Você está na página 1de 52

B A S E A D A A M A N D A K E L L Y

E M
E V I D Ê N C I A S
P S I C O L O G I A

Um resumo sobre a Semana de Psicologia


Baseada em Evidências da Psicóloga
Drª Fernanda Landeiro

Por: @psiamandakelly
A V I S O

Este Ebook é apenas um resumo. não


utilize ele como fonte principal de estudos,
o intuito aqui é fazer um resumo sobre a
Psicologia Baseada em Evidências para
gerar insights ao leitor.

Ao finalizar a leitura, faça suas


próprias pesquisas sobre o assunto e estude
baseado nas referências.

Para ajudar, ao final deste Ebook,


você encontrará uma lista de indicações de
leituras.

@psiamandakelly
A psicologia é

ciência no

Brasil?

@psiamandakelly
A ciência é dinâmica, sendo assim, o que se utilizava
como ciência no passado, hoje não é mais aceito e o que
utilizamos hoje como ciência, daqui há alguns anos, será
diferente. Ainda hoje, com todos os avanços da ciência e
todas as pesquisas que são e estão sendo feitas, mesmo
assim, não temos a melhor evidência científica para
tudo.

E aí? Como prosseguir?


Aqui entra o Princípio de Hipócrates: antes de tudo, não


fazer mal, ou seja, se eu não sei qual o melhor
tratamento para determinada demanda ou se eu não sei
se um tratamento X poderá causar algum dano ao
paciente, então não usarei.

@psiamandakelly
A psicologia tem um começo e seus autores principais,
como Freud, tem uma importância histórica.
Hoje, já se sabe que as práticas e conhecimentos de anos
atrás, não mais aceitos. Isso quer dizer que tudo o que
esses autores fizeram não valeu de nada? Não!

Eles tiveram um papel fundamental para a construção


da psicologia e suas contribuições foram essenciais
naquela época. Eles tem sim, uma importância histórica
para a psicologia.

Contudo, o tempo passa, o mundo


evolui, novos estudos são feitos e
novos conhecimentos são
construídos, novos tratamentos
são descobertos e a psicologia se
atualiza.

@psiamandakelly
É o que acontece na psicologia
no Brasil, conhecimentos do
passado permanecem até hoje
e não se dinamizaram, não se
atualizaram, não evoluíram.

É necessário separar o que é história da psicologia e


o que é um tratamento atual. E como se faz isso? Testando,
colocando à prova os tratamentos que existem para
descobrir a melhor intervenção para determinado
transtorno.

Pensa comigo, não faz sentido utilizar um tratamento


como sangria nos dias de hoje, da mesma forma como não
faz sentido utilizar uma teoria da década de 90 como base
de tratamentos em psicologia.

@psiamandakelly
Durantes anos, acreditava-se que na psicologia era
tudo igual, ou seja, que qualquer tipo de psicoterapia teria
igual resultado. Na década de 50, um pesquisador, chamado
Hans Eysenck, produziu vários estudos e descobriu que
nenhuma terapia era mais efetiva do que a passagem do
tempo: fazer terapia e não fazer nada, era a mesma coisa
pois, o tempo vai passar e os sintomas vão diminuir, então
a intervenção psicológica pouco importava. Nessa época as
áreas de estudo da psicologia eram a psicodinâmica e
humanismo.

@psiamandakelly
Na década de 60, Luborsky e colaboradores, fizeram
outros estudos e descobriram que todas as terapias
funcionam igualmente, todas trabalham com rapport,
desenvolvimento de vínculo terapêutico, então no final,
todas tem o mesmo resultado.

Essa pesquisa ficou


conhecida como "O Veredito
do Pássaro de Dodô": uma
referência ao pássaro Dodô do
livro "Alice no País das
Maravilhas", onde ele é
responsável por uma corrida,
que acontece em uma pista
circular, e no final ele avisa
que todos serão vencedores.
ninguém ganha e ninguém
perde.
A partir desse estudo surgiu a ideia de escolher a sua
abordagem a partir da sua visão de mundo e de homem, a
partir do que você mais se identifica, afinal de contas, se
tudo é igual, a decisão final será baseada nas suas
preferências pessoais. Ideia essa que foi e ainda é
repassada nas universidades brasileiras, fruto do Veredito
de Dodô.
@psiamandakelly
Pesquisadores avaliaram a pesquisa de Luborsky e
encontraram vários erros metodológicos, como:
Luborsky pegou todos os diagnósticos, sem exceção, e
juntou, como se todos fossem iguais.
Além disso, ele juntou vários tipos de psicoterapias e
colocou-as sob o mesmo rótulo, sob a mesma
denominação, comprometendo os resultados de sua
pesquisa.

