Você está na página 1de 5

5º Semestre AFC Fichamento

NETO, Denigés Maurel; BANACO, Regis Roberto Alves; BORGES Nicodemos


Batista e ZAMIGNANI Denis Roberto. Supressão condicionada: Um modelo
experimental para o estudo da ansiedade. vol. 02, n° 01: Revista
Perspectivas, 2011.

Através da observação do comportamento e sua classificação em


relação às variáveis (afetam a probabilidade da ocorrência), é possível inferir
sobre as emoções. Essas variáveis devem ser atribuídas a eventos ambientais
denominados de operações motivacionais. “Definimos uma emoção, na medida
em que se quer fazê-lo, como um estado particular de alta ou baixa fre-
quência de uma ou mais respostas induzidas por qualquer uma dentre uma
classe de operações” (Skinner, 1953/2000, p. 182)” (p. 6)

Estudar as emoções consiste na investigação das condições que


compõe as operações emocionais na história do individuo e do ambiente que
eliciou a ação respondente.

Ao entrar em contato com uma fobia, por exemplo, o individuo pode


demonstrar alterações no comportamento geral. Este processo é denominado
"perda de interesse" e pode persistir mesmo depois de removido o estímulo.
Para avalia-lo é necessária uma descrição do repertório comportamental do
individuo, podendo então inferir sobre as mudanças observadas e sobre a
fobia.

O estado de ansiedade pode ser definido como uma perturbação


antecipada, provocada por eventos futuros. Situações como essa podem ser
explicadas se durante a observação da resposta, for identificado à presença do
controle que o futuro estímulo incondicional exerce sobre a resposta ao
estimulo que ainda é neutro. Ou seja, a partir do condicionamento reflexo, o
organismo age previamente ao estimulo incondicionado, ele se prepara para o
estímulo eliciador. Por exemplo, sabendo que o limão provoca salivação, o
organismo se prepara antecipadamente para o contato com ele, diminuindo
danos. Uma vez que o individuo já passou por essa situação é possível
antecipar o estimulo incondicional tornando-o eliciador condicional.

Para investigar a interação do respondente sobre o operante, Estes e


Skinner (1941) elaboraram a linha de pesquisa sobre supressão condicionada.
O estudo consistiu no pareamento entre um tom e um choque a liberação de
alimento ao pressionar a barra, verificando as variações na presença do tom da
resposta operante.

O experimento foi feito com vinte e quatro ratos separados em dois


grupos com sessões de seis horas e reforçamento periódico de quatro minutos.
No decorrer do estudo, o tempo de duração do tom foi alterado de três para
cinco minutos e uma vez por hora ao invés de duas, para averiguar mudanças
nas respostas. O tom passou a suprimir a resposta operante, efeito esse que
foi denominado então de supressão condicionada.

Foi introduzido o termo aumento compensatório, quando os


pesquisadores identificaram a elevação da velocidade da resposta operante
após o choque. No decorrer do experimento, perceberam também que a
supressão condicionada pode ser desfeita, por exemplo, se a resposta for
apresentada a tom - choque durante a extinção operante e ao apresentar o tom
sem o choque continuamente na resposta operante.

Estes e Skinner (1941) puderam concluir que ocorre redução na forca da


resposta operante (RO), se esta for apresentada a estímulos neutros (tom) e
posteriormente a estímulos aversivos (choque). A variável entre os estímulos
da contingência respondente é muito importante para o efeito da supressão
condicionada do responder operante.

Outras variáveis que se mostraram relevantes para supressão


condicionada segundo de Stein, Sidman e Brady (1958) são as urações do
estmulo condicional e do intervalo entre apresentações. Através de um
experimento com ratos e para produzir o efeito de supressão sobre o res-
ponder operante, utilizaram o choque elétrico como estímulo incondicional o
apresentando no final de um clicker, estimulação sonora (CS) e realizaram
algumas alterações/manipulações no decorrer da experiencia.
As variações temporais para a duração e intervalos entre CSs eram
denominada ON quando na presença do estimulo condicional e OFF sem a
presença do mesmo. No fim do experimento concluiram que a duração de CS e
ON em relação á CS e OFF, eram fatores que a supressão dependia. Ela foi
maior quando o período dos CSs foram mais curtas que os OFF. Ou seja, a
supressão é inversamente proporcional à duração do CS. Também perceberam
que mesmo os arranjos de grande supressão não obtiveram muita perda de
reforçadores.

A partir disso, sugeriram que as diferenças nas taxas de supressão se


relacionavam com os reforços perdidos. Definiram então a taxa de supressão,
a duração de CS e o numero de reforços perdidos (supressão total), como as
três variáveis correlacionadas.

