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MOVELEIRA
Resumo
1. Introdução
O setor moveleiro é um dos mais variados e dinâmicos da economia brasileira (BAZZI et al.,
2012). De modo geral, é reconhecido como um segmento tradicional e caracterizado pela
reunião de diversos processos de produção, com emprego de diferentes matérias-primas e
geração de uma ampla diversidade de produtos finais aplicados ao uso doméstico, industrial e
comercial (PEREIRA, 2009).
Conforme o anuário produzido pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, que
apresenta uma análise do setor moveleiro no Brasil, no ano de 2018, o setor de móveis e
colchões produziu R$ 67,4 bilhões, o equivalente a 2,7% do valor total da receita líquida da
indústria de transformação do país. O número de pessoas empregadas neste setor é expressivo,
são mais de 260 mil empregos direto ou indiretos, o equivalente a 3,3% do total de
trabalhadores alocados na produção industrial, demonstrando que, além da sua grande
relevância econômica, esse é um segmento de forte impacto social (IEMI, 2019).
Uma das estratégias, procuradas por empresários do setor da marcenaria, para tornar sua
produção mais eficaz, está relacionada com a melhor disposição da estrutura física das plantas
de produção, onde os esforços podem ser otimizados para deixar o processo ainda mais
simples e dinâmico (ANTONIOLLI, 2016).
Nesse contexto, o trabalho objetiva mapear a atual distribuição do arranjo físico de uma
empresa de pequeno porte do setor moveleiro, com o intuito de identificar pontos de melhoria
e apresentar possíveis soluções que otimizem o fluxo no processo produtivo dos móveis sob
medida, permitindo à empresa melhores resultados na produção.
2. Referencial teórico
Para Slack, Chambers e Johnston (2009), o arranjo físico de uma operação produtiva diz
respeito ao posicionamento físico dos seus recursos transformadores. Isso significa decidir
onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da operação. É
geralmente aquilo que se nota ao entrar em uma unidade produtiva, porque ele determina a
aparência da operação e a maneira segundo a qual os recursos transformadores fluem pela
operação.
O arranjo físico não pode ser tratado de forma simples, por isso, a importância em classificá-
los. Para desenvolver qualquer tipo de alteração no layout de um ambiente, é preciso conhecer
o tipo de arranjo atual para, então, modificá-lo (ANTONIOLLI, 2016). Conforme Slack,
Chambers e Johnston (2009), a maioria dos arranjos físicos, na prática, deriva de apenas
quatro tipos básicos de arranjo físico, sendo eles: posicional, funcional, celular e por produto.
O arranjo físico não se limita às operações internas do negócio, vai além. Para ser efetivo,
esse conceito precisa ser elevado para além dos limites internos da organização, ou seja, deve
ser estendido para toda a cadeia de valor do negócio. Dentro das organizações o arranjo físico
deve ser aliado do fator desempenho (AMORIM, 2016).
3. Materiais e métodos
Este trabalho trata-se de um estudo de caso exploratório com abordagem qualitativa, tendo em
vista que pretende mapear a distribuição do arranjo físico de uma empresa de pequeno porte
do setor moveleiro, com vista a identificar possíveis melhorias em seu arranjo físico.
Em seguida, para realizar a coleta de dados, a equipe se encaminhou até a empresa para
efetivar a visita de campo, em dois dias distintos, no horário regular de trabalho. Na empresa,
a equipe reuniu informações sobre o processo produtivo dos móveis planejados através de
entrevista não estruturada com a projetista, que também é a proprietária da empresa, e com os
funcionários responsáveis pela produção dos móveis. Ambos guiaram a equipe pelos postos
de trabalho, mostrando as instalações, os recursos necessários para a produção, além de
apresentarem como o processo produtivo ocorre até a obtenção do produto final.
A equipe fez registros fotográficos e realizou medições da distribuição do arranjo físico das
instalações da empresa, com o intuito de representar a atual organização do espaço e entender
o fluxo da produção. O desenho da situação atual foi elaborado no software AutoCAD e
replicado em um simulador de layout, com a finalidade de identificar pontos de melhoria.
Algumas simulações foram testadas até dispor de uma proposta que oferecesse uma melhoria
no fluxo de produção e que fosse compatível com as limitações dispostas pela empresa.
