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ANÁLISE ERGONÔMICA DE UM POSTO DE

TRABALHO EM UMA EMPRESA DE


RECAUCHUTAGEM DE PNEUS NA CIDADE DE
CAMPINA GRANDE - PB
GABRIEL ALEJANDRO PALMA DE MÉLO - gabriel-palma@hotmail.com
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG

IVANILDO FERNANDES ARAUJO - ivanildofaraujo@gmail.com


UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG

Área: 4 - ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO


Sub-Área: 4.3 - BIOMECÂNICA OCUPACIONAL

Resumo: NESTE TRABALHO FOI REALIZADA UMA ANÁLISE ERGONÔMICA DO


TRABALHO (AET) EM UM DOS POSTOS DO SETOR PRODUTIVO DE UMA
EMPRESA DE RECAUCHUTAGEM DE PNEUS LOCALIZADA NA CIDADE DE
CAMPINA GRANDE-PB. A COLETA DE DADOS FOI FEITA A PARTIR DA VISITA
TÉCCNICA, DE REGISTROS FOTOGRÁFICOS E DE CONVERSAS INFORMAIS COM
OPERÁRIOS E GESTORES. A ANÁLISE DOS DADOS FOI FEITA ACOMPANHANDO O
PROCESSO DE PRODUÇÃO PARA DEFINIR O PONTO MAIS CRÍTICO EM FUNÇÃO
AOS ASPECTOS ERGONÔMICOS ENCONTRADOS, APLICANDO OS MÉTODOS
OWAS E RULA ATRAVÉS DO SOFTWARE ERGOLÂNDIA 5.0, E COMPARANDO SEUS
RESULTADOS. A PARTIR DAS AVALIAÇÕES REALIZADAS NO POSTO DE
TRABALHO SELECIONADO FOI POSSÍVEL ENCONTRAR ALGUMAS FONTES DE
INADEQUAÇÕES ERGONÔMICAS, RELACIONADAS COM AS OPERAÇÕES DE
LEVANTAMENTO E COLOCAÇÃO DE CARCAÇAS DE PNEU NUMA MÁQUINA. A
PARTIR DISSO FOI SUGERIDA A INCORPORAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO PARA
ELEVAÇÃO E TRANSPORTE DAS CARCAÇAS DE PNEUS POR MEIO DE TRILHOS
SUSPENSOS COM SISTEMA ROLANTES OU ELEVADOR SUSPENSO EM
CORRENTES CONTÍNUAS, A FIM DE ELIMINAR AS INADEQUAÇÕES
IDENTIFICADAS.

Palavras-chaves: MÉTODO OWAS; MÉTODO RULA; RECAUCHUTAGEM DE


PNEUS.
XXIV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuições Da Engenharia De Produção Para Uma Economia De Baixo Carbono
Bauru, SP, Brasil, 8 a 10 de novembro de 2017

ERGONOMIC ANALYSIS OF A WORK POSITION


IN A TYRE RETREADING COMPANY IN
THE CITY OF CAMPINA GRANDE - PB
Abstract: IN THIS WORK AN ERGONOMIC WORK ANALYSIS (EWA) WAS
PERFORMED AT WORKSTATION IN THE PRODUCTION SECTOR OF A TIRE
RETREADING COMPANY LOCATED IN THE CITY OF CAMPINA GRANDE-PB. THE
DATA COLLECTION WAS DONE FROM THE TECHNICAL VISIT, PHOTOGRAPHIC
RRECORDS AND INFORMAL CONVERSATIONS WITH WORKERS AND MANAGERS.
THE ANALYSIS OF THE DATA WAS DONE FOLLOWING THE PRODUCTION
PROCESS TO DEFINE THE MOST CRITICAL POINT IN FUNCTION TO THE
ERGONOMIC ASPECTS FOUND, BY APPLICATION THE OWAS AND RULA
METHODS THROUGH SOFTWARE ERGOLÂNDIA 5.0 AND COMPARING THEIR
RESULTS. FROM THE EVALUATIONS CARRIED OUT AT THE SELECTED
WORKSTATION IT WAS POSSIBLE TO FIND SOME SOURCES OF ERGONOMIC
INADEQUACIES RELATED TO THE LIFTING AND PLACEMENT OF TIRE CASINGS
AN MACHINE. FROM THIS, IT WAS SUGGESTED TO INCORPORATE AN
EQUIPMENT FOR LIFTING AND TRANSPORTING THESE TIRE CASINGS BY MEANS
OF SUSPENDED RAILS WITH ROLLING SYSTEMS OR LIFTER SUSPENDED IN
CONTINUOUS CHAINS ABOVE THE WORK STATION, IN ORDER TO ELIMINATE
THE IDENTIFIED INADEQUACIES.

