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ANÁLISE ERGONÔMICA DAS POSTURAS ADOTADAS EM UM

LABORATÓRIO DE SOLDAGEM DE UMA INSTITUIÇÃO DE


ENSINO
ERGONOMIC ANALYSIS OF THE POSTURES ADOPTED IN A
WELDING LABORATORY OF A TEACHING INSTITUTION

Bianca Carolini da Silva1


Rayssa Cardoso Xavier do Nascimento2
Sthefany da Silva Luna3
Elaine Gonçalves Soares de Medeiros4

RESUMO
Os efeitos que determinadas atividades podem causar na saúde de um indivíduo
ampliam-se ao decorrer dos anos, e isto pode ocorrer também em laboratórios
escolares, especialmente aqueles que exigem esforços repetitivos e peso de
equipamentos como a atividade de solda. Para que esses efeitos não possam afetar a
saúde dos estudantes que praticam, é necessário que seja feita uma análise
ergonômica, onde sejam identificados riscos existentes como posturas adotadas, que
é um dos principais problemas nos dias atuais e que pode prejudicar ainda mais
futuramente. Para que esses riscos sejam diminuídos e que as pessoas tenham
consciência disso, a ergonomia utiliza seus métodos e ferramentas com o intuito de
garantir uma segurança melhor a esses indivíduos e um bom desempenho para a
empresa. O objetivo geral do trabalho é realizar uma análise ergonômica das posturas
adotadas pelos alunos do IFPB - Campus Itabaiana durante a aula prática de
soldagem no laboratório da instituição. Após algumas visitas ao local da pesquisa, a
análise foi concluída e foi constatado que a partes do corpo mais afetadas pela
atividade de solda são: pescoço; costas-superior; costas-inferior; região cervical; mão
direita e esquerda; punho direito e esquerdo; braço direito e esquerdo; costa-médio.

Palavras-chave: Ergonomia, soldagem, posturas adotadas

ABSTRACT
The effects that certain activities can cause on an individual's health increase over
the years, and this can also occur in school laboratories, especially those that
require repetitive efforts and weight of equipment such as soldering. So that these
effects cannot affect the health of students who practice, it is necessary to carry out

1
Curso Técnico Integrado em Eletromecânica do IFPB-IB, bianca.carolini@academico.ifpb.edu.br;
2
Curso Técnico Integrado em Eletromecânica do IFPB-IB, rayssa.cardoso@academico.ifpb.edu.br;
3
Curso Técnico Integrado em Eletromecânica do IFPB-IB, sthefany.silva@academico.ifpb.edu.br;
4
Professor orientador: Bacharelado em Eng. de Prod. Mecânica, Mestrado,
elaine.medeiros@ifpb.edu.br.

1
an ergonomic analysis, where existing risks are identified as adopted postures, which
is one of the main problems today and which can harm even more in the future. In
order for these risks to be reduced and for people to be aware of it, ergonomics uses
its methods and tools in order to guarantee better safety for these individuals and a
good performance for the company. The general objective of the work is to carry out
an ergonomic analysis of the postures adopted by the students of the IFPB - Campus
Itabaiana during the practical welding class in the institution's laboratory. After a
few visits to the research site, the analysis was completed and it was found that the
body parts most affected by welding activity are: neck; back-upper; back-lower;
cervical region; right and left hand; right and left wrist; right and left arm;
mid-coast.

Keywords: Ergonomics, analysis, welding, postures adopted

1. INTRODUÇÃO
A ergonomia é o estudo científico das conexões do homem com o trabalho e
que tem como principal objetivo proporcionar conforto ao trabalhador que esteja
tendo desconfortos no ambiente de trabalho (SEET, 2022). Ela pode ser aplicada em
ambientes de trabalho onde a função do trabalhador exija esforços repetitivos e com
peso, transporte de cargas e descargas de materiais. É através da ergonomia que os
riscos podem ser melhorados ou até solucionados por meio de análises e demandas
feitas ao decorrer de observações.

