Você está na página 1de 14

XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0


Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UM


INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO PLÁSTICA
FÁBIO MOREIRA ROSSATTO – fabiomrossatto@gmail.com
CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM

EDSON DETREGIACHI FILHO – engedson2009@gmail.com


CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM

VÂNIA ÉRICA HERRERA – vania.erica21@gmail.com


CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM

MARLENE DE FÁTIMA CAMPOS SOUZA - marlene@univem.edu.br


CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM

RODRIGO FABIANO RAVAZI - rravazi@hotmail.com


CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM

Área: 4. ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO


Sub-Área: 4.7 – ERGONOMIA DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO

Resumo: A ERGONOMIA É UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO


DO NÍVEL DE CONFORTO, SEGURANÇA E BEM ESTAR DOS COLABORADORES NO
EXERCÍCIO DE SUA ATIVIDADES. O PRESENTE ESTUDO BUSCOU IDENTIFICAR
ATRAVÉS DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO, COM A UTILIZAÇÃO DO
MÉTODO REBA, POSTURAS CRÍTICAS EXECUTADAS PELOS TRABALHADORES DO
SETOR DE SERIGRAFIA EM UMA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO PLÁSTICA.
IDENTIFICOU-SE A NECESSIDADE DE AÇÕES CORRETIVAS, UMA VEZ QUE AS
ATIVIDADES DESEMPENHADAS APRESENTAVAM UMA GRANDE QUANTIDADE DE
MOVIMENTOS REPETITIVOS E POSTURAS ESTÁTICAS POR UM LONGO PERÍODO
DE TEMPO, PODENDO AFETAR A SAÚDE DO COLABORADOR NO FUTURO.

Palavras-chaves: Ergonomia; REBA; Análise ergonômica do trabalho.

1
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

ERGONOMIC ANALYSIS OF THE WORK IN A


PLASTIC TRANSFORMATION INDUSTRY
Abstract: ERGONOMICS ARE AN IMPORTANT TOOL FOR EVALUATING THE
COMFORT, SAFETY AND WELL-BEING LEVEL FOR THE EMPLOYEE IN THEIR
WORK ENVIRONMENT. THE PRESENT STUDY WAS LOOKING TO IDENTIFY
THROUGH THE ERGONOMIC ANALYSIS OF THE WORK, BY THE USE OF THE
REBA METHOD, CRITICAL POSITIONS PERFORMED BY SERIGRAPH INDUSTRY
WORKERS IN A PLASTIC TRANSFORMATION INDUSTRY. THE NEED FOR
CORRECTIVE ACTIONS WAS IDENTIFIED ONCE THE ACTIVITIES PERFORMED
PRESENTED A LARGE AMOUNT OF REPETITIVE MOVEMENTS AND STATIC POSTS
FOR A LONG PERIOD OF TIME, AND COULD AFFECT THE EMPLOYEE'S HEALTH
IN THE FUTURE.

Keywords: Ergonomics; REBA; Ergonomic analysis of the work.

