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COMPORTAMENTO REFLEXO

O reflexo

Iniciando pelo conceito de reflexo, é importante salientar que há uma


diferença entre o conceito empregado cotidianamente e o que ele significa para a
psicologia. No cotidiano, indica “resposta”, algo que alguém fez. Na psicologia,
indica uma relação entre um estímulo e uma resposta, onde o estímulo é uma
mudança no ambiente que causa uma resposta de mudança no organismo. Em
termos técnicos, o estímulo (S) elicia a resposta (R).
Simbologia: ​S →R

Intensidade do estímulo: ​Se refere a “força” do estímulo


Magnitude da resposta​: Se refere a “força” da resposta

Propriedades do reflexo: ​São relações constantes entre estímulos e respostas.


Lei da intensidade-magnitude: ​a intensidade do estímulo é diretamente
proporcional à magnitude da resposta. Ou seja, quanto maior a intensidade do
estímulo, maior a intensidade da resposta.
Lei do limiar: ​para todo reflexo existe uma intensidade mínima do estímulo
para que a resposta seja eliciada.
Lei da latência​: quanto maior a intensidade do estímulo, menor a latência.
Latência, no reflexo, é o tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e a
emissão da resposta. Ademais, quanto maior a intensidade do estímulo, maior a
duração da resposta.

Efeitos de eliciações sucessivas: ​quando um determinado estímulo que elicia


uma determinada resposta é apresentado várias vezes seguidas a um organismo,
em curtos intervalos de tempo e mesma intensidade, pode ocorrer:
Habituação: ​um decréscimo na magnitude de resposta (cortar cebolas)
Potenciação: um aumento na magnitude de resposta (professor dizendo
“ok”)

Respostas emocionais​: muitas emoções são respostas reflexas à estímulos


ambientais. Os reflexos possuem uma importância em termos de evolução da
espécie. Ter determinadas respostas/emoções em função de determinados
estímulos do ambiente trouxeram e trazem algum valor de sobrevivência.
O REFLEXO APRENDIDO

O reflexo inato é um comportamento característico de uma espécie devido


à sua história filogenética, mas há reflexos que podem ser aprendidos, ou seja,
estímulos que não eliciavam determinadas respostas passam a eliciar.

Condicionamento pavloviano

A aprendizagem de um novo reflexo é chamada “condicionamento


pavloviano”. O experimento foi feito por Pavlov utilizando de um cão como sujeito
experimental, carne como estímulo natural para a resposta inata de salivação e o
som de uma sineta como novo estímulo (que a princípio não eliciava a resposta
estudada). A carne e o som da sineta eram emparelhados seguidamente, até que
foi observado que o mero som da sineta, sem apresentação conjunta da carne,
passou a eliciar a resposta de salivação.
Vocabulário: ​Um estímulo neutro (som da sineta - NS) é emparelhado com um
estímulo incondicionado (carne - US) o qual (este último) elicia uma resposta
incondicionada (salivação - UR). Após emparelhamentos sucessivos, há
aprendizagem de um reflexo condicionado, uma resposta condicionada (salivação
- CR) quando apresentado um estímulo condicionado (som da sineta - CS). Diz-se
que a relação entre o estímulo condicionado e a resposta condicionada é um
reflexo condicionado.
Simbologia:

Antes do condicionamento
NS → sem resposta
US → UR

Durante o condicionamento
NS + US → UR

Após o condicionamento
CS → CR
​ ↖ novo reflexo (condicionado)

Respostas emocionais: ​Assim como existem reflexos emocionais inatos, é


possível aprender novos reflexos não presentes no repertório comportamental do
indivíduo ao nascer.
Experimento clássico de Watson​: O caso do pequeno Albert e o rato;
Watson, a partir desse experimento, foi capaz de provar a eficácia do
condicionamento pavloviano no processo de aprendizagem de respostas
emocionais. Inicialmente, Watson, a partir da experimentação com uma martelada
em uma barra de metal, identificou um reflexo inato/incondicionado do bebê
Albert; som estridente (US) eliciava a resposta de medo (UR). Em outra
experimentação, concluiu que o bebê não possuía a resposta de medo por um
pequeno ratinho (NS). Utilizando dessas verificações, Watson iniciou o processo
de condicionamento respondente, emparelhando o som (US) com o rato (NS).
Sempre que Albert tocava o rato, Watson batia com o martelo na barra de metal.
Após alguns emparelhamentos, Albert passou a ter respostas emocionais de
medo (CR) apenas com a presença do rato (CS).
Os motivos para cada indivíduo ter respostas emocionais distintas frente a
um mesmo estímulo, se encontra na história de condicionamento de cada um.

Generalização respondente: ​Após um condicionamento, estímulos que se


assemelham fisicamente ao estímulo condicionado (CS) podem passar a eliciar a
resposta condicionada (CR) em questão. Quanto maior a semelhança física,
maior a magnitude da resposta eliciada; essa variação (magnitude da resposta em
função do grau de semelhança física entre os estímulos) é chamada de gradiente
de generalização.
Experimento clássico de Watson​: Nesse experimento foi também
verificada a generalização respondente. Após o condicionamento completo,
Watson mostrou alguns objetos que possuíam características físicas semelhantes
ao rato (barba branca, algodão, etc) e observou que tais estímulos passaram a
também eliciar a resposta de medo em Albert.

