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XXIV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuições Da Engenharia De Produção Para Uma Economia De Baixo Carbono
Bauru, SP, Brasil, 8 a 10 de novembro de 2017
1 Introdução
A economia mundial está cada vez mais globalizada e, com isso, a permanência das
empresas nos mercados de produtos e serviços torna-se cada vez mais difícil, pois a disputa
por clientes é cada vez mais intensa. Assim, o preço de venda dos bens produzidos é o fator
mais importante para que uma empresa se destaque frente a seus concorrentes sendo, portanto,
necessário maximizar sua produtividade, diminuir as perdas de produção e, assim, os custos
finais dos produtos.
Neste contexto, Motta (2009) afirma ser necessário que as empresas se preocupem com
a saúde de seus trabalhadores para que eles frente a melhores condições laborais possam ser
mais eficientes. A ergonomia torna-se uma ferramenta importante nesse processo, uma vez
que possibilita a adequação do trabalho ao ser humano, através da análise ergonômica e
sugestão de propostas de melhoria do ambiente e postos de trabalho.
É comum ver-se que trabalhadores adotam posturas inadequadas na realização de suas
atividades, o que pode ocasionar, desde fadiga muscular, até doenças ocupacionais. Para
amenizar esta situação existem normas que estabelecem parâmetros mínimos para a realização
do trabalho dentro das empresas, que têm o intuito de melhorar adaptar ambiente ao
trabalhador. No Brasil a Norma Regulamentadora 17 Ergonomia - NR 17 (MINISTÉRIO DO
TRABALHO, 1992) é a norma que rege estes parâmetros.
Neste sentido, este trabalho tem o propósito de realizar uma Análise Ergonômica do
Trabalho (AET) em um dos postos do setor produtivo de uma empresa de recauchutagem de
pneus localizada na cidade de Campina Grande-PB, para verificar se existem fontes de
inadequações para os trabalhadores e sugerir ações de melhorias.
2 Referencial Teórico
2.1 Ergonomia
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Cada uma destas posturas é classificada segundo quatro grupos de acordo com o
desconforto que ocasiona no trabalhador e o tempo de duração da postura em relação à
jornada de trabalho, expresso em forma percentual. Cada grupo de classificação atende às
características da postura e ao nível de atenção que se deve dispensar a mesma:
- Classe 1: Postura normal que, a não ser em casos excepcionais, dispensa cuidados.
- Classe 2: Postura que deve ser revisada na próxima revisão de rotina;
- Classe 3: Postura que requer atenção a curto prazo;
- Classe 4: Postura que requer atenção imediata.
O método RULA é uma adaptação do método OWAS, uma vez que é acrescido de
outras variáveis, tais como força, repetição e amplitude do movimento articular
(McATAMNEY e CORLETT, 1993).
O método RULA é baseado em uma avaliação do pescoço, tronco e dos membros
superiores e inferiores do corpo do trabalhador, agrupando-os em dois grupos: grupo “A”,
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formado pelos membros superiores (braços, antebraços e punhos), e grupo “B”, formado por
pescoço, tronco e membros inferiores (pernas e pés). Logo, esta avaliação é feita enquadrando
posturas de acordo com as angulações entre os membros do corpo para, a partir disto, obter
escores numéricos, usados para definir o nível de ação a ser seguido. Estes valores são
colocados em duas tabelas, referentes a cada um dos grupos; o resultado alimenta uma terceira
tabela, que mostra a pontuação geral (McATAMNEY e CORLETT, 1993).
Os valores atribuídos para cada situação podem ser vistos nos Quadros 1 e 2, e o nível
de ação a ser tomado para a pontuação geral na Quadro 3.
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3 Aspectos metodológicos
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Uma vez aprovadas para continuar no processo de produção, seguem para a etapa de
raspagem que consiste em raspar a superfície da carcaça para eliminar a sua antiga superfície
de rodagem da carcaça, conhecida como pegada. Logo após, é feita a “escariação”, que é a
operação de lixamento, necessária para deixar a pegada da carcaça totalmente lisa. Finalizada
esta operação, verifica-se se há avaria nas carcaças e, caso existam, seguem para a área de
conserto; caso contrário, seguem para a etapa seguinte de produção.
Dando continuidade ao processo, as carcaças seguem para a área de colagem, onde
recebem uma aplicação de adesivo na superfície de rodagem, anteriormente lixada e passam
por um período de secagem. Posteriormente, as carcaças iniciam a etapa de “roletagem”, que
consiste na colocação de uma nova superfície de rodagem, aplicando pressão mecânica para
ajudar na fixação. Após isso, os pneus partem para a etapa de vulcanização, onde as novas
rodagens são fixadas definitivamente pelo processo de vulcanização térmica.
