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PROPOSTA DE APRIMORAMENTO DE UM
PROCESSO PRODUTIVO COM BASE NO USO
DE RECURSOS ESQUEMÁTICOS: ESTUDO DE
CASO EM UM ENGENHO
Ramon Swell Gomes Rodrigues Casado (UFCG)
ramonswell.grc@gmail.com
Ellen Mendes de Freitas (UFCG)
freitas.ellen@hotmail.com
Mahyslanne Marianna Soares da Silva (UFCG)
mahyslanne@hotmail.com
Jaqueline Marques Rodrigues (UFCG)
jaquelinekely1@hotmail.com
LORENA VIEIRA BRAZ SANTOS (UFCG)
lorena_vbs@hotmail.com
1. Introdução
Por meio de uma breve análise de mercado, percebe-se que o desenvolvimento ininterrupto
das tecnologias vem provocando, de forma geral, mudanças cada vez mais rápidas no cenário
globalizado, no que tange o aprimoramento das empresas em relação à eficiência dos
processos produtivos, de forma a acolher as necessidades e cobranças da demanda
consumidora.
Nessa linha de raciocínio, essa busca pela eficiência vigora-se como uma vertente
preponderante em qualquer que seja a organização. Sendo que segundo Barnes (2001),
quando essa procura é proveniente de implantações de melhorias, deve haver um estudo
global do sistema produtivo de forma a compreender melhor suas atividades para que se
possam efetuar alterações concretas.
Dessa forma, para que haja esse tipo de estudo, a utilização de recursos esquemáticos pode
colaborar na identificação de falhas no decorrer do sistema produtivo, haja vista que tais
recursos atuam registrando o processo de forma compacta, para posterior análise e avaliação
que culminará na visualização de aspectos pouco eficientes no processo produtivo.
Sendo que, cada recurso esquemático tem suas vantagens e desvantagens, possuindo critérios
individuais de acordo com o objetivo de sua aplicação. Deste modo procurou-se nesse estudo
fazer a combinação do fluxograma com o mapofluxograma, onde segundo Barnes (2001),
essa combinação gera a vantagem de que mostra a sequência, o posicionamento físico das
atividades e a direção do movimento dos estágios de cada tarefa, de modo a proporcionar
diretrizes para eventuais aprimoramentos dos processos produtivos.
Nesse sentido, o presente estudo propôs a utilização combinada desses 2 (dois) recursos como
forma de avaliar falhas em um processo produtivo de uma empresa do setor sucroalcooleiro,
responsável pela produção de cachaça orgânica, e, com isso, possibilitar o levantamento de
ações que agregam valor à melhoria da eficiência e produtividade da organização, para que
assim se obtenha um melhor nível de qualidade e de vendas.
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2. Referencial teórico
Conforme Barnes (2001), primeiro deve-se estudar o processo integralmente, ou seja, estudar
o processo como um todo, e posteriormente analisá-lo de forma especifica, avaliando cada
etapa sequencialmente. Nesse sentido os recursos esquemáticos simplificam a forma como as
atividades ocorrem dentro da empresa, pelo fato de que transmite as informações de forma
mais objetiva e detalhada, além de proporcionar uma uniformização dos registros, facilitando
a percepção de falhas em longo prazo.
Ao pesquisar sobre algumas técnicas utilizadas pela engenharia para análise de processos, a
exemplo do fluxograma, mapofluxograma, carta de para, diagrama de frequência, entre
outros, pode-se averiguar que as mesmas foram desenvolvidas com objetivos distintos. Dessa
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forma percebe-se que é pouco provável que se encontre um recurso que venha a se adequar a
todos os tipos de situações encontradas dentro das empresas, assim, buscou-se para este
estudo a utilização conjunta de 2 (duas) técnicas: o fluxograma e o mapofluxograma.
2.2.1. Fluxograma
Fundamenta-se como sendo uma representação esquemática, na qual tem por objetivo
proporcionar uma melhor visualização de todo processo produtivo de forma analítica. Por
meio deste recurso é possível de forma prática e compacta registrar as inúmeras etapas que
compõe um processo produtivo, permitindo assim que consiga ampliar a compreensão sobre
estas e a partir de uma visão sistêmica projetar posteriores melhorias (BARNES, 2001).
Sendo que para essa técnica de representação, conforme discorre Oliveira (2005), tem-se que
empregar o uso de símbolos previamente convencionados, de forma a proporcionar uma
análise clara e precisa do fluxo de um sistema produtivo. Para tanto é imprescindível que haja
uma sequência lógica das atividades produtivas mediante o encadeamento desses símbolos.
