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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”

Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.

APLICAÇAO DA ANÁLISE
ERGONÔMICA DO TRABALHO DO
SOLDADOR

Erica Barbosa de Sousa (Uepa)


ericabarbosadesousa@hotmail.com
Nathalia Vitoria Mendonca Braga (Uepa)
nathaliavitoria237@gmail.com
Nathalia Jessica Benthien Oliveira (Uepa)
natybenthien@hotmail.com
Maria Natalia De Andrade Rodrigues (Uepa)
marianataliadeandraderodrigues@hotmail.com
Aila Kamille Rodrigues Campos (Uepa)
ailakamille7@gmail.com

O presente estudo foi realizado na cidade de Redenção - PA com o


objetivo de analisar o posto de trabalho de um soldador. O estudo foi
embasado na metodologia da análise ergonômica do trabalho (AET).
Na análise da demanda foram observados os problemas no ambiente
de trabalho e as queixas dos trabalhadores quanto aos sintomas após o
trabalho, como dores de cabeça e nas costas; na análise da tarefa, foi
observado se o trabalhador trabalha conforme o que lhe é prescrito,
concluindo que o trabalho sim é realizado da forma correta, porém é
comprometido devido ao não uso dos equipamentos de segurança
individual (EPI); e na análise da atividade observou-se o
comportamento do trabalhador em relação ao seu trabalho. Após as
análises foi estruturado um quadro demonstrativo que mostra o
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diagnóstico ergonômico e as recomendações para adequação do posto


de trabalho estudado. Foram utilizados para nortear o presente estudo,
fontes bibliográficas a respeito dos conceitos e das teorias, que
envolvem a ergonomia e os riscos físicos, químicos e riscos de acidente
que o trabalho pode transmitir para o trabalhador.

Palavras-chave: Ergonomia, Análise Ergonômica do trabalho, Riscos

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1. Introdução

Os conceitos e benefícios da ergonomia têm sido amplamente divulgados nos últimos


anos, porém apesar de saberem da importância da aplicação das práticas ergonômicas para os
funcionários e para as instituições, ainda é muito difícil encontrar empresas que adaptem o
serviço aos servidores, se não por meio de fiscalização constante dos órgãos competentes, e
ainda assim, o foco maior é dado a prevenção de acidentes de trabalho, não necessariamente
as adequações dos postos de trabalho.
De acordo com Iida (2005) a ergonomia consiste no estudo da adaptação do trabalho
ao homem. Essa adaptação parte do trabalho para o homem, o estudo da ergonomia inicia em
analisar as características do trabalhador para assim projetar o trabalho que ele consegue
desenvolver, preservando sempre sua saúde. A ergonomia visa como prioridade a saúde,
segurança e satisfação do trabalhador, reduzindo a fadiga, estresse, erros e acidentes
proporcionando satisfação e saúde aos trabalhadores.

“A ergonomia do ambiente se dedica às questões de adaptabilidade e conformidade


do espaço às tarefas e atividades nele desenvolvidas. Para o alcance deste objetivo ela utiliza
elementos da antropometria, da psicologia ambiental, da ergonomia cognitiva e da análise
ergonômica do trabalho - AET. Alguns conceitos de conforto térmico, acústico, de iluminação
e cromático também, compõe o leque de preocupações contempladas na concepção de
ambientes ergonomicamente adequados. ” (VILLAROUCO,2002)

Este trabalho consiste em uma análise ergonômica do trabalho em um ambiente de


trabalho pesado, que exige muito esforço. Foi analisada uma empresa que trabalha com a
fabricação de peças de ferro, realizando os processos de usinagem, soldagem e montagem. A
análise trata apenas do posto de trabalho soldagem, por ser a atividade considerada de maior
risco para os trabalhadores. Observou-se que apesar da empresa fornecer os EPI’s necessários
para o desenvolvimento da atividade, alguns funcionários não fazem uso. E as questões
ergonômicas não são prioridades dentro do ambiente de trabalho, o que causa transtornos

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como queixas de dores de cabeça, zumbido no ouvido, e excesso de transpiração devido as


altas temperaturas.

