria das interfaces
usuário-máquina e pessoa-veículo, é necessário realizar uma análise precisa das
posturas e os movimentos.

- No trabalho dinâmico, o fluxo sanguíneo que chega aos músculos aumenta
para satisfazer as necessidades metabólicas, reduzindo o fluxo que chega para
as áreas inativas, como os rins e o fígado, e aumentando o número de vasos
sanguíneos abertos na musculatura que se está utilizando no trabalho. Nos
trabalhos estáticos, os músculos se cansam com maior facilidade do que nos
trabalhos dinâmicos. A característica circulatória mais destacada do trabalho
estático é o aumento da pressão sanguínea.

- Se a carga muscular é muito elevada, provocará a fadiga, haverá uma redução
da capacidade de trabalho e a recuperação será mais lenta. As cargas mais
elevadas ou a sobrecarga prolongada pode ocasionar danos físicos na forma de
doenças ocupacionais.

- Um dos conceitos inerentes às características psicológicas do organismo e à
ergonomia é o conceito da carga mental do trabalho. O enfoque da interação
entre as exigências da tarefa e as capacidades ou recursos da pessoa pode
explicar as diferenças individuais nos padrões de respostas subjetivas diante
de determinadas exigências e condições de carga, por exemplo, em termos de:
fadiga, monotonia, aversão afetiva, esgotamento ou doenças.

- O enfoque com as exigências da tarefa busca responder à pergunta: como
desenhar uma tarefa para reduzir o máximo possível o impacto posterior, em geral,
ainda desconhecido, que terá sobre os usuários que irão desempenhá-la?

- Os fatores etiológicos inerentes às LER/DORT podem ser resumidamente:
desconsideração dos fatores ergonômicos e antropométricos; jornadas de
trabalho em excesso; falta de intervalos adequados; técnicas indevidas; posturas
incorretas; aplicação de força em excesso para executar as tarefas; sobrecarga

38
Capítulo 2 Características do Organismo Humano

de trabalho estático; sobrecarga de trabalho dinâmico.

Referências
HACKER, Winfried. Enciclopedia de Salud y Seguridad en el Trabajo: Carga
mental de trabajo. 4. ed. Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales -
Subdirección General de Publicaciones, 1998.

HELFENSTEIN JÚNIOR, Milton. Lesões por esforços repetitivos (LER/DORT):


conceitos básicos. São Paulo: Schering-Ploug, 1999.

MASALI, Melchiorre. Enciclopedia de Salud y Seguridad en el Trabajo:


Antropometria. 4. ed. Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales -
Subdirección General de Publicaciones, 1998.

SANTOS, Heleodório Honorato dos. Abordagem clínica e psicossocial das


Lesões por esforços repetitivos LER/DORT. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional. São Paulo, v. 28, n. 105/106, p.105-115, maio 2004. Semestral.

SMOLANDER, Juhani; LOUHEVAARA, Veikko. Enciclopedia de Salud y


Seguridad en el Trabajo: Trabajo Muscular. 4. ed. Madrid: Ministerio de Trabajo
y Asuntos Sociales - Subdirección General de Publicaciones, 1998.

39
Ergonomia

40
C APÍTULO 3
Sistema Homem – Tarefa -
Máquina

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Indicar o significado de sistema no contexto da Ergonomia.

33 Descrever a consequência de se trabalhar com privação do sono e explicar


a razão para se considerar menor a qualidade do sono diurno.

33 Listar os principais aspectos do arranjo físico do local de trabalho para o


atendimento da NR 17 – Ergonomia.
Ergonomia

42
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

Contextualização
Moraes e Mont’Alvão (2010), ao abordarem o sistema homem-tarefa-
máquina, salientam a necessidade de conceituarmos sistema para o entendimento
da Ergonomia. Segundo as autoras, a estrutura conceitual formal da Ergonomia foi
possível mediante a aplicação do conceito de sistemas no contexto da Ergonomia.
“No contexto da Ergonomia, o conceito de sistema significa que o desempenho
humano no trabalho só pode ser corretamente conceituado em termos do todo
organizado e que, para o desempenho do trabalho, este todo organizado é o
sistema homem-máquina.” (MORAES; MONT’ALVÃO, 2010, p. 21).

Enfoque Sistêmico
A Ergonomia adota o enfoque sistêmico no seu desenvolvimento. O enfoque sistêmico
O enfoque sistêmico é uma técnica conveniente para entender os é uma técnica
processos dinâmicos que caracterizam as organizações sociais. conveniente
Pois, mediante a ampliação da visão dos problemas organizacionais para entender os
processos dinâmicos
na análise de seus processos, permite encontrar os meios mais
que caracterizam
adequados para resolver os problemas que enfrenta em sua as organizações
administração, na busca da conquista de seus objetivos num meio sociais.
ambiente de evolução constante.

[...]o moderno enfoque dos sistemas procura desenvolver:


uma técnica para lidar com a grande e complexa empresa; um
enfoque sintético do todo, que não permite a análise separada
das partes do todo, em virtude das intrincadas inter-relações
das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser
tratadas fora do contexto do todo; e um estudo das relações
entre os elementos componentes, em preferência ao estudo
dos elementos, destacando-se o processo e as probabilidades
de transição, especificados em função de seus arranjos
estruturais e de sua dinâmica. (OLIVEIRA, 2002, p. 35).

Segundo Oliveira (2002, p. 35): “Sistema é um conjunto de


partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam
um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada
função”. O autor indica a possibilidade de se aplicar o conceito de
sistema quando se considera a empresa inteira, como no caso da
estrutura organizacional, ou quando se trata de um procedimento
específico, portanto, aplica-se a Ergonomia. Destaca que para melhor
entendimento se deve considerar os componentes do sistema e suas
inter-relações, que podem ser visualizados na Figura 7.

43
Ergonomia

Podemos perceber que todas as atividades são desenvolvidas


mediante a ação entre algumas partes interagentes (pessoas,
máquinas, ambiente) e o sucesso dessa ação depende do sucesso
da ação das outras partes (interdependentes).

Figura 7 – Componentes de um sistema

Fonte: Adaptado de Oliveira (2002, p. 36).

Oliveira (2002, p. 35) define os componentes do sistema demonstrados na


Figura 7, como:

• Objetivo: é o fim a que se destina o próprio sistema. Quanto melhor


definido e claro para todos os participantes do sistema maior será a
probabilidade de atingi-lo.

• Entrada: é a força de partida ou arranque do sistema, que fornece


material, informação ou energia para a operação ou processo do sistema.
Nesta parte estão todos os recursos a serem utilizados para a operação do
sistema, em três categorias:

• Material: por exemplo, matéria-prima, máquinas, o corpo


humano e instalações físicas.

• Informação: por exemplo, objetivo a ser atingido, detalhes das


características e ações necessárias para atingir o objetivo,
matérias-primas, máquinas, habilidades que serão utilizadas,
detalhes das instalações, etc.

• Energia: por exemplo, energia física humana, energia elétrica,


química, calorífica, mecânica, etc.

• Processo de transformação do sistema: é o componente que transforma
as entradas em saídas, produtos ou resultados. Esta parte do sistema
enfoca a utilização dos recursos: material, informação e energia, que
compõem a entrada do sistema para se produzir algo.
44
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

• Saída: é o resultado do processo de transformação, que deverá estar


de acordo com os objetivos do sistema. É o que o sistema produz.
Por exemplo: um produto de um trabalho ou o resultado de um serviço
prestado.

• Controle e avaliação: verifica se as saídas estão de acordo com os
objetivos determinados. Esta parte do sistema busca perceber e avaliar
se os resultados do processo de transformação atendem o que foi
estabelecido como objetivo.

• Retroalimentação ou feedback do sistema: busca corrigir o sistema para
gerar a saída coerente com os objetivos do sistema. É a informação que
se reincorpora no sistema como resultado da divergência verificada entre a
saída e o padrão que se deseja, considerado coerente com os objetivos do
sistema. Após verificação das incoerências percebidas na fase de controle
e avaliação, entre o que está estabelecido no objetivo e o que se está
realizando, parte-se para as devidas correções. Estas correções entram
no sistema como informação. Por exemplo: treinar os operadores, alterar
a matéria-prima, mudar de fornecedor, podem ser, inclusive, alterações no
modo como se faz o processo de transformação.

Ainda segundo o mesmo autor, deve-se considerar o ambiente do sistema:


“Ambiente de um sistema é o conjunto de fatores que não pertencem ao sistema,
mas qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar esses fatores externos
e qualquer alteração nos fatores externos pode mudar ou alterar o sistema.”
(OLIVEIRA, 2002, p. 37).

Considerando a empresa como um sistema, Hall (2004, p. 194) afirma que


“o relacionamento organização-ambiente é dinâmico”. Ao abordar o ambiente
organizacional sob uma perspectiva mais analítica, Hall (2004, p. 204) indica que
o ambiente se insere na organização na forma de informação e é afetada por
problemas de comunicação e tomada de decisões, o que também ocorre com a
aplicação da Ergonomia que se aplica na empresa. O referido autor salienta que o
ambiente quanto ao seu conteúdo pode ser classificado em:

• condições tecnológicas: “A organização não existe em um vácuo. Os


desenvolvimentos tecnológicos, em qualquer campo de atividade, têm o
potencial de alcançar as organizações relevantes. Novas ideias entram em
circulação e tornam-se parte do ambiente.” (HALL, 2004, p.195).

• condições legais: “A maioria esmagadora das organizações precisa
conviver com leis e regulamentações de âmbito federal, estadual e
municipal como parte importante de seus ambientes.”(HALL, 2004, p. 195).

45
Ergonomia

• condições políticas: “Após a legislação ser aprovada na esfera jurídica,


ainda ocorrem pressões políticas na implementação dos regulamentos.”
(HALL, 2004, p. 196). Uma análise das primeiras atividades da
Administração de Higiene do Trabalho e Saúde Ocupacional (Occupational
Safety and Health Administration – OSHA), nos Estados Unidos, constata
as grandes pressões políticas exercidas sobre essa organização.”
(McCAFFREY apud HALL, 2004, p. 196).

• condições econômicas: “Uma variável ambiental óbvia, porém
estranhamente negligenciada pela maioria dos sociólogos, é o estado da
economia no qual a organização opera.” (HALL, 2004, p.197).

• condições demográficas: “A demografia representa outro fator comumente
negligenciado. O número de pessoas atendidas, sua distribuição etária e
por gênero, fazem muita diferença para todas as organizações.” (HALL,
2004, p. 199).

• condições ecológicas: “Uma situação ecológica geral em torno de
uma organização está relacionada ao cenário demográfico. O número
de organizações com as quais mantém contatos e relacionamentos e o
ambiente no qual se localiza são componentes do sistema ecológico social
da organização.” (HALL, 2004, p. 199).

• condições culturais: “O relacionamento cultura-organização não é uma
via de mão única. Organizações tentam moldar os valores culturais por
meio de suas iniciativas de relações públicas.” (HALL, 2004, p. 201).

No caso de buscarmos entender as relações entre as pessoas na organização


como sistemas, notaremos as influências possíveis do desenvolvimento da
Ergonomia na empresa. Katz e Kahn (1987), ao explanarem as interações
da organização com o ambiente, afirmam que estas são acrescentadas pora
interações dentro das fronteiras do sistema, entre os responsáveis e entre as
partes que compõem a orgaaznização. Esta interação ocorre num ambiente
próprio e, ainda, envolvendo certas pessoas. Nesse caso, estamos entendendo
as relações entre as pessoas como sistemas. Ela se apresenta em três estágios
suplementares:

• Estágio 1 – Decorre das pressões do meio ambiente que geram as


exigências de tarefa e das características e necessidades da população.
Surge um sistema primário que se baseia na reação cooperativa das
pessoas, considerando suas necessidades e expectativas comuns para as
atividades produtivas. Nesse estágio há necessidade de se considerar as
exigências ergonômicas que deverão ser atendidas (expectativas comuns
dos usuários).
46
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

• Estágio 2 – Fruto da interação entre o sistema primário e o caráter variável


dos seres humanos que demandam uma série de decisões, como, por
exemplo, o quê cada um deverá fazer, como, quando, definição do sistema
de autoridade, criação de padrões para a sua manutenção definição do
modo de condução da estrutura informal. Após considerar as expectativas
comuns dos usuários, nesse estágio se define o método mais adequado.

• Estágio 3 – Resultado da necessidade de interação constante entre a
organização com seu meio ambiente para disponibilizar seus produtos,
obter recursos materiais e humanos e adquirir auxílios externos para
concretização dos objetivos. Observe o exemplo da Figura 8. Decorre
da visão de interdependência entre as empresas ou instituições.
Caracterizando as influências de todos os fatores externos à organização
para o desenvolvimento de todas as áreas da organização, inclusive nos
aspectos ergonômicos.

Figura 8 – Interação entre a organização e seu meio ambiente

Fonte: Disponível em: <http://www.rockwellautomation.


com/pt/solutions/integratedarchitecture
/images/processlayout.jpg>. Acesso em: 01 maio 2013.

O desenvolvimento da ergonomia em determinada empresa depende das


contribuições dos desenvolvimentos da ergonomia nas outras empresas com as
quais ela interage e vice-versa. Esta forma de visão organizacional que considera
os aspectos técnicos e humanos, apresentados nos três estágios anteriores,
auxilia na compreensão da organização como sistema.

47
Ergonomia

Essa dupla atenção a respeito dos aspectos técnicos e


humanos da organização reflete-se agora na visão de que as
organizações são mais bem compreendidas como “sistemas
sociotécnicos”. A expressão foi cunhada nos anos 50 pelos
membros do Tavistock Institute of Human Relations na
Inglaterra para captar as qualidades interdependentes dos
aspectos social e técnico do trabalho. Segundo essa visão
esses aspectos são inseparáveis, devido a natureza de que
um elemento nessa configuração sempre tem importantes
conseqüências para o outro. Quando se escolhe um sistema
técnico (seja estrutura organizacional, estilo de liderança ou
tecnologia), este sempre tem consequências humanas e vice-
versa. (MORGAN, 1996, p. 46).

Percebe-se que as alterações cada vez mais acentuadas nas tecnologias


em muitas áreas, passam a provocar consequências negativas à saúde do ser
humano até então impensadas. Como exemplo, o aumento na incidência das
inflamações nos tendões do pulso, caracterizadas como lesões por esforço
repetitivo (LER) nos indivíduos que trabalham com digitação de maneira intensiva.

Ergonomia Organizacional
Muitas empresas investem pesadas somas de dinheiro em sistemas
automatizados de produção, mas, ao mesmo tempo, não aproveitam ao máximo
seus recursos humanos, recursos cujo valor pode aumentar significativamente
após investir na sua formação.

O aproveitamento do potencial do pessoal capacitado, no lugar da


utilização de complicados processos de automatização, pode, em determinadas
circunstâncias, não só reduzir significativamente os custos dos investimentos,
como também pode aumentar a flexibilidade e a capacidade do sistema.

As melhorias que os investimentos na tecnologia moderna buscam introduzir,


em muitos casos, não conseguem ser alcançados. As principais causas estão
relacionadas com problemas no campo da própria tecnologia, na organização e
na capacitação do pessoal. (VIEIRA, 2013).

Os problemas de organização podem ser atribuídos principalmente à


contínua busca de aplicar a tecnologia mais avançada em estruturas inadequadas
de organização. Por exemplo, não tem sentido introduzir computadores de
última geração em uma organização com processo de trabalho antiquado.
Segundo Vieira (2013) a implantação de sistemas informatizados sem a revisão
dos processos resulta em ganhos de pouco alcance.

48
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

A introdução de sistemas informatizados de produção (Figura 9)


A introdução
somente poderá ter êxito se estiver integrada num conceito global que de sistemas
busque melhorar de maneira conjunta a utilização da tecnologia, a informatizados de
estrutura da organização e o nível de qualificação do pessoal. produção (Figura
9) somente poderá
Figura 9 – Sistemas informatizados de produção ter êxito z conjunta
a utilização da
tecnologia, a
estrutura da
organização e o
nível de qualificação
do pessoal.

Fonte: Disponível em: <http://www.mekatronik.com.br/


v2/?cat=30>. Acesso em: 02 maio 2013.

Um dos aspectos relevantes relacionados ao desenvolvimento Um dos aspectos


da organização do trabalho refere-se aos turnos de trabalho. Tal relevantes
relacionados ao
relevância se torna mais acentuada na medida em que um número
desenvolvimento
cada vez maior de organizações está desenvolvendo suas atividades da organização do
nas 24 horas do dia. O fato provoca várias situações de privação trabalho refere-
do sono. A privação do sono supõe um problema especial para os se aos turnos
trabalhadores que não podem dormir o suficiente devido ao seu de trabalho. Tal
horário de trabalho (por exemplo, nos trabalhos noturnos) ou devido relevância se torna
mais acentuada
às atividades de descanso serem muito prolongadas. O trabalhador
na medida em
de um turno da noite ficará sem dormir até que tenha a oportunidade que um número
de dormir após o seu turno de trabalho. Como o sono durante o dia cada vez maior de
costuma ser mais curto do que é necessário (FURLANI, 2013), o organizações está
trabalhador não poderá se recuperar de sua situação de falta de sono desenvolvendo suas
até que desfrute de um longo período de sono, especialmente, toda atividades nas 24
horas do dia.

49
Ergonomia

uma noite. Até esse momento, a pessoa vai acumulando o déficit de sono. Uma
situação parecida acontece com as pessoas que viajam entre diferenças de fuso
horário.

Durante os períodos de perda de sono, os trabalhadores sentem-se


cansados e seu rendimento é afetado de muitas formas. Existem diferentes níveis
de privação do sono que vão se incorporando à vida diária dos trabalhadores que
têm um regime de trabalho em horários irregulares, razão pela qual é importante
tomar medidas que permitam fazer frente aos efeitos negativos do déficit de sono.
Em condições extremas, a privação de sono pode durar mais de um dia. Nesse
caso, a sonolência e as mudanças no rendimento aumentam a medida que se
prolonga o período de privação.

No entanto, os trabalhadores costumam dormir um pouco antes
Durante uma noite
que a privação do sono se converta em algo prolongado. Se as horas
de privação do sono
e depois desta, os dormidas dessa maneira não são suficientes, os efeitos da escassez
ritmos fisiológicos de sono continuarão. Durante uma noite de privação do sono e
circadianos que depois desta, os ritmos fisiológicos circadianos que se processam a
se processam a cada 24 horas (período de 24 +/- 4 horas) (FURLANI, 2013) parecem
cada 24 horas interromper-se. Por exemplo, a curva da temperatura corporal durante
(período de 24 +/- 4
a primeira jornada de trabalho em funcionários que exercem sua
horas) (FURLANI,
2013) parecem atividade à noite tende a manter seu padrão circadiano básico. Durante
interromper-se. as horas noturnas, a temperatura diminui até as primeiras horas da
manhã, volta a aumentar durante o dia e volta a cair depois do meio
dia, depois de alcançar o ponto máximo. Sabe-se que os ritmos fisiológicos se
ajustam aos ciclos invertidos de sono e vigília dos trabalhadores noturnos de
forma gradual, no decorrer dos vários dias em que se repete o turno da noite. Isto
significa que os efeitos sobre o rendimento e a sonolência são mais significativos
durante as horas noturnas que durante o dia. Os efeitos da privação do sono têm
uma relação variável com os ritmos circadianos originais, observados nas funções
fisiológicas e psicológicas.

Se um indivíduo trabalha continuamente durante toda uma noite, sem dormir,
muitas de suas funções de rendimento serão definitivamente deterioradas. Se o
sujeito volta a trabalhar no turno da noite na segunda noite seguida sem dormir,
a queda do rendimento se dará de maneira continuada. Após a terceira ou quarta
noite de privação do sono, poucos podem permanecer acordados e realizar
suas tarefas, ainda que estejam muito motivados. Cipolla-Neto (apud FURLANI,
2013) salienta que o sono durante o dia é insuficiente para recuperar o déficit de
sono resultante do trabalho noturno. Como resultado, os déficits de sono vão se
acumulando quando o trabalhador continua trabalhando no turno da noite.

50
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

Figura 10 – A privação do sono pode prejudicar o rendimento no trabalho

Fonte: Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/campus-party/


dorminhocos-campuseiros-sao-vencidos-pelo-sono-no-evento,d9060dc4e6 A escassa qualidade
79c310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html>. Acesso em: 25 abr. 2013. do sono diurno ou
os períodos de sono
A escassa qualidade do sono diurno ou os períodos de sono reduzidos também
são importantes.
reduzidos também são importantes. Durante o sono diurno, a pessoa
Durante o sono
desperta com mais frequência, o sono não é tão profundo. (FURLANI, diurno, a pessoa
2013). É importante prevenir a acumulação da falta de sono. O período desperta com mais
do turno da noite, que priva os trabalhadores do sono na hora habitual, frequência, o sono
deveria ser o mais reduzido possível. Os intervalos entre um turno e não é tão profundo.
outro deverão ser num período de tempo que permita que o sono seja (FURLANI, 2013).
suficiente.

