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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA


CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN

IAGO DA COSTA RODRIGUES


JOÃO GABRIEL MACEDO DE ALMEIDA

A ERGONOMIA NO TRABALHO: UMA ANÁLISE SOBRE A VIDA


PROFISSIONAL

Belém - PA
2022
IAGO DA COSTA RODRIGUES
JOÃO GABRIEL MACEDO DE ALMEIDA

A ERGONOMIA NO AMBIENTE TRABALHO: UMA ANÁLISE SOBRE A VIDA


PROFISSIONAL

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso


de Bacharelado em Design, do Centro de
Ciências Naturais e Tecnologia da
Universidade do Estado do Pará, como
requisito parcial de avaliação da disciplina de
Ergonomia do Produto II, orientado pela
Profa. Ma. Brena Renata Maciel Nazaré

Belém - PA
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4
1.1 PROBLEMA DE PARTIDA 5
1.2 OBJETIVO GERAL 5
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 5
1.4 JUSTIFICATIVA 5
1.5 LIMITAÇÕES DOS TRABALHO 6
1.6 METODOLOGIA GERAL 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO 8
2.1 APLICAÇÃO DA ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO 8
2.2 MUDANÇAS OCORRIDAS NO TRABALHO DURANTE A PANDEMIA 10
2.3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 11

3 DESENVOLVIMENTO 12
3.1 APRESENTAÇÃO DO INDIVÍDUO 12
3.2 ANÁLISE DA DEMANDA 12
3.3 ANÁLISE DA TAREFA 14

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16
4

1 INTRODUÇÃO

A sociedade moderna encontra-se num contexto profissional cada vez mais


competitivo e com horários de trabalho elevados e consumidores cada vez mais
exigentes na produção e prestação de serviços, uma situação que se torna
prejudicial para os trabalhadores que se deparam com tal longo prazo. Portanto, não
há dúvida de que a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho trará benefícios à
saúde dos profissionais de diversas áreas e à produtividade das empresas citadas,
além de tornar funcionários altamente motivados e mais produtivos.
Durante a pandemia de Covid-19, foi implementada a Lei 13.979 que
recomenda o distanciamento social e a quarentena durante a pandemia. Essa lei
levou muitas empresas a adotarem um sistema de trabalho remoto para seus
funcionários, com algumas optando por continuar trabalhando em casa mesmo após
o término do período de quarentena. No entanto, muitos dos trabalhadores tidos
como necessários não passaram por essa mudança de ambiente, tendo em vista
que seus locais de trabalho são de certa forma "únicos", exemplo desses são:
motorista de ônibus, que por sua vez enfrentaram grandes dificuldades na
implementação desse “novos modos” de convivência; Policiais; e obviamente
Profissionais da área da Saúde que tiveram um papel de suma importância durante
o caos que todo o mundo enfrentou nos últimos anos.
Tendo em consideração tal exposto, é de suma importância que esses postos
de trabalho, que enfrentaram mudanças não só organizacionais, mas também
comportamentais, sejam analisados em busca de proporcionar melhorias e uma
otimização do trabalho desses profissionais. Ademais, a utilização do método de
análise ergonômica é imprescindível para que esse ambiente seja totalmente
compreendido, pois ela procura adequar todos os seus aspectos - físicos, cognitivos
e organizacionais - às necessidades, habilidades, características e limitações do
operador. (ABRAHÃO et al, 2009)
Considerando o contexto, este documento apresenta a aplicação de tais
princípios ergonômicos conforme a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) como base
teórica para a análise e diagnóstico de um posto de trabalho para encontrar
soluções que possam ser aplicadas por meio de intervenção ergonômica.
5

1.1 PROBLEMA DE PARTIDA

Como uma análise de um indivíduo em sua função pode auxiliar na


compreensão e solução das complicações presentes em um posto de trabalho de
um porteiro idoso?

