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Ivan P. Pavlov, em seus estudos sobre comportamento inato com cães aprendiam novos reflexos. Ao
fenômeno de aprendizagem de um novo reflexo, deu-se o nome de Condicionamento Pavloviano,
Condicionamento Clássico ou Condicionamento respondente.
(sineta + carne -> salivação) realizando o Emparelhamento de estímulos a fim de que (sineta
-> salivação) que é o que chamamos de Condicionamento Pavloviano.
Conceitos básicos:
REFLEXO INCONDICIONADO – é a relação entre a carne (US) e a resposta incondicionada
(UR) (salivação) pois não depende de aprendizado para acontecer (inato).
REFLEXO CONDICIONADO – (reflexo aprendido). É a relação entre o estimulo condicionado
(CS) e uma resposta condicionada (CR)
ESTIMULO INCONDICIONADO (US) – estímulo que elicia a resposta (carne)
RESPOSTA INCONDICIONADA (UR) – salivação
ESTIMULO NEUTRO (NS) – estímulos que não elicia uma determinada resposta (sineta)
EMPARELHAMENTO – emparelhamento do estímulo neutro ao estímulo incondicionado
ESTIMULO CONDICIONADO (CS) – (sineta), porém neste caso está emparelhada com US
RESPOSTA CONDICIONADA (CR) – salivação, porém neste caso ocorreu a partir do CS
Até aqui vimos que o condicionamento pavloviano refere-se ao processo e ao procedimento pelos
quais os organismos aprendem novos reflexos. Vimos também, que emoções são, em grande parte, relações
entre estímulos e respostas (são, em parte, comportamentos respondentes). Se os organismos podem
aprender novos reflexos, podem também aprender a emitir respostas emocionais na presença de novos
estímulos. Jonh Watson e Rosalie Rayner conduziram o experimento clássico sobre condicionamento
pavloviano e emoções em 1920, o qual ficou conhecido como “o caso do pequeno Albert”. O objetivo de
Watson ao realizar o experimento era verificar se o condicionamento pavloviano teria utilidade para o
estudo do comportamento emocional, o que se provou verdadeiro. Watson partiu para a experimentação
controlada, ou seja, buscou na prática as suas respostas em ambiente controlado, no qual é possível ter certo
domínio sobre as variáveis relevantes para o experimento. Como já afirmado, um reflexo é condicionado a
partir de outro já existente.
Watson concluiu que Albert havia aprendido a ter medo de rato. Estamos agora em condições de
começar a compreender alguns aspectos sobre como determinadas pessoas passam a emitir respostas
emocionais como, por exemplo, medo de penas de aves ou de baratas, ou excitação sexual ante estímulos
pouco usuais (como nos casos de sadomasoquismo e necrofilia, por exemplo). O mesmo pode ser dito em
relação àquelas emoções mais corriqueiras, como ter palpitação ao ouvir a música que tocava quando do seu
primeiro beijo ou ficar ansioso ao falar em público. Também podemos, agora, compreender um pouco
melhor por que emoções são “difíceis de controlar”. É difícil controlar algumas delas porque são, em parte,
respostas reflexas. A razão de respondermos emocionalmente de formas diferentes aos mesmos estímulos
está na história de condicionamento de cada um de nós. Como diferentes pessoas têm diferentes histórias
de aprendizagem, o analista do comportamento precisa sempre investigar a história de cada indivíduo,
baseando a sua intervenção na história de aprendizagem específica do sujeito.
GENERALIZACAO RESPONDENTE
Quanto mais parecido um cachorro for com um pastor alemão, maior será a magnitude da resposta de medo
eliciada por ele. A magnitude da resposta de medo eliciada diminui à medida que o cão (estímulo)
apresentado vai diferenciando-se do estímulo condicionado original (o pastor alemão). É interessante notar
que até mesmo um cachorro de brinquedo pode passar a eliciar uma resposta de medo. Essa resposta, no
entanto, será bem mais fraca que aquela eliciada na presença de um pastor alemão de verdade. Este
fenômeno foi identificado por Watson no caso do Pequeno Albert que passou a eliciar medo de tudo que
fosse de pêlos brancos.
Da mesma forma que os indivíduos têm emoções diferentes em função de suas diferentes histórias de
condicionamento, eles compartilham algumas emoções semelhantes a estímulos semelhantes em função de
condicionamentos que são comuns em sua vida. É tão comum pessoas terem medo de altura, por exemplo,
que acreditamos ser uma característica inata, porem nossa experiência regressa pode nos ter remetido à
este reflexo.
Quando um estímulo condicionado (CS) é apresentado várias vezes sem o estímulo incondicionado (US) ao
qual foi emparelhado, seu efeito eliciador se extingue gradualmente. O CS começa a perder a função de
eliciar a resposta condicionada até não mais eliciá-la. Denominamos tal procedimento e o processo dele
decorrente de extinção respondente. Um reflexo, depois de extinto, pode ganhar força novamente sem
novos emparelhamentos. Esse fenômeno é conhecido como recuperação espontânea. Porque é que a
recuperação espontânea é tão significativa? Esse fenômeno demonstra que a extinção não é a mesma coisa
que desaprender. Enquanto a resposta pode desaparecer, isso não significa que ela tenha sido esquecida ou
eliminada. Depois que uma resposta condicionada foi extinta, a recuperação espontânea pode aumentar
gradualmente à medida que o tempo passa. No entanto, a resposta que volta não terá geralmente a mesma
força que a resposta inicial a menos que um condicionamento adicional ocorra. Numerosos ciclos de
extinção seguidos de recuperação espontânea geralmente resultam em respostas progressivamente mais
fracas. A recuperação espontânea pode continuar a ocorrer, mas a resposta será menos intensa.