2
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

1. Introdução

O crescimento tecnológico no dia a dia das empresas promoveu a necessidade dos


estudos dos postos de trabalho, bem como na melhoria do bem estar físico e psicológico dos
colaboradores, objetivando um maior conforto, segurança e produtividade na realização das
atividades laborais. A saúde e a segurança dos trabalhadores são preservadas quando o
ambiente de trabalho não excedem os limites cognitivos e fisiológicos, permitindo que as
situações de fadiga, estresse e riscos operacionais sejam evitados (IIDA E GUIMARÃES,
2016).
A NR-17 (Norma Regulamentadora 17) regulamenta as condições nos diversos locais
de trabalho, exigindo que cada posto atenda às necessidades dos trabalhadores em suas
atividades laborais. É de responsabilidade do empregador proporcionar que as atividades
exercidas estejam dentro dos limites de tolerância, fazendo-se quando necessário algumas
alterações ou ajustes nos processos, ferramentas, máquinas e arranjo físico do local
(ARAUJO, 2015).
A Associação Internacional de Ergonomia (2019) define ergonomia como “a
disciplina científica relacionada com a compreensão das interações entre seres humanos e
outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos
para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema”.
A realização das análises ergonômicas nos postos de trabalhos, faz necessário a
utilização de alguns métodos para diagnóstico de riscos potenciais. Os principais métodos
utilizados são: RULA, REBA, OWAS, NIOSH, ART Tool (SHARPLES E WILSON, 2015).
Cada método possui um especifica aplicação, podendo apresentar vantagens dependendo do
posto de trabalho analisado.
O objetivo deste trabalho foi a realização de uma Análise Ergonômica do Trabalho
(AET) em uma indústria de serigrafia em embalagens plásticas localizada em no interior do
estado de São Paulo. O método REBA (Rapid Entire Body Assecement) de análise de riscos
ergonômicos foi utilizado para verificar atividades críticas a segurança e saúde dos
colaboradores e propor melhorias no ambiente de trabalho com relação as atividades
exercidas.

3
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

2. Metodologia

2.1 Análise Ergonômica do Trabalho

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) aplica os conceitos de ergonomia através


de uma intervenção que visa transformar as condições de trabalho, promovendo aos mesmos
melhor saúde e produtividade (D´ALVA, 2011). Seu desenvolvimento foi realizado na
França, possuindo cinco etapas de realização: análise da demanda; análise da tarefa; análise
da atividade; diagnóstico e recomendações ergonômicas (BATALHA, et al., 2008).

TABELA 1 – Etapas da Análise Ergonomica do Trabalho


Consiste na descrição de um problema ou situação
problemática, que justifica a necessidade de uma ação
1) Análise da demanda
ergonômica. Pode ser solicitado pela direção da empresa, pelos
trabalhadores e suas organizações sindicais
Trata-se de um conjunto de objetivos prescritos, que os
2) Análise do Ambiente trabalhadores devem cumprir. A AET analisa a discrepância
Técnico entre a tarefa que é prescrita (descrição de cargos) e a que é
executada.
Refere-se ao comportamento do trabalhador na realização de
uma tarefa. A atividade é influenciada por fatores internos e
3) Análise das
externos. Os fatores internos estão relacionados ao próprio
Atividades e Situações
trabalhador, caracterizado pelas suas experiências, idade, sexo,
de Trabalho
motivação, sono e fadiga. Já os fatores externos referem-se às
condições em que a atividade é executada.
O diagnóstico procura descobrir as causas que provocaram o
4) Diagnóstico
problema descrito na demanda
As recomendações ergonômicas referem-se às providências
5) Recomendações que deverão ser tomadas para resolver o problema
Ergonômicas diagnosticado. Devem-se prescrever todas as etapas
necessárias para resolver o problema.
Fonte: Iida (2005)

2.2 Método REBA

O método REBA (Rapid Entire Body Assecement), que em português significa


Avaliação Rápida do Corpo Inteiro, foi desenvolvido por Hignett e McAtamney como uma
ferramenta para identificar riscos biomecânicos ou a existência de postura que comprometam
o desenvolvimento de uma atividade. A avaliação é feita considerando os membros superiores
e inferiores, pescoço e tronco, carga, tipo de aperto e a repetição do movimento, indicando a
necessidade de mudança e a urgência de intervenção (OLIVEIRA; BAKKE; ALENCAR,
2009).

4
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

O método consiste na divisão do corpo em duas categorias principais: Grupo A -


correspondente ao tronco, pescoço e pernas; Grupo B – correspondente ao braço, antebraço e
punho. Cada grupo recebe uma pontuação com base na posição analisada. Em seguida, dá-se
um resultado final através de diversas tabelas (SHARPLES E WILSON, 2015).