1.2 OBJETIVO GERAL

Realizar uma análise de posto de trabalho de porteiro, analisar as


divergências ergonômicas e propor alterações neste.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Realizar um estudo acerca da NR17 e conceitos correlacionados para a


construção do referencial teórico;
II. Utilizar a AET para análise do posto de trabalho do usuário;
III. Utilizar técnicas de observação (fotografia, anotação, esquemas),
quantificação (estatísticas e mensurações) e procedimentos interacionais
(conversações);
IV. Propor alteração no local de trabalho com base nos dados recolhidos
previamente;

1.4 JUSTIFICATIVA

Este projeto surgiu como avaliação dos discentes na disciplina de Ergonomia


do Produto II, presentes no curso de Bacharelado em Design - UEPA, intitulado de:
“A ergonomia no ambiente de trabalho: uma análise sobre a demanda profissional.”
A ergonomia é fundamental para garantir boas condições de trabalho aos
colaboradores e evitar que sofram acidentes no ambiente de trabalho ou sofram de
doenças com DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) ou LERs
(Lesões por Esforço Repetitivo). A AET oferece uma visão holística das atividades
6

de sua empresa e propõe soluções específicas para cada problema observado,


melhorando as condições de trabalho de seus colaboradores. Melhorias no ambiente
de trabalho, entre outras coisas, ajudam a aumentar a satisfação dos funcionários e
reduzir o absenteísmo e a rotatividade de mão de obra.
De acordo com Aveiro (2010), Um posto de trabalho é uma célula ocupacional
caracterizada por um agregado de atribuições do mesmo âmbito funcional, de forma
a suprir um determinado conjunto de necessidades numa organização, num contexto
de desenvolvimento organizacional e social. A partir disso, percebe-se a
necessidade de uma análise do posto de trabalho do operador para observar seu
desempenho e identificar eventuais problemas ergonômicos no processo de
trabalho. Com a análise do local escolhido e que será apresentado mais à frente,
pretende-se propor uma otimização significativa no trabalho do sujeito da análise,
por meio da técnica de ergonomia corretiva, a partir do diagnóstico realizado.
Sobre esse prisma, é imperioso também ressaltar a intenção da produção de
um artigo científico para assim poder explorar, ampliar repertório e gerar alternativas
para a melhoria desses locais de trabalho e por consequência a melhor a
produtividade e qualidade de vida dos operadores que utilizam o posto de trabalho.

1.5 LIMITAÇÕES DOS TRABALHO

O enfoque deste trabalho delimita-se apenas à mudança organizacional do


posto de trabalho do indivíduo, mesmo que haja desejo para uma intervenção mais
consistente em prol da saúde do sujeito, por falta de fundos e tempos este trabalho
delimita a isto.
Além do posto ser compartilhado por mais de um usuário, será feita
mudanças sutis para que não afete amplamente o exercício posterior ao do indivíduo
estudado.

1.6 METODOLOGIA GERAL

Neste estudo apresenta-se a utilização da pesquisa quali-quantitativa, que


seria o processo de análise de dados que se deu através da aplicação de elementos
teóricos e metodológicos selecionados e categorias analíticas (LORGUS;
7

ODEBRECHT), fazendo uma sistematização geral e novos aspectos como


complemento do método são empregadas: pesquisas exploratórias, aplicando o
procedimento do estudo bibliográfico e estudo de caso.
Ademais, foi utilizado como auxiliar ao projeto de pesquisa a Análise
Ergonômica do Trabalho - AET abordando a forma com que o indivíduo interage
com o ambiente e a maneira na qual ele se adapta ao operador. Detendo
conhecimento da importância da AET, mais explorada no tópico 2.3, busca-se por
intermédio dela compreender melhor os fatores que contribuíram para melhoria do
local de trabalho.
Por fim, utilizando questionários de múltipla escolha, tendo como objetivo o
recolhimento de dados, empregando-os de forma a somar na construção e
enriquecimento do projeto. A geração de alternativas levará em consideração toda
falha e melhoria que possa ser identificada no ambiente, sempre comportando a
edificação de novas ideias e aperfeiçoamento do mesmo.
8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste aporte contém conceitos principais para a realização posterior da


análise ergonômica no posto de trabalho selecionado, tendo em vista noções
acerca da ergonomia no ambiente de trabalho e sobre as mudanças que a pandemia
ocasionou no modo de exercer o trabalho.