Neste sentido, cada etapa ou atividade presente no fluxo é relacionada a determinado símbolo,
onde segundo Peinado e Graeml (2007), normalmente são utilizados os 5 (cinco) símbolos
estipulados pela American Society of Mechanical Engineers (ASME), que representam as 5
(cinco) famílias de ações passíveis de serem encontradas nos processos industriais de
produção, como pode-se observar no Quadro 1.
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2.2.2. Mapofluxograma
Consiste na junção do arranjo físico de uma determinada organização com o fluxograma, que
como descrito no tópico anterior, é a descrição do fluxo das atividades da empresa. Em outras
palavras, conforme Barnes (2001), o mapofluxograma apresenta a circulação física de um
processo organizado sobre o layout do setor produtivo.
Este recurso tem como objetivo principal, através da visualização do layout junto com o fluxo
do processo, avaliar a movimentação física realizada no processo, visando à correção de
circulações desnecessárias ou de grandes percursos, e também busca o melhoramento do
arranjo físico de forma a reduzir o tempo gasto com deslocamento (BARNES, 2001).
Entretanto, em algumas situações, este recurso pode ser considerado complexo, pelo fato de
necessitar de uma vasta gama de informações globais para seu desenvolvimento, o que pode
retardar a prática de conceitos enxutos da produção.
De acordo com Batista et al. (2006), as falhas comuns do setor de produção estão diretamente
ligadas às operações dispensáveis, às possibilidades de unificar e combinar processos, aos
longos deslocamentos, aos retornos e interrupção do fluxo, e por fim, ao posicionamento dos
estoques em relação às áreas de trabalho e expedição.
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3. Metodologia
Partindo inicialmente da classificação desse estudo, tem-se que segundo Gil (2010), quanto
aos objetivos, o mesmo pode ser descrito como exploratório, visto que seu planejamento
possibilitou a consideração de variados aspectos relativos ao aprimoramento do processo
produtivo, envolvendo o levantamento bibliográfico, entrevistas e visitas in loco. Em relação
à natureza desse trabalho, pode-se classificá-lo como aplicado, pois de acordo com Gerhardt e
Silveira (2009), o mesmo tem o objetivo de gerar conhecimentos para aplicação prática, que
neste caso está relacionada à solução de problemas específicos de uma empresa do ramo
sucroalcooleiro.
O estudo mencionado teve como universo de atuação um engenho, localizado nas imediações
da cidade de Puxinanã – PB, que tem como foco a produção de cachaça. Os procedimentos
utilizados para fazer o estudo se iniciam com a coleta em fontes primárias por meio da
aplicação de entrevistas semiestruturadas e visitas in loco, efetuadas no período de novembro
de 2013 a março de 2014.
Para o tratamento dos dados coletados, fez-se uso dos softwares: AutoCAD ‒ software que
serve para a elaboração de desenhos técnicos e modelos tridimensionais ‒ que foi utilizado
nesse estudo para a criação das plantas baixas; Dia Portable ‒ ferramenta baseada no
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Microsoft Visio, com o qual se pode criar vários tipos de diagramas ‒ que foi utilizado de
forma a facilitar o delineamento e análise do estudo.
A empresa foco desse trabalho pertence ao setor sucroalcooleiro, com atuação voltada
exclusivamente para a produção de cachaça artesanal, caracterizando-se como um engenho de
pequeno porte, e está localizada nas imediações do município de Puxinanã – PB, onde suas
atividades iniciais datam do ano de 2006, no entanto a produção propriamente dita iniciou-se
apenas no ano de 2009, quando o mesmo tinha uma adequada estrutura.
A referida empresa tem caráter familiar e seu corpo de trabalho é composto por 5 (cinco)
funcionários, os quais subdividem-se em um mestre alambiqueiro e 4 (quatro) operários que
responsabilizam-se pela colheita e moagem da cana.
A mesma detém de uma área de 206 m², com sua disposição física como mostra a Figura 1, e
possui 2,5 hectares (ha) de canavial, sendo que destes apenas 1,5 ha são utilizados para
plantio de cana-de-açúcar, tendo sua produção anual em torno de aproximadamente 7050
litros (L), tendo em vista que a safra 2014/15 na Paraíba girou em torno das 47 toneladas/ha.
Segundo a CONAB (2013) em média 1 tonelada (ton.) de cana gera cerca de 100 L de
cachaça.