Para melhor aprofundamento sobre os aspectos relacionados


ao sono e a organização do trabalho, sugerimos a leitura do seguinte
artigo: FURLANI, Dionice. As necessidades humanas básicas de
trabalhadores noturnos permanentes de um hospital geral frente ao
não atendimento da necessidade sono. Disponível em: <http://www.
segurancanotrabalho.eng.br/download/provisorio/trabalho_noturno.
htm>. Acesso em: 14 mar. 2013.

51
Ergonomia

Arranjo Físico
O estudo do arranjo físico ou layout em qualquer local de trabalho é de
importância indiscutível, pois disso depende o bem-estar e, consequentemente, o
melhor rendimento das pessoas. Uma boa disposição de móveis e equipamentos
faculta maior eficiência aos fluxos de trabalho e uma melhoria na própria aparência
do local.

Dentre os aspectos apresentados por Oliveira (2002) como objetivos deste


estudo destacam-se:
ü obter um fluxo eficiente e eficaz de comunicações administrativas dentro
da organização;
ü melhorar a utilização da área disponível da empresa;
ü obter um fluxo de trabalho eficiente;
ü facilitar a supervisão;
ü redução da fadiga do empregado no desempenho de sua tarefa;
ü impressionar favoravelmente clientes e visitantes e
ü aumentar a flexibilidade para as variações necessárias decorrentes
do desenvolvimento dos sistemas, inclusive mudanças tecnológicas dos
processos.

Para Oliveira (2002), o desenvolvimento do estudo de arranjo físico segue as


seguintes etapas:

ü levantamento da situação atual: a planta baixa do local, as vias de acesso,


análise da localização, preço por metro quadrado, possibilidade e níveis de
variações possíveis; análise das instalações elétricas, hidráulicas, elevadores,
sanitários, etc.;
ü estudo das divisões, móveis e equipamentos: tamanho e forma dos
ambientes, dimensões e quantidade dos móveis e equipamentos; modo de
uso dos ambientes, dos móveis e equipamentos em estudo e a aparência dos
locais;
ü levantamento do fluxo de trabalho e das atividades inter-relacionadas:
identificação e análise das atividades desenvolvidas; fluxo de trabalho e
movimentos necessários ao desempenho das atividades;
ü análise do ambiente: temperatura (ideal entre 16º C e 20º C); umidade
(ideal é nível baixo); ventilação; espaço; ruído; tipo e cores das pinturas;
poeira e iluminação; aspectos importantes para aumentar a produtividade dos
funcionários;
ü preparo da lista de checagem: relação de todos os pontos que deverão ser
atendidos quando da implementação do novo arranjo físico a ser utilizada para
checagem pelo administrador;

52
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

ü preparo de miniaturas dos móveis e equipamentos: preferencialmente na


mesma escala da planta baixa. A importância desse procedimento, refere-se à
possibilidade de averiguação tridimensional, a baixo custo, da adequação das
alternativas às necessidades previstas anteriormente.

Um estudo ergonômico direcionado aos aspectos do arranjo


físico do local de trabalho pode ser observado em:

RANGEL, Márcia; MONT´ALVÃO, Claudia. Avaliação do


desempenho do layout e da sinalização de uma unidade Hospitalar.
Disponível em: <http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/
article/view/104/100>. Acesso em: 14 mar. 2013.

Norma Regulamentadora 17 -
Ergonomia
A Norma
No desenvolvimento da tecnologia e na sua aplicabilidade Regulamentadora 17
aos locais de trabalho, devem-se considerar algumas condições (NR 17) – Ergonomia
para a prevenção de riscos de lesões provocados pelo exercício preconiza que
do trabalho. A Norma Regulamentadora 17 (NR 17) – Ergonomia deverá se permitir
preconiza que deverá se permitir a adaptação das condições de a adaptação
das condições
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
de trabalho às
buscando proporcionar eficiência num ambiente de máximo conforto características
e segurança. psicofisiológicas
dos trabalhadores,
As Normas Regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e buscando
Medicina do Trabalho estabelecem os quesitos a serem adotados com proporcionar
eficiência num
ênfase na prevenção da saúde do trabalhador e do risco de acidente
ambiente de
de trabalho. Foram aprovadas pela Portaria nº 3.214 (de 8/6/1978), máximo conforto e
conforme art. 200 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. segurança.

As Normas Regulamentadoras na íntegra e principais


legislações complementares também são encontradas no livro:
BRASIL. Manuais de legislação atlas: segurança e medicina do
trabalho. 70. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012.

Trataremos da abordagem da Norma Regulamentadora 17 (NR – 17) sobre


os aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais,
ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho.
53
Ergonomia

a) Levantamento, Transporte e Descarga Individual de Materiais

De acordo com a NR -17, deve-se projetar o local de trabalho de tal forma que
atenda as seguintes condições relativas ao levantamento, transporte e descarga
individual de materiais:

–– Não poderá ser admitido o transporte manual de cargas que possa


comprometer a saúde e a segurança do trabalhador.

–– O trabalhador que realizar estas atividades de maneira regular deverá ser
treinado para salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.

–– Deve-se facilitar ou limitar estas operações, usando-se meios técnicos
apropriados.

–– Mulheres e trabalhadores jovens com idade inferior a 18 anos somente
poderão realizar estas operações com cargas cujo peso máximo for
nitidamente inferior ao peso admitido aos homens.

–– O transporte, levantamento e a descarga de materiais feitos por qualquer
veículo ou aparelho mecânico, como a paleteira da Figura 11, deverá
ser executado de forma a não comprometer a saúde ou a segurança do
trabalhador.

Figura 11 – Paleteira Manual

Fonte: Disponível em: <http://www.caftecindustrial.com.


54 br/vonder.html>. Acesso em: 15 abr. 2013.
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

b) Mobiliário dos postos de Trabalho

Com relação aos cuidados relativos ao mobiliário dos locais de trabalho, a


NR – 17 estabelece as seguintes condições:

–– O posto de trabalho deverá ser planejado e adaptado para o trabalho


sentado, sempre que o trabalho puder ser executado nesta posição.

–– Os trabalhos manuais realizados sentados ou de pé deverão ter móveis
dimensionados para proporcionar ao trabalhador boas condições de
postura, visualização e operação e atender requisitos estabelecidos.

–– Compatibilizar a altura e as características da superfície de trabalho com:

–– tipo de atividade;
–– distância requerida dos olhos ao campo de trabalho;
–– altura do assento.

–– Os trabalhos que requeiram a utilização dos pés, deverão ter os


dispositivos de acionamento pelos pés, posicionados e dimensionados de
maneira a facilitar o alcance e proporcionar ângulos adequados entre as
diversas partes do corpo do trabalhador.

–– Os assentos deverão atender os seguintes requisitos, observados na


Figura 12:

–– altura ajustável à estatura do trabalhador e ao tipo de trabalho


desenvolvido;
–– a base do assento deverá ter uma conformação suave ou nenhuma
conformação;
–– a extremidade frontal do assento deverá ser arredondada;
–– leve adaptação do encosto ao corpo para proteção lombar.

–– Para os trabalhos sentados em que a análise ergonômica indicar poderá


ser exigido apoio para os pés, adaptado ao comprimento da perna do
trabalhador, conforme se observa na Figura 12.

–– Deverá haver assentos para descanso disponíveis para o descanso
durante a pausa de trabalhos realizados de pé.

c) Equipamentos dos Postos de Trabalho

Todos os equipamentos e postos de trabalho devem atender as exigências


psicofisiológicas dos trabalhadores e aquelas inerentes à natureza das atividades.
55
Ergonomia

Nos trabalhos desenvolvidos mediante leitura de documentos, digitação


ou utilização de qualquer equipamento de mecanografia (máquina de escrever,
calcular, taquigrafia, etc.), devem:

–– ser disponibilizados suporte para os documentos que proporcione boa


postura, visualização e operação e evite a fadiga visual e movimentação
frequente do pescoço;

–– utilizar documentos de fácil leitura, escritos em material que não seja
brilhante ou que provoque o ofuscamento.

–– Os computadores com monitores de vídeo devem:

–– permitir o ajuste de maneira a se evitar reflexos decorrentes da iluminação


do ambiente e possibilitar ângulo correto de visibilidade para o trabalhador.

–– possuir teclado independente e com mobilidade que permita ao trabalhador
ajustá-lo de acordo com as tarefas.

–– ter posicionados o suporte de documentos, a tela e o teclado de tal
maneira que as distâncias do olho ao documento, à tela e ao teclado
sejam aproximadamente iguais.

–– estar instalados em móveis com altura ajustável.

Figura 12 – Posto de trabalho com computador

Fonte: Disponível em: <http://www.engtrab.com.br/riscos_


ergonomicos.htm>. Acesso em: 17 abr. 2013.

56
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

d) Condições Ambientais de Trabalho

O projeto do local de trabalho deverá se adequar às características


psicofisiológicas e às naturezas do trabalho a ser executado. Nos locais onde
se realizam atividades de natureza intelectual e exijam atenção constante,
recomendam-se as seguintes condições de conforto:

–– nível de ruído, medido próximo à zona auditiva do trabalhador, deverá estar


abaixo do limite estabelecido pela norma brasileira NBR 10152 – NÍVEIS
DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO, registrada no INMETRO, em
decibéis (dB(A)) e curvas NC, apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Níveis de som para conforto, segundo a NBR 10152

Fonte: Disponível em: <http://wwwp.feb.unespbrjcandido acustica/


Apostila/Capitulo%2006.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.

57
Ergonomia

–– temperatura, medida na altura do tórax do trabalhador, entre 20 e 23o C;

–– velocidade do ar, medida na altura do tórax do trabalhador, não superior a


0,75 m/s e

–– umidade relativa do ar, medida na altura do tórax do trabalhador, não


inferior a 40% (quarenta por cento).

As atividades que não possuírem equivalência com as atividades que
constam da NBR 10152 - o nível de ruído aceitável é de 65 dB(A) e a curva de
avaliação de ruído (NC) não deverá ser superior a 60 dB - precisarão ser revistas
e adequadas.

O conforto acústico com a aplicação desses conceitos pode ser


observado em:

SALIB, Tuffi Messias. Estudo do conforto acústico nas praças


de alimentação de Shopping Centers. Disponível em: <http://ftp.
astecconsultoria.com.br/pdfs/conforto.pdf>. Acesso em: 14 mar.
2013.
A iluminação deverá
ser uniformemente
distribuída e de A iluminação deverá ser uniformemente distribuída e de maneira
maneira difusa, difusa, sendo evitados ofuscamentos, reflexos incômodos, sombras
sendo evitados e contrastes excessivos. O nível de iluminamento deverá atender as
ofuscamentos,
prescrições da norma brasileira registrada no INMETRO NBR 5413 –
reflexos incômodos,
sombras e ILUMINÂNCIA DE INTERIORES.
contrastes
excessivos. O nível
de iluminamento Um estudo das condições de iluminação
deverá atender do local de trabalho é apresentado por:
as prescrições da JAGLBAUER, Vivien. Contribuição à melhora
norma brasileira das condições ambientais de trabalho através
registrada no do aprimoramento da iluminação em galpões e
INMETRO pátios cobertos na indústria mineral. Disponível
NBR 5413 – em: < http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/
ILUMINÂNCIA DE Arquitetural/Pesquisa/Mestrado_Final_R28.pdf>.
INTERIORES. Acesso em: 14 mar. 2013.

58
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

Atividade de Estudos:

1) Discorra sobre o que significa o conceito de sistema no contexto


da ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Desenhe os componentes de um sistema e suas inter-relações e


descreva sucintamente as características de cada parte componente.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

3) Apresente sucintamente a definição de ambiente de um sistema.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

4) Descreva resumidamente as principais características das


possíveis classificações do ambiente de uma organização quanto ao
seu conteúdo.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

5) Discorra sobre os estágios que os relacionamentos entre as


pessoas e os sistemas apresentam.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

6) Discorra sobre as condições para o êxito da introdução de


sistemas informatizados de produção.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

7) Descreva a consequência de se trabalhar com privação do sono.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

8) Explique a razão mais comum de se considerar o qualidade do


sono diurno menor.
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_______________________________________________________

59
Ergonomia

_______________________________________________________

9) Apresente a razão da importância do estudo do arranjo físico do


local de trabalho.
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_______________________________________________________

10) Liste sucintamente as etapas do desenvolvimento do estudo de


arranjo físico.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

11) Descreva o que preconiza a NR 17 – Ergonomia.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

12) Liste os cuidados que se deve ter em relação ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, de acordo com a NR 17 –
Ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

13) Discorra sucintamente sobre os quesitos a serem atendidos


relativos ao mobiliário dos postos de trabalho, conforme a NR 17 –
Ergonomia.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

14) Os equipamentos dos postos de trabalho devem possuir algumas


características específicas de forma a atender a NR 17 – Ergonomia.
Descreva-as de maneira resumida.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
15) A NR 17 – Ergonomia recomenda algumas condições de conforto
para o projeto do local de trabalho se adequar às características
psicofisiológicas e às naturezas do trabalho a ser executado.
Relacione-as sucintamente.
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60
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

Algumas Considerações
Entender o significado de sistema no contexto da Ergonomia, descrever a
consequência de se trabalhar com a privação do sono, explicar a razão para se
considerar menor a qualidade do sono diurno e listar os principais aspectos do
arranjo físico do local de trabalho para o atendimento da NR 17 – Ergonomia
foram os objetivos deste capítulo.

- Sistema, no contexto da Ergonomia, “significa que o desempenho humano


no trabalho só pode ser corretamente conceituado em termos do todo organizado
e que, para o desempenho do trabalho, este todo organizado é o sistema homem-
máquina.” (MORAES; MONT’ALVÃO, 2010).

- O enfoque sistêmico é uma técnica conveniente para entender os


processos dinâmicos que caracterizam as organizações sociais. Segundo Oliveira
(2002, p. 35): “Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes
que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e
efetuam determinada função”. Os componentes do sistema são: Objetivo,
Entrada, Processo de transformação do sistema, Saída, Controle e avaliação,
Retroalimentação ou feedback do sistema.

- “Ambiente de um sistema é o conjunto de fatores que não pertencem ao


sistema, mas: qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar esses fatores
externos e qualquer alteração nos fatores externos pode mudar ou alterar o
sistema.” (OLIVEIRA, 2002, p. 37).

- O ambiente de cada organização quanto ao seu conteúdo pode ser


classificado em: condições tecnológicas: o desenvolvimento tecnológico de cada
empresa se insere no ambiente; condições legais: as leis de âmbito federal,
estadual e municipal fazem parte do ambiente da empresa; condições políticas:
não basta existir leis e há necessidade de regulamentação destas para estabelecer
em detalhes como as leis serão aplicadas; condições econômicas: refere-se
à influência do estado da economia na operação da organização; condições
demográficas: considera o número de pessoas atendidas, distribuição por idade e
características comuns que afetam a empresa; condições ecológicas: considera o
número de organizações com as quais se relaciona e seus ambientes; condições
culturais: os valores culturais têm a influência das iniciativas das organizações.

- Os relacionamentos entre as pessoas e os sistemas se apresentam em


três estágios: Estágio 1 – as pressões do meio ambiente geram as exigências
de tarefa e das características e necessidades da população; Estágio 2 – após
considerar as expectativas comuns dos usuários, neste estágio se define o
método mais adequado e Estágio 3 – decorre da visão de interdependência entre 61
Ergonomia

as empresas ou instituições.

- A introdução de sistemas informatizados de produção somente poderá ter


êxito se estiver integrada num conceito global que busque melhorar de maneira
conjunta a utilização da tecnologia, a estrutura da organização e o nível de
qualificação do pessoal.

- Um dos aspectos relevantes relacionados ao desenvolvimento da


organização do trabalho refere-se aos turnos de trabalho. Esta relevância torna-se
mais acentuada na medida em que um número cada vez maior de organizações
está desenvolvendo suas atividades nas 24 horas do dia.

- Durante uma noite de privação do sono e depois desta, os ritmos fisiológicos


circadianos, que se processam a cada 24 horas (período de 24 +/- 4 horas)
(FURLANI, 2013), parecem se interromper.

- Se um indivíduo trabalha continuamente durante toda uma noite sem dormir


muitas de suas funções de rendimento serão definitivamente deterioradas. Se o
sujeito volta a trabalhar no turno da noite na segunda noite seguida sem dormir, a
queda do rendimento se dará de maneira continuada.

- A escassa qualidade do sono diurno ou os períodos de sono reduzidos


também são importantes. Durante o sono diurno, a pessoa se desperta com mais
freqüência, o sono não é tão profundo. (FURLANI, 2013).

- O estudo do arranjo físico ou layout em qualquer local de trabalho faculta


o bem-estar e, consequentemente, o melhor rendimento das pessoas. Dentre
os objetivos deste estudo destacam-se: obter um fluxo eficiente e eficaz de
comunicações administrativas dentro da organização; melhorar a utilização
da área disponível da empresa; obter um fluxo de trabalho eficiente; facilitar a
supervisão; redução da fadiga do empregado no desempenho de sua tarefa;
impressionar favoravelmente clientes e visitantes e aumentar a flexibilidade para
as variações necessárias decorrentes do desenvolvimento dos sistemas, inclusive
mudanças tecnológicas dos processos. O estudo de arranjo físico se desenvolve
nas seguintes etapas: levantamento da situação atual; estudo das divisões,
móveis e equipamentos; levantamento do fluxo de trabalho e das atividades
inter-relacionadas; análise do ambiente: temperatura (ideal entre 16º c e 20º c);
umidade (ideal é nível baixo); ventilação; espaço; ruído; tipo e cores das pinturas;
poeira e iluminação; preparo da lista de checagem; preparo de miniaturas dos
móveis e equipamentos.

- De acordo com a Norma Regulamentadora 17 (NR 17) – Ergonomia,


deverá se permitir a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, buscando proporcionar eficiência num
62
Capítulo 3 Sistema Homem – Tarefa - Máquina

ambiente de máximo conforto e segurança.

- Com relação ao levantamento, transporte e descarga manual de materiais


deve-se: Não comprometer a saúde e a segurança do trabalhador, mesmo que
efetuados com o auxílio de equipamentos ou aparelhos mecânicos; treinar o
operador para salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes; facilitar ou limitar
estas operações usando-se meios técnicos apropriados; o peso máximo nas
operações efetuadas por mulheres e trabalhadores jovens com idade inferior a 18
anos deverá ser nitidamente inferior ao peso admitido aos homens.

- Com relação ao mobiliário dos postos de trabalho deve-se: buscar sempre


planejar e adaptar para o trabalho sentado; ter móveis dimensionados para boas
condições de postura para o do corpo do trabalhador.

- Os assentos deverão atender os seguintes requisitos: altura ajustável à


estatura do trabalhador e ao tipo de trabalho desenvolvido; a base do assento
deverá ter uma conformação suave ou nenhuma conformação; a extremidade
frontal do assento deverá ser arredondada; leve adaptação do encosto ao corpo
para proteção lombar. Deverá haver assentos disponíveis para o descanso
durante a pausa de trabalhos realizados de pé.

- Para os trabalhos de leitura de documentos, digitação ou utilização


de qualquer equipamento de mecanografia (máquina de escrever, calcular,
taquigrafia, etc.), é preciso: possuir suporte para os documentos para proporcionar
boa postura, visualização e operação e evitar a fadiga visual e a movimentação
frequente do pescoço; utilizar documentos de fácil leitura, escritos em material
que não seja brilhante ou que provoque o ofuscamento. Os computadores com
monitores de vídeo devem: evitar reflexos decorrentes da iluminação do ambiente
e possibilitar ângulo correto de visibilidade para o trabalhador; possuir teclado
independente e com mobilidade para ajustá-lo de acordo com as tarefas; ter
posicionado o suporte de documentos, a tela e o teclado a distância ao olho
do trabalhador aproximadamente iguais; estar instalados em móveis com altura
ajustável.

- O projeto do local de trabalho deverá adequar-se às características


psicofisiológicas e às naturezas do trabalho a ser executado. Nos locais onde
se realizam atividades de natureza intelectual e exijam atenção constante,
recomendam-se as seguintes condições de conforto: - nível de ruído abaixo
do limite estabelecido na NBR 10152 – NÍVEIS DE RUÍDO PARA CONFORTO
ACÚSTICO; temperatura entre 20 e 23o C; velocidade do ar não superior a 0,75
m/s e umidade relativa do ar não inferior a 40% (quarenta por cento). As atividades
que não possuírem equivalência com as atividades que constam da NBR 10152 -
o nível de ruído aceitável é de 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) não

63
Ergonomia

deverá ser superior a 60 dB – deverão ser revistas.