2. Ergonomia

Existem vários conceitos do termo ergonomia, em geral, todos concordam que a


ergonomia estuda o processo de interação do homem, suas ferramentas de trabalho e o meio
produtivo em que atua. Para Couto (2007) a “ergonomia pode ser definida como o trabalho
profissional, que baseado num conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo
entre o ser humano e seu ambiente de trabalho de forma confortável, produtiva e segura,
procurando adaptar o trabalho às pessoas”.
O principal objetivo da ergonomia é diminuir consequências nocivas que o trabalho
pode acarretar ao trabalhador, como fadiga, estresse, acidentes e doenças ocupacionais. Busca
adaptar as condições de trabalho a meios salubres, saudáveis e seguros para as pessoas, o que
tende a proporcionar satisfação e eficiência para o trabalho e para o trabalhador.
Na ergonomia o termo trabalho é muito abrangente, se tratando de toda e qualquer
atividade humana, assim como as mais diferentes posturas adotadas. Iida (2005) afirma que o
trabalho, não é necessariamente aquele que utiliza máquinas e equipamentos para
transformação de matéria prima, mas toda e qualquer relação do homem com uma atividade
produtiva.
De acordo com Iida (2005) a ergonomia abrange as atividades de planejamento,
controle e avaliação do trabalho, para que as tarefas atinjam os resultados esperados. Inicia-se
com o estudo das características do trabalhador, para poder adaptar o trabalho ao servidor,
avaliando sua saúde e disposição para o trabalho que irá executar.
Os profissionais responsáveis pela análise ergonômica são chamados de
ergonomistas, porém não existe um curso de nível superior para formar esses profissionais, há
apenas cursos profissionalizantes e especializações na área. Dentre as características
observadas na análise ergonômica desses profissionais estão: a ergonomia física, cognitiva, e
organizacional. Nessas três esferas são abordadas todas as especificidades humanas, desde a

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anatomia corporal, ao nível de conhecimento e raciocínio até a interação profissional do


trabalhador.
2.1 Análise ergonômica do trabalho
A análise ergonômica do trabalho é um método idealizado por Iida (2005) que utiliza
as aplicações ergonômicas para avaliar, diagnosticar e corrigir o trabalho, quando necessário.
Essa análise divide-se em três fases:
2.1.1 Análise da demanda
É a descrição do problema encontrado, que necessita do uso da ergonomia para solucioná-lo.
A análise da demanda busca entender a origem e natureza do problema para compreender a
sua dimensão.
2.1.2 Análise da tarefa
É a descrição da tarefa desempenhada, sua finalidade e objetivo. Uma espécie de
organograma que cada trabalhador deve seguir. A análise da tarefa observa se esse trabalho
prescrito é diferente do real trabalho executado.
2.1.3 Análise da atividade
É o comportamento do trabalhador na execução do seu serviço. Nessa análise é
possível observar as consequências de influências internas e externas que cada trabalhador
trás consigo, e como essas questões influenciam o comportamento e o desempenho do
trabalhador em seu meio produtivo.
Após essas três análises é possível formular o diagnóstico e o caderno de
recomendações. A formulação do diagnóstico busca encontrar a causa do problema observado
e os fatores responsáveis por causar tais problemas. E o caderno de recomendações evidência
as ações que devem ser estabelecidas para solucionar tais problemas.
2.2 Processo de Soldagem e os Riscos da Operação a Saúde do Trabalhador
Os processos de fabricação mecânica objetivam modificar um corpo metálico, com a
finalidade de lhe conferir uma determinada forma. Dentro desse processo encontra-se a área
da solda, essencial para ligação de duas peças metálicas. Segundo Quites (2011), soldagem é a
operação que objetiva a união de duas ou mais peças assegurando a continuidade das
propriedades químicas e físicas na junta. Pode ser definida como uma união de peças

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metálicas, das quais superfícies se tornaram plásticas ou liquefeitas, por ação de calor ou de
pressão, ou até mesmo de ambos.

A soldagem pode ser dividida em três grandes classes: Soldagem por fusão (as partes
são fundidas por meio de energia elétrica ou química, sem aplicação de pressão); soldagem
por pressão (as partes são colescidas e pressionadas uma contra a outra); brasagem (as partes
são unidas por meio de uma ligação metálica de baixo) e ponto de fusão (neste método a
metal base não é fundido). (AGOSTINHO, VILELLA e BUTTON, 2004).

Devido a praticidade e possibilidades desse processo, ele é de grande importância


para a indústria e geração de emprego no Brasil, principalmente para a classe média baixa,
predominante nesse mercado. Porém, as técnicas de uso desse processo oferecem alguns
riscos de acidentes de trabalho e a saúde do trabalhador, de forma, que é necessário adotar
medidas preventivas e corretivas, com o objetivo de evitar incidentes, ou ao menos diminuir
as consequências nocivas que eles possam causar. Pesquisas sobre saúde ocupacional dos
soldadores, apresentam entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho (SILVA, 2003):
Distúrbios Musculoesqueléticos; Problemas Respiratórios; Efeitos da radiação UV;
Queimaduras por faíscas e respingos de solda; Ruído; Vibração; Acidentes; Visão.