Fatores Comuns

Fatores Específicos

Nesse cenário, surgiram dois grandes grupos de debates


sobre as abordagens psicológicas:

1. Os defensores dos fatores comuns: psicólogos da


psicodinâmica, humanismo e fenomenologia que
acreditam que a base do tratamento são: relação
terapêutica, vinculo, rapport, empatia, acolhimento.
2. Os defensores dos fatores específicos: psicólogos do
cognitivismo e comportamentalismo que acreditam
que os fatores específicos são as técnicas
empiricamente validades e elas são as responsáveis
pela melhora do paciente.

@psiamandakelly
Será que só os fatores

comuns são suficientes

para tratar o paciente?

Apenas ser empático e compreender a situação do


paciente, estar disponível para ele e criar um vínculo
terapêutico é suficiente para a melhora dele?
Isso realmente tem efetividade?
Muitos psicólogos tem a visão de que: se meu paciente
melhora, então meu tratamento funciona.
Só que não!
Existem vieses nessa forma de pensar que atrapalham a
compreensão desse assunto.

Seguindo a visão de que "meu paciente melhora, logo


meu tratamento funciona", os resultados dessa intervenção
estão sendo atrapalhados pelo que se chama na ciência de
confundidores:

@psiamandakelly
Efeito placebo: quando se utiliza uma substância inerte e
a pessoa que vai tomar essa substância acredita que
funciona e ela melhora.
O curso da doença: os transtornos mentais tem um
curso e o tempo passa, as contingências mudam e
comportamento do sujeito pode mudar também.
Regressão à média: todo ponto fora da curva tende a
voltar pro basal, para média.
O seu paciente pode dizer que melhorou para te agradar.

Além disso, ainda existem os vieses cognitivos do


@psiamandakelly

profissional:
Atenção: tendemos a dar atenção no que nos
interessa;
Autoridade: fazer algo porque alguém que é
referência e autoridade na área disse para fazer;
Heurístico: tomar uma conclusão precipitada.

O jeito de corrigir esses vieses e separar esses


confundidores é através de pesquisa clínica.
Não tem como saber se o tratamento que você utiliza
hoje é melhor do que nada, é melhor do que outro
tratamento ou é superior a placebo se não existirem
pesquisas clinicas testando os tratamentos que são
utilizados.
Surgiu na década de 90, com a medicina baseada em
evidências e, por meados de 2002, a APA (American
Psychological Association) se uniu em uma força tarefa
para estudar quais eram as boas práticas de psicoterapia
em psicologia, seguindo os três pilares da prática baseada
em evidências, que são:

Melhor evidência disponível

Preferência pessoal
Expertise clínica do paciente

1. Trabalhar com a melhor evidência disponível;


2. Expertise clínica: não basta apenas saber aplicar o
tratamento, mas também, é necessário saber avaliar a
melhor evidência disponível;
3. Preferência pessoal do paciente: diante das melhores
evidências disponíveis, o paciente junto com o
psicólogo irão avaliar os prós e contras de cada
tratamento e escolher o melhor para o paciente.

@psiamandakelly
A Psicologia baseada em

evidências é uma ou um

conjunto de

abordagens?

Não é uma abordagem e não limita a uma


quantidade ou quais abordagem.
Atualmente, na psicologia, as duas
abordagens que tem os melhores níveis de
evidência são análise do comportamento e
terapia cognitivo-comportamental.
Contudo, isso não é para sempre, no futuro
isso pode mudar, uma pode sair, outras
podem entrar e por aí vai.

A PBE não é sobre gostar ou se identificar da


abordagem, é um processo de tomada de
decisão clínica, processo de escolha do
melhor tratamento para o paciente, pois a
terapia não e para você, psicólogo, e sim para
o paciente, que vai se beneficiar desse
tratamento.

@psiamandakelly
Desmistificando a PBE

1 PBE trata os pacientes como

coisas e é antiético

Ao buscar a melhor evidência de tratamento para


diminuir o sofrimento em um espaço de tempo
pequeno, é uma atitude humana e ética.