- Para a iluminação evitar ofuscamentos, reflexos incômodos, sombras e


contrastes excessivos e atender a NBR 5413 – ILUMINÂNCIA DE INTERIORES.

Referências
BRASIL. Manuais de legislação atlas: segurança e medicina do trabalho. 70.
ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2012.

FURLANI, Dionice. As necessidades humanas básicas de trabalhadores


noturnos permanentes de um hospital geral frente ao não atendimento da
necessidade sono. Disponível em: <http://www.segurancanotrabalho.eng.br/
download/provisorio/trabalho_noturno.htm>. Acesso em: 14 mar. 2013.

HALL, Richard H. Organizações: estrutura, processos e resultados. 8. ed. São


Paulo: Prentice Hall, 2004.

KATZ, Daniel; KAHN, Robert Louis. Psicologia social das organizações. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 1987.

MORAES, Anamaria de; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e


aplicações. 3. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro : iUsEr, 2010.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. Sao Paulo: Atlas, 1996.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos:


uma abordagem gerencial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

VIEIRA, Robson Paz. Resultados obtidos na adoção da tecnologia ERP.


Disponível em: <http://www.gestaodecarreira.com.br/coaching/ferramentas-de-
gestao/resultados-obtidos-na-adocao-da-tecnologia-erp.html>. Acesso em: 09
abr. 2013.

64
C APÍTULO 4
Ergonomia Cognitiva

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conhecer os principais aspectos inerentes à Ergonomia Cognitiva.

33 Saber as variáveis a se considerar para a melhoria das condições de trabalho


na utilização da interface humano-computador.

33 Avaliar e propor medidas de controle de riscos relativos à ergonomia cognitiva.


Ergonomia

66
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

Contextualização
Um dos aspectos relevantes da ergonomia cognitiva, hoje, refere-se a
interface humano-computador (IHC), que é a disciplina que se dedica ao estudo
da maneira como as pessoas se comportam ao utilizar sistemas de computador.
Seu objetivo é adaptar os sistemas que fazem uso das novas tecnologias ao modo
como as pessoas devem utilizá-los. (CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007).

Num sentido mais específico, a IHC é uma parte da ergonomia, pois seu
objetivo final é melhorar a experiência das pessoas, mas não podemos descartar
que seja uma disciplina do âmbito da comunicação. Trata de melhorar a
comunicação entre as pessoas e as novas tecnologias e, por outro lado, é evidente
que tem um alto componente tecnológico, pois são os sistemas informatizados
que devem ser estudados e adaptados às necessidades dos usuários.

Figura 13 – Possíveis dúvidas do usuário na interface humano-computador

Fonte: Disponível em: <http://www.dimap.ufrn.br/~jair/


diuweb/index.html>. Acesso em: 02 abr. 2013.

Inteligência no Trabalho
De acordo com Sanders (1998) ao se projetar um equipamento é muito
importante levar em consideração que um trabalhador tem determinadas
limitações e capacidades para processar a informação. Estas capacidades
e limitações são de natureza muito variada e podem ser detectadas em níveis

67
Ergonomia

diferentes. O rendimento nas condições reais de trabalho se deve, em grande


parte, ao quanto se levou em consideração estas capacidades ou limitações na
fase de projeto.

Analisando a maneira como os seres humanos processam a informação, é


possível distinguir três níveis: o nível da percepção, o nível da decisão e o nível motor.
O nível da percepção se divide, por sua vez, em outros três níveis relacionados com: o
processo sensorial, diferenciação das características e a identificação da percepção.
No nível da decisão, o trabalhador percebe a informação, escolhe uma reação que é
programada e a executa no nível motor. Esta seria a descrição do fluxo de informação
nos casos de reações mais simples. Mas é evidente, no entanto, que a informação
pode se acumular, combinar e diagnosticar antes de se provocar uma resposta.
Novamente, é possível que seja necessário solucionar uma parte da informação para
evitar uma sobrecarga no nível da percepção. Finalmente, escolher a ação adequada
se converte num problema quando há várias opções, algumas melhores que outras.

Nos casos em que se utiliza o computador, a complexidade dos códigos pode


provocar no usuário uma sensação de angustia. Observe a Figura 14, poucos
usuários se sentem à vontade com esta interface, devido ao fato de que se
enfrentam duas linguagens diferentes: a da máquina e a do ser humano.

Figura 14 – Exemplo de tela de interface humano-computador

Fonte: Disponível em: <http://i145.photobucket.com/albums/r232/


simbioze3/screenshot.gif>. Acesso em: 02 abr. 2013.

O preço a pagar pela inovação é o de ter que se adaptar à lógica do


computador, transformando as dimensões próprias da vida e as comunicações

68
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

humanas, mas, para facilitar essa relação, criou-se o dispositivo da


Um bom desenho de
informática que rege o diálogo entre o usuário e a máquina, regulando interface, analisado
o encontro dos dois sistemas com linguagens diferentes – a interface desde perspectivas
humano-computador (IHC). ergonômicas,
considerará as
Não podemos ignorar a enorme difusão dos meios audiovisuais capacidades
psicológicas e
como novos meios de comunicação. Esse fato coincide com o
semiológicas do ser
predomínio cada vez maior da comunicação visual sobre a verbal e humano; facilitará o
o emprego do material gráfico como modo superior de compreensão. diálogo e a interação
Estamos num momento de sensível desenvolvimento da criatividade homem-computador,
gráfica com enfoque linguístico, cujos processos comunicativos ao que contribuem
culturais inserem cada vez mais os símbolos. os conhecimentos
gráficos, melhorando
a aquisição de
Este é o motivo pelo qual se estabelece o diálogo usuário- conhecimentos e a
computador através de formas gráfico-simbólicas, e meio de comodidade visual,
comunicação, simplificando o intercâmbio de informação, permitindo o parâmetros a serem
encontro de ambos. Por isso, um bom desenho de interface, analisado considerados no
desde perspectivas ergonômicas, considerará as capacidades projeto de uma
correta interface
psicológicas e semiológicas do ser humano; facilitará o diálogo e a
humano-computador.
interação homem-computador, ao que contribuem os conhecimentos
gráficos, melhorando a aquisição de conhecimentos e a comodidade visual,
parâmetros a serem considerados no projeto de uma correta interface humano-
computador.

As variáveis consideradas no estudo da interface humano-


computador são relatadas por:
LEITE, Jair Cavalcanti. Modelos e Formalismos para a
Engenharia Semiótica de Interfaces de Usuário. Disponível em:
<ftp://ftp.inf.puc-rio.br/pub/docs/theses/98_PhD_leite.pdf>. Acesso
em: 15 maio 2013.

Limitiações Sensoriais
Sanders (1998) esclarece que a primeira categoria dos limites no processo
da informação é a sensorial. Sua importância no processo é evidente, uma vez
que quando os sinais de informação se aproximam da região a ser percebida,
o processo se torna menos confiável. Esta afirmação parece ser óbvia, mas os
problemas sensoriais nem sempre são considerados nos projetos. Por exemplo,
os caracteres alfanuméricos dos cartazes e sinalizações informativos deveriam
ser suficientemente grandes para que se possa distinguir a uma distância
adequada, dependendo sempre da ação que se esteja realizando. A legibilidade,

69
Ergonomia

no entanto, não depende somente do tamanho dos caracteres, mas também do


contraste e devido à limitação lateral, da quantidade de informação na sinalização.
A legibilidade é um problema importante o suficiente para que se adotem medidas
especiais, principalmente em condições de visibilidade baixa, como, por exemplo:
quando se esteja dirigindo ou pilotando com chuva ou neblina. A sinalização de
trânsito e das rodovias, adotada recentemente, foi projetada considerando estes
fatores, mas as placas informativas colocadas próximas aos edifícios e dentro
deles são, frequentemente, quase ilegíveis.

As informações das telas dos computadores são outros exemplos nos quais
os limites sensoriais de tamanho, contraste e quantidade de informação têm um
papel importante. Todas as regras do estudo da IHC e projeto de uma interface
têm sua origem nos seguintes princípios (NIELSEN apud CYBIS; BETIOL; FAUST,
2007):

• Visibilidade do estado do sistema: o sistema deve sempre manter os


usuários informados do que ocorre com uma correta mensagem em resposta
ao comando dado pelo usuário em um tempo razoável. Observe o exemplo
de mensagem do software Microsoft Office Word na Figura 15 apresentada
imediatamente após o comando de fechar o arquivo denominado: EXEMPLO
DE MENSAGEM AO USUÁRIO.doc.

Figura 15 – Mensagem emitida pelo Microsoft Office Word

Fonte: Microsoft Office Word.

• Correspondência entre o sistema e o mundo real: o sistema deve falar a


língua dos usuários, com palavras, frases e conceitos familiares para eles.
Seguir a convenções do mundo real, fazendo com que a informação apareça
em uma forma natural e lógica. Observe a mensagem da Figura 15.

• Controle e liberdade do usuário: nos casos em que os usuários
frequentemente escolhem opções errôneas é necessário indicar claramente
uma saída para essas situações não desejadas sem necessidade de passar
por extensos diálogos. Observe as opções oferecidas ao usuário na Figura 15.

• Consistência e padrões: os usuários não têm que perceber que diferentes

70
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

palavras, situações ou ações tenham o mesmo significado. Para isso, deve-


se buscar usar as mesmas expressões para mensagens idênticas. Observe a
mensagem emitida pelo software Microsoft Excel, na Figura 16. Nota-se que
são utilizadas as mesmas expressões utilizadas pelo software Microsoft Word
apresentadas na Figura 15 para uma situação idêntica.

Figura 16 – Mensagem emitida pelo Microsoft Excel

Fonte: Microsoft Excel.

• Evitar erros: uma mensagem de cuidado para os casos em que se deseja


prevenir erros é melhor do que boas mensagens de erro. Observe as opções
para se prevenir erros das Figuras 15 e 16.

• Reconhecimento lembrar: devem ser criadas mensagens, ações e opções
visíveis. O usuário não tem que lembrar alguma informação quando sai de
uma parte para dirigir-se a outra. As instruções de uso do sistema devem
estar visíveis ou serem facilmente recuperáveis.

• Flexíveis e eficientes: desenhar um sistema que possa ser utilizado por uma
ampla faixa de usuários. Dispor instruções quando sejam necessárias para
novos usuários, sem dificultar o caminho dos usuários avançados. Permitir
que os usuários avançados possam ir diretamente ao conteúdo que estão
buscando.

• Design minimalista: não mostrar informação que não seja relevante. Cada
pedaço de informação extra compete com a informação relevante e diminui
sua visibilidade relativa.

• Ajuda e documentação: o melhor sistema é o que se pode usar sem
documentação, mas sempre se deve buscar facilitar uma ajuda ou documentação.
Esta informação deve ser fácil de encontrar, dirigida às tarefas dos usuários e
conter os passos necessários para fazer algo e ser breve.

71
Ergonomia

Dispositivos de Informação
Trataremos de alguns dos principais critérios ergonômicos considerados por
Bastien e Scapin (1993), citado por Cybis; Betiol e Faust (2007), para minimizar
problemas ergonômicos do software interativo, relacionados com os dispositivos
de informação direcionados à facilidade para entender uma aplicação ou produto
de software.
Os critérios
ergonômicos Os critérios ergonômicos inerentes aos dispositivos de informação
inerentes aos destinados à compreensão do software são: a compatibilidade,
dispositivos a legibilidade, a condução e assistência ao usuário, o feedback
de informação
imediato, o significado de códigos e denominações, o fornecimento ou
destinados à
compreensão do disponibilização de ajuda necessária. Estes apresentam as seguintes
software são: a características básicas:
compatibilidade,
a legibilidade, • Compatibilidade: trata do estabelecimento ou busca de uma
a condução adequada relação entre as características do usuário e a organização
e assistência
das entradas, saídas e diálogo de cada aplicação. Por exemplo, os
ao usuário, o
feedback imediato, diálogos deverão refletir as estruturas de dados ou de organização
o significado que o usuário percebe naturalmente.
de códigos e
denominações, o • Legibilidade: denotam as características relativas à leitura e
fornecimento ou interpretação da informação apresentada na tela. Por exemplo, as
disponibilização de
mensagens e os títulos.
ajuda necessária.

• Condução e assistência ao usuário: refere-se às opções disponibilizadas
para facilitar a realização de operações de entrada e, junto com elas, aquelas
outras facilidades pelas quais se oferece ao usuário as diferentes alternativas
quando várias ações são possíveis. Um exemplo seria visualizar as unidades
de medida de cada valor que tenha que ser disponibilizado ou a indicação de
como deverão ser fornecidos os dados que devem estar num determinado
formato.

• Feedback imediato: tem relação com a resposta que o sistema oferece às
ações que realiza o usuário. Um exemplo desse critério são aquelas situações
de acesso pelo usuário nas quais após digitar o login ou nome do usuário e
no momento de digitar a senha, por ser um dado confidencial ou que deverá
estar oculto, o próprio sistema altera o estilo de apresentação e mostra na
tela apenas símbolos como, por exemplo, asteriscos.

• Significado de códigos e denominações: implica que deve existir uma
correspondência entre cada termo e o símbolo correspondente. Por exemplo,

72
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

os códigos deverão ser mais significativos e familiares e menos arbitrários, há


mais correspondência em se usar M para masculino e F para feminino do que
1 para masculino e 2 para feminino. Um exemplo referente às denominações
pode ser percebido em alguns softwares que apresentam, ao acessá-lo, uma
tela de identificação do usuário, disponibilizando o preenchimento de nome
do usuário e senha; outros apresentam a expressão username ou login para
nome de usuário e password para a senha. Nota-se que os termos: nome
do usuário e senha são mais familiares do que os termos: login, username e
password.

Também estão inseridas as definições correspondentes aos critérios de


qualidade dos dispositivos de informação que correspondem à conquista de
facilidades adicionais relacionadas com o esforço necessário para aprender a
usar o software. Nesse critério podemos considerar:

- o agrupamento nas duas modalidades: o formato da informação e dos


controles e a localização da informação e dos controles;
- ações mínimas;
- concisão;
- densidade da informação e
- consistência.

Estes fatores têm as seguintes diretrizes básicas:



• Agrupamento: este critério abrange a necessidade de aprendizagem por
parte do usuário. Para que ele aprenda e consiga lembrar o funcionamento
do software, é necessário que se tenha pensado sobre a organização
(agrupamento) dos elementos da interface que o constituem, ou seja, os
elementos de informação ou de ação. Para isso, deve-se proporcionar uma
clara diferenciação visual das áreas que ofereçam distintas funções.

• Ações mínimas: a redução das ações para executar tarefas a um número
mínimo é essencial para aprender e lembrar as tarefas que o usuário pode
fazer utilizando o software. Por exemplo, a redução do número de passos
necessários para fazer uma seleção de um menu será mais desejável.

• Concisão: é o critério pelo qual se considera o uso de todas aquelas
recomendações que objetivam a diminuição de sobrecarga cognitiva e
perceptiva possível para o usuário quando estiver utilizando o software.
Por exemplo, quando um usuário deve fornecer informação que possa ser
fornecida pelo próprio software ou utilizando abreviaturas, ou situações em
que determinados valores de preenchimento não tenham que ser preenchidos
pelo usuário, pois aparecem automaticamente.

73
Ergonomia

• Densidade de informação: tem relação com o critério anterior, pois considera


a correlação sobre a carga cognitiva e perceptiva que deve exercer o usuário
ao utilizar um determinado software, mas, nesse caso, enfatiza a informação
como conjunto (total de itens de informação apresentados), no lugar da
informação como elemento individual. Por exemplo, o fornecimento da
informação necessária e útil para realizar uma transação e a não sobrecarga
de informação adicional desnecessária é um posicionamento nessa direção.

• Consistência: este critério é aquele pelo qual são utilizadas diretrizes de
desenho parecidas para abordar o desenho com contextos similares. Por
exemplo, o fato de que os títulos das distintas janelas associadas a um
determinado software sempre apareçam num mesmo lugar ou os formatos
similares da fonte, da tela ou do acesso são alguns exemplos na linha da
busca pela consistência.

Dispositivos de Controle
É o desejável para a Este grupo de critérios é o desejável para a facilidade ao operar
facilidade ao operar com o software. Nesse contexto, temos associados os seguintes:
com o software.
disponibilidade de ações do usuário de forma explícita, controle
Nesse contexto,
temos associados do usuário, consideração da experiência que possa adquirir ou ter
os seguintes: o usuário, a flexibilidade do software e a gestão dos erros. Com as
disponibilidade de seguintes ênfases:
ações do usuário
de forma explícita, • Disposição de ações ao usuário de forma explícita: realça a
controle do usuário,
associação entre o processamento que realiza o software e as ações
consideração da
experiência que que o usuário realiza com ele. Por exemplo, a necessidade de que
possa adquirir ou o usuário pressione a tecla Enter para iniciar um processamento que
ter o usuário, a desencadeie uma atualização ou uma impressão é uma recomendação
flexibilidade do nesse sentido.
software e a gestão
dos erros.
• Controle do usuário: refere-se ao fato de que aos usuários deverá
ser disponibilizado o controle do processamento que se está realizando com o
software. A disponibilidade de um botão com uma opção como CANCELAR, que
ofereça a possibilidade de desconsiderar qualquer mudança feita pelo usuário e
restaurar o estado anterior, é um exemplo de aplicação desse critério.

• Flexibilidade e experiência do usuário: são os critérios pelos quais se
consideram as recomendações que conduzem às facilidades de adaptabilidade
e de adaptação de um software. A primeira característica seria inerente ao
próprio software, ou seja, a adaptação seria realizada ou seria sugerida ao
usuário pelo próprio software automaticamente. A experiência do usuário, ao

74
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

contrário, passaria porque o usuário poderá modificar o software, adaptando-o


em função de suas preferências ou experiências.

• Gestão de erros: trata da proteção, informação e correção relativas aos erros


e é outro critério que resulta na qualidade de operação que o usuário percebe
ao fazer uso do software.

O ErgoList pode auxiliar na técnica de inspeção da ergonomia de


interfaces homem-computador. O ErgoList apresenta três módulos:
Checklist, Questões e Recomendações. Disponível em: <http://www.
labiutil.inf.ufsc.br/ergolist/>. Acesso em: 20 maio 2013.

Atividade de Estudos:

1) A interface humano-computador (IHC) é a disciplina da ergonomia


cognitiva que se dedica ao estudo da maneira com que as pessoas
se comportam ao utilizar sistemas de computador. Identifique os
objetivos desse estudo.
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2) Descreva as consequências de um bom desenho de interface,


analisado desde perspectivas ergonômicas.
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3) Discorra resumidamente sobre os princípios da IHC.


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4) Descreva sucintamente os critérios considerados ergonômicos


inerentes à compreensão do software.
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5) Relacione as principais características dos critérios ergonômicos


relacionados ao esforço para aprender a usar o software.
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75
Ergonomia

6) Apresente os principais aspectos dos critérios ergonômicos


relacionados à operacionalidade do software.
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Algumas Considerações
Conhecer os principais aspectos inerentes à Ergonomia Cognitiva, saber as
variáveis a se considerar para a melhoria das condições de trabalho na utilização
da interface humano-computador para avaliar e propor medidas de controle de
riscos são os objetivos deste nosso estudo.

- Percebemos que a interface humano-computador (IHC) é a disciplina da


ergonomia cognitiva que objetiva adaptar os sistemas que fazem uso das
novas tecnologias ao modo como as pessoas devem utilizá-los e facilitar a
relação entre o ser humano e o computador.

- Um bom desenho de interface, analisado desde perspectivas ergonômicas,


considerará as capacidades psicológicas e semiológicas do ser humano;
facilitará o diálogo e a interação homem-computador, ao que contribuem
os conhecimentos gráficos, melhorando a aquisição de conhecimentos e a
comodidade visual.

- Todas as regras do estudo da IHC e projeto de uma interface têm sua origem
nos seguintes princípios:

- Visibilidade do estado do sistema: manter os usuários informados do


que ocorre.
- Correspondência entre o sistema e o mundo real: falar a língua dos
usuários.
- Controle e liberdade do usuário: indicar claramente uma saída nas
situações de erro.
- Consistência e padrões: usar as mesmas expressões para mensagens
idênticas.
- Evitar erros: uma mensagem de cuidado para prevenir erros.
- Reconhecimento lembrar: devem ser criadas mensagens, ações e
opções visíveis.
- Flexíveis e eficientes: desenhar um sistema para uma ampla faixa de
usuários.
- Design minimalista: não mostrar informação que não seja relevante.

76
Capítulo 4 Ergonomia Cognitiva

- Ajuda e documentação: buscar facilitar uma ajuda ou documentação do


sistema.

