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1. Introdução
Segundo Corrêa e Corrêa (2004), um bom projeto de arranjo físico visa tanto a eliminação das
atividades que não agregam valor, como o destaque das atividades que agregam. Para tal
propósito, o projeto de arranjo físico deve:
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Para auxiliar no projeto e na gestão dos arranjos físicos têm-se um significativo conjunto de
métodos, técnicas e ferramentas. No que tange a ambientes produtivos com as características
de uma biblioteca, observa-se proposições como a de Tubino (2009) que sugere um método
de balanceamento do arranjo físico de processo ou por função com etapas a serem cumpridas
em prol da minimização dos custos de movimentação. Ações complementares, onde torna-se
necessário ordenar itens, como é o caso de uma biblioteca livros, para melhorar ainda mais o
arranjo físico a técnica da Curva ABC se destaca entre as demais (DIAS, 2010).
Neste contexto, o objetivo deste artigo é, por intermédio de abordagens teóricas e ferramentas
de planejamento e gestão do arranjo físico, avaliar a situação atual do arranjo físico da
Biblioteca da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) considerando as variáveis (1)
disposição dos livros nas prateleiras e (2) fluxo de pessoas através dos corredores, para então
elaborar uma proposta que auxilie na melhoria do layout, de forma a redistribuir os livros nas
prateleiras e rearranjar os corredores, melhorando o fluxo de movimento dos servidores,
professores e alunos, além de eliminar movimentos desnecessários, diminuir ruídos e facilitar
a busca e reposição dos livros.
Segundo Slack, Johnston e Chambers (2002), o planejamento dos arranjos físicos, também
conhecidos como layout, preocupa-se com o posicionamento e localização dos recursos de
transformação e os recursos a serem transformados. As instalações prediais, materiais, fluxo
de informações e clientes são diretamente afetados pela forma na qual o arranjo físico é
disposto.
Para Gaither e Frazier (2004) o planejamento do layout está estritamente atrelado com a
redução de custos, pois o foco está em evitar desperdícios e aproveitar melhor os recursos
produtivos e de processamento.
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alocação de tarefas aos recursos. Este projeto está dividido em 4 etapas, sendo estas:
planejamento do projeto, que envolve a adequação do modelo às necessidades o novo layout;
projeto informacional, cujo foco está no levantamento e análise das informações necessárias
para realização do projeto; projeto conceitual, relacionado com a definição e escolha de
alternativas de projeto de layout; projeto detalhado, que objetiva o detalhamento e
melhoramento da alternativa selecionada, que é analisada e otimizada, para que proporcione
maiores ganhos e a eliminação de desperdícios. Um planejamento bem feito para se mudar um
arranjo físico pode impactar diretamente nos resultados de uma organização.
Para Slack (2009), um arranjo físico consiste no posicionamento dos recursos a serem
transformados, e como as várias tarefas de operações serão alocadas para que ocorra esta
transformação. Os objetivos do arranjo físico estão intimamente ligados aos objetivos
estratégicos da operação. O autor apresenta alguns objetivos gerais relevantes a todas as
operações: segurança inerente, extensão do fluxo, clareza do fluxo, conforto para os
funcionários, coordenação gerencial, acessibilidade, uso do espaço, flexibilidade de longo
prazo.
Segundo Russo (2009), diferentes alternativas de layout influem também de modo diverso na
movimentação de materiais. Entretanto, em qualquer alternativa adotada, duas variáveis se
destacam por seu poder de influência: intensidade de fluxo e distância percorrida. Conforme
BALLOU (2006) alguns fatores tais como disposição das mercadorias, a intensidade de uso
dos equipamentos e o nível de automação, influenciam diretamente no custo. O
posicionamento de cada departamento em uma organização, sua localização geográfica, é uma
importante decisão estratégica (RUSSO, 2009). A tabela 1 apresenta os tipos de arranjos
físicos mais básicos.
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Para este tipo de arranjo físico, TUBINO (2009) desenvolveu um método no qual devem ser
seguidas as seguintes etapas:
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necessitando passar pela recepção e voltar para o hall. Considerando esta movimentação foi
calculado o tempo para cada corredor, por fim, foi analisado e revisado o fluxo dos
corredores.
Classe A: Grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção
especial pela administração;
Classe B: Grupo de itens em situação intermediária entre as classes A e C;
Classe C: Grupo de itens menos importantes que justificam pouca atenção por parte da
administração.