A ergonomia pode-se aplicar em qualquer ambiente de trabalho,


especialmente na atividade de solda. Sabe-se que a função do soldador exige uma
certa postura por um determinado tempo, e dependendo da pessoa que pratica, os
riscos de desconfortos musculares podem ser maiores. Para isso, a ergonomia pode
ser aplicada e através de seus métodos, garantir uma qualidade de trabalho melhor e
segurança ao trabalhador e melhor desenvolvimento à empresa.

A atividade do soldador, em especial, requer atenção, uma vez que o mesmo


será exposto a determinados fatores de riscos, dentre os quais se encontram as
posturas adotadas.

O presente trabalho refere-se à análise das posturas adotadas pelos alunos da


instituição durante o processo de solda, a fim de identificar possíveis riscos que
podem ser prejudiciais à saúde dos alunos, bem como esclarecer quais são as
posturas aceitáveis e quais posturas necessitam de rápida investigação.

2
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral

Realizar a análise ergonômica das posturas adotadas pelos estudantes no


laboratório de soldagem do IFPB – Campus Itabaiana.

2.2 Objetivos Específicos

● Identificar as posturas adotadas pelos estudantes durante a prática de


soldagem;

● Analisar as posturas dos estudantes utilizando a ferramenta RULA;

● Identificar por meio de um diagrama de áreas dolorosas quais partes do corpo


dos estudantes são mais afetadas;
● Analisar os resultados encontrados.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Ergonomia

A ergonomia é uma ciência que explora as relações entre o homem e o seu


trabalho, seu nome vem do grego: Ergon, que significa trabalho e Nomos que
significa regras, normas, leis naturais (ABRANTES, 2004).

A palavra ergonomia foi aplicada pela primeira vez em 1857, em um trabalho


denominado “Ensaios de Ergonomia” que tem como criador o cientista polonês,
WoJciech Jastrzebowski. Onde foi determinada uma vinculação entre os
trabalhadores e o modo de como realizam suas atividades diárias ocorrentes no local
de trabalho (Abrahão et al. 2009 apud Sampaio e Batista, 2012, p. 4).

O objetivo principal da ergonomia é fazer com que o ambiente de trabalho


favoreça o trabalhador, visando diminuir a fadiga, o estresse, erros e acidentes.
Também visa melhorar, de forma integrada, a segurança dos mesmos, além de
proporcionar conforto e otimizar o bem-estar humano, gerando consequentemente
um melhor desempenho do homem em suas atividades.

3
De acordo com Dul e Weerdmeester (2004, p. 14), a ergonomia averigua
diversos aspectos, tais quais:

[...] posturas e movimentos corporais (sentados, em pé, empurrando,


puxando e levantando carga), fatores ambientais (ruídos, iluminação,
clima, vibrações, agentes químicos), informação (informações captadas
pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e
controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, interessantes)
[...]

São esses aspectos que constituem a ergonomia, que através de seus métodos tende a
buscar resultados e soluções para esses riscos presentes no ambiente de trabalho.

3.1.1 Análise Ergonômica do Trabalho

De acordo com Ferreira e Righi (2009), a Análise Ergonômica do Trabalho -


AET é uma interferência no ambiente de trabalho, para análise dos desdobramentos e
consequências físicas e psicofisiológicas que ocorrem no desenvolvimento da
atividade humana na área de trabalho. Sua finalidade é compreender a situação na
qual o trabalhador se adapta, identificar os riscos e estabelecer normas que
favoreçam tanto o trabalhador quanto a empresa.

Segundo Balz (2015, p. 20) o método AET é dividido em cinco etapas, sendo
elas:

● Análise da demanda: Para explicar a exigência de uma ação


ergonômica, é necessário a demanda, que é o detalhamento de algum
problema ou circunstância de risco. A análise da demanda procura
entender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados.