Quanto aos riscos relacionados a operação estão os riscos físicos, químicos,


ergonômicos e riscos de acidente, todos relacionados com as doenças relacionadas a cima.
Segundo Iida (2005), os riscos físicos são gerados por agentes que tem a capacidade de
modificar as características físicas do ambiente, precisando de um meio de transmissão para
causar lesões, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, radiações e umidades.
O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso ocasionando fadiga, alterações
mentais, atinge o aparelho auditivo causando perda da audição, temporária ou definitiva. As
vibrações podem ser nocivas ao trabalhador, ocorrendo em certas partes do corpo, provocadas
pelo uso de ferramentas manuais, elétricas tendo como consequência problemas nas
articulações das mãos e alterações neuro vasculares, ou mesmo lesões generalizadas, do corpo
inteiro, que ocorre com operadores de grandes máquinas.

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As radiações são formas de energia que transmitem ondas eletromagnéticas, podem


ser classificadas em dois grupos; radiações ionizantes como por exemplo, os operadores de
raio x e radioterapia e não ionizantes como a radiação infravermelha, derivadas de operações
em fornos ou de solda oxiacetilênica, raio laser. Seus efeitos são de queimaduras, lesões na
pele.
A umidade e um risco que ocorre em atividades realizadas em locais alagados ou
encharcados, com umidade excessiva, o que não é o caso dos soldadores.
Os riscos químicos são qualquer elemento químico seja só ou em mistura, que se
apresente no seu estado natural ou seja produzido, interagem com tecidos humanos,
provocando alterações na sua estrutura e podem penetrar no organismo pelo contato com a
pele, ingestão, inalação de poeiras, fumos, gases e vapores.
Ainda seguindo o conceito de Iida (2005), os riscos ergonômicos estão ligados a
execução de tarefas, à organização e as relações de trabalho. São considerados riscos
ergonômicos postura inadequada, longas jornadas de trabalho, imposição de rotina intensa,
repetitividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno. Esses riscos podem gerar
no trabalhador distúrbios psicológicos e fisiológicos, comprometendo assim sua
produtividade, saúde e segurança.
Os riscos de acidente são fatores que colocam em perigo o trabalhador ou afetam sua
integridade física ou moral, causando desconforto e afetando sua saúde, tem como
característica agredir as pessoas por meio de alguma ação mecânica. Por exemplo; qualquer
obstáculo que alguém pode bater e sofrer uma lesão, maquinário em movimento ou sem
manutenção, superfícies abrasivas, arestas cortantes, arranjo físico deficiente, ferramentas
defeituosas ou sem manutenção, eletricidade, armazenamento inadequado.
3. METODOLOGIA
O presente estudo foi embasado na Análise Ergonômica do Trabalho (AET), modelo
estudado em Iida (2005), como base para observação e análise ergonômica dos postos de
trabalho. A pesquisa classifica-se como exploratória, tendo forma de estudo de caso e
desenvolveu-se nas seguintes etapas: pesquisa bibliográfica, na qual foram utilizados livros e

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artigos disponíveis sobre o tema; Estruturação do questionário para os funcionários para


identificação dos problemas apontados por eles.
Visita ao local, onde foi observado o funcionamento, posicionamento e a forma de
execução do trabalho. Durante a visita não foi exposto inicialmente o que estava sendo
observado, para que não houvesse interferência na forma de trabalho. De forma que os
trabalhadores continuaram desenvolvendo suas atividades normalmente, sendo observados
por duas horas de trabalho, sem interrupção. Após esse período fez-se uso de prancheta, papel
e caneta para a aplicação do questionário e entrevista semiestruturada.
Após as observações in loco, foram realizadas as análises da demanda, da tarefa, da
atividade, o diagnóstico ergonômico e o caderno de recomendações. Todas as etapas foram
realizadas a partir do embasamento teórico, com o objetivo de analisar se o ambiente de
trabalho estudado, apresenta as condições ergonômicas vigentes na norma regulamentadora
NR 17, e caso necessário propor melhorias que adequem os postos de trabalho, da melhor
forma possível para o trabalhador.
4. Estudo de caso
A Empresa é estruturada em um galpão aberto, no qual o espaço é dividido em
escritório e oficina. O escritório é a única área que possui paredes, nele trabalham o corpo
administrativo e financeiro, e na oficina os soldadores, montadores e responsáveis pela
usinagem. Na área da oficina, não há divisórias, sendo todas as atividades exercidas no
mesmo ambiente.