Keyword: OWAS METHOD; RULA METHOD; TIRE RETREADING.

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1 Introdução

A economia mundial está cada vez mais globalizada e, com isso, a permanência das
empresas nos mercados de produtos e serviços torna-se cada vez mais difícil, pois a disputa
por clientes é cada vez mais intensa. Assim, o preço de venda dos bens produzidos é o fator
mais importante para que uma empresa se destaque frente a seus concorrentes sendo, portanto,
necessário maximizar sua produtividade, diminuir as perdas de produção e, assim, os custos
finais dos produtos.
Neste contexto, Motta (2009) afirma ser necessário que as empresas se preocupem com
a saúde de seus trabalhadores para que eles frente a melhores condições laborais possam ser
mais eficientes. A ergonomia torna-se uma ferramenta importante nesse processo, uma vez
que possibilita a adequação do trabalho ao ser humano, através da análise ergonômica e
sugestão de propostas de melhoria do ambiente e postos de trabalho.
É comum ver-se que trabalhadores adotam posturas inadequadas na realização de suas
atividades, o que pode ocasionar, desde fadiga muscular, até doenças ocupacionais. Para
amenizar esta situação existem normas que estabelecem parâmetros mínimos para a realização
do trabalho dentro das empresas, que têm o intuito de melhorar adaptar ambiente ao
trabalhador. No Brasil a Norma Regulamentadora 17 Ergonomia - NR 17 (MINISTÉRIO DO
TRABALHO, 1992) é a norma que rege estes parâmetros.
Neste sentido, este trabalho tem o propósito de realizar uma Análise Ergonômica do
Trabalho (AET) em um dos postos do setor produtivo de uma empresa de recauchutagem de
pneus localizada na cidade de Campina Grande-PB, para verificar se existem fontes de
inadequações para os trabalhadores e sugerir ações de melhorias.

2 Referencial Teórico

2.1 Ergonomia

Durante a segunda Guerra Mundial surgem instrumentos bélicos bastante sofisticados,


tais como tanques e aviões. Tais artefatos exigiam muito dos operadores que, além da
dificuldade normal de operação, tinham que operar em condições de muita tensão, nas quais
um erro poderia ser fatal. Por este motivo era necessário um esforço para entender as
características e capacidades destes operadores para, assim, adaptar os instrumentos à
realidade de uso, pois isto reduziria a fadiga e, consequentemente, os acidentes (IIDA, 2005).
Murrell (1965) apud Iida (2005) afirma que a ergonomia tem uma data “oficial” de
nascimento, em 12 de julho de 1949, data em que vários cientistas e pesquisadores se

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reuniram em Inglaterra para discutir e formalizar a existência de uma nova ciência, e a


batizaram de Ergonomia. Tal nome foi definido a partir da junção dos termos gregos “ergon”,
que significa trabalho, e “nomos”, que significa regras.
Segundo Iida (2005) a Ergonomia pode ser definida como a adaptação do trabalho ao
ser humano. Assim, o trabalho é entendido como qualquer situação em que ocorre o
relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva, seja em relação ao espaço físico ou
aos aspectos organizacionais. O autor afirma, ainda, que a Ergonomia é necessária para que o
trabalho possa atingir os resultados desejados.
A IEA - Associação Internacional de Ergonomia (2000) define a ergonomia,
formalmente, como uma disciplina científica destinada ao entendimento das interações entre
os seres humanos com outros elementos do sistema, bem como a aplicação de conhecimentos
para a melhoria do bem-estar humano. Logo, os ergonomistas atuam no planejamento, projeto
e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos e ambientes, para torná-los compatíveis
às necessidades, habilidades e limitações das pessoas.
Existem vários métodos para realização de análise ergonômica. A seguir, serão
mostrados os métodos OWAS, RULA e as diretrizes da NR 17.

2.1 Método OWAS

O método OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) é um sistema prático de


registro de posturas desenvolvido pelos pesquisadores Kauku, Kansi e Kuorinka em 1977, que
teve suas origens na análise fotográfica de posturas comumente encontradas nas indústrias. O
método apresenta 72 posturas típicas, que resultaram de diversas combinações das posições
do dorso, braços e pernas (IIDA, 2005). A Figura 1 mostra um exemplo do Sistema OWAS
para registro de posturas.