2.2.1 Aplicação do método

a) Divisão do corpo em dois grupos e pontuação individual de cada membro do grupo


conforme sua tabela correspondente;
b) A Tabela A informa a pontuação inicial do grupo A, formado pelo tronco, pescoço e
pernas;
c) A Tabela B informa a pontuação inicial do grupo B, formado pelo braço, antebraço e
punho;
d) Modificação da pontuação do grupo A, de acordo com a carga ou força aplicada.
Obtenção da nova pontuação A;
e) Modificação da pontuação do grupo B, de acordo com o tipo de aperto. Obtenção da nova
pontuação B;
f) Associação da pontuação A e B consultando a Tabela C, obtendo-se a pontuação inicial de
C.
g) Modificação da pontuação C, de acordo com a atividade muscular realizada. Obtenção da
pontuação final do método;
h) Verificação do nível de ação, risco e urgência da atividade.

2.2.2 Grupo A: Classificações do tronco, pescoço e pernas

FIGURA 1 – Pontuação do tronco, pescoço e pernas. Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

5
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

TABELA 2 – Pontuação do tronco


Movimento Pontuação
Vertical 1
0° - 20° flexão Alterar pontuação: +1
2 se torcer ou flexionar
0°-20° extensão
20°-60° flexão lateralmente
3
>20° extensão
> 60° flexão 4
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 3 – Pontuação do pescoço


Movimento Pontuação Alterar pontuação:
0° - 20° flexão 1 +1 se torcer ou flexionar
>20° flexão ou extensão 2 lateralmente
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 4 – Pontuação das pernas

Posição Pontuação Alterar pontuação:


Bilateral, a pé ou sentado apoio. 1 +1 se joelho(s) tiverem
flexão entre 30 ° e 60 °

Posição unilateral, banca de luz ou +2 se joelho(s) tiverem


2
posição instável > 60° flexão. (Exceto
posição sentado)
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

2.2.3 Grupo B: Classificações do braço, antebraço e punho

FIGURA 2 – Pontuação do braço, antebraço e punho. Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

6
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

TABELA 5 – Pontuação do braço


Posição Pontuação
Alterar pontuação:
até 20° extensão
1 + 1 se o braço é: Abduzido ou
até 20° de flexão
girado;
>20° extensão
2 +1 se o ombro é levantado;
20° a 45° flexão
-1 se deixado, apoiado ou ficar pela
45° a 90° flexão 3 gravidade.
> 90° flexão 4
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 6 – Pontuação do antebraço

Movimento Pontuação
60° até 100° flexão 1
< 60° flexão
2
> 100° flexão
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 7 – Pontuação do punho


Movimento Pontuação
Alterar pontuação:
0° até 15° flexão/extensão 1
+1 se é desviado ou torcido
> 15° flexão/extensão 2
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

2.2.3 Pontuação Inicial para os Grupos A e B

TABELA 8 – Pontuação Inicial Grupo A


Pescoço
Tronco 1 2 3
Pernas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
1 1 2 3 4 1 2 3 4 3 3 5 6
2 2 3 4 5 3 4 5 6 4 5 6 7
3 2 4 5 6 4 5 6 7 5 6 7 8
4 3 5 6 7 5 6 7 8 6 7 8 9
5 4 6 7 8 6 7 8 9 7 8 9 9
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 9 – Pontuação Inicial Grupo B


Antebraço
Braço 1 2
Punho 1 2 3 1 2 3
1 1 2 2 1 2 3
2 1 2 3 2 3 4
3 3 4 5 4 5 5
4 4 5 5 5 6 7
5 6 7 8 7 8 8
6 7 8 8 8 9 9
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

7
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

2.2.4 Modificação de pontuação para os Grupos A e B

TABELA 10 – Fator de modificação da pontuação Grupo A – Carga e Força


Carga e Força Pontuação
< 5 kg +0
5-10 kg +1
> 10 kg +2
A força é aplicada bruscamente +1
Fonte: Adaptado de SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 11 – Fator de modificação da pontuação Grupo B – Tipo de aperto


Tipo de aperto Pontuação
A aderência é boa força de preensão e midrange +0
A pegada é aceitável, mas não é ideal, a pegada é auxiliada por outras
+1
partes do corpo.
O aperto é possível, mas não é aceitável +2
A aderência é desajeitado e inseguro, não é possível aperto de mão ou
+3
aderência é inaceitável utilizando outras partes do corpo
Fonte: Adaptado de SHARPLES E WILSON (2015)