- Os critérios considerados ergonômicos inerentes aos dispositivos de


informação destinados à compreensão do software são:

- Compatibilidade: adequada relação entre as características do usuário e


a organização das entradas, saídas e diálogo de cada aplicação.
- Legibilidade: relativos à leitura e à interpretação da informação apresentada
na tela.
- Condução e assistência ao usuário: facilitar a realização de operações
de entrada e as outras facilidades para as diferentes alternativas quando
várias ações são possíveis.
- Feedback imediato: refere-se à resposta do sistema às ações que realiza
o usuário.
- Significado de códigos e denominações: correspondência entre cada
termo e o símbolo correspondente.

- Os critérios ergonômicos relacionados aos dispositivos de informação


destinados à minimização do esforço para aprender a usar o software são:

-Agrupamento: a organização (agrupamento) dos elementos da interface.


-Ações mínimas: a redução das ações para executar tarefas a um número
mínimo.
-Concisão: objetiva a diminuição de sobrecarga cognitiva e perceptiva
para o usuário.
-Densidade de informação: enfatiza a informação como conjunto (total de
itens de informação apresentados), no lugar da informação como elemento
individual.
-Consistência: utilizar diretrizes de desenho parecidas para desenhos
com contextos similares.

- Os critérios ergonômicos relacionados aos dispositivos de controle são:

- Disposição de ações ao usuário de forma explícita: realça a
associação entre o processamento que realiza o software e as ações que
o usuário realiza com ele.
- Controle do usuário: refere-se ao fato de que os usuários deverão
controlar o processamento que se está realizando com o software.
- Flexibilidade e experiência do usuário: conduzem às facilidades de
adaptabilidade e de adaptação de um software.
- Gestão de erros: trata da proteção, informação e correção relativas aos
erros.

77
Ergonomia

Referências
CYBIS, Walter Otto; BETIOL, Adriana Holtz; FAUST, Richard. Ergonomia e
usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. São Paulo: Novatec, 2007.

SANDERS, Andries F. Enciclopedia de Salud y Seguridad en el Trabajo:


Diseño y tratamiento de la informacion. 4. ed. Madrid: Ministerio de Trabajo y
Asuntos Sociales - Subdirección General de Publicaciones, 1998.

78
C APÍTULO 5
Ergonomia do Processo e do
Produto

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Identificar as principais bases conceituais metodológicas que envolvem a


Ergodesign e a Ecoergonomia.

33 Aplicar os conceitos de Ergonomia na melhoria das condições de saúde e segurança


no trabalho de acordo com as características psicofisiológicas das pessoas.

33 Promover a melhoria das condições do local de trabalho a partir da realidade


dos ambientes internos e externos.
Ergonomia

80
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

Contextualização

De acordo com Quaresma (2013), para eliminar as diferenças existentes
entre as disciplinas Design e Ergonomia surgiu o conceito de Ergodesign há mais
de duas décadas. Este conceito, segundo Yap (apud QUARESMA, 2013), foi
desenvolvido para interligar e melhorar, em termos de eficiência, a interação entre
o Design e a Ergonomia. Atualmente, o conceito apresenta-se incluído em outros
conceitos, como, por exemplo, em engenharia da usabilidade, cujo tema principal
é: o usuário e seu relacionamento com uma interface qualquer.

Com o processo de evolução de novas tecnologias, surgiu em muitas


empresas a vontade de se encontrar informações relativas ao usuário de seus
produtos e, a partir daí, houve a necessidade de se juntar à equipe de projeto o
profissional ergonomista. Portanto, a aplicação contínua destes conhecimentos
nos proporciona uma metodologia para desenvolver um produto de software
interativo sob os parâmetros do modelo de ciclo de vida da engenharia de
usabilidade, proposto por Deborah Mayhew (apud CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007).

A Organização das Nações Unidas (ONU), através de um documento


chamado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, considerou como
desenvolvimento sustentável o tipo de evolução econômica e social que “[...]
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de suprir suas próprias necessidades”.

Esse princípio sugere que as necessidades das futuras gerações devem ser
consideradas, ao mesmo tempo em que se tenta resolver os requisitos da geração
atual. A produção e os sistemas econômicos de hoje acabam comprometendo
as habilidades das gerações futuras em satisfazer as suas necessidades,
caso estejam usando mais recursos do que o planeta é capaz de regenerar. O
profissional de design industrial e os engenheiros, no passado, fizeram muito
pouco em relação às questões de sustentabilidade.

No entanto, Rodriguez Ramirez (2013) enaltece que é necessário encontrar


uma definição de design industrial que reflita o estado atual da profissão. Essa
definição deve levar em conta os princípios éticos que a comunidade de design
está desenvolvendo atualmente. Isso vai ajudar a desenvolver uma compreensão
do que o design industrial pode alcançar através do trabalho desenvolvido em
parceria com os profissionais de outras disciplinas, tais como a engenharia e a
ergonomia, visando ao desenvolvimento sustentável.

O conceito de ecoergonomia sugere, então, que a metodologia ergonômica


pode ser usada para reduzir a poluição, o consumo de combustível, o crime, o

81
Ergonomia

tamanho das grandes cidades e assim por diante. Essa abordagem estuda os
sistemas ao nível dos indivíduos para entender como seu comportamento pode
ser estruturado na direção dos objetivos desejados.

Ergodesign
A engenharia da usabilidade é uma metodologia que proporciona a maneira
organizada de se proceder para que se possa conseguir usabilidade no projeto
de interfaces do usuário durante o desenvolvimento de um produto interativo.
A metodologia para desenvolver um produto de software interativo sob os
parâmetros do modelo de ciclo de vida da engenharia de usabilidade é constituída
pelas seguintes etapas: projeto de interface, processo de análise contextual e a
concepção e modelagem de interfaces.

Projeto de Interface

Este processo de desenvolvimento do projeto de interface realiza-se em


fases interativas até se conseguir as metas definidas. É aplicável a todos os tipos
de projetos, além de não descuidar do aspecto tão fundamental como a mudança
de paradigmas no uso da informação. Desenvolve-se em fases: de análise de
requisitos e de projeto, testes e instalação de diferentes versões da interface do
sistema.

a) Análise de Requisitos

A análise de requisitos enfoca quatro tipos de análises, servindo os


respectivos resultados de base para especificar o perfil do ambiente e os objetivos
da usabilidade para o sistema. Os quatro tipos de análise são:

- Perfil do usuário – Busca obter uma descrição das características mais


relevantes de cada tipo de usuário. Essas características serão muito
variadas, como, por exemplo, o grau de conhecimento, faixa etária, motivação,
experiência profissional, experiência no posto ou tipo de trabalho, etc. Isso
servirá para que se possa tomar decisões durante o projeto da interface do
usuário e, também, para identificar as categorias de usuários que deverão ser
tratadas na análise contextual de tarefas.

- Análise contextual de tarefas – Trata-se de realizar um estudo das tarefas
atuais dos usuários, como são realizadas, que padrões de trabalho utilizam,
caso utilizem algum, e chegar a especificar e entender os objetivos dos
usuários. A conquista de um objetivo determinado, normalmente, é resultado
de uma série de tarefas desencadeadas sob certos parâmetros (estrutura,

82
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

duração, dependências, custos, carga mental, interrupções, etc.) e numa certa


ordem. Nessa etapa, não se busca realizar a análise da tarefa, mas determinar
todas as tarefas que o sistema é capaz de realizar atualmente, ou seja, antes
de começar a implementar o novo sistema (entendendo como sistema não
o sistema interativo, mas a maneira com seus métodos e ferramentas que
atualmente se realizam as atividades).

- Análise da plataforma (possibilidades/restrições) - A análise está diretamente
relacionada com a plataforma tecnológica (equipamentos, sistemas
operacionais, ambientes de janelas, recursos de rede, etc.) escolhida para
operar o produto de software. Em função de dita escolha, serão estudados e
documentados o conjunto de possibilidades que dita plataforma nos oferece,
assim como as restrições que são impostas. Será definido um conjunto de
opções possíveis e ou impossíveis para serem consideradas no projeto da
interface do usuário.

- Análise das diretrizes para o projeto - Nesta fase se desenvolvem as
atividades de pesquisa e documentação das recomendações ergonômicas
disponíveis para a elaboração da interface no contexto de uso (usuário, tarefa,
equipamento e ambiente) em que o sistema está localizado. Nessa pesquisa
aplicam-se os conhecimentos de carga de trabalho, critérios e recomendações
ergonômicas para interface humano-computador.

Com base nas informações obtidas, serão especificadas as metas para a


usabilidade do novo sistema. Esse procedimento adota o modelo da ISO 9241-
11 (Orientações quanto à usabilidade) (CYBIS; BETIOL; FAUST,2007), que se
baseia nas seguintes partes principais:

- Perfil do ambiente - O ambiente (software, equipamento, instalações e


estrutura organizacional) onde se realiza um determinado trabalho costuma
influir diretamente na maneira como se realiza este trabalho, razão pela
qual deverá ser considerado dito fator quando da realização do projeto dos
sistemas.

- Objetivos da usabilidade - Das atividades anteriores são obtidos objetivos
específicos que refletem qualitativamente os requisitos de usabilidade.
Também se obtêm objetivos quantitativos que nos definem o conjunto
mínimo aceitável de objetivos para que o usuário possa dispor de um bom
funcionamento do sistema e um conjunto de prioridades a ser aplicado nos
ditos objetivos. Esses objetivos serão fundamentais mais adiante na fase de
projeto e, sobretudo, nas avaliações interativas que garantam um alto grau de
usabilidade.

83
Ergonomia

As decisões desta e das demais fases da engenharia da


Recapitulando, a
usabilidade é vista usabilidade são registradas no documento oficial denominado Guia de
geralmente para Estilo do projeto, indicado na Figura 17. Tal documento deverá estar
assegurar que os disponível para todos os desenvolvedores da interface e do sistema.
produtos interativos
sejam fáceis de Recapitulando, a usabilidade é vista geralmente para assegurar
aprender, efetivos
que os produtos interativos sejam fáceis de aprender, efetivos e
e agradáveis para
seus usuários. agradáveis para seus usuários. Tudo isso colabora na otimização das
Tudo isso colabora interações que as pessoas realizam com seus produtos interativos
na otimização das para poder conseguir realizar suas atividades na vida cotidiana.
interações que as
pessoas realizam b) Projeto, Testes e Instalação
com seus produtos
interativos para
poder conseguir Mayhew (apud CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007), ao abordar
realizar suas a fase de projeto, apresenta três níveis de uma mesma interface:
atividades na vida reengenharia e modelo conceitual da interface, padrão de telas e
cotidiana. projeto detalhado da interface. Esses níveis se inter-relacionam,
seguindo a sequência apresentada no fluxograma da Figura 17.

Figura 17 – Fluxograma das etapas de Projeto/Testes/Implementação

Fonte: Adaptado de Cybis, Betiol e Faust (2007, p. 113).


84
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

Nível 1 – Reengenharia e Modelo Conceitual do Projeto - A fase de projeto


inicia-se no nível da reengenharia do trabalho e do modelo conceitual da
interface. Como se observa na Figura 17, todas as decisões deste nível relativas
às características da interface compõem o Guia de Estilo do projeto.

 Reengenharia do trabalho – Baseando-se em todos os requisitos


obtidos na fase de análise de requisitos da interface, os desenvolvedores
concebem uma redefinição da maneira de se realizar a tarefa.

 Modelo conceitual do projeto da interface – Pode-se definir como uma


descrição do sistema proposto em termos de um conjunto integrado
de ideias e conceitos sobre o que o sistema deve fazer, como deve
se comportar e como deve se apresentar, de uma maneira que seja
compreensível pelos usuários. O desenvolvimento desta fase nos leva a
visualizar o produto proposto, baseando-se nas necessidades do usuário
e outros requisitos anteriormente identificados.

 Protótipo do modelo conceitual – O protótipo ou maquete é elaborado


com lápis e papel, com desenhos abstratos de janelas ou caixas de
diálogo, apresentando os elementos essenciais para a tarefa.

 Avaliação interativa do modelo conceitual do projeto – Trata-se de


uma simulação dupla. De uma parte, os usuários simulam as tarefas
fundamentais do sistema, utilizando o modelo conceitual, imaginando que
o protótipo seja o próprio sistema. De outra, os desenvolvedores simulam
o comportamento do sistema, eles apresentam novas telas em papel em
resposta a uma ação do usuário. Na avaliação, consideram-se os critérios
ergonômicos de usabilidade.

Nível 2 – Padrão de Telas - Neste segundo nível desenvolvem-se as


atividades de elaboração e confecção do protótipo do padrão de telas e dos
diálogos da interface e a correspondente avaliação interativa.

 Padrão de telas - Refere-se à adaptação do estilo do ambiente de


janelas dos sistemas existentes no software onde o sistema será executado
(Windows, Linux, Swing Java, etc.). Essa adaptação deverá atender as
definições sobre o perfil do ambiente e os objetivos da usabilidade. O
documento resultante deste nível irá conter as regras para:

- a escolha de dispositivos de controle;


- a definição do formato e localização;
- a linguagem adotada;
- o uso de cores;
- tipos de fontes, etc.
85
Ergonomia

 Construção do protótipo do padrão de telas - Baseando-se nas


definições do padrão de telas e do modelo conceitual, constrói-se um
protótipo executável de uma parte da interface.

 Avaliação interativa do protótipo - Neste nível podem ser realizados


testes mais realistas com o protótipo que é executável. Pode-se realizar
testes detalhados que permitam medir níveis de usabilidade específicos,
como, por exemplo, facilidade de aprendizado e taxa de erros do usuário
na tarefa.

Para cada elaboração da interface este nível se repete e objetiva a


consolidação tanto do modelo conceitual como do documento de padrões de tela.
As definições resultantes das atividades deste nível irão constar no Guia de Estilo
do projeto da interface.

Nível 3 – Projeto Detalhado - Neste último nível se elaboram: o projeto


detalhado da interface, a construção completa e a avaliação interativa com os
testes de uso. Esta fase é o resultado da evolução lógica das fases anteriores
depois da construção do protótipo respectivo e das avaliações de cada nível. O
projetista agrega às tarefas definidas anteriormente as outras tarefas de menor
relevância, buscando o maior detalhamento possível até dispor de uma versão
que contenha todas as mesmas características do software definitivo.

A avaliação interativa, nesta etapa, será realizada a partir de simulações


ainda mais próximas da realidade, pois o usuário já estará utilizando o sistema
com todas as características do sistema final para realizar suas tarefas.

Instalação:

Na fase inicial de instalação ocorre a implementação do software e, após


algum tempo de uso, o usuário pode participar com o feedback na melhoria ou
adaptabilidade do sistema sobre a usabilidade. Depois de atendidos os requisitos
definidos por este, com a implementação de melhorias, será concluído o projeto.
Esse procedimento está representado na Figura 18.

86
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

Figura 18 – Fluxograma da Fase de Instalação

Fonte: Adaptado de Cybis, Betiol e Faust (2007, p. 117).

Processo de Análise Contextual

Os métodos de análise da usabilidade podem ser classificados


Estes autores
atendendo diferentes critérios de acordo com o contexto de uso dos apoiam-se no
sistemas interativos e das exigências ergonômicas. Cybis, Betiol e Faust conteúdo do site
(2007) apresentam as descrições das técnicas utilizadas, abordando as UsabilityNet (www.
que buscam a análise (conhecer) e as que objetivam a especificação usabilitynet.org),
(modificar) dos componentes do contexto de uso e das exigências organizado pela
União Europeia
sobre a usabilidade dos sistemas.
para subsidiar as
atividades dos
Estes autores apoiam-se no conteúdo do site UsabilityNet (www. projetistas de
usabilitynet.org), organizado pela União Europeia para subsidiar sistemas interativos
as atividades dos projetistas de sistemas interativos referentes à referentes à
usabilidade. usabilidade.

a) Técnicas de Análise Contextual

Ao se por em prática uma metodologia centrada no usuário, deverão ser

87
Ergonomia

desenvolvidas atividades de análise com os objetivos de identificar, esclarecer


e registrar as características dos usuários, suas tarefas e o ambiente físico e
organizacional no qual operará o sistema.

Os principais métodos de análise são:

- Observação do usuário – Consiste em visitar o lugar onde os usuários


realizam as atividades que estão sendo analisadas. O principal objetivo consiste
em observá-los para entender como realizam suas tarefas e que tipo de modelo
mental têm sobre elas. A informação será completada com perguntas ou, ainda,
com entrevistas pessoais.

- Focus Group – Refere-se a uma discussão informal de usuários para


coletar dados relacionados ao sistema. Ao planejar a reunião deve-se preparar
uma lista de aspectos a serem discutidos e recolher a informação necessária para
a discussão. Isso permite captar reações espontâneas e ideias dos usuários que
se desenvolvem no processo dinâmico do grupo.

- Entrevistas – Entrevistar os usuários sobre a experiência com o sistema


interativo é uma maneira direta e estruturada de recolher informação. Além de
permitir uma adaptação das questões com o contexto. As entrevistas colaboram
com informação valiosa sobre aspectos que, às vezes, não são considerados
pelos projetistas. São realmente efetivas se o analista as preparou eficientemente
de maneira que tratem dos temas que são realmente necessários. As entrevistas
são bem complementadas pelos questionários.

- Questionários – O questionário é menos flexível que a entrevista, mas


pode chegar a um grupo mais numeroso de usuários e se pode analisar com
mais detalhes. Pode-se utilizá-lo várias vezes na fase de projeto e pode também
ser utilizado como complemento das entrevistas. Como comentado sobre as
entrevistas, os questionários também devem ser muito bem preparados, já que
são um documento a ser preenchido pelos usuários, portanto, deve ser muito
claro e livre de termos ambíguos que possam confundi-los.

b) Técnicas de Especificação

Ainda que a usabilidade seja uma propriedade de todo o sistema, o foco


de atenção se dirige habitualmente a algum de seus elementos específicos. É
possível especificar a usabilidade de um produto, mas somente em relação ao
contexto de uso previamente definido. Uma vez definido o contexto de uso, é
possível fazer comparações do grau de usabilidade (por exemplo: entre diversos
tipos de telas, de teclados ou de softwares).

88
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

As especificações permitem estruturar as atividades de projeto e avaliação


ou verificar o software, mais tarde, quanto à usabilidade.

b.1) Especificação do Contexto de Uso

O contexto de uso refere-se ao novo sistema que será operado. A


especificação do contexto de uso requer o seguinte:

- Descrição do tipo de usuário – Podem-se incluir os conhecimentos,


habilidades, experiência, educação, treinamento, características físicas e
capacidades motoras e sensoriais. Em alguns casos, pode ser necessário definir
as características de diferentes tipos de usuário, por exemplo, com diferentes
níveis de experiência ou que exerçam funções diferentes.

- Descrição do equipamento – A descrição do hardware, do software e dos


demais recursos materiais cujas características sejam objeto de especificação ou
avaliação de usabilidade.

- Descrição do ambiente – É preciso também descrever as principais


características do ambiente físico e do ambiente social. Os aspectos cuja
descrição pode ser necessária compreendem as características dos ambientes:

- técnico, como, por exemplo, o sistema operacional;


- físico, como, por exemplo, o lugar de trabalho e o mobiliário;
- climático, como, por exemplo, a temperatura e a umidade;
- social e cultural, como, por exemplo, as técnicas de trabalho, a
estrutura da organização e atitudes.

- Descrição dos objetivos da tarefa – As tarefas devem ser descritas


em termos de objetivos a serem conquistados, e não em termos de funções ou
características dos produtos ou, ainda, em termos das etapas ou atividades que
vão ter que se desenvolver para a conquista desses objetivos. Por exemplo,
uma telefonista pode ter como objetivo: atender as solicitações do cliente. Esta
descrição pode ser decomposta em objetivos parciais, tais como: lembrar com
precisão das solicitações do cliente e responder com prontidão às solicitações
deste.

b.2) Medições de Usabilidade

Para melhor especificação das exigências da usabilidade, é necessário


realizar medições de eficácia, eficiência e satisfação do usuário e pode ser
necessário repetir estas medições em diferentes contextos.

89
Ergonomia

 Medições de Eficácia

As medições de eficácia, relativas aos objetivos totais ou parciais de um


sistema em uso, expressam a precisão e o nível de acabamento desses objetivos.
Assim, por exemplo, se o objetivo desejado é elaborar um documento de duas
páginas num formato específico, a precisão pode ser medida pelo número de erros
ortográficos e desvios relativos ao formato de referência. O nível de acabamento
pode ser medido pela proporção do número de palavras do documento transcrito
em comparação com o número de palavras do documento original.

