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Guias Especiais

Ergonomia na Arquitetura:
guia completo
Por Equipe Vobi
A Ergonomia impacta tudo e a todos - mesmo que imperceptivelmente. Quer
você seja um profissional da área ou não, o fato é que ter uma noção sobre o
que é ergonomia e como os seus princípios podem ser aplicados no cotidiano
fará com que seus projetos sejam muito mais assertivos.

Neste guia, você aprenderá sobre a definição, categorias e aplicações da


ergonomia na arquitetura e como essa ciência influencia as pessoas dentro de
suas casas, ambientes de trabalho e em todos os âmbitos da vida.

 O que é Ergonomia?
 Tipos de Ergonomia
 Por que a Ergonomia na arquitetura é importante?
 Ergonomia no Home Office
 Os 3 mitos da Ergonomia
 Guia de Ergonomia para Arquitetura

Aproveite a leitura!

O que é Ergonomia?
Ergonomia é o processo de definição e adequação de espaços, produtos e
sistemas a fim de atenderem às necessidades das pessoas que os utilizam.

Muitos associam a ergonomia com design de cadeiras, por exemplo - e não


estão errados. Porém, a ergonomia vai muito além. Ela pode ser aplicada a
qualquer coisa que implique no uso humano.

Trata-se de um ramo da ciência que busca aprender sobre as habilidades e


limitações de cada indivíduo e, a partir das descobertas, aplicar o
conhecimento com o objetivo de melhorar a interação das pessoas com os
produtos e ambientes que as cercam.

Essa meta visa, principalmente, minimizar os riscos de acidentes e possíveis


lesões que possam acontecer ao usuário. Por isso, conforme a tecnologia vem
avançando, assim também deve avançar a ergonomia para garantir que as
ferramentas que estão a nosso dispor tenham sido pensadas e correspondam
aos requisitos do corpo humano.
A origem do termo Ergonomia
A palavra “Ergonomia” é derivada da palavra grega “ergon” que significa
trabalho e “nomos” que significa leis.

Apesar de serem tópicos de grande importância e conhecimento geral desde


os primórdios, a ergonomia contemporânea faz uso dos dados e técnicas de
diversas disciplinas relacionadas, como a biomecânica, a antropometria, a
física ambiental, a psicologia aplicada e a psicologia social.

Tipos de Ergonomia
A Associação Internacional de Ergonomia se divide em três domínios de
especialização: a Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional. Cada um
desses tipos de ergonomia engloba uma área de melhoria específica.

A Ergonomia Física visa melhorias na postura, movimentos (especialmente os


repetitivos), manipulação corporal, transporte de pesos pesados, distribuição
de espaço, configuração dos postos de trabalho, procedimentos de segurança
e saúde em geral. Esse, talvez, seja o tipo mais conhecido, pois é ele que irá
avaliar se uma cadeira favorece uma postura correta, evitando lesões, por
exemplo.

Já a Ergonomia Cognitiva busca melhorias relacionadas a aspectos mentais,


intelectuais e psicológicos, como: desempenho, estresse profissional, carga
mental, confiabilidade humana e interação homem-máquina.

A Ergonomia Organizacional tem como objetivo adaptar as condições da


empresa para preservar a saúde e o bem-estar do trabalhador, promovendo
melhorias na organização de processos e regulamentos operacionais, políticas
da empresa, clima organizacional e cultura.‍

Mas, quais os tipos de ergonomia deve-se levar em conta na arquitetura e


design de interiores? Por se tratarem de campos de atuação que impactam em
diversos âmbitos da vida de um indivíduo (afinal, uma pessoa passa boa parte
do tempo entre casa e trabalho), é importante ter sempre em mente os três
conceitos e aplicá-los de maneira equilibrada.
Por que a Ergonomia na arquitetura é
importante?

Como já dito anteriormente, a ergonomia visa criar espaços e produtos


seguros, confortáveis e que garantam produtividade ao incorporar habilidades e
limitações humanas em seus designs, como por exemplo: medidas do corpo
humano, força, velocidade, e sentidos (visão, audição, etc).

De acordo com um artigo da Dohrmann Consulting, - empresa especializada


em segurança e ergonomia na Austrália - um estudo realizado pela Safe Work
indica que o gasto referente a lesões e doenças relacionadas ao trabalho
representam cerca de 60 bilhões de dólares no país. Outra pesquisa mostra
que a dor lombar é a lesão relacionada ao trabalho mais comum do mundo,
afetando desde profissionais que trabalham em escritórios até agricultores.