Para finalizar, os pneus totalmente recondicionados seguem para o acabamento, onde
são retirados alguns filamentos e retraços de material e em seguida é feita a inspeção final do
produto. Feito isto, os pneus já recauchutados são levados para o estoque, onde aguardam a
expedição. O fluxograma do processo produtivo está mostrado na Figura 3.
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Para o presente trabalho foi escolhido o posto de trabalho onde é realizada a operação
de escariação. A escolha foi motivada pelo fato de constatar na visita in loco e através dos
relatos dos operários, que essa atividade exige mais esforço físico. Esta operação é realizada
numa máquina semi-automatizada, para escariação de pneus. Uma imagem desta máquina
está ilustrada na Figura 3.
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(a) (b)
Figura 3 – Máquina de escariar pneus em vista (a) frontal e (b) lateral. Fonte: Autoria própria (2017)
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Acabada esta operação, a carcaça deve ser retirada da máquina e ser substituída por
outra, pelo operador, para dá-se prosseguimento a realização da tarefa. Em uma hora de
atividade são escariadas, aproximadamente, dez carcaças, sendo que esta operação repetida
durante toda a jornada de trabalho.
Para a análise deste posto de trabalho, a atividade foi dividida em duas operações, quais
sejam: o carregamento/descarregamento de carcaças e a operação de escariação, propriamente
dita. Esta análise foi feita com auxílio do software Ergolândia versão 5.0, com licença
adquirida por um dos autores. Os resultados são mostrados a seguir:
A análise da operação de carregamento/descarregamento pelo método OWAS teve
como resultado a “necessidade de aplicações de ações corretivas do posto de trabalho em um
futuro próximo”. Este resultado pode ser visto na Figura 6.
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Figura 6 – Análise da operação de carregamento/descarregamento pelo método OWAS. Fonte: Autoria própria
(2017)
Figura 7 – Análise da operação de escariação pelo método OWAS. Fonte: Autoria própria (2017)
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Figura 8 – Resultado da análise RULA para as duas etapas. Fonte: Autoria própria (2017)
4.3 Análise comparativa dos resultados obtidos a partir dos métodos OWAS e RULA
Como pode ser observado, as análises pelos métodos OWAS e RULA apresentam
resultados muito próximos para as avaliações das posturas utilizadas pelo operador nas
operações de carregamento/descarregamento, que consiste em levantar e colocar a carcaça de
pneu na máquina e, ainda, para a escariação deve ser revisada em um futuro próximo, pois há
a possibilidade de comprometimento do bem-estar e da saúde do operador. Entretanto, há uma
diferença nos resultados obtidos entre os dois métodos de análise. O resultado da análise
OWAS mostra que não são necessárias correções, enquanto que o resultado da análise RULA
mostra que essa postura deve ser revisada.
A diferença entre esses resultados se deve ao fato de que o método RULA faz uma
análise mais profunda das posturas de trabalho, uma vez que levam em consideração algumas
variáveis não utilizadas pelo método OWAS. Logo, a análise pelo método RULA é mais
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detalhada, por envolver mais variáveis, permitindo, assim, obter-se resultados mais
confiáveis.
Figura 9 – Sugestão de melhoria para o posto de trabalho. Fonte: Autoria própria (2017)
5 Considerações finais
A partir das avaliações realizadas pelos métodos OWAS e RULA, no posto de trabalho
da empresa e dos questionamentos feitos junto aos trabalhadores foi possível identificar
algumas fontes de inadequações ergonômicas e apresentar uma proposta de solução para
estas, mas caberá aos gestores da empresa decidir se é conveniente, ou não, implantá-la.
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Referências
IEA, International Ergonomics Association (Associação Internacional de Ergonomia). Disponível em:
<http://www.iea.cc/whats/index.html>. Acesso em 30 de março de 2016.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção/ Itiro Iida. 2ed. São Paulo: Blucher, 2005.
McATAMNEY, L.; CORLETT, E. N. RULA: A Survey Method for the Investigation Ofwork-Related
Upper Limb Disorders. UK. Applied Ergonomics, v.24, n.2, p. 91-99, 1993.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. Norma Regulamentadora 17. São Paulo, 1992.
MORESI, E. Metodologia da Pesquisa. Brasília: UCB, 2003.
MOTTA, F., V. Avaliação Ergonômica de Postos de Trabalho no Setor de Pré-Impressão de uma Indústria
Gráfica. Trabalho de conclusão de curso – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais,
2009.
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