Extinção respondente: ​processo onde, após o condicionamento, o estímulo


reflexo condicionado (CS) é apresentado repetidas vezes sem a presença do
estímulo reflexo incondicionado (US), de forma que o efeito eliciador do CS se
extingue gradualmente. No exemplo clássico pavloviano, o som da sineta (CS) é
apresentado repetidas vezes sem a presença da carne (US) e, a partir disso,
gradualmente o som da sineta para de eliciar a resposta de salivação no cão.

APRENDIZAGEM PELAS CONSEQUÊNCIAS: Comportamento Operante

O comportamento respondente por si só não é capaz de abarcar toda a


complexidade da aprendizagem e do comportamento humano. Sendo assim,
Skinner conceituou um comportamento chamado operante. Comportamento
operante é aquele que gera consequências no ambiente e é afetado (controlado)
por elas, podendo elas aumentarem, diminuírem ou até cessarem a frequência de
emissão do mesmo.
Condicionamento Operante​: procedimento pelo qual o comportamento operante
é aprendido - comportamentos aprendidos em função de suas consequências. O
fato de as consequências de um comportamento controlarem sua frequência de
emissão, torna possível a modificação de determinados comportamentos através
da manipulação de suas consequências.
Reforço: ​consequências de determinado comportamento que aumentam a
probabilidade dele voltar a ocorrer. Quando o indivíduo emite uma resposta
(comportamento) que produz mudanças no ambiente que aumentam a
probabilidade do comportamento voltar a ocorrer, diz-se que tal relação
(organismo-ambiente) é uma contingência de reforço. É importante destacar que é
preciso atentar a relação organismo-ambiente (comportamento-consequência)
para afirmar que um estímulo é reforçador ou não.
Reforçador natural​: quando a consequência reforçadora é produto
direto do próprio comportamento. Ex: músico toca sozinho no quarto e é reforçado
pela própria música.
Reforçador arbitrário​: quando a consequência reforçadora é
produto indireto do comportamento. Ex: músico toca em um bar por dinheiro e é
reforçado pelo dinheiro.
Outros efeitos do reforço​: além de aumentar a probabilidade de
um determinado comportamento voltar a ocorrer, o reforço diminui a frequência de
emissão de outros comportamentos senão o reforçado; diminui a variabilidade na
topografia (forma) da resposta reforçada.
Reforço positivo​: aumento da probabilidade de o comportamento
voltar a ocorrer a partir da apresentação/adição de um estímulo reforçador ao
ambiente.
Extinção operante​: a suspensão do reforço de um comportamento tem
como resultado a gradual diminuição da frequência de ocorrência do
comportamento, ou seja, ocorre um retorno ao ​nível operante (frequência de
emissão antes do comportamento ser reforçado)​. Esse procedimento (suspensão)
e o processo dele decorrente (diminuição) são conhecidos como Extinção
Operante.
Resistência à extinção: ​tempo ou número de vezes que um
organismo continua emitindo uma resposta após a suspensão do seu reforço.
Basicamente três fatores influenciam na resistência: número de reforços
anteriores (quanto mais, mais resistente), custo da resposta (quanto mais esforço
para emitir o comportamento, menor a resistência), esquemas de reforçamento
(CRF possui menos resistência)
Outros efeitos da extinção​: além de diminuir a frequência da
resposta até o nível operante, a extinção possui um aumento na frequência da
resposta no início do processo (antes de diminuir, aumenta abruptamente),
aumento da topografia da resposta, elicia respostas emocionais
Modelagem: ​é um procedimento de ​reforçamento diferencial (reforçar
algumas respostas que obedecem a algum critério e não reforçar/extinguir outras
respostas similares) de ​aproximações sucessivas de um comportamento-alvo,
tendo como resultado final um novo comportamento. Sendo assim,
comportamentos novos surgem a partir de comportamentos pré-existentes no
nosso repertório comportamental. Importante destacar a necessidade de uma
imediaticidade do reforço, pois quanto mais próximo temporalmente da resposta o
reforço estiver, mais eficaz ela será.

CONTROLE DE ESTÍMULOS: O PAPEL DO CONTEXTO

Não apenas o que ocorre depois de um comportamento, as consequências


o influenciam, como visto até agora, mas também o que ocorre antes, ou seja, o
contexto em que o mesmo ocorre. À esta influência chamamos de controle de
estímulos. Com a introdução dessa nova variável (contexto) além da
consequência, tratamos de um ​comportamento operante discriminado, ou seja,
aqueles comportamentos que se emitidos em um determinado contexto
produzirão consequências reforçadoras.
Estímulo discriminativo​: estímulos que são apresentados antes do
comportamento e controlam sua ocorrência
Discriminação operante: ​respostas específicas ocorrem apenas na presença de
estímulos específicos
Contingência de três termos​: conhecida como a unidade básica de análise do
comportamento operante, caracterizada por considerar a ocasião/contexto (O), a
resposta (R) do organismo e consequência (C).
O- R→C

ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO
Este conceito diz respeito a que critérios uma resposta ou um conjunto de
respostas deve atingir para que ocorra reforçamento, ou seja, a que condições as
respostas devem obedecer para ser liberado o reforçador.
Esquema de reforço contínuo (CRF): ​toda resposta é seguida do reforçador,
são continuamente reforçadas

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