 Medições de Eficiência

A medida da eficiência expressa o nível de eficácia com os recursos


gastos para isto. Os recursos relevantes podem ser: esforço, tempo, materiais,
custo financeiro. Por exemplo, se o objetivo desejado é imprimir cópias de um
documento, então, a eficiência pode ser expressa pela divisão do número de
cópias utilizáveis pelos recursos gastos para esta tarefa (valor das horas de
trabalho, valor dos materiais consumidos e dos materiais gastos no processo).
Note que quanto maior for o resultado desta divisão, maior será a eficiência.

 Medições do Nível de Satisfação



As medições do nível de satisfação expressam o conforto e a aceitação do
sistema por parte dos usuários e de outras pessoas afetadas por seu uso e podem
referir-se a aspectos específicos do sistema ou medidas de satisfação geral com
relação ao ambiente em que o sistema opera.

b.3) Especificação das Exigências para a Usabilidade

Nas etapas sucessivas de desenvolvimento do projeto, o projetista pode


medir a usabilidade e comparar com os objetivos estabelecidos. Isso permite
tomar decisões mais objetivas relativas às mudanças necessárias no projeto
para melhorar a usabilidade. Essa análise tem como objetivo especificar os
requerimentos do usuário, obtendo a informação relativa às características do
usuário, às tarefas que devem ser realizadas e ao ambiente em que devem ser
realizadas. Devem-se considerar todos os fatores relevantes que afetam a
eficácia, a eficiência e a satisfação dos usuários.

Concepção e modelagem de Interfaces

As técnicas utilizadas na implementação das especificações para a


concepção da interface e a usabilidade de um sistema podem ser apresentadas
em dois grupos (CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007). O primeiro trata da organização

90
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

de ideias sobre os componentes para a interface com a participação dos usuários.


As técnicas de brainstorming (tempestade de ideias), card sorting (arranjo de
cartas) e diagrama de afinidades são abordadas neste grupo. O segundo grupo
trata das técnicas para elaboração rápida das características essenciais da
nova interface. Nesse grupo estão as técnicas de storryboard (narrativa gráfica),
maquetagem e prototipagem rápida.

a) Técnicas de Geração e Organização de Ideias

As técnicas deste grupo contam com a participação do usuário para se


encontrar uma melhoria ou mesmo a solução de um problema existente.

 Brainstorming – Tempestade de Ideias

São reuniões com a participação de no máximo 12 pessoas, concentradas


na solução de algum problema do sistema ou mesmo na inserção de alguma
melhoria, oferecida no mercado, com o desenvolvimento de novos sistemas.
Trata-se de um ambiente que favorece o surgimento de discussões que levam ao
melhor entendimento da área do problema e das áreas de solução.

As reuniões de brainstorming desenvolvem-se em duas etapas básicas: a


geração de ideias e, na sequência, a crítica estas. A organização das ideias a
serem consideradas poderia ser uma etapa complementar. O facilitador da reunião,
ao iniciá-la, deverá esclarecer os integrantes quanto aos aspectos essenciais
do problema ou da ideia a ser tratada, quais serão as atividades na reunião e a
sequência delas. A seguir, o facilitador organiza uma mesa redonda e estimula
cada um dos integrantes a apresentar suas observações. No desenvolvimento da
reunião o facilitador deverá atender aos seguintes quesitos:

- assegurar a cada integrante o direito de expor suas observações;


- evitar o desenvolvimento de críticas ou avaliações das observações
apresentadas, tanto por parte do próprio participante como dos demais integrantes;
- verificar se todas as contribuições são anotadas em local visível para todos
os integrantes.

Com o decorrer do tempo, durante a reunião haverá uma diminuição natural


do número de sugestões, o que caracterizará o encerramento da etapa de geração
de ideias. A etapa seguinte de crítica das ideias se faz descartando aquelas que
se apresentarem impraticáveis e forem decorrentes de enganos. Observe que
algumas ideais podem ser melhoradas em vez de simplesmente descartadas.

91
Ergonomia

 Card Sorting – Arranjo de Cartas

Para se conhecer a representação ou o modelo mental dos usuários a


respeito dos grupos de itens de informações desejadas para a execução de um
programa, utiliza-se esta técnica. Descreve-se cada item de informação em fichas,
distribuindo-as sobre uma mesa. Na sequência, pede-se ao usuário que forme
conjuntos das fichas, segundo seu próprio critério de agrupamento. Os usuários
devem ser escolhidos entre o grupo dos usuários do sistema.

O primeiro passo no planejamento dessa técnica é o reconhecimento dos
itens de informação que devem ser descritos nas fichas. Após, descrever cada
item numa ficha, numerando-a no verso. Na reunião, o facilitador embaralha as
fichas de maneira que para cada usuário se apresente uma distribuição diferente
delas. Nunca apresentar para o usuário a distribuição definida pelo usuário
anterior. Cada usuário formará pilhas de fichas, segundo sua perspectiva.

Figura 19 – Representação de usuário operando no Card Sorting

Fonte: Disponível em: <http://www.infodesign.com.au/


ftp/CardSort.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2008.

Deve-se esclarecer que poderá haver fichas que não estarão associadas
a nenhum dos grupos. No entanto, é necessário que se peça aos usuários um
esforço no sentido de buscar o agrupamento do maior número de fichas. Aos
usuários será solicitado que designem um nome para as pilhas e apresentem
uma associação entre elas, colocando-as mais próximas na mesa. Deverão ser
anotadas ou fotografadas todas as situações apresentadas pelos usuários.

A análise dos dados pode ser a identificação da pilha que for mais ou menos

92
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

uniforme entre as montadas pelos usuários. Após, anotar a composição e


escolher nomes para os grupos de fichas.

Nos casos em que não houver a uniformidade entre as pilhas montadas pelos
usuários, “torna-se necessária uma análise estatística como a apresentada no site
usabilityNet (www.usabilitynet.org).” (CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007, p. 150).

 Diagramas de Afinidade

A diferença básica entre esta técnica e a técnica do arranjo de cartas é


relativa à maneira de se identificar o grupo de itens de informação. Na técnica do
arranjo de cartas cada usuário, de maneira isolada, apresenta sua perspectiva. Na
técnica de diagramas de afinidade o analista e os usuários, em conjunto, buscam,
por consenso, a definição da melhor composição dos grupos. Empregada para
organizar uma grande quantidade de itens em grupos lógicos, necessita, portanto,
de uma superfície maior. Durante a reunião todos participam das discussões e
colocam as fichas adesivas numa superfície apropriada. A superfície escolhida
depende da quantidade de fichas, geralmente a parede do local de reunião ou um
quadro, conforme demonstra a Figura 20.

Figura 20 – Aparência de um Diagrama de Afinidades

Fonte: Disponível em: <http://www.webstudio.cl/blog/wp-content/


card-sorting-05.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2008.

93
Ergonomia

b) Técnicas de Concepção

Neste grupo de técnicas são apresentadas aquelas do segundo grupo:


técnicas de narrativa gráfica (storyboard), maquetagem e prototipagem rápida.

 Storyboard – Narrativa Gráfica

Trata-se da elaboração de uma história em quadrinhos em folhas grandes,


representando as ações entre os usuários e o sistema no ambiente de trabalho. É um
detalhamento de um cenário de uso que apresenta, numa sequência de desenhos,
os esboços da tela do computador e demais elementos do contexto (usuário, colegas,
telefones, móveis etc.), como se observa no exemplo da Figura 21.

Figura 21 – Exemplo de Storyboard – Narrativa Gráfica

Fonte: Disponível em: <http://blogs.sun.com/MartinHardee/


resource/BalletStoryboard.jpg>. Acesso em: 17 jul. 2008.

Em reuniões com os usuários e especialistas, o narrador apresenta os


desenhos e descreve os acontecimentos desenhados. As observações de cada
participante podem ser registradas por meio de cartões adesivos, afixados
diretamente no local da narrativa correspondente.

 Maquetagem

As maquetes ou protótipos de papel, como o exemplo da Figura 22, simulam


e testam a interação de maneira bastante rápida, pois necessitam de poucos
recursos para sua execução. A técnica favorece o envolvimento do projetista e

94
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

do usuário na validação do sistema. O processo de maquetagem se desenvolve


em quatro etapas: definição de conceito, projeto de interação, projeto e teste das
telas.
Figura 22 – Exemplo de Protótipo de Papel

Fonte: Disponível em: < http://www.ivogomes.com/


wordpress/wp-content/uploads/2006/07/
prototipagem3.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2008.

Definição de conceito: numa reunião de brainstorming definem-se as telas,


os componentes essenciais e o fluxo normal das tarefas principais.

Projeto de Interação: com a técnica de diagrama de afinidades define-se a


interação, considerando as seguintes atividades:

- definição do nome de cada tela sugerida e de cada tarefa especificada e


registrar em cartões adesivos;
- criar cartões para as telas;
- afixar os cartões adesivos que representam as telas na parede para formar
grupos associados a cada tarefa;
- registrar a sequência de acesso às telas durante a execução das tarefas;
- buscar a simplificação da realização das tarefas, suprimindo ou adicionando
telas.

Projeto e Teste das Telas: nesta etapa é desenhada cada tela especificada
no item anterior e realizam-se os testes de validação com a participação dos

95
Ergonomia

usuários. Para validar as maquetes, o usuário simula a realização das tarefas e


para cada ação dele o projetista indicará a próxima tela que surgirá. O projetista
poderá perceber as eventuais dificuldades apresentadas pelos usuários na
realização das tarefas do novo sistema.

 Prototipagem Rápida

Cybis, Betiol e Faust Com a utilização de softwares específicos, que simulam o sistema
(2007) indicam final, é possível visualizar e operar o futuro sistema no contexto definido.
a possibilidade
“Eles proporcionam oportunidades de feedback mais fidedigno sobre
de se usar o
Microsoft Office problemas e vantagens da interface em desenvolvimento.” (CYBIS;
PowerPoint na falta BETIOL; FAUST, 2007, p. 155).Cybis, Betiol e Faust (2007) indicam a
de uma ferramenta possibilidade de se usar o Microsoft Office PowerPoint na falta de uma
especializada. ferramenta especializada.

Ecoergonomia
O desenvolvimento sustentável visa alcançar o crescimento econômico, a
preservação do meio ambiente e a melhoria das condições sociais. O modelo
econômico dominante atual degrada o meio ambiente, dá pouca importância à
diversidade cultural e incentiva uma forma de vida insustentável num processo de
globalização (GALANO apud RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013). Rodriguez Ramirez
(2013) ressalta que muitos profissionais de diversas disciplinas estão tomando
medidas direcionadas ao desenvolvimento sustentável. Os esforços em todo
o mundo, tais como o primeiro dia da Terra (1970), a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (1972), a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (1992), a Cúpula Mundial sobre
o Desenvolvimento Sustentável (2002) ou o Protocolo de Kyoto têm produzido
diretrizes específicas para promover modificações em nossas sociedades. As
soluções podem ser tanto políticas quanto tecnológicas, como as mudanças na
engenharia, porém a criatividade pode ser uma arma poderosa para permitir que
as empresas ofereçam, ainda mais, a satisfação das necessidades, com menos
recursos, menos energia, etc. (KAZAZIAN apud RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013).
O projetista precisa trabalhar com profissionais de todas as outras disciplinas
envolvidas no desenvolvimento de produtos, principalmente de engenharia, para
alcançar soluções integradas.

Uma estratégia para abordar as questões sustentáveis é analisar a


usabilidade dos produtos, uma vez que alguns produtos têm um impacto ambiental
maior durante a sua utilização do que durante a sua produção. Alguns produtos,
como as embalagens, precisam de um estudo aprofundado tanto do modo como

96
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

as pessoas interagem com eles como do que as pessoas fazem com eles após
o término da sua vida útil. Os produtos podem ser desenvolvidos para serem
favoráveis ao meio ambiente e/ou incentivarem comportamentos socialmente
conscientes dos usuários. Isso pode ser conseguido através de princípios de
usabilidade e do conceito de ecoergonomia. (RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013).

A usabilidade do produto é definida pelos atributos do produto que tratam


das características física e cognitiva, bem como das necessidades emocionais
dos usuários. (BABBAR et al., apud RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013). O ambiente
em que vivemos desenvolve-se por uma sequência de decisões de design
que afetam nossas vidas cotidianas e, às vezes, saturam o espaço em que
vivemos. Estudiosos sugerem que existem cerca de 30 mil produtos no mundo,
atualmente, e muitos deles são confusos e difíceis de usar, chegando a levar o
usuário à frustração. A Usabilidade do produto é agora uma questão importante
a ser considerada no processo de criação e passa a ser reconhecida como uma
dimensão crítica da qualidade do produto. (BABBAR et al., apud RODRIGUEZ
RAMIREZ, 2013).

Rodriguez Ramirez (2013) esclarece que o Design Industrial é a prática de


análise, criação e desenvolvimento de produtos para a fabricação em massa. Seu
objetivo é alcançar formas que são a garantia de aceitação antes que seja feito
um grande investimento de capital e que possa ser fabricado a um preço que
permita ampla distribuição e lucros razoáveis. Essa definição se concentra em
questões econômicas e de rentabilidade para o setor. O crescimento econômico é
um fator importante para o desenvolvimento sustentável, mas não é o único.

A preocupação com o desenvolvimento de novas maneiras de abordar o


design de produtos é relativamente recente. A Revolução Industrial resultou em
uma maior produção de bens, o que implicava uma grande utilização de recursos.
A sociedade de hoje está produzindo, cada vez mais, um maior impacto sobre o
ambiente. O design para a sustentabilidade é uma reação aos problemas gerados
por práticas que ignoraram as consequências ambientais e sociais de suas ações.

Papanek, citado por Rodriguez Ramirez (2013), identificou algumas questões


relacionadas com a produção e a poluição que designers devem considerar,
tais como: a escolha de materiais, o processo de fabricação, a concepção para
desmontagem e a ética no design. A filosofia de Papanek foi criticada por não
satisfazer os interesses das empresas em sua principal preocupação. No entanto,
uma de suas mais importantes contribuições foi a consciência da influência do
design em nossas vidas diárias e no meio ambiente.

Uma das primeiras e mais comuns soluções para o problema do excesso


de resíduos é a utilização de recursos materiais reciclados ou recicláveis, mas

97
Ergonomia

o problema é muito mais complexo. Os produtos têm um impacto sobre o meio


ambiente e na sociedade, em níveis diferentes, em diferentes pontos da sua vida.
Da extração de recursos naturais até sua eliminação, os produtos representam
um fardo para o ambiente que pode ser avaliado de forma sistemática. Várias
universidades e governos têm trabalhado em conjunto para desenvolver formas de
avaliar tais impactos antes que eles ocorram. A pesquisa sobre sustentabilidade
pode se concentrar na proteção ambiental preventiva. Os designers podem
desempenhar um papel principal na fase de prevenção, com o objetivo de, em
longo prazo, reduzir a necessidade de reparação dos danos ambientais causados
por suas decisões.

Ao analisar o ciclo de vida dos produtos, os designers e engenheiros, muitas


vezes, concentram-se no uso de recursos e de energia, bem como na eliminação
de seus efeitos sobre o meio ambiente. O uso de alguns produtos tem um grande
impacto sobre o meio ambiente, às vezes, até maior do que a sua produção. Isto
é difícil de avaliar devido à complexidade em se prever como as pessoas irão
utilizar os objetos. Algumas disciplinas estudam a maneira como as pessoas se
relacionam com os objetos, ou seja, como as pessoas usam as coisas. Esses
estudos têm criado uma disciplina que aborda a usabilidade de produtos.

De início, fortemente baseadas em ergonomia, as análises de usabilidade


agora envolvem aspectos sociais e antropológicos. Áreas específicas das
ciências sociais, tais como a etnografia, são agora utilizadas para investigar
o comportamento humano e encontrar oportunidades para novos produtos.
Ulrich e Eppinger (apud RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013) definem a diferença
entre a usabilidade orientada à tecnologia e aquela orientada aos usuários dos
produtos. Essas categorias implicam que, de um lado, as soluções de engenharia
que procuram uma forma sustentável de desenvolvimento seriam focadas na
tecnologia. As soluções de design, por outro lado, são aquelas orientadas ao
espectro dos usuários dos produtos. Os designers precisam entender como as
pessoas usam os produtos e quais são as necessidades que surgem a partir de
tal uso. Esta é a área de estudos da usabilidade.

Na realidade, há muito poucos produtos que sejam orientados à tecnologia


e orientados aos usuários de maneira extrema. A maioria dos objetos ficará no
meio. É de importância vital que o profissional de design industrial trabalhe em
estreita colaboração com os engenheiros e os profissionais das outras disciplinas
envolvidas na produção, como a ergonomia, para alcançar soluções que envolvam
a sociedade e o meio ambiente.

Os estudos de usabilidade estão relacionados normalmente à construção da


interface entre os seres humanos e os produtos. Uma das suas principais áreas de
desenvolvimento durante os últimos anos foi o projeto de software e as interfaces

98
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

das páginas web. Os estudos de usabilidade de produtos tridimensionais tiveram


um grande impacto no projeto de controles de aviação, com uma abordagem
ergonômica metodológica.

Ao estudar as respostas do usuário e comportamentos ao longo do processo


de concepção, a pesquisa direcionada ao usuário ajuda a compreender as formas
de melhorar o uso humano de novos produtos. Esta incentiva as pessoas a fazer
uso de produtos de forma particular. Um exemplo básico é a dificuldade de usar
as portas. Muitas pessoas não sabem se devem empurrar ou puxar. Designs
adequados devem indicar claramente se é necessário empurrar ou puxar para
abrir a porta. A solução mais simples é ter uma porta com uma superfície plana,
no lado em que se deve empurrá-la, como se observa na Figura 23, que permita
abrir a porta apenas empurrando, evitando, assim, a possibilidade de puxar. Isso
não é nada, mas é um incentivo para determinada ação (comportamento) nas
pessoas, obtido com o design do produto. Isso sugere que o design do produto
pode modificar o comportamento das pessoas.

Figura 23 – Porta com uma superfície plana

Fonte: Disponível em: <http://chocoladesign.com/como-


abrir-uma-porta>. Acesso em: 23 maio 2013.

Os designers têm a possibilidade e a responsabilidade de analisar os


problemas de usabilidade, avaliando as consequências dos seus projetos sobre o
comportamento das pessoas. Tais consequências têm efeitos sobre as condições
sociais e culturais, bem como as ambientais. Rodriguez Ramirez (2013) sugere
a utilização de uma metodologia ergonômica para encorajar o comportamento
ambientalmente amigável, como, por exemplo, uma solução básica na concepção
de um chuveiro que incentiva os usuários a economizar água e energia, fornecendo

99
Ergonomia

informações sobre o tempo gasto no banho. A ideia por trás dessa solução é que
quando as pessoas sabem o tempo gasto no banho, podem, em seguida, tomar
uma decisão ambientalmente consciente para torná-lo mais rápido.

Figura 24 – Chuveiro com microchip para controlar a


quantidade de tempo gasto no chuveiro

Fonte: Disponível em: <http://www.sequoiair.com./cart/>. Acesso em: 23 maio 2013.

A necessidade de se estudar os problemas de utilização de novos produtos


durante o seu desenvolvimento é amplamente aceito. A pesquisa com os
usuários, ou pesquisas com os seres humanos, pode ser uma ferramenta
poderosa para melhorar os produtos. Abordagens semelhantes podem estudar
as consequências da utilização de produtos no ambiente, com ênfase nas ações
e nos comportamentos das pessoas. Os produtos desenvolvidos com essa
abordagem também representam instrumentos educacionais para as pessoas
que irão usá-los. O chuveiro mencionado anteriormente significa um constante,
mas ao mesmo tempo sutil lembrete do valor da água para todos.

Atividades de Estudos:

1) Discorra sobre a engenharia da usabilidade.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

2) Apresente resumidamente os tipos de análise de requisitos.