Em geral são colocados, no máximo, 20% dos itens na classe A, 30% na classe B e os
restantes 50% na classe C. Como afirma Dias (2009), essas porcentagens poderão variar de
caso para caso, segundo as diferentes necessidades de tratamentos administrativos a serem
aplicados.
Tubino (2009) apresenta os seguintes passos para desenvolver a classificação ABC dos itens.
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3. Metodologia
Para desenvolver o trabalho, primeiramente foi feita a categorização da pesquisa, sendo esta
um estudo de caso. A partir disto foi utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica, na qual foi
realizada consulta em materiais já elaborados, dados de fontes secundárias, como artigos,
livros; também foram obtidos dados primários, através de observações realizadas na
biblioteca universitária, além dos dados fornecidos pela gerência, no qual embasaram o estudo
de caso.
Segundo Yin, um estudo de caso se caracteriza por ser uma investigação científica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, e beneficia-se do
desenvolvimento de métodos já estabelecidos para conduzir a coleta e análise dos dados.
(YIN, 2001, p. 32-33).
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A partir desses dados quantitativos, planejou-se o que poderia ser melhorado no layout da
biblioteca cruzando com os dados disponibilizados pela gerência da biblioteca, utilizando o
modelo proposto por Tubino(2009) e a ferramenta Curva ABC de forma complementar. Para
apresentação de resultados obtidos foram utilizados gráficos e tabelas, com o auxilio da
ferramenta do Office, Excel. Posteriormente foi feito o planejamento e desenvolvimento do
novo layout, com o intuito de otimizar o arranjo de forma estratégica, aproximando os livros
mais solicitados do hall, visando a eliminação de movimentos desnecessários e redução dos
ruídos oriundos destas movimentações dentro da biblioteca universitária.
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O fluxo de estudantes na biblioteca é constante e alguns corredores são mais frequentados que
outros. Através de observações no turno vespertino entre as 15:30h até as 16:30h, do dia 27 de
agosto de 2014. A tabela 1 apresenta o resultado da leitura do fluxo de pessoas em cada
corredor neste período.
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Nos corredores 1, 2, 3, 4, 5, 6, 13, 14, e 18 não foi observado nenhum movimento, porém nos
outros corredores houve fluxo de pessoas, conforme o gráfico 1:
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neste corredor. O corredor 8 já é mais direcionado aos discentes dos cursos de Engenharia e
Ciências Exatas. O corredor 10 é mais usado por estudantes de Enfermagem e Educação
física. Já a seção 11, os estudantes de Medicina utilizam mais. O corredor 12 foi muito
procurado, sendo 4 o número de pessoas que adentraram neste caminho. Esta seção é mais
procurada por estudantes por estudantes de Medicina Veterinária. Já os corredores 15, 16 e 17
possuem livros relacionados a Literatura Brasileira.
No dia 1 de setembro de 2014, foi realizada outra observação, dessa vez na parte noturna,
entre os horários de 19:30h até as 20:30h. A tabela 2 apresenta os resultados desta leitura.
Tabela 2: Fluxo de movimentos de pessoas na biblioteca no turno noturno (01/09/2015 das 19:30h as
20:30h).
Nos corredores 3, ,5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 não foi observado nenhum
movimento, porém nos outros corredores houve fluxo de pessoas, conforme ilustrado no
gráfico 2.
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Gráfico 2: Fluxo de pessoas na biblioteca no turno noturno (01/09/2015 das 19:30h as 20:30h).
Pode-se observar que o corredor mais visitado foi o 1. Esta é a seção mais procurada no
período noturno. Seguido dos corredores 7, 8 e 9 que tiveram o fluxo de 3 alunos cada. E dos
corredores 2, 4 e 6 fora registrado o fluxo de 2 alunos cada.
No dia 25 de março de 2015, no horário de 9:10h às 10:10h, fora realizada outra observação
no fluxo de movimentação de pessoas na biblioteca afim de coletar mais dados para
incrementar no estudo. A tabela 3 apresenta os resultados.
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Tabela 3 – Fluxo de movimento de pessoas na biblioteca por estante (25/03/2015, das 9:10h as 10:10h).
Pode-se observar que o corredor mais visitado foi o 7, igualmente para o turno vespertino
apresentado no gráfico 1. Seguido no corredor 8 e 12. Nos corredores 1, 3, 5, 13, 14 e 18 não
ocorreram fluxo de pessoas durante o período observado. O gráfico 3 ilustra os resultados.
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O mesmo procedimento fora aplicado para uma series de mais 6 observações realizadas em
turnos e dias diferentes, no período de 02 de abril de 2015 a 09 de abril de 2015, com duração
aproximada de 1:00 h, foi possível analisar o fluxo de pessoas nos corredores, a tabela 4
apresenta os resultados.