2 A PBE exclui a subjetividade e

individualidade do paciente

Em pesquisa clínica, se trabalha com grandes


amostras, uma quantidade significativa da
população geral, abarcando vários tipos de
pessoas, ou seja, abarcando várias subjetividades e
individualidades, logo tem bastante variabilidade
na amostra, o suficiente para considerar que as
individualidades de cada sujeito irão ser
abarcadas.

3 A PBE é positivista

A teoria do positivismo não existe mais,


Essa teoria tinha duas vertentes: a vertente de
John Locke e a Vertente Lógica, ambas não
existem mais e hoje, ninguém mais defende os
pressupostos do positivismo.

@psiamandakelly
4 A PBE não se preocupa com a

teoria.

A teoria precisa ser plausível ara que a sua prática


possa ser testada

5
Os manuais e diagnósticos são

ruins

Para fazer ciência é necessário uma padronização,


se não, cada um iria fazer intervenções do seu
próprio jeito e não seria possível testar essas
intervenções.

A PBE não é uma abordagem, ela só valida


intervenções e teorias. É uma forma de
diminuir os erras e aumentar a
probabilidade de oferecer um tratamento
mais efetivo para o paciente.

@psiamandakelly
Analisando as

evidências

científicas

@psiamandakelly
ad opmac od etrap zaf aigolocisP A
?sanamuh ed opmac od uo edúas
Quando se fala de psicologia clínica, se
se fala de tratamento clínico e, quando se
fala de tratamento clínico, se fala da área de
saúde, legalmente amparada na Resolução
Nº 287 de outubro de 1998, do Conselho
Nacional de Saúde.

Sendo assim, ao oferecer um tratamento


para o paciente, os psicólogos deveriam
buscar aquele(s) tratamento(s) com a maior
probabilidade de que vai funcionar pois, ao
se trabalhar com ciência, se trabalha com
probabilidades e não garantia absoluta de
resultados (essa é uma característica das
pseudociências).

O profissional de saúde é um
profissional meio, ele entrega um caminho,
uma possibilidade de tratamento, não tem
como garantir os resultados, apenas a
probabilidade de melhora ou minimização
do sofrimento.

@psiamandakelly
Pseudociências e

suas promessas de

cura

As promessa de resultados infalíveis é característica


de pseudociências, assim como, a alegação de cura, sendo
que, prometer uma cura milagrosa, dentro da saúde mental
(onde nem é falado de cura), pode ser enquadrado como
crime de Curandeirismo, de acordo com o artigo 284 do
Código Penal, para coisas que nem tem cura, como os
Transtornos Mentais, por exemplo.

Dessa forma, as pseudociências se revestem de


conceitos científicos e quer se passar por ciência para se
beneficiarem da autoridade do discurso cientifico mas, sem
testar os seus argumentos de acordo com o método
científico.

@psiamandakelly
@psiamandakelly

Pseudociência,

ciência ruim e

não-ciência

Pseudo Ciência Não

ciência
Ruim Ciência

Algo que nunca Aquilo que já Aquilo que não


se colocou à tentou ser pode ser
prova mas tenta submetido à testado, não e
se passar por prova, mas os ciência.
ciência estudos são de


baixa qualidade Ex: religião (não
Ex: Constelação metodológica, tem como
Familiar e com erros provar a ciência
Barra de consideráveis, de Deus e nem
Access. que é o objetivo da
inviabilizam o ciência)
uso de seus
resultados.

Ex: Psicanálise
e Logoterapia

Alegações extraordinárias

exigem provas extraordinárias.

Carl Sagan
Como se faz

uma pesquisa

científica?

1. Partir de uma teoria plausível;


2. Descrever, de forma clara e detalhada, um conjunto de
procedimentos replicáveis.
3. Analisar com parcimônia, os resultados encontrados.
4. Publicar os resultados para a comunidade cientifica,
por meio de palestras, artigos, teses de doutorado, etc.
É necessário tornar público os resultados da pesquisa.
5. Esses resultados precisam ser replicados por outros
pesquisadores sem conflitos de interesses.

Algo que é plausível na teoria,

não necessariamente é

verdade na prova empírica

Em pesquisa, se parte do pressuposto de que as coisas


não funcionam, porque a maioria das hipóteses, quando
posta à prova, não se sustentam.
Algo que parece ter algum sentindo na teoria, não
necessariamente vai ter alguma eficácia na hora que de
fazer os testes científicos.
@psiamandakelly
O que é uma

Evidência Científica?