2.1 APLICAÇÃO DA ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

A ergonomia, como área de estudo e pesquisa, contribuiu de maneira singular


para a evolução do mundo. Criada após a segunda grande guerra mundial, com seu
discurso de homem-máquina, hoje em dia abrange muito outros sistemas e auxilia
nos projetos, de modo que, os produtos possam se adequar às necessidades dos
usuários, e não o oposto. (IIDA, 2005)
Como referido anteriormente, esta ciência atua para suprir as necessidades
do usuário, sejam elas limitantes ou não, contudo, mesmo que haja o conhecimento,
não necessariamente haverá a aplicação correta dos conceitos técnicos, levando a
ocasiões onde o usuário sofra de algum entrave ao utilizar ou tenha que lidar com
uma lesão decorrente da ausência ergonômica e no fim necessite de uma
reabilitação ou uma reformulação de seu ambiente ou objeto.
Tomando este ponto para discussão: em que ambiente o ser humano adulto
atua em sua maior parte do tempo? A resposta seria: realizando alguma espécie de
trabalho na qual foi designado, seja este estudando para um concurso, cuidando da
segurança de um condomínio ou produzindo uma joia. Todos estes mencionados
são apenas alguns exemplos nas quais o homem exerce sua atividade.
Afinal, o que seria trabalho? De acordo com Abrahão et al (2009)
caracteriza-se como:

Uma ação coletiva - realizada por diferentes atores , finalística - voltada para
um específico, e organizada - realizada sobre regras e delimitadores
próprios, integrando a cultura da organização e as prescrições relativas às
tarefas dos trabalhadores. (ABRAHÃO [et al] , 2009)
9

O trabalho tem seu objetivo pressuposto,este também detém regras para que
seja executado de forma correta e por fim, é necessário um lugar, um posto, na qual
o trabalho seja executado pelo usuário. Sobre o posto de trabalho podemos afirmar:

Posto de trabalho é a configuração física do sistema


homem-máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um
homem e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como
o ambiente que o circunda. Assim, uma fábrica ou um escritório seriam
formados de um conjunto de postos de trabalho. (IIDA 2005, p. 206)

Toda atividade executada detém um posto de trabalho relacionado a mesma.


Seja para um estudante, uma mesa de estudos, ou para uma costureira em seu
balcão com seu equipamento. Este posto se descreve como o local onde será
produzido algo pelo usuário, contudo, o bem estar do indivíduo ao exercer sua
função no espaço de trabalho associa-se tanto ao maior rendimento, quanto à
preservação da saúde.
Em continuidade, a ergonomia contribui para um melhor ajuste do posto de
trabalho em relação ao seu usuário. Tendo em vista dois enfoques para analisar a
unidade produtiva do indivíduo, sendo estes pontuados por Iida (2005, p. 190) como:
“O enfoque taylorista é baseado nos princípios de economia dos movimentos. O
enfoque ergonômico é baseado principalmente na análise biomecânica da postura e
nas interações entre o homem, sistema e ambiente.”
Muitos dos conceitos afirmados na linha de pensamento taylorista se
associam com as noções determinadas por Gomes Filho (2003) como os envoltório
de alcance físico, na qual se compreende que todos os instrumentos de ação do
usuário deve estar dentro de uma área espacial acessível ao alcance indivíduo, de
modo que cria-se uma relação com o método taylorista de diminuir as ações que
devem ser tomadas para realizar a atividade.
Contudo, os preceitos tayloristas valorizam somente a conservação física do
indivíduo, de modo que a ergonomia trata conceitos mais aprofundados e complexos
que trazem uma diferença clara entre os dois enfoques. A análise ergonômica visa
observar além da parte física do usuário, mas também pelo seu ambiente na qual
este está inserido, estabelecendo pontos como a antropometria humana, a
biomecânica do corpo, a importância da postura, fatores sensoriais e muitos outros.
Logo, a utilização da análise ergonômica como ferramenta para o estudo e
correção do posto de trabalho é de importância única para se conseguir um
10

resultado que harmonize as boas condições de trabalho para o indivíduo com a sua
produtividade.