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Figura 1 – Sistema OWAS para registro de posturas. Fonte: Iida (2005)

Cada uma destas posturas é classificada segundo quatro grupos de acordo com o
desconforto que ocasiona no trabalhador e o tempo de duração da postura em relação à
jornada de trabalho, expresso em forma percentual. Cada grupo de classificação atende às
características da postura e ao nível de atenção que se deve dispensar a mesma:
- Classe 1: Postura normal que, a não ser em casos excepcionais, dispensa cuidados.
- Classe 2: Postura que deve ser revisada na próxima revisão de rotina;
- Classe 3: Postura que requer atenção a curto prazo;
- Classe 4: Postura que requer atenção imediata.

2.2 Método RULA

O método RULA é uma adaptação do método OWAS, uma vez que é acrescido de
outras variáveis, tais como força, repetição e amplitude do movimento articular
(McATAMNEY e CORLETT, 1993).
O método RULA é baseado em uma avaliação do pescoço, tronco e dos membros
superiores e inferiores do corpo do trabalhador, agrupando-os em dois grupos: grupo “A”,

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formado pelos membros superiores (braços, antebraços e punhos), e grupo “B”, formado por
pescoço, tronco e membros inferiores (pernas e pés). Logo, esta avaliação é feita enquadrando
posturas de acordo com as angulações entre os membros do corpo para, a partir disto, obter
escores numéricos, usados para definir o nível de ação a ser seguido. Estes valores são
colocados em duas tabelas, referentes a cada um dos grupos; o resultado alimenta uma terceira
tabela, que mostra a pontuação geral (McATAMNEY e CORLETT, 1993).
Os valores atribuídos para cada situação podem ser vistos nos Quadros 1 e 2, e o nível
de ação a ser tomado para a pontuação geral na Quadro 3.

Quadro 1 – Contração muscular. Fonte: Adaptado de McAtmney e Corlett. (1993)

Quadro 2 – Força e carga. Fonte: Adaptado de McAtmney e Corlett. (1993)

Quadro 3 – Pontuação geral. Fonte: Adaptado de McAtmney e Corlett. (1993)

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3 Aspectos metodológicos

A pesquisa foi realizada em uma empresa de recauchutagem de pneus da cidade de


Campina Grande – PB, caracteriza-se como estudo de caso (MORESI, 2003), foram
levantadas informações sobre o funcionamento da empresa, para, posteriormente, realizar a
análise e aplicação corretiva dos aspectos técnicos inadequados. Esta empresa foi selecionada
porque o processo desenvolvido possibilita um bom estudo ergonômico, e pelo interesse
demostrado pelos proprietários para a realização da pesquisa, assim como das propostas que
puderam ser efetuadas após a sua finalização.
A coleta de dados foi feita em visita in loco à fábrica, acompanhando o processo nos
dois turnos de produção, realizando registros fotográficos e mantendo conversas informais
com operários e gestores, buscando identificar problemas existentes.
A análise de dados foi realizada nas seguintes etapas:
a) Processo de produção: Nesta etapa foi analisado o funcionamento do processo de
fabricação, com o objetivo de identificar demandas ergonômicas;
b) Análise ergonômica do posto de trabalho: Nesta etapa foi definido o ponto considerado
mais crítico em função dos aspectos ergonômicos encontrados. Posteriormente foi feita a
análise ergonômica do mesmo, utilizando o software Ergolândia 5.0, copia adquirida por
um dos autores, aplicando o método OWAS e o método RULA;
c) Análise dos resultados: Nesta etapa foi feita uma análise dos resultados obtidos com a
aplicação dos métodos de análise RULA e OWAS;
d) Proposta de soluções: Nesta etapa foram apresentadas sugestões de soluções aos
problemas identificados.

4 Análise dos dados

4.1 Processo de produção

O processo de produção consiste no recondicionamento de pneus usados, e é realizado


através de várias etapas. Este processo começa com o recebimento de carcaças de pneus
usados, que são cuidadosamente inspecionados para determinar seu estado de conservação.
Passada esta etapa, algumas carcaças são descartadas, uma vez que estão com a estrutura
comprometida e não podem ser recondicionadas, enquanto as aprovadas são levadas ao
estoque, onde são armazenadas até a etapa seguinte de produção.