“Estima-se que doenças e acidentes do trabalho


representem a perda de 4% do Produto Interno
Bruto global a cada ano.”
Trazendo para o contexto do Brasil, e levando em conta o PIB de 2020, esse
percentual corresponde a aproximadamente R$300 bilhões. A arquitetura e o
design de interiores devem auxiliar a minimizar - ou até mesmo extinguir -
situações como essa.
Um ambiente bem planejado cumprirá com uma distribuição de espaço
assertiva, assegurando uma boa circulação e evitando acidentes. Além disso,
se atentará às normas de conforto térmico, acústico e luminotécnico,
preservando a produtividade dos usuários do local.

Um bom profissional preocupa-se em garantir a adequação do espaço ao ser


humano nos mínimos detalhes: determinando a altura de bancadas e armários
adequados, até definindo materiais de acordo com a função de cada cômodo.
Afinal, um piso com acabamento polido dentro de um banheiro pode ser
bastante perigoso, não é mesmo? Esta, portanto, é a grande importância da
ergonomia na arquitetura.

Além de conferir mais segurança e bem-estar às pessoas, a ergonomia na


arquitetura aplicada, também contribui economicamente à sociedade. Os
custos advindos de acidentes, doenças e lesões, ocasionadas no trabalho, se
manifestam em gastos para o sistema de saúde, seguro social e em uma
enorme redução de produtividade derivada de dias perdidos de trabalho. Sem
mencionar o fato de que muitas dessas lesões acarretam em perda de
funcionalidade e dificuldade de movimentos, trazendo impactos para a vida
profissional e pessoal do trabalhador.

Outro ponto a ser levado em conta é que a população mundial está


envelhecendo. Um relatório do The World Population Prospects 2019, da
Organização das Nações Unidas (ONU) diz que até 2050, uma em cada seis
pessoas no mundo terá mais de 65 anos (16%).

E o que fazer diante desta realidade? É preciso reconhecer a importância da


ergonomia na arquitetura e todos os outros setores, permitindo que o produto
se adapte ao cliente, o ambiente ao usuário e o trabalho ao trabalhador.
Ergonomia no Home Office

Neste artigo, falamos sobre os tipos de ergonomia, a ergonomia na arquitetura


e no trabalho, porém e quando esses dois universos se juntam? Casa +
trabalho = Home Office.

Com o advento da pandemia e o distanciamento social, vimos surgir um


crescimento exponencial do trabalho remoto. Ao se trabalhar em casa, é
importante fazer ajustes, assegurando a ergonomia no Home Office, a qual
auxiliará na execução do trabalho em sua máxima eficiência, sem riscos de
lesão.

Independentemente do espaço utilizado para o trabalho remoto, é importante


estabelecer uma área da casa para classificar como espaço de trabalho. Ter
um local específico, além de facilitar a divisão psicológica trabalho x descanso,
irá ajudar a manter o ambiente sempre com as adaptações ergonômicas em
dia, garantindo produtividade, foco e conforto.

Para saber mais em detalhes quais as dicas e melhores práticas, basta ler
nosso artigo completo sobre ergonomia no Home Office.
Os 3 mitos da Ergonomia
1. A Ergonomia não possui base científica
Fato: A história da Ergonomia origina-se de pesquisas científicas militares.

Para comprovar, vamos analisar sua linha do tempo:

A história da ergonomia
1857: A palavra “ergonomia” é publicada, pela primeira vez, em um artigo
escrito por Polish Prof. Wojciech, na Polônia.

1921: No Japão, Gito Terouka publica uma pesquisa sobre ergonomia após
conhecer o Instituto de Ciência e Trabalho Kurashiki. No mesmo ano,
pesquisadores russos participam da primeira conferência sobre Organização
Científica do Trabalho e defendem uma abordagem que visa ambos: máxima
eficiência e minimização de riscos de segurança, propondo a melhoria da
saúde dos trabalhadores.

1943: Durante a segunda guerra mundial, observou-se que, mesmo com


pilotos bem treinados, as aeronaves super funcionais continuavam colidindo. O
erro humano foi reduzido ao redesenharem o painel de controle, após uma
análise psicológica e de engenharia - a capacidade humana (ergonomia!)
sendo o impulsor.

1947: Hywel Murrell, químico graduado e futuro professor de psicologia, foi


indicado a liderar a Unidade de Estudo UK Royal Navy Motion. Hywell
comandou um time interdisciplinar que estudava os movimentos que envolviam
a manipulação de artilharia e munição, bem como o layout dos equipamentos.