2.2.5 Pontuação para os Tabela C

TABELA 12 – Pontuação Inicial C

Pontuação B
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 1 1 1 2 3 3 4 5 6 7 7 7
2 1 2 2 3 4 4 5 6 6 7 7 8
3 2 3 3 3 4 5 6 7 7 8 8 8
4 3 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9
Pontuação 5 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9 9
A 6 6 6 6 7 8 8 9 9 10 10 10 10
7 7 7 7 8 9 9 9 10 10 11 11 11
8 8 8 8 9 10 10 10 10 10 11 11 11
9 9 9 9 10 10 10 11 11 11 12 12 12
10 10 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 12
11 11 11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12
12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

TABELA 13 – Fator de modificação da pontuação C – Atividade Muscular


Atividade Pontuação
Uma ou mais partes do corpo permanecer estático, por
+1
exemplo suportado por mais de 1 minuto.
Importantes mudanças ocorrem ou posturas postura
+1
instáveis são adotadas.
Movimentos repetitivos ocorrer, por exemplo repetido
+1
mais de 4 vezes por minuto (excluindo distâncias a pé).
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

8
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

2.2.5 Análise final do método

O método divide e classifica a pontuação final obtida a partir de 5 intervalos. Cada


intervalo possui um nível de ação, nível de risco e atuação. O valor final da análise, com um
intervalo de 1 até 15, indica o risco da atividade exercida, sendo valores mais próximos de 1
os de menores riscos e mais próximos de 15 de extremo risco (SHARPLES E WILSON,
2015).
TABELA 14 – Análise final
Nivel de ação Pontuação Final REBA Nivel de risco Atuação
0 1 Insignificante Nenhuma ação necessária
1 2-3 Baixo Alguma ação pode ser necessária
2 4-7 Médio Ação necessária
3 8-10 Alto Ação sendo necessária logo
4 11-15 Muito alto Ação necessária agora
Fonte: SHARPLES E WILSON (2015)

3. Resultados

3.1 Caracterização da empresa

A escolha do presente estudo foi uma indústria no setor de transformação plástica,


situada no interior do estado de São Paulo. Atua no mercado a mais de vinte anos na
confecção, decoração e comercialização de embalagens plásticas. A indústria subdivide sua
parte industrial em setores de injeção e sopro, serigrafia, expedição, estoque e manutenção. O
setor estudado foi o de serigrafia, responsável pela decoração nas embalagens.

3.2 Análise da atividade

A realização das atividades não requer muita força física, uma vez que o peso de
embalagens plásticas é baixo. As máquinas de serigrafia funcionam em processos automáticos
e semi-automáticos, necessitando do operador a constante movimentação de membros
superiores e atenção a qualidade dos produtos.
Após a análise realizada com fotografias, observações, anotações e cronoanálises no
ambiente de trabalho, foram identificadas três posturas executadas pelos colaboradores no
exercício de suas atividades. As posturas foram identificadas como:
 Postura 1 – Análise de qualidade da embalagem e colocação na caixa
 Postura 2 - Fechamento da caixa concluída e transporte ao pallet
 Postura 3 - Alimentação da máquina

9
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

3.2 Análise da postura obtido pelo método REBA

3.2.1 Postura 1 – Análise de qualidade da embalagem e colocação na caixa

A atividade de análise de qualidade consiste no trabalhador realizar uma verificação


visual da embalagem após o processo de serigrafia. Para sua realização é necessário o
colaborador pegar os frascos vindos de uma esteira lateral, executar a análise e condicionar as
embalagens corretamente em uma caixa localizada a sua frente (Figura 3).
FIGURA 3 – Análise de qualidade. Fonte: Os Autores (2019)

A postura 1 é representada na atividade mais exercida dentro do setor de serigrafia.