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Uma vez aprovadas para continuar no processo de produção, seguem para a etapa de
raspagem que consiste em raspar a superfície da carcaça para eliminar a sua antiga superfície
de rodagem da carcaça, conhecida como pegada. Logo após, é feita a “escariação”, que é a
operação de lixamento, necessária para deixar a pegada da carcaça totalmente lisa. Finalizada
esta operação, verifica-se se há avaria nas carcaças e, caso existam, seguem para a área de
conserto; caso contrário, seguem para a etapa seguinte de produção.
Dando continuidade ao processo, as carcaças seguem para a área de colagem, onde
recebem uma aplicação de adesivo na superfície de rodagem, anteriormente lixada e passam
por um período de secagem. Posteriormente, as carcaças iniciam a etapa de “roletagem”, que
consiste na colocação de uma nova superfície de rodagem, aplicando pressão mecânica para
ajudar na fixação. Após isso, os pneus partem para a etapa de vulcanização, onde as novas
rodagens são fixadas definitivamente pelo processo de vulcanização térmica.
Para finalizar, os pneus totalmente recondicionados seguem para o acabamento, onde
são retirados alguns filamentos e retraços de material e em seguida é feita a inspeção final do
produto. Feito isto, os pneus já recauchutados são levados para o estoque, onde aguardam a
expedição. O fluxograma do processo produtivo está mostrado na Figura 3.

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Figura 2 - Fluxograma do processo produtivo. Fonte: Autoria própria (2017).

4.2 Análise ergonômica

4.2.1 Posto de trabalho

Para o presente trabalho foi escolhido o posto de trabalho onde é realizada a operação
de escariação. A escolha foi motivada pelo fato de constatar na visita in loco e através dos
relatos dos operários, que essa atividade exige mais esforço físico. Esta operação é realizada
numa máquina semi-automatizada, para escariação de pneus. Uma imagem desta máquina
está ilustrada na Figura 3.

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(a) (b)

Figura 3 – Máquina de escariar pneus em vista (a) frontal e (b) lateral. Fonte: Autoria própria (2017)

O trabalho do operário consiste em alimentar a máquina com a carcaça de pneu usado,


levantando-a do chão e colocando-a na mesma. O peso de uma carcaça de pneu oscila entre 5
Kg e 10 Kg, dependendo do tamanho, o que torna esta atividade desgastante. Uma foto desta
operação pode ser vista na Figura 4.

Figura 4 – Colocação da carcaça de pneu na máquina. Fonte: Autoria própria (2017)

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Depois da colocação do pneu, a máquina é programada para enchê-lo de ar, pois a


escariação deve ser feita com o pneu cheio. Feito isto, o pneu começa a girar, enquanto o
operador pressiona a lixadeira da máquina contra a superfície de rodagem, realizando a
escariação. Esta operação requer bastante força e esforço físico do operador e pode ser vista
na Figura 5.

Figura 5 – Escariação da carcaça de pneu. Fonte: Autoria própria (2017)

Acabada esta operação, a carcaça deve ser retirada da máquina e ser substituída por
outra, pelo operador, para dá-se prosseguimento a realização da tarefa. Em uma hora de
atividade são escariadas, aproximadamente, dez carcaças, sendo que esta operação repetida
durante toda a jornada de trabalho.

4.2.2 Aplicação do método OWAS

Para a análise deste posto de trabalho, a atividade foi dividida em duas operações, quais
sejam: o carregamento/descarregamento de carcaças e a operação de escariação, propriamente
dita. Esta análise foi feita com auxílio do software Ergolândia versão 5.0, com licença
adquirida por um dos autores. Os resultados são mostrados a seguir:
A análise da operação de carregamento/descarregamento pelo método OWAS teve
como resultado a “necessidade de aplicações de ações corretivas do posto de trabalho em um
futuro próximo”. Este resultado pode ser visto na Figura 6.

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Figura 6 – Análise da operação de carregamento/descarregamento pelo método OWAS. Fonte: Autoria própria
(2017)

A análise da operação de escariação pelo método OWAS, também realizada com o


software Ergolandia 5.0, identificou que não serão necessárias ações corretivas na operação
do posto de trabalho. Este resultado pode ser visto na Figura 7.