Grande parte da cachaça produzida no engenho é preparada para exportação para os Estados
Unidos, e uma pequena parcela é destinada a algumas cachaçarias da cidade de São Paulo. Ela
é classificada como do tipo amarela, na qual é armazenada ou envelhecida em madeira
(carvalho e freijó) e apresenta alterações substanciais na sua coloração (Mapa da cachaça,
2010).
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I. Ineficiência produtiva
Verificou-se que a produção da cachaça é realizada apenas uma vez ano (em massa), tendo
sua plantação renovada a cada 3 (três) anos, devido ao ciclo de reforma da cana-de-açúcar,
conforme pode-se observar na Figura 4.
Dessa forma, pode-se constatar que o engenho possui certa ineficiência quanto à capacidade
total de produção, visto que o mesmo poderia usufruir melhor de seu canavial, tanto em
relação à área de utilização quanto ao número de produções, isto mediante a implantação de
um manejo rotativo na plantação da cana-de-açúcar, de forma que possibilitaria mais ciclos
produtivos durante o ano.
Uma com plantio do tipo “cana de ano-e-meio”: sendo composta por 1,5 ha;
Outra com plantio do tipo “cana de ano”: sendo composta por 1 ha.
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O plano de manejo do canavial leva em consideração que o plantio do tipo “cana de ano-e-
meio”, segundo Souza et al. (2013), deve ser realizado de janeiro a março/abril, sendo que a
colheita ocorre a partir de maio do ano seguinte, compreendendo um ciclo de
desenvolvimento de 14 a 18 meses. E que o plantio do tipo “cana de ano”, segundo os
mesmos autores, deve ser realizado de setembro a outubro, com a colheita ocorrendo
geralmente de setembro a novembro, compreendendo 10 a 14 meses de desenvolvimento. O
plano de manejo pode ser melhor visualizado no Quadro 3, a seguir.
Outro fator observado na avaliação dos recursos esquemáticos refere-se à perda por espera do
lote da matéria-prima, visto que o deslocamento para o setor de moagem é evidentemente
extenso, além do fato de que o mecanismo de transporte das canas é feito várias vezes em
pequenas quantidades por meio de carroças, tornando o trabalho muito repetitivo e esforçado.
Figura 5 Transportador mecânico contínuo de correia taliscada reta com reforço lateral
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Tendo em vista que a cada litro de álcool produzido, são gerados cerca de 12 L de vinhoto,
pode-se sugerir que o mesmo seja reaproveitado como adubo no canavial do próprio engenho,
visto que o vinhoto é rico em potássio (CACHAÇA EXPRESS, 2013). Quanto ao bagaço
gerado na moagem da cana, o mesmo pode ser utilizado como combustível para a caldeira na
produção de vapor, que será utilizado para destilar a própria cachaça.
Apesar desse estudo não ter efetivado nenhum cálculo da mão-de-obra necessária para a
execução das atividades dentro do engenho, nota-se que há um déficit dentro do
processamento da cachaça, haja vista que o mesmo fica restrito a um único operador: o mestre
alambiqueiro.
Dessa forma, percebe-se que há uma necessidade evidente de um estudo a respeito do tempo
padrão das operações dentro do engenho para que seja feito o levantamento da mão-de-obra
adequada para os padrões produtivos da mesma, de modo que não ocorra sobrecarga de
atividades.
V. Inadequação do layout
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Dessa forma, alguns ajustes podem ser realizados de forma a aprimorar o processo produtivo
no todo, tais como:
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Com isso, esses ajustes podem ser melhor compreendidos mediante a nova proposta de layout,
como observado na Figura 7.
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5. Considerações finais
Tendo em vista o que foi exposto pelo referido trabalho, pode-se concluir que mediante a
utilização de recursos esquemáticos, consegue-se de forma satisfatória compreender o
comportamento de um sistema produtivo e atuar com melhorias relevantes para execução das
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tarefas, a exemplo das perdas observadas nesse estudo, assim configurando-se como um
mecanismo prático para o aumento da produtividade de empresas.
Como se pode observar com a análise das alterações propostas pelo novo layout, mostrando a
significativa redução na movimentação (aproximadamente 48,35%), com base na
representação do fluxo produtivo da cachaça, atuando como um ponto estratégico para
agilizar a produção da cachaça, como se pode observar na Tabela 1.
Dessa forma, além desses ganhos, as demais situações (perda por espera do lote e por
desperdício; déficit de mão-de-obra) que foram analisadas podem gerar uma melhoria
gradativa no processo de fabricação da cachaça e no ambiente organizacional.
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REFERÊNCIAS
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da cachaça – 2013. Disponível em: <http://www.cachacaexpress.com.br/blog-da-
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