● Análise da tarefa: Os trabalhadores carecem cumprir a tarefa, que é o


agrupamento de propósitos estabelecidos. Referindo-se a um
gerenciamento de trabalho, a tarefa pode ser adicionada em
documentos formais. A AET possui o intuito de verificar os
desequilíbrios entre aquilo que é estabelecido e o que é efetuado, pois,
podem haver máquinas desreguladas e materiais inapropriados que
são o oposto daqueles que são indicados. Ademais, é importante

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ressaltar que nem todos trabalhadores seguem o método de acordo
com o que é prescrito.

● Análise da atividade: Atividade está relacionada ao hábito do


trabalhador, na execução de seus afazeres. Isto é, a forma que o
trabalhador atua para desenvolver os deveres que ficaram
encarregados. Ela varia de uma técnica de acomodação e ajustagem e
também em outros tópicos atribuídos no trabalho.

● Formulação do diagnóstico: Esta etapa tende a localizar as razões


que motivaram o surgimento do problema retratado na demanda,
relacionado aos inúmeros elementos que influenciam na atividade de
trabalho, referentes ao trabalho e à empresa.

● Recomendações ergonômicas: As recomendações estão direcionadas


às medidas que devem ser feitas para a resolução do problema
identificado. Para resolver o problema, essas recomendações
necessitam ser diretamente detalhadas, apresentando uma explicação
de todas as etapas essenciais para resolver o problema.

A Análise Ergonômica do Trabalho é de grande importância, pois é através


das análises feitas e resultados encontrados que podem ser corrigidos os problemas.
Dessa forma, garantindo uma melhor condição de trabalho admissível, diminuindo
riscos físicos e psicológicos que podem ocorrer durante a realização das atividades.

3.1.2 Posturas adotadas e sua análise

As posturas adotadas nos postos de trabalho são um fator bastante


preocupante em relação à ergonomia. Os incômodos musculares gerados na execução
da atividade tornam o trabalho menos lucrativo e até resultam na aposentadoria dos
trabalhadores antes do esperado.

De acordo com Lida (2002) e Balz (2015), as posições: deitada, sentada e em


pé são as que o corpo assume como mais adequado ao trabalho. As posições adotadas

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variam de cada posto de trabalho, os esforços repetitivos ao longo do tempo podem
causar grandes riscos à saúde do trabalhador.

Segundo Balz (2015, p.25), esses esforços físicos e adotados de maneira


inadequada pode resultar:

“o aparecimento de sintomas como inflamações articulares e tendinosas,


degeneração crônica das articulações, dores musculares e vários
problemas ao nível dos discos intervertebrais, destacando-se as lesões
musculoesqueléticas.”

Para ter uma qualidade de trabalho melhor e correta, os membros inferiores e


superiores devem estar em posturas naturais. Ademais, é fundamental que o local de
trabalho possa impor uma postura adequada ao que o corpo humano exige. Por isso
são utilizadas medidas antropométricas, que são as medidas de proporções físicas de
uma pessoa. (Balz, 2015, p.25).

3.1.3 RULA (Rapid Upper Lib Assessment)

A ferramenta RULA (Rapid Upper Lib Assessment - Avaliação Rápida do


Membro Superior) é uma ferramenta para avaliação dos membros superiores,
desenvolvido por Lynn McAtamney junto com Nigel Corlett (1933). O método
RULA avalia a posição dos trabalhadores, podendo identificar os riscos de doenças
do sistema osteomusculares nas partes superiores, sendo um método rápido e que
foca em atividades repetitivas e que exigem força.

O RULA foi elaborado com a finalidade de avaliar pessoas que adotam uma
certa postura que pode causar conturbações nos membros superiores,
especificamente braços, costas, pescoços, antebraços e punhos.