Figura 7 – Análise da operação de escariação pelo método OWAS. Fonte: Autoria própria (2017)

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4.2.3 Aplicação do método RULA

De forma semelhante à análise anterior, esta avaliação considerará as mesmas etapas:


carregamento/descarregamento de pneus e o processo de escariação. Também será utilizado o
software computacional Ergolândia 5.0.
A análise pelo método RULA obteve escores 3 (três) iguais para as duas etapas, o que
significa que elas devem ser revisadas e que talvez sejam necessárias algumas modificações.
Este resultado pode ser visto na Figura 8.

Figura 8 – Resultado da análise RULA para as duas etapas. Fonte: Autoria própria (2017)

4.3 Análise comparativa dos resultados obtidos a partir dos métodos OWAS e RULA

Como pode ser observado, as análises pelos métodos OWAS e RULA apresentam
resultados muito próximos para as avaliações das posturas utilizadas pelo operador nas
operações de carregamento/descarregamento, que consiste em levantar e colocar a carcaça de
pneu na máquina e, ainda, para a escariação deve ser revisada em um futuro próximo, pois há
a possibilidade de comprometimento do bem-estar e da saúde do operador. Entretanto, há uma
diferença nos resultados obtidos entre os dois métodos de análise. O resultado da análise
OWAS mostra que não são necessárias correções, enquanto que o resultado da análise RULA
mostra que essa postura deve ser revisada.
A diferença entre esses resultados se deve ao fato de que o método RULA faz uma
análise mais profunda das posturas de trabalho, uma vez que levam em consideração algumas
variáveis não utilizadas pelo método OWAS. Logo, a análise pelo método RULA é mais

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detalhada, por envolver mais variáveis, permitindo, assim, obter-se resultados mais
confiáveis.

4.4 Sugestões de melhoria

De acordo com a análise feita, o principal problema de postura existente está


relacionado com a colocação da carcaça de pneu na máquina. Acredita-se que este problema
possa ser contornado realizando-se o carregamento com uso de um equipamento destinado à
elevação e transporte das carcaças de pneus por meio de trilhos suspensos com sistema
rolantes ou elevador suspenso em correntes contínuas acima do posto de trabalho, similar ao
proposto na Figura 9. Se realizada, esta mudança traria melhores condições de trabalho para
os operários, em função da melhoria da movimentação da carga onde o trabalhador deslocaria
a carga com uma força horizontal com pequena porcentagem do seu peso real, o que
provavelmente teriam um aumento na sua produtividade. Além disso, a correção do problema
também serviria para evitar o surgimento de doenças ocupacionais decorrentes da má postura
no trabalho.

Figura 9 – Sugestão de melhoria para o posto de trabalho. Fonte: Autoria própria (2017)

5 Considerações finais

A partir das avaliações realizadas pelos métodos OWAS e RULA, no posto de trabalho
da empresa e dos questionamentos feitos junto aos trabalhadores foi possível identificar
algumas fontes de inadequações ergonômicas e apresentar uma proposta de solução para
estas, mas caberá aos gestores da empresa decidir se é conveniente, ou não, implantá-la.

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O trabalho permitiu ter ciência da importância da realização de análises ergonômicas na


busca de fontes de desconforto nos postos de trabalho, pois estas possibilitam que sejam
realizadas propostas de correção dos erros cometidos durante a realização do trabalho, antes
do surgimento de problemas de saúde, tais como as doenças ocupacionais. Assim, este estudo,
realizado em uma empresa recauchutadora de pneus, poderá servir de base para a realização
de análises e posteriores correções ou aperfeiçoamento de sistemas produtivos de outras
fábricas.

Referências
IEA, International Ergonomics Association (Associação Internacional de Ergonomia). Disponível em:
<http://www.iea.cc/whats/index.html>. Acesso em 30 de março de 2016.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção/ Itiro Iida. 2ed. São Paulo: Blucher, 2005.
McATAMNEY, L.; CORLETT, E. N. RULA: A Survey Method for the Investigation Ofwork-Related
Upper Limb Disorders. UK. Applied Ergonomics, v.24, n.2, p. 91-99, 1993.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. Norma Regulamentadora 17. São Paulo, 1992.
MORESI, E. Metodologia da Pesquisa. Brasília: UCB, 2003.
MOTTA, F., V. Avaliação Ergonômica de Postos de Trabalho no Setor de Pré-Impressão de uma Indústria
Gráfica. Trabalho de conclusão de curso – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais,
2009.

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