_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

3) Aborde as principais características da especificação do perfil do


ambiente e dos objetivos da usabilidade.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

100
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

4) Descreva cada passo da sequência de atividades apresentadas na


figura 17 – Fluxograma das etapas de Projeto/Testes/Implementação.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

5) A fase de projeto apresenta três níveis de uma mesma interface:


reengenharia e modelo conceitual da interface, padrão de telas e
projeto detalhado da interface. Descreva cada nível sucintamente.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

6) Relacione os passos da sequência de atividades apresentadas na


Figura 18 – Fluxograma da fase de instalação.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

7) As técnicas utilizadas no processo de análise contextual abrangem


as que buscam a análise (conhecer). Descreva de maneira sucinta
os métodos desta técnica.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

8) Há, também, as técnicas que objetivam a especificação (modificar)


dos componentes do contexto de uso e das exigências sobre a
usabilidade dos sistemas. Descreva resumidamente a especificação
do contexto de uso.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

9) Discorra sobre as medições necessárias para melhor especificação


das exigências da usabilidade.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

10) Comente sobre o objetivo da análise da especificação das


exigências para a usabilidade.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

101
Ergonomia

11) Do que tratam as técnicas utilizadas na implementação das


especificações para a concepção da interface e a usabilidade de um
sistema?
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

12) Discorra sucintamente sobre as técnicas relativas à organização


de ideias.
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_______________________________________________________

13) Apresente um resumo das técnicas de: narrativa gráfica


(storyboard), maquetagem e prototipagem rápida.
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_______________________________________________________
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14) O desenvolvimento sustentável visa alcançar o crescimento


econômico, a preservação do meio ambiente e a melhoria das
condições sociais. Nesse sentido e de acordo com o que nos sugere
o conceito de ecoergonomia, relate de que maneira a metodologia
ergonômica pode ser usada.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

15) Apresente o que pode ser conseguido através de princípios de


usabilidade e do conceito de ecoergonomia com relação às diretrizes
preconizadas pelo desenvolvimento sustentável.
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_______________________________________________________
_______________________________________________________

16) Os designers têm a possibilidade e a responsabilidade de


analisar os problemas de usabilidade avaliando as consequências
dos seus projetos sobre o comportamento das pessoas. Nesse
cenário, indique o que pode ser alcançado, pelos designers, com o
uso de uma metodologia ergonômica.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

102
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

Algumas Considerações
Este capítulo teve como objetivo fornecer informações relativas às principais
bases conceituais metodológicas que envolvem a Ergodesign e aos conceitos
de Ecoergonomia na melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho,
de acordo com as características psicofisiológicas das pessoas na busca do
desenvolvimento sustentável. Nele percebemos que:

- A engenharia da usabilidade é uma metodologia que proporciona a maneira


organizada de se proceder para que se possa conseguir usabilidade no projeto
de interfaces do usuário durante o desenvolvimento de um produto interativo.

- As fases de projeto de interfaces são: análise de requisitos, projeto, testes e
instalação de diferentes versões da interface do sistema.

- Os resultados da análise de resultados servirão de base para especificar o
perfil do ambiente e os objetivos da usabilidade. A análise de requisitos enfoca
quatro tipos de análises: perfil do usuário, análise contextual de tarefas,
análise da plataforma (possibilidades/restrições) e análise das diretrizes para
o projeto.

- As decisões da fase de especificação do perfil do ambiente e dos objetivos
da usabilidade são registradas no documento oficial denominado Guia de
Estilo do projeto.

- A fase de projeto apresenta três níveis de uma mesma interface: reengenharia
e modelo conceitual da interface, padrão de telas e projeto detalhado da
interface.

- No nível da reengenharia do trabalho e do modelo conceitual da interface,
desenvolvem-se: reengenharia do trabalho; modelo conceitual do projeto da
interface; protótipo do modelo conceitual e avaliação interativa do modelo
conceitual do projeto.
- No segundo nível de padrão de telas desenvolvem-se as atividades: padrão
de telas; construção do protótipo do padrão de telas e avaliação interativa do
protótipo.

- No último nível se elabora: o projeto detalhado da interface; a construção
completa e a avaliação interativa com os testes de uso.

- Na fase inicial de instalação ocorre a implementação do software e após
algum tempo de uso o usuário pode participar com o feedback na melhoria ou

103
Ergonomia

adaptabilidade do sistema sobre a usabilidade.



- Os principais métodos de análise contextual são: observação do usuário,
focus group, entrevistas e questionários.

- As especificações permitem estruturar as atividades de projeto e avaliação
ou verificar o software mais tarde quanto à usabilidade.

- A especificação do contexto de uso requer o seguinte: descrição do tipo de
usuário, descrição do equipamento, descrição do ambiente e descrição dos
objetivos da tarefa.

- Para melhor especificação das exigências da usabilidade, é necessário
realizar medições de eficácia, eficiência e satisfação e pode ser necessário
repetir as medições em diferentes contextos.

- As medições de eficácia expressam a precisão e o nível de acabamento dos
objetivos.

- A medida da eficiência expressa o nível de eficácia comparado aos recursos
gastos para isso.

- As medições do nível de satisfação expressam o conforto e a aceitação do
sistema por parte dos usuários.

- As técnicas utilizadas na implementação das especificações para a
concepção da interface e a usabilidade de um sistema tratam da organização
de ideias sobre os componentes para a interface e das técnicas para
elaboração rápida das características essenciais.

- As técnicas relativas à organização de ideias são as seguintes: Brainstorming
(tempestade de ideias); Card sorting (arranjo de cartas) e diagramas de
afinidade.
- As técnicas de concepção são: Storyboard (narrativa gráfica) e maquetagem.

- O desenvolvimento sustentável visa alcançar o crescimento econômico,
a preservação do meio ambiente e a melhoria das condições sociais. As
soluções, nesse sentido, podem ser tanto políticas quanto tecnológicas,
como as mudanças na engenharia, porém a criatividade pode ser uma arma
poderosa para permitir que as empresas ofereçam, ainda mais, a satisfação
das necessidades, com menos recursos, menos energia, etc. (KAZAZIAN
apud RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013). O projetista precisa trabalhar com
profissionais de todas as outras disciplinas envolvidas no desenvolvimento de

104
Capítulo 5 Ergonomia do Processo e do Produto

produtos, principalmente de engenharia, para alcançar soluções integradas.



- O conceito de ecoergonomia sugere, então, que a metodologia ergonômica
pode ser usada para reduzir a poluição, o consumo de combustível, o crime,
o tamanho das grandes cidades e assim por diante. Essa abordagem estuda
os sistemas ao nível dos indivíduos para entender como seu comportamento
pode ser estruturado na direção dos objetivos desejados.

- Os produtos podem ser desenvolvidos para serem favoráveis ao meio
ambiente e/ou incentivarem comportamentos socialmente conscientes dos
usuários. Isso pode ser conseguido através de princípios de usabilidade e do
conceito de ecoergonomia. (RODRIGUEZ RAMIREZ, 2013).

- A sociedade de hoje está produzindo, cada vez mais, um maior impacto sobre
o ambiente. O design para a sustentabilidade é uma reação aos problemas
gerados por práticas que ignoraram as consequências ambientais e sociais de
suas ações.

- A pesquisa sobre sustentabilidade pode concentrar-se na proteção ambiental
preventiva. Os designers podem desempenhar um papel principal na fase
de prevenção, com o objetivo de, em longo prazo, reduzir a necessidade de
reparação dos danos ambientais causados por suas decisões.

- Os designers têm a possibilidade e a responsabilidade de analisar os
problemas de usabilidade, avaliando as consequências dos seus projetos
sobre o comportamento das pessoas. Tais consequências têm efeitos sobre
as condições sociais e culturais, bem como as ambientais. Rodriguez Ramirez
(2013) sugere a utilização de uma metodologia ergonômica para encorajar o
comportamento ambientalmente amigável.
- A pesquisa com os usuários, ou pesquisas com os seres humanos, pode
ser uma ferramenta poderosa para melhorar os produtos. Abordagens
semelhantes podem estudar as consequências da utilização de produtos
no ambiente, com ênfase nas ações e nos comportamentos das pessoas.
Os produtos desenvolvidos com esta abordagem também representam
instrumentos educacionais para as pessoas que irão usá-los.

105
Ergonomia

Referências
CYBIS, Walter Otto; BETIOL, Adriana Holtz; FAUST, Richard. Ergonomia e
usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. São Paulo: Novatec, 2007.

QUARESMA, Manuela. Mas afinal, o que é Ergodesign? Disponível em:


<http://www.manuelaquaresma.com/?p=55>. Acesso em: 02 maio 2013.

RODRIGUEZ RAMIREZ, Edgar. User research and eco-ergonomics:


encouraging environmentally effective behaviours in product users through the
industrial design process. Disponível em: <http://www.thesustainabilitysociety.org.
nz/conference/2004/Session5/50%20Rodriguez.pdf>. Acesso em: 23 maio 2013.

106
C APÍTULO 6
Metodologias de Avaliação
Ergonômica

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conhecer as principais técnicas de avaliação ergonômica.

33 Elaborar laudos ergonômicos.


Ergonomia

108
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

Contextualização

A ergonomia busca solucionar os principais problemas nos ambiente de
trabalho relativos aos erros de execução e às lesões dos trabalhadores. Esses
problemas estão inter-relacionados com o arranjo físico do local de trabalho. Dos
elementos do ambiente de trabalho a que menos atenção se dispensa tem sido a
execução do trabalho, a qual é diretamente influenciada pelo projeto dos controles,
displays visuais e/ou tácteis e dos equipamentos com sensores auditivos. As
consequências de projetos mal desenvolvidos desses dispositivos vão desde um
maior número de horas em treinamentos até um alto índice de retrabalho.

Por outro lado, o elemento do ambiente de trabalho mais estudado é o risco


de lesões por LER ou DORT, que é influenciado, principalmente, por posturas
inadequadas, pela alta taxa de repetição e pelos esforços excessivos nas regiões
entre: a mão e o pulso, o ombro e o cotovelo, as costas e o pescoço, o pé e o
joelho. Um projeto mal definido desse elemento repercute diretamente na saúde
do trabalhador.

A fadiga física faz parte de qualquer trabalho, sem se considerar que pode
ser, também, uma das consequências do alto gasto metabólico de energia, que
poderá resultar num baixo rendimento do trabalhador, além de comprometer
sua saúde. Esse é um fator do ambiente de trabalho ao qual não se dá muita
importância ao se omitir das listas de verificação e da maioria dos métodos de
avaliação.

Os métodos de avaliação ergonômica ou os métodos matemáticos por si só


também não garantem uma avaliação integral do ambiente de trabalho e que serão
totalmente resolvidos os problemas ergonômicos, uma vez que seus resultados
são parciais ao possibilitar a avaliação de uma única parte dos elementos do
ambiente de trabalho e, por isso, não se pode esperar que ao utilizar uma dessas
ferramentas de avaliação seja melhorado o nível de eficiência pessoal.

AET – Análise Ergonômia do Trabalho


Landau, Imhof-Gildein e Mücke (1996) esclarecem que dezenas de
procedimentos de análise do trabalho altamente versáteis foram publicados após
o desenvolvimento do Questionário de Análise das Posições (Position Analysis
Questionnaire – PAQ) , por McCormick e colaboradores (1969), indicando
que surgiu uma variedade de novas aplicações para a análise do trabalho.
Pesquisadores, como, por exemplo, Kurt Landau e Walter Rohmert (1989 apud

109
Ergonomia

LANDAU; IMHOF-GILDEIN; MÜCKE,1996) e Kurt Landau e colaboradores (1990


apud LANDAU; IMHOF-GILDEIN; MÜCKE, 1996) classificaram as análises dos
procedimentos de trabalho nos seguintes grupos:

• Procedimentos para auxiliar o trabalho de design e desenvolvimento


organizacional;
• Análise de trabalho para o projeto do local de trabalho;
• Análise de trabalho em sistemas de informação para a segurança e saúde
industrial;
• Análise do trabalho para a pesquisa das ocupações e para a avaliação de
mudanças tecnológicas.

A Arbeitswissenschaftliches Erhehungsverfahren zur Tatigkeitsanalyse (AET


- procedimento de análise ergonômica do trabalho) foi desenvolvida como um
procedimento de análise do trabalho universalmente aplicável e pode ser usado
para vários desses propósitos.

A AET teve sua origem a partir de um estudo encomendado pelo governo


alemão para investigar a discriminação contra as mulheres com relação ao
salário e as faixas salariais. Isto exigiu um procedimento de análise do trabalho
que tornou possível a verificar a carga de trabalho e a pressão verificada
dentro de um determinado sistema de trabalho. Não havia tal procedimento de
análise do trabalho prontamente disponível naquele momento, embora o PAQ
(MCCORMICK et al., 1969 apud LANDAU; IMHOF-GILDEIN; MÜCKE, 1996)
foi utilizado de alguma forma no sentido de fornecer uma base para os itens
psicológicos. Inicialmente concebido para esse projeto de pesquisa específico,
a AET (LANDAU et al., 1975 apud LANDAU; IMHOF-GILDEIN; MÜCKE 1996)
continua a se desenvolver.

Observe um exemplo de aplicação da AET – Análise Ergonômica


do Trabalho, desenvolvida por Kurt Landau e Walter Rohmert, e do
roteiro traduzido para o português em: MARTINEZ, Maria Carmen. As
relações entre a satisfação com aspectos psicossociais no trabalho e
a saúde do trabalhador. 2002. 243 f. Dissertação (Mestrado) - Curso
de Saúde Ambiental, Departamento de Saúde Ambiental, Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/
tde-07112006-10400/publico/MartinezMC.pdf>. Acesso em: 29 maio
2013.

A tarefa de trabalho é caracterizada pelos vários elementos do sistema de


trabalho, ou seja, o processo, o objeto, o equipamento e os recursos disponíveis.
Uma característica especial dessa abordagem é que o modelo do sistema de

110
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

trabalho também pode ser utilizado para definir os efeitos do trabalho sobre o
trabalhador, e não meramente como um dispositivo técnico em que o indivíduo
é apenas um dos elementos do sistema. O desempenho das tarefas resulta
nas demandas envolvendo a recepção da informação, o processamento das
informações e a atividade motora.

A análise na AET das tarefas e das demandas, portanto, é um processo


abrangente. Ela está estruturada em três partes, com base no conceito teórico
descrito na Figura 25:

a) A tarefa e as condições sob as quais se realiza,


b) A análise das atividades envolvidas na tarefa;
c ) as demandas resultantes do trabalhador.

Na parte a), análise do sistema de trabalho, os tipos e as propriedades dos


objetos de trabalho, os equipamentos utilizados e o ambiente (físico, sociais e
organizacionais) são registrados e avaliados em escalas nominais e numéricas. A
parte b), análise das tarefas, abrange as atividades necessárias para o trabalhador.
O desempenho de uma tarefa, como avaliado na parte b), nas condições
registradas na parte a), resulta nas demandas do trabalho que são avaliados na
parte c), análise da demanda de trabalho, em três seções: percepção, decisão e
resposta / atividade.

A AET desmembra o sistema de trabalho, as tarefas e a demanda do trabalho


em uma série de itens que são investigados tanto pela observação como pelas
entrevistas realizadas por analistas treinados.

Figura 25 - Estrutura da Análise Ergonômica do Trabalho (AET)

Fonte: Adaptado de Landau, Imhof-Gildein e Mücke (1996).

De acordo com Vega Bustillos (2013), na metodologia da AET – Análise


Ergonômica do Trabalho cada item consiste de uma pergunta, traçando o perfil

111
Ergonomia

do estado da situação que se está avaliando - sob certas circunstâncias, com


exemplos, tais como: ajudas de classificação e de indicação de um código para
classificar a característica. Os itens da análise da demanda de trabalho contêm
uma ajuda adicional para a sua classificação na forma de “escalas de tarefas
ou de atividades”. A escala de atividade é baseada na informação verificada
previamente, contém uma série de níveis, principalmente de atividades e tarefas
ilustrativas. Isso equivale a uma escala de classificação ascendente na qual se
pode supor, pelo menos de maneira aproximada, a intensidade do estresse.

Esse método serve, principalmente, para detectar as condições estressantes


para o trabalhador e chega até a busca de uma solução por meio de observações
detalhadas e reuniões de equipes de trabalho, porém é necessário que seja
realizado por um especialista em ergonomia para poder chegar a finalizar uma
avaliação do local de trabalho. Uma das desvantagens que se observa no
método refere-se à falta de avaliação do gasto metabólico de energia e da carga
biomecânica a que pode estar sujeito um trabalhador avaliado, além de não se
considerar nele a opinião do trabalhador.

Técnica da Escola Ocra


Segundo a Escola Ocra Brasiliana (2013), em 1994, a prof. Dra. Daniela
Colombini, o prof. Dr. Enrico Occhipinti e o prof. Dr. Antonio Grieco, da
Universidade de Milão, iniciaram a pesquisa sobre o tema, buscando a definição
de um método objetivo para a verificação das lesões musculoesqueléticas dos
membros superiores, porque havia a necessidade de uma ferramenta para
a realização dessas medições de maneira objetiva por parte da medicina do
trabalho. Chamado de método OCRA (sigla do termo em inglês Occupational
Repetitive Actions), foi desenvolvido para a busca da prevenção das lesões
musculoesqueléticas dos membros superiores. Os autores estudaram os outros
métodos encontrados na literatura internacional, porém não se deram por
satisfeitos. As orientações existentes na literatura indicavam a realização de
avaliações de muitos fatores, tais como:

- a organização do trabalho;
- a frequência;
- a postura;
- a força;
- o tempo de trabalho;
- o tempo destinado à pausa e
- inclusive se durante o dia o trabalhador executa outras tarefas.

112
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

Os métodos existentes na época não analisavam todas essas variáveis,


apenas estudavam a força e a frequência. Porém há trabalhadores que realizam
tarefas, por exemplo, com os braços levantados, de tal maneira que provocam
lesões no ombro, e não havia condições de se analisar o ombro. Um fator
importante, que também deve ser considerado, é o tempo de duração da atividade
laboral. Deve-se diferenciar o trabalhador que faz pausas daquele que não as faz.
Para atender tal necessidade foi desenvolvido o Método OCRA, que atualmente
é a Norma Europeia (EN 1005) de aplicação obrigatória na Europa e a Norma
ISO Internacional (ISO 11228-3:2007 - Ergonomics -- Manual handling-- Part 3:
Handling of low loads at high frequency).

A norma ISO 12228-3:2007 - Ergonomics -- Manual handling--


Part 3: Handling of low loads at high frequency pode ser adquirida no
site da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: <http://
www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=23384>. Acesso em: 23
maio 2013.

De acordo com a Escola Ocra Brasiliana (2013), o método apresenta os


seguintes objetivos fundamentais:

• Avaliar as características dos riscos de lesões dos membros superiores dos


trabalhadores em consequência da tarefa executada;
• Adequar as condições dos postos de trabalho, a partir das medidas do
esforço muscular e da repetitividade;
• Prever a quantidade de trabalhadores afetados;
• Propor algumas soluções práticas e que sejam passíveis de se executar e
• Possibilitar a produtividade sem riscos.

Cañavate Buchón (2013) explica que a primeira etapa da avaliação de risco


consiste em identificar se existem situações que possam expor os trabalhadores
ao risco. Se houver tais riscos, pode ser necessária uma avaliação de risco mais
detalhada. Na avaliação do risco devem-se considerar os seguintes fatores:

a) Repetição:
O risco aumenta à medida que aumenta a frequência dos movimentos e/ou
diminui o tempo do ciclo. Os movimentos repetitivos frequentes acentuam o risco
de distúrbios musculoesqueléticos e podem variar, dependendo do contexto, do
tipo de movimento e das características do indivíduo.

b) Força:
O trabalho deverá envolver a execução de forças suaves, evitando

113
Ergonomia

movimentos bruscos ou irregulares. O manuseio preciso (pegar e colocar o objeto


com precisão), o tipo e a natureza da aplicação da força podem gerar um esforço
muscular adicional.
c) Postura e movimento:
As tarefas e as operações realizadas no trabalho devem proporcionar
variações de postura. As tarefas executadas no trabalho devem restringir faixas
extremas de movimento das articulações e devem ser evitadas as posturas
estáticas prolongadas. Quando envolvem posturas com movimentos complexos
combinados (por exemplo, flexão e torção) podem apresentar um risco maior.

d) Duração do trabalho e recuperação fisiológica insuficiente:


O tempo de duração do trabalho pode ser fragmentado de várias formas.
A oportunidade para a recuperação ou o repouso pode estar dentro de cada
um desses períodos de trabalho. A insuficiência do tempo para a recuperação
do corpo entre movimentos repetitivos (por exemplo, a falta de tempo para a
recuperação fisiológica) aumenta o risco de lesões musculoesqueléticas.

e) Os fatores adicionais:
• Características dos objetos de trabalho (por exemplo, as forças de contato, a
forma, as dimensões, tipo de pega da ferramenta ou objeto, a temperatura dos
objetos);
• Forças de vibração e de impacto;
• Condições ambientais (por exemplo, iluminação, temperatura, ruído);
• Fatores individuais e organizacionais (por exemplo, habilidades, nível de
escolaridade, idade, sexo, problemas de saúde, gravidez).

Veja um exemplo de aplicação do método OCRA em: PAVANI,


Ronildo Aparecido. Estudo ergonômico aplicando o método
Occupational Repetitive Actions (OCRA): Uma contribuição para
a gestão da saúde no trabalho. 2007. Dissertação (Mestrado em
Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio-ambiente) – Centro
Universitário Senac. Disponível em: < http://biblioteca.sp.senac.
br/LINKS/acervo273844/Ronildo%20Aparecido%20Pavani.pdf>.
Acesso em: 29 maio 2013.