2.2 MUDANÇAS OCORRIDAS NO TRABALHO DURANTE A PANDEMIA

A pandemia da COVID-19 provocou profundas alterações no mercado de


trabalho. A infecção no local de trabalho e o absenteísmo resultante são uma
preocupação para os empregadores, e a necessidade de distanciamento social
acelerou a transformação digital das empresas. À medida que o teletrabalho se
consolida, os funcionários precisam de novas habilidades para continuar realizando
as mesmas atividades do dia a dia
No Brasil, o impacto foi particularmente acentuado, não só pela queda sem
precedentes da população ocupada e economicamente ativa, mas também porque,
diferentemente das recessões anteriores, os trabalhadores informais foram mais
atingidos do que os formais. Em particular, enquanto o emprego formal caiu muito
(-4,2%) em 2020, o emprego informal caiu três vezes mais (-12,6%).
Além da queda na demanda por seus serviços, esses trabalhadores pouco
qualificados serão afetados por outra consequência da pandemia, que é a maior
concentração de empregos nas grandes empresas. Como as pequenas e médias
empresas têm menos acesso ao crédito, é provável que o número de falências
desse grupo seja maior. O aumento da concentração tende a exacerbar a
desigualdade no mercado de trabalho porque as empresas menores contratam, em
média, trabalhadores de qualidade inferior.
De acordo com o instituto McKinsey, no seu trabalho “The Future of Work after
COVID-19”, mais de 100 milhões de trabalhadores podem mudar de emprego até
2030, aumentando as projeções pré-pandemia em uma média de 12 % em oito
países e 25 % nos países desenvolvidos. As profissões que crescerão incluem
STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), assistência médica,
agenciamento de cargas e serviços voltados para negócios. profissões menos
populares são, por exemplo, gastronomia, trabalho administrativo, atendimento ao
cliente e vendas.
Embora essas pesquisas não incluam o Brasil, as conclusões da McKinsey
mostram claramente que esses efeitos também se aplicam às economias
11

emergentes, embora com intensidade apenas nos países desenvolvidos fortemente


nos Estados Unidos e se espalhando mais posteriormente para o Brasil e outros
países emergentes, sua repercussão permanente também chegará ao mercado de
trabalho.

2.3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um conjunto de técnicas


destinadas a identificar problemas na relação entre uma pessoa e sua ferramenta de
trabalho e fazer os ajustes necessários para tornar essa relação o mais saudável
possível para o trabalhador. A ergonomia no trabalho é orientada pela Norma
Regulamentadora 17 (NR 17) e abrange um conjunto de disciplinas que analisam
como o ambiente de trabalho é organizado e como os funcionários interagem com
máquinas ou equipamentos. (MASCULO; VIDAL).
De acordo com Iida, esta metodologia realiza um diagnóstico do em um
determinado contexto, a fim de fornecer recomendações a serem aplicadas, já
Wisner faz uma interessante descrição sobre esse método de análise:
Este tipo de análise é uma fase muito importante do estudo ou da
pesquisa: deve-se analisar a representatividade do autor da demanda, a
origem de demanda (demanda real e demanda formal), ou problemas
(aparentes e fundamentos), as perspectivas de ação e os meios disponíveis.
(WISNER, Alain. p. 29, 1987)