Exemplo:
RATO -> ANSIEDADE enquanto CANCAO DE NINAR -> RELAXAMENTO
CONTRADICIONAMENTO:
RATO + CANCAO DE NINAR (emparelhamento)
RATO -> RELAXAMENTO
Psicólogos clínicos têm utilizado, cada vez mais, medidas de biofeedback em suas intervenções. O
uso dessas medidas comportamentais é interessante na prática clínica, pois produz dados mais objetivos: tais
medidas são obtidas utilizando-se os aparelhos de biofeedback, que apresentam uma boa precisão. O
biofeedback fornece informações aos clientes (feedback) sobre alterações em medidas fisiológicas, como,
por exemplo, batimentos cardíacos, ciclo respiratório, temperatura corporal e corrente galvânica da pele.
Sem dados objetivos, preferencialmente representados de forma numérica em gráficos e tabelas, os
resultados da eficácia de um tratamento psicoterápico podem ser enganosos.
É comum, por exemplo, que palavras como “feio”, “errado”, “burro” e “estúpido” sejam ouvidas em
situações de punição, como uma surra ou reprimenda. Se a surra ocorre junto com xingamentos
(emparelhamento de estímulos), as palavras ditas podem passar a eliciar sensações semelhantes de dor,
medo, e choro.
Chamamos esse novo reflexo (quadro-negro → salivação) de reflexo condicionado de segunda ordem, e o
quadro-negro de estímulo condicionado de segunda ordem. Se outro estímulo neutro fosse emparelhado ao
quadro-negro e houvesse condicionamento de um novo reflexo, chamaríamos esse novo reflexo de reflexo
condicionado de terceira ordem, e assim por diante. Vale lembrar que, quanto mais alta é a ordem do
reflexo condicionado, menor é a sua força.
Os princípios do condicionamento Pavloviano são utilizados com muita frequência pela publicidade e fim de
realizar o emparelhamento dos indivíduos a determinados padrões de consumo estabelecendo uma relação
funcional entre o produto anunciado que é um NS, e as respostas emocionais eliciadas ao vermos as pessoas
e situações presentes na propaganda. O condicionamento Pavloviano também possui aplicações relevantes
na área saúde, onde o corpo apresenta respostas imunológicas. Pesquisadores administraram
simultaneamente em ratos, agua com açúcar e uma droga supressora do sistema imunológico. Depois de
vários emparelhamentos agua com açúcar-droga (NS-US), a supressão imunológica passou a ocorrer após a
ingestão de agua com açúcar (supressores imunológicos são utilizados em casos de transplantes de órgãos).
Outro exemplo na área da saúde é o emparelhamento de fármacos com determinados cheiros, por exemplo,
pode fazer apenas um cheiro específico bastar para a obtenção de feitos supressores sobre o sistema
imunológico, o que poderia reduzir a quantidade de medicação tomada, e consequentemente, seus efeitos
colaterais. Também tem sido utilizado para controle do fenômeno conhecido como “tolerância” (aumenta o
consumo com doses maiores para obter o mesmo efeito) ao consumo de fármacos e/ou drogas, reduzindo o
risco de overdose. Um experimento investigou o efeito das pistas ambientais sobre a tolerância ao uso de
heroína. Considerando o condicionamento Pavloviano, as pistas ambientais presentes no momento da
administração frequente da droga, podem adquirir a função de CS capaz de eliciar parte do efeito sistêmico
da droga no organismo.
Resumo do experimento realizado com ratos e administração de heroína em locais diferentes para
cada grupo a fim de medir o fenômeno de Tolerância e Overdose Contextual:
G1:
Heroína ministrada no Biotério
Agua com açúcar ministrada em outra sala com ruído
Dose > heroína foi administrada no Biotério (mesmo local onde já estavam acostumados com o
procedimento)
Mortalidade: 32,4% (indicador de alto índice de Tolerância relacionada ao ambiente)
G2:
Heroína ministrada em outra sala com ruído
Agua ministrada no Biotério
Dose > ministrada no Biotério (local diferente da habitualidade do procedimento)
Mortalidade: 64,3%
G controle:
Não receberam Heroína
Agua ministrada no Biotério (15 dias) e na sala com ruído (15 dias)
Dose > heroína ministrada no Biotério e na sala com ruído (50%/50%)
Mortalidade: 96,4%
O Grupo 2, ainda que acostumado com a mesma dosagem do Grupo 1, apresentou uma taxa de mortalidade
maior. Isso se deve ao local onde a dose de 15 mg/kg foi administrada. Como, para esse grupo, a dosagem
máxima foi aplicada em um local diferente do habitual, as respostas antecipatórias ao consumo da droga não
foram eliciadas, o que pode ter resultado em mais mortes por overdose.
Por fim, o grupo-controle, além de ter sido exposto à dose máxima da droga logo na sua primeira
administração, não teve a oportunidade de que as respostas antecipatórias fossem condicionadas aos dois
ambientes do estudo. Desse modo, praticamente todos os seus sujeitos morreram de overdose. As
diferenças obtidas em função das diferentes manipulações experimentais às quais cada grupo foi exposto
evidenciam o papel do condicionamento pavloviano na descrição dos fenômenos da tolerância e da
overdose contextual.