Técnica Niosh
De acordo com Cañavate Buchón (2013), o Instituto Nacional de Saúde e
Segurança Ocupacional - National Institute for Occupational Safety and
Health (NIOSH), dos Estados Unidos, propôs um método prático para avaliar, sob

114
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

o ponto de vista ergonômico, as tarefas de levantamento manual de cargas. Essa


avaliação é realizada utilizando uma equação que analisa os limites de carga
admissíveis com base no tipo de trabalho, caracterizado pelas posições adotadas
durante o levantamento e a deposição, as características da carga, a frequência
do esforço de levantamento e o tempo de duração do trabalho.

O objetivo do método é prevenir ou reduzir a ocorrência de lombalgia entre


os trabalhadores e aliviar outros problemas musculoesqueléticos associados aos
levantamentos de carga, como dores nos braços doloridos e nas costas.

Inicia-se com a seleção dos postos de trabalho que serão analisados.


Naturalmente, é possível realizar uma análise sistemática de todas as tarefas que
envolvem a movimentação manual de cargas em um local de trabalho, embora,
em geral, inicie-se com os locais de maior risco, uma vez que em qualquer
intervenção é conveniente ter uma ordem de prioridade estabelecida. O critério
básico para o estabelecimento dessa prioridade é começar nos locais nos quais
tenha ocorrido lesões. Em qualquer caso, podem ser considerados, também, os
seguintes fatores indicativos de potenciais riscos associados à movimentação
manual de cargas:

- Levantar pesos pesados (acima de 15 kg);


- Manipulação de pesos durante todo o dia de trabalho;
- Manipulação de pesos em ciclos muito curtos (altas frequências), mesmo
quando os pesos não são muito grandes (superior a 3 kg);
- Manuseio de objetos difíceis de agarrar;
- Tarefas que envolvem elevação de cargas a partir do solo, ou que sejam
colocadas a uma altura acima dos ombros;
- Movimentação de carga envolvendo a torção do tronco;
- Tarefas que tenham uma alta incidência de queixas por parte do pessoal;
- Tarefas com elevado índice de absenteísmo.

Verifique a aplicação do método NIOSH em: AGAHNEJAD,


Payman. Análise ergonômica no posto de trabalho numa linha
de produção utilizando método NIOSH: um estudo de caso no
polo industrial de Manaus. 2011. 92 f. Dissertação (Mestrado)
- Curso de Mestrado Profissional em Engenharia Elétrica Com
Ênfase em Processos Industriais, Departamento de Engenharia
Elétrica, Instituto de Tecnologia - Universidade Federal do Pará,
Belém, 2011. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/
bitstream/2011/2730/1/Dissertacao_AnaliseErgonomicaPosto.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2013.

115
Ergonomia

Demais Técnicas de Avaliação


Pavani (2013) apresenta vários métodos de análise ergonômica do trabalho,
que são reconhecidos e validados pela comunidade científica internacional, dentre
os quais se destacam os seguintes:

- Rapid Upper Limb Assessment - RULA;


- Ovako Working Posture Analysing System - OWAS;
- Rapid Entire Body Assessment – REBA;
- Strains Index – SI e
- Check-lists ou Listas de verificação.

Rapid Upper Limb Assessment - RULA

O método RULA permite, segundo Tubía Martínez (2013), avaliar as


posturas realmente adotadas pelo trabalhador no exercício de suas atividades
laborais. Na sua aplicação é importante avaliar aquelas posturas que indiquem
uma necessidade de esforço mais elevado. A aplicação do método começa com
a observação da atividade do trabalhador durante vários ciclos de trabalho.
Com base nessas observações, devem ser selecionadas as posturas e tarefas
mais significativas, tanto em consideração a sua duração, como também e
prioritariamente, com relação a maior carga postural.

As medições a serem realizadas sobre as posturas adotadas são


fundamentalmente angulares, ou seja, dos ângulos que formam os diferentes
membros do corpo em relação a determinadas referências na postura analisada.
Essas medições podem ser realizadas diretamente sobre o trabalhador mediante
transportadores de ângulo, com a utilização do eletrogoniômetro, representado na
Figura 26, ou, ainda, com a utilização de qualquer outro dispositivo que forneça
os dados angulares. É possível, também, o emprego de fotografias do trabalhador
adotando a postura analisada e medir os ângulos sobre ela.

116
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

Figura 26 - Eletrogoniômetro

Fonte: Disponível em: < http://www.ludgerobraga.com/2010_09_25_


archive.html>. Acesso em: 28 maio 2013.

O método RULA divide o corpo em dois grupos: o grupo A, que inclui os


membros superiores: braços, antebraços e pulsos; o grupo B, que compreende
as pernas, o tronco e o pescoço. Por meio das tabelas associadas ao método,
estabelece-se uma pontuação a cada zona do corpo, pernas, pulsos, braços,
tronco, etc., para, em função dessas pontuações, definir valores globais a cada
um dos grupos A e B. A determinação das pontuações aos membros é referente
à medição dos ângulos que formam as diferentes partes do corpo do trabalhador.
O método determina para cada membro a forma de medição do ângulo. Em
seguida, as pontuações globais dos grupos A e B são modificadas em função do
tipo de atividade muscular desenvolvida, assim como da força aplicada durante
a realização da tarefa. A pontuação final é obtida com base nos valores globais
modificados. O valor final obtido pelo método RULA é proporcional ao risco
inerente à realização da tarefa, dessa forma, valores altos apontam para um
maior risco de surgimento de lesões musculoesqueléticas. O método organiza as
pontuações finais em níveis de atuação que orientam o analista sobre as decisões
a serem tomadas após a análise. Os níveis de atuação propostos vão do nível
1, que considera a postura avaliada como aceitável, até o nível 4, que indica a
necessidade urgente de alterações na atividade.

117
Ergonomia

O procedimento de aplicação do método se resume em:

- Determinar os ciclos de trabalho e observar o trabalhador durante vários


ciclos;
- Selecionar as posturas que serão avaliadas;
- Determinar o lado, esquerdo ou direito do corpo, que será avaliado, sendo,
em caso de dúvida, analisados ambos;
- Determinar as pontuações para cada parte do corpo;
- Obter a pontuação final do método e o nível de atuação para determinar a
existência de riscos;
- Revisar as pontuações das diferentes partes do corpo para determinar onde
se fazem necessárias as correções;
- Redesenhar o posto de trabalho ou promover mudanças para melhorar a
postura se for necessário e
- No caso de se promover alterações no posto de trabalho, avaliar novamente
a postura com o método RULA para comprovar a efetividade da melhoria.

Observe uma aplicação do método RULA em: SOUSA JUNIOR,


Almir Mariano De et al. Análise ergonômica do trabalho e aplicação
do método RULA: um estudo de caso no serviço de limpeza de
logradouros públicos. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO, 30., 2010, São Paulo. Anais... . São Paulo: Abepro,
2010. v. 1, p. 1 - 9. Disponível em: <http://www2.ufersa.edu.br/portal/
view/uploads/setores/63/Artigos/ENEGEP%202010/enegep2010_
TN_WIC_116_763_15535.pdf>. Acesso em: 25 maio 2013.

Ovako Working Posture Analysing System – OWAS

Os resultados do método OWAS, de acordo com Salvatierra Manchego


(2013), são baseados na observação das diferentes posições posturais adotadas
pelo trabalhador durante o desempenho de sua tarefa, permitindo a identificação
de até 252 posições diferentes, resultantes das combinações das quatro posições
das costas, três posições dos braços, sete posições das pernas e dos três
intervalos de posições de carga levantada.

A primeira parte do método, de registro dos dados ou das posições, pode


ser realizada por meio de: observação no local de trabalho, análise de fotografias
ou visualização de vídeos da atividade gravados com antecedência. Após a
observação é realizada a codificação das posturas observadas. Para cada postura
se estabelece um código de identificação, ou seja, estabelece-se uma relação
única entre a postura e seu código, denominado “código de postura”. Em função
do risco ou do incômodo que representa a postura analisada para o trabalhador,

118
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

o método OWAS diferencia quatro níveis ou categorias de riscos enumerados


em ordem crescente, sendo, portanto, o valor 1 para a postura de menor risco
e o valor 4 para a postura de maior risco. Para cada categoria de risco o método
estabelece uma proposta de ação, indicando, em cada caso, a necessidade ou
não do redesenho da postura e a sua urgência.

Desse modo, realizada a codificação, com o método se determina a categoria


do risco de cada postura analisada, como reflexo do grau de incômodo que se
supõe para o trabalhador. Em seguida, avalia-se o risco ou o incômodo para cada
parte do corpo, as costas, os braços e as pernas, estabelecendo, em função
da frequência relativa a cada posição, uma categoria de risco de cada parte do
corpo. Ao final, a análise das categorias de risco, calculada para as posturas
observadas e para as distintas partes do corpo, permitirá a identificação das
posturas e posições mais críticas, assim como as ações corretivas necessárias
para a melhoria do posto, definindo, dessa forma, um manual de atuação para o
redesenho da tarefa avaliada.

Salvatierra Manchego (2013) ressalta que o método OWAS, apesar de


permitir a identificação de uma série de posições básicas das costas, dos braços
e das pernas, que codifica cada “código de postura”, apresenta, como limitação,
a ausência de estudo detalhado sobre a gravidade de cada posição. Por
exemplo, o método identifica se o trabalhador realiza sua tarefa com os joelhos
flexionados ou não, mas não permite diferenciar entre os vários níveis de flexão.
Duas posturas com idêntica codificação poderiam variar com relação ao nível
de flexão das pernas e, como consequência, com relação ao nível do incômodo
para o trabalhador. Portanto, a partir da identificação das posturas críticas com a
utilização do método OWAS, a aplicação dos métodos complementares de maior
exatidão poderia ajudar o analista a aprofundar os estudos sobre os resultados
obtidos.

Os procedimentos do método OWAS podem ser assim resumidos:

- Determinar se a observação da tarefa deve ser dividida em várias fases ou


etapas;
- Estabelecer o tempo total de observação da tarefa;
- Determinar a duração dos intervalos de tempo em que se dividirá a
observação (o método propõe intervalos entre 30 e 60 segundos).
- Identificar, durante a observação da tarefa ou da fase, as diferentes posturas,
que o trabalhador adota. Para cada postura adotada, determinar a posição
das costas, dos braços e das pernas, assim como a carga levantada;
- Codificar as posturas observadas, estabelecendo, para cada posição e para
cada carga, os valores correspondentes referentes ao código de postura
indicativo;

119
Ergonomia

- Calcular para cada código de postura, a respectiva categoria de risco,


para identificar aquelas posturas críticas ou de maior grau de risco para o
trabalhador. O cálculo do percentual de posturas prolongadas, em cada
categoria de risco, pode ser de grande utilidade para a determinação das
posturas críticas mencionadas;
- Calcular o percentual de repetições ou frequência relativa de cada posição
das costas, braços e pernas com relação às demais;

O método OWAS O método OWAS não permite calcular o risco associado à


não permite calcular
frequência relativa das cargas levantadas, no entanto, seu cálculo
o risco associado
à frequência pode orientar o analista sobre a necessidade de realizar um estudo
relativa das cargas complementar relacionado ao levantamento de cargas.
levantadas, no
entanto, seu cálculo - Estabelecer, em função da frequência relativa de cada posição
pode orientar o das distintas partes do corpo, a respectiva categoria de risco, para
analista sobre a
que se possa identificar aquelas que apresentam uma atividade mais
necessidade de
realizar um estudo crítica;
complementar - Determinar, em função dos riscos calculados, as ações
relacionado ao corretivas e relativas ao redesenho necessárias;
levantamento de - No caso de se promover alterações, avaliar novamente a tarefa
cargas. com o método OWAS para comprovar a efetividade da melhoria.

Verifique as instruções de aplicação detalhadas do método


OWAS em: VALIATI, Mário Luiz Sartório. Ergonomização na
construção civil: constrangimentos posturais e problemas na
segurança do trabalho. 2001. Dissertação (Mestrado em Design)
– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2001.
Disponível em: < http://www.posdesign.com.br/artigos/dissertacao_
valiati/4-8%20-%20metodo%20owas.pdf>. Acesso em: 29 maio
2013.

Rapid Entire Body Assessment – REBA

Salvatierra Manchego (2013) destaca que as características mais evidentes


do método REBA no estudo dos postos de trabalho são:

- Trata-se de um método especialmente sensível aos riscos das lesões


musculoesqueléticas;
- Divide o corpo em partes para que sejam codificados individualmente e
avalia tanto os membros superiores como também o tronco, o pescoço e as
pernas;
- Analisa a repercussão sobre a carga postural da manipulação da carga
realizada com as mãos ou com outras partes do corpo;
120
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

- Considera relevante o tipo de pega da carga manipulada, destacando que


este procedimento nem sempre pode ser realizado com o uso das mãos e,
portanto, permite indicar a possibilidade de que sejam utilizadas outras partes
do corpo;
- Permite medir a atividade muscular causada por posturas estáticas,
dinâmicas ou devidas às mudanças bruscas ou inesperadas da postura;
- O resultado estabelece o nível de risco de que o trabalhador sofra lesões,
determinando o nível de ação que a postura analisada requer e a urgência da
intervenção.

O método REBA avalia o risco de posturas realmente adotadas no


desenvolvimento das atividades laborais de maneira independente. Portanto, para
avaliar um posto de trabalho serão selecionadas as posturas mais representativas
adotadas, tanto por sua repetição em determinado tempo como por sua
precariedade na execução. A seleção correta das posturas a serem avaliadas
irão determinar os resultados fornecidos pelo método e as ações a serem
implementadas. A aplicação do método pode ser resumida do seguinte modo:

- Divisão do corpo em dois grupos, sendo o grupo A o correspondente ao


tronco, o pescoço e as pernas e o grupo B o grupo formado pelos membros
superiores: braço, antebraço e pulso;
- Pontuação individual dos membros de cada grupo a partir de suas tabelas
correspondentes;
- Consulta da tabela A para a obtenção da pontuação inicial do grupo A com
base nas pontuações individuais do tronco, pescoço e pernas;
- Modificação da pontuação definida ao grupo A (tronco, pescoço e pernas)
em função da carga ou esforços aplicados, estabelecendo a pontuação A;
- Correção da pontuação definida para a zona corporal dos membros
superiores (braço, antebraço e pulso) ou grupo B, de acordo com o tipo de
pega da carga manipulada, estabelecendo a pontuação B;
- Utilizando a pontuação A e a pontuação B e por meio da consulta à tabela C
é obtida uma nova pontuação, denominada pontuação C;
- Modificação da pontuação C, de acordo com o tipo de atividade muscular
desenvolvida para a obtenção da pontuação final do método;
- Consulta do nível de ação, risco e urgência da atuação em função do valor
final calculado.

Ao término da aplicação do método REBA, Salvatierra Manchego (2013)


aconselha:

- Revisar exaustivamente as pontuações individuais obtidas para as diferentes


partes do corpo, assim como para os esforços, para o tipo de pega e atividade,
com o objetivo de orientar o analista sobre as partes em que deverão ser
realizadas correções;
121
Ergonomia

- O redesenho do posto ou a introdução de mudanças para a melhoria de


determinadas posturas críticas, se os resultados obtidos recomendarem;
- No caso de mudanças, providenciar a reavaliação das novas condições do
posto com o método REBA para a comprovação da efetividade da melhoria
adotada.

Observe a aplicação do método REBA em: ALMEIDA,


Wanderson Augusto Oliveira de. Utilização do método rapid entire
body assessment (reba), associado a diagrama de localização de
sintomas e aspectos organizacionais do trabalho, para avaliação de
riscos ocupacionais em funcionários da Rádio Rural de Santarém.
Disponível em: <http://www.portalbiocursos.com.br/artigos/
ortopedia/76.Pdf>. Acesso em: 30 maio 2013.

Strains Index – SI

Este método permite, de acordo com Salvatierra Manchego (2013), avaliar


o risco de surgimento de distúrbios musculoesqueléticos em tarefas nas quais
se usa intensamente o sistema mão-pulso, razão pela qual é aplicável a uma
grande quantidade de postos de trabalho. Proposto originalmente por Moore e
Garg, do Medical College de Wisconsin, nos Estados Unidos, sua validade foi
comprovada em estudos posteriores, mesmo que sempre sobre tarefas simples.
Alguns estudiosos apresentaram propostas para estender o seu uso para
trabalhos multitarefas, empregando um método de cálculo similar ao do índice de
levantamento de cargas, empregado na equação de levantamento NIOSH.

Enquanto três das seis variáveis do método são avaliadas quantitativamente,


as outras três são medidas subjetivamente, tendo como base as considerações
do avaliador e empregando escalas complementares. Em certos casos, isso
pode ser considerado como uma limitação do método, podendo ser acrescentado
que o procedimento não considera as vibrações ou os golpes praticados no
desenvolvimento da tarefa. Apesar disso, segundo Salvatierra Manchego (2013),
trata-se de um dos métodos mais comuns e é empregado para analisar os riscos
nas extremidades superiores.

A aplicação do método começa com a determinação de cada uma das tarefas


realizadas pelo trabalhador e a duração dos ciclos de trabalho. Conhecidas as
tarefas que serão avaliadas, será observada cada uma delas, dando o valor
adequado às seis variáveis que propõe o método. Em seguida se calculará
os fatores multiplicadores da equação para cada tarefa por meio das tabelas
correspondentes. Conhecido o valor dos fatores será calculado o Strains Index de
cada tarefa como sendo o seu produto.

122
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

O método pode ter sua aplicação resumida da seguinte maneira:

- Determinar os ciclos de trabalho e observar o trabalhador durante vários


destes ciclos;
- Estabelecer as tarefas que serão avaliadas e o tempo de observação
necessário (geralmente se busca coincidir com o tempo do ciclo);
- Observar cada tarefa e dar um valor a cada uma das seis variáveis de acordo
com as escalas propostas pelo método;
- Determinar o valor dos multiplicadores da equação de acordo com os valores
de cada variável;
- Obter o valor do Strains Index e determinar os riscos existentes;
- Revisar as pontuações para determinar a necessidade de correções e onde
é necessário aplicá-las;
- Redesenhar o posto de trabalho ou adotar mudanças para diminuir o risco se
for necessário;
- No caso de se adotar mudanças, avaliar novamente a tarefa com o método
Strains Index para comprovar a efetividade da melhoria implementada.

Verifique uma aplicação do método em: NOGUEIRA, Wallace


Roberto Melo. A avaliação do risco ergonômico em operações
manuais de montagem: uma análise comparativa entre o Moore-
Garg Strain Index e o índice Tor-Tom no polo industrial de Manaus.
2012. 88 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Profissional
em Engenharia Elétrica Com Ênfase em Processos Industriais,
Departamento de Engenharia Elétrica, Instituto de Tecnologia -
Universidade Federal do Pará, Belém, 2012. Disponível em: <http://
www.itegam.org.br/arquivos/dissertacoes/dissert_wallace.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2013.


Check-lists ou Listas de verificação

Uma das listas de verificação utilizada pelos analistas encontra-se no


Manual dos pontos de verificação ergonômica, que, segundo Diego-Más e
Asensio Cuesta (2013), é um manual que tem como objetivo principal contribuir
para uma aplicação sistemática dos princípios ergonômicos. Foi desenvolvida
com o propósito de oferecer soluções práticas e de baixo custo aos problemas
ergonômicos, particularmente para a pequena e mediana empresa. Pretende
proporcionar de uma maneira útil e simples uma melhoria dos locais de trabalho
para uma maior e melhor condição de segurança, saúde e eficiência.

A ideia surgiu da colaboração entre a Organização Internacional do Trabalho


(OIT) e a Associação Internacional de Ergonomia (AIE). No ano de 1991, o

123
Ergonomia

Technology Transfer Committee da AIE designou um grupo de especialistas, sob


a presidência de Najmedin Meshkati, para criar um rascunho do documento e
elaborar a maior parte do material. O grupo esteve dirigido principalmente por
Kazutaka Kogi, da OIT, e Ikka Kuorinka, da AIE. Kuorinka reuniu os diferentes
manuscritos e Kogi editou os pontos de verificação. Os especialistas identificaram
diferentes áreas principais nas quais a contribuição da Ergonomia às condições de
trabalho foi considerada como algo muito importante para as pequenas empresas.

Na elaboração dos pontos de verificação buscou-se ajudar os usuários


a resolver o problema e encontrar solução. Por isso, tentou-se reduzir a parte
analítica, favorecendo as soluções práticas.

O livro Pontos de Verificação Ergonômica está dirigido a quem deseja melhorar


as condições de trabalho por meio de uma análise sistematizada e uma busca de
soluções práticas para seus próprios problemas. Os pontos de verificação foram
desenvolvidos para serem usados por empresários, supervisores, trabalhadores,
engenheiros, equipe da Segurança e Saúde laboral, instrutores, inspetores,
ergônomos, projetistas de locais de trabalho e outras pessoas que possam estar
interessadas em melhorar os lugares, equipamentos e condições de trabalho. A
lista contida no livro cobre todos os principais fatores ergonômicos dos lugares de
trabalho, a qual ajudará a supervisioná-los de maneira organizada.