[...] De acordo Iida (2005), esta ferramenta usa critérios de escore para
classificar o grau de risco, que variam de 01 a 07, onde pontuações altas
indicam, aparentemente, alto nível de risco, porém escores baixos não
garantem que o local de trabalho esteja livre de cargas de trabalho, e um
escore alto não assegura que problemas de alta severidade existam (Balz,
2015, p. 31).

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O método RULA divide o corpo em duas partes para ser analisado: grupo A,
que engloba braço, antebraço e punho e grupo B, pescoço, tronco e membros
inferiores (SANTOS, 2020).

Ainda segundo o autor, as áreas são avaliadas através de diagramas posturais,


que associam critérios de quantificação e suas respectivas pontuações. Existem
tabelas que fazem a atribuição de um valor final para o grupo A e outro para o grupo
B, sendo que seu valor final oscila entre 1 e 7. Estes valores indicam os níveis de
intervenção para as situações analisadas.

Essas posturas são determinadas com pontuações específicas, como: +1, +2,
+3 e +4, e as posturas são caracterizadas em ângulos de determinados graus, que são
distintos em cada parte do corpo. A Figura 01 ilustra a pontuação para o grupo A da
metodologia RULA.

FIGURA 01 - Pontuação para o grupo A da metodologia RULA

Fonte: SANTOS, 2020.

De forma análoga, a Figura 02 apresenta a pontuação para o grupo B da


metodologia RULA.

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FIGURA 02 - Pontuação para o grupo B da metodologia RULA

Fonte: SANTOS, 2020.

O Quadro 01 apresenta o nível de intervenção e as possíveis ações a serem


desenvolvidas, de acordo com a pontuação obtida através da análise da metodologia
RULA.

Quadro 01 - Níveis de Intervenção e Ações a desenvolver, segundo a metodologia RULA

Fonte: SANTOS, 2020.

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A principal vantagem do método RULA é que não necessita da utilização de
materiais de alto nível para sua verificação, por este motivo, a análise dos membros
superiores ocorre com mais rapidez.

3.1.4 Diagrama de áreas dolorosas

O diagrama de áreas dolorosas foi proposto por Corlett e Manenica. A


metodologia consiste em entrevistas onde o indivíduo indique as áreas que sentem
dores no corpo. No diagrama, divide-se o corpo humano em 28 segmentos, de forma
que o entrevistado possa localizar facilmente as áreas nas quais sente dor (IIDA,
2005).

Ainda segundo o autor, o diagrama tem por finalidade uma rápida avaliação,
a fim de ajudar a identificar os possíveis locais de desconforto interligados à postura
(IIDA, 2005). A Figura 03 ilustra o diagrama de áreas dolorosas.

FIGURA 3 - Diagrama de áreas dolorosas

Fonte:Mozzini, Polese e Beltrame (2008)

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A imagem do corpo humano é dividida em 28 partes numeradas de 0 a 27 e
possui 5 níveis de intensidade, sendo eles: 1 nenhum desconforto ou dor; 2 algum
desconforto ou dor; 3 moderado desconforto ou dor; 4 bastante desconforto ou dor e
5 intolerável desconforto ou dor.

Ao término da realização da atividade que irá ser avaliada, o trabalhador


responderá de forma clara quais são os membros em que ele sente desconforto ou dor
durante e/ou após a prática, atribuindo assim, uma pontuação de 1 a 5 para expor a
intensidade. Dessa forma, a utilização do diagrama de áreas dolorosas se faz
necessária principalmente quando há urgência na análise pois além de ser rápido,
também é eficaz.

3.2 Soldagem

De acordo com Modenesi, Marques e Santos (2012, p.1.1), pode-se afirmar


que:

[...] Um grande número de diferentes processos utilizados na fabricação e


recuperação de peças, equipamentos e estruturas se encaixam no termo
SOLDAGEM. Classicamente, a soldagem é considerada como um método
de união, porém, muitos processos de soldagem ou variações destes são
usados para a deposição de material sobre uma superfície, visando a
recuperação de peças desgastadas ou para a formação de um revestimento
com características especiais. Diferentes processos intimamente
relacionados com os processos de soldagem são utilizados para o corte de
peças metálicas. [...]”