E DAS EVIDÊN
ÂMID CIA
IR S
P

No topo da pirâmide estão


Na nova pirâmide com as as revisões sistemáticas,
linhas são onduladas de forma destacada,
porque nem sempre um porque hoje elas são
ensaio clínico randomizado, consideradas uma lupa,
por exemplo, vai ser a ou seja, colocar essa lupa
melhor evidência de todas. em cima dos outros níveis
Depende da qualidade da pirâmide para tentar
metodológica da pesquisa. entender os estudos.
@psiamandakelly
Do nível mais baixo para o mais alto:

Estudos/Séries de caso: levanta uma hipótese/ ideia inicial,


contudo, eles devem ser testadas diante de um método
mais rigoroso, para que sejam validadas. Não permite
inferir causalidade.

Ensaios Clínicos Randomizados: consegue inferir


causalidade (tratamento X causa o resultado Y).

Revisões Sistemáticas: reúne todas as evidências sobre um


tratamento X em um único artigo.

o artigo é bom?
Tod

Não!
A maioria dos estudos publicados tem problemas e, quando o
profissional não sabe identificar esses problemas e ler de
forma correta os artigos, acaba acreditando que está fazendo
uma boa prática e chegando a conclusões precipitadas
baseadas em estudos ruins.
Não basta ser um ECR ou uma Revisão sistemática, é
preciso analisar a qualidade desses estudos.
@psiamandakelly
Tipos de estudos mais

comuns em psicologia:

Estudo de caso: narrativa baseada no relato do clínico que


atendeu o paciente. Não tem validade interna e externa, por
ser cheio de vieses. Nunca podem substituir um estudo
experimental.

Casos específicos onde um estudo de caso se justifica:


quando o caso é muito raro, quando é algo que nunca foi
estudado ou quando existe uma situação que não é possível
reproduzir um pesquisa.

@psiamandakelly
Pesquisa Experimental

Ensaio Clínico Randomizado: melhor forma de controlar


os confundidores e diminuir o risco de viés. Esse estudo é
sempre composto por, pelo menos, dois grupos:
Um grupo que o tratamento está sendo aplicado
Grupo controle (placebo, tratamento padrão ouro
para comparação)
Em psicologia não é possível fazer duplo-cego, já que o
terapeuta sempre sabe qual é a intervenção que está sendo
utilizada. Mas é fundamental que seja cego para o paciente
.
Ao analisar um ensaio clínico, é importante verificar se:
Ele é randomizado, ou seja, se o grupo foi dividido
aleatoriamente (diminui o risco de viés).
É essencial ter um grupo controle
É essencial responder a pergunta PICOT:
P- Paciente (quem são as pessoas que estão sendo
testadas no estudo)
I- Intervenção (qual é a intervenção que está sendo
aplicada)
C- Comparação (como é feita a comparação entre
esses grupos)
O- Objetivo (qual é o desfecho?)
T- Tempo (qual é o ponto no tempo, ex: follow-up)

@psiamandakelly
@psiamandakelly

Como analisar a

qualidade de um ECR?

1. Objetivos do Estudo: entender a hipótese do autor;


2. Métodos e Resultados: analisar os resultados para
checar se é possível chegar neles (resultados) com o
método proposto;
3. Problemas do estudo e os possíveis conflitos de
interesse: bons estudos sempre apresentam esses
pontos, se não tiver, desconfie do estudo.

ATENÇÃO:

Nunca se baseei em apenas um ECR!


Sempre se atente a qualidade metodológica dos estudos.

Revisões Sistemáticas

Permite o acesso a todas as evidências disponíveis


(em um único artigo), levando em consideração os riscos
de vieses e a qualidade da evidência. Por isso, ela é uma
lupa para analisar a totalidade das evidencias dos ECRs e
permite que o leitor avalie critica e comparativamente os
resultados dos ECRs.
Como analisar uma

Revisão Sistemática?

1. Mínimo 3 autores, um especialista no tema, um


estatístico e um especialista em ECR
2. RS com meta-analise é um plus (cálculo estatístico que
refina os dados).

Melhores RS: COCHRANE LIBRARY

"E as abordagens que não

conseguem fazer ECRs?"

As abordagens que não podem ser testadas e querem


ter um papel de intervenção e ter o status de ciência,
precisam se reinventar, para acompanhar a metodologia
científica e ser colocada à prova diante de métodos mais
rigorosos e possíveis de validação.

@psiamandakelly
Como pesquisar as

evidências científicas?

*clique nas palavras sublinhadas para ser direcionada ao site.