Calton e Didamo (1960) apresentaram uma hipótese para os dados que


Stein et al. (1958) encontraram e denominaram-na minimização da perda de
reforçamento. Segundo eles havia uma tendencia dos individuos atráves de
uma sensibilidade a maximizar o acesso aos reforçadores. Assumiram ao não
encontrar diferenças na taxa de supressão durante o CS (mantendo reforços),
que o total de reforços obtidos em um curto período era a variável relevante.

Através dos estudos de Lyon (1963) foi possivel confirmar a diferença da


taxa de supressão em função das diferentes frequências de reforçamento e o
efeito de variação temporal de CS sobre a supressão. O autor sugeriu também
que não se assumisse de maneira antecipada a frequência de reforçamento
como uma variável determinante na supressão, mas que os diferentes graus de
supressão também se relacionavam com à frequência de respostas no CS.

Lyon (1964) e Felton (1966) produziram experimentos que indicaram


que, durante uma cadeia de respostas, a apresentação do estímulo sonoro
(CS) era muito importante em relação ao grau de supressão do responder. Os
dados dos pesquisadores mostram a importancia tanto da frequencia de
reforçamento quanto do esquema operante na produção dos reforçadores.

Foram definidas a paritr desses estudos, outras duas variáveis que


atuam sobre a supressão (CS/ aversiva), que são: as condições de produção
de reforço e o momento de apresentação do CS em relação à contingência de
produção do reforço.

Vale ressaltar que as diferenças na entre as respostas e a produção


do reforçamento podem auxiliar o entendimento das peculiaridades da
supressão. Supõe-se que a supressão das respostas operantes (CS – AS)
possui maior probabilidade em esquemas de intervalo. A proximidade do
reforçamento, se mostra uma variável importante para compreender a
supressão condicionada.

Porém esta hipótese é contestada pelos dados produzidos por


Blackman (1977). Ou seja, quando há dependência entre a passagem do
tempo e a ocorrência de uma resposta a sobreposição do pareamento CS
e SA tem um efeito mais pronunciado de supressão do que com esquemas que
dependem de um esquema de razão. A quantidade de respostas por
reforçamento pode ser uma variável relevante na produção de supressão
condicionada. Os dados de Blackman (1968b) contrariavam os de Lyon
(1963) em relação à diferença entre o número de respostas por reforçamento.

Também foram realizados estudos relativos a que tipo de evento


aversivo substitui o US. Através das pesquisas realizadas por Leitenberg
(1966), percebeu-se uma aceleração das respostas durante o estímulo que
antecede o TO (time out), elaborou a suspenção na contingência de reforço
como parte do pareamento, interferindo no elemento que torna o fenômeno
da supressão condicionada, ou seja, uma contigência paralela pode afetar a
contingência em vigor.

Quanto a explicação da supressão e seus fenômenos ainda deve ser


estudada. Também há ainda questões a serem respondidas sobre a influência
da magnitude do reforçamento na supressão.

Pouco comum até então, Banaco et al. (2004) realizaram um estudo com
humanos relacionado a supressão condicionada a fim de desenvolver
tecnologias para medir/ intervir sobre a ansiedade na tentativa de constuir um
modelo para o estudo com seres humanos. Os resultados permitiram concluir
que diferentes do participantes não humanos, não foi apresentado um padrão.
Somente na metade dos participantes a mudança de cor da tela e/ou a
manipulação da palavra mais aversiva exerceram influência no responder. O
experimento provou como é necessário desenvolver um experimento que
busque clareza nos resultados, devendo os pesquisadores se atentarem aos
menores detalhes na construção de um esquema.

Leitenberg (1966) demonstrou que a suspensão do time out (TO) causa


elevação das respostas enquanto há CS sendo apresentado. Estímulos que
antecedem a perda de reforçadores se produzidos pelo responder, tornam esse
responder mais frequente. Uma alternativa seria a perda de um reforçador,
que não faria parte da contingência em vigor. Por exemplo, a obtenção de
reforçadores por esquemas de tempo (FT ou VT), contingente à permanência
na sessão, seria uma opção melhor.

Pesquisas realizadas por Regis Neto (2009) demonstraram que tende


haver mais interferência (supressão ou indução) do pareamento sobre
respostas quando CS é mais curto e altas induções e menores supressões em
condições de CS longo. Foi desenvolvido uma correlação entre a frequência
de reforço e a taxa de supressão. Mesmo necessitano de replicações,
modificações e adaptações, os dados se mostraram surpreendentes.

O estudo da supressão condicionada enquanto um modelo de ansiedade


ainda ainda necessita de pesquisas para ser desenvolvido e com ferramentas
melhor elaboradas levando em conta os experimentos já feitos. Ainda que
tenham sido realizada diversas pesquisas sobre supressão condicionada,
varias questões permanecem sem respostas, principalmente quanto aos
experimentos com humanos.

Você também pode gostar