Destacando-se como uma das principais causas de doenças ocupacionais, a


função do soldador é considerada como um grande risco ao profissional que a efetua,
gerando problemas de saúde.

A atividade do soldador é capaz de comprometer a saúde do trabalhador, pois


os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidente são os mais
presentes nesses ambientes de trabalho. (FUHR, 2012 apud Balz, 2015, p.20).

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Devido às posturas adotadas para essa atividade, é nesse aspecto que a
ergonomia tem um papel fundamental. Com análises e demandas, podendo diminuir
qualquer risco que afete tanto o soldador, quanto a empresa.

3.2.1 Ergonomia na Soldagem

Sabe-se que a ergonomia tem como principal objetivo garantir segurança e


bem estar entre o trabalhador e seu ambiente de trabalho e quando se é aplicada à
soldagem, observa-se determinados riscos nos quais o soldador se submete, como por
exemplo os esforços repetitivos, peso dos equipamentos utilizados e especialmente as
posturas adotadas durante o processo de soldagem.
Para atender específicas partes do processo, o soldador assume determinadas
posturas que de acordo com a Ergonomia, não são consideradas aceitáveis,
especialmente quando tendem a ser repetitivas e por passarem muito tempo na
mesma posição, sendo esses riscos, os maiores geradores de doenças ocupacionais e
riscos futuros ao operário. Diante disso, é necessário que se tenha mais atenção e
preocupação para ter um melhor ambiente de trabalho, onde seus trabalhadores
estejam saudáveis e que também atendam as normas ergonômicas corretamente
durante o processo de solda.

3.2.2 Fatores de Riscos Ergonômicos

Os fatores de riscos ergonômicos são, na maior parte, resultantes da


organização e da gestão das situações de trabalho, e eles podem contribuir para que
no futuro o trabalhador venha a possuir problemas de saúde, bem como traumas
cumulativos. Isso ocorre uma vez que estão diretamente ligados a forma como o
trabalhador realiza suas atividades, como por exemplo: As posturas adotadas,
manipulação de cargas, esforço físico e movimentos repetitivos (CRPG, 2005).

A existência de um fator de risco no ambiente de trabalho não determina que,


posteriormente, o trabalhador irá dispor de problemas de saúde como consequência
de tal fator. Contudo, a exposição a esses fatores deve ser delimitada, a fim de
melhorar o ambiente de trabalho e, por consequência, obter um melhor desempenho.
(HUMANTECH, 2007 apud BALZ, 2015, p. 23).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa aplicada, pois apoiou-se em


conhecimentos já existentes sobre a ergonomia na área da soldagem, a fim de
identificar e analisar as posturas adotadas pelos alunos durante a prática de soldagem
no laboratório do IFPB - Campus Itabaiana. Quanto ao objetivo, trata-se de uma
pesquisa exploratória, pois a finalidade do trabalho é a apresentação de informações
concretas sobre o tema abordado.

Sobre a abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa quantitativa e


qualitativa, uma vez que será aplicada técnicas estatística na exposição dos
resultados obtidos e também será realizada a classificação quanto às posturas
adotadas. Em relação aos procedimentos técnicos, o trabalho trata-se de um estudo
de caso.