Pode-se observar que esta atividade exige que o colaborador permaneça grande parte de sua
jornada de trabalho em pé e esticando seus braços para pegar e acomodar as embalagens. É
necessário o pescoço estar sempre com uma inclinação para frente para uma boa verificação
de qualidade. Tal atividade é exercida em um tempo médio de 4 segundos e sua postura pode
ser descrita da seguinte forma:
 Flexão do tronco entre 0º e 20º, sem presença de torção ou flexão lateral;
 Flexão do pescoço maior que 20º, com torção;
 Em pé, sem flexão dos joelhos;
 Flexão do braço entre 20º e 45º, sem alteração;
 Flexão do antebraço entre 60º e 100º;
 Flexão do punho maior que 15º, com desvio lateral;
 Não houve modificação por carga, força e aperto;
 Partes do corpo permanecem estáticas por mais de um minuto e os movimentos
acontecem de forma repetitiva.

10
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

A postura 1, através do método REBA, apresentou pontuação final de 6 pontos,


indicando nível de ação 2, nível de risco médio e uma necessidade de ação.

3.2.2 Postura 2 - Fechamento da caixa concluída e transporte ao pallet

A atividade de fechamento e transporte de caixa é realizada no momento em que o


colaborador condiciona o ultimo frasco na mesma, realiza seu fechamento com uma fita
adesiva e transporta a caixa já fechada para um pallet situado atrás da máquina (Figura 4).
FIGURA 4 – Fechamento e transporte de caixa. Fonte: Os Autores (2019)

A postura 2 é representada na atividade menos exercida no setor. Pode-se observar que


esta atividade exige que o colaborador levante uma certa quantidade de massa e realize
inclinações e torções no tronco. Tal atividade é exercida em tempo médio de 30 segundos, e
realizada a cada 8 minutos e 45 segundos. A caixa completa possui massa média de 4,77 kg e
sua postura pode ser descrita da seguinte forma:
 Flexão do tronco entre 20º e 60º, com presença de torção;
 Flexão do pescoço maior que 20º, com torção;
 Em pé, com flexão dos joelhos entre 30º e 60º;
 Flexão do braço entre 20º e 45º, sem alteração;
 Flexão do antebraço entre 60º e 100º;
 Flexão do punho maior que 15º, sem desvio lateral ou torção;
 Não houve modificação por carga, força e aperto;
 Partes do corpo não permanecem estáticas por mais de um minuto, os movimentos não
acontecem de forma repetitiva e importantes mudanças ocorrem na postura.

11
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

A postura 2, através do método REBA, apresentou pontuação final de 8 pontos,


indicando nível de ação 3, nível de risco alto e uma necessidade de ação em curto período.

3.2.3 Postura 3 - Alimentação da máquina

A atividade de alimentação da máquina de serigrafia consiste no trabalhador alimentar


uma esteira lateral com embalagens retiradas de uma caixa a sua frente, de forma que os
frascos são levados até o interior da máquina onde é executado o processo de decoração
automático (Figura 5).
FIGURA 5 – Alimentação da máquina de serigrafia. Fonte: Os Autores (2019)

A postura 3 é representada em atividade executada por um único operador. Pode-se


observar que esta atividade exige que o colaborador permaneça grande parte de sua jornada de
trabalho em pé e esticando seus braços para pegar e distribuir as embalagens na esteira. É
necessário o pescoço estar sempre com uma inclinação para execução correta da alimentação.
Tal atividade é realizada em um tempo médio de 6 segundos e sua postura pode ser descrita
da seguinte forma:
 Flexão do tronco entre 0º e 20º, sem presença de torção ou flexão lateral;
 Flexão do pescoço maior que 20º, com torção;
 Em pé, sem flexão dos joelhos;
 Flexão do braço entre 20º e 45º, sem alteração;
 Flexão do antebraço menor que 60º;
 Flexão do punho entre 0º e 15º, com desvio lateral;
 Não houve modificação por carga, força e aperto;

12
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

 Partes do corpo permanecem estáticas por mais de um minuto e os movimentos


acontecem de forma repetitiva.
A postura 3, através do método REBA, apresentou pontuação final de 6 pontos,
indicando nível de ação 2, nível de risco médio e uma necessidade de ação.