A AET se difere dos métodos científicos tradicionais, pois suas hipóteses são
construídas, validadas e/ou refutadas durante o processo. Nesta perspectiva, a
Análise Ergonômica do Trabalho atua com sentido bottom-up de investigação e
flexibilidade por meio de técnicas cuja prioridade, em termos, exige a configuração
do problema e a solicitação. Para isso, a metodologia se divide em quatro etapas.
(Abrahão [et, al] 2009).
A análise de demanda visa analisar a situação e justificar o motivo da
intervenção do ergonomista. A demanda requer um trabalho que permita explicar as
contradições, A sua compreensão permite aos interlocutores comparar o ponto de
vista do outro com o seu, ampliá-lo, construir relações, através da incorporação das
diferenças que favorecem a construção de soluções de compromisso (Abrahão [et,
12

al] 2009) Esta etapa é fundamental, pois é nesta fase que diferentes atores sociais
podem expressar suas representações sobre o problema.
Subsequente a isso, a tarefa compreende tudo aquilo que foi prescrito ao
operador. Cada tarefa analisada ocorre em um determinado cenário é decisivo,
porque muitas das restrições que os trabalhadores enfrentam para produzir vêm de
tecido e as escolhas industriais são fundamentais para entender os determinantes
de a tarefa estudada, e começar a delimitar o universo de possibilidades do
conteúdo das tarefas e a organização de curto, médio e longo prazo. (Abrahão [et,
al] 2009). A análise da própria tarefa requer a compreensão do que se espera do
trabalhador. Segundo os conceitos apresentados por Másculo, a tarefa constrange o
trabalho, delimita as possibilidades de ação e, ao mesmo tempo , a partir de a tarefa
e seus componentes é possível a ação do trabalho.
Ligada a tarefa, a análise da atividade tem como objetivo verificar tudo aquilo
que o indivíduo faz no seu posto de trabalho e que não foi prescrito anteriormente.
A Análise de atividade é fundamental para a compreensão das
diferentes dimensões envolvidas na relação homem-trabalho, pois se trata
de um estudo minucioso das ações e investimentos realizados pelos
sujeitos para atingir os objetivos do trabalho. (ABRAHÃO [et, al], 2009, p.
55)

A atividade é influenciada por fatores internos e externos (IIDA, 2005, p. 61).


Os fatores internos são aqueles voltados para o próprio trabalhador e
caracterizam-se pela sua formação, experiência, idade, entre outros, além de sua
disposição momentânea, como motivação, sono e fadiga (Iida 2005). Já os fatores
externos, de acordo com Iida (2005), são referentes às condições em que a
atividade é executada.
Por fim, o diagnóstico, para Iida, busca as causas que o problema descrito
na solicitação. Refere-se a diversos fatores, relacionados ao trabalho na empresa,
que influenciam a atividade laboral. E, também, o diagnóstico refere-se aos pontos
do sistema homem-tarefa que foi delimitado, dentro dos quais intervêm fatores cuja
natureza, o modo de influência e as possibilidades de transformações podem ser
deduzido do conhecimento de ergonomia.
Essas etapas, quando usadas de maneira correta e coerente levam o
ergonomista a desenvolver uma análise sólida capaz de proporcionar a eficiência
necessária, a otimização do ambiente e um melhor bem-estar ao operador. No
próximo tópico será exposto na prática a utilização dessa metodologia.
13

3 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo será executada a aplicação da AET como método de correção


para os problemas observados no posto de trabalho, além de introduzir o indivíduo
na qual está sendo usuário do área de trabalho.

3.1 APRESENTAÇÃO DO INDIVÍDUO

Como foco deste estudo foi escolhido o posto de trabalho de porteiro, sendo
este, o trabalhador do condomínio de um dos autores. Agenor Pereira de Araújo,
conhecido pelos moradores como “Seu Agenor", é um simpático senhor de 70 anos
nascido em 1952 que esbanja alegria para aqueles que o encontram ao entrar e sair
do condomínio.
Sempre bem caloroso com todos, preza por passar alegria para aqueles que
transitam pelo seu caminho, estimado por muitos, constantemente recebe lanches
ao exercer sua função para que não passe por alguma necessidade ao decorrer de
seu trabalho.
Todas as informações acerca de “Seu Agenor” foram devidamente
autorizadas pelo mesmo para que seja de uso acadêmico e meio de aprendizado
para os autores e futuros discentes.