Para a análise do problema, foi elaborada uma pesquisa entre os alunos que
praticam a atividade de solda. Com o uso da ferramenta RULA e o diagrama de áreas
dolorosas, foram identificados os fatores de risco, assim, obtendo os seguintes
resultados que serão dados ao longo do trabalho.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise das posturas dos estudantes utilizando a ferramenta RULA

O estudo foi realizado com uma parte dos alunos que praticam a atividade de
solda no laboratório da Instituição. Com a utilização da ferramenta RULA, foram
identificadas as seguintes informações que serão apresentadas nas tabelas a seguir:

Tabela 1 - Avaliação do tronco

ALUNOS 1 2 3 4 5 6 7

POSIÇÃO 0° a +20° +20° a +60° +60° +20° a +60° +20° a +60° 0° a +20° +20° a +60°

PESCOÇO EM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO

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ROTAÇÃO

PESCOÇO ESTÁ NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


LATERALIZADO

PONTUAÇÃO 2 3 4 3 3 3 3

Fonte: Autoria própria (2022).

A partir da Tabela 1, observa-se que na atividade de soldagem, foi constatado


que parte dos alunos adotam a posição de +20° a + 60° (graus), onde ficam mais de
10 segundos ou até minutos em pé.

Por passarem um determinado tempo nessa posição, resulta em um certo


desconforto no tronco após a atividade e pode dificultar até a execução. Pontuações
como essa devem ser mais investigadas,pois podem necessitar de mudanças.

A posição +0° a +20° que foi adotada por apenas duas pessoas, considera-se
como uma postura aceitável, mas se é executada por longo tempo também exige uma
investigação, pois, por mais que o desconforto possa ser menos, se for adotada
repetidamente aumentará os riscos.

Por fim,a posição +60° que foi observada em apenas um aluno. Como as
posições de +20° a +60°, essa também exige mais investigações ou até mais por estar
no nível máximo da tabela de pontuação.

Desse modo, a postura +60° é a que pode causar maiores riscos à saúde do
aluno, por isso é a que mais necessita de verificações e mudanças.

Ao observar as análises posturais do tronco, pode-se dizer que +20° a +60° e


+60° são as que podem causar riscos futuros aos estudantes que a adotam durante o
processo de soldagem.

Na análise postural do antebraço foi observado que parte dos alunos adotam a
postura 0° a +60° considerada aceitável, em ambos lados, conforme pode ser visto na
Tabela 2. Esta postura pode ainda apresentar riscos, mas apenas se for adotada por
muito tempo, que não foi o caso dos alunos.

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TABELA 2 - Avaliação do antebraço (lado direito e esquerdo)

ALUNOS 1 2 3 4 5 6 7

POSIÇÃO 0° a +60° 0° a +60 0° a +60 0° a +60 0° a +60 0° a +60 0° a +60

CRUZA LINHA X X X X X X X
MÉDIA

PONTUAÇÃO 2 2 2 2 2 3 3

Fonte: Autoria própria (2022).

Ainda conforme a Tabela 2, após a análise do antebraço direito e esquerdo,


conclui-se que a pontuação final é igual a 2, tanto no lado direito, quanto no
esquerdo.

A Tabela 3 traz a avaliação da postura adotada pelos alunos em relação ao seu


pescoço. Nota-se que grande parte dos alunos fica com o pescoço na posição +20°,
que torna-se preocupante, pois o pescoço encontra-se muito avançado para frente.

TABELA 3 - Avaliação do pescoço

ALUNOS 1 2 3 4 5 6 7

POSIÇÃO 0° a +20° +20° +20° +20° +20° +20° +20°

PESCOÇO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


EM
ROTAÇÃO

PESCOÇO ESTÁ NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


LATERALIZAD
O

PONTUAÇÃO 2 3 3 3 3 3 3

Fonte: Autoria própria (2022).

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Por ficarem muito tempo nessa postura, podem sentir desconfortos e até
dificuldades na movimentação. E como observado, grande parte dos alunos
permanecem por mais de 20 segundos ou até minutos com o pescoço nesta posição.
Por isso, deve ser mais analisada e requer mais cuidado, para que não ocorra riscos
maiores que atrapalhem a atividade.