4. Discussão dos resultados

O estudo realizado através da coleta de imagens e anotações no decorrer de vários dias


de análise na indústria, indicaram três posturas principais com potenciais riscos ao
colaborador. Tais posturas apresentaram nível de ação 2 ou 3, e níveis de risco médio ou alto,
segundo o método REBA. Desta forma foi possível verificar a necessidade de alterações no
posto de trabalho e a ocorrência de posturas que podem desencadear diversos problemas
futuros ao colaborador.
Para aliviar os problemas de postura, duas vezes na semana um fisioterapeuta
comparece a empresa promovendo um momento de ginástica laboral. Os colaboradores
durante a realização da pesquisa não apresentaram reclamações de dores ou queixas,
desempenhando sua atividade com naturalidade e no ritmo adequado todo o tempo.

4.1 Recomendações Ergonômicas

Após analisar os postos de trabalhos, verificou-se a necessidade de correções


ergonômicas que promovam o bem-estar do colaborador no desempenho de suas atividades.
Faz-se necessário a utilização de acentos e apoio aos pés do operador, uma vez que os
mesmos possam revezar entre ficar em pé ou sentados, obtendo o maior conforto possível na
realização de suas atividades.

5. Conclusão

O principal objetivo da ergonomia é adaptar o trabalho as características do


trabalhador visando o máximo conforto do mesmo na execução de suas atividades. Partindo
deste pensamento, o estudo teve como objetivo central a execução da AET em uma indústria
de transformação plástica, buscando evidenciar os possíveis pontos de correção, as posturas
com necessidades imediatas de ação e propor melhorias para os colaboradores do setor de
serigrafia.
A análise permitiu adquirir conhecimentos das atividades por meio de anotações e
captura fotográfica, possibilitando a utilização do método REBA, para analisar cada uma das

13
XXVI SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Desafios da Engenharia de Produção no Contexto da Indústria 4.0
Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de novembro de 2019

atividades principais que acontecem no processo. Verificou-se a existência de posturas


estáticas por longos períodos de tempo, movimentos repetitivos e movimentação prejudicial
ao corpo, a segurança e ao conforto, podendo agravar diversos problemas como: dores, fadiga,
desconfortos e doenças.
A compreensão da biomecânica corporal e avaliação postural devem ser de grande
importância dentro da indústria. Seus estudos devem ser realizados de forma a promover o
melhor ambiente, o mais confortável e o mais seguro ao colaborador, promovendo assim,
melhorias não só na qualidade de vida e bem estar, mas na produtividade gerada a partir de
um melhor processo.

Referências

ARAÚJO, G. A. Riscos Ergonômicos em Espaços Confinados. Dissertação de mestrado; UFPE, Recife 2015.
BATALHA, M. O. et al. Introdução à engenharia de Produção. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2008.
IEA. What is Ergonomics? 2018. Disponível em: <https://www.iea.cc/about/index.html>. Acesso em: 12 jun.
2019.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
IIDA, I.; GUIMARÃES, L, B de, M. Ergonomia: Projeto e Produção. 3ª Ed., São Paulo: Editora Blucher,
2016.]
OLIVEIRA, A. G. S.; BAKKE, H. A.; ALENCAR, J. F. Riscos biomecânicos em trabalhadores de uma
serraria. Fisioterapia e pesquisa, São Paulo, v. 16, n.1, p28-33, 2009.
SHARPLES, S.; WILSON, J. R.; (Ed.). Evaluation of Human Work. 4 ed. CRC press, 2015.
VILLA D´ALVA, M. Análise Ergonômica do Trabalho e os Processos de Transferência de Tecnologias: Estudo
de Caso em uma Empresa Fornecedora do Polo de Duas Rodas/ Mauro Villa d´Alva. – Manaus: UFRJ
/COPPE,2011.

14

Você também pode gostar