A unidade tem por objetivo a venda de peças de ferro, geralmente peças para
tratores, carros e motos. Conta com um total de 16 funcionários (incluindo proprietário).
Sendo 05 na área de solda, 6 na montagem, e 4 na área de usinagem. Todos os empregados
são homens, pois o trabalho é considerado extremamente pesado. Em relação ao grau de
escolaridade, todos tem segundo grau variando de incompleto a completo.

Todos os funcionários ocupam cargos na operação, executando o trabalho pesado e


totalmente ligado às linhas de produção. Cada área de produção apresenta funcionários que
estão há mais tempo na empresa e auxiliares que estão aprendendo a função. Trabalham 44

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horas por semana, tem duas horas de almoço, porém trabalham em período de hora extra,
quando não conseguem atender a demanda, utilizam inclusive o horário de almoço, quando
necessário.

4.1 Análise da Demanda

A atividade consiste em soldar chapas de aço inoxidável através de uma máquina de


solda, como mostrado na Figura 1. Durante esse processo, o soldador pode passar parte do
tempo sentado ou em pé, o que varia de acordo com o tamanho da peça que ele está soldando,
geralmente quando se trata de peças pequenas, a tendência é executar a tarefa sentado. Porém,
sua cadeira não é adequada, sendo produzida com material de ferro, com encosto e assento
não reguláveis e sem estofado, ou em pedaços de madeira, utilizados de troncos de árvores
como mangueiras, por exemplo. Ambas as estruturas são fabricadas na própria empresa para
uso dos funcionários, que ao sentarem assumem postura incorreta, pois ficam boa parte do
tempo com a coluna curvada.

Figura 1 - Soldagem de chapas de aço inoxidável.

Fonte: Os Autores (2016)

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Esta atividade precisa ser repetida várias vezes ao dia, causando esforço repetitivo,
ressaltando que não há pausas para o trabalhador descansar entre uma peça e outra, no
processo de soldagem. Verificou-se que os operários faziam uso de alguns EPI’S, mas não
todos. Eles usavam luva de couro e bota de proteção com solado isolante, porém não
utilizavam magotes, blusão de soldador, aventais, touca de soldador e protetor auricular. Pode
se constatar que os componentes deste posto de trabalho, não são ergonomicamente corretos,
embora utilizem alguns EPIs.

Durante o processo de soldagem o trabalho fica exposto ainda aos riscos físicos:
ruído, temperatura, radiação não ionizante. Riscos químicos: fumos e gases provenientes da
soldagem. Riscos de acidente: Possibilidade de quedas, pouco espaço para locomoção, pois
apresenta muitos obstáculos e possibilidade de choque elétrico. Risco ergonômico: postura
curvada em razão de assentos não adequados e não reguláveis.

A empresa apresenta boa iluminação, possui vários pontos de luz, porém uma parte
da tarde, o sol reflete em cima dos postos de trabalho. Além da exposição ao sol, o ambiente
não conta com ventilação e nem com resfriamento, o que o torna quente e desagradável,
mesmo sendo aberto, devido à natureza da atividade exercida, gerar altas temperaturas. Outro
problema é quanto ao nível de ruídos, pois as máquinas utilizadas no local geram um barulho
muito alto, causando incômodo e sensação de zumbido para os trabalhadores no final do dia.

4.2 Análise da tarefa

A tarefa desenvolvida consiste em soldar peças de ferro, como mostrado na Figura 2.


O procedimento é realizado de acordo com o que lhe é prescrito, exceto quando se trata de
uso dos equipamentos de segurança pessoal, necessários para a tarefa, que nem sempre são
utilizados. O objetivo da tarefa é unir peças metálicas pelo aquecimento e pela fusão delas a
partir de um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico nu e a peça de trabalho. É
utilizado na recuperação de peças desgastadas e no recobrimento de superfícies metálicas.

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A verificação das condições da tocha de solda: o bocal, o bico e o difusor do fluxo de


gás devem estar limpos. Se estiverem sujos, são removidos todos os resíduos de processos
anteriores. Esses cuidados proporcionam estabilidade do arco elétrico durante a solda.

Depois, o equipamento de soldagem é regulado de acordo a com a espessura da


chapa, a tensão, a velocidade do arame e a pressão do gás de proteção. Esta etapa é de suma
importância, pois pode causar problemas com a solda. Ex: solda com porosidade, solda com
pouca penetração ou solda com excesso de penetração. O procedimento está representado na
Figura 3:

Figura 2 - Fluxograma do procedimento.