Outra posição adotada por um aluno foi a de 0° a +20°, que é um pouco


semelhante à anterior, porém seus riscos são menores, mas não significa que não
exija atenção, como dito anteriormente, depende do tempo em que são empregadas e
o quanto são repetitivas.

Como pode ser observado na Tabela 4, em relação à posição dos braços e


ombros, os alunos adotaram tanto no lado direito quanto no lado esquerdo a posição
+20° a +45°, sendo atribuído então +2 pontos na análise dos mesmos.

TABELA 4 - Avaliação do ombro (lado direito e esquerdo)

ALUNO 1 2 3 4 5 6 7
S

POSIÇÃO +20° a +45° +20° a +45° +20° a +45° +20° a +45° +20° a +45° +20° a +45° +20° a +45°

OMBRO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


ELEVADO

OMBRO SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM


ABDUZIDO

BRAÇO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


APOIADO

PONTUAÇÃO
3 3 3 3 3 3 3

Fonte: Autoria própria (2022).

Nenhum estudante analisado apresentou os ombros elevados, contudo, todos


os mantinham abduzidos, sendo assim, houve um acréscimo de +1 ponto no
resultado. Sem mais acréscimos, tendo em vista que os braços dos alunos não
estavam apoiados, a análise obteve a pontuação final de 3 pontos.

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Dessa forma, levando em consideração o resultado encontrado, a investigação
com mais detalhamento se faz necessária a fim de evitar problemas futuros, uma vez
que a atividade de solda exige um esforço demorado e repetitivo.

Durante o processo de soldagem, após ser feita uma análise do punho


esquerdo e direito de alguns alunos, foram feitas algumas observações com base nas
posições, rotações e alguns outros aspectos que os alunos utilizam nesse processo,
conforme pode ser visto na Tabela 5.

TABELA 5 - Avaliação do punho (lado direito e esquerdo)

ALUNOS 1 2 3 4 5 6 7

POSIÇÃO +15° +15° +15° +15° +15° +15° +15°

DESVIO DE NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO


PUNHO

PONTUAÇÃO 3 3 3 3 3 3 3

ROTAÇÃO DISCRETA DISCRETA DISCRETA DISCRETA DISCRETA DISCRETA DISCRETA

Fonte: Autoria própria (2022).

Nota-se que todos os alunos adotam a posição +15° . Outro fator observado
foi se esses alunos tinham algum desvio de punho e logo foi constatado que nenhum
dos alunos tinham desvio. A rotação usada pelos alunos também foi observada e,
segundo a análise, todos os alunos adotam uma rotação discreta. Por último, foram
descritas suas pontuações e todos os alunos fecharam suas pontuações em 3.

Como citado no parágrafo acima, a pontuação final obtida foi 3, que é


considerada como uma postura que exige mais investigações detalhadas pelo fato dos
punhos serem a parte do corpo que durante o processo da soldagem ficam exposto
por um determinado tempo e que na maioria das vezes, alguns alunos não dão pausa
na execução da atividade.

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5.2 Identificação das partes do corpo dos estudantes que são mais afetadas

Para descobrir quais partes do corpo dos estudantes são mais afetadas pela
prática de soldagem, realizou-se uma pesquisa utilizando o diagrama de áreas
dolorosas (Mozzini, Polese e Beltrame,2008).

Foi proposto que os alunos respondessem ao questionário mostrado na


Figura 3, marcando a opção que correspondesse ao local e intensidade da dor que os
mesmos sentiam durante e/ou após a prática da soldagem, obtendo assim os
resultados mostrados na Figura 4.

FIGURA 4 - Partes do corpo mais afetadas

Fonte: Autoria própria (2022).

De acordo com o diagrama de áreas dolorosas, 99% dos alunos responderam


que sentem desconfortos musculares nos seguintes lugares: Ombro direito e
esquerdo; Antebraço direito; Punho direito e esquerdo; Mão direita e esquerda;
Pescoço; Região cervical; Costas- superior; Costa- médio; Costas- inferior.