1949: Murrell convidou um grupo de cientistas renomados para o Ministério da


Marinha onde formaram a Sociedade de Pesquisa Humana, com o intuito de
realizar encontros científicos a fim de debater as pesquisas realizadas. Neste
mesmo ano, Murrell propõe, oficialmente, o nome “Ergonomia” como o termo
definitivo do seu campo de pesquisa. O nome só foi aceito em 1950.
1951: Murrell inaugurou seu primeiro departamento de ergonomia para a
indústria Britânica.

1953: A EPA (Agência de Produtividade Européia) começou a implementar a


ergonomia na produtividade dos trabalhadores.

1957: A Sociedade de Ergonomia dos Estados Unidos (United States Human


Factors Society) foi fundada. A ergonomia na engenharia é enfatizada pelos
militares estadunidenses com foco na interação do ser humano em meio a
sistemas complexos. Na Grã-Bretanha, o escritório Taylor & Francis começou a
publicar o “Diário da Ergonomia”.

2. A Ergonomia é a ciência da crença

Fato: Diversos estudos científicos comprovam a eficiência da ergonomia.

A Ergonomia é analisada sob um contexto. Por este motivo, a maioria das


pesquisas são realizadas em campo ao invés de laboratórios. Apesar de
produzir diversas variáveis difíceis de serem controladas, por outro lado,
proporciona percepções e resultados mais realistas. Abaixo constam três
exemplos de pesquisas com grandes amostragens:

1. Um estudo de três anos no programa de Ergonomia Participativa, analisou


88.000 trabalhadores dos correios dos Estados Unidos e constatou 19% de
redução em deformações, melhoria na segurança, melhoria na moral e
aprimoramento do fluxo de trabalho.
2. Um estudo de seis anos, com 24.041 trabalhadores de 17 diferentes empresas
de fabricação de alumínio nos Estados Unidos, evidenciou um impacto positivo
substancial da ergonomia sistemática de HC (Hazard Control, ou Controle de
Perigos) em trabalhadores com MSD (Distúrbios musculoesqueléticos) e riscos
de lesões. A implementação ergonômica foi associada a risco reduzido para
todas as lesões.
3. Uma análise sistemática dos efeitos da ergonomia nas “Práticas de Segurança
do Paciente em Cuidados de Saúde” com 3.227 participantes, concluiu que as
intervenções ergonômicas afetaram positivamente e levaram a melhorias tanto
nos resultados dos profissionais de saúde quanto na segurança dos pacientes.

3. Ergonomia diz respeito apenas a móveis de escritório


Fato: A Ergonomia pode não ser o campo mais conhecido, no entanto ela se
encontra em todo lugar.

Embora a ergonomia seja frequentemente associada ao design de escritório e


relacionada a problemas de fabricação, saúde e transporte - todas as grandes
marcas como HP, Apple e Ford abraçam a ergonomia. Você se lembra dos
celulares pesados antes do iPhone? E quanto aos carros com bancos corridos
desconfortáveis, enormes pontos cegos e portas difíceis de abrir?

Esses são apenas alguns dos campos em que os ergonomistas tornaram


nossas vidas mais fáceis por meio de uma abordagem centrada no ser
humano. Hoje, existem mais de 60 padrões de ergonomia ISO em vários
aspectos de projetos, produtos e sistemas, todos com o objetivo de melhorar o
desempenho, conforto e segurança, bem como prevenir erros e lesões.

Concluindo, entender a ergonomia é o primeiro passo para se obter um


ambiente funcional. Não dar a devida importância na escolha do mobiliário,
além da sua disposição correta dentro de um ambiente, como por exemplo um
móvel com altura inadequada, pode causar desconforto e até lesões físicas ao
usuário. A ergonomia na arquitetura e no design de interiores devem ser
trabalhadas em parceria, proporcionando através de suas técnicas o conforto e
o bem-estar daqueles que usufruem do espaço.

Vale ressaltar que não existem regras fixas. Por isso, é necessário um
profissional capacitado que adeque o projeto de acordo com o estilo de vida de
cada pessoa, a partir de acompanhamento de hábitos e conversas a respeito
dos anseios sobre tempo e espaço.

Sabemos que, depois de um tempo, saber as medidas ergonômicas ideais para


cada ambiente na hora de desenvolver um projeto de arquitetura ou design de
interiores fica quase automático. Mas, existem tantos tipos de ergonomia que,
para te ajudar com aquelas medidas que você ainda não sabe decoradas ou
precisa tirar a dúvida na hora do projeto executivo, fizemos uma curadoria e
organizamos aqui um guia de ergonomia para arquitetura, com exemplos mais
utilizados no dia a dia dos arquitetos e designers de interiores.

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