4. Resultados e discussões
O arranjo físico da empresa classifica-se como um arranjo funcional, tendo em vista que os
recursos de transformação são agrupados de acordo com a similaridade de suas operações no
processo produtivo, ou seja, operações e montagens semelhantes são desenvolvidos na mesma
área. Nesse tipo de arranjo físico os equipamentos se encontram fixos e as matérias-primas se
deslocam entre eles conforme a sua necessidade. Logo, em uma produção com uma grande
variedade, os produtos terão diferentes necessidades e consequentemente percorrerão trajetos
distintos dentro das etapas da produção. A disposição do arranjo físico da empresa e o fluxo
predominante do processo de transformação estão apresentados abaixo na Figura 1.
Qualidade: foi apontado como o objetivo de maior prioridade, tendo em vista que a
empresa preza pela produção dos móveis planejados exatamente conforme as
especificações estabelecidas no projeto, resultando em um produto final confiável,
atraente e sem defeitos;
Rapidez: é considerado um objetivo imprescindível na produção dos móveis, uma vez
que a empresa buscar confeccioná-los sem atrasos na produção para realizar a entrega
do produto final na data previamente definida com o cliente quando solicita o projeto;
Confiabilidade: caracterizada como uma consequência dos dois primeiros objetivos
citados anteriormente. No momento em que a empresa finaliza e entrega os móveis
nas suas devidas conformidades e na data combinada, cria-se o sentimento de
confiabilidade por parte do cliente, uma vez que é evidenciado o comprometimento da
empresa;
Custo: para obter uma redução nos custos do processo produtivo a empresa realiza a
compra das matérias-primas em um único lote. No entanto, como executa apenas um
projeto por vez, somente é pedido material necessário para a produção deste único
projeto, o que implica em custos mais elevados, que poderiam ser minimizados a partir
de negociações, caso o lote comprado tivesse um volume maior;
Flexibilidade: a empresa está aberta ao atendimento de uma gama variada de projetos,
adequando-se às suas exigências. Entretanto, não é capaz de executar mais de um
projeto simultaneamente, tendo em vista que não possui mão de obra suficiente para
atender a demanda.
Outro ponto a ser ajustado diz respeito a iluminação do espaço em que se localiza a mesa de
corte do MDF e as bancadas de montagem, onde pode-se perceber que a iluminação nesses
locais aparenta ser insuficiente para os operários desempenharem suas funções, se comparada
aos outros ambientes da empresa. Dessa forma, a implantação de um sistema de iluminação
adequado é essencial para um ambiente mais saudável, seguro e produtivo.
Além disso, notou-se que as bancadas de montagem, onde são dispostos os instrumentos e
ferramentas manuais, não apresentavam organização padronizada, ou seja, nenhum objeto de
trabalho tinha um lugar definido. Por isso, recomendou-se criar um esquema de organização.
A ideia é que cada instrumento tenha seu local predefinido e após o uso retorne para ele.
Outro ponto a ser discutido refere-se ao local para dispor as sobras de material que serão
descartadas. Notou-se uma quantidade considerável entulhada próximo a produção, por esta
razão, sugeriu-se dispor de outro local mais afastado e apropriado.
Cabe ressaltar que, como em qualquer processo produtivo, as perdas no processamento dos
materiais são inevitáveis, contudo, a empresa buscou sanar essa inconformidade através do
reaproveitamento das sobras para a confecção de pequenos móveis que ficam expostos para
compra no escritório da empresa. Essa alternativa proporciona uma destinação adequada para
esses materiais que seriam descartados.
5. Considerações finais
Analisar a distribuição física dos recursos de uma organização é essencial quando almeja-se
otimizar seu processo produtivo. A ideia desse estudo foi propor uma nova distribuição do
arranjo físico de uma empresa de pequeno porte do setor moveleiro. Para tanto, foi
identificado o atual arranjo, entendido o fluxo do processo produtivo que é necessário para a
obtenção dos móveis planejados e mapeado os possíveis pontos de melhoria na estrutura do
arranjo existente.
Cabe ressaltar que a empresa foi receptiva à proposta do arranjo físico sugerido, mas
demonstrou que não o implementará de imediato, pois isso implica em alterações na rotina da
empresa e requer adaptação de todos os envolvidos. Além disso, a empresa apresenta outras
demandas com mais prioridade no momento.
Contudo, um arranjo físico otimizado e bem distribuído propicia ganhos reais para a empresa,
por meio da redução de movimentações e de tempos de produção, da facilidade e suavidade
do fluxo produtivo e da melhor disposição da área disponível.
Referências bibliográficas
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Editora Atlas, 2009.