Divisão 12 da APA

Psychological Treatments
Pesquisar por Diagnóstico e vê qual a melhor
evidência disponível.
Pesquisar por Tratamento e vê para qual (ais)
demandas ele é a melhor evidência

PUBMED

*PubMed é um das várias bases de pesquisa.


Pesquisar por: melhor evidência + transtorno ou
demanda.
Ex: "cognitive therapy and depression" ou "cognitive
therapy and depression randomized clinical trials."

COCHRANE LIBRARY

*Reúne as melhores revisões sistemáticas.


Pesquisar por: melhor evidência + transtorno ou
demanda.

@psiamandakelly
Panorama

atual da

Psicologia

Baseada em

Evidências

@psiamandakelly
1995 - Criação de uma Task Force (força tarefa)
pela APA (American Psychological Association)
para a criação de um grupo de discussão, que
gerou um relatório listando, inicialmente, 18
aigolocisP ad otnemigruS

tratamento considerados empiricamente


saicnêdivE me adaesaB

sustentados, publicado no Clinical Psychology

Essas reuniões continuam acontecendo, até que


em:

2005- Criação do Div12 pela APA, que reúne


informações sobre os tratamentos mais
indicados pra diversos transtornos, em uma
linguagem simples para que as pessoas leigas
possam ter acesso e, serve como uma pesquisa
inicial para psicólogos que não tem um
conhecimento prévio sobre qual tratamento é
mais eficaz para qual demanda.

O trabalho da Divisão 12 resultou no


desenvolvimento de critérios para identificação
não só dos tratamentos empiricamente
sustentados, como também, da própria
sustentação empírica nas diversas intervenções
psicológicas.

@psiamandakelly
Ondas das terapias

cognitivas e

comportamentais

1ª ONDA:

Iniciou em 1920 com Pavlov, com estudo da salivas dos


cãs, trouxe pela primeira vez um modelo comportamental,
onde ele pareou os estímulos carne-sino, para fazer o
cachorro salivar, apresentando o conceito de
condicionamento pela primeira vez.
Depois veio o Watson, com o Behaviorismo Clássico,
trazendo a necessidade de estudar o comportamento
observável e aproximando a psicologia do conceito de
ciência.
Em 1953, Skinner inaugura o Behaviorismo Radical,
com o livro Science and Human Behavior, trazendo o
conceito de modificação do comportamento.

@psiamandakelly
2ª ONDA:

Teve seu início na década de 60, com Aaron Beck,


que trouxe um paradigma epistemológico híbrido, com
várias teorias associadas e uma visão humana, sempre
buscando as evidências científicas. Logo, a TCC clássica
tem grande influência de várias abordagens da psicologia
como: humanismo, fenomenologia e uma grande
influência da psicologia comportamental.
Junto com ele, veio a TREC de Albert Ellis, na década de 70,
com grandes estudos sobre a terapia de casais.
A década de 70 ficou conhecida como a Revolução
Cognitiva com trabalhos de Albert Bandura e os modelos
de processamento da informação.
Karl Popper, grande autor nas discussões sobre o
que é ciência e pseudociências, também fez grandes
contribuições para a segunda onda.
Aqui começam a surgir as primeiras interlocuções
entre a terapia cognitiva e a análise do comportamento.

@psiamandakelly
3ª ONDA:

Terapias contextuais: DBT, ACT, Terapia do Esquema, FAP,


Mindfullness entre outras.
Aqui o ser humano é visto como mais completo, mais
integrado, capaz de se autodeterminar, onde as terapias
contextuais são mais flexíveis, não são tão manualizadas
como na TCC Clássica, e tem uma integração maior.

Cada uma das terapias de terceira onda ficou focada


em um aspecto:
ACT: foco na esquiva experiencial (hoje é a melhor
evidência para dor crônica). Apesar de ter muitos estudos,
ainda tem muitos estudos de baixa qualidade, mas com
relação a dor crônica, sua literatura é bem consolidada.

DBT: foco em regulação emocional (hoje é a melhor


evidência para transtorno de personalidade borderline).

Terapia dos Esquemas: foco nos esquemas iniciais


desadaptativos (atualmente não é um tratamento padrão
ouro para nenhum transtorno, contudo, dentro de um
raciocínio clínico mais amplo, já que não se tem nenhuma
evidência para vários transtornos de personalidade. é
possível pensar a terapia dos esquemas para o
tratamento).
@psiamandakelly
4ª ONDA:

Integração de todas as terapias, que é a proposta da


Terapia Baseada em Processos e das Terapias
Transdiagnósticas.