Tabela 4 – Fluxo de movimento de pessoas na biblioteca por corredor (de 02/04/2015 a 09/04/2015)
Nos dias de observação foram verificados um grande fluxo de pessoas nos corredores, 7, 8,
10,9 respectivamente, considerando as todas as observações feitas e somando-os, a fim de
verificar de forma geral o maior fluxo de pessoas pelos corredores da biblioteca, obtém-se o
que os três corredores de maior fluxo são os 7, 8,9 respectivamente. Conforme ilustrado no
gráfico 4.
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Gráfico 4: Fluxo de movimento da biblioteca somando os dois dias de observação (de 02/04/2015 a 09/04/2015).
Com o intuito de agregar maior confiabilidade as observações feitas, fora solicitado os dados
à diretoria da biblioteca, dos 55 títulos de maior saída da biblioteca, o equivalente 16.735
empréstimos de livros no período registrado foi de 01 de junho de 2014 até 30 de março de
2015, pode-se verificar que os corredores onde estão os 55 livros mais solicitados são
respectivamente 7,8, 9, 10 e 12. O gráfico 5 apresenta esses resultados.
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solicitados na biblioteca.
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Dias (2010) afirma que a Curva ABC permite identificar aqueles itens que justificam atenção
e tratamento adequado quanto à sua administração. Para elaboração do estudo, a ferramenta
ABC foi imprescindível para analisar e classificar os livros de maior saída por corredor da
biblioteca da UESC, a fim de verificar se a sua posição na prateleira está otimizada.
A tabela 4 apresenta o fluxo de saída dos 10 primeiros livros nas prateleiras, apresentando
respectivamente a colocação, autor, título, quantidade de livros saídos, corredores onde os
livros se encontram, posição atual dos livros e a proposta de mudança nos livros na prateleira.
Fazendo a relação com a curva ABC, para os 20 livros de maior fluxo da biblioteca, pode-se
perceber, que 80% do fluxo corresponde a 20% do livros, que são: Geometria analítica,
Cálculo 1, Fundamento de física 1, Cálculo com geometria analítica, destacados na cor verde
na tabela 5, que corresponde a classe A, os livros Equações diferenciais, Cálculo com
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Com o auxílio da tabela 5, foi engendrada a curva ABC para o fluxo dos livros na biblioteca,
que é ilustrada no gráfico 5.
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Com a utilização da curva ABC facilita visualizar e identificar os livros mais solicitados,
possibilitando a concentração de esforços para melhor posiciona-los e encontra-los com maior
facilidade e menos esforço nas respectivas prateleiras. Além disso, o método auxilia na
analise quantitativa do acervo em atender o fluxo de empréstimos.
6. Considerações finais
Através das técnicas, ferramentas e métodos identificados na literatura este estudo procurou
desenvolver uma proposta de melhoria da movimentação das pessoas, transporte de livros e
diminuição de ruídos na biblioteca universitária da UESC. Para tal, foram eleitas como
principais instrumentos o método balanceamento de arranjos físicos de processo e a Curva
ABC.
Com os dados coletados e analisados, verificou-se que o layout não está disposto de forma
adequada, logo foi proposta a realocação dos corredores e livros de maior fluxo.
A conclusão é que demonstra ser possível realizar mudanças e rearranjos para conseguir
otimizar as tarefas realizadas na BU da UESC, eliminando movimentos desnecessários. Em
particular, obteve-se uma diminuição significativa no corredor 1, o qual foi alocado para o
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lugar do corredor 8, dai o tempo de caminhada do hall de entrada até o corredor era de 15
segundos e com o novo arranjo de layout passou a ser de 8 segundos, conseguindo assim uma
economia de 7 segundos e consequentemente melhorando o fluxo de movimento da área da
biblioteca da UESC. Com a aplicação do diagrama de Pareto, ou curva ABC, foi possível
identificar a maior frequência de saída dos livros, possibilitando uma fácil visualização dos
exemplares mais solicitados, servindo de indicador para a necessidade de ampliar a
quantidade destes exemplares.
REFERÊNCIAS
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Slack, N., Johnston, R., & Chambers, S. (2002). Administração da produção (2a Edição ed.). São Paulo:
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AMBIENTES JOB SHOP COM ALTA VARIEDADE DE PEÇAS BASEADO NOS CONCEITOS DA
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TUBINO, Dalvio F. Planejamento e Controle da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre: Bookman. 2001.
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