Adquira gratuitamente o seu manual: MTE/FUNDACENTRO.


Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de difícil
aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições
de trabalho. São Paulo: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho, 2001. Disponível em:<http://
www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/anexos/Publicacao/
PontosdeVerificacaoErgonomica.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013.

Este manual também está disponível gratuitamente no site da


Organização Internacional do Trabalho (OIT) do Brasil em:
http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/safework/pub/
pontosdeverificacaoergonomica_366.pdf

Outra lista de verificação utilizada encontra-se no Manual, que é uma


versão traduzida para o português e autorizada para fins acadêmicos do método
EWA - Ergonomic Workplace Analysis, realizada pelo grupo Ergo&Ação, da
Universidade Federal de São Carlos, sob o título: Análise Ergonômica do Posto
de Trabalho. Dirigido especialmente para as atividades manuais da indústria e
para a manipulação de materiais, foi projetado para servir como uma ferramenta
que permita ter uma visão da situação de trabalho, a fim de projetar os postos de

124
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

trabalho e as tarefas seguras e que sejam saudáveis e produtivas. Também pode


ser utilizado para o acompanhamento das melhorias implantadas em algum setor
ou para comparar diferentes postos de trabalho. A base da análise ergonômica
do posto de trabalho consiste na descrição sistemática e cuidadosa da tarefa ou
do posto de trabalho para a qual são utilizadas observações e entrevistas, a fim
de obter a informação necessária. Em alguns casos, é necessária a utilização
de alguns instrumentos simples de medição, como pode ser um luxímetro para a
iluminação, um decibelímetro para o ruído, um termômetro para análise térmica
do ambiente, etc.

Verifique a aplicação do método EWA – Ergonomics Workplace


Analysis em: PACCOLA, Sileide Aparecida de Oliveira. Revisão de
Metodologias de Avaliação Ergonômica Aplicadas a Carteira
Escolar: Uma abordagem analítica e comparativa. 2007. 160 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Desenho Industrial,
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade
Estadual “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Bauru, 2007 Disponível
em: <http://www4.faac.unesp.br/posgraduacao/design/dissertacoes/
pdf/sileidepaccola.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013.

Como características específicas desse método, destacam-se as seguintes:

- Apesar de ser dirigido à indústria, não está dirigido parra aplicação para
produção em série;
- É um método aberto. Mesmo que seja definida uma série de itens, existe a
possibilidade de complementar ou suprimir aqueles que o usuário considere
necessários. O método contempla os seguintes itens:

1. Área de trabalho;
2. Atividade física geral;
3. Levantamento de cargas;
4. Posturas de trabalho e movimentos;
5. Risco de acidente;
6. Conteúdo do trabalho;
7. Restrições no trabalho;
8. Comunicação entre trabalhadores e contatos pessoais;
9. Tomada de decisão;
10. Repetitividade do trabalho;
11. Atenção;
12. Iluminação;
13. Ambiente térmico;
14. Ruído;
15. Análise Ergonômica do Posto de Trabalho – Resumo.
125
Ergonomia

Os itens do método são quantificáveis e estão incluídos aqueles que se


podem estruturar e classificar adequadamente.

Adquira gratuitamente este manual de Análise Ergonômica do


Posto de Trabalho, que é tradução autorizada para fins acadêmicos
do método EWA – Ergonomic Workplace Analysis no site: http://www.
simucad.dep.ufscar.br/110345_Ergonomia_graduacao_1_2008/ewa.
pdf.

Elaboração de Laudos Ergonômicos


Couto (1995 apud LIMA, 2003) ressalta que não há um padrão de laudo
técnico que possa ser utilizado como modelo, porém salienta que os pesquisadores
podem utilizar as sugestões teóricas existentes para o desenvolvimento de seus
trabalhados. Nesse sentido, apresenta a estrutura do laudo com as seguintes
partes principais, apresentadas na Figura 27:

- Introdução;
- Desenvolvimento;
- Considerações finais e
- Bibliografia.

Figura 27 – Partes de um relatório de análise ergonômica

Fonte: Lima (2003).

a) Introdução
A contextualização do cenário geral do relatório é apresentada na introdução,
com a apresentação das justificativas relativas às razões científicas que motivam
a realização do trabalho em questão, “[...] se se trata de alta incidência de lesões,
ou de introdução de nova tecnologia, de notificação dos órgãos de fiscalização [...]
etc.” (COUTO, 1995, p.374 apud LIMA, 2003, p. 49), apresentando, também, uma

126
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

explicitação dos objetivos estabelecidos para a realização da pesquisa.

b) Desenvolvimento
A primeira parte do desenvolvimento refere-se à descrição da tarefa/
atividade analisada, devendo ser de maneira mais completa e esclarecedora
possível. Nesse sentido, pode-se utilizar de fluxograma representativo do fluxo de
processo, gráficos demonstrativos das operações, etc. Posteriormente, descreve-
se o método científico utilizado para a análise: indicando se adotou uma análise
qualitativa ou quantitativa; se foram realizadas entrevistas e/ou foram feitos os
levantamentos por meio de questionários; se foram feitas observações assistidas,
como, por exemplo, com a utilização e análise prévia de fichas de registro, fotos
e vídeos das tarefas analisadas. Nesta etapa devem ser descritas todas as
atividades efetivamente desenvolvidas.

c) Considerações finais
As conclusões inerentes especificando os problemas verificados, os fatores
causadores e as frequências observadas são apresentados nesta seção do laudo.
Nesta etapa, apresentam-se as recomendações de maneira clara como esclarece
Couto (1995, p.375 apud LIMA, 2003, p. 50):

As recomendações devem estar claramente explicitadas


em sete categorias: revezamentos, pausas, melhorias na
organização do sistema de trabalho, melhorias no método de
trabalho, pequenas melhorias em postos de trabalho, projeto
de melhorias ergonômicas e orientações necessárias aos
trabalhadores para práticas corretas. Todas as recomendações
devem ser classificadas em prioridades. Recomenda-se usar a
classificação A, B ou C, o que permitirá à gerência planejar
as medidas corretivas. Para classificação, não se deve levar
em conta se é fácil ou não, e sim o seu impacto em termos de
potencial de gravidade.

Couto (1995 apud LIMA, 2003) recomenda que as sugestões atendam a


cinco critérios considerados essenciais:

• biomecânico: com a solução indicada, o corpo humano do trabalhador


apresenta melhor funcionamento;
• fisiológico: objetiva diminuir a fadiga do trabalhador;
• epidemiológico: a partir da implantação da medida indicada ocorre a
diminuição das lesões;
• psicofísico: refere-se à boa aceitabilidade da sugestão por parte dos
trabalhadores;
• produtividade: refere-se ao melhor rendimento no trabalho proporcionado
pela sugestão apresentada.

127
Ergonomia

Nesse sentido, Couto (1995 apud LIMA, 2003) enfatiza que, provavelmente,
uma recomendação que promova um aumento da fadiga do trabalhador, que
proporcione uma redução na produtividade e não tenha uma boa aceitação
por parte dos trabalhadores, não será considerada uma boa recomendação
ergonômica.

d) Bibliografia
Lima (2003) enfatiza a necessidade de se incluir, nesta parte do laudo técnico,
uma lista contendo os referenciais utilizados para a fundamentação técnica do
laudo, apesar de ter sido um trabalho realizado dentro de uma empresa e não
tratar-se essencialmente de um laudo acadêmico.

Atividades de Estudos:

1) Discorra sucintamente sobre a Estrutura da Análise Ergonômica


do Trabalho (AET).
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Na aplicação do método OCRA, a primeira etapa da avaliação de


risco consiste em identificar se existem situações que possam
expor os trabalhadores ao risco. Se houver tais riscos pode ser
necessária uma avaliação de risco mais detalhada. Descreva
sucintamente os fatores a serem considerados na avaliação do
risco.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3) Inicia-se a aplicação da técnica NIOSH com a seleção dos


postos de trabalho que serão analisados, sendo conveniente ter
uma ordem de prioridade estabelecida. O critério básico para
o estabelecimento dessa prioridade é começar nos locais nos
quais tenham ocorrido lesões. Apresente os fatores indicativos de
potenciais riscos associados à movimentação manual de cargas
que podem ser considerados em qualquer caso.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

4). Apresente de maneira resumida os procedimentos de aplicação


do método de avaliação de risco ergonômico Rapid Upper Limb
Assessment – RULA.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
128
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

5). Descreva sucintamente os procedimentos de aplicação do


método de avaliação de risco ergonômico Ovako Working Posture
Analysing System – OWAS.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

6). Discorra resumidamente sobre os procedimentos de aplicação


do método de avaliação de risco ergonômico Rapid Entire Body
Assessment – REBA.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

7). Relacione de maneira sucinta os procedimentos de aplicação do


método de avaliação de risco ergonômico Strains Index – SI.
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8). Discorra sobre as principais características do manual intitulado


Pontos de Verificação Ergonômica, traduzido e publicado pela
Fundacentro.
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9). Comente sobre as principais características do método EWA


- Ergonomic Workplace Analysis, que teve sua tradução e
publicação realizada pelo grupo Ergo&Ação, da Universidade
Federal de São Carlos, sob o título: Análise Ergonômica do Posto
de Trabalho.
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10). Descreva de maneira sucinta as principais partes de um laudo


ou relatório de análise ergonômica.
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129
Ergonomia

Algumas Considerações
Buscou-se neste capítulo tratar das informações relativas às principais
técnicas de avaliação ergonômica e às recomendações para a elaboração dos
laudos ergonômico. Desse modo, percebemos que:

- A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é constituída de três partes: a)


Análise do sistema de trabalho: na qual são considerados: os objetos de
trabalho, o equipamento e o ambiente de trabalho. b) Análise das tarefas:
na qual se consideram os aspectos relacionados aos objetos materiais de
trabalho, relacionados ao processamento de informações e planejamento e
relacionado com as outras pessoas. c) Análise da demanda do trabalho: a qual
se refere aos aspectos ergonômicos envolvidas na recepção de informações
(percepção), decisão e resposta / atividade (ação).

- A primeira etapa da avaliação de risco do método OCRA consiste em
identificar se existem situações que possam expor os trabalhadores ao risco.
Se houver tais riscos pode ser necessária uma avaliação mais detalhada. Na
avaliação do risco devem-se considerar os seguintes fatores:

a) Repetição: o risco aumenta à medida que aumenta a frequência


dos movimentos e/ou diminui o tempo do ciclo. O risco de distúrbios
musculoesqueléticos pode variar, dependendo do contexto, do tipo de movimento
e das características do indivíduo.
b) Força: O trabalho deverá envolver a execução de forças suaves, evitando
movimentos bruscos ou irregulares.
c) Postura e movimento: as tarefas e as operações realizadas no trabalho
devem proporcionar variações de postura.
d) Duração do trabalho e recuperação fisiológica insuficiente: o tempo
de duração do trabalho pode ser fragmentado de várias formas e a falta de tempo
para a recuperação fisiológica aumenta o risco de lesões musculoesqueléticas.
e) Os fatores adicionais: características dos objetos de trabalho; forças
de vibração e de impacto; condições ambientais; fatores decorrentes das
características individuais e organizacionais.
- A aplicação da técnica NIOSH se inicia com os locais de maior risco, sendo
conveniente ter uma ordem de prioridade estabelecida. O critério básico para
o estabelecimento dessa prioridade é começar nos locais nos quais tenham
ocorrido lesões. Em qualquer caso, podem ser considerados, também, os
seguintes fatores indicativos de potenciais riscos associados à movimentação
manual de cargas: levantar pesos pesados (acima de 15 kg); manipulação
de pesos durante todo o dia de trabalho; manipulação de pesos em ciclos
muito curtos (altas frequências), mesmo quando os pesos não são muito

130
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

grandes (superior a 3 kg); manuseio de objetos difíceis de agarrar; tarefas


que envolvem elevação de cargas a partir do solo ou que sejam colocadas a
uma altura acima dos ombros; movimentação de carga envolvendo a torção
do tronco; tarefas que tenham uma alta incidência de queixas por parte do
pessoal e tarefas com elevado índice de absenteísmo.

- O procedimento de aplicação do método RULA se resume em: determinar os
ciclos de trabalho e observar o trabalhador durante vários ciclos; selecionar
as posturas que serão avaliadas; determinar o lado, esquerdo ou direito do
corpo, que será avaliado; determinar as pontuações para cada parte do corpo;
obter a pontuação final do método e o nível de atuação para determinar a
existência de riscos; revisar as pontuações das diferentes partes do corpo
para determinar onde se fazem necessárias as correções; redesenhar o
posto de trabalho ou promover mudanças para melhorar a postura se for
necessário; avaliar novamente a postura com o método RULA para comprovar
a efetividade das melhorias adotadas.

- Os procedimentos do método OWAS podem ser assim resumidos:
determinar se a observação da tarefa deve ser dividida em várias fases ou
etapas; estabelecer o tempo total de observação da tarefa; determinar a
duração dos intervalos de tempo em que se dividirá a observação; para cada
postura adotada pelo trabalhador, determinar a posição das costas, dos
braços e das pernas, assim como a carga levantada; codificar as posturas
observadas, estabelecendo, para cada posição e para cada carga, os valores
correspondentes referentes ao código de postura indicativo; calcular para
cada código de postura a respectiva categoria de risco; calcular o percentual
de posturas prolongadas, em cada categoria de risco; calcular o percentual de
repetições ou frequência relativa de cada posição das costas, braços e pernas
com relação às demais; estabelecer, em função da frequência relativa de cada
posição das distintas partes do corpo, a respectiva categoria de risco, para
que se possa identificar aquelas que apresentam uma atividade mais crítica;
determinar, em função dos riscos calculados, as ações corretivas e relativas
necessárias ao redesenho; avaliar novamente a tarefa com o método OWAS
para comprovar a efetividade da melhoria adotada.

- A aplicação do método REBA pode ser resumida do seguinte modo: divisão


do corpo em dois grupos, sendo o grupo A o correspondente ao tronco, o
pescoço e as pernas e o grupo B o grupo formado pelos membros superiores:
braço, antebraço e pulso; pontuação individual dos membros de cada grupo a
partir de suas tabelas correspondentes; consulta da tabela A para a obtenção
da pontuação inicial do grupo A com base nas pontuações individuais do
tronco, pescoço e pernas; modificação da pontuação definida ao grupo A
em função da carga ou esforços aplicados, estabelecendo a pontuação A;

131
Ergonomia

correção da pontuação definida para a zona corporal do grupo B de acordo


com o tipo de pega da carga manipulada, estabelecendo a pontuação B;
utilizando a pontuação A e a pontuação B e por meio da consulta à tabela
C é obtida uma nova pontuação denominada pontuação C; modificação
da pontuação C de acordo com o tipo de atividade muscular desenvolvida
para a obtenção da pontuação final do método; consulta do nível de ação,
risco e urgência da atuação em função do valor final calculado; revisar
exaustivamente as pontuações individuais; dependendo do resultado obtido,
providenciar o redesenho do posto ou a introdução de mudanças para a
melhoria de determinadas posturas críticas e providenciar a reavaliação
das novas condições do posto com o método REBA para a comprovação da
efetividade da melhoria adotada.

- Uma das listas de verificação utilizada pelos analistas encontra-se no


Manual dos pontos de verificação ergonômica, que é um manual que
tem como objetivos principais: contribuir para uma aplicação sistemática
dos princípios ergonômicos; oferecer soluções práticas e de baixo custo
aos problemas ergonômicos, particularmente para a pequena e mediana
empresa; proporcionar de uma maneira útil e simples uma melhoria dos
locais de trabalho para uma maior e melhor condição de segurança, saúde
e eficiência; ajudar os usuários a resolver o problema e encontrar solução.
Por isso, tentou-se reduzir a parte analítica favorecendo as soluções práticas.
O livro Pontos de Verificação Ergonômica está dirigido a quem deseja
melhorar as condições de trabalho por meio de uma análise sistematizada
e uma busca de soluções práticas para seus próprios problemas. Os pontos
de verificação foram desenvolvidos para serem usados por empresários,
supervisores, trabalhadores, engenheiros, equipe da Segurança e Saúde
laboral, instrutores, inspetores, ergônomos, projetistas de locais de trabalho
e outras pessoas que possam estar interessadas em melhorar os lugares,
equipamentos e condições de trabalho. A lista contida no livro cobre todos
os principais fatores ergonômicos dos lugares de trabalho, a qual ajudará a
supervisioná-los de maneira organizada.

- Outra lista de verificação utilizada encontra-se no Manual que é uma versão


traduzida para o português e autorizada para fins acadêmicos do método
EWA - Ergonomic Workplace Analysis, realizada pelo grupo Ergo&Ação, da
Universidade Federal de São Carlos, sob o título: Análise Ergonômica do Posto
de Trabalho. Como características específicas desse método, destacam-se as
seguintes: apesar de ser dirigido à indústria, não está dirigido para aplicação
para produção em série; é um método aberto; mesmo que seja definida uma
série de itens, existe a possibilidade de complementar ou suprimir aqueles
que o usuário considere necessários; contempla os seguintes itens: área de
trabalho; atividade física geral; levantamento de cargas; posturas de trabalho

132
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

e movimentos; risco de acidente; conteúdo do trabalho; restrições no trabalho;


comunicação entre trabalhadores e contatos pessoais; tomada de decisão;
repetitividade do trabalho; atenção; iluminação; ambiente térmico; ruído;
resumo da análise ergonômica do Posto de Trabalho; os itens do método são
quantificáveis e estão incluídos aqueles que se podem estruturar e classificar
adequadamente.

- Recomenda-se que o laudo ergonômico seja formado pelas seguintes partes:

a) Introdução: apresentação do cenário geral do relatório; apresentação das


justificativas relativas às razões científicas que motivam a realização do trabalho
em questão e apresentação da explicitação dos objetivos estabelecidos para a
realização da pesquisa.
b) Desenvolvimento: descrição da tarefa/atividade analisada; descrição
do método científico utilizado para a análise e descrição das demais atividades
efetivamente desenvolvidas.
c) Considerações finais: as conclusões inerentes, especificando os
problemas verificados, os fatores causadores e as frequências observadas;
as recomendações que atendam a cinco critérios considerados essenciais:
biomecânico: com a solução indicada, o corpo humano do trabalhador apresenta
melhor funcionamento; fisiológico: objetiva diminuir a fadiga do trabalhador;
epidemiológico: a partir da implantação da medida indicada ocorre a diminuição
das lesões; psicofísico: refere-se à boa aceitabilidade da sugestão por parte
dos trabalhadores e produtividade: refere-se ao melhor rendimento no trabalho
proporcionado pela sugestão apresentada.
d) Bibliografia: contendo os referenciais utilizados para a fundamentação
técnica do laudo.

133
Ergonomia

Referências

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Ergonômica do Posto de Trabalho: Ergonomic Workplace Analysis. São Carlos.
Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de Produção
- Grupo Ergo&Ação. Tradução autorizada para fins acadêmicos. Coordenação de
João Alberto Camarotto, S/D. 31. Disponível em: <http://www.simucad.dep.ufscar.
br/110345_Ergonomia_graduacao_1_2008/ewa.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013.

CAÑAVATE BUCHÓN, Germán. Método de la norma UNE EN 1005-5 [OCRA].


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DIEGO-MÁS, José Antonio; ASENSIO CUESTA, Sabina. Lista de


comprobación de riesgos ergonómicos (Ergonomic Checklist). Disponível
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ESCOLA OCRA BRASILIANA (Org.). Método OCRA. Disponível em: <http://


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LANDAU, Kurt; IMHOF-GILDEIN, Beate; MÜCKE, Stephan. On the analysis of


sector-related and gender-related stresses at the workplace: An analysis of the
AET data bank. International Journal of Industrial Ergonomics, v. 17, n. 2,
p.175-186, fev. 1996. Mensal. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/
science/article/pii/0169814195000488>. Acesso em: 23 maio 2013.

LIMA, João Ademar De Andrade. Metodologia de Análise Ergonômica.


2003. 73 f. Monografia (Especialista em Engenharia de Produção) - Curso de
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Disponível em:<http://www.joaoademar.xpg.com.br/monografia.pdf>.
Acesso em: 23 maio 2013.

MTE/FUNDACENTRO. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas


e de difícil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições
de trabalho. São Paulo: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho, 2001. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/
dominios/CTN/anexos/Publicacao/PontosdeVerificacaoErgonomica.pdf>. Acesso
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134
Capítulo 6 Metodologias de Avaliação Ergonômica

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em Saúde do Trabalho e Meio-ambiente) - Centro Universitário Senac. Disponível
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Pontificia Universidad Católica del Perú. Disponível em: < http://tesis.pucp.edu.
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