3.2 ANÁLISE DA DEMANDA

Como dito anteriormente, “Seu Agenor” é muito querido pelos moradores do


condomínio e este foi um dos motivos para a escolha do posto do seu trabalho para
ser o centro da análise desta atividade. Com setenta anos (70) o principal problema
que é idealizado a princípio é como essa idade avançada não poderá ocasionar
problemas para o indivíduo ao exercer a função. E este ponto foi de estímulo para
que se fosse pensado uma maneira de otimizar seu trabalho de modo que não
ocorresse nenhuma complicação para sua saúde, ademais, de igual forma, para que
sirva de modelo para ajudar outros indivíduos na mesma situação
14

Na primeira visita realizada no local de trabalho foram notados algumas


problemáticas acerca da execução da atividade pelo “Seu agenor”, entre eles,
pequeno espaço para colocar objetos, a porta que dá acesso ao posto está com as
dobradiças com problemas ocasionando uma dificuldade para abri-la, o layout de
organização do espaço não é bem aproveitado1, além das altas cargas horária
exigida ao indivíduo, normalmente trabalhando doze horas (12h) e trocando entre
turno diurno e noturno a cada mês realizando rotatividade com outros indivíduos.

Figura 1: Layout do posto de trabalho

Fonte: Autores (2022)

Figura 2: Posto de trabalho

Fonte: Autores (2022)

1
Ver figura 1
15

Figura 3: Bancada principal de trabalho

Fonte: Autores (2022)

O local que há mais importância para o trabalho dele é a parede onde está
localizado todos os botões que realizam a abertura de todos os portões e iluminação
da quadra do condomínio. Contudo, há uma dificuldade observada pelo próprio
indivíduo em entrevista, relatando que a cadeira não conseguia ser alta suficiente,
fazendo-o ter que levantar demais os braços para poder alcançar os botões.
Como dito antes, a rotina de trabalho do “Seu Agenor" consiste em doze
horas, onde ele entra às sete horas e sai igualmente às sete horas. Havendo um
descanso de trinta e seis (36) horas até este assumir a atividade novamente,
contudo, de acordo com o sujeito, há sim momentos em que extrapola o horário.
Após as conversas, nota-se alguns pontos nas quais foram gerados hipóteses
sobre a condição do “Seu Agenor”:
1. Antropometria: Como dito, a cadeira dispõe altura suficiente para auxiliar a
atividade do sujeito, na qual tem 161cm de altura, além disso, o fato dessa
cadeira apresentar um nível abaixo do esperado, as pernas de “Seu agenor”
tendem a ficar estacionadas em forma de V;
2. Biomecânica: Observado pelo autor enquanto havia conversa, o indivíduo
necessita estender os braços para operar sua atividade, contudo, este precisa
quase estar acima do nível do ombros, gerando estresse constante da
musculação do usuário;
3. Postura: O ambiente não carece de um espaço para que a pessoa possa se
locomover brevemente, contudo, o seu assento não auxilia na correta postura
do corpo, além de haver o fator humano de não sentar de maneira correta;
4. Bem-estar: O ambiente conta com três(3) janelas para ventilação e um
ventilador internamente, contudo, de acordo com o indivíduo, mesmo com
16

estes aparatos, por causa do clima da região, esquenta frequentemente no


turno diurno e faz bastante frio durante o turno noturno;
5. Cognição: Por haver muitas janelas, além do excesso de luz (turno diurno),
ruídos sonoros e fatores climáticos, “Seu agenor” acaba ficando
sobrecarregado cognitivamente, tendo que dividir sua atenção entre operar
seu trabalho, auxiliar um morador e anotar encomendas.