Tem o intuito de tentar solucionar os problemas da


terceira onda, que são:
1. O terapeuta limita a sua análise aquilo que espera
encontrar no paciente: Dá ênfase na análise funcional
do comportamento para evitar esse olhar mais
enviesado, ou seja, fazer uma análise funcional do
caso, encontrar o problema primeira e depois, aplicar
o tratamento que se encaixa.
2. Aplicação do modelo de terapia da terceira onda, para
outras demandas: ampliar o uso dessas técnicas (DBT,
ACT, etc) para outros transtornos.

@psiamandakelly
Discussões sobre PBE para

o futuro da Psicologia

Existem problemas objetivos para resolver com


pacientes, por exemplo, que tem múltiplos diagnósticos.
Será aplicada um protocolo diferentes para cada
diagnóstico? Quanto tempo vai levar essa terapia?

1. Modelos Transdiagnósticos: tem mecanismos


subjacentes aos sintomas dos pacientes, nas diferentes
categorias diagnósticas. Então, nesse modelo, não teria
apenas um protocolo para cada transtorno. Cada
mecanismo pode ser alterado por uma ou mais
técnicas, sendo elas descritas nos diversos manuais,
como por exemplo: a técnica de resolução de
problemas, tento transtorno ou não. Porém, ainda tem
poucos estudos
2. Terapia Baseada em Processos (alternativa futura):
Proposta Hoffman e Heyes e está dentro da PBE,
pretende ser um modo de tratar os pacientes baseado
em evidências, que englobam várias terapias como
terapias contextuais, análise do comportamento, TCC
clássica, entre outras. Contudo, ainda precisa de um
melhor delimitação e definição e ainda não tem
estudos sólidos, ainda está muito no início.

@psiamandakelly
O que se tem validado

empiricamente, hoje?

1. Manuais e protocolos (DSM e todos os protocolos


existentes na TCC);
2. Todos os tratamentos empiricamente validados
atualmente, tem como premissa a monitoração, tanto
do terapeuta como a automonitoração do paciente;
3. Utilizar um tratamento empiricamente sustentado
como ponto de partida para o problema principal do
paciente;
4. Sempre fazer formulação de caso;
5. Fazer um checklist de sinais e sintomas;
6. Escolher o tratamento empiricamente sustentado que
se aplica melhor ao caso do paciente a partir da
formulação de caso.

@psiamandakelly
Trabalhar

com PBE é

garantia de

ser um bom

psicólogo?

@psiamandakelly
Atualmente, TCC e AC são
as maiores evidências em
psicologia, o que não significa
que vão ser essas para sempre.

Ao se falar de terapia
cognitiva baseada em
evidências, se fala da TCC para
um tratamento de um leque
Atuando amplo de demandas, haja vista
que ela é padrão ouro para a
com as maioria dos transtornos.

melhores
Trabalhar com a melhor
evidências
evidência para o tratamento do
seu paciente é fundamental,
porém, não é suficiente para
entregar o melhor resultado
possível para o paciente. Além
disso, é necessário ter
competências específicas
dentro da terapia cognitiva
para garantir um bom
resultado.
@psiamandakelly
@psiamandakelly
Premissas Básicas

da TCC

Terapia estruturada, baseada no modelo


cognitivo, que articula os pensamentos os
pensamentos, as emoções e os
comportamentos, que entende que a forma
como você pensa você pensa vai determinar
como você se sente e vai ser decisivo no seu
comportamento.

O objetivo da TCC é mudar o sistema de


crenças do paciente para alterar suas
emoções e seus comportamentos, para
ajudar o paciente a pensar de uma forma
mais adaptativa e funcional.

A forma como a situação é posta pouco importa, o


que importa é a interpretação que você extrai da
situação - Epíteto
M
Pensamentos
O Automáticos

D Tripé da TCC

E
L Comportamento Emoção

O
Crenças Intermediárias: faz a conexão entre as

@psiamandakelly
crenças nucleares e os pensamentos e tendem a
confirmar a crença nuclear.