Fonte: Elaborado pelos Autores no site http://www.draw.io (2017)

4.3 Análise da Atividade

O comportamento do trabalhador é responsável e profissional com a função, de


forma que a demanda é atendida dentro dos prazos e a execução das atividades ocorrem em
tempo hábil, demonstrando a eficácia e eficiência do trabalhador, para com a atividade que
desenvolve. Porém, o comportamento ainda é falho, pelo não uso dos EPI’s, que são cedidos
pela empresa e pelos desvios das palavras como palavrões e xingamentos, que são muito
comuns dentre os funcionários em geral.

Quadro 1 - Diagnóstico Ergonômico e Recomendações

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Diagnóstico Constrangimento Recomendações

Assentos reguláveis e
Trabalhador passa muito tempo Pode ter dores nas costas e
confortáveis para os
sentado com a postura curvada problemas de coluna
trabalhadores

Falta de divisórias no posto de Barulho intenso entre as Colocar divisórias com


trabalho área e risco de acidentes isolamento acústico

Movimentos Repetitivos; Pausa entre uma peça


LER
Falta de Movimentação durante e outra e ginástica
Câimbras
um processo de soldagem. laboral

Uso de macacões
específicos para a
atividade;
Vestimentas Inadequadas; Lesões na pele devido a
Uso de óculos
respingos de soldas;
Falta de utilização do EPI; especiais, protetores
Danos auriculares, visuais e auriculares ideias,
Exposição a Riscos Físicos,
respiratórios, lesões na máscaras específicas,
Químicos e de Acidentes.
pele, excesso de retirada de obstáculos
transpiração; do fluxo de produção e
adequação do
ambiente com sistema
de ventilação
adequado.

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Transpiração excessiva,
aumentando assim a
umidade do corpo, o que Ventilação do
Exposição do Sol em uma parte
pode ocasionar choques ambiente com
do dia
elétricos. aparelhos ventiladores.
Danos na pele a longo
prazo.

Fonte: Os Autores (2016)

5. Considerações Finais
O planejamento e a organização das instalações de um posto de trabalho são de suma
importância para a empresa e para o trabalhador. Um posto de trabalho adequado pode
proporcionar benefícios na saúde dos trabalhadores e como consequência economia para a
empresa, em termos de indenização por acidentes de trabalho. Assim como aumento na
produtividade, uma vez que o trabalhador executa suas tarefas em um ambiente
ergonomicamente adequado seu desempenho tende a melhorar.

No posto de trabalho analisado é necessário a adequação de mobiliários e do


ambiente em geral, pois há grande concentração de ruídos e temperaturas altas, mesmo o
ambiente do galpão sendo aberto. Porém a maior necessidade consiste em trabalhar a
conscientização da empresa, para adeque seus trabalhos com foco na ergonomia, para que
consiga aproveitar o melhor que o funcionário possa prestar em seus serviços, e não só na
prevenção de acidentes. E conscientização dos funcionários para que utilizem os
equipamentos de segurança individual, pois durante as observações, identificou-se que a
empresa proporciona alguns equipamentos, porém eles não usam, por acharem que incomoda
ou prejudica, de alguma forma o trabalho. Outros falaram que usam sempre e que só não
estavam usando no dia da visita, pelo fato da demanda ser pequena, naquele dia.

Sendo assim, conclui-se que na parte ergonômica ainda há muito a contribuir, porém
se as sugestões propostas forem atendidas, já será um grande avanço, em especial, se os

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colaboradores tomarem consciência da importância da ergonomia para eles mesmos, será um


passo a diante na adequação e correção desse posto de trabalho. Um possível estudo no futuro
seria a análise ergonômica de outros postos de trabalho da empresa, como por exemplo,
usinagem e montagem.

6. REFERENCIAS

AGOSTINHO, Oswaldo Luis; VILELLA, Ronaldo Castro; BUTTON, Sérgio Tonini.


Processos de fabricação e planejamento de processos. 2004. Disponível em <
http://marioloureiro.net/tecnica/mecanica/ProcessosFabricoUnivCampinas.pdf>. Acesso em:
26 de setembro de 2016.

COUTO, H. A. Ergonomia Aplicada ao Trabalho: Conteúdo Básico Guia Prático. Belo


Horizonte: Ergo, 2007.

IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 2º edição. São Paulo: Edgar Blucher, 2005.

QUITES, Almir. Definição de Soldagem. 2011. Disponível em


<http://soldasoft.com.br/portal/generalidades/Definicao%20de%20soldagem.pdf> Acesso em:
26 de setembro de 2016.

SILVA, Simone Antunes da. Análise ergonômica do trabalho do soldador: contribuição


para projetação ergonômica. 2003. Disponível em:
<http://www.ergonomianotrabalho.com.br/analise-ergonomica-soldador.pdf> Acesso em: 26
de setembro de 2016.

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