As dores localizadas nos ombros direito e esquerdo caracterizam-se por


passarem alguns minutos expostos à atividade de solda, a falta de pausa juntamente
com o fato de estarem fora de suas posições naturais pode resultar em grandes
desconfortos, da mesma forma ocorre com o antebraço.

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O punho e a mão direita e esquerda por serem as partes que mais se
movimentam repetitivamente e por segurarem o material de solda ficam mais
expostos ao risco, podendo sentir dores após a execução da atividade, dependendo da
reação do corpo de cada indivíduo.

Em relação ao pescoço, observa-se que a posição não muda completamente


quando o soldador está em pé ou quando sentado: o pescoço continua inclinado para
baixo e para frente, onde o desconforto pode se tornar maior. Semelhantemente, na
região cervical, costas superior, costa médio e costas inferiores.

Por não estarem na postura reta, que é a correta, a dor durante e após muitas
atividades vêm em uma proporção maior, assim como as demais citadas
anteriormente.

Após se adaptarem a essas posturas, por estarem sempre na mesma repetição


podem ser considerados plausíveis riscos de distúrbios nessas diferentes partes do
corpo, que podem afetar a saúde dos indivíduos de formas diferentes e caso não
sejam solicitadas análises e demandas, dificulta mais ainda a recuperação e a melhora
dessas dores ocorrentes.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, vê-se que os esforços para melhor desenvolvimento produtivo do


trabalho aumentaram e com isso também aumentaram os riscos de doenças
ocupacionais. Quando expostos a esses riscos, após um tempo, nota-se a diminuição
da produtividade do trabalho e o consequente prejuízo à saúde do trabalhador ou
indivíduo que pratica determinada tarefa em laboratórios escolares, como é o caso do
nosso objeto de estudo. Para isso, aplica-se a ergonomia, com objetivo de garantir a
saúde do trabalhador e melhor rendimento à empresa e prevenir acidentes futuros.

Diante disso, por meio da ferramenta RULA, foram obtidos os resultados


esperados deste estudo, que tem como meta identificar os principais riscos e
desconfortos musculares dos estudantes que executam a atividade de solda no
laboratório da instituição de ensino.

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Os resultados deste estudo apontam sobre o quanto as posturas identificadas
no ato da atividade de soldagem podem afetar indivíduos futuramente e o quanto isso
pode ser preocupante pelo fato de não ser bastante abordado. Isto é notório quando se
analisa os resultados encontrados pelo Diagrama de Áreas Dolorosas, respondido
pelos alunos.

Por fim, espera-se que o trabalho possa servir de exemplo para pessoas que se
interessam pelo assunto e para que tenham mais conhecimento, principalmente
profissionais, acadêmicos, trabalhadores e que tenham objetivo de achar uma solução
ou melhoramento para o problema.

7. AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, por ter nos dado forças para finalizar este trabalho,
mesmo depois de um ano onde tivemos uma carga horária maior;

Agradecemos a professora e orientadora Elaine Medeiros, que nos orientou


da melhor forma possível e nos apoiou em cada etapa;

Aos alunos do segundo ano de eletromecânica integrado que se


disponibilizaram para responder as pesquisas;

Ao professor de produção e manutenção mecânica Raphael Henrique, que foi


generoso ao permitir nossas idas ao laboratório;

Ao técnico de laboratório Reginaldo Paiva, que permitiu que pudéssemos


analisar o laboratório e fotografar partes do ambiente.

REFERÊNCIAS
BALZ, Jéssica Beatris. ANÁLISE ERGONÔMICA DA SOLDAGEM DO
PRODUTO CABINE EM UMA INDÚSTRIA DO SETOR METAL MECÂNICA.
Orientador: Vilmar Bueno Silva, Mestre. 2015. 59 f. Dissertação (Bacharel em
Engenharia de Produção, Faculdade Horizontina, 2015.

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