3.3 ANÁLISE DA TAREFA

Nesta fase da análise faz-se necessário compreender a importância que o


ambiente que o usuário está inserido no momento em que exercer sua atividade é
de extrema relevância para que reflita em sua produtividade e saúde. O “Seu
Agenor" é um homem idoso realizando sua atividade de porteiro com primazia, sua
idade é um fator crucial para que haja necessidade do estudo.
Esta seção aborda acerca das informações prescritas ao indivíduo no
momento em que este é contratado, estas informações devem estar presentes no
contrato do empregado. Contudo, não foi possível encontrar este contrato e por isso,
foi realizada esta sessão via conversação com o “Seu Agenor".
Com base nas informações obtidas através do método interacional e
utilizando como o método de análise da tarefa do autor Iida(2005) obteve-se esta
tabela:

Tabela 1: Análise da tarefa de Iida para “Seu agenor”

Objetivo Seu objetivo como porteiro é: Manter a segurança do


condomínio, orientar visitas, dar informações aos
moradores e visitantes, facilitar o tráfego de veículos e
fazer o recebimento de entregas;

Operador Há 4 operadores, todos estes sendo homens e não


havendo treinamento prévio acerca do exercício da
função na qual foram contratados;
Sobre o indivíduo do estudo: Homem, 70 anos, 161cm
de altura, sem preparo prévio para o trabalho,
carismático e veloz na função;

Características Técnicas Interruptores de energia para utilizar os portões,


controle digital wireless para abrir os portões,
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prancheta para anotação de informações;

Aplicações O ambiente de trabalho do indivíduo é compartilhado


por outros três usuários, há somente um posto para
os porteiros e a duração é prevista enquanto
estiverem dispostos a exercer a função, e,
obviamente que tenham capacidade

Condições Operacionais O indivíduo estudado trabalha em maior parte de seu


tempo sentado, precisando se deslocar levemente
para alcançar os botões, podendo se movimentar
caso seja necessário, exigindo um esforço corporal;

Condições Ambientais O ambiente dispõe de cores neutras, iluminação


natural derivada das janelas, ventilação constante,
temperatura da área varia dependendo do clima, o
trabalhador dispõe de um ventilador caso seja
necessário, ruído constante no período diurno;

Condições Os turnos são de doze(12) horas, havendo um


Organizacionais descanso de trinta e seis(36) horas até assumir o
posto novamente, a cada mês há rotatividade nos
turnos, aqueles que estão de noite vão para manhã e
vice-versa.
Todos respondem à síndica do condomínio.
Fonte: Autores (2022)

A compreensão do que é prescrito para o usuário de como exercer sua


função é de suma importância para entender posteriormente como na verdade esta
atividade tem sido realizada.
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abrahão, Júlia, [et al]. Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo:
Blucher, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NR 17: Ergonomia. Rio de


Janeiro, 1978.

GOMES FILHO, João. Ergonomia do Produto: sistema técnico de leitura


ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.

IIDA, Itiro. Ergonomia: produto e produção. 2º Edição versão revista e ampliada.


São Paulo: Blucher, 2005.

LORGUS, Alexandra Luiz; ODEBRECHT, Clarisse. Metodologia de Pesquisa


Aplicada ao Design. Blumenau: Edifurb, 2011.

MÁSCULO,Francisco Soares; VIDAL, Mario César. Ergonomia: Trabalho


adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier/ ABEPRO,2011.

Wisner, Alain. Por dentro do trabalho: ergonomia: método e técnica. Alain


Wisner; [tradução: Flora Maria Gomide Vezzá]. - São Paulo: FTD: Oboré, 1987.

MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE. The future of work after COVID-19. Atlanta,


2021

UNIVERSIDADE DE AVEIRO. Análise e definição dos postos de trabalho.


Portuga, 2010.

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