Crenças Nucleares: formada ao longo da vida, a


partir das experiências que são vividas, que são C
verdades absolutas sobre si mesmo.
O
Pensamentos Automáticos: cognições baseadas em G
autoavaliações que operam automaticamente, os
pensamentos vem a cabeça e não é possível
N
controlá-los.
Pensamentos Automáticos
I
T
Crenças Intermediárias
I
Crenças Nucleares V
O
3

Grupos de crenças

disfuncionais

Desamor: "sou indesejável, indigno de amor"


Desamparo: "sou fraco, incapaz, insuficiente"
Desvalor: "não tenho valor, sou inaceitável"

Em 2005, o Aaron Beck propôs uma revisão da sua


teoria, sobre o modelo cognitivo como um todo, e propôs a
Teoria dos Modos: as crenças centrais pressupõem,
necessariamente, ambos os polos de interpretação, sob a
tríade cognitiva: eu, os outros e o futuro, ou seja, tanto
crenças adaptativa como desadaptativas.
Não são as crenças centrais em si que são disfuncionais,
mas sim a sua forma de avaliação que se torna disfuncional
em alguns casos, quando não está condizendo com o
contexto e com as evidências.
Dessa maneira, de acordo com a Teoria dos Modos,
todos os indivíduos podem apresentar todas as crenças e
essas podem não ser disfuncionais, até o momento que sua
ativação torna elas disfuncional, dentro do contexto e das
evidências que deram base para essa ativação.
@psiamandakelly
3 Grupos de

crenças

adaptativas

De acordo com essa revisão, surgiram três grupos


de crenças nucleares adaptativas, que são o oposto das
desadaptativas:
Eficiência: "sou competente, eficiente, eficaz"
Amabilidade: "sou desejável, agradável"
Valor: "sou digno, valoroso, adequado"
Quanto mais desequilibrado for a relação entre o
grupo de crenças adaptativas e as desadaptativas, mais
isso vai gerar um comprometimento e sofrimento no
paciente.
Logo, a base de um bom tratamento da TCC é:
Elaborar um plano de metas;
Hierarquizar essas metas;
Psicoeducar o paciente;
Ensinar o paciente a reestruturar, posteriormente,
sozinho os seus pensamentos automáticos;
Fortalecer as potencialidades do paciente;
Desenvolver as habilidades deficitárias do paciente;
Flexibilizar as crenças: reestruturação cognitiva,
regulação emocional e modificação do
comportamento.
@psiamandakelly

1. Conhecimento amplo da teoria:


Co
m
estudar e nunca parar de estudar
p (livros e artigos mais novos e
atualizados, cursos, etc.)
te
ê

2. Saber buscar corretamente as


cn

evidências disponíveis.
sai

3. Fazer corretamente a psicoeducação


do paciente: conhecer muito bem a
arap

teoria e dominar os sinais, sintomas,


transtornos para identificar, explicar e
ensinar o paciente.

4. Fazer a conceitualização de caso:


rauta

funciona como um mapa que orienta o


trabalho que será utilizado com o
paciente. O terapeuta utiliza a
conceitualização a fim de obter a
moc

estrutura para o entendimento de cada


paciente, suas idiossincrasias e
subjetividades, que auxilia o
planejamento das estratégias
a

terapêuticas que serão utilizadas no


tratamento.
CCT

@psiamandakelly
Co Ainda sobre a
m
p conceitualização de caso
te

A TCC começa a sua avaliação


ê

com a anamnese completa, exame do


cn

estado mental, aqui já se inclui a


sai

formulação de caso.
A conceitualização de caso
funciona como um GPS e pode ser
arap

definida como um processo pelo qual


paciente e terapeuta participam
ativamente, fato que auxilia na adesão
da terapia.
rauta

Abrange uma coleta de dados


de todas as questões e demandas do
paciente, dentre essas estão: a
explicação do motivo para o
desenvolvimento dessas dificuldades,
moc

fatores mantenedores, possibilidade de


realizações de previsão sobre o seu
comportamento, desenvolvimento de
um plano de trabalho para intervir nas
a

demandas do paciente
CCT

@psiamandakelly
Co
m
p
5. Aplicação de técnicas: TCC não é
te

somente aplicação de técnicas, mas é


ê

necessário dominar elas para ter um


cn

bom resultado.
sai

6. Plano de tratamento do paciente com


comorbidades (raciocínio clínico):
arap

hierarquia do tratamento do paciente


com diferentes comorbidades.

7. O paciente que chega com uma


demanda mas que não é um
rauta

diagnóstico: quando se conhece com


profundidade a teoria, fica muito mais
fácil ter um raciocínio clínico para
decidir qual estratégia usar com
moc

pacientes que não tem transtorno mas


apresentam demandas que causam um
certo sofrimento.
a
CCT

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Livros

Clique no nome para ser redirecionado

Ciências e Pseudociência: por


que acreditamos naquilo em Ronaldo Pilati
que queremos acreditar?

Ciência Picareta Ben Goldacre

O mundo assombrado pelos


Carl Sagan
demônios

Por que as pessoas acreditam


Michael Shermer
em coisas estranhas?

DSM Associação Americana de Psiquiatria

Psicopatologia e Semiologia
Paulo Dalgalarrondo
dos Transtornos Mentais

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Livros

Clique no nome para ser redirecionado


*os itens assinalados não se encontram no drive

Psicologia Baseada em
Evidências: Provas Científicas e Tamara Melkin
Efetividade das Psicoterapias*

Terapia Cognitivo-Comportamental
Steven C. Hayes
Baseada em Processos: Ciência e
Stefan G. Hofmann
Competências Clínica*

Como ler artigos científicos:


Trisha Greenhalgh
Fundamentos da medicina
Ananyr Porto Fajardo
baseada em evidências

Transtornos Psicológicos: Paulo Roberto Abreu


Terapias Baseadas em Juliana Helena dos
Evidências* Santos Silvério Abreu

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Livros

Clique no nome para ser redirecionado


*os itens assinalados não se encontram no drive

Terapia Cognitivo-
Comportamental: Teoria e Judith S. Beck
Prática

Willem Kuyken
Conceitualização de Caso Christine A. Padesky
Robert Dudley

Técnicas de Terapia Cognitiva Robert L. Leahy

Psychotherapy Case
Tracy D. Eells
Formulation*

Manual Clínico dos


Transtornos Psicológicos: David H. Barlow
Tratamento Passo a Passo*

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Artigos

Clique no nome para ser redirecionado

A importância da prática da
psicologia baseada em evidências:
Tamara Melnik
aspectos conceituais, níveis de
evidência, mitos e resistências.

Concepções de ciência e
método científico entre Bheatrix Bienemann
profissionais e estudantes de Favero
psicologia

Psicologia, psicologias: velhos e


novos olhares: Algumas
Samuel Pfromm
considerações sobre o passado, o
Netto
presente e o futuro da Psicologia
com ciência, profissão e ensino

Bernardo Hochman
Fabio Xerfan Nahas
Desenhos de Pesquisa
Renato Santos de Oliveira Filho
Lydia Masako Ferreira

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Artigos

Clique no nome para ser redirecionado

Can psychology become a


Scott O. Lilienfeld
science?

Distinguishing science from


pseudoscience in school Scott O. Lilienfeld
psychology: Science and scientific Rachel Ammirati
thinking as safeguards against Michal David
human error

Why many clinical psychologists


are resistant to evidence-based
Scott O. Lilienfeld
practice: Root causes and
Lorie A. Ritschel
constructive remedies
Steven Jay Lynn
Robin L. Cautin
The Science-Practice Gap
Robert D. Latzman

@psiamandakelly
L E I T U R A S

Artigos

Prática Baseada em Evidências em


Psicologia e a História da Busca Jan Luiz Leonardi
pelas Provas Empíricas da Sonia Beatriz Meyer
Eficácia das Psicoterapias

Prática baseada em evidências em


psicologia e a eficácia da análise
do comportamento clínica
Jan Luiz Leonardi
Métodos de pesquisa para o
estabelecimento da eficácia das
psicoterapias

Será a psicanálise uma


pseudociência? Reavaliando a Clarice de Medeiros
doutrina utilizando uma lista de Chaves Ferreira
multicritérios

@psiamandakelly
Obrigada!
Espero que esse ebook te ajude a refletir sobre
a psicologia baseada em evidências e a buscar
cada vez mais conhecimento na área, além de
repensar a prática de psicologia no Brasil,
atualmente e que tratamento está sendo
oferecido aos pacientes.
Espero que esse resumo te deixe mais
próximo da ciência!

Agradeço a professora Drª Fernanda Landeiro


pela Semana de Psicologia Baseada em
Evidências, que trouxe todo esse conteúdo rico
e por sempre está disposta a disseminar o
conhecimento para todos de forma acessível.

Continue acompanhando minhas reflexões na


psicologia no meu Instagram:
@psiamandakelly
B A S E A D A @ P S I A M A N D A K E L L Y

E M
E V I D Ê N C I A S
P S I C O L O G I A

Por: Amanda Kelly


Acadêmica de Psicologia